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VOL 05-A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ANÁLISE DA EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS SOCIAIS NO DIREITO CONTEMPORÂNEO

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1
A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: 
ANÁLISE DA EFICÁCIA DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS SOCIAIS NO 
DIREITO CONTEMPORÂNEO
IDDM
EDITORA
ISBN 978-85-66789-29-4
Prof.ª Dra. Cleide Aparecida Gomes Rodrigues Fermentão (UniCesumar)
Prof. Me. Thomas Jeferson Carvalho (UniCesumar)
Prof.ª Me. Tatiana Manna Bellasalma e Silva (FAMMA)
O Mestrado em Ciências Jurídicas e o Curso de Direito da Unicesumar promovem o III Con-
gresso Internacional de Direitos da Personalidade e IV Congresso de Novos Direitos e Direitos 
da Personalidade, sob o tema "Direitos da Personalidade de Minorias e de Grupos Vulnerá-
veis".
Trata-se da terceira edição de um evento internacional que debate os direitos da personali-
dade, tanto no que se refere aos novos direitos e aos limites da sua proteção na atualidade, 
quanto nos mecanismos jurídicos e extrajurídicos, políticas públicas e ações judiciais voltadas 
a sua concretização, juntamente com a quarta edição do evento nacional de Novos Direitos 
de Direitos da Personalidade, que neste ano realizar-se-ão concomitantemente promovendo a 
integração de discente, docente, pesquisadores e profissionais das mais diversas áreas do co-
nhecimento.
O evento se justifica, primeiramente, em razão da temática dos direitos da personalidade ser 
abordada de forma inédita pelo Mestrado em Ciências Jurídicas da Unicesumar, e, por propor-
cionar uma cooperação internacional através do amplo diálogo e aproximação entre pesquisa-
dores brasileiros e estrangeiros sobre as inovações normativas, institucionais, jurisprudenciais 
e as mais recentes literaturas na área.
Quanto ao alcance, o evento justifica-se por propiciar a difusão de conhecimento entre os 
pesquisadores, professores, mestrandos, doutorandos e estudantes da graduação. Além disso, o 
evento será aberto ao público e a toda a comunidade científica do Brasil e do exterior, que será 
convidada a participar com envio de artigos científicos, painéis, exposição de arte e minicursos.
A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: ANÁLISE 
DA EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
SOCIAIS NO DIREITO CONTEMPORÂNEO
PRIMEIRA 
EDIÇÃO
MARINGÁ – PR
2017 
IDDM
EDITORA 
Todos os Direitos Reservados à
Rua Joubert de Carvalho, 623 – Sala 804 
CEP 87013-200 – Maringá – PR
IDDM
EDITORA 
A dignidade da pessoa humana: análise da eficácia dos direitos 
fundamentais sociais no direito contemporâneo. 
/ organizadores, Cleide Aparecida
 Gomes Rodrigues Fermentão, Thomas Jeferson Carvalho, 
 Tatiana Manna Bellasalma e Silva. – 1. ed. – Maringá,
 Pr: IDDM, 2017.
 160 p.:il; color.
 Modo de Acesso: World Wide Web:
 <https://www.unicesumar.edu.br/category/mestrado/>
 ISBN: 978-85-66789-29-4
 
 1. Direitos da personalidade. 2. Audiência de custódia. 3. Direitos 
humanos. 4. Espaço virtual – direitos dos usuários. 5. Exclusão social. I. 
Título.
 CDD 22.ed. 346.013
Rosimarizy Linaris Montanhano Astolphi –Bibliotecária CRB/9-1610
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
D575
Copright 2017 by IDDM Editora Educacional Ltda.
CONSELHO EDITORIAL
Prof. Dr. Alessandro Severino Valler Zenni, Professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/5969499799398310
Prof. Dr. Alexandre Kehrig Veronese Aguiar, Professor Faculdade de Direito da Universidade de Brasília 
(UnB).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2645812441653704
Prof. Dr. Fabrício Veiga Costa, Professor da Pós-Graduação Stricto Sensu em Proteção em Direitos Funda-
mentais da Universidade de Itaúna. 
Lattes: http://lattes.cnpq.br/7152642230889744
Prof. Dr. José Francisco Dias, Professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Toledo. 
Lattes: http://lattes.cnpq.br/9950007997056231
Profª Drª Sônia Mari Shima Barroco, Professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0910185283511592
Profª Drª Viviane Coelho de Sellos-Knoerr , Coordenadora do Programa de Mestrado em Direito da 
Unicuritiba.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/4609374374280294
6
PREFÁCIO 
Eventos, livros e artigos, podem, de uma ou de outra forma, ser autorreferência. Neste sen-
tido, inicia-se o presente prólogo dizendo que, observado em todos os seus aspectos, o presente 
livro materializa a autorreferência de um evento, do conjunto de capítulos que o totaliza, e da har-
monia da obra em si mesma. 
Resultado do III Congresso Internacional de Direitos de Personalidade, e do IV Congresso de 
Novos Direitos e Direitos da Personalidade, realizados conjuntamente pelo Programa de Pós-gra-
duação Stricto Sensu em Direito e pelo Curso de Direito do Centro Universitário de Maringá, duran-
te os dias 26, 27 e 28 de setembro de 2016, este livro corporifica a maturidade científico-jurídica 
dos autores dos trabalhos que foram apresentados perante o GT1 que se desenvolveu durante o 
evento, e cujo nome original dá título ao livro.
Neste sentido, importante dizer que o evento contou com o protagonismo de professores e 
profissionais, do Brasil e do exterior, que proferiram palestras relacionadas à temática dos Direitos 
da Personalidade, associada aos Novos Direitos, Minorias e Grupos Vulneráveis. Ademais, merece 
especial alusão a presença do público, formado por mais de mil e quinhentas pessoas que presti-
giaram todas as atividades promovidas no decorrer dos dias de sua realização. 
Em relação ao livro que ora se apresenta, transcendental subscrever que a atualidade dos 
Direitos da Personalidade e dos Novos Direitos está a exigir reflexões que dimensionem, de um 
lado, o papel do Estado, do Direito e da própria sociedade, e de outro, os mecanismos de defesa e 
garantia jurídica e extrajurídica, as políticas públicas e as ferramentas que estão disponíveis à sua 
concreção. 
Por isto, capital enaltecer que, as páginas que seguem, oferecem o mais moderno e aguçado 
pensamento científico sobre o tema, pois tanto acirram o debate acadêmico sobre pontos contro-
vertidos, como elucidam dúvidas, e provocam indagações que determinam a necessária continui-
dade da discussão jurídica sobre questões ainda carentes de consolidação pelo Direito pátrio.
Os organizadores da obra, outrora Coordenadores do Grupo de Trabalho que acolheu a apre-
sentação verbal das produções intelectuais aqui concentradas, fazem jus ao nosso particular aplau-
so, pois lograram reunir o resultado de pesquisas que percorreram, com maturidade acadêmico-
-científico, todas as particularidades de cada assunto que perfaz um a um dos capítulos do livro.
É deste modo que, na qualidade de Coordenadores do evento, cumpre-nos dizer que este 
livro não pode, sob qualquer hipótese, permanecer adormecido nas prateleiras de uma biblioteca. 
Tanto o seu conteúdo, como o trabalho científico que deu guarida à produção literária que se colo-
ca à disposição do leitor, conclamam que o mesmo circule pelo universo acadêmico, seja utilizado 
como ferramenta de consulta, e adotado como referência obrigatória nas pesquisas implementadas 
pela influência, ou inspiração, dos assuntos retratados nesta obra.
1 Grupo de Trabalho.
7
Finalmente, estendemos um efusivo e afetuoso agradecimento para todos os que colabora-
ram para o sucesso do III Congresso Internacional de Direitos de Personalidade, e do IV Congresso 
de Novos Direitos e Direitos da Personalidade. Aos Organizadores da obra, subscrevemos a grati-
dão pela diligência, tanto na Coordenação do GT, como no adensamento dos artigos. Aos autores 
de cada um dos capítulos, assinamos um portentoso parabéns pelo brilho de sua pesquisa, e pela 
plenitude de seu manuscrito.
José Eduardo de Miranda, Ph. D.
José Sebastião de Oliveira, Ph. D.
Valéria Silva Galdino Cardin, Ph. D.
SUMÁRIO
A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: ANÁLISE DA EFICÁCIA 
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS SOCIAIS NO DIREITO 
CONTEMPORÂNEO
A DOR DA ESPERA POR ADOÇÃO DAS CRIANÇAS VÍTIMAS DE PRECONCEITO: 
NEGRAS, MAIORES DE SETE ANOS, DOENTES E GRUPOS DE IRMÃOS, EM 
TOTAL DESRESPEITO Á DIGNIDADE HUMANA: UM DIÁLOGO ENTRE O DIREITOE A LITERATURA
INTRODUÇÃO 12
A LITERATURA E O DIREITO 13
VISÃO HISTÓRICA DO INSTITUTO DA ADOÇÃO NO DIREITO BRASILEIRO 14
MEU MALVADO FAVORITO VISTO PELA LITERATURA JURÍDICA – 
UMA CONSTRUÇÃO DO INSTITUTO DA ADOÇÃO 15
A AFETIVIDADE COMO SOLUÇÃO AO PRECONCEITO, EM RESPEITO 
 A DIGNIDADE HUMANA 19
CONCLUSÃO 23
REFERÊNCIAS 25
EFETIVIDADE DO PROCESSO À LUZ DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: 
GARANTIA À PRESERVAÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA
INTRODUÇÃO 27
A IMPARCIALIDADE DO JUÍZ COMO GARANTIA À DIGNIDADE HUMANA 28
O DIREITO PROCESSUAL CIVIL E A EFETIVIDADE DO PROCESSO NO BRASIL 33
A EFETIVIDADE NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 38
CONSIDERAÇÕES FINAIS 45
REFERÊNCIAS 46
SUMÁRIO
A EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E OS DIREITOS DA 
PERSONALIDADE: RELAÇÃO ONTOLÓGICA 
INTRODUÇÃO 49
DIREITOS FUNDAMENTAIS 50
DIREITOS DA PERSONALIDADE 55
DIREITOS FUNDAMENTAIS E DIREITOS DA PERSONALIDADE: 
RELAÇÃO ONTOLÓGICA 57
CONSIDERAÇÕES FINAIS 59
REFERÊNCIAS 60
A LEGITIMIDADE DA INTERVENÇÃO DA ONU EM PAÍSES QUE VIOLAM OS 
DIREITOS HUMANOS EM QUESTÕES CULTURAIS 
INTRODUÇÃO 63
DOS DIREITOS HUMANOS 64
A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS 68
DA POSSIBILIDADE DA INTERVENÇÃO DA ONU – VIA CONSELHO DE SEGURANÇA – 
EM RAZÃO DA VIOLAÇÃO DA CARTA POR QUESTÕES CULTURAIS 70
CONSIDERAÇÕES FINAIS 71
A REFORMA PSIQUIÁTRICA, A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E OS 
DIREITOS DE PERSONALIDADE DO DOENTE MENTAL
INTRODUÇÃO 74
AS PSICOPATOLOGIAS 75
OS DOENTES MENTAIS NA IDADE CLÁSSICA POR MICHAEL FOUCAULT 76
A REFORMA PSIQUIÁTRICA E A LUTA ANTIMANICOMIAL 79
A DIGINIDADE DA PESSOA HUMANA E OS DIREITOS 
DE PERSONALIDADE DO DEFICIENTE MENTAL 81
CONCLUSÃO 84
REFERÊNCIAS 85
SUMÁRIO
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA: A POLÍCIA PRENDE E A JUSTIÇA SOLTA?
INTRODUÇÃO 87
ORIGEM DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA 88
NATUREZA JURÍDICA DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA 89
DISCIPLINA JURÍDICA 89
DOS FINS DA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA 92
A AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA E O GARANTISMO PENAL 94
O DIREITO PENAL DO INIMIGO E O INTERESSE EM PUNIR 95
CONCLUSÃO 100
REFERÊNCIAS 101
AVATAR: OS DIREITOS DA PERSONALIDADE NA REDE SOCIAL FACEBOOK
INTRODUÇÃO 104
O QUE É UM AVATAR? 106
CONTRATUALISMO DO FACEBOOK 107
OS DIREITOS DA PERSONALIDADE 109
O ALCANCE DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 112
CONCLUSÃO 117
REFERÊNCIAS 118
DA EFETIVIDADE DO DIREITO À SAÚDE: DA TEORIA DA RESERVA DO 
POSSÍVEL AO MÍNINO VITAL
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 121
DO DIREITO FUNDAMENTAL SOCIAL À SAÚDE 121
DA EFETIVIDADE DO DIREITO À SAÚDE 123
O DIREITO À SAÚDE: O MÍNIMO EXISTENCIAL VERSUS A TEORIA DA RESERVA DO 
POSSÍVEL 126
CONSIDERAÇÕES FINAIS 129
REFERÊNCIAS 129
SUMÁRIO
DESAPROPRIAÇÃO – UM INTERESSE PÚBLICO
INTRODUÇÃO 132
PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO 132
DA DISCRICIONARIEDADE 136
DA DESAPROPRIAÇÃO 137
CONCLUSÃO 144
REFERÊNCIAS 144
DIREITOS HUMANOS, VULNERABILIDADE E O DIREITO AO ACESSO À JUSTIÇA 
DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA
INTRODUÇÃO 146
EXCLUSÃO SOCIAL 147
A ORIGEM DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA 148
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS: DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
E A GARANTIA DE ACESSO À JUSTIÇA À POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA 148
A VULNERABILIDADE E OS DIREITOS HUMANOS 152
CONCLUSÃO 158
REFERÊNCIAS 159
12
A DOR DA ESPERA POR ADOÇÃO DAS CRIANÇAS 
VÍTIMAS DE PRECONCEITO: NEGRAS, MAIORES DE SETE 
ANOS, DOENTES E GRUPOS DE IRMÃOS, EM TOTAL 
DESRESPEITO Á DIGNIDADE HUMANA: UM DIÁLOGO 
ENTRE O DIREITO E A LITERATURA
Cleide Aparecida Gomes Rodrigues Fermentão
Doutora em Direito das relações sociais pela Universidade Federal do Paraná – UFPR, mestre em Direito Civil 
pela UEM-Universidade Estadual de Maringá, graduação em direito pela UEM-Universidade Estadual de Maringá. 
Professora do Programa de pós graduação strictu sensu – Mestrado – na Unicesumar – Centro Universitário de 
Maringá; pós graduação lato sensu e graduação. Membro do Instituto dos Advogados do Estado do Paraná; do Instituto 
brasileiro de Direito de família – IBDFAM. Advogada. Atuação profissional como advogada em maringá – PR. E-mail: 
cleidefermentao@gmail.com.
Fabrizia Angelica Bonatto Lonchiati
Mestranda em Ciências Jurídicas pelo Centro Universitário de Maringá – Unicesumar. Pós graduanda em Direito 
Processual Civil Centro Universitário Internacional – Uninter. Pós graduada em Direito Aplicado pela Escola da 
Magistratura do Paraná. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR. Atuação 
profissional como assessora jurídica do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. E-mail: fabriziael@hotmail.com.
RESUMO: O presente artigo tem por objetivo apresentar, de modo sintetizado, por meio de uma metodologia ativa 
e de pesquisa bibliográfica, algumas reflexões a respeito da adoção no Brasil e seus preconceitos. Para tanto, é 
utilizada uma abordagem dialética entre o Direito e a Literatura de forma a visualizar a Adoção pelas lentes do filme 
Meu Malvado Favorito. Far-se-á, também, neste artigo, um estudo do instituto da adoção, iniciando-o pela visão 
histórica no Direito brasileiro e sua conceituação; a violação do dever de cuidado dos pais e o acolhimento dos 
menores; o período de convivência e o princípio do melhor interesse do menor e, por fim, a afetividade como solução 
ao preconceito, em respeito à dignidade humana. 
PALAVRAS-CHAVE: Adoção. Direito e literatura. Meu Malvado Favorito. Preconceito em adotar. 
INTRODUÇÃO
A análise do instituto da adoção no Brasil entre as ciências jurídicas e as ciências das artes: 
examinar-se-á a adoção sob a visão do roteirista do filme Meu Malvado Favorito, tendo por objetivo 
examinar o preconceito existente por grande número de adotantes quando se tratam de crianças 
negras, doentes, maiores de sete anos, e de grupos de irmãos.
O interesse pela presente pesquisa surgiu da seguinte problematização: é possível fazer uma 
análise crítica sobre o instituto da adoção por meio de um diálogo entre o direito e a literatura? 
É possível dizer que existe preconceito em relação às crianças e adolescentes negros, doentes e 
maiores de sete anos? E ao grupo de irmãos à espera de adoção? Esse preconceito fere a digni-
dade humana?
O presente ensaio será dividido em quatro capítulos. O primeiro, abordará acerca da Literatu-
ra e do Direito de forma a demonstrar a viabilidade de um estudo jurídico sob o enfoque de obras 
literárias. Diante das noções traçadas em relação à interdisciplinaridade entre os dois campos epis-
têmicos, será delineada, no segundo capítulo, a construção histórico-legal do instituto da doação 
no Brasil. 
13
O terceiro capítulo versará sobre o instituto da adoção pelas lentes do filme Meu Malvado 
Favorito e apresentando uma sinopse da película, apostilará acerca de uma possível conceituação 
de adoção, bem como sobre a violação do dever de cuidados dos pais e o abrigamento dos filhos 
menores para posterior evidência acerca do período de convivência e o princípio do melhor inte-
resse do menor. E no quarto e último capítulo far-se-á uma abordagem acerca da afetividade como 
solução do preconceito ao adotar.
O método que será adotado para a presente pesquisa será o indutivo, partindo-se do geral 
para o específico, ou seja, do instituto da adoção até o preconceito em se adotar, com análise dou-
trinária, literária, e psicológica.
1 A LITERATURA E O DIREITO
O Direito e a Literatura são ramos das ciências que nem sempre caminharam juntos. Embora 
haja obras literárias que abordem questões jurídicas de determinada época, a maioria não trata 
acerca dos valores jurídicos. Todavia, é perfeitamente possível o enlace entre estes ramos cientí-
ficos1. 
Os primeiros estudos do direito na literatura foram desenvolvidos por John Henry Wigmore 
que desenvolveu um método próprio de pormenorização de roteiro analítico, conhecido pela lite-
ratura especializada como Wigmore Chart. Para este escritor, o jurista deve “ir à literatura para 
aprender ciências jurídicas”2. 
Outro jurista norte americano que ficou conhecido na prática da construção entre Direito e 
Literatura foi Lon Fullher, que ganhou notoriedadeno Brasil por conta da tradução do livro Caso de 
Exploradores de Cavernas, literatura amplamente estudada na disciplina de Introdução ao Estudo 
do Direito3. 
De fundamental importância, tem-se, ainda, os ensinamentos de Ronald Dworkin que analisa 
o Direito como hermenêutica jurídica e sugere, para melhor compreensão do Direito, uma interpre-
tação jurídica com a interpretação de outros campos do conhecimento, especialmente a Literatura. 
Dworkin afirma, ainda, que “a prática jurídica é um exercício de interpretação não apenas quando 
os juristas interpretam documentos ou leis específicas, mas de modo geral”4. 
O que se pode notar é que é perfeitamente possível o estudo do Direito na Literatura e o prin-
cipal motivo desta matéria é a interpretação. O estudo do Direito e da Literatura tem o condão de 
aproximar duas belas ciências na finalidade de se construir um diálogo entre o legislador (constru-
tor das normas) e o cidadão (destinatário das leis), uma vez que a conexão entre o sistema jurídico 
1 SATO, Charles Kendi. O País das contradições: as incoerências jurídicas e sociais brasileiras no 
século XIX pela análise da obra literária Semhora de José de Açencar. In: Direito e Literatura: estudos jurídicos 
baseados em obras literárias da segunda emtade do século XIX. Curitiba: Juruá, 2013, p. 125. 
2 GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Direito & Literatura: ensaio de síntese retórica. Porto Alegre: 
Livraria do Advogado, 2008, p. 27-31.
3 ARBEX, Alberto Krayyem. O Alienista, de Machado de Assis, e o Jurídico: pontes entre direito, 
loteratura e medicina. In: Direito e Literatura: estudos jurídicos baseados em obras literárias da segunda emtade do 
século XIX. Curitiba: Juruá, 2013, p. 230.
4 DWORKIN, Ronald. Uma questão de princípio. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 217.
14
e o sistema da arte “pode restaurar a essência das coisas, visto que as leis nascem das letras”5. 
Parafraseando François Ost, citado por André Karam Trindade e Roberta Magalhães Gubert6 
o estudo do Direito na Literatura possui três finalidades: a) diminuir a distância do mundo do ser e 
do dever ser, uma vez que o ser já aparece interpretado; b) mediação entre o descrever e o pres-
crever; e, c) a literatura passa a ser vista como uma pré-narrativa da experiência comum e suas 
avaliações implícitas.
Assim, o estudo do Direito e da Literatura pode suscitar interações frutíferas com a finalidade 
de melhor compreensão e interpretação do Direito, uma vez que a Literatura é um testemunho da 
realidade.
2 VISÃO HISTÓRICA DO INSTITUTO DA ADOÇÃO NO DIREITO 
BRASILEIRO
A primeira codificação da adoção, no Brasil, se perfez no Código Civil de 1916 que discipli-
nava a adoção no Capítulo V, Título V, do Livro de Família (arts. 368 a 378). De forma ainda muito 
sucinta, dado ao preconceito em se adotar, a adoção só era permitida a casais que não tivessem 
filhos e desde que o adotante tivesse, no mínimo, cinquenta anos de idade e que entre ele e o 
adotado houvesse uma diferença de dezoito anos. Era prescindível, ainda, do consentimento de 
ambas as partes7.
Após esta primeira codificação, o instituto da adoção nunca mais foi banido da legislação bra-
sileira, sofrendo, tão somente, algumas modificações de forma a contribuir com a melhoria no pro-
cesso de adoção. A primeira alteração foi realizada em 1957 pela Lei nº. 3.133 e teve o condão de 
diminuir a idade mínima do adotante de cinquenta para trinta anos de idade e a diferença de idade 
entre adotante e adotado para dezesseis anos8 (diferença esta que prevalece até os dias atuais).
Durante a vigência desta legislação, a adoção só seria possível se o casal mantivesse ma-
trimônio há mais de cinco anos e havia a possibilidade de dissolução da adoção pela conveniên-
cia das partes ou em caso de deserdação. Na sequência sobrevieram as alterações da Lei nº. 
4.665/1965 que estabeleceu a chamada legitimação adotiva que era precedida de uma decisão 
judicial e tinha o caráter de irrevogabilidade e de cessação do vínculo de parentesco com a família 
natural9. Para esta legislação a legitimação adotiva poderia ocorrer em crianças menores de sete 
anos que estivessem expostas e abandonadas e por casal que fossem casados há mais de cinco 
anos, sem filhos e desde que provada a esterilidade e a estabilidade do casal.
No ano de 1979 foi promulgada a Lei nº. 6.697, conhecida como Código de Menores, que 
5 SCHWARTZ, Germano. A Constituição, a Literatura e o Direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, 
p. 50.
6 TRINDADE, André Karam; GUBERT, Roberta Magalhães. Direito e Literatura: aproximações e 
perspectivas para se repensar o Direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008, p. 51.
7 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Direito de Família. 22. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2014, v. V, p. 452.
8 CHAVES, Antônio. Adoção. Belo Horizonte: Del Rey, 1994, p. 58.
9 SILVA FILHO, Artur Marques da. Adoção. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p. 37.
15
revogou expressamente a Lei nº. 4.655/65 e institucionalizou a legitimação adotiva, bipartindo a 
adoção em simples (menores de dezoito anos em situação irregular) e plena (atribuía a condição de 
filho ao adotado. Nesta modalidade, havia igualdade de direitos e deveres entre os filhos adotados 
e os filhos sanguíneos)10.
Em 1988 adveio uma nova ordem constitucional pautada nos princípios da dignidade da pes-
soa humana e da isonomia. Com esta visão princiológica, eliminou-se, por completo, a distinção 
entre os filhos consanguíneos e os filhos adotivos. Agora há igualdade de direitos e deveres entre 
os filhos, proibindo qualquer designação discriminatória11. Já sob a supervisão de um novo modelo 
jurídico, entra em vigor o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) que passa a dis-
ciplinar a adoção dos menores. 
Na visão de Munir Cury a adoção adquire uma nova roupagem “em tudo semelhante à filiação 
natural, legitimando os seus pretendentes de forma ampla e responsável, e tornando-os aptos ao 
exercício da inteira paternidade”12.
O novo Código Civil de 2002 recepcionou, de forma majoritária, as diretrizes já traçadas quan-
to à adoção e pacificou o entendimento quanto à possibilidade de adoção de maiores de dezoito 
anos, doutrinariamente conhecida como adoção tardia.
Por fim, no ano de 2009 sobreveio a Lei nº. 12.010 que ficou conhecida como a Lei da Adoção 
e com ela houve a uniformização do processo de adoção. Neste diploma legal há expressa men-
ção acerca dos dispositivos a serem aplicados na adoção de criança e adolescentes (Estatuto da 
Criança e do Adolescente), bem como na adoção tardia (Código Civil com a adoção dos princípios 
constante do Estatuto da Criança e do Adolescente)13.
Diante da evolução legislativa acerca do instituto da adoção, o que se percebe, é a busca 
pela proteção da criança e do adolescente e é sob a ótica desta proteção que o presente trabalho 
ganhará contornos. Para melhor elucidação acerca da adoção no Brasil, o presente artigo fará 
uma abordagem do referido instituto pelo filme de animação infantil intitulado como Meu Malvado 
Favorito.
3 MEU MALVADO FAVORITO VISTO PELA LITERATURA JURÍ-
DICA – UMA CONSTRUÇÃO DO INSTITUTO DA ADOÇÃO
3.1 SINOPSE DO FILME MEU MALVADO FAVORITO
O filme, de animação infantil, intitulado como Meu Malvado Favorito, sob a direção de Pierre 
Coffin e Chris Renaud, conta a história de um vilão fracassado – Gru, que vê seu reinado ameaçado 
10 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 462.
11 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 
482.
12 CURY, Munir, apud SILVA FILHO, op. cit., p. 40.
13 DIAS, op. cit., p. 483.
16
por um vilão chamado Vetor. Com o intuito de se tornar o campeão dos vilões, Gru decide roubar a 
Lua, todavia, para que isso fosse possível seria imprescindível que ele roubasse um artefato capaz 
de encolher as coisas, de propriedade de Vetor.
Diante da fortaleza construídapor Vetor, Gru vê, como única possibilidade de sucesso no 
roubo, a ajuda de três irmãs órfãs que vendem biscoitos (Edith, Agnes e Margo) e para isso decide 
iniciar um processo de adoção. Seu objetivo era usar as meninas durante o estágio de convivência 
para alcançar seu intento. Entretanto, ele não previa que o afeto seria capaz de modificar seus pla-
nos a ponto da adoção ser efetivada14.
Pela leitura da sinopse da película, verifica-se, ao efetuar a conexão entre o sistema jurídico e 
o sistema da arte, que o princípio da afetividade, por meio do sentimento paternal, possui o condão 
de transformar um ser humano e afastar preconceitos.
3.2 TENTATIVA CONCEITUAL DE ADOÇÃO
Antes de tecer considerações acerca do conceito de adoção, importante mencionar que, por 
ser um instituto que sofre mutações juntamente com os costumes, sua definição é algo que se 
transforma com o lapso temporal. Diante desta perspectiva de mudança, diversas são as concei-
tuações de adoção, quando analisadas no transcorrer da história.
Clóvis Bevilácqua conceitua adoção como sendo “acto civil pelo qual alguém aceita um estra-
nho na qualidade de filho”15. Ao conceituar adoção, Pontes de Miranda afirma ser um “ato solene 
pelo qual se cria entre o adotante e o adotado relação jurídica fictícia de paternidade e filiação”16. 
Artur Marques da Silva Filho admite ser a adoção17:
Uma realidade decorrente da atuação humana. [...] é, portanto, ato jurídico complexo 
que estabelece vínculo de filiação. É ato jurídico porque promana inicialmente da 
vontade autônoma das pessoas envolvidas. No entanto, os seus efeitos jurídicos, 
com base em uma situação de fato – interesse em adotar e colocação da criança ou 
do adolescente em família substituta – se produzem ex lege, ‘sem consideração de 
uma correspondente de resultado do agente’.
Maria Berenice Dias conceitua adoção como um “vínculo fictício de paternidade-maternida-
de-filiação entre pessoas estranhas, análogo ao que resulta da filiação biológica”18. Há, ainda, 
aqueles doutrinadores que conceituam adoção levando em consideração alguns requisitos deste 
instituto. Neste diapasão é a visão de Paulo Luiz Netto Lôbo que conceitua a adoção como sendo 
um ato personalíssimo que não se admite realizar por meio de procuração, sendo impossível sua 
revogação19.
14 Sinopse do filme Meu Malvado Favorito disponível em: < http://www.ecfilmes.com/meu-malvado-favorito-
dublado-1080p/ >. Acesso em 07 de jun 2016.
15 BEVILACQUA, Clóvis. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil. 10. ed. Rio De janeiro: Paulo de 
Azevedo, 1954, p. 337.
16 MIRANDA, Pontes de. Tratado de Direito Privado. Rio de Janeiro: Borsoi, 1951, v.9, p. 21.
17 SILVA FILHO, op. cit., p. 73-74.
18 DIAS, op. cit., p. 483.
19 LÔBO, Paulo Luiz Netto. Direito Civil: Famílias. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 251.
17
Ao analisar o caráter afetivo da adoção, a melhor definição é a do doutrinador Rodrigo da 
Cunha Pereira: “um pai, mesmo biológico, se não adotar seu filho, jamais será pai. Por isso pode-
mos dizer que a verdadeira paternidade é adotiva e está ligada à função, escolha, enfim, ao dese-
jo”20. Para Marco Aurélio Viana a adoção “estabelece uma relação de parentesco, que independe 
de fato natural de procriação”21. Por fim, tem-se a definição de Tânia da Silva Pereira que identifica 
a adoção como sendo um “ato complexo, consensual na sua origem e solene no seu aspecto for-
mal. Consensual porque se origina da vontade do adotante e é requisito de sua validade o con-
sentimento dos pais ou responsável, e solene porque não se perfaz sem a participação do Estado 
através de provimento judicial”22.
Pelas conceituações acima expostas, verifica-se que não há consenso doutrinário acerca do 
que vem a ser adoção, todavia, há unanimidade no que tange ao reconhecimento de filiação entre 
adotante e adotado, manifestação expressa da vontade de adotar e ser adotado e a concretização 
da adoção pelo princípio da afetividade.
3.3 VIOLAÇÃO DO DEVER DE CUIDADO DOS PAIS E O ACOLHIMENTO DOS 
MENORES
Antes de adentrar no estudo do instituto de adoção, importante mencionar acerca da violação 
do dever de cuidado dos pais, que será a mola propulsora para a colocação do menor em uma fa-
mília substituta. A adoção, pela modificação legislativa, só é possível quando houver consentimento 
dos genitores ou perda do poder familiar. Esta última será o objeto de estudo do presente capítulo.
Ao gerar um filho, os pais assumem uma responsabilidade legal de cuidado. É o chamado 
princípio da proteção integral das crianças e dos adolescentes que se encontra disciplinado no art. 
227 da Constituição Federal. Este princípio garante proteção à criança e ao adolescente quanto 
à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, 
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar comunitária. Em conformidade com este princípio, 
tem-se a exposição do dever de cuidados dos pais, tanto no Código Civil vigente quanto no Estatuto 
da Criança e do Adolescente.
A legislação civil, em seu art. 1.634, inciso I prevê, como dever dos genitores, a direção da 
criação e educação dos filhos menores. No mesmo diapasão, têm-se os deveres conferidos nos 
arts. 3º a 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Pela leitura dos dispositivos dispostos da Constituição Federal e nas leis infraconstitucionais 
acima mencionados, verifica-se que é dever dos pais o cuidado de seus filhos. Dentro desta visão 
resta evidente a proibição de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão, de forma que ocorrendo qualquer uma dessas circunstâncias nasce o dever 
de atuação do Estado para a cessação destas violações. Infelizmente não é pequena a ocorrência 
20 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Pai porque me abandonastes? In: PEREIRA, Tânia da Silva (Coord). O 
melhor interesse da criança: um debate interdisciplinar. Rio de Janeiro: Renovar, 2000, p. 580.
21 VIANA, Marco Aurélio S. Curso de Direito Civil. Direito de Família. Belo Horizonte: Del Rey, 1993, v. 1, p. 
179.
22 PEREIRA, Tânia da Silva. In: Tratado de Direito das Famílias. IBDFAM, 2015, p. 376.
18
das transgressões dos deveres do poder familiar descritos na lei e quando evidenciada o Estado 
atuará para que cesse essa situação. É neste momento que surge o acolhimento do menor, que 
poderá ocorrer por meio de uma instituição ou na chamada família extensa.
A Lei nº 12.010/2009 previu a modalidade de acolhimento dos menores na família extensa, 
aquela que vai além da unidade do casal, ou seja, formada por parentes próximos que tenha afini-
dade e afetividade com o menor acolhido23. Não se pode dizer que a manutenção do abrigamento 
na família extensa é um retrocesso, pelo contrário, uma vez que busca a manutenção dos laços da 
afetividade da criança que sofreu violação do dever de cuidado dos pais. Entretanto, é imprescindí-
vel que esta modalidade de abrigamento seja conferida com base no princípio do melhor interesse 
do menor.
Infelizmente, seja em uma instituição ou na família extensa, não são raras as situações de 
exploração dessas crianças ou exposição destas as situações de risco, de forma a violar sua digni-
dade humana. É o que o filme Meu Malvado Favorito demonstra ao evidenciar o grupo de irmãs no 
orfanato, à espera de colocação na família substituta. 
O filme aborda o momento em que a responsável do orfanato obriga que as três irmãs vendam 
biscoitos e atinjam uma meta para que possam continuar nas dependências físicas do orfanato, 
sem que fossem colocadas na chamada “caixa da vergonha”. No mesmo instante esta responsável 
evidencia que as irmãs jamais serão adotadas, demonstrando, além do abuso moral, uma realidade 
social baseada em preconceitos, já que se trata de um grupo de irmãs de diferentes idades e com 
uma delas dentro da faixa etária repulsiva de adoção (maior de sete anos).
Insta salientar, ainda, que para que a criança seja coloca em família substituta é imprescindí-
vel que ocorra adestituição do poder familiar e este é decorrente de um processo judicial moroso 
e burocrático.
Após o advento da Lei da Adoção, há uma preocupação de se buscar a família extensa o 
que acaba por tornar ainda mais lento o processo de destituição familiar. O que se evidencia, na 
prática, é que os juízes e promotores, na ânsia de deixar o menor no seio familiar acabam por não 
obedecer aos requisitos legais de colocação da família extensa: afetividade e afinidade, violando, 
dessa forma, o princípio da celeridade processual e não raras vezes, o melhor interesse do menor.
Como a adoção só se perfaz após o trânsito em julgado da ação de destituição do poder fa-
miliar, pode-se afirmar que é esta demanda a maior responsável pela morosidade na efetivação da 
adoção sendo, portanto, um indexador do preconceito em adotar.
3.4 O PERÍODO DE CONVIVÊNCIA E O PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE 
DO MENOR
A adoção no Brasil, atualmente, é regrada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e suas 
modificações advindas pela Lei nº. 12.010/2009. Referida norma legal prevê, como regra, antes 
da sentença declaratória de filiação pela adoção, a necessidade do período de convivência entre 
23 PEREIRA, op. cit., p. 386.
19
adotando e adotado. Este estágio de convivência possui o condão de se constatar afinidade e afe-
tividade entre ambas as partes do processo de adoção, uma vez que esta é irrevogável.
Importante mencionar que, muitos casais, que possuem a vontade de adotar, se afeiçoam 
com as crianças abrigadas, seja por conta de seu histórico de abandono, seja pela simples atração 
física. Entretanto, ao iniciar o estágio de convivência descobrem descompassos que podem culmi-
nar na não efetivação da adoção. Insta salientar que o estágio de convivência é realizado dentro de 
um processo formal de adoção e sob a supervisão do Poder Judiciário, sendo, portanto, o Estado, 
responsável pela sua execução e consequências.
Após o advento da Lei de Adoção é bem comum, que mesmo após o início do estágio de 
convivência do menor com a suposta família substituta, em sendo encontrado um parente, ainda 
que distante, este seja retirado da condição de adaptação para a colocação na sua família exten-
sa. Essa prática, sem sombras de dúvidas, vai de encontro com o princípio do melhor interesse do 
menor.
O princípio do melhor interesse do menor restou materializado na Constituição Federal, em 
seu art. 227, caput e se consolidou com a promulgação do Estado da Criança e do Adolescente (art. 
4º, caput e art. 5º). Este deve ser aplicado a todos os procedimentos que dizem respeito ao direito 
de crianças, especialmente nos casos da adoção24. Dessa forma, ainda, que a Lei da Adoção pre-
veja a possibilidade da criança e do adolescente abrigado ser recolocado na família sanguínea por 
meio da família extensa é imprescindível que o Poder Judiciário faça uma ponderação do princípio 
do melhor interesse do menor, pois se trata de norma fundamental.
4 A AFETIVIDADE COMO SOLUÇÃO AO PRECONCEITO, EM 
RESPEITO A DIGNIDADE HUMANA
O preconceito é uma barreira frente ao relacionamento entre os indivíduos, que gera dor, so-
frimento, humilhação dentre outros sentimentos negativos. Geralmente sua causa é a ignorância, 
fazer um julgamento sem prévio conhecimento. O preconceito é um conceito formado precipitada-
mente não levando em consideração os conhecimentos do fato, ou seja, é um pré-julgamento. O 
Dicionário Aurélio assim descreve, “sm. 1. Idéia preconcebida. 2. Suspeita, intolerância, aversão a 
outras raças, credo, religiões, etc.”25
Norberto Bobbio26 expõe que o preconceito é uma opinião errônea, mas que nem todo equivo-
co é preconceito. Por exemplo, ao se estudar uma língua estrangeira pode cometer erros, mas esse 
erro não é preconceito, e simplesmente ignorância de pelo fato de que ainda não ter domínio a essa 
língua. Norberto Bobbio adverte ainda para outro erro, o de Boa-fé, que não deve ser confundido 
com o preconceito, tal erro incorre quando se é enganado, ou seja, uma pessoa nos faz acreditar 
24 SPENGLER, Fabiana Marion. Homoparentalidade e Filiação. In: DIAS, Maria Berenice (coord.). 
Diversidade Sexual e Direito Homoafetivo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011. p. 347- 362.
25 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio Século XXI Escolar: O Minidicionário da língua 
portuguesa, p. 551.
26 Cf. BOBBIO, Norberto. Elogio à Serenidade e Outros Escritos Morais. São Paulo: Unesp, 2002, p. 103 e 
104.
20
que algo seja realmente verdade quando não é. Porém todos os erros mencionados são de fáceis 
reparações, ou seja, é facilmente corrigido, já o preconceito não é corrigido ou dificilmente o é.
Para Renato da Silva Queiroz27 o preconceito é “uma manifestação irracional, que nos envolve 
emocionalmente, impedindo que possamos examinar a complexidade dos fatos de forma honesta 
e objetiva”. Ainda Norberto Bobbio define preconceito como:
O preconceito é aí definido como um “juízo prematuro”, que induz a que se “acredite 
saber sem saber, se preveja sem indícios seguros suficientes, se chegue a con-
clusões sem se ter as certezas necessárias”. O preconceito não apenas provoca 
opiniões errôneas, mas, diferentemente de muitas opiniões errôneas, é mais difícil 
de ser vencido, pois o erro que ele provoca deriva de uma crença falsa e não de um 
raciocínio errado que se pode demonstrar falso, nem da incorporação de um dado 
falso cuja falsidade pode ser empiricamente.28
Maria Aparecida Silva Bento29 descreve resumidamente as características básicas do precon-
ceito:
“desenvolver sentimento de superioridade em relação a outro grupo de pessoas; 
justificar que outro grupo não tenha direitos a boas moradias, bons empregos, edu-
cação de qualidade, etc;
tratar outro grupo de pessoas como estrangeiro, estranho ;
demonstrar medo e suspeita frente a outro grupo. Ele é percebido como um grupo 
que quer ter privilégios, como, por exemplo, os melhores empregos.”
Segundo Norberto Bobbio30 o preconceito se distingue em preconceitos individuais e pre-
conceitos coletivos, sendo que a primeira se refere às superstições e as crenças, como cruzar os 
dedos, carregar folhas de arruda, entre outros. Já a segunda são preconceitos compartilhados por 
determinado grupos em relação a outros grupos sociais, sendo este o tipo mais perigoso, pois pode 
chegar a rivalidade e a violência.
O preconceito que as crianças negras, doentes, maiores de sete anos, e grupos de irmãos 
sofrem nos abrigos, fere suas almas, e afetam a dignidade humana. A dignidade é conceituada 
nos dicionários de língua portuguesa como: aquele que possui a qualidade de digno; característica 
do que é nobre; respeito que merece alguém; uma maneira de se comportar para demonstrar certo 
respeito pelo outro; considerações pelo próprio sentimento; qualidade daquele que é nobre; nobre-
za; respeitabilidade, dentre outros.
O vocábulo dignidade deriva do latim dignitas e significa valor, distinção. Pode ser compreen-
dido como a consciência que o ser humano tem de seus valores mais intrínsecos, o respeito que 
pode se exigir de todos pela sua condição de ser humano. 
27 QUEIROZ, Renato da Silva. Não vi e não gostei: o fenômeno do preconceito. São Paulo: Moderna, 1996, p. 
16.
28 BOBBIO, op. cit., p. 121.
29 BENTO, Maria Aparecida Silva. Cidadania em preto e branco. São Paulo: Ática. 1999, p. 37.
30 Cf. BOBBIO, op. cit., p. 105.
21
Fábio Konder Comparato assinala que a dignidade da pessoa humana não consiste apenas 
no fato de ser ela, diferentemente das coisas, um ser considerado e tratado como um fim em si e 
nunca como um meio para a consecução de determinado resultado. Ela resulta também do fato 
de que, por sua vontade racional, só a pessoa vive em condições de autonomia, isto é, como ser 
capaz de se guiar pelas leis que ele próprio edita, concluindo que todo homem tem dignidade e não 
um preço, como as coisas.31
O preconceito é sinônimo de dor, de desrespeito e de desigualdade. As crianças vítimas de 
preconceito sofrem duplamente, ador da espera pela adoção e a dor de ser preterida em razão da 
cor, da idade, e de outros fatores que as diferem das demais.
4.1 O PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE
O afeto tem se tornado a base das relações familiares dos últimos anos, como bem preceitua 
o professor João Baptista Villela ao afirmar que as recentes transformações operadas na família 
têm a transformado em um grupo de afetividade e companheirismo32. Ainda na importância de dis-
cernir acerca do afeto Heloísa Helena Barboza leciona que33:
O estudo da questão deve levar em conta: (a) o importante papel que o afeto tem 
nas relações familiares, especialmente na construção de vínculos como o do casa-
mento, da união estável e do parentesco; (b) a expansão do afeto, surgido no espa-
ço eminentemente privado, para o espaço público, assumindo as pessoas funções 
sociais que autorizam o reconhecimento jurídico das relações assim criadas; (c) a 
consequente permanência dos efeitos jurídicos dos vínculos gerados pelo exercício 
dessas funções, atendidos determinados requisitos, ainda que findo o afeto que os 
originou. [...]. A verdadeira família é uma comunhão de afetos, antes de ser um ins-
tituto jurídico.
Embora não tenha uma expressa disposição acerca da afetividade na Constituição Federal 
o afeto, no âmbito familiar, não pode ser deixado de lado na efetivação dos direitos, pois esta é a 
evolução social. Aliás, é o afeto, como vimos acima, a cola que une o pai adotivo ao filho adotado 
e este grude é baseado no amor desenvolvido entre esses polos.
4.2 OS GRUPOS VULNERÁVEIS AO PRECONCEITO EM ADOTAR
Outra modificação advinda pela Lei de Adoção foi a criação de um Cadastro Nacional de 
Adoção, carinhosamente apelidado de CNA. Este cadastro é o responsável por lançar o perfil dos 
adotandos e dos adotados de todo o território nacional, com a finalidade de agilizar o processo de 
adoção e unificar a demanda.
31 COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 
20.
32 VILLELA, João Baptista. A desbiologização da paternidade. Rio de Janeiro: Revista Forense, nº 71, 1980, 
p. 49.
33 BARBOZA, Heloisa Helena. Efeitos jurídicos do parentesco socioafetivo. Revista Brasileira de Direito das 
Famílias e Sucessões. Belo Horizonte: IBEDFAM, 2009, p. 28-29.
22
Após a criação do CNA foi possível o mapeamento da preferência de perfil das crianças ado-
tadas. De fácil acesso e de forma transparente o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mantém em 
seu site34 uma estatística dos grupos de adoção.
O que merece destaque, no que tange à ausência de procura no processo de adoção, são 
os menores negros, maiores de sete anos, doentes e grupos de irmãos. É bem verdade que a 
discriminação racial sofreu queda nos últimos seis anos. Em 2010, apenas 30,59% das pessoas 
aceitavam adotar pessoas negras, já em 2016 este percentual subiu para 46,7%35. Todavia, ainda 
é um problema social a ser enfrentado.
Ao analisar o preconceito existente em se adotar crianças negras, far-se-á com referência 
àqueles destinados às crianças maiores de sete anos. Ao analisar o relatório de pretendentes dis-
ponível no site do CNJ36, constata-se que somente 3,52% dos adotantes possuem interesse em 
adotar crianças com até sete anos de idade, enquanto que 17,53% aceitam adotar crianças com 
até um ano de idade.
Outro fator de preconceito, no momento da adoção, é aquele destinado às crianças que pos-
suem alguma doença ou enfermidade. O relatório de pretendente demonstra que 68,42% das pes-
soas só aceitam adotar crianças sadias, enquanto que, a título de exemplificação, somente 3,32% 
aceitam adotar crianças portadoras de HIV e 2,57%, crianças portadoras de deficiência mental. Por 
fim, uma nova forma de preconceito encontrada após o advento da Lei de Adoção, que previu a ma-
nutenção dos irmãos, como regra, no mesmo seio familiar, é o grupo de irmãos. Enquanto 69,75% 
dos pretendentes não aceitam adotar irmãos, somente 30,25% aceitam encarar essa realidade.
Como se vê, há vários preconceitos a serem enfrentados pelo Estado no momento da con-
cretização do processo de adoção. Com a finalidade de diminuir esta estatística é imprescindível 
o desenvolvimento de políticas públicas que demonstrem não ser um problema adotar qualquer 
criança ou adolescente integrante deste grupo vulnerável.
4.3 A AFETIVIDADE COMO EXCLUSÃO DO PRECONCEITO
Embora os grupos de vulneráveis ao preconceito de adotar seja uma realidade social, enten-
de-se que a afetividade tem o condão de afastar esse convencionalismo. É o que se evidencia no 
filme Meu Malvado Favorito. O roteirista da película, de forma cristalina, demonstra que a intenção 
do personagem Gru em iniciar o período de convivência das irmãs Edith, Agnes e Margot era, tão 
somente, a de usá-las na concretização de seu plano criminoso e ao final devolvê-las ao orfanato. 
Todavia, após o retorno das meninas ao abrigamento, o vilão Gru se vê acometido de um profundo 
vazio e decide buscar sua família e concretizar a adoção. Muitos podem pensar, mas o filme não 
retrata uma realidade e busca um final feliz para o sucesso de bilheteria. Entretanto, entende-se 
que não. 
34 www.cnj.jus.br
35 Disponível em: < http://www.ibdfam.org.br/noticias/6001/
Dia+Nacional+da+Ado%C3%A7%C3%A3o%3A+discrimina%C3%A7% 
C3%A3o+racial+cai,+desafio+agora+%C3%A9+outro >. Acesso em 13 jun 2016.
36 Disponível em: < http://www.cnj.jus.br/cnanovo/pages/publico/index.jsf >. Acesso em 13 jun2016.
23
A adoção de grupos de irmãos é uma das formas de preconceito e que afasta o interesse dos 
pretendentes de início, ou seja, ainda na fase de preenchimento do perfil da adoção. Todavia, o 
convívio com este grupo pode ser crucial para o despertar da afetividade e da afinidade ao ponto 
de afastar esta superstição.
Ao conceber dois ou três filhos, simultaneamente, os pretendentes podem descobrir tamanha 
felicidade ao ponto de afastar qualquer preconceito social e familiar. Dessa forma, é imprescindível 
que haja maior efetividade no estímulo de convívio dos adotantes com esses grupos vulneráveis. 
Ainda na análise das modificações advindas pela Lei de Adoção verifica-se que uma das condições 
para se adotar é a participação obrigatória dos candidatos a um programa de preparação psicológi-
ca, orientação e estímulo à adoção inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com 
necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.
Percebe-se que já houve um avanço legislativo ao prever a frequência obrigatória em pro-
gramas desta natureza, entretanto, uma política de visão prática que coloque em contato os pre-
tendentes com esses grupos vulneráveis poderá ser o precursor dos laços afetivos e a forma mais 
eficaz de afastar este preconceito.
CONCLUSÃO
Após o estudo realizado é perfeitamente possível formular resposta às problematizações ex-
postas na introdução: é possível fazer uma análise crítica sobre o instituto da adoção por meio 
de um diálogo entre o direito e a literatura? É possível dizer que existe preconceito em relação às 
crianças e adolescentes negros, doentes e maiores de sete anos? E ao grupo de irmãos à espera 
de adoção? Esse preconceito fere a dignidade humana?.
O estudo da ciência jurídica por meio de obras literárias é perfeitamente possível e possui a 
finalidade de aproximar as duas belas ciências e conferir àquela uma melhor compreensão, uma 
vez que esta se traduz como um testemunho da realidade vivida em determinada época. Realizar 
uma construção jurídica atual em meio a textos, músicas ou filmes é permitir uma análise de evo-
lução do direito e da sociedade e, até mesmo, de demonstrar a atualidade do pensamento literário.
É o que ocorre no presente trabalho. Ao analisar o filme Meu Malvado Favorito, na vertente do 
instituto da adoção, constatou-se que este roteirista previu as mazelas sociais acerca da adoção, 
desde o abrigamento dos menores até o preconceito em adotar crianças que se encontram em 
determinadas situações. 
O instituto da adoção, no Brasil,teve sua gênese, no âmbito legislativo, no Código de Civil de 
1916. Esta norma previa a possibilidade de adoção, mas desde que preenchidos os dificílimos re-
quisitos. Após esta primeira codificação, a adoção nunca mais foi retirada do ordenamento jurídico 
brasileiro, pelo contrário, sofreu modificações por meio de diversas legislações e com a finalidade 
de melhorar o processo de adoção. Atualmente, vige a Lei 12.010/2009, conhecida como Lei de 
Adoção que prevê a aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, nas adoções dos 
menores e do Código Civil (observados os princípios previstos no ECA), quando a adoção for de 
24
pessoa que já atingiu a maioridade. Independente da legislação aplicada o que se busca é a pro-
teção do adotado.
Embora não se tenha uma conceituação pacífica acerca do que vem a ser adoção há um con-
senso, da doutrina e jurisprudência, quanto ao reconhecimento de filiação entre adotante e adota-
do, a necessidade de manifestação expressa da vontade de adotar, bem como a concretização da 
adoção pelo princípio da afetividade.
A adoção, no Direito Brasileiro, só é permitida em duas situações: consentimento dos geni-
tores ou perda do poder familiar. Este último ocorre quando há violação do dever de cuidados dos 
pais. Ocorrendo esta situação, o Estado deverá agir para retirar essa criança do ambiente hostil e 
colocá-la em abrigamento, que poderá ser em uma instituição ou na família extensa. Independente 
de onde a criança ou adolescente seja colocado é imprescindível que o Estado observe, durante o 
tramite processual, o princípio do melhor interesse do menor, o princípio da dignidade da pessoa 
humana e o princípio da afetividade, peça fundamental na adoção.
Infelizmente há inúmeras crianças e adolescentes no processo de adoção e algumas delas 
fora do chamado “perfil” da adoção. É o caso das crianças e adolescentes negras, maiores de sete 
anos, doentes e integrantes de grupos de irmãos. Referidos menores estão sob a égide do pre-
conceito da adoção, tornando-se um grupo de vulnerável que não pode ser ignorado pelo Estado e 
pela sociedade. O preconceito em se adotar crianças com estes perfis é constatado ao analisar o 
Cadastro Nacional de Adoção – CNA que, por meio de estatísticas revela o baixo índice de pessoas 
que aceitam adotar crianças integrantes destes quatro grupos.
As crianças e adolescentes integrantes do mencionado grupo de vulneráveis sofrem violação 
à dignidade humana, pois são vítimas de preconceito duplo: a dor da espera pela adoção (enfren-
tada por todos os adotados) e a dor de ser preterida em razão de suas características (cor, idade, 
portador de doença e integrante de grupo de irmãos). 
Diante do evidente preconceito a ser enfrentado pelo Brasil é imprescindível que haja uma po-
lítica pública com a finalidade de demonstrar a inexistência de um problema em se adotar qualquer 
criança ou adolescente integrante deste grupo vulnerável.
O estudo realizado no presente trabalho constatou que o princípio da afetividade é a peça fun-
damental para a concretização da adoção; sendo, inclusive, por meio da atuação da paternidade, 
a responsável pela transformação do ser humano e pelo afastamento de preconceitos e resgate 
da dignidade humana; e foi esta construção a evidenciada pelo roteirista do filme Meu Malvado Fa-
vorito motivo que levou o presente artigo a fazer um ensaio da adoção pelas lentes desta película.
25
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EL DOLOR DE LA ESPERA DE LA ADOPCIÓN DE NIÑOS VÍCTIMAS DEL 
PERJUICIO: NEGRAS, MAYORES DE SIETE AÑOS, ENFERMOS Y GRUPOS 
DE HERMANOS, EN TOTAL DESPECTO A LA DIGNIDAD HUMANA: UN 
DIALOGO ENTRE EL DERECHO Y LA LITERATURA
ABSTRACT: Este trabajo tiene por objetivo presentar, de forma sintética, por médio de una metodologia activa y 
de investigación bibliográfica, algunas reflexiones sobre la adopción en el Brasil y sus prejuicios. Por lo tanto, se 
utiliza un abordaje dialéctico entre el Derecho y la Literatura com la finalidad de visualizar la adopción por las gafas 
de la película Mi Villano Favorito. También, en este trabalho se realizará, un estudio del instituto de la adopción, 
empezando por la visión histórica del Derecho brasileño y su concepto; la violación del deber de la atención de los 
padres y el abrigo de los niños; el período de convivencia y el principio del interés superior del menor y, finalmente, la 
afetividad como solución al perjuicio en el respeto de la dignidad humana.
KEYWORDS: Derecho y Literatura. Adopción. Perjuicio en adopción. Mi Villano Favorito. 
27
EFETIVIDADE DO PROCESSO À LUZ DO NOVO CÓDIGO 
DE PROCESSO CIVIL: GARANTIA À PRESERVAÇÃO DA 
DIGNIDADE HUMANA
Evandra Mônica Coutinho
Especialista em Docência no ensino superior pela UniCesumar – Centro Universitário Cesumar, Maringá – PR. 
Licenciatura plena em Letras – Português/Inglês pela UniCesumar – Centro Universitário Cesumar, Maringá– 
PR. Graduanda em Direito pela UniCesumar – Centro Universitário Cesumar, Maringá – PR. Endereço eletrônico: 
emonicacoutinho@hotmail.com
Cleide Aparecida Gomes Rodrigues Fermentão 
Doutora em Direito das Relações Sociais pela Universidade Federal do Paraná - UFPR; Graduada e Mestre em 
Direito Civil pela Universidade Estadual de Maringá - UEM. Professora na graduação e pós-graduação – Programa de 
Mestrado em Direito da UniCesumar - Centro Universitário de Maringá. Membro do Instituto dos Advogados do Estado 
do Paraná; membro do IBDEFAN – Instituto do direito de família. Advogada em Maringá-PR. Endereço eletrônico: 
cleidefermentao@gmail.br 
RESUMO: A dignidade da pessoa humana é um princípio constitucional, não se revestindo apenas do caráter normativo, 
acrescendo-lhe aspectos ético-valorativos. O Direito não cria a dignidade da pessoa humana, apenas a protege e 
promove. O princípio da dignidade da pessoa humana é o núcleo de todos os direitos fundamentais. O princípio da 
brevidade processual passou a ter status constitucional quando da garantia ao acesso à justiça como direito social de 
todos, intimamente ligado ao princípio da dignidade humana, visto que a garantia do acesso à justiça deve ser exercida 
de forma tempestiva não permitindo que seus resultados venham tardiamente afetar a vida dos que procuram a justiça. 
Nesse sentido, a imparcialidade do juiz e a brevidade processual relacionam-se diretamente com a efetividade do 
processo e ambos com a paz social. O presente trabalho tem como tema a efetividade do processo à luz do novo 
código de processo civil: garantia à preservação da dignidade humana. Nesse sentido, tem-se por objetivo discorrer 
sobre princípio da dignidade humana, tratando especialmente das reformas no processo civil brasileiro, especialmente 
quanto ao Novo Código de Processo Civil que reforça, em seu texto, o direito de todos os sujeitos de obterem num 
prazo razoável à solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. A metodologia do presente estudo se traduz 
numa pesquisa bibliográfica, qualitativa, realizada por meio de livros, artigos científicos e legislação correlata.
PALAVRAS-CHAVE: Celeridade; Dignidade; Processo. 
INTRODUÇÃO
A nova ordem jurídica que caracteriza um verdadeiro Estado Democrático de Direito, exige 
que sejam assegurados os direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição Federal, 
principalmente os voltados para a dignidade humana. 
O princípio da dignidade humana é considerado fundamento da República Federativa do Bra-
sil, pilar estruturante da organização do Estado Democrático de Direito, além de nortear o ordena-
mento jurídico brasileiro, pois o mesmo é inerente a todo e qualquer ser humano, e garantido como 
direito a partir de sua concepção. Nesse prisma, qualquer norma infraconstitucional que venha ferir 
princípios fundamentais deverá ser considerada inconstitucional.
O presente trabalho tem como tema a efetividade do processo à luz do novo código de pro-
cesso civil: garantia à preservação da dignidade humana. Nesse sentido, tem-se por objetivo tratar 
da razoável duração do processo, da impessoalidade do juiz, da celeridade e a eficácia na presta-
ção jurisdicional. Como objetivos específicos pretende-se discorrer sobre o Princípio da dignidade 
da pessoa humana; tratar da imparcialidade do juiz no Código de Processo Civil, identificar os pro-
28
blemas que afetam a eficácia e a efetividade do processo civil, bem como quanto à efetividade no 
Novo Código de Processo Civil. 
A presente pesquisa pretende analisar a seguinte problematização: Em que medida a lei pro-
cessual ou sua reforma, podem contribuir para dar maior efetividade ao processo? A efetividade 
pode ser entendida como o direito a um processo rápido, seguro e eficaz, proporcionando às partes 
envolvidas no processo a tutela jurisdicional adequada? Os princípios da cidadania e da dignidade 
da pessoa humana constituem-se como essenciais ao exercício do direito ao acesso à justiça, e a 
imparcialidade do juiz pode ser uma garantia voltada à defesa dos indivíduos?
O método utilizado para a presente pesquisa será o indutivo e pesquisa bibliográfica, de na-
tureza qualitativa, realizada por meio de livros, artigos acadêmicos, periódicos, bem como quanto 
à legislação correlata.
1 A IMPARCIALIDADE DO JUÍZ COMO GARANTIA À DIGNIDA-
DE HUMANA
1.1 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
A dignidade da pessoa humana é um princípio constitucional, não se revestindo apenas do 
caráter normativo, acrescendo-lhe aspectos ético-valorativos. Vale lembrar que a dignidade não 
existe apenas onde é reconhecida pelo Direito e na medida em que este a reconhece, já que cons-
titui dado prévio, o Direito poderá exercer papel crucial na proteção e promoção da vida humana, 
não sendo, portanto, sem razão que se sustentou até mesmo a desnecessidade de uma definição 
jurídica da dignidade da pessoa humana, na medida em que, em última análise, se cuida de valor 
próprio e da natureza da pessoa humana. O Direito tem como objetivo proteger a dignidade da 
pessoa humana, a protege e a promove. O princípio da dignidade da pessoa humana é o núcleo de 
todos os direitos fundamentais, é indissociável à vinculação entre a dignidade da pessoa humana 
e os direitos fundamentais, já constitui, por certo, um dos postulados nos quais se assenta o direito 
constitucional contemporâneo 37. 
Os conceitos de direitos fundamentais e dignidade humana são indissociáveis. Inexiste direito 
absoluto no sentido de uma total imunidade a qualquer espécie de restrição, onde, cada pessoa 
humana, em virtude de sua dignidade, é merecedora de igual respeito e consideração no que diz 
com sua condição de pessoa, e que tal dignidade não poderá ser violada ou sacrificada, nem mes-
mo para preservar a dignidade de terceiros. Não afasta certa relativização ao nível jurídico-norma-
tivo. Mesmo prevalecendo em face dos demais princípios do ordenamento não há como afastar a 
necessária relativização do princípio da dignidade da pessoa em homenagem à igual dignidade de 
todos os seres humanos.
37 SARLET, Ingo Wolfgand. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Constituição de 1988. 
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001, p.41.
29
O princípio da dignidade da pessoa humana ao ser analisado pelos dois prismas: sob a óti-
ca de ser tido como absoluto, e sob o ponto de vista de sua relativização, percebe-se claramente 
que o Direito Constitucional consagra a todos os seres humanos a dignidade, em caráter amplo e 
irrestrito, como valor inerente a todo ser humano. Entretanto, tal premissa só foi reconhecida muito 
recentemente, mais precisamente nos últimos duzentos anos. Entende-se o princípio constitucional 
da dignidade humana numa das faces dos direitos humanos, compondo os direitos fundamentais 
de cada Estado, entretanto, não sendo dotado de fundamentação absoluta, por ser um valor de 
conteúdo variável, sensível ao tempo e ao espaço. Contudo, após o advento da Segunda Guerra 
Mundial, a dignidade da pessoa humana passou a ser expressamente garantida em textos consti-
tucionais. 
Quando a Constituição Federal elencou no seu art. 1.º, III, a dignidade da pessoa humana 
como um dos princípios fundamentais da República, consagrou a obrigatoriedade da proteção 
máxima à pessoa por meio de um sistema jurídico-positivo formado por direitos fundamentais e da 
personalidade humana, garantindo assim o respeito absoluto ao indivíduo, propiciando-lhe uma 
existência plenamente digna e protegida de qualquer espécie de ofensa, quer praticada pelo parti-
cular, como pelo Estado. Assim agindo, o Constituinte deixou transparecer de forma clara e inequí-
voca a sua intenção de outorgar aos princípios fundamentais a qualidade de normas embasadoras 
e informativas de toda a ordem constitucional, inclusive (e especialmente) das normas definidoras 
de direitos e garantias fundamentais, que igualmente integram (juntamente com os princípios fun-
damentais) aquilo que se pode – e nesseponto parece haver consenso – denominar de núcleo 
essencial da nossa Constituição formal e material38.
A dignidade da pessoa humana é um valor supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos 
fundamentais do homem, desde o direito à vida e, se podemos definir existência como o modo de 
ser do homem no mundo, a dignidade da pessoa humana é o núcleo da existência humana, valor 
inato, imaterial, essencial, de máxima grandeza da pessoa39.
A dignidade da pessoa humana se consolida na medida em que são respeitados os direitos 
fundamentais e direitos da personalidade, o que importa afirmar que a previsão dos direitos huma-
nos fundamentais direciona-se basicamente para a proteção à dignidade humana em seu sentido 
mais amplo40. Tendo-se em conta a premente necessidade de ter-se uma estrutura jurisdicional 
capaz de responder aos anseios da sociedade atual, torna-se imperativo a verificação de sua efeti-
vidade. Este atributo consiste no fato de a norma jurídica ser observada tanto por seus destinatários 
quanto pelos aplicadores do Direito. 
No mesmo sentido, entende-se que a imparcialidade do juiz deve ser uma garantia voltada 
à defesa dos indivíduos perante o aparato estatal, os quais estariam sobremodo fragilizados caso 
não houvesse juízes imparciais prontos para, quando necessário, obstaculizar o exercício do arbí-
trio pelo Poder Público.Citar a fonte em nota de rodapé.
38 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado. 2002. p. 64.
39 AFONSO DA SILVA. José. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1990. 
6ª. ed. 2ª. tir. p. 93.
40 MORAES, Alexandre. Direitos humanos fundamentais. São Paulo: Atlas, 2002. 4ª. ed. p. 22.
30
Tem-se também a necessidade de se verificar a eficácia e a eficiência nas medidas legais 
propostas pelo legislador brasileiro, visando alcançar direitos e garantias fundamentais. Enquanto 
a efetividade se relaciona ao acesso dos sujeitos ao aparato do Poder Judiciário e à tutela preten-
dida, a eficiência se relaciona à maneira como esse aparato trabalha. Portanto, para se concretizar 
o acesso à ordem jurídica justa, devem estar presentes tanto a efetividade quanto eficiência do 
sistema judicial41. 
1.2 O PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ 
No Estado Liberal, prevalecia o princípio da Legalidade, e o Juiz era conhecido como mero 
aplicador da Lei que não podia criar o direito. O princípio da legalidade está relacionada ao outro 
princípio, o da Segurança Jurídica. A importância da segurança jurídica no Estado de direito como 
elemento de coerência estatal, manutenção da estabilidade política e densidade do direito por ele 
criado. Sem que se tenha um mínimo de estabilidade nas relações jurídicas não há Estado de di-
reito. Nesse contexto, o Estado brasileiro influenciado pela evolução histórica incorporou os ideais 
liberais. O art. 5º, incisos XXXVII e LIII, da Constituição Federal, ao vedar tribunais de exceção 
e determinar que apenas a autoridade competente possa sentenciar, evidencia a ocorrência do 
princípio do juiz natural no ordenamento jurídico brasileiro. Complementarmente, deve-se ter em 
mente que “substancialmente, a garantia do juiz natural consiste na exigência da imparcialidade e 
da independência dos magistrados”.
O novo Código de Processo Civil prevê, nos artigos 134 a 138, os casos em que o juiz será 
considerado imparcial na lide. Assim, a prerrogativa da imparcialidade do juiz decorre do princípio 
do juiz natural, como forma de garantia para o indivíduo, tendo sua origem na defesa contra as ar-
bitrariedades outrora praticadas pelo Estado contra o cidadão.
1.3 FINALIDADES DO PROCESSO CIVIL
O Direito Processual Civil funciona como principal instrumento do Estado para o exercício 
do poder jurisdicional. É um ramo do direito público que reúne o repertório de normas jurídicas 
destinadas ao regulamento da jurisdição, da ação e do processo, criando o repertório fundamental 
para que os conflitos de ordem civil e não especial possam ser devidamente encaminhados. Sua 
aplicação faz-se por exclusão, a todo e qualquer conflito não abrangido pelos demais processos, 
os considerados especiais42. A garantia é constitucional, mas o meio de efetivá-la é processual, por 
meio do direito de ação. Esse direito de ação somente pode ser exercido por intermédio do proces-
so. Disso resulta a importância do processo civil na defesa e proteção dos direitos humanos. Toda 
a defesa dos direitos humanos na órbita civil, há de passar pelo crivo do direito processual civil43. 
41 BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Direito e Processo. Influência do Direito Material sobre o Processo. 6ª 
ed. São Paulo: Malheiros, 2011. p. 62.
42 THEODORO JUNIOR, Humberto. As novas reformas do código de processo civil. 2. ed.
Rio de Janeiro, RJ: Forense, 2007, p.28.
43 SOUZA, Gelson Amaro. Direitos Humanos e Processo Civil. Revista Nacional de Direito e Jurisprudência, 
Ribeirão Preto, v. 64, p. 11-34, 2005. Disponível em: http://gelsonamaro.sites.uol.com.br/artigo7.html
31
Define-se processo, no âmbito do processo civil, como sendo o direito de ação exercido por meio 
deste instrumento. Desse modo, processo é o instrumento da Jurisdição.
A atividade que o Estado exerce, buscando a pacificação do conflito entre as partes é de-
sempenhada sempre mediante o processo44. O processo não é simples apêndice ou acessório das 
normas jurídico materiais, ou mero direito adjetivo, como outrora se pretendia. O processo tem rea-
lidade, substância própria, como fenômeno do universo jurídico. Enaltece o conteúdo teleológico do 
processo e este não é outro senão o alcance da substancialidade social, segundo José Frederico 
Marques: “[...] O processo, como forma de composição de litígios, tem por finalidade propiciar a 
resolução de conflitos de interesse dando a cada um o que é seu e garantindo o triunfo da justiça 
e da liberdade”45.
O processo civil é o complexo de atos coordenados ao objetivo da atuação da vontade da lei, 
(com respeito a um bem que se pretende garantido por ela) por parte dos órgãos da jurisdição or-
dinária. O estudo do processo nasce obrigatoriamente do que vem a ser “atuação da vontade con-
creta da lei”46. Ele via no processo o meio de realização da justiça pelas mãos do Estado, afastando 
a violência privada que lhe antecedeu. Por meio do processo, o juiz a partir da vontade abstrata 
da lei, tal vontade contida na norma, e diante dos fatos, encontrará a vontade concreta da lei para 
a melhor solução aplicável ao caso examinado. 
Como instrumento de atuação do Direito, o processo mantém relação fundamental com o tem-
po, pois a realização do processo move-se no tempo47 através de atos que se sucedem. O direito 
processualiza todas as suas operações: o sistema jurídico utiliza e consome tempo para produzir 
tempo”48. Exercendo a jurisdição, o Estado substitui, como uma atividade sua, as atividades da-
queles que estão envolvidos no conflito trazido à apreciação. Não cumpre a nenhuma das partes 
interessadas dizer definitivamente se a razão está com ela própria ou com outra; nem pode, senão 
excepcionalmente, quem tem uma pretensão invadir a esfera jurídica alheia para satisfazer-se. A 
única atividade admitida pela lei quando surge o conflito é a do Estado que substitui das partes49 
Contudo, não se pode tratar o processo apenas como meio de solução de conflitos, pois pode haver 
processo sem controvérsias (julgamento à revelia, reconhecimento imediato do pedido por parte do 
réu) ou que conflitos também fora do processo se dirimem (agente que impede um ladrão de furtar; 
prefeito que ordena a demolição de uma obra contrária aos regulamentos municipais). Todas essas 
concepções se eivam de um defeito comum, a saber, o de confundir a finalidade atual, imediata, 
constante da atividade processual, com seus resultados remotos e possíveis ou mesmo necessá-
rios (...)”50. Atualmente, utiliza-se também a expressão equivalentes jurisdicionais para designar osmecanismos alternativos de solução de conflitos.
44 CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral 
do processo. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. p. 145.
45 José Frederico MARQUES. Instituições de direito processual civil. Vol I. 2. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1963, p. 33
46 CHIOVENDA, 2000, p. 37.
47 MILHOMENS, Jônatas. Dos Prazos e do Tempo no CPC. Rio de Janeiro: Forense, 1981, p. 5
48 PANNARALE, Luigi. Il diritto e le aspettative. Bari: Edizione Scientifiche Italiane, s/d, p. 60. apud PINTO, 
Cristiano Paixão Araujo. Modernidade, Tempo e Direito. Belo Horizonte: Del Rey, 2002, p. 241.
49 CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2006. p. 146.
50 CHIOVENDA, 2000, p.45.
32
[...] as chamadas vias alternativas são equivalentes jurisdicionais, ou seja, são for-
mas não-jurisdicionais de solução de conflitos e são chamadas de equivalentes por-
que, não sendo jurisdição propriamente dita, funcionam como técnica de tutela dos 
direitos, sanando conflitos ou certificando situações jurídicas51. 
Carnelutti, adepto da teoria unitária do ordenamento jurídico, concebe o objetivo processual 
como a justa composição da lide, compreendida como conflito de interesses, ou mais precisamen-
te, marcada pela ideia de litigiosidade, conflituosidade ou contenciosidade – para definir a existên-
cia de jurisdição52. Assim, o juiz cria a norma individual ou a norma do caso concreto. “O juiz, além 
de aplicar a lei, cria a norma individual (ou a sentença)53. E Hans Kelsen acrescenta:
De modo que a norma individual, fixada na sentença, liga-se necessariamente a uma 
norma superior. A norma individual faria parte do ordenamento, ou teria natureza 
constitutiva, apenas por individualizar a norma superior para as partes. Criar uma 
norma é, portanto, ao mesmo tempo, aplicar uma outra norma; o mesmo ato é, si-
multaneamente, de criação e de aplicação do direito54
Para indicar um método para a formação ou para a aplicação do direito que visa a garantir o 
bom resultado, ou seja, uma tal regulação do conflito de interesses que consiga realmente a paz 
e, portanto, seja justa e certa: a justiça deve ser a qualidade exterior ou formal; se o direito não é 
certo, os interessados não sabem; e se não é justo, não sentem o que é necessário para obedecer. 
Assim como o objetivo de alcançar a regulamentação justa e certa é necessária uma experiência 
para conhecer os termos do conflito, uma sabedoria para encontrar seu ponto de equilíbrio, uma 
técnica para aquilatar a fórmula idônea que represente esse equilíbrio, a colaboração das pessoas 
interessadas com pessoas desinteressadas está demonstrada para tal finalidade como um método 
particularmente eficaz”55.
As funções do legislador e do juiz devem ser radicalmente separadas, ou melhor, atribui-se 
ao legislador a criação do direito e ao juiz a sua aplicação. A solução do conflito é consequência da 
atuação da vontade concreta da lei. A jurisdição, no processo de conhecimento, consiste na substi-
tuição definitiva e obrigatória da atividade intelectual não só das partes, mas de todos os cidadãos, 
pela atividade intelectual do juiz, ao afirmar existente ou não existente uma vontade concreta de lei 
em relação às partes. Assim, a função do juiz é aplicar a vontade da lei ao caso concreto não crian-
do, jamais, a norma individual ou a norma do caso concreto, não se podendo confundir aplicação 
da norma geral ao caso concreto com criação da norma individual do caso concreto. 
A solução do conflito não advém, necessariamente, da atividade processual: pode o interesse 
de uma parte ser satisfeito pela via substitutiva da atividade estatal, pouco importando se os ânimos 
se acalmaram ou não. CHIOVENDA Conclui a crítica afirmando que 
“se por justa-composição se entende que é conforme a lei resolve-se na atuação da vontade 
da lei; se, porém, se entende uma composição qualquer que seja, contanto que ponha termo 
à lide, deve-se radicalmente repudiar uma doutrina que volveria o processo moderno, inteira-
mente inspirado em alto ideal de justiça, ao processo embrionário dos tempos primitivos, só 
51 DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil I – Teoria Geral do Processo e Processo de 
Conhecimento. 11ª ed. Salvador: Podvm, 2009, P.28.
52 CARNELUTTI, Francesco. Direito Processual Civil e penal. V.1,Campinas, Péritas, 2001, p. 40.
53 KELSEN,Hans. Teoria geral do direito e do Estado, São Paulo: Martins Fontes, 1990, p. 165. 
54 Idem, p.109.
55 CARNELUTTI, Francesco. Instituições do Processo Civil. Vol. I. Tradução de Adrián Sotero De Witt Batista. 
São Paulo: Classic Book, 2000, p.72.
33
concebido para impor a paz, a todo custo, aos litigantes” 56.
Para Liebman, estas posições antagônicas entre Chiovenda e Carnelutti, são vistas como 
complementares acerca da finalidade do processo. Mais recentemente, vê-se o processo como 
instrumento para uma ampla realização da justiça. Enxerga-se no processo um instrumento para 
atingir os fins sociais, jurídicos e políticos que o Estado busca alcançar por meio da jurisdição. Entre 
os fins sociais está a pacificação com justiça. O direito como um todo – e não só o processo – é 
voltado para permitir a convivência pacífica em sociedade.57 O processo é instrumento predisposto 
ao exercício do poder e este consiste na capacidade de decidir e impor decisões58, percebendo-se 
a educação entre os fins sociais. Os fins políticos podem ser resumidos na afirmação do poder de 
decidir do Estado, no culto ao valor liberdade e na participação dos cidadãos nos destinos da so-
ciedade política59 . 
A finalidade jurídica, por sua vez, reside na atuação da vontade concreta do Direito60. Se a ju-
risdição estatal tem seus escopos sociais, jurídicos e políticos, e sendo o processo o instrumento de 
jurisdição, cobra-se dele um modo de ser apto a permitir a realização daqueles, ao mesmo tempo 
em que se espera que seja ao máximo acessível a todos os jurisdicionados.
2 O DIREITO PROCESSUAL CIVIL E A EFETIVIDADE DO PRO-
CESSO NO BRASIL
2.1 IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS QUE AFETAM A EFICÁCIA E A 
EFETIVIDADE DO PROCESSO CIVIL
O ponto de partida está na dificuldade do acesso à justiça. “Primeiro, o sistema deve ser 
igualmente acessível a todos; segundo, ele deve produzir resultados que sejam individual e so-
cialmente justos “.61 Justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta. A tutela 
intempestiva do direito muitas vezes impõe o próprio perecimento deste, constituindo a demora em 
um verdadeiro ônus à parte mais fraca, sendo o tempo um inimigo do processo, contra o qual todos, 
partes e estado, devem lutar de forma obstinada62. Outro grande problema é percebido quando da 
ausência de manifestação do Poder Legislativo, pois a tal poder é incumbido a função de elaborar 
leis regulando a vida em sociedade, mas que não é cumprida gerando uma série de questões pro-
blemáticas que devem ser solucionadas. 
A fim de se combater a lentidão processual e ainda o descompasso muitas vezes encontrado 
entre a lei e a realidade fática, muitos doutrinadores têm se ocupado dos mecanismos aptos a tan-
56 CHIOVENDA, 2000, p. 45-46.
57 DINAMARCO, C. A Instrumentalidade do Processo. São Paulo, 1998, p. 223.
58 Idem, p.179.
59 Idem, ibidem, p. 224-225
60 Idem, ibidem, p. 294 e ss
61 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Tradução de Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: 
Sérgio Antonio Fabris Editor, 1988,p.8.
62 CARNELUTTI, Francesco. Diritto e processo. Napoli, Morano, 1958.
34
to, que podem ser sintetizados, em: a) mecanismos endoprocessuais de repressão à chicana; b) 
mecanismos de aceleração do processo; e c) mecanismos (jurisdicionais) de controle externo da 
lentidão63. 
Há mais de vinte anos o legislador brasileiro tem se engajado na reforma da sistemática pro-
cessual no Brasil. A ritualística excessivamente formal veio progressivamente sendo substituída 
por mecanismos mais flexíveis e céleres, desde a instalação dos juizados especiais até, a extinção

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