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AULA 03 03/05/2016 SERVIÇOS E AS FORÇAS COMPETITIVAS Segundo Porter, a competição em determinado setor é influenciada por um conjunto de cinco principais forças competitivas, ilustradas na figura a seguir: SERVIÇOS E AS FORÇAS COMPETITIVAS Neste contexto, ter poder de competitividade significa ser capaz de minimizar as ameaças de empresas ingressantes no mercado ou de serviços substitutos, vencer a rivalidade imposta por empresas concorrentes, ganhando e mantendo fatias do mercado, assim como ser capaz de reduzir o poder de barganha de fornecedores e consumidores. 1 - FORMAÇÃO DE BARREIRAS À ENTRADA DE CONCORRENTES Vários autores discutem alternativas na formação de barreiras à entrada de concorrentes no mercado. Serão analisadas aquelas principalmente utilizadas por empresas de serviços. 1.1 - Economias de Escala É refletido no baixo custo em detrimento de alta produção. Exemplos Empresa aérea Empresa de propaganda. Franchising (franquias) Empresas menores e menos qualificadas não conseguem ofertar a mesma qualidade e quantidade. 1.2 – Relação entre capacidade disponível e fatia de mercado A participação de uma empresa no total da capacidade colocada disponível em determinado mercado tem efeitos cumulativos na parcela de mercado obtida por essa empresa. Exemplo: Aviação comercial (excedente de capacidade em relação à demanda torna a empresa mais flexível) Cria barreiras à entrada de concorrentes com menor capacidade de investimento, cuja alternativas passam a ser elevar a qualidade do serviço ou reduzir preços. 1.3 – Diferenciação de Serviços Não é fácil de ser aplicada pois um serviço é facilmente copiável. A estratégia de diferenciação está mais ligada ao nível de qualidade do serviço prestado, o qual pode ser difícil de ser igualado, pois depende da competência na gestão de operações. Dificilmente um ingressante irá quebrar a lealdade dos consumidores às empresas consideradas excelentes em seu campo de atuação. 1.4 – Criação de Custos de Troca (Switching Costs) Fazer com que seja difícil para os clientes trocarem de fornecedor. Como dizia um certo professor: Qual é o custo do divórcio? Se você possui altos custos de troca, tem uma proteção. Empresas que pretendem entrar no mercado necessitam tentar reduzir os custos de troca, o que pode ser exemplificado por uma empresa de seguro que oferece bônus a um novo cliente em função do período sem utilização de um seguro enquanto cliente de outra empresa. 1.5 – Redes de distribuição Os efeitos da formação de uma rede de distribuição para o serviço constituem oportunidades importantes de ganhar vantagens competitivas. Principalmente em setores onde a empresa liga compradores e vendedores como: Transporte e viagem (rede de rotas de transporte terrestre); Comunicação (redes de lojas de empresas de transporte como UPS e redes de televisão a cabo); Administração de Cartões de Crédito (rede de estabelecimentos conveniados); Bancos (redes de agências); Distribuição de produtos (rede de lojas de supermercados). 1.5 – Redes de distribuição a empresa que primeiro fizer investimento na formação de uma rede gozará de vantagens competitivas por longo prazo quando considerarem como elementos importantes: a lealdade do consumidor, os custos de troca e, os padrões de comportamento. Este efeito pode ser constatado pela tendência crescente de proliferação do sistema de franchising). 1.6 – Tecnologia de Informação e Base de Dados Esta alternativa de fonte de barreiras à entrada de concorrentes refere-se: À coleta de dados e informações sobre o serviço e sobre os clientes (conhecimento sobre a atividade e sobre as necessidades e expectativas dos consumidores) Investimento em desenvolvimento de tecnologia específica como: Empresas aéreas que distribuíram terminais de computador às agências de viagens para a aquisição de passagens. Nos dois casos o benefício conseguido custa muito a ser alcançado e mantido, desincentivando empresas ingressantes. 2 – REAÇÃO EM FACE DE SERVIÇOS SUBSTITUTOS Serviços substitutos são aqueles que procuram atender à parte fundamental do conjunto de necessidades dos consumidores, constituindo serviços diferentes. A identificação de serviços substitutos parte da determinação da parte fundamental do conjunto de necessidades, o que pode ser feito através da desagregação do serviço nos componentes do “pacote” que o forma: Instalações de apoio (recursos físicos, instalações) Bens facilitadores (materiais que são consumidos) Serviço explícito (benefícios prontamente percebidos) Serviço implícito (benefícios psicológicos). Instalações de apoio Hospital: prédios, leitos, equipamentos de radiografia. Cia. Aérea – aeronave, terminal, computadores. Restaurante: prédio, mesas, equipamentos de cozinha. Escola: prédio, laboratórios, retroprojetor. Bens facilitadores Hospital: refeições, remédios, seringas, ataduras. Cia. Aérea – bilhetes, refeições, revistas. Restaurante: comida, bebida, brindes. Escola: apostilas, material de aulas práticas, certificado. Serviços explícitos Hospital: atendimento, tratamento. Cia. Aérea – transporte, atendimento no balcão. Restaurante: divertimento, fornecimento de comida. Escola: fornecimento de informações, ensino. Serviços implícitos Hospital: ambientes, informação. Cia. Aérea – segurança, status. Restaurante: ambiente, status. Escola: status. COMPONENTES DO PACOTE DE SERVIÇOS Exemplificando: O serviço de entrega de pizzas a domicílio substitui uma pizzaria para aqueles consumidores que priorizam o componente “bem facilitador” (a pizza) do pacote de serviços da pizzaria. Para os consumidores que procuram o ambiente da pizzaria, ou seja, o convívio social, a música, o atendimento, a despreocupação com a arrumação das mesas, etc. aquele serviço não é substituto. 2 – REAÇÃO EM FACE DE SERVIÇOS SUBSTITUTOS Uma reação adequada à ameaça de serviços substitutos é buscar excelência naqueles fatores que o segmento de consumidores pretendido prioriza o que o serviço substituto não provê. 3 - REDUÇÃO DO PODER DE BARGANHA DE CONSUMIDORES Segundo Porter, um grupo de consumidores é poderoso quando: Sua participação nas vendas da empresa fornecedora é grande; Quando os consumidores têm total informação sobre o mercado (preços, custos, demanda, ente outros); Os produtos ou serviços comprados representam parcela significativa de seus custos; Quando os clientes oferecem ameaças de integração vertical para trás; Quando a margem de lucro de seus clientes é pequena; Quando a qualidade do produto ou serviço é pouco importante; o produto ou serviço é não diferenciado; Quando não há custos na mudança (swithing costs) de fornecedores. 3 - REDUÇÃO DO PODER DE BARGANHA DE CONSUMIDORES A ideia de poder de barganha entre fornecedores e compradores tem sido combatida em função das vantagens obtidas por uma relação cooperativa entre ambos. Mais do que tentarem tirar proveito individual no relacionamento que mantêm, compradores e fornecedores devem dar-se conta de que fazem parte de uma rede de suprimentos de produtos e/ou serviços, cujo objetivo maior é atender o consumidor final, aquele que remunera toda a rede. 3 - REDUÇÃO DO PODER DE BARGANHA DE CONSUMIDORES A idéia é que fornecedores e compradores preocupem-se em gerir a rede de suprimentos na qual estão inseridos, procurando fazer com que cada fornecedor dentro da rede atenda seuscompradores com um desempenho tal que maximize a contribuição destes últimos para o desempenho da rede como um todo. 3 - REDUÇÃO DO PODER DE BARGANHA DE CONSUMIDORES Neste sentido, dedicar-se a um determinado cliente e trocar informações não seria um risco de perda de competitividade, mas uma oportunidade de bem atender o cliente, capacitando-o, por sua vez, a atender bem seus clientes, e assim por diante. 3 - REDUÇÃO DO PODER DE BARGANHA DE CONSUMIDORES Esse tipo de cooperação vertical elimina a ameaça de integração vertical para trás, por parte dos compradores. O que se vê, atualmente, é uma tendência grande de “terceirização”, também de produtos, mas principalmente de serviços, em que mais e mais empresas procuram passar para fornecedores confiáveis os serviços que fogem de seu foco de atuação, não constituindo o cerne daquilo que oferecem ao mercado. 3 - REDUÇÃO DO PODER DE BARGANHA DE CONSUMIDORES Quando se trata de prestar serviços a consumidores finais, reduzir-lhes o poder de barganha significa oferecer um serviço diferenciado, assim como criar custos de troca. Neste caso, as operações exercem papel fundamental, pois é através da excelência nas operações que se pode oferecer um serviço diferenciado que obtenha a lealdade dos consumidores, gerando uma espécie de switching costs, e fazendo com que a qualidade do serviço prestado seja relevante para o desempenho ou satisfação dos consumidores. 3 - REDUÇÃO DO PODER DE BARGANHA DE CONSUMIDORES No caso de serviços, existe ainda outro fator de poder de barganha dos consumidores, o qual decorre das características dos consumidores de serviços de se apoiarem em depoimentos pessoais para avaliação pré-compra de um serviço, além do alto poder de multiplicação de depoimentos desfavoráveis de consumidores insatisfeitos. Só a excelência na tarefa de atender às expectativas dos consumidores pode minimizar os efeitos danosos de um cliente insatisfeito. 4 - REDUÇÃO DO PODER DE BARGANHA DE FORNECEDORES O poder de barganha dos fornecedores decorre de condições que, em geral, estão fora do controle da empresa. A integração vertical para trás e a eliminação dos custos relativos à mudança de fornecedores são estratégias que podem diminuir o poder dos fornecedores. Valem, também, nesse caso, as observações já feitas a respeito do relacionamento cooperativo entre fornecedores e compradores. 5 - COMPETIÇÃO ENTRE CONCORRENTES EXISTENTES Este é o caso em que as operações têm praticamente total responsabilidade pelo poder de competitividade sustentado. Estratégias de competição por preço são normalmente instáveis, podendo deixar o setor industrial como um todo numa situação pior, em virtude da redução das margens de lucro das empresas. 5 - COMPETIÇÃO ENTRE CONCORRENTES EXISTENTES Outra estratégia, as batalhas de propaganda, podem ter, principalmente no caso de serviços, um efeito muito prejudicial. A avaliação de qualidade do consumidor é baseada na comparação entre a expectativa formada e a percepção que o consumidor tem do serviço prestado. Em uma batalha de propaganda, as empresas empenham-se em fazer o consumidor acreditar que seus serviços têm qualidade superior, gerando expectativas altas nos consumidores, as quais podem não ser atendidas. 5 - COMPETIÇÃO ENTRE CONCORRENTES EXISTENTES Se num primeiro momento, a propaganda agressiva pode fazer crescer a demanda, sem dúvida não será uma estratégia que por sí só sustente o poder de competitividade, caso não seja acompanhada de uma estratégia de operações que permita criar nos consumidores uma percepção do serviço, compatível com a expectativa formada. 5 - COMPETIÇÃO ENTRE CONCORRENTES EXISTENTES As estratégias de competição devem, então, ser baseadas: na diferenciação, no aumento na qualidade do serviço prestado, e na criação de switching costs, principalmente baseados em lealdade dos consumidores a um serviço excelente. O sucesso destas estratégias depende basicamente do desempenho da função de operações.
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