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DEONTO-Introdução ao Estudo da Deontologia

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DEONTOLOGIA. 
 O homem não quer apenas viver, mas viver bem. Não se deve entender esse “bem” como uma preocupação mesquinha de conseguir o maior número possível de valores materiais. Naturalmente que isso é importante. Mas a verdadeira felicidade transcende esses aspectos puramente materiais. A verdadeira felicidade se encontra na busca permanente de um aperfeiçoamento pessoal, quando o homem finalmente se encontrará num perfeito equilíbrio entre os seus anseios e o mundo real, numa completa integração de sua pessoa com o ambiente em que estiver inserido. Alcançar esse estágio de paz, plenitude e serenidade não é uma tarefa fácil. O sucesso dessa procura está relacionado com o comportamento, com as atitudes que os homens tomarem ao longo de suas vidas. Quanto mais os homens orientarem o seu destino no caminho da probidade e da retidão, quanto mais procurarem o caminho do bem, agindo sempre com dignidade e honradez, mais próximos eles estarão de atingir a plena realização de suas vidas. A Ética estuda a conduta humana nesta busca permanente da verdade e da justiça, orientando os atos livres dos homens no caminho do bem. Ela procura definir uma forma de comportamento humano mais adequado e equilibrado, atribuindo-lhe valores, determinando o que é bom e o que é mau, garantindo a sobrevivência e a evolução da sociedade como um todo. A Ética não se propõe a orientar uma situação concreta ou particular. Ela visa, sobretudo a criar um sistema de valores referenciais, com a finalidade de gerar uma consciência que oriente um comportamento geral, induzindo o homem a traçar sua conduta da maneira mais correta diante das diversas situações particulares de seu cotidiano. Dessa forma, o homem tomará decisões que sempre procurem se aproximar de um modelo ideal ético e jurídico, a chamada moral teórica. A Ética médica não é um ramo da Ética geral, mas a própria Ética geral aplicada à realidade médica. O comportamento médico ideal é o objeto de estudo da Ética Médica.
 A deontologia médica e das ciências da saúde, genericamente, cuida do estudo dos direitos e deveres morais e legais do profissional de saúde. Especificamente, é tida apenas como o estudo dos deveres, competindo à diceologia o estudo dos direitos. Não há, contudo, inconveniência em reunir esse estudo de todos os direitos e deveres na designação genérica de deontologia. Deontologia e diceologia constituem conjuntamente a Ética Profissional.
 Segundo Henri Verger, a deontologia corresponde “ao conjunto de regras de conduta do médico e demais profissionais de saúde no exercício de sua profissão”. O termo deontologia foi criado pelo filósofo inglês Benthan (1748-1832), para designar uma forma de moral dos deveres. Etimologicamente, o termo vem do grego “DEONTO”, que significa dever e “LOGUS”, que significa estudo ou tratado. De acordo com Verger, a deontologia se fundamenta em dois pilares de princípios: a tradição, com o conjunto de costumes acumulados ao longo dos séculos de exercício da profissão e a legislação vigente, adequando a atividade profissional às determinações da lei ordinária. A deontologia teria por objetivo, portanto, a defesa do bom profissional e a proteção da sociedade. A deontologia orienta os profissionais da saúde sob o ponto de vista moral e jurídico, nas suas relações com os doentes, colegas e a sociedade em geral, investigando e tentando definir uma forma mais correta de comportamento, tomando como objeto de reflexão a própria moral comum.
 A moral médica, da fisioterapia, da odontologia, da enfermagem e de todos aqueles profissionais de saúde tem suas regras escritas, as quais em conjunto, constituem o seu código de ética profissional, onde estaria listado o que é considerado consenso com relação aos dilemas éticos da profissão. Infelizmente os estudantes, não têm sido suficientemente informados nesse sentido. É preciso insistir na divulgação de seus artigos, debatê-los, comentá-los profundamente, buscando exemplos concretos, a fim de que o futuro médico tenha consciência de como exercer sua profissão com dignidade e justiça.
 Algumas pessoas acham que não precisaríamos de regras acessórias, que com sua formação doméstica, elas seriam capazes de discernir o que é correto e o que não é. Outros alegam que não haveria necessidade de um código de deontologia, pois as leis ordinárias seriam suficientes para regulamentar o exercício da profissão. As leis ordinárias normativas ou punitivas, quase sempre se expressam indistintamente para todas as atividades humanas. Todas as profissões que se ocupam em cuidar da saúde das pessoas têm características próprias, com limites nos seus direitos e nos seus deveres. É por isso que se criou um código de ética para cada profissão, fundamentado na moral e como é natural, seguindo à norma jurídica, procurando dessa forma conciliar a técnica ao dever e à legalidade. Ninguém pode exercer sua profissão sem conhecer os limites de seu exercício. Por alguém ser um exímio e experiente profissional, nem por isso está autorizado a praticar o que bem lhe aprouver. 
 A expressão “bioética” foi usada pela primeira vez pelo médico oncologista Van Potter, em 1971 e é conceituada como “ o estudo sistemático da conduta humana no campo das ciências da vida e dos cuidados da saúde, na medida em que essa conduta é examinada à luz dos valores e princípios morais”. 
 
Horácio Fittipaldi.

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