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Aula 08 - Constitucional

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DIREITO CONSTITUCIONAL PARA DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL 
TEORIA E EXERCÍCIOS 
PROFESSOR FREDERICO DIAS 
 
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Aula 8 – Controle de Constitucionalidade 
Bom dia! 
Hoje, vamos estudar o assunto mais interessante do direito constitucional: 
controle de constitucionalidade das leis. Posso dizer que o controle de 
constitucionalidade agrupa o conhecimento de toda a matéria já estudada 
neste curso. 
Outro aspecto é que esse assunto exige uma maior capacidade de 
compreensão do candidato, privilegiando o raciocínio em detrimento da mera 
capacidade de memorização. E isso é muito bom! 
E o que é o controle de constitucionalidade? Posso nesta introdução ser bem 
simplista e afirmar que se trata de um mecanismo de fiscalização da validade 
de todas as normas do ordenamento jurídico frente às regras estabelecidas 
pela Constituição. 
Digamos que ao final da aula, você deve ser capaz de responder: quais são os 
sistemas, modelos e momento do controle? Quem pode provocar o controle de 
constitucionalidade? Quem tem competência para julgar a constitucionalidade 
de leis e atos normativos? Quais os efeitos da declaração de 
inconstitucionalidade? E por aí vai... 
Veja o conteúdo da Aula de hoje 
1 – Noções de Controle de Constitucionalidade 
1.1 – Supremacia da Constituição e controle de constitucionalidade 
1.2 – Espécies de inconstitucionalidade 
1.3 – Sistemas, momentos, modelos e vias de controle 
1.4 – Breve histórico evolutivo do controle de constitucionalidade 
brasileiro 
1.5 – Teoria da nulidade e mitigação do princípio da nulidade 
2 – Controle difuso 
2.1 – Efeitos da decisão 
2.2 – Atuação do Senado Federal 
3 – Ação Direta de Inconstitucionalidade 
3.1 – Objeto 
3.2 – Procedimentos 
3.3 – Participação do PGR e do AGU 
3.4 – Amicus curiae 
3.5 – Efeitos da Decisão 
3.6 – Medida Cautelar em ADI 
4 – Exercício de fixação 
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Boa aula! 
 
1 - Noções de Controle de Constitucionalidade 
O controle de constitucionalidade relaciona-se com a fiscalização da 
conformidade das leis e atos normativos frente à Constituição. 
Assim, o objetivo do controle de constitucionalidade é exatamente verificar a 
observância das normas constitucionais por parte das demais leis. Trata-se de 
verificar a compatibilidade das demais normas frente à Constituição. 
Assim, a princípio, todas as leis são válidas. É dizer: as leis e atos normativos 
estatais são considerados válidos, constitucionais, até que venham a ser 
formalmente declarados inconstitucionais. 
Essa noção relaciona-se com o denominado princípio da presunção de 
constitucionalidade das leis. 
Bem, mas por que a lei deve respeito à Constituição? Você já se perguntou por 
que um conflito entre a Constituição e uma norma qualquer se resolve sempre 
em detrimento desta última, prevalecendo sempre a primeira? 
Isso pode parecer óbvio, mas não é. As leis devem respeitar a Constituição 
exatamente pelo fato de que ela dispõe de superioridade hierárquica sobre 
todo o ordenamento jurídico. Significa que ela está acima das demais normas, 
funcionando como fundamento de validade de todas elas. 
Em suma, podemos dizer: 
I) a princípio, até que se diga o contrário, toda lei deve ser seguida e 
respeitada, devido à presunção de legitimidade das leis; 
II) entretanto, para ser válida de fato, a lei deve estar de acordo com a norma 
superior (Constituição), sob pena de nulidade. 
 
1.1 - Supremacia da Constituição e controle de constitucionalidade 
Para o estudo do controle de constitucionalidade, partimos da premissa de que 
a nossa Constituição é do tipo rígida, o que faz nascer o princípio da 
supremacia formal da Constituição. 
Recordar é viver! Se a nossa Constituição é rígida, ela exige um procedimento 
especial para sua alteração, mais dificultoso do que o das demais normas. 
Pois se o procedimento de alteração da Constituição for o mesmo das demais 
leis, uma simples lei poderia alterar a Constituição. 
Afinal, imagine um sistema de Constituição flexível, em que tanto as normas 
constitucionais quanto as demais normas exigem apenas maioria simples de 
votos para sua produção... 
Nessa hipótese, qualquer lei aprovada após a Constituição que esteja em 
conflito com ela poderá revogar seus dispositivos. Isso porque nos sistemas de 
Constituição flexível, não há superioridade formal entre as normas 
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constitucionais e as demais leis. Assim sendo, estas não precisam respeitar 
aquelas. 
Objetivamente: a rigidez é que posiciona a nossa Constituição Federal 
no vértice, no topo do ordenamento jurídico. 
É nos ordenamentos de Constituição rígida que vigora o princípio da 
supremacia formal da Constituição. E, por conseqüência, todos os atos e 
manifestações jurídicas, para permanecerem no ordenamento jurídico, devem 
estar de acordo com a Lei Maior, a Constituição. 
Daí a necessidade da existência de controle de constitucionalidade, para 
verificar a compatibilidade desses atos e manifestações com as regras e 
princípios da Constituição Federal. 
Lembre-se: supremacia material e supremacia formal não se confundem! 
Essa superioridade que posiciona a Constituição em um plano superior e exige 
conformidade das demais normas com seus princípios e suas regras consiste 
na supremacia formal (supremacia decorrente das formalidades especiais 
exigidas para a alteração das normas constitucionais). 
Observe que essa força das normas constitucionais não existe devido ao seu 
conteúdo. Não é a dignidade do tema tratado que faz nascer essa 
superioridade. Ela decorre do simples fato de a norma estar dentro da 
Constituição rígida. 
É que também existe a supremacia material, aí sim, decorrente da matéria, 
do conteúdo da norma. Essa supremacia decorre do fato de uma norma tratar 
de matéria relevante, substancialmente constitucional. Não há qualquer 
relação com o processo de elaboração da norma ou com o fato de ela estar 
dentro ou fora de um documento único. 
Objetivamente: 
I) o estabelecimento de um procedimento mais dificultoso para a alteração das 
normas constitucionais (rigidez) propicia o surgimento de uma supremacia 
formal da Constituição; 
II) assim, a Constituição passa a se situar num plano hierárquico superior a 
todo o ordenamento jurídico, funcionando como fundamento de validade das 
normas inferiores; 
III) portanto, só serão válidas as leis que respeitarem a Constituição (tanto no 
que diz respeito ao conteúdo da lei quanto no que se refere ao seu processo de 
formação); 
IV) o instrumento para verificação dessa compatibilidade denomina-se controle 
de constitucionalidade. 
Portanto, o que quero que você compreenda é que só faz sentido falar-se em 
controle de constitucionalidade se a Constituição estiver acima das leis 
(onde haja supremacia formal constitucional, decorrente da rigidez). 
Pois, nesse caso, a lei sempre sucumbirá frente à Constituição, seja por 
incompatibilidade formal ou material. 
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Muito bonito tudo isso, não? 
Bem, antes de continuar, convido-o a resolver esta questão. 
1) (CESPE/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/SUPORTE ÀS ATIVIDADES NA 
ÁREA DE DIREITO/PS/MS/2008) A manutenção da supremacia da CF é o 
objetivo das ações de fiscalização abstrata de constitucionalidade das leis 
e deve nortear a interpretação destas. 
O objetivodo controle de constitucionalidade é exatamente verificar a 
observância da Constituição por parte das demais normas. Assim, as ações de 
fiscalização da constitucionalidade verificam a compatibilidade das demais 
normas frente à Constituição. 
Tudo isso decorre da situação de superioridade da Constituição sobre todo o 
ordenamento jurídico, funcionando como fundamento de validade das normas 
inferiores. 
É dizer: todo o ordenamento jurídico deverá estar de acordo com a norma 
superior (Constituição), sob pena de nulidade. 
Item certo. 
 
1.2 - Espécies de inconstitucionalidade 
Podemos considerar que é inconstitucional toda ação ou omissão que 
ofenda, mesmo que parcialmente, a Constituição. 
Entretanto, saiba que não poderão ser declaradas inconstitucionais: 
I) normas constitucionais produzidas pelo poder constituinte originário; 
II) normas pré-constitucionais (até se admite o controle de constitucionalidade 
de normas anteriores à Constituição; todavia, esse confronto se resolve pela 
recepção/revogação da norma, e não pela 
constitucionalidade/inconstitucionalidade). 
Terminamos o item anterior mencionando a incompatibilidade formal e a 
incompatibilidade material. Está clara para você a diferença entre as duas? 
Bem, a inconstitucionalidade pode originar-se do conteúdo da lei ou do seu 
processo de formação. 
A inconstitucionalidade material (ou nomoestática) ocorre quando o 
conteúdo da lei desrespeita a Constituição (por exemplo, uma lei que 
permitisse a contratação de servidores sem concurso para cargos efetivos 
estaria contrariando o art. 37, II). 
A inconstitucionalidade formal (ou nomodinâmica) ocorre quando o processo 
de elaboração da norma contraria as regras estabelecidas pela Constituição. 
A título meramente exemplificativo, podemos citar as seguintes situações: 
a) uma lei municipal trata de assunto de competência privativa da União – 
trata-se da inconstitucionalidade formal orgânica; 
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b) uma lei ordinária trata de assunto reservado à lei complementar – trata-se 
de vício formal objetivo; 
c) uma lei resultante de iniciativa parlamentar trata de assunto cuja iniciativa 
privativa compete ao presidente da República – trata-se de vício formal 
subjetivo, ligado à pessoa. 
Deixe-me usar uma questão para falar um pouco mais sobre esse assunto. 
2) (CESPE / ANALISTA ADMINISTRATIVO / DPU / 2010) A 
inconstitucionalidade formal se verifica quando a lei ou ato normativo 
apresenta algum vício em seu processo de formação. O desrespeito a uma 
regra de iniciativa exclusiva para o desencadeamento do processo 
legislativo constitui exemplo de vício formal objetivo. 
Segundo a doutrina, a inconstitucionalidade formal pode decorrer de: (i) 
aspectos orgânicos (se for violada a competência legislativa de um ente); (ii) 
vícios formais propriamente ditos (que podem ser subjetivos – de iniciativa - e 
objetivos); e (iii) violação a pressupostos objetivos do ato normativo. 
Quanto a esta última forma (pressupostos objetivos do ato normativo), 
segundo o prof. Pedro Lenza, ocorre quando não são cumpridos certos 
pressupostos para a adequada formulação do ato (por exemplo, uma medida 
provisória que não respeite os pressupostos de relevância e urgência). 
A questão está errada, pois o vício de iniciativa é vício formal subjetivo (e 
não objetivo). 
Item errado. 
 
A inconstitucionalidade pode se dar tanto por ação quanto por omissão. A 
primeira quando decorre de uma conduta comissiva, positiva. A última quando 
o Poder Público deixa de atuar em situações em que a Constituição obriga 
determinada medida (por exemplo, quando o Congresso deixa de elaborar uma 
lei, cuja edição era determinada pela Constituição). 
A inconstitucionalidade por conduta omissiva geralmente ocorre diante de uma 
norma constitucional de eficácia limitada, e apenas nos casos em que a 
Constituição exige (não se trata de mera faculdade) a produção de uma lei 
para tornar efetivo determinado direito. 
E qual instrumento (já estudado no início desse curso) funcionaria como 
mecanismo hábil para o controle da inconstitucionalidade por omissão, diante 
de casos concretos? 
Se você respondeu o mandado de injunção é isso mesmo! Ademais, mais à 
frente, estudaremos também a ADI por omissão que se trata do controle em 
abstrato da omissão inconstitucional. 
A inconstitucionalidade pode ser ainda originária ou superveniente. 
A inconstitucionalidade originária ocorre quando a norma nasce 
inconstitucional, frente à Constituição de sua época. Já a inconstitucionalidade 
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superveniente ocorre quando uma norma é válida frente à Constituição de sua 
época. Entretanto, revogada a Constituição antiga é promulgada uma nova 
Constituição tratando aquele assunto de forma diferente. Assim, essa norma 
passa a desrespeitar o novo regramento constitucional daquele tema. 
Assim, imagine que uma Constituição admita a tortura e o Congresso edite a 
lei “A” regulamentando esse assunto. Essa lei, a princípio, é válida. Entretanto, 
se uma nova Constituição é promulgada suprimindo a possibilidade de tortura, 
aquela lei “A” estaria incompatível com a nova Constituição, por fator 
superveniente (a mudança se deu após a edição da norma). 
Mas, no Brasil, não se admite a inconstitucionalidade superveniente. 
Assim, não faça confusão: nesse exemplo, a lei “A” seria revogada pela nova 
Constituição. Porque a incompatibilidade entre uma lei e a Constituição 
superveniente se resolve pela revogação daquela, e não pela declaração de 
inconstitucionalidade. 
Objetivamente: não há inconstitucionalidade superveniente no Brasil. 
 
1.3 – Sistemas, momentos, modelos e vias de controle 
Apresentarei neste item as diversas classificações existentes para o controle de 
constitucionalidade. Assim, veremos os sistemas, momentos, modelos e vias 
de controle. 
Vimos que o controle de constitucionalidade origina-se na fiscalização da 
conformidade das leis e atos normativos com a Constituição. 
Logo de início, você tem de ter em mente que esse controle de 
constitucionalidade nem sempre é atribuído ao Poder Judiciário (chamado 
sistema jurisdicional). Na verdade, há ainda os chamados sistemas de 
controle político e misto. Trata-se de diferentes sistemas de controle. 
O mais óbvio é o controle jurisdicional, em que a Constituição outorga 
competência ao Judiciário para realizar o controle de constitucionalidade das 
leis. Segundo a doutrina, atualmente, a maioria das Constituições adota esse 
modelo, incluindo a brasileira. 
Já o sistema de controle político ocorre quando essa competência é atribuída 
a órgão externo ao Judiciário, de natureza política (por exemplo, quando, na 
Europa do século passado, o controle era função do próprio Poder Legislativo). 
Ocorre o controle misto quando a Constituição submete determinadas 
categorias de leis ao controle político e outras ao controle jurisdicional. 
Bem, apesar de, em regra, no Brasil, o controle de constitucionalidade ser 
função do Judiciário (sistema jurisdicional), você deve ter em mente que 
convivemos com exemplos de controle não-jurisdicional, em que, de forma 
excepcional, os poderes Executivo e Legislativo exercem controle de 
constitucionalidade. 
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No que se refere ao Poder Legislativo, o controle de constitucionalidade é 
exercido: 
a) na apreciação preventiva da Comissão de Constituiçãoe Justiça – CCJ das 
proposições legislativas; 
b) na sustação dos atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do 
poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa (art. 49, V); e 
c) na apreciação das medidas provisórias. 
O Poder Executivo também realiza controle de constitucionalidade ao: 
a) vetar projetos de lei inconstitucionais (veto jurídico, nos termos do §1° do 
art. 66 da CF/88); 
b) determinar aos órgãos a ele subordinados que deixem de aplicar 
determinada lei por considerá-la inconstitucional; e 
c) determinar a intervenção a fim de restabelecer a obediência à Constituição 
Federal. 
Sintetizando: 
 
 
Outro aspecto importante que você já deve ter observado: o sistema de 
controle de constitucionalidade brasileiro inclui manifestações não só 
repressivas, mas também preventivas (como o veto jurídico do Presidente 
da República e a atuação da Comissão de Constituição e Justiça das Casas 
Legislativas). 
Assim, enquanto o controle repressivo tem por finalidade afastar a aplicação 
de uma lei ou retirá-la do ordenamento jurídico, o controle preventivo visa a 
impedir a entrada em vigor de uma norma inconstitucional. 
Um exemplo de controle preventivo: se um projeto de lei inconstitucional 
estiver tramitando no Congresso, pode um parlamentar impetrar mandado de 
segurança para assegurar seu direito líquido e certo de não participar da 
elaboração de uma norma inconstitucional. Nesse caso, poderá o STF sustar a 
tramitação daquele projeto de lei (repare que se trata de um controle 
preventivo exercido pelo Poder Judiciário). 
exercido por órgãos externos ao Poder Judiciário Controle não-jurisdicional 
Legislativo 
Executivo 
Veto do Poder Executivo (art. 66, §1°) 
Inaplicação da lei pelo chefe do executivo 
Processo de intervenção 
CCJ 
Veto legislativo (art. 49, V) 
Apreciação de medidas provisórias 
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Quanto ao modelo, o controle de constitucionalidade pode se dar: (i) de forma 
difusa ou (ii) de forma concentrada. 
De forma difusa, o controle é atribuição de todos os membros do judiciário. 
Esse modelo, também conhecido como “aberto”, é baseado no controle de 
constitucionalidade dos Estados Unidos da América. 
De forma concentrada, a atribuição de fiscalizar a constitucionalidade é 
restrita ao órgão de cúpula do Poder Judiciário. O modelo concentrado, ou 
reservado, originou-se na Áustria, sob a influência do jurista Hans Kelsen. 
No Brasil, esses modelos são combinados, no sentido de que há controle de 
constitucionalidade difuso, mas também controle de constitucionalidade em 
sua forma concentrada, ações, desde o princípio, de competência do órgão de 
cúpula do Judiciário. 
Uma classificação importante para entender o controle de constitucionalidade 
diz respeito às via de controle. Uma lei pode ser impugnada perante o Poder 
Judiciário em concreto (diante de ofensa a direito, em determinado caso 
concreto submetido à apreciação do Poder Judiciário), ou em abstrato 
(quando a lei é impugnada “em tese”, sem vinculação a um caso concreto). 
E qual a diferença? 
No controle concreto (via incidental ou de exceção), qualquer pessoa 
prejudicada por uma lei pode requerer, em qualquer processo judicial concreto 
submetido à apreciação do Poder Judiciário, perante qualquer juiz ou tribunal, 
a declaração da inconstitucionalidade dessa lei a fim de afastar a sua aplicação 
(com efeitos restritos a esse caso concreto - eficácia inter partes). 
Controle concreto (via incidental ou de exceção) 
I) Qualquer prejudicado é legitimado ativo 
II) Qualquer juiz ou tribunal está apto a deixar de aplicar a lei naquele caso 
concreto 
III) Não há ação específica, pois ocorre em qualquer processo submetido à 
apreciação do Judiciário 
IV) eficácia inter partes 
No controle abstrato (via principal ou de ação direta), só é dado a 
determinados legitimados argüir o órgão de cúpula do Judiciário, a respeito da 
constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei. Nesse caso, a análise 
se dá em tese, independentemente de um problema concreto, com o fim de 
proteger a harmonia do ordenamento jurídico. Esse julgamento ocorre 
mediante uma ação especial, que trará efeitos para todos (eficácia geral ou 
erga omnes). 
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Controle abstrato (via principal ou de ação direta) 
I) Os legitimados ativos se restringem aos indicados na CF/88 (art. 103) 
II) Somente os órgãos de cúpula do Judiciário julgam essas ações 
III) Há ações específicas: ADI, ADC, ADO e ADPF 
IV) eficácia geral ou erga omnes 
Repare que o nome via principal (via de ação ou controle abstrato) decorre 
exatamente do fato de que nessa ação não há lide: o pedido principal é 
precisamente a declaração de inconstitucionalidade ou de constitucionalidade 
da lei. Ao contrário, na via incidental o pedido principal é a satisfação de um 
direito do impetrante, e a questão de inconstitucionalidade surge apenas 
incidentalmente no julgamento do caso. 
São vários os aspectos, mas o esquema abaixo pode te auxiliar a memorizar 
esses detalhes. 
Sintetizando: 
 
Vamos ver algumas questões. 
3) (CESPE/JUIZ/TRF-5REGIÃO/2011) O controle prévio ou preventivo de 
constitucionalidade não pode ocorrer pela via jurisdicional, uma vez que 
ao Poder Judiciário foi reservado o controle posterior ou repressivo, 
realizado tanto de forma difusa quanto de forma concentrada. 
Temos uma situação que caracteriza o controle de constitucionalidade prévio 
ou preventivo jurisdicional. Trata-se de mandado de segurança impetrado 
por parlamentar que vise a tutelar seu direito líquido e certo de não participar 
de processo legislativo viciado. 
Tal ação será de competência do STF e caracteriza hipótese excepcional de 
controle preventivo exercido pelo Poder Judiciário. 
Item errado. 
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4) (CESPE/AUDITOR INTERNO/AUGE/MG/2008) No controle incidental, os 
juízes e tribunais só podem se manifestar sobre a inconstitucionalidade de 
uma lei, deixando de aplicá-la a casos concretos, se, antes, tiverem sido 
provocados por uma das partes. 
Na verdade, o controle abstrato se inicia a partir de provocação de um dos 
legitimados da Constituição Federal (CF, art. 103). No caso do controle 
incidental, o próprio magistrado ou tribunal poderá, de ofício, sem 
provocação, afastar a aplicação de uma lei por considerá-la inconstitucional. 
Item errado. 
5) (CESPE/AUDITOR INTERNO/AUGE/MG/2008) No Brasil, o controle exercido 
pelo Poder Judiciário sobre a constitucionalidade das leis e dos atos 
normativos, ocorre tanto pela via difusa quanto pela via concentrada. 
O controle de constitucionalidade pode se dar de forma difusa ou concentrada. 
No Brasil, esses modelos são combinados, no sentido de que há controle de 
constitucionalidade difuso, mas também controle de constitucionalidade em 
sua forma concentrada (ações, desde o princípio, de competência do órgão de 
cúpula do Judiciário). 
Item certo. 
6) (CESPE/ADVOGADO DA UNIÃO/AGU/2008) É admissível o controle de 
constitucionalidade de emenda constitucional antes mesmo de ela ser 
votada, no caso de a proposta atentar contra cláusula pétrea, sendo o 
referido controle feito por meio de mandado de segurança, que deve ser 
impetrado exclusivamente por parlamentar federal. 
De fato é admissível o controle de constitucionalidade de emenda 
constitucional, mesmo enquanto ela ainda éum projeto (PEC). Trata-se de 
controle concreto, a ser feito por meio de mandado de segurança impetrado 
por parlamentar no STF. 
Item certo. 
 
O aluno que conhece o controle de constitucionalidade já percebeu que muitas 
vezes os termos controle abstrato e concentrado são tratados como sinônimos 
(até mesmo pelas bancas examinadoras). O mesmo ocorre com as expressões 
controle difuso e incidental. 
Repare que não se trata exatamente da mesma coisa. 
É que, de fato, regra geral, o controle incidental é realizado no modelo difuso, 
enquanto a fiscalização abstrata é exercida de forma concentrada. 
Entretanto, existem hipóteses em que o controle é concentrado no STF, mas 
ele se dá diante de um problema concreto. Exemplo: mandado de segurança 
impetrado por parlamentar contra projeto de lei flagrantemente 
inconstitucional. Trata-se de um caso concreto (direito subjetivo do 
parlamentar) exercido de forma concentrada no STF. 
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Bem, antes de fazermos algumas questões relacionadas com esse assunto, 
vale a pena chamar sua atenção para o fato de que você tem de separar muito 
bem o controle incidental, diante de casos concretos, do controle abstrato, em 
que se discute a lei em tese, como pedido principal da ação. Ou seja, no 
controle abstrato, o impetrante não tem um interesse próprio na causa, ele 
aciona o órgão de cúpula do Poder Judiciário para dizer se determinada lei é ou 
não válida perante o ordenamento jurídico. 
Por fim, lembre-se de que o controle abstrato ocorre em duas vertentes. A 
primeira visa a analisar a compatibilidade da norma frente à Constituição 
Federal, em que o controle abstrato ocorre exclusivamente perante o STF 
(nenhum outro órgão realiza controle abstrato frente à Constituição Federal). 
Em outra vertente, há o controle em âmbito estadual, em que se analisa a 
compatibilidade da norma frente à Constituição Estadual. Nesse caso, o 
controle abstrato ocorre exclusivamente perante o Tribunal de Justiça local, 
uma vez que é ele o guardião, quem diz a última palavra sobre a Constituição 
Estadual. 
Tendo esses aspectos bem compartimentados na sua cabeça, você já terá 
dado um grande passo para entender todo o controle de constitucionalidade. E 
o mais importante: um grande passo para acertar as questões sobre esse 
assunto. 
Falando nisso, posso te dizer que ao acertar uma única questão mediana de 
controle de constitucionalidade você passa na frente de milhares de candidatos 
que não conseguem compreender muito bem esse assunto. 
Uma questão tornará mais clara essa distinção entre controle face à 
Constituição Federal e controle face à Constituição Estadual. 
7) (CESPE/AUDITOR INTERNO/AUGE/MG/2008) Compete ao tribunal de 
justiça de cada estado-membro exercer o controle concentrado da 
constitucionalidade das leis e dos atos normativos estaduais e municipais 
perante a CF. 
Em âmbito federal (tendo a CF/88 por parâmetro), a jurisdição constitucional 
concentrada se dá apenas no Supremo Tribunal Federal. Na verdade, temos o 
controle concentrado no Tribunal de Justiça apenas na esfera estadual (tendo 
a Constituição Estadual como parâmetro). 
Portanto, fique atento! São dois tipos distintos de controle abstrato no Brasil: 
um perante o Supremo Tribunal Federal (STF) e outro perante os Tribunais de 
Justiça (TJ). O primeiro protegendo a supremacia da CF/88, este último 
garantindo a supremacia da Constituição Estadual. E é relevante que você 
cuide de separá-los bem ao estudar esse assunto (e na prova também). 
Objetivamente: 
I) STF → controle abstrato em face da Constituição Federal 
II) TJ → controle abstrato em face da Constituição Estadual 
Item errado. 
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Frisei bem a diferença entre o controle exercido pelo STF e o controle exercido 
pelo Tribunal de Justiça local. Agora, uma última pergunta, para dar um nó 
geral na sua cabeça... podemos concluir que o TJ não realiza controle de 
constitucionalidade tendo a Constituição Federal como parâmetro? 
Não, não podemos. Por quê? Porque, incidentalmente, no controle difuso, 
poderá o TJ desempenhar o controle concreto das leis em face diretamente da 
Constituição Federal. 
Vamos fazer mais algumas questões? 
8) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) O ordenamento jurídico nacional 
admite o controle concentrado ou difuso de constitucionalidade de normas 
produzidas tanto pelo poder constituinte originário, quanto pelo derivado. 
Como vimos, as normas constitucionais originárias são elaboradas pelo poder 
constituinte originário, que tem como característica ser ilimitado (não se 
sujeita a limites estabelecidos pelo ordenamento anterior) e incondicionado 
(não deve respeito a uma forma pré-estabelecida). 
Ora, se todas as normas constitucionais originárias foram elaboradas pelo 
poder constituinte originário, não há hierarquia entre elas, com o que não há 
que se falar em controle de constitucionalidade de umas em face de outras. 
Assim, normas constitucionais originárias não são passíveis de controle de 
constitucionalidade, em hipótese alguma. 
Por outro lado, as normas constitucionais derivadas, resultantes de 
emendas à Constituição, podem ser objeto de controle de constitucionalidade. 
É que, para serem válidas, as emendas à Constituição devem respeitar as 
regras e limitações – circunstanciais, processuais e materiais - do art. 60 da 
Constituição Federal. 
Item errado. 
9) (CESPE/PROCURADOR MUNICIPAL/PGM/NATAL/2008) No Brasil, o controle 
de constitucionalidade é feito apenas de modo repressivo. 
Como comentado, no Brasil há também o controle preventivo. Esse controle 
tem por finalidade evitar a produção de uma lei inconstitucional. 
Item errado. 
10) (CESPE/ANALISTA DE GESTÃO CORPORATIVA: 
ADVOGADO/HEMOBRÁS/2008) O controle de constitucionalidade 
preventivo pode ser exercido pelas Comissões de Constituição e Justiça da 
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, e pelo veto do presidente da 
República. 
E aí, exercício do controle de constitucionalidade é função exclusiva do Poder 
Judiciário? Claro que não. 
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De fato, ele pode ser exercido pela CCJ (ao se rejeitar normas 
inconstitucionais) e pelo Presidente da República (ao vetar projetos de lei 
inconstitucionais). 
Item certo. 
11) (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) De acordo com entendimento do STF, o 
controle jurisdicional prévio ou preventivo de constitucionalidade sobre 
projeto de lei ainda em trâmite somente pode ocorrer de modo incidental, 
na via de exceção ou defesa. 
De fato, o controle preventivo só é exercido de forma incidental. Pois as leis 
devem estar prontas, acabadas, para que possam ser questionadas em sede 
de controle abstrato. 
Item certo. 
12) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) O STF admite o controle preventivo 
de constitucionalidade sobre projeto de emenda constitucional em trâmite 
perante o Poder Legislativo federal, mediante o ajuizamento de ADI ao 
STF. 
Para serem aprovadas, as emendas à Constituição devem estar de acordo com 
o art. 60 da CF/88. Em especial, de acordo com as cláusulas pétreas previstas 
no art. 60, § 4°. 
Pois bem, poderia uma proposta de emenda constitucional (PEC) ser 
questionada quanto à sua constitucionalidade, caso tendesse a abolir um 
direito individual (suprimindo a garantia do hábeas corpus, por exemplo)? 
Sim, poderia, desde que no âmbito do controle incidental de 
constitucionalidadepor meio de mandado de segurança interposto no Supremo 
Tribunal Federal, por congressista da Casa Legislativa em que a PEC estiver 
tramitando. 
O que não se admite é a impetração de Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADI) tendo por objeto uma mera proposta de 
emenda. Logo, errada a questão. 
E se essa PEC não fosse impugnada, fosse aprovada e passasse a integrar a 
Constituição; poderia a norma resultante ser questionada no Supremo? Sim, 
poderia. Tanto incidentalmente, quanto por meio de ADI. 
Guarde essas diferenças. 
Item errado. 
13) (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) No controle de constitucionalidade 
político, a atividade de controle é desempenhada por um órgão integrante 
da estrutura do Poder Judiciário, no entanto a fundamentação das 
decisões tem por conteúdo uma solução ao caso concreto, mesmo sem 
uma fundamentação jurídica. 
O controle de constitucionalidade do tipo político ocorre quando essa 
competência é atribuída a órgão externo ao Judiciário, de natureza política. É 
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jurisdicional o controle de constitucionalidade em que se outorga 
competência ao Judiciário para a fiscalização das leis frente à Constituição. 
Item errado. 
14) (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) É possível a declaração de 
inconstitucionalidade de norma editada antes da atual Constituição e que 
tenha desrespeitado, sob o ponto de vista formal, a Constituição em vigor 
na época de sua edição, ainda que referida lei seja materialmente 
compatível com a vigente CF. 
Algumas questões desse assunto devem ser resolvidas observando a divisão 
temporal dos eventos. Vejamos essa assertiva do Cespe com um exemplo. 
A situação que ela apresenta é como se estivéssemos hoje, em 2010, 
analisando a compatibilidade formal de uma lei editada em 1970 com a 
Constituição de sua época (Constituição de 1969). 
O controle de constitucionalidade é muito rico! Há vários aspectos a serem 
considerados apenas com esse pequeno exemplo. Vou mencioná-los como 
forma de revisão... Vamos lá? 
I) Como vimos, a inconstitucionalidade pode ser material ou formal. No caso 
da questão o vício na norma decorre do desrespeito à forma (por exemplo, 
uma lei ordinária que disponha sobre assunto reservado à lei complementar, 
segundo a regra da Constituição de sua época). 
II) No Brasil, não há a chamada inconstitucionalidade superveniente. É dizer, a 
inconstitucionalidade de uma lei só pode ser verificada frente à Constituição de 
sua época. Alguns alunos podem pensar: “mas eu aprendi que a ADPF serve 
também para verificar a compatibilidade de uma norma anterior à CF/88 frente 
à própria Constituição de 1988”... Se você pensou isso, você está certo! É isso 
mesmo! Mas esse confronto se resolve pela recepção (se a lei antiga for 
compatível com a CF/88) ou revogação (se a lei antiga for incompatível com a 
CF/88), e não pela constitucionalidade ou inconstitucionalidade. 
III) De qualquer forma, é possível analisar hoje se uma lei é compatível com a 
Constituição de sua época, a fim de se verificar se naquele tempo ela tinha um 
vício de inconstitucionalidade. Entretanto, essa análise se dará apenas no 
âmbito do controle concreto, incidentalmente. 
IV) Observe, por fim, que para se analisar a compatibilidade de uma lei frente 
à Constituição de sua época, tanto os aspectos materiais quanto os 
formais são analisados. Ao contrário, na análise de compatibilidade entre 
uma lei pré-constitucional e a Constituição atual, só interessam os 
aspectos materiais. 
Assim, é cabível a avaliação da compatibilidade do direito pré-constitucional 
tanto em confronto com a Constituição de sua época, como também em 
confronto com a Constituição atual. No nosso exemplo, a lei de 1970 poderia 
ser examinada pelo Poder Judiciário, hoje, tanto em confronto com a 
Constituição de sua época (CF/1969), quanto em confronto com a Constituição 
vigente hoje (CF/1988). 
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No confronto com a Constituição de 1969, o Poder Judiciário examinará as 
compatibilidades material e formal, decidindo pela constitucionalidade 
ou pela inconstitucionalidade da lei. Como comentado, esse controle 
poderia se dar apenas no controle incidental, diante de casos concretos. 
No confronto com a Constituição de 1988, o Poder Judiciário examinará 
somente a compatibilidade material, decidindo pela recepção ou 
revogação. Esse controle pode se dar não só em sede de controle concreto, 
mas também por meio de Arguição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental (ADPF). 
Em suma, independentemente da compatibilidade material com a Constituição 
atual, aquela norma pré-constitucional poderá sim ser declarada 
inconstitucional hoje frente à Constituição de sua época, desde que no controle 
concreto. 
Item certo. 
 
1.4 – Breve histórico evolutivo do controle de constitucionalidade 
brasileiro 
Muitos alunos não gostam de estudar controle de constitucionalidade, devido 
aos inúmeros detalhes envolvidos. É importante mencionar que a Constituição 
de 1988 é, em parte, culpada disso, tendo em vista que enriqueceu 
significativamente o controle de constitucionalidade brasileiro. Mas, vejamos, 
de forma esquemática, como se deu a evolução do controle no Brasil, desde a 
sua criação. 
Sintetizando: 
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15) (CESPE/ANALISTA ADMINISTRATIVO/DPU/2010) O sistema jurisdicional 
instituído com a Constituição Federal de 1891, influenciado pelo 
constitucionalismo norteamericano, acolheu o critério de controle de 
constitucionalidade difuso, ou seja, por via de exceção, que permanece até 
a Constituição vigente. No entanto, nas constituições posteriores à de 
1891, foram introduzidos novos elementos e, aos poucos, o sistema se 
afastou do puro critério difuso, com a adoção do método concentrado. 
De fato, o sistema de controle de constitucionalidade brasileiro inicia-se com o 
controle difuso, inspirado do sistema norteamericano. Posteriormente, cresce a 
participação do controle concentrado no nosso ordenamento, especial com a 
Constituição de 1988, que o fortalece de forma significativa. 
Item certo. 
 
1.5 – Teoria da nulidade e mitigação do princípio da nulidade 
Tendo em vista o princípio da supremacia da Constituição, a regra é a 
aplicação do princípio da nulidade da lei declarada inconstitucional. Isso 
significa que, dada a superioridade da Constituição, uma lei que contrarie a 
Carta Maior é nula desde a sua edição, não podendo produzir efeitos (ou seja, 
a declaração de inconstitucionalidade de uma lei produziria efeitos retroativos, 
ex tunc, como se atestasse que aquela norma nunca fez parte do ordenamento 
jurídico). 
1967/1969 
1891 
1934 
1937 
1946 
1988 
criou o controle difuso 
criou (i)a representação interventiva; (ii) a reserva de 
plenário; e (iii) a competência do Senado Federal para 
suspender a execução da lei definitivamente declarada 
inconstitucional pelo STF no controle difuso 
criou a possibilidade de o Presidente da República 
submeter ao Parlamento a decisão do Judiciário que 
havia declarado a inconstitucionalidade da lei 
(i) criou a ADI de leis federais e estaduais; e (ii) 
estabeleceu a possibilidade de controle concentrado 
nos Estados-membros 
(i) suprimiu o controle concentrado nos estados; e (ii) 
criou a representação interventiva estadual, para fins 
de intervenção do Estado em Município. 
(i) ampliou a legitimação ativa do controle abstrato;(ii) 
criou o Mandado de Injunção e a a ADO ; (iii) criou a 
ADPF; (iv) criou a ADC (EC nº 3/1993 ); e (v) criou a súmula 
vinculante (EC nº 45/2004) 
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Entretanto, como comentado, essa é a regra. Na realidade, haverá situações 
concretas em que essa declaração de nulidade causará transtornos imensos. 
Imagine uma lei que criasse um órgão público, mas sofresse vícios de iniciativa 
que resultam na sua inconstitucionalidade. Agora, imagine que a declaração de 
inconstitucionalidade ocorresse apenas anos após a criação desse órgão. 
Nessa situação hipotética, se a lei fosse declarada nula desde a sua origem, 
resolveríamos o problema jurídico, mas estaríamos diante de um problema 
real: todos os atos praticados pelo órgão poderiam ser impugnados por 
nulidade. 
Nessa situação hipotética extrema, se aquele órgão tivesse firmado contratos, 
emitido certidões, contratado servidores, nada disso teria validade. Os 
contratos, por exemplo, poderiam ser desfeitos. E os servidores poderiam ir 
para a rua... 
Assim, em homenagem aos princípios da segurança jurídica, do interesse 
social e da boa fé, tem-se admitido a modulação dos efeitos temporais da 
decisão de inconstitucionalidade. Ou seja, o Supremo admite que a lei produza 
efeitos, estabelecendo uma data a partir da qual aquela lei passa a ser 
inválida. Isso permite uma adequação dos efeitos da declaração de 
inconstitucionalidade à realidade fática. 
Com isso, podemos considerar que a jurisprudência desenvolveu uma 
flexibilização da rigidez da teoria da nulidade. Esse entendimento já está 
positivado pelo art. 27 da Lei 9.868/99: 
“Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo 
em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, 
poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus 
membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha 
eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a 
ser fixado.” 
Em suma, por razões de segurança jurídica ou diante de relevante interesse 
social, poderá o STF, ao proclamar a inconstitucionalidade, desde que por 
deliberação de dois terços dos seus membros: 
I) restringir os efeitos da sua decisão → isso significa que poderia o Supremo 
afastar determinados efeitos da sua declaração a determinados atos ou 
situações; 
II) outorgar efeitos ex nunc (dali pra frente) à sua decisão → isso significa 
afastar a retroatividade de sua manifestação, preservando atos já praticados 
com base naquela norma; por conseqüência a declaração surtiria efeitos 
apenas dali pra frente; 
III) determinar outro momento para o início da eficácia → isso significa que 
poderá o STF entender que o melhor momento para o início da eficácia da sua 
decisão não é a data da publicação da lei (ex tunc) nem a data da declaração 
da inconstitucionalidade (ex nunc); assim, fixaria um outro momento para o 
início da produção de efeitos daquela declaração de inconstitucionalidade. 
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Um clássico exemplo da aplicação dessa flexibilização no âmbito do controle 
difuso foi o caso do município de Mira Estrela (SP), em que se considerou 
contrária à Constituição Federal a lei orgânica municipal, que previa 11 
vereadores em um município de apenas 2.651 habitantes (entendeu-se que o 
correto seria a previsão do mínimo de 9 vereadores). 
Na época do julgamento, vários atos já haviam sido realizados com a 
composição de 11 vereadores. A aplicação pura e simples da teoria de nulidade 
nesse caso acarretaria a nulidade de todos os atos produzidos pelo legislativo 
municipal desde então. Imagine o caos! 
Considerando o princípio da segurança jurídica, admitiu-se que se tratava de 
situação excepcional, em que a declaração de nulidade, com seus normais 
efeitos ex tunc, resultaria grave ameaça a todo o sistema legislativo vigente. 
Prevaleceria então o interesse público para assegurar, em caráter de exceção, 
efeitos pro futuro (ex nunc) à declaração incidental de inconstitucionalidade 
(RE 197.917/SP, rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento 06/06/02). 
Chega de bla bla bla... Objetivamente: 
I) a regra é a declaração de inconstitucionalidade com efeitos ex tunc; 
II) entretanto, o Supremo poderá, excepcionalmente, dar a ela efeitos ex 
nunc, ou mesmo estabelecer um outro momento para o início da produção de 
efeitos da declaração de inconstitucionalidade. 
Daí se dizer que é válida (em caráter excepcional) a declaração de 
inconstitucionalidade sem a pronúncia de nulidade da lei. 
 
2 - Controle difuso 
Neste item passamos a analisar o funcionamento do controle difuso de 
constitucionalidade realizado de forma incidental, diante de casos concretos. 
Como vimos, o controle difuso é atribuição de todos os membros do judiciário. 
Esse modelo, também conhecido como “aberto”, é baseado no controle de 
constitucionalidade dos Estados Unidos da América. 
Ou seja, o que o caracteriza é o fato de que qualquer componente do Poder 
Judiciário, juiz ou tribunal, poderá declarar a inconstitucionalidade de uma 
norma, diante de um caso concreto. E ele nem precisa ser provocado a isso. 
É dizer, diante de um caso concreto, mesmo que não seja questionada a 
inconstitucionalidade da lei pelas partes, poderá o magistrado agir de ofício, 
afastando a aplicação da lei naquele caso concreto. 
De qualquer forma, você deve saber que essas decisões proferidas por esses 
juízes e tribunais do Poder Judiciário não serão capazes de extinguir a norma 
do ordenamento jurídico, pois elas valem apenas naquele caso que eles estão 
decidindo. 
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Ademais, no controle difuso, as decisões dos órgãos inferiores do Judiciário não 
serão definitivas, pois poderão ser levadas ao Supremo Tribunal Federal por 
meio de recurso extraordinário, como veremos mais à frente. 
Agora me diga: quais são as ações do controle difuso? 
Quem entende muito de controle de constitucionalidade já sacou: não há ação 
específica para o controle difuso. O controle incidental poderá ocorrer em meio 
a qualquer processo judicial, independentemente da sua natureza ou espécie. 
Assim, mandados de segurança, habeas corpus, ação civil pública etc. todas 
essas ações poderão ser utilizadas para o exercício do controle de 
constitucionalidade na via incidental, diante de casos concretos. 
Agora, veja como o controle de constitucionalidade é cheio de detalhes 
interessantes. Vimos que qualquer juiz que esteja decidindo um caso concreto 
poderá, monocraticamente, deixar de aplicar a lei por entendê-la 
inconstitucional. Não há necessidade de submissão da questão ao tribunal a 
que se vincula (observe que se trata da via difusa). 
Entretanto, no caso dos tribunais, há uma restrição às decisões do controle de 
constitucionalidade. É que eles se submetem à chamada reserva de plenário, 
regra segundo a qual somente pelo voto da maioria absoluta de seus 
membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os 
tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder 
Público (CF, art. 97). 
Essa regra vincula qualquer tribunal (incluindo o STF). Sobre isso, já há até 
uma Súmula Vinculante: 
“Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão 
fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público,afasta sua 
incidência, no todo ou em parte.” (Súmula Vinculante n° 10) 
Mas guarde os seguintes detalhes sobre a reserva de plenário: 
I) se já houver decisão do plenário, do órgão especial ou mesmo do STF sobre 
a inconstitucionalidade da lei cria-se, digamos, um precedente; e não precisará 
mais o tribunal respeitar a reserva de plenário, sendo possível que seja apenas 
seguida aquela decisão anterior (é dizer, a reserva de plenário é aplicável 
apenas à primeira análise sobre a inconstitucionalidade de uma norma); 
II) a reserva de plenário é regra aplicável à declaração de 
inconstitucionalidade, ou seja, não obriga as decisões sobre a recepção ou 
revogação do direito pré-constitucional; 
III) por fim, cabe observar que a reserva de plenário aplica-se aos tribunais 
(tanto no controle abstrato, quanto no incidental, e se aplica também aos 
tribunais de contas); portanto, não veda que um juiz que atue na primeira 
instância declare incidentalmente a inconstitucionalidade de uma lei. 
Veja como que esse assunto tem sido cobrado. 
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16) (CESPE/ANALISTA/TRE/ES/2011) Somente pelo voto da maioria absoluta 
de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial podem os 
tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do 
poder público. 
A assertiva está correta, pois reproduz a cláusula de reserva de plenário 
prevista no art. 97 da Constituição Federal. 
Item certo. 
17) (CESPE/JUIZ/TRF-5REGIÃO/2011) Nenhum órgão fracionário de tribunal 
dispõe de competência para declarar a inconstitucionalidade de leis ou 
atos normativos emanados do poder público, visto tratar-se de 
prerrogativa jurisdicional atribuída, exclusivamente, ao plenário dos 
tribunais ou ao órgão especial, onde houver. 
Os órgãos fracionários (turmas, câmaras) não podem declarar a 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, nos termos do art. 97 da CF/88. 
Item certo. 
 
Por fim, vale comentar que, segundo o STF, os Tribunais de Contas, no 
exercício de suas atribuições, podem apreciar a constitucionalidade das 
leis e dos atos do poder público diante de casos concretos (Súmula 
347). Ressalte-se que a cláusula de reserva de plenário também se aplica às 
cortes de contas, que só poderão declarar a inconstitucionalidade de uma 
norma pelo voto da maioria absoluta de seus membros. 
 
2.1 – Efeitos da decisão 
No controle incidental, o que se busca é o afastamento da lei no caso concreto 
em questão. Ou seja, a argüição de inconstitucionalidade é um mero incidente, 
uma questão à parte do pedido principal do autor da ação. Afinal, o que ele 
deseja é a satisfação de um determinado pleito, e não a inconstitucionalidade 
da norma em si. 
Assim, a decisão tem efeitos restritos às partes daquele processo (eficácia 
inter partes). Portanto, a lei não deixa de existir, ela continua válida e 
regulando as demais situações que se enquadrem em seus comandos. Isso 
significa que todas as pessoas que desejem afastar a aplicação da lei 
inconstitucional diante do seu caso concreto deverão acionar o Judiciário, a fim 
de garantir sua pretensão. 
Por outro lado, quanto ao aspecto temporal, o controle difuso, como regra, 
apresenta efeitos ex tunc. Ou seja, a decisão retroage. 
De qualquer forma, mesmo no controle difuso, admite-se a chamada 
modulação dos efeitos temporais, em que se atribui à decisão efeitos ex nunc 
(prospectivos ou pro futuro). 
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Nesse sentido, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional 
interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por dois terços de seus 
membros, decidir que aquela declaração só tenha eficácia a partir de seu 
trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. 
Vamos resolver algumas questões sobre esse e outros aspectos... 
18) (CESPE/JUIZ/TRF 5.a Região/2009) No controle difuso, a atribuição de 
efeitos prospectivos à declaração de inconstitucionalidade é proibida pelo 
STF. 
No controle difuso, os efeitos do reconhecimento da inconstitucionalidade são 
inter partes e ex tunc. 
Todavia, mesmo no controle difuso é cabível a chamada modulação dos efeitos 
temporais, em que se atribui à decisão efeitos ex nunc (prospectivos ou pro 
futuro). Portanto, errada a questão. 
Item errado. 
19) (CESPE/AUDITOR INTERNO/AUGE/MG/2008) Os tribunais somente podem 
declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público 
pelo voto unânime de seus membros ou dos membros do respectivo órgão 
especial. 
Qualquer juiz pode declarar a inconstitucionalidade das leis de forma 
incidental, afastando a sua aplicação ao caso concreto. Já os tribunais 
submetem-se à chamada reserva de plenário, pois somente pelo voto da 
maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo 
órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou 
ato normativo do Poder Público (CF, art. 97). 
A questão está errada, pois não é necessária unanimidade, apenas maioria 
absoluta dos membros ou dos membros do órgão especial. 
Item errado. 
20) (CESPE/ANALISTA DE GESTÃO CORPORATIVA: 
ADVOGADO/HEMOBRÁS/2008) No ordenamento jurídico brasileiro, existe 
a possibilidade do Poder Legislativo editar lei para declarar a 
inconstitucionalidade de lei anterior. 
De acordo com o STF, o Poder Legislativo não dispõe de competência para 
utilizar uma lei a fim de declarar a inconstitucionalidade de outra norma 
pretérita de sua autoria. Havendo uma lei nesse sentido, ela terá por efeito a 
mera revogação da lei pretérita. 
Veja que a diferença é que, enquanto a declaração de inconstitucionalidade 
tem efeitos retroativos (ex tunc), a revogação tem efeitos prospectivos ou pro 
futuro, dali em diante (ex nunc). 
Item errado. 
21) (CESPE/AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADUAL/SEFAZ/ES/2008) 
Segundo o entendimento do STF, o Tribunal de Contas da União, no 
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exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis 
e dos atos do poder público. 
De fato, de acordo com a Súmula 347 do STF, o TCU pode, no exercício de 
suas atribuições, apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder 
público. Essa competência se estende também aos demais tribunais de contas. 
Item certo. 
22) (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) Segundo entendimento do STF, 
excepcionalmente, é possível a modulação dos efeitos das decisões 
proferidas em sede de controle difuso de constitucionalidade, o que 
representa uma flexibilização do princípio da nulidade no controle de 
constitucionalidade. 
Ótima assertiva! É isso mesmo. 
Tendo em vista o princípio da supremacia da Constituição, a regra é a 
aplicação do princípio da nulidade da lei declarada inconstitucional (ou seja, a 
declaração de inconstitucionalidade produziria efeitos retroativos, ex tunc). 
Entretanto, em homenagem aos princípios da segurança jurídica, do interesse 
social e da boa fé, tem-se admitido a modulação dos efeitos temporais da 
decisão, o que permite uma adequação dos seus efeitos à realidade fática. 
Com isso, podemos considerar que a jurisprudência desenvolveu uma 
flexibilização da rigidez da teoria da nulidade (entendimento positivado pelo 
art. 27 da Lei 9.868/99, já apresentado aqui). E, como comentando, essa 
flexibilização poderá ser realizada pelo STF tanto no controle abstrato, quanto 
no controle incidental. 
Item certo. 
 
Agora, eu gostariade mencionar dois aspectos relevantes (e avançados!) do 
controle de constitucionalidade difuso. Um se refere ao recurso 
extraordinário (já apresentado na aula sobre o Poder Judiciário) e o outro 
trata da simultaneidade de ações de representação de inconstitucionalidade 
em âmbito estadual e em âmbito federal. 
Como eu comentei em aula anterior, o recurso extraordinário é o meio hábil a 
conduzir ao STF controvérsia judicial que esteja sendo suscitada em instâncias 
inferiores. 
Entretanto, o que você precisa saber também é que, na hipótese de 
ajuizamento de ADI perante o TJ local com a alegação de ofensa a dispositivo 
da Constituição Estadual que reproduz norma da Constituição Federal de 
observância obrigatória pelos estados, contra a decisão do TJ é cabível 
recurso extraordinário para o STF. 
Não entendeu nada? Vejamos um exemplo então. 
Uma lei municipal está sendo questionada em sede de ADI perante o TJ local 
por ofensa ao art. Y da Constituição Estadual. Ocorre que esse art. Y é uma 
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norma de reprodução obrigatória de dispositivo da Constituição Federal (vários 
dispositivos da CF são de reprodução obrigatória pela Constituição do Estado). 
Nessa hipótese, o TJ apreciará a ADI, firmando sua posição sobre a validade 
(ou não) da lei. Então, contra essa decisão, será cabível a interposição de 
recurso extraordinário perante o STF. 
Vale destacar que a decisão do STF nesse recurso extraordinário contra 
decisão do TJ em ADI terá eficácia geral (erga omnes), por se tratar de 
controle abstrato. 
Em suma, admite-se recurso extraordinário para o STF contra decisão do TJ no 
controle abstrato sempre que a norma da Constituição Estadual eleita como 
parâmetro para a declaração da inconstitucionalidade da norma estadual ou 
municipal impugnada for de reprodução obrigatória da Constituição Federal. 
A decisão do STF nesse recurso extraordinário é dotada de eficácia erga 
omnes. 
Veja como esta questão cobrou o assunto. 
(CESPE/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO/TCU/2004) Vistos, relatados 
e discutidos estes autos, acordam os ministros do Supremo Tribunal Federal, 
por seu Tribunal Pleno, na conformidade da ata de julgamento, por maioria de 
votos, em conhecer do recurso extraordinário e lhe dar provimento para 
declarar a inconstitucionalidade do art. 25 da Lei n.º XYZ, do município de São 
Paulo. 
23) (CESPE/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO/TCU/2004) Sempre que 
o parâmetro de controle utilizado em julgamento de representação em 
tese de inconstitucionalidade de lei municipal for norma constitucional 
estadual de absorção obrigatória do modelo constitucional federal, haverá 
possibilidade de recurso ao STF, como na hipótese descrita. 
É isso mesmo. Admite-se recurso extraordinário para o STF contra decisão do 
TJ no controle abstrato sempre que a norma da Constituição Estadual eleita 
como parâmetro para a declaração da inconstitucionalidade da norma estadual 
ou municipal impugnada for de reprodução obrigatória da Constituição 
Federal. A decisão do STF nesse recurso extraordinário é dotada de eficácia 
erga omnes. 
Item certo. 
24) (CESPE / PROCURADOR / MP / ES / 2010) Segundo jurisprudência 
majoritária do STF, a decisão proferida em sede de recurso extraordinário 
interposto contra decisão de mérito proferida em controle abstrato de 
norma estadual de reprodução obrigatória da CF possui eficácia erga 
omnes. 
Exato! Como comentado, dispõe de eficácia erga omnes a decisão do STF 
em um recurso extraordinário interposto contra decisão de mérito em controle 
abstrato estadual cujo parâmetro escolhido seja norma estadual de reprodução 
obrigatória de norma da CF/88. 
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Item certo. 
 
Já que estamos falando de situações hipotéticas o que acontece se forem 
propostas duas ADIs simultaneamente, contra a mesma norma estadual, uma 
perante o STF e outra perante o TJ? 
Suponha que a lei A (norma estadual) seja impugnada em sede de ADI no TJ 
(frente à Constituição estadual) e que, simultaneamente, essa mesma norma 
venha a ser impugnada em sede de ADI no STF (frente à Constituição 
Federal). 
Veja que interessante! Nesse caso, o TJ suspenderá o julgamento da ação 
até que o STF se posicione. 
Se o STF declarar inconstitucional a lei, ela estará fora do mundo jurídico, 
não havendo mais o que analisar o TJ, estando, portanto, prejudicada a ação 
em âmbito estadual. 
Por outro lado, caso o STF a declare constitucional, o TJ dará continuidade à 
ação, podendo posicionar-se pela constitucionalidade ou pela 
inconstitucionalidade, tendo como parâmetro dispositivo específico (autônomo) 
da Constituição Estadual. 
Isso porque a lei pode não desrespeitar a Constituição Federal (daí o STF ter 
decidido pela sua constitucionalidade), mas contrariar Constituição Estadual. 
Situação na qual caberá ao TJ a declaração de sua inconstitucionalidade. 
25) (CESPE/PROCURADOR/MP/ES/2010) Segundo jurisprudência pacífica do 
STF, na hipótese de propositura simultânea de ação direta de 
inconstitucionalidade contra lei estadual perante o STF e o TJ, o processo 
no âmbito do STF deverá ser suspenso até a deliberação final do TJ 
estadual. 
Como vimos, quem suspende o julgamento é o TJ, e não o STF. 
Item errado. 
 
2.2 – Atuação do Senado Federal 
Vimos que os efeitos da decisão do STF no âmbito do controle difuso afetam 
apenas as partes do processo. Mas nosso controle de constitucionalidade prevê 
dois instrumentos capazes de fazer a decisão do Supremo no controle concreto 
atingir a terceiros que não sejam parte da ação. Um desses instrumentos é a 
súmula vinculante, já abordado na aula sobre Poder Judiciário. A outra forma 
de ampliação dos efeitos da declaração incidental de inconstitucionalidade é 
por meio da atuação do Senado Federal. 
Nos termos do art. 52, X da CF/88, compete ao Senado Federal suspender a 
execução de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo 
Tribunal Federal. 
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Assim, declarada a inconstitucionalidade pelo STF de determinada lei, no 
âmbito do controle difuso, a decisão é comunicada ao Senado, a quem caberá 
a faculdade de suspender a execução da lei, conferindo eficácia erga omnes à 
decisão do Supremo. 
Assim, a decisão definitiva em recurso extraordinário comunicada ao Senado 
Federal gera para essa Casa legislativa a faculdade de suspender a execução 
de lei declarada inconstitucional pela maioria absoluta dos membros do 
Supremo Tribunal Federal no julgamento daquele recurso. 
Se o Senado suspender a lei (ato discricionário), a declaração de 
inconstitucionalidade alcançará outros (e não só as partes), adquirindo eficácia 
geral (erga omnes). 
Mas o Senado não poderá alterar a decisão do Supremo. Sua competência é 
exclusivamente dar efeitos erga omnes àquela decisão proferida no controle 
incidental. Assim, se o Supremo só declarou inconstitucional um dos incisos 
(ou parte dele), o Senado deverá seguir estritamente aquela decisão, não 
podendo interpretá-la ou ampliá-la, por exemplo, declarando inconstitucional 
toda lei, ou outros artigos não impugnados pelo STF. 
Enfim, a suspensão pelo Senado Federal poderá se dar em relação a leis 
federais, estaduais, distritais ou municipais, desde que tenham sido declaradas 
inconstitucionais pelo STF, de modo incidental. 
Vejamos alguns detalhes concernentes a essa competência do Senado: 
I) o exercíciodessa competência é facultativo; ou seja, o Senado não está 
obrigado a suspender a execução da lei; 
II) não há prazo para que o Senado possa suspender a execução da lei; mas, 
suspensa a lei, o Senado não poderá voltar atrás (a decisão é irretratável); 
III) a espécie normativa utilizada é a resolução; e ela também está sujeita a 
controle de constitucionalidade normalmente. 
26) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) No controle posterior ou repressivo 
de constitucionalidade, os TCs têm competência para declarar a 
inconstitucionalidade das leis ou dos atos normativos em abstrato. 
A partir de agora passarei a abordar o chamado controle abstrato. No caso 
dessa questão, saiba que, frente à Constituição Federal, ele é realizado 
exclusivamente pelo Supremo Tribunal Federal. Já o controle abstrato frente à 
Constituição Estadual é de competência exclusiva do respectivo Tribunal de 
Justiça. 
De qualquer forma, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, os 
tribunais de contas, no exercício de suas atribuições, podem apreciar a 
constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público (Súmula 347). 
Evidentemente, essa apreciação da constitucionalidade pode ocorrer apenas na 
via de exceção, como questão incidental num processo que o referido órgão 
esteja julgando. 
Item errado. 
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Passemos a enfocar o controle abstrato, exercido por meio de ADI, ADO, ADC 
e ADPF. Como vimos, no controle abstrato a constitucionalidade da lei é 
verificada em tese independentemente de um caso concreto. 
O controle abstrato origina-se na Europa, na Constituição da Áustria de 1920. 
O importante é você entender que a finalidade do controle abstrato não é a 
solução de uma lide, a resolução de um conflito. 
Esse controle tem a nobre missão de defender o ordenamento jurídico. Ou 
seja, quando uma ADI é impetrada no STF, seu autor não alega lesão a direito 
próprio, mas lesão ao ordenamento, à Constituição, tendo por fim o interesse 
público. 
Daí ser importante, você ter em mente que o controle abstrato tem 
natureza de processo objetivo, em que não há partes, pois se cuida do 
ordenamento jurídico e não de interesse próprio ou alheio. 
Daí a diferença entre os efeitos no controle incidental e no controle abstrato: 
I) no controle incidental, a lei considerada inconstitucional deixa de ser 
aplicada àquele caso em particular; 
II) no controle abstrato, a lei considerada inconstitucional deixa de existir, 
é considerada nula. 
 
3 - Ação Direta de Inconstitucionalidade 
A ADI é ação típica do controle abstrato, de competência do Supremo Tribunal 
Federal. A finalidade dessa ação é o reconhecimento da invalidade de uma lei 
ou ato normativo. 
Ou seja, ao perceber que determinada lei ou ato normativo está 
desrespeitando a Constituição, o autor provoca o Supremo Tribunal Federal. 
Confirmada a incompatibilidade da lei, a Suprema Corte declarará sua 
nulidade, retirando-a do ordenamento jurídico. 
E quem são as autoridades competentes para provocar esse controle de 
constitucionalidade? 
A lista dos legitimados à interposição de ADI está expressa no art. 103 da 
CF/88: 
“Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de 
constitucionalidade: 
I - o Presidente da República; 
II - a Mesa do Senado Federal; 
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; 
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito 
Federal; 
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V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
VI - o Procurador-Geral da República; 
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; 
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.” 
Já de início, chamo sua atenção para o seguinte: o Advogado-Geral da 
União não dispõe de competência para a proposição de ADI. Muita gente 
confunde isso... 
Continuando nossa análise, você precisa lembrar que isso não significa que 
qualquer legitimado possa propor ADI sobre qualquer norma. Com efeito, a 
jurisprudência estabeleceu diferenciações: há os legitimados universais e os 
legitimados especiais. 
Os legitimados universais não sofrem restrição quanto à interposição de ADI 
no Supremo. É dizer: podem propor a ação independentemente do assunto 
sobre o qual trate a norma, desde que ela esteja entre os objetos da ADI. 
Em suma, se uma lei pode ser impugnada por ADI, ela pode ser proposta pelos 
legitimados universais, independentemente do tema de que trate a norma. 
Os legitimados universais são: o Presidente da República; as Mesa do Senado 
e da Câmara; o Procurador-Geral da República; o Conselho Federal da OAB; e 
os partidos políticos com representação no Congresso Nacional. 
Diversamente, os legitimados especiais devem cumprir o requisito da 
pertinência temática, ou demonstração do interesse de agir. Ou seja, para 
ser cabível a ação, a norma impugnada deve ter alguma relação de 
pertinência com a função desempenhada pelo órgão ou entidade. 
Nesse caso, pode ocorrer de ser cabível a ADI de determinada norma, mas não 
estar o legitimado especial apto a propor essa ação, por não apresentar a 
referida pertinência temática. 
E quais são esses legitimados especiais? Os governadores, as 
confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional e as 
Mesas de Assembléia Legislativa (ou da Câmara Legislativa do Distrito 
Federal). 
Ou seja, esses legitimados especiais só podem impugnar em ADI uma norma 
que esteja relacionada com a sua função. Assim, por exemplo, o governador 
de Estado só poderá impugnar uma norma que afete os interesses daquele 
estado-membro (mesmo que essa norma seja editada por outro estado-
membro). 
Vale ressaltar que a ampliação da legitimação ativa em ADI foi uma inovação 
da CF/88. Na Constituição anterior, a interposição dessa ação era de 
competência única e exclusiva do Procurador Geral da República. 
A seguir, quatro entendimentos jurisprudenciais relevantes sobre o assunto. 
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I) Os legitimados possuem capacidade processual plena e capacidade 
postulatória no âmbito da ADI, podendo praticar quaisquer atos privativos de 
advogado. 
Essa regra não se aplica apenas: (i) aos partidos políticos e (ii) às 
confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional. 
II) Para fazer jus à legitimidade ativa em ADI, os partidos políticos precisam 
demonstrar pelo menos um único representante em uma das Casas 
Legislativas. 
Ademais, esse requisito deve ser verificado no momento da propositura da 
ADI. Significa dizer que a perda superveniente de representação não prejudica 
a ação direta iniciada. 
III) São legitimadas apenas as confederações sindicais (âmbito nacional), e 
não qualquer sindicato ou federação sindical. E nem mesmo as centrais 
sindicais podem propor ADI. 
Isso porque na organização sindical brasileira podemos falar em sindicato 
(entidade local), federação (entidade regional), confederação (entidade 
nacional) e ainda em central sindical (entidade de maior grau). E, segundo o 
STF, só as confederações sindicais dispõem de legitimação para a propositura 
de ADI. 
IV) O STF firmou entendimento de que é cabível a instauração do controle 
abstrato por iniciativa das “associações de associações” (trata-se das 
associações que congregam exclusivamente pessoas jurídicas). 
Quanto àsações de inconstitucionalidade no âmbito dos estados-membros 
(tendo a Constituição Estadual como parâmetro), segundo o § 2º do art. 
125 da CF, compete aos Estados a instituição de representação de 
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municípios em 
face da Constituição estadual, vedada a atribuição da legitimação para 
agir a um único órgão. 
Assim, os Estados-membros podem instituir a representação de 
inconstitucionalidade. E não precisa ser respeitada simetria ao modelo Federal 
no que tange à legitimidade ativa da ação. 
Entretanto, a Constituição veda a atribuição de legitimação para agir a um 
único órgão. 
Vamos resolver algumas questões para vermos se você entendeu. 
27) (CESPE/JUIZ/TJ/CE/2012) Os sindicatos, entidades representativas de 
determinadas categorias profissionais, detêm legitimidade ativa para o 
ajuizamento da ação direta de inconstitucionalidade. 
Atenção! Os sindicatos não são legitimados à impetração de ADI. Somente as 
confederações sindicais (âmbito nacional) ou entidades de classe de âmbito 
nacional dispõem de legitimação para a propositura de ADI. 
Item errado. 
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28) (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) Não se exige, para fins de 
ajuizamento e conhecimento da ADI, a prova da pertinência temática por 
parte das Mesas do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, das 
assembléias legislativas dos estados ou da Câmara Legislativa do DF. 
A exigência de pertinência temática recai apenas sobre: 
I) a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do 
Distrito Federal; 
II) o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
III) confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 
Assim, para impetrarem ADI, esses legitimados deverão demonstrar o seu 
interesse de agir, materializado na relação existente entre o ato impugnado e 
as funções exercidas. 
Item errado. 
29) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MMA/2009) Para que um partido 
político tenha representação no Congresso Nacional, é suficiente que o 
partido tenha um só parlamentar em qualquer uma das Casas do 
Congresso. 
Para ter legitimidade para propor as ações do controle abstrato, os partidos 
políticos necessitam de representação no Congresso Nacional. A questão 
está correta, tendo em vista que qualquer número de representantes no 
Congresso já é suficiente para fazer jus à legitimação (basta um representante 
em qualquer uma das Casas). 
Não se esqueça daquele detalhe já comentado: entende o Supremo que esse 
requisito deve ser aferido exclusivamente no momento da propositura da ação. 
É dizer que a superveniente perda de representação no Congresso Nacional 
não retira do partido político a legitimidade ativa sobre as ações por ele 
anteriormente propostas. 
Item certo. 
30) (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 5ª REGIÃO/2008) 
As confederações sindicais de âmbito nacional não prescindem de 
demonstrar a pertinência temática entre seu objeto social e os dispositivos 
legais que pretendem impugnar. 
As confederações sindicais de âmbito nacional são um dos legitimados 
especiais. Assim, precisam (ou “não prescindem”) demonstrar a pertinência 
temática entre o seu objeto social e os dispositivos impugnados. 
Item certo. 
31) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MS/2008) O ministro da Saúde, desde 
que autorizado por lei de iniciativa do presidente da República, pode 
ajuizar ação direta de inconstitucionalidade contra lei autorizativa de 
aborto. 
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O ministro da Saúde não se encontra entre os legitimados para impetração de 
ADI, expressos no art. 103 da CF/88. 
Item errado. 
 
3.1 - Objeto 
Que tipos de norma podem ser impugnados por meio de ADI? 
Bem, antes de responder a essa questão, vale comentar que o controle 
abstrato ocorre não só em âmbito federal (perante o STF), mas também em 
âmbito estadual (perante do TJ). 
I) STF → controle abstrato em face da Constituição Federal 
II) TJ → controle abstrato em face da Constituição Estadual 
Assim, a ação direta de inconstitucionalidade ajuizada perante o Supremo 
Tribunal Federal tem por objeto as leis ou atos normativos federais e 
estaduais. 
Em segundo plano, a ADI impetrada perante os tribunais de justiça tem por 
objeto as leis estaduais e municipais. 
Assim, as normas municipais (inclusive a Lei Orgânica do Município) não 
podem ser impugnadas em sede de ADI perante o STF. O direito municipal 
somente poderá ser declarado inconstitucional pelo Supremo em sede de 
controle difuso, quando determinada contenda é remetida ao tribunal mediante 
recurso extraordinário, ou, por meio de argüição de descumprimento de 
preceito fundamental – ADPF, nos casos previstos em lei. 
Bem, você já aprendeu que o DF acumula as competências estaduais e 
municipais. Pois bem, sendo assim, será cabível ADI de leis ou atos normativos 
distritais apenas no exercício da sua competência estadual. Vamos a um 
exemplo. 
Imagine que a Câmara Legislativa do DF aprove duas leis. A Lei “A” modifica 
as regras relativas ao IPTU (imposto de competência municipal). A Lei “B” trata 
de ICMS (imposto de competência estadual). 
A pergunta é: qual delas poderia ser questionada perante o STF, em sede de 
ADI? Apenas a Lei “B”, pois ICMS é tributo de competência estadual. A Lei “A” 
trata de assunto de competência municipal (IPTU) e, por isso, não pode ser 
objeto de ADI no Supremo. 
Agora, para tirar nota dez com louvor: podemos dizer que não seria possível 
então o controle abstrato da Lei “A”, por tratar de assunto de competência 
municipal? 
Não, não podemos. Em primeiro lugar, em sede de ADPF (que será estudada 
logo à frente), poderão ser impugnadas as leis municipais ou distritais no 
exercício da competência municipal. Ademais, frente à LODF, poderá essa lei 
ser questionada no controle abstrato perante o Tribunal de Justiça. 
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Em suma, só constituem objeto de ADI perante o STF leis e atos normativos 
federais, estaduais ou distritais (neste último caso, desde que editados no 
âmbito de sua competência legislativa estadual). 
Entretanto, não são todas as leis e atos normativos federais e estaduais, que 
poderão ser objeto de ADI perante o Supremo, conforme a jurisprudência 
daquela Corte. Para que uma norma possa ser objeto de ADI, deverá ela 
atender às seguintes exigências: 
a) ter sido editada na vigência da CF/88; 
b) ser dotada de abstração, generalidade e impessoalidade; 
c) possuir natureza autônoma (não regulamentar); e 
d) estar em vigor. 
Assim, somente podem ser objeto de ADI normas que tenham sido editadas 
sob a vigência da Constituição Federal de 1988, e que estejam em vigor. 
A impugnação, em abstrato, do direito anterior à atual Carta (direito pré-
constitucional) só ocorrerá em sede de argüição de descumprimento de 
preceito fundamental – ADPF (em ADI não). 
O direito pré-constitucional pode ainda ter sua validade aferida frente à 
Constituição de 1988 no âmbito do controle difuso, para o fim de 
reconhecimento de sua recepção ou revogação, diante de casos concretos. 
Vale comentar ainda que só podem ser impugnados mediante ADI, perante o 
Supremo, atos que possuam normatividade (generalidade e abstração). Ou 
seja, aqueles que se aplicam a número indefinido de pessoas e de casos (todos 
que se enquadrem na situação hipotética abstratamente descrita no ato 
normativo). 
Diante disso, os atos de

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