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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DO ESPÍRITO SANTO MULTIVIX – CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 7º PERÍODO ENGENHARIA ECONÔMICA PROF.: ÂNGELO CHRISTO GISELLE LADEIRA MACARINELI 18985 JOSÉ ANTONIO DA SILVA JR. 18910 RELATÓRIO – VISITA TÉNICA FAMÍLIA CARNIELLI BAR E PISCINA TONOLI FAMÍLIA BUSATO/ CACHAÇA TEIMOSINHA CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM-ES MAIO/2016 INTRODUÇÃO Segundo a Lei 8.629, de 25 de Fevereiro de 1993 e instrução Normativa Nº11, de 04 de abril de 2003, é considerada familiar a propriedade com módulos fiscais não superiores a 04, o que segundo dados do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a caracteriza também como propriedade minifundiária.1 Atualmente, cerca de 77% dos estabelecimentos rurais do Estado do Espírito Santo são familiares. São eles os responsáveis por 36% do valor da produção agropecuária do estado2, enquanto o setor de agroindústria acrescenta em media R$2.126 à renda das famílias inseridas na atividade e de destaca como uma das principais atividades desenvolvidas no município de Venda Nova do Imigrante.3 1 Disponível em: http://www.incaper.es.gov.br/proater/municipios/Centro_cerrano/Venda_Nova.pdf 2 Disponível em: http://www.incaper.es.gov.br/pedeag/diagnostico02.htm 3 Disponível em: http://g1.globo.com/espirito-santo/agronegocios/noticia/2015/10/agroindustria-cresce- no-es-e-aumenta-renda-de-produtores.html OBJETIVO Conhecer a história de origem de empresas familiares estabelecidas no município de Venda Nova do Imigrante, compreender melhor o processo de comercialização dos produtos e serviços desenvolvidos pelas mesmas e identificar as distinções existentes entre as formas que essas empresas buscam para investir em seu negócio. No dia 21 de maio de 2016 saímos de Cachoeiro de Itapemirim, por volta das 08:00 horas, em grupo composto por alunos da instituição – em sua maioria do 7º período – e professor da disciplina de Engenharia Econômica, com destino à Venda Nova do Imigrante onde estão localizados os empreendimentos familiares a serem estudados. Retornando apenas ao final do dia, por volta das 18:30 horas. 1. FAMÍLIA CARNIELLI Recepcionados pelo Sr. Leandro, sócio-proprietário do empreendimento, nos reunimos em um círculo improvisado por assentos em bancos de madeira sob uma área coberta e vista para o principal empreendimento da família: o posto de vendas dos produtos artesanais. O Sr. Leandro iniciou sua palestra falando um pouco sua história de vida pessoal, esposa e filhos e, em seguida, sobre como tiveram início as atividades desenvolvidas pela família. As origens da família Carnielli partiram de seu avô, imigrante oriundo do norte da Itália que, ao chegar no Brasil, fixou-se em Alfredo Chaves, município vizinho de Venda Nova do Imigrante onde não muito tarde, adquiriu a propriedade onde hoje se localiza o empreendimento da família, idealizados especialmente pelo Sr. Leandro e seu irmão, Pedro. À princípio, os avós e pais de Leandro trabalhavam na criação de gado, cujo leite era destinado à produção de queijo em pequena escala. Não havia o interesse comercial já que a infraestrutura local era deficiente e a produção se destinava ao consumo próprio da família. Segundo o Sr. Leandro, foi apenas por volta 1993 que idealizaram a comercialização do queijo produzido pela família, feita inicialmente “de porta em porta”. Segundo ele, a busca de informações para a otimização do processo produtivo era difícil. Sem internet ou telefone, tinham de se deslocar para regiões próximas em busca dessas informações. Em seguida, a produção da família se estendeu para o fubá e café – este último atualmente distribuído a nível nacional – e as atividades hoje incluem palestras, além do agroturismo e projeto da incubadora do IFES, concretizando o sonho de possuir uma marca própria desejado desde meados de 1965. O Sr. Leandro falou a respeito de sua formação adquirida por cursos profissionalizantes realizados em diversas localidades do mundo, tais como Itália, França e África, por exemplo, com intuito de contribuir com a otimização dos processos produtivos e administrativos do empreendimento e, consequentemente, aumentar a margem de lucro das atividades desenvolvida. Um dos aprendizados que teve com os cursos, dentre tantos outros, foi o de que deveriam investir na embalagem e apresentação do produto ao cliente, e de que era necessário alterar os nomes dados aos produtos produzidos a fim de facilitar sua comercialização – foi assim que a carne de carneiro passou a ser de cordeiro e a carne de porco passou a ser lombo. Falou também da participação em eventos importantes como a visita técnica à província de Verona, na Itália, acompanhado do Comitê Temático de Alianças Estratégicas Regionais (CT11); de programas de gestão oferecidos pela Dom Cabral, Espírito Santo em Ação e do evento de gastronomia em São Paulo; da participação ao vivo em programa da emissora Rede Globo, apresentado pela Ana Maria Braga que, ainda que tenha sido por apenas 10 minutos, lhes rendeu um grande reconhecimento na região e colaborou com a divulgação a nível nacional do trabalho desenvolvido pela família, além participação no Programa “Polenta Móvel”, também ao vivo, porém dessa vez com duração de 56 minutos. O Sr. Leandro disse que estão se adequando as leis e demanda a cerca de 25 anos e continuarão se adequando conforme necessário. A respeito disso, compartilhou de um acontecimento que marcou a importância de se atualizarem sempre: Receberam uma idosa visitante estadunidense, acompanhada de um tradutor, a qual se encantou pelo café produzido pela família e decidiu levar consigo, de avião, uma quantidade consideravelmente grande. Diante dessa situação, a família Carnielli demonstrou estar devidamente estruturada pra atender a seus clientes, já que possuíam: Produto de qualidade; Estoque que atendesse a demanda; Meio de transporte que atendesse ao deslocamento do produto; Sistema financeiro que inclui a emissão de nota fiscal e envio por e-mail; Telefonia que atenda também a clientes de outras localidades. Sobre a economia da família atualmente disse que: Contam com 5 funcionários no escritório, treinados ali mesmo, que trabalham com vendas e finanças, sem contar os envolvidos na produção da matéria prima dos produtos produzidos e comercializados. Todos constantemente denominados como o chamado “Capital Humano”. As atividades desenvolvidas incluem a venda de produtos artesanais, tais como café, em pó e em grão, especialidade da família disponibilizada em diversas variedades; fubá; queijo, inclusive queijo afrodisíaco; iogurtes; pães; biscoitos; doces, também de pote; embutidos, onde se destaca o chamado Socol, um tipo de presunto cru embutido; e também de objetos como chaveiros, canecas, bule, coador, carrinhos de brinquedo, etc. Todas as indústrias somam um faturamento de cerca de 300 mil reais por mês, onde aproximadamente 30 a 40% são faturados na loja. Das vendas realizadas na loja, cerca de 7% é resultado da estratégia de venda aplicada: a degustação dos produtos ali comercializados. O transporte se dá por meio de carro, cavalo, jegues. Da forma como tiver se ser feita para atender aos pedidos. Ao ser questionado sobre os efeitos da crise no empreendimento da família,o Sr. Leandro se mostrou seguro ao afirmar que não, pelo contrário, as vendas tiveram um aumento de cerca de 30% no último ano. Estão atualmente investindo em um aplicativo para celular, o qual não detalhou sobre. Ao término da palestra, pudemos ver de perto o funcionamento da loja, principal fonte de renda das atividades desenvolvidas pela família Carnielli, e também degustar de alguns dos produtos disponíveis para a venda. 2. BAR E RESTAURANTE TONOLI Neste segundo empreendimento visitado, pudemos provar da principal atividade desenvolvida pela família Tonoli: Comida caseira, feita em fogão à lenha. Enquanto almoçávamos, pudemos observar o bom atendimento realizado pela família e a ampla estrutura em madeira com vista para as opções de lazer e descanso ofertadas pela família, tais como pousadas, campo de futebol society, piscina e tirolesa, por exemplo. Ao término do almoço e depois de desfrutar das atividades de lazer, nos reunimos no espaço do restaurante, extendido ao ar livre e sob a sombra de árvores, para ouvir o Sr. Alaor e a Sra. Sandra, sua esposa, falarem sobre como surgiu o espaço da família Tonoli e das atividades por ela desenvolvidas. Segundo o Sr. Alaor, em 2001 foi que as atividades tiveram início envolvendo a própria família, o que inclui sua esposa, irmãos, filhos, cunhados e sobrinhos. À princípio contando apenas com um pequeno bar destinado a comercialização de bebidas alcoólicas e depois com o campo de futebol. Em seguida, o Sr. Alaor falou sobre o investimento na construção de piscinas. Neste momento foi questionado sobre o fato de ter ou não havido algum planejamento para isso, tal como custo e demanda. Em resposta, afirmou que não houve planejamento algum; apenas visaram a inexistência da opção de lazer a ser oferecida no local e por isso optaram por se arriscarem como forma de contribuir com o lucro da família ao cobrar uma pequena taxa, pelo uso das piscinas; o que resultou em sucesso, especialmente em épocas do ano mais quentes. As atividades do restaurante iniciaram apenas em 2014, também resultante em sucesso e boa aceitação do público alvo: pessoas da região e visitantes de outras localidades. Com o tempo, verificou a necessidade de investir no cartão de credito/ debito como forma de pagamento, já que eram constantemente surpreendidos por questionamentos de clientes à respeito. Com o aumento do número de clientes no restaurante, muitos deles de outras localidades e à procura de estadia temporária na região, viram a oportunidade de investir na construção de pousadas e áreas de churrasco. Foi para atender esse público, que iniciaram a construção e atividade das pousadas em 2015. Quando questionados sobre haverem outras atividades econômicas a serem desempenhadas pela família, o Sr. Alaor e a Sra. Sandra informaram que paralelo as atividades citadas anteriormente, trabalham com o cultivo de café e de frutas, especialmente o abacate, ambos destinados a comercialização local. Ao fim da palestra, disseram que têm planos de ampliar as atividades da família e proporcionar mais e melhores opções de lazer e descanso para seus clientes. 3. FAMÍLIA BUSATO/ CACHAÇA TEIMOSINHA Nossa última visita foi ao espaço da família Busato destinado à fabricação da cachaça teimosinha, antes destinada a exportação e atualmente comercializada na região e municípios próximos. Recepcionados pela Sra. Izabel, esposa e sócia do proprietário, a qual não pode estar presente, fomos levados até o alambique, local onde é produzido a cachaça, para de perto acompanharmos o processo produtivo do principal produto comercializado pela família. Inicialmente, nos foi contato sobre o surgimento da atividade. A ideia de iniciar a produção de cachaça surgiu a partir de um jogo de baralho entre amigos, com o intuito de terem uma cachaça para se tomar como de costume, porem de melhor qualidade que as já comercializadas na região. Foi daí que, por volta de 1995, com o auxílio da família Carnielli e presenteados por amigos da época com tonéis vindos de Portugal, construíram uma alambique e deram início a fabricação de cachaça. A produção iniciou com apenas 300L e em menos de um ano alcançou até 20.000L por ano, visando atender às demandas de exportação. Porém, com o fim da sociedade responsável por exportar o produto, nos últimos 03 anos a produção caiu consideravelmente, sendo produzidos hoje apenas cerca de 2.000 a 3.000L de cachaça por ano. Conforme nos era descrito o processo de fabricação do produto, era também informado os pontos importantes do processo que caracterizavam a qualidade do produto, como: O tempo de envelhecimento; A cachaça branca tem um tempo de maturação de 02 anos, a tradicional, de 06 anos e a especial, de 18 anos. Desta última, restam apenas 300L de 1.000L para serem engarrafados e comercializados. Há também uma safra em processo de fermentação desde 2005. A qualidade da matéria-prima; A princípio, a cana-de-açúcar era comprada, mas pelo fato de virem consideravelmente sujas de terra e cinza resultante da queima, optaram por investir no cultivo da matéria-prima. Foi quando que se iniciou a produção da cana-de-açúcar em solo próprio, sendo a colheita realizada pelo corte e a fabricação da cachaça a partir da chamada cana crua que, quanto mais “doce”, maior seu rendimento. Conservação e Qualidade do Produto; Após a moedura da cana-de-açúcar, o caldo é mantido em grandes reservatórios de inox e em barris e tonéis de madeira para que ocorra a levedura. Quando as condições ambientes interferem no produto, como é o caso do calor, frio e humidade, é realizada uma nova fermentação de forma a garantir a qualidade final do produto. Aproveitamento de Derivados; O que resulta do processo da produção da cachaça Teimosinha é convertido na confecção de outros produtos, como o açúcar mascavo, a rapadura e o licor, de forma a evitar o desperdício e contribuir com o lucro da família. Sustentabilidade e Meio Ambiente; O que não pode ser aproveitado do processo de fabricação da cachaça, o chamado vinhoto, é misturado com agua e despejado a cerca de 30Km do Alambique, no canavial onde é produzida a matéria-prima, contribuindo com a adubação do solo, por ser rico em potássio, e atendendo as especificações do IEMA. CONCLUSÕES Após visita técnica em três empreendimentos familiares, localizados no município de Venda Nova do Imigrante, todos com especificidades entre si, podemos concluir que: Ainda que com atividades iniciadas na mesma época, as Familias Carnielli e Busato tiveram formas diferentes de investir na comercialização de seus produtos e consequentemente alcançaram diferentes resultados no que diz respeito as estruturas físicas onde são fabricados e comercializados os produtos e rendimento no faturamento anual. Enquanto a família Carnielli optou por investir no espaço físico, no chamado Capital Humano, em cursos profissionalizantes e divulgação do produto, em firmar parcerias e atender as necessidades de seus clientes, o que refletiu consideravelmente no faturamento anual da mesma; a família Busato não optou por cursos, se munindo do conhecimento empírico, e não firmou a parceria que contribuía com a exportação, o que resultou na diminuição da produção da Cachaça Teimosinha e diminuição do faturamento anual da mesma. Paralelo às famílias Carnielli e Busato, há a Familia Tonoli, cujas atividades seiniciaram muito recentemente e está visivelmente em processo de ampliação e otimização dos produtos e serviços prestados. Vale ressaltar que todos os empreendimentos possuem atividades distintas e não podem portanto, serem comparadas quanto à isso. Além disso, os antecedentes históricos de todas e laços familiares existentes podem e devem contribuir consideravelmente na forma como as atividades foram e são desenvolvidas atualmente, em como são feitos os investimentos e em como interferem na visão de missão enquanto empresa. ANEXOS FAMÍLIA CARNIELLI Fonte: Fotos tiradas pelos autores em 21 de maio de 2016. FAMÍLIA TONOLI Fonte: Fotos tiradas pelos autores em 21 de maio de 2016. FAMÍLIA BUSATO Fonte: Site www.minube.com.br1 Fonte: Fotos tiradas pelos autores em 21 de maio de 2016. 1 Disponível em: www.minube.com.br/fotos/sitio-preferido/3597130/8210057
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