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Artigo Direito Civil II

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SOCIALIDADE, ETICIDADE E OPERABILIDADE: A TRILOGIA HISTÓRICA E PARADIGMÁTICA DO DIREITO CIVIL BRASILEIRO
Rosimeire da Costa Resende Marchete[1: Acadêmica do 3º semestre do Curso de Bacharelado em Direito, da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, Campus de Pontes e Lacerda.]
RESUMO: Este presente trabalho visa salientar aos operadores do direito a importância contextual-histórica e ideológica da legislação vigente (codificação de 2002) ter sido fundada sobre os três principais pilares norteadores do Código Civil atual, ou seja, a socialidade, a eticidade e a operabilidade. Mediante ao fato, buscar-se-ão entender doutrinariamente, quais concepções atravessaram o código de 1916 adquirindo nova roupagem no atual, assim como tentar-se-ão identificar quais preceitos foram suprimidos na corrente capitalista colonial do nominado Código Beviláqua em detrimento da corrente pós-liberal e democrática hodierna. [2: Artigo Científico de cunho avaliativo, para obtenção parcial de nota semestral e aprovação à disciplina de Direito Civil II, docente: Gean Carlos Balduíno Júnior.]
Palavras-Chave: Princípios. Socialidade. Eticidade. Operabilidade. Código Civil de 2002.
NOÇÕES GERAIS[3: Termo aditivo para designar a junção de introdução mais desenvolvimento nas partes do artigo.]
No campo semântico da língua portuguesa, a palavra princípio possui, no mínimo, quinze termos sinonímicos nas quais a conceituam e a definem com exatidão. Dentre alguns desses termos, o clássico dicionarista Francisco da Silveira Bueno (1981) elucida que princípio pode ser o instante em que algo se deu origem; início; “causa primária; elemento predominante na constituição de um corpo orgânico; teoria; preceito; [...] princípios gerais de uma ciência: são os que constituem as normas e diretrizes fundamentais; [...].” (p. 906). A respeito do grifo em questão: corpo orgânico, gostaríamos de atribuir tal destaque, de forma genérica, ao sentido de manutenção das funções precípuas do nosso ordenamento jurídico, ou seja, o corpo primordial e originário que aglutinam os pressupostos basilares de sustentação e de formação da estrutura orgânica e funcional de qualquer codificação das ciências jurídicas. [4: Grifo nosso.]
Outrossim, o corpo orgânico do Novo Código Civil brasileiro (2002) é composto pelos três pilares gerais: a socialidade, a eticidade e a operalidade; que norteiam e irradiam valores equivalentes à coletividade humana, diferentemente do Código de 1916 que parecia ser um tanto egoísta, individualista e sectário por considerarem somente três personagens capazes de exigir seus direito atrelados à vida civil, que eram: o marido, o contratante e o proprietário. O marido era o único “representante legal da família – célula mater da sociedade. Era tão importante preservar sua soberania que a mulher casada era considerada relativamente incapaz. Só existia uma modalidade de família => família legítima.” (MEDEIROS, 2013, p. 162). Essa situação forçou naturalmente o código de 2002 a reconhecer não somente o poder familiar em face matriarcal (da mulher), decaindo o ultrapassado conceito de pátrio poder; assim como reconhecer a legitimidade dos direitos dos filhos, não sendo mais usual e adequado a distinção dos mesmos, por rótulos do tipo: filho ilegítimo, bastardo, espúrio ou adulterino. Todos os membros relativos à clássica formação da família tradicional são possuidores de direitos familiares, cuja moção divisional do código civil/02 os consagra na parte especial, livro IV. [5: Objetivando a emancipação plena da mulher e desvinculando-se do poder familiar marital, é o se afere em paráfrase o pensamento de Carlos Roberto Gonçalves (2012).][6: Código Civil de 20012: art. 1631, “caput”. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.]
Conforme o pensamento da magistrada Renata Medeiros (2013), as diretrizes que direcionam o Novo Código Civil/02 privilegiam os direitos das pessoas humanas quanto à sua função social; quanto à execução operacional do direito à guisa de obter justiça; e o princípio da boa-fé objetiva fundada no valor apriorístico da dignidade da pessoa humana, preceto obrigatório de conduta nos negócios jurídicos.
Posteriormente, este artigo tentará explicitar cada um deles detalhadamente; já que esses princípios são tão primordiais para o direito civil, na seara jurídica brasileira, pois devido ao fato de se alongar o prazo de vida da lei, sem a necessidade de serem propostos pelos legisladores projetos referentes a um novo código que atenda as necessidades evolutivas da sociedade, por exemplo. Apenas, recentemente, o que tem sido proposto são emendas ao texto jurídico, porque tamanha é a quantidade de leis especiais e complementares que tem assegurados direitos.
CONTEXTO-HISTÓRICO DE 1916 A 2002
	Influenciados pelo liberalismo e iluminismo europeu do século XVII e XVIII, nossos legisladores detinham uma visão muito individualista, autônoma e burguesa da sociedade. Considerando que a codificação de 1916 era reflexo das concepções predominantes no final do século XIX e início do século XX, Francisco Amaral (2002) citado por Gonçalves (2012), reitera que esse “foi um código de sua época, elaborado a partir da realidade típica de uma sociedade colonial, traduzindo uma visão do mundo condicionado pela circunstância histórica física e étnica em que se revelava.” (p. 39).
	 Na verdade, foi em 1899 que o professor cearense Clóvis Beviláqua fora convidado para elaborar o Projeto de Código Civil que celeremente, em menos de um ano, fora entregue a apreciação do Ministério da Justiça do Governo de Campos Salles. Mas, sua pungente promulgação somente ocorreu em 1916, sendo tantas vezes passadas de forma severa e crítica pelo crivo do senado; isso é o que fora aludido interpretativamente, no concerne o entendimento dos jurisconsultos Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2012).
	O Código de Beviláqua, como também conhecido a Legislação Civil de 1916, era elogiado por sua brevidade, clareza e técnica jurídica muito bem elaborada. Mas, as ideologias da época trazida por ele, em pouco tempo tornaram-se obsoletas e com isso, nasceu o desejo e a vontade de se ter um código condizente com a mutação das leis no ordenamento jurídico da época. Proveniente desse entendimento elucida-se que
a evolução social, o progresso cultural e o desenvolvimento científico pelos quais passou a sociedade brasileira no decorrer do século passado provocaram transformações que exigiram do direito uma contínua adaptação mediante crescente elaboração de leis especiais, que trouxeram modificações relevantes ao direito civil, sendo o direito de família o mais afetado. Basta lembrar a Lei n. 4.121/62 (Estatuto da Mulher Casada), a Lei n. 6.515/77 (Lei do Divórcio), Lei n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e as leis que reconheciam direitos aos companheiros e conviventes (Leis n. 8.971/94 e 9.278/96). (GONÇALVES, 2012, p. 39).
PRECEITOS FUNDAMENTAIS: O SOCIAL, A ETICA E O OPERACIONAL
	Principia o Código de direito Civil/02 pela prevalência de valores que excluem do ordenamento jurídico as individualidades, mesmo no âmbito do direito privado (como é um dos casos do direito civil), deve-se prevalecer o respeito mútuo entre as pessoas, respaldados pelo princípio maior e constitucional da Isonomia, que em um entendimento breve, estabelece que se deve haver igualdade das pessoas perante a lei (art. 5º, “caput”, da CF/88).
	Portanto, como bem assevera Pablo Stolze e Pamplona Filho (2014) o social como princípio nasce no âmago da contraposição nata e individualista do CC/16. “Por ele, busca-se preservar o sentido de coletividade, muitas vezes em detrimento de interesses individuais. Por isso, valores foram positivados no prestígio à função social do contrato (art. 421) e à natureza social da posse (art. 1.239 e s.).” (p. 112 – 113).
	Entretanto, a ética como também sustenta Gonçalves (2012) é intrínseca dovalor da pessoa humana e ponto de partida para demais valoração ética; segundo ele, o princípio da eticidade “prioriza a equidade, a boa-fé, a justa causa”, por exemplo. (p. 43). Consoante ao dispositivo legal, podemos encontrar o fundamento deste princípio no art. 113, segundo o qual dispõe que “os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.” Assim como o disposto art. 422, norteia que os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e da boa-fé.”
	Por fim, quanto ao operacional, esse se apraz no conceito de efetivação do direito, isto é, em plena capacidade de execução. Além disso, 
“o Princípio da Operabilidade importa na concessão de maiores poderes hermenêuticos ao magistrado, verificando, no caso concreto, as efetivas necessidades a exigir a tutela jurisdicional. Nessa linha, privilegiou a normatização por meio de cláusulas gerais, que devem ser colmatadas no caso concreto, merecendo destaque, como exemplo, a nova regra de responsabilidade civil incrustada no parágrafo único do art. 927, em que se admite a ‘obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem’.” (GLANGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2014, p. 113).
INCLUSÃO DE TEMA, AINDA, TRANSVERSAL NA SOCIEDADE DO SECULO XXI
	Mediante ao assunto debatido neste texto, é válido ressaltar que o novo código é de 2002, e atualmente estamos em 2016, doravante são quatorze anos em que inúmeros projetos de leis de natureza, ainda, meio atravessado pela sociedade, tramitam nas instâncias jurídicas sugerindo modificação parcial ou total, no tocante à redação deste último código. Dentre alguns temas que existem na sociedade hodierna, vamos enfatizar apenas a criação de um novo direito de personalidade, isto é, “direito à livre orientação sexual, que vai a desencontro de mandamentos religiosos da população majoritária do país, portanto, tornando-se um assunto transversal e polêmico. Com o direito de personalidade novo, a comunidade LGBT do Brasil possuiria as mesmas prerrogativas dos demais direitos, quais sejam, absoluto, intransmissível, indisponível, irrenunciável, ilimitado, imprescritível, impenhorável, inexpropriável.” (SILVA, 2009). A respeito desse tema, que não está incluso no art. 1723, caput, do CC/02, mas “o STF declarou procedente, por meio da ADIn n. 4277 e a ADPF n. 132, com efeito erga omnes e vinculantes, a aplicabilidade legal do regime de União Estável a casais homo-afetivos.”[7: Grifo nosso.]
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Recapitulando as causas tratadas neste artigo, procuramos esclarecer os preceitos fundamentais que norteiam a codificação civil de 2002 e suas contraposições ao código de 1916. Vimos que o viés doutrinário adotado é cerceado pelos paradigmas da socialidade (identifica os direitos quanto à sua função social), da eticidade (regulariza a boa-fé como fonte fidedigna e indispensável ao negócio jurídico) e da operabilidade (que efetiva, executa quanto à concretude do caso, visando também à aplicabilidade de justiça).
Contudo, paralelos foram traçados a respeito do contexto-histórico e ideológico da comunidade jurídica na época, que recepcionou a nova lei. Consequentemente ao fato, também foram identificadas as novas necessidades e possibilidade de receptações de projetos de leis pelo ordenamento vigente também estão sendo investigados pelos nossos legisladores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário escolar da Língua Portuguesa. 11. ed. Rio de Janeiro: Fename, 1981.
FARIAS, Cristiano Chaves de e ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil – parte geral e LINDB. 10. ed. Salvador: Jus Podivm, 2012.
GANGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil – parte geral. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, vol. 1 – parte geral. 10. ed., São Paulo: Saraiva, 2012.
MEDEIROS, Renata Vale Pacheco de. Dez Anos do Código Civil. In: MARIANO, Leila Maria Carrilo Cavalcante Ribeiro (org.), et al. Curso 10 Anos do Código Civil: aplicação, acertos, desacerto e novos rumos. 13. ed., vol. II, Rio de Janeiro: EMERJ, 2013, p. 162 – 167.
SILVA, Rodrigo Alves da. Diretrizes e bases principiológicas do Código Civil de 2002. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2145, 16 maio 2009. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/12712>. Acesso em: 5 jun. 2016.

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