Buscar

AULA 04-Políticas Econômicas no Brasil

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 04 - ANÁLISE DAS POLÍTICAS ECONÔMICAS NO BRASIL
Autor(a): Gustavo Casseb Pessoti
Olá,
Como vai você? Espero que bem e principalmente estudando os assuntos passados! Esta é uma aula muito importante sobre políticas econômicas, com destaque para as políticas fiscal, monetária e cambial. A análise desses instrumentos é a chave para entender como as decisões econômicas de um governo são diretamente afetadas pela conjuntura interna e externa, e como elas interferem em nosso dia a dia, no nosso bolso e nos nossos planos.
A política econômica é o conjunto de todos os instrumentos de que dispõe um governo para sua intervenção na economia. Essa intervenção pode ser dar com o propósito de aumentar o desenvolvimento econômico ou simplesmente gerar crescimento da atividade econômica e estabilidade nos preços. Esses assuntos serão complementados em nossa aula seguinte. Por hora, entendamos que o Estado assume a função importante na economia, buscando alocar os recursos escassos na direção de projetos que diminuam as desigualdades econômicas, promovam o aumento do emprego e da renda circulante na economia, gerando bem estar social. E isso é feito através das políticas econômicas.
Até antes de 1980 as políticas econômicas do Brasil tinham como objetivo maior a criação de um ciclo econômico sustentável e necessário para o desenvolvimento econômico. Se pesquisarmos alguns planos e programas implementados como o Plano de Metas de Juscelino, o Plano SALTE e os Programas Nacionais de Desenvolvimento da era militar, perceberemos que o foco da participação do governo na economia era acabar com os gargalos que impediam o desenvolvimento do país. As políticas econômicas daquelas épocas visavam investimentos pesados por parte do setor público em setores considerados estratégicos como a infra-estrutura, energia, transportes e na indústria de base (metalurgia e siderurgia).
Não por acaso, o final dos anos 1960 e início dos 70 é batizado como a época do milagre brasileiro, período em que a economia nacional crescia a taxas superiores a 5% anual, expandindo a oferta de trabalho e gerando maior volume de renda, traduzido por grande expansão no PIB per capita do Brasil. Essa era a época em que as políticas econômicas tinham um propósito desenvolvimentista.
A partir da segunda metade da década de 1980, a economia brasileira entra num colapso jamais percebido ao longo de toda a sua história contemporânea. A crise da dívida externa, em função do aumento dos gastos públicos do governo em épocas anteriores, fez com que o país enfrentasse uma grande dificuldade de financiamento do seu desenvolvimento. Em paralelo, observa-se uma grande explosão nos níveis da inflação interna. O desemprego em alta, a inflação e o baixo dinamismo da economia brasileira nesse período, batizaram os anos 1980 como a década perdida. Nessa época, o PIB per capita despencou e as relações do Brasil com o resto do mundo reduziram-se a quase nada. Naquela época, todo o comércio internacional do Brasil representava apenas 1% da corrente de comércio do mundo, uma taxa muito insignificante para um país com tanto potencial econômico como o Brasil.
Como resposta desse período conflituoso, diminuíram-se os investimentos externos no país e o governo brasileiro passou por uma necessidade: priorizar as políticas econômicas para o controle da inflação. Nessa época, a intervenção das políticas econômicas tinha um novo foco: as políticas saíram do propósito de propiciar as condições para o desenvolvimento e passaram a enfatizar o controle macroeconômico. Essas políticas são as que hoje em dia são aplicadas pelo governo brasileiro. Vamos agora entender um pouco mais de cada um desses instrumentos, pois eles nos ajudam a entender a dinâmica da atuação do governo na economia.
Para tentar atingir os principais objetivos econômicos traçados, quais sejam, um crescimento econômico, com equidade e controle do nível de preços, o governo do país utiliza três políticas econômicas principais: a política fiscal, a política monetária e a política cambial.
Cada uma dessas políticas econômicas tem seu próprio objetivo e seu mecanismo de intervenção. A política fiscal, por exemplo, é aquela em que o governo utiliza com programas sociais e econômicos, os recursos que arrecadou de toda a sociedade por meio de impostos e tarifas. Gastar seus recursos com programas e assistências e arrecadar tributos sob a atividade econômica significa que o governo está exercendo o seu mecanismo fiscal de intervenção. Na política monetária, o governo controla a quantidade de moeda em circulação com o objetivo evitar o aumento nas transações econômicas e segurar o nível dos preços.
Assim, quando o governo retira a moeda de circulação, por exemplo, subindo a taxa de juros e tornando as aplicações financeiras mais rentáveis, ele o faz por meio de sua política monetária. Já na política cambial, o governo fixa “níveis ótimos” na relação entre o valor de face do Real (moeda brasileira) em comparação ao valor de outras moedas mundiais (normalmente o dólar e Euro são os valores de referência). Esse controle objetiva regularizar o fluxo de entrada e saída de divisas do país, por meio de exportações e importações.
Toda vez que o governo gastar com suas diversas políticas públicas mais do que arrecadar com todos os impostos diretos (aqueles que incidem diretamente sobre a renda o patrimônio, tipo o imposto de renda, o IPTU e o IPVA) e indiretos (aqueles que incidem sobre os preços das mercadorias que consumimos, dos quais o ICMS é o principal), dizemos que ele produziu um déficit orçamentário ou déficit público. Quando os déficits públicos são elevados, isso significa que o governo gasta mais do que arrecada, por tanto tem uma grande importância na renda que é gerada internamente em um determinado país.
Imagine que o déficit do governo esteja atrelado ao programa Bolsa Família. Diminuir esse déficit significaria reduzir o volume de famílias beneficiadas, diminuindo dessa forma o consumo da economia e sinalizando para os investidores, de forma negativa, que o momento deve ser de cautela. Assim, nesse caso extremo, observamos que nem todo o déficit público é prejudicial à economia. Isso depende não só da natureza do gasto e dos programas implementados pelo Estado, mas também da capacidade futura de pagamento desse déficit.
A medida de referência para medir o déficit público, e por tabela o endividamento do governo, é a relação dívida/PIB. Se esse percentual for muito elevado, estaremos diante de uma situação de que o país terá dificuldade de financiamentos para outras atividades e programas, pois uma parte de toda a sua produção econômica será necessária para honrar compromissos “velhos”. Então, devemos ver com cautela o aumento do déficit público, pois como vimos nos conceitos anteriores, essa dívida que fica passa por uma correção monetária e pela atualização de taxas de juros, dificultando que novas ações sejam tomadas antes do pagamento aos devedores. Um alto endividamento do setor público foi a razão do insucesso da economia brasileira na década de 1980, que apresentou baixo dinamismo econômico e alta inflação.
Falando em inflação, é importante mencionar que o volume de dinheiro injetado na economia através das políticas econômicas tem também a possibilidade de, longe de alcançar um objetivo positivo, acabar por incentivar o aumento de preços.
Voltemos ao nosso caso da Bolsa Família e suponhamos que o governo decida continuar com uma política fiscal expansionista, aumentando gastos com programas, independente do volume de impostos arrecadados. Nesse caso, teríamos uma situação prejudicial ao governo, pois com o aumento do déficit ele terá dificuldade de implementar novos programas. Mas, além disso, com uma quantidade muito grande de dinheiro em circulação, há uma tendência de que as pessoas comecem a gastar mais e mais e isso provoque um aumento nos preços dos diversos itens da economia, gerando a inflação. Assim sendo, um descontrole nos gastos públicos pode ter como efeito colateral um aumentoda inflação na economia.
Para evitar que isso aconteça, surge um novo instrumento de política econômica que tem como objetivo fazer com que a economia cresça, mas sem com isso aumentar também o nível de preços gerando inflação. Estamos falando da política monetária, isto é, a intervenção do governo controlando a liquidez (volume de moeda em circulação) do sistema econômico de forma racional e equilibrada aos demais objetivos das políticas econômicas. Nesse sentido, ganha uma importância cada vez mais crescente a política monetária, como principal instrumento econômico para combate à inflação e aumento da renda sem necessariamente aumentar a participação do setor público na economia, como o faz a política fiscal.
A política monetária do governo é desenhada por uma instância governamental chamada de Conselho Monetário Nacional e executada pelo principal órgão componente desse conselho que é o Banco Central do Brasil. O Banco Central, no controle monetário tem as seguintes funções: emissão moeda; depositário de reservas internacionais que chegam das relações do país com o resto do mundo; guardião das reservas monetárias dos bancos comerciais como Bradesco, Itaú, etc; é responsável pelos empréstimos para instituições financeiras com problemas de caixa; é responsável pelo controle seletivo do crédito que é disponibilizado no Brasil pelos bancos de investimento, como o BNDES. É também o banqueiro do governo, pois é depositário dos recursos captados pela União sob a forma de receitas tributárias (isto é, os impostos arrecadados pelo governo ficam no Banco Central).
No Brasil, principalmente depois do Plano Real, o grande objetivo da política monetária é a estabilização dos preços, mesmo que isso signifique diminuir um pouco a intensidade do crescimento econômico. Traumatizado com a época em que a inflação atingia 2.000% (isso mesmo, dois mil pontos percentuais ao ano, como na época do governo Collor em 1991), o governo brasileiro não flexibiliza a política monetária brasileira, de forma que, se for preciso sacrificar o crescimento econômico para manter a meta de inflação, a equipe econômica do governo não vai pensar duas vezes. A meta de inflação do Brasil é de 4,5% ao ano, com uma flexibilidade dois pontos percentuais, podendo no máximo atingir 6,5% ao ano. Em 2002, a inflação no Brasil atingiu 10% o que significou uma mudança no rigor da política monetária desde os inícios do governo Lula.
Para realizar a política monetária, o Banco Central utiliza instrumentos qualitativos e quantitativos. Os primeiros são aqueles que modificam a disponibilidade de crédito para as agências de fomento e bancos de desenvolvimento. Os segundos são aqueles que têm como missão regular a oferta de moeda na economia. Entre esses instrumentos estão as taxas de juros, as operações de open market (compra e venda de títulos públicos) e as operações de controle das reservas dos bancos comerciais, para que estes não emprestem dinheiro para a sociedade acima do permitido para não gerar inflação.
No Brasil, o principal instrumento de controle monetário é a taxa de juros. Todos os meses, nós, economistas, aguardamos ansiosamente qual será a decisão do Banco Central em relação às taxas de juros cobradas no sistema financeiro. A depender do comportamento da Taxa SELIC, que é a taxa que serve de referência para o sistema financeiro brasileiro, sabemos se o Banco Central quer aumentar a liquidez da economia para incentivar o consumo ou se o objetivo é segurar os preços da economia, de forma a evitar a inflação. E o instrumento para isso é a taxa de juros. Entendamos a lógica desse instrumento.
	O que é a taxa juros?
De maneira bastante simplificada, podemos dizer que é a remuneração que o sistema financeiro paga para que você, consumidor, abra mão de ter seu dinheiro (na mão) para realizar transações e o deixe aplicado em poupança ou em algum título público. Assim, quando a taxa de juros se eleva, aqueles que têm dinheiro aplicado conseguem um ganho adicional no mercado financeiro.
E o que o Banco Central faz é bastante intuitivo. Quando ele quer restringir a oferta de moeda na economia, para evitar a alta nos preços, aumenta a taxa de juros. Esse aumento faz com que muitas pessoas deixem de comprar e passem a poupar para ganhar no mercado financeiro. Quando esses compradores diminuem o volume das compras, os empresários não têm outra saída senão abaixar os preços para não provocar uma queda no consumo. Além disso, quando as taxas de juros estão altas, as pessoas têm mais dificuldade de conseguir empréstimos bancários, pois estes ficam muito caros e diminuem a procura pelo dinheiro de forma a causar pouca pressão sobre a inflação.
Assim, quando o Banco Central quer elevar o consumo da sociedade ou aumentar a disponibilidade de crédito, basta que diminua a taxa de juros. Todos aqueles poupadores vão se sentir desestimulados a manterem o dinheiro parado e voltarão a realizar gastos na economia, pois com a queda na taxa de juros pode ser que o custo de oportunidade de deixar o dinheiro parado seja muito alto e valha mais a pena realizar aquele gasto que você gostaria, em relação a um bem ou serviço da economia.
Perceba, dessa forma que quando as taxas de juros aumentam e o consumo diminui, há uma pressão sobre o desempenho da economia que pode ter uma baixa taxa de crescimento em função do maior estímulo à poupança em detrimento do consumo. No caso contrário, quando as taxas de juros baixam o consumo é incentivado e com isso aumenta a possibilidade do país apresentar uma taxa de crescimento elevada. Isto é, o governo tem que escolher entre crescimento e inflação. No caso do Brasil, a idéia é do crescimento sem inflação. Caso a inflação ameace a estabilidade econômica, a equipe do governo aumenta a taxa de juros, pois o objetivo da política monetária do Plano Real é a estabilização nos preços, custe o que custar.
No Brasil, as taxas de juros sempre estiveram sujeitas a algum tipo de interferência governamental, por causa da prevenção existente, em certos setores, contra a rentabilidade do capital financeiro. Durante muito tempo houve uma lei de Usura que estabelecia limites para as taxas de juros. Ainda hoje, a Constituição Federal estabelece um teto de 12% a.a. para os juros, embora tal teto não tenha sido obedecido, nem mesmo pelo governo federal, em suas operações da dívida interna.
PRINCIPAIS TAXAS DE JUROS DO MERCADO BRASILEIRO
Taxa Referencial (TR): é uma taxa básica criada com o propósito de estabelecer um patamar móvel para fundamentar as demais taxas de juros. A variação da TR decorre tanto de modificações na inflação esperada, quanto no custo básico do capital.
Taxa Básica Financeira: corresponde à média das taxas de juros do CDBs das 30 maiores instituições financeiras do país, sendo as duas extremas (a maior e a menor) expurgadas do cálculo.
Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP): é fixada pelo BACEN e aplicável às operações financeiras de longo prazo realizadas pelo BNDES.
A taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) expressa na forma anual, é a taxa média ponderada pelo volume das operações de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e realizadas no SELIC, na forma de operações compromissadas. É a taxa básica utilizada como referência pela política monetária.
Taxa Over/CDI: é a taxa referente às transações de um dia realizadas com os Certificados de Depósitos Interbancários
Taxa CDB: é a taxa dos Certificados de Depósitos Bancários, principal taxa de captação de recursos dos bancos comerciais, incidindo sobre os depósitos de alto valor e de prazo fixo (30/60 dias). Influencia decisivamente as taxas dos empréstimos bancários.
Assim, as taxas de juros desempenham um papel fundamental na política econômica, não somente porque influenciam o investimento, consumo e a poupança, internamente influenciando o produto, o emprego e o crescimento econômico, mas também porque podem servir de instrumento para o combate à inflação de demanda. Os juros influenciam ainda na determinaçãodo déficit operacional do governo e no estoque da dívida pública (aquela dívida que o governo ainda não pagou e que sobre a qual incide a correção monetária e a taxa de juros), engessando o efeito de uma política fiscal expansionista.
As políticas econômicas do governo terão também como objetivo incentivar o aumento da produtividade e a expansão tanto do mercado interno quanto do nosso volume de comércio com o exterior, reduzindo a vulnerabilidade da economia brasileira a choques externos. Por isso, uma nova modalidade de política que tem como principal atribuição tornar mais competitivos os produtos nacionais no exterior, ganha importância na determinação do equilíbrio econômico: a política cambial.
O avanço do comércio internacional possibilita aos países que se inserem com maior ou menor intensidade uma série de vantagens econômicas, das quais destacamos algumas:
especialização na produção de bens com maior vantagens comparativas (menor custo de produção) de forma que o comércio entre os países potencializa o ganho da eficiência produtiva;
diversificação de produtos que o cidadão tem acesso;
diversificações de opções de investimentos (em bolsa de valores ou produtivos,) reduzindo-se o risco do negócio;
ampliação da concorrência, limitando o poder de oligopólios nacionais; e
controle da inflação em função da concorrência com o produto internacional (normalmente mais barato) que obriga um rebaixamento dos preços nacionais para não perder mercado.
As transações internacionais são influenciadas pelos preços internacionais. Os dois preços internacionais mais importantes são a taxa de câmbio nominal e a taxa de câmbio real.
Taxa de câmbio nominal: é a taxa à qual se pode trocar a moeda de um país pela moeda de outro país;
Taxa de câmbio real: é a taxa à qual se pode trocar os bens e serviços de um país pelos bens e serviços de outro país, ou seja, compara o preço de bens domésticos e internacionais na economia doméstica. A taxa de câmbio real é o preço em reais de uma cesta de bens estrangeiros, em relação à uma cesta brasileira.
A taxa de câmbio real é um fator chave na determinação de quanto um país exporta e importa. Ela é dada pela seguinte fórmula. Não se assustem com a fórmula, pois nós vamos exemplificar como ela funciona e qual o seu significado.
Exemplo:
Preço de um automóvel produzido no Brasil = R$ 15.000,00
Preço de um automóvel produzido nos EUA = US$ 12.000,00
e = taxa de câmbio nominal = R$ 1,00/US$ 1,00
R = taxa de câmbio real = (1,00 X 12.000) / 15.000 = 0,8
Conclusão: o automóvel norte-americano é 20% mais barato que o brasileiro. Nesse caso, a depender dos custos de transação (frete, seguro, necessidade do bem, imposto de importação) valeria a pena comprar o produto norte-americano em detrimento da produção nacional. Exatamente por isso a política de câmbio tenta impedir que esse produto nacional fique mais caro que o importado, para que não percamos mercado consumidor externo. Num caso como esse, a melhor forma de garantir o aumento nas vendas externas é desvalorizar o câmbio nominal (e), pois com isso o carro brasileiro, deste exemplo em particular, ficaria mais barato aos preços da moeda internacional. Assim, o governo teria que agir para que a paridade real/dólar aumentasse (desvalorização), isto é, R$2,00 = US$1,00.
Não por acaso, os setores exportadores estão “sangrando” com a atual valorização da moeda nacional que, desde o início de 2008, antes da crise mundial, esteve com uma cotação média de US$1,00 = R$1,65. Quanto mais forte a moeda melhor para importar produtos do exterior, pior para exportar. Quando exportamos recebemos divisas do resto do mundo; quando importamos, mandamos divisas para o resto do mundo.
Existem diversos tipos de câmbio, mas apenas dois tipos são mais usados, são eles o câmbio fixo e o flutuante. No regime de taxas fixas, o Banco Central tem a função de comprar ou vender moeda estrangeira, que muitas vezes é o dólar em um preço fixo em moeda nacional. No regime flutuante, a taxa de câmbio se altera de acordo com a oferta e necessidade do mercado.
Apesar da definição da taxa de câmbio flutuante não mencionar a participação do governo na determinação da taxa de câmbio de equilíbrio que é determinada pelo mercado de divisas (oferta e de demanda). Na prática podem ocorrer duas situações em que esta atuação do governo acaba acontecendo mesmo com o câmbio flutuante:
Dirty Floating: (mais adotado) regime de câmbio flutuante, mas com intensa atuação do Banco Central, na venda e na compra, que procura mantê-la em níveis relativamente estáveis;
Minibanda Cambiais: o regime é flutuante, porém dentro de limites fixados pelo Banco Central.
No caso brasileiro, o regime atualmente vigente é o de câmbio flutuante (sujo), pois quando a cotação da moeda brasileira começa a disparar em relação ao dólar, o Banco Central começa a comprar ou vender dólares de suas reservas internacionais para equilibrar uma paridade que seja adequada para sua política cambial, mas que também não provoque inflação.
A inflação do Brasil também está relacionada com o Dólar? Sim, infelizmente está só para mostrar como são complexas as relações do sistema econômico. Para responder a essa pergunta da maneira mais trivial possível, lembremo-nos de que é Brasil não é auto-suficiente em uma série de produtos que são consumidos diariamente pela população brasileira.
Para simplificar vamos pegar o exemplo do pãozinho francês. Para fabricar pães, as indústrias brasileiras (panificadoras) precisam importar grandes quantidades de trigo, principal insumo do pãozinho. Uma vez que a produção de trigo no Brasil é insuficiente para dar conta de toda a demanda, o país importa da Argentina a quantidade complementar de trigo de que necessita. Mas, para importar não se pode pagar em Reais, produtos que são comprados no exterior, mesmo no caso de países vizinhos como é o caso da Argentina. Para concretizar essa operação o país tem que efetivar suas compras em dólar que é a moeda internacionalmente usada para essas transações.
Agora suponha as seguintes informações: que o Brasil tenha uma paridade de R$1,00 para US$1,00 (ou seja, um real vale um dólar), e que compre mensalmente 100 quilos de trigo com esse custando US$1,00 por quilo. Assim, para adquirir os 100 quilos mensais, o Brasil gastaria o equivalente a R$100. Suponha agora que, por medidas que envolvam as relações internacionais, houve uma desvalorização na moeda brasileira e esta passou agora para uma relação de US$1,00 para R$2,00 (isto é, agora o mesmo 1 dólar vale 2 reais). Com essa mudança cambial, para que o Brasil adquira os mesmos 100 quilos, vai precisar não mais de R$100, mas R$200, em função simplesmente da modificação no câmbio. Resultado é que tendo que pagar o dobro que pagava antes para obter os mesmos 100 quilos de trigo, a indústria que faz os pãezinhos vai ter que repassar esse custo para o consumidor, elevando a inflação.
Esse mesmo exemplo vale para toda a indústria brasileira de eletro-eletrônicos, que importa a maior parte dos insumos que precisa para produzir os produtos que chegam até a casa dos consumidores. O Banco Central tem desta forma que regular as operações de entradas e saídas de divisas do país e não perder de vista que a política cambial também é forte aliada do controle inflacionário. O Brasil do Plano Real, logo no início, em julho de 1994 sobrevalorizou a taxa de câmbio em US$1,00 valia R$0,92 (1 dólar valia 0,92 centavos de real), de forma a facilitar a importação, pois com a maior importação de produtos similares aos que são produzidos aqui, o aumento da concorrência faz com que os preços dos produtos baixem para estimular o consumo.
Além de tudo isso, a política cambial também interfere diretamente na balança comercial do país e, por tabela, no balanço de pagamentos que são de fundamental importância para o equilíbrio externo do país.
	Mas você sabe o que é balança comercial e balança de pagamentos?
Para entendermos esses conceitos e ao mesmo tempo podermos finalizar os aprendizadosdessa aula, precisamos agora fazer a inter-relação entre as políticas econômicas e o setor externo.
O instrumento macroeconômico que registra todas as operações financeiras que um país realiza com o resto do mundo é chamado de Balanço de Pagamentos. O Balanço de Pagamentos é um registro contábil de todas as transações de um país com o resto do mundo. Envolve tanto transações com bens e serviços como transações com capitais físicos e financeiros. O Balanço de Pagamentos apresenta dois tipos de transações:
 correntes: associadas aos fluxos de bens e serviços
movimento de Capitais: associadas aos direitos e obrigações, principalmente relacionadas com o investimento e o endividamento.
A estrutura do Balanço de Pagamentos de qualquer país do mundo é dada pelo seguinte conjunto de contas:
	A – Balança de Transações Correntes (BTC ou Saldo em Conta Corrente do BP = A1 + A2 + A3)
A1 – Balança Comercial
A1.1 – Exportações (FOB): débito
A1.2 – Importações (FOB): crédito
A2 – Balança de Serviços e Rendas
A2.1 – Transportes (fretes, etc.) e Seguros
A2.2 – Viagens Internacionais e Turismo
A2.3 – Rendas de Capital (lucros, juros, dividendos, lucro
reinvestido pelas multinacionais)
A2.4 – Royalties e licenças
A2.5 – Diversos (serviços governamentais – embaixadas,
consulados, representações no exterior, etc.)
A3 – Transferências Unilaterais Correntes (donativos)
	B – Conta Capital e Financeira (Balança de Capitais)
B1 – Investimentos direto líquido (instalação e participação do capital de multinacionais no país)
B2 – Reinvestimentos (reinvestimentos de multinacionais já instaladas no país)
B3 – Empréstimos e Financiamentos a Longo e Médio Prazo (Banco Mundial, etc.)
B4 – Empréstimos a Curto Prazo
B5 – Amortizações de Empréstimos e Financiamentos
B6 – Empréstimos de Regularização do FMI (problemas de liquidez)
B7 – Capitais a Curto Prazo (aplicações no mercado financeiro)
	C – Erros e Omissões
	D – Saldo do Balanço de Pagamentos (A + B + C)
A Balança Comercial aparece classificada dentro das transações correntes do balanço de pagamentos é se refere à diferença de tudo aquilo que exportamos em valores monetários e aquilo que importamos. Quanto maior esse saldo, maior será o desempenho positivo do país e maiores fluxos financeiros vão entrar na conta de reservas internacionais do Banco Central. Essas reservas são a garantia de que o país pode honrar compromissos assumidos em moedas estrangeiras.
	Mas o que tudo isso tem a ver com a política cambial?
A resposta é fácil e, de certa forma, já estava implícita em nossas discussões anteriores. Quanto mais desvalorizada a taxa de câmbio maior serão as exportações e menor as importações, pois a moeda nacional fica mais barata de ser comprada pela moeda estrangeira e, por conseguinte, o volume do que se pode comprar tendo moeda estrangeira aumenta em grandes proporções. Assim, é importante que o Banco Central avalie a possibilidade de mexer na taxa de câmbio todas as vezes que o seu valor prejudicar muito a comercialização com o resto do mundo.
O volume de importações de um país depende do nível da atividade econômica (renda nominal) e da taxa de câmbio real, que reflete a competitividade da produção doméstica em relação à externa. Quanto maior o nível de renda, maiores serão as importações. Mas as importações do país somente se elevarão se o câmbio real estiver valorizado, tornando o produto doméstico mais caro que o “estrangeiro”.
Já as exportações dependem da renda do resto do mundo, uma vez que quanto maior o nível de atividade dos demais países maior será demanda por nossos produtos que só se traduzirá em ampliação das vendas se o preço dos produtos nacionais for mais barato que os internacionais (câmbio real). Nesse caso, é uma desvalorização do câmbio real que barateia os produtos nacionais cotados em moeda estrangeira.
Não precisa ser especialista no assunto para saber que o Brasil é um país subdesenvolvido e que, portanto, depende muito do comércio exterior para escoar a sua produção interna. Mas é preciso ficar alerta também para o fato de que uma grande parte da economia brasileira depende de importações do resto do mundo. Uma taxa de câmbio muito desvalorizada encarece muito as importações e pode gerar uma grande inflação interna. Como vimos não são nada fáceis as decisões da equipe econômica do governo quanto ao rumo das políticas econômicas!
SÍNTESE
Assim, nessa aula vimos como são complexas as decisões do governo brasileiro para atingir os objetivos de crescimento econômico, de inserção externa e controle do nível de preços. A utilização da política fiscal pode aumentar o crescimento, mas se a dívida do setor público subir muito esse fato pode anular a eficiência da política.
Em relação à política monetária, estudamos quais são os principais instrumentos de que dispõe a autoridade monetária para controlar o nível de preços e barrar a inflação no país.
Por fim, percebemos que uma corrente de comércio para o país também advém do exterior e que, portanto, a política cambial joga um importante papel para garantir que esses fluxos melhorem o saldo de sua balança comercial e garantam o pagamento das dívidas contraídas pelo país com o resto do mundo.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
Como vimos, o governo dispõe de três políticas principais para o alcance de seus objetivos internos e externos. Por assim dizer, poderíamos definir as políticas fiscal e monetária como as responsáveis pelo equilíbrio interno e a política cambial mais diretamente relacionada com o equilíbrio externo. E já que o governo dispõe dessas possibilidades, qual a melhor política para garantir o equilíbrio interno: a fiscal ou a monetária?

Continue navegando