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AULA 06 – a importância da criatividade para o empreendedor Autor: Moisés Conde Silva de Oliveira “Viver não é necessário. Necessário é criar” Fernando Pessoa Saudação! Na aula anterior nos vimos as situações mais propícias para o surgimento de novas ideias empreendedoras. No entanto, o surgimento de ideias é diretamente ligado a uma das principais características do empreendedor, a criatividade. Por isso, nessa aula abordaremos alguns conceitos relacionados ao tema e seu papel fundamental no processo da descoberta de oportunidades além de nos divertimos com alguns exercícios muito interessantes. O QUE É CRIATIVIDADE? Depois da ideia, a criatividade é o passo seguinte no caminho do empreendedor para descobrimento de uma boa oportunidade de negócio, como veremos na aula 7. Muitas vezes relacionamos a criatividade apenas com pensar algo novo, porém a criatividade vai além da simples novidade. Criatividade é segundo Baron e Shane (2007) a produção de ideias para algo novo, mas que também tenha utilidade. Duallibi e Simonsen (2000, p. XVI) a definem como sendo “uma técnica de resolver problemas”, e a empresa é a solução criativa para uma angústia gerada por um problema. As soluções criativas são o resultado de um esforço feito para que essa angústia seja acabada. No caso das oportunidades, elas não são somente novas e com alguma utilidade, mas também têm potencial para gerar valor econômico. Podemos visualizar melhor esse caminho no esquema abaixo: Figura 1 – Geração de odeias, criatividade e reconhecimento de oportunidades. Fonte: (BARON e SHANE, 2007, p. 61) Podemos notar que a criatividade para o empreendedor é a característica que se configura, depois da ideia, na força-motriz que o leva a reconhecer as oportunidades de negócios existentes no seu ambiente. Por isso nessa aula vamos explorar mais esse campo até porque, no mundo mutante que vivemos, treinar sua criatividade é essencial para o sucesso. O PROCESSO CRIATIVO Quais as etapas do desenvolvimento criativo que o empreendedor deve percorrer para promover uma mudança significativa na sua vida? De acordo com Dualibi e Simonsen (2000), podemos dividir o processo criativo para a solução de problemas no ambiente empresarial em sete estágios: identificação, preparação, incubação, aquecimento, iluminação, elaboração e verificação. Identificação O primeiro passo no processo criativo é a clara identificação do problema. Identifique pontualmente qual a necessidade que você acredita como sendo um potencial fonte de oportunidade. Preparação Ela pode ser direta ou indireta. Segundo Dualibi e Simonsen (2000), ela é direta quando acumulamos informações pertinentes ao problema que deve ser resolvido, isto é, quando buscamos somente informações que contribuam para uma possível solução. Ela é indireta quando buscamos informações sobre tudo que possa colaborar para a uma solução, mesmo que a primeira vista não tenha nada haver com o problema. Portanto, o segundo passo do processo criativo é o de acumulo de conhecimento. Busque informações, de forma direta ou indireta, daquela atividade na qual você, como empreendedor, teve uma ideia para um negócio. Incubação A incubação é o momento em que vamos refletir sobre as informações coletadas na etapa da preparação. A incubação, portanto, depois da acumulação consciente de dados diretos ou indiretos, é uma reação da mente humana contra a pressão angustiante. A mente, no plano inconsciente, começa a trabalhar praticamente sozinha. Essa angústia, necessidade de liberação de energias, pode, muitas vezes, assumir a forma de trabalho manual (DUALIBI; SIMONSEN, 2000, p. 27). Muitas pessoas auxiliam a essa etapa com a prática de determinadas atividades esportivas ou manuais como forma de aumentar o poder de concentração e reflexão sobre as informações. Aquecimento É a fase em que retornamos ao problema depois de termos refletido sobre todas as informações pensadas na fase de preparação. É quando sentimos que a solução está próxima, no nosso caso é quando identificamos onde está a real oportunidade de negócio. Iluminação Figura 2 – Eureka Fonte: UNIFACS A fase de iluminação é quando falamos o famoso “eureka”. É quando a solução do problema aparece pela primeira vez, ou seja, vislumbramos claramente onde podemos encontrar uma oportunidade de negócios. Ela é resultado de todo esforço feito durante o período no qual você compilou e refletiu sobre todas as informações coletadas no ambiente que você, como empreendedor teve a ideia. Elaboração Essa fase corresponde à formalização do processo criativo. Aqui começamos a elaborar como nossas ideias de fato se transformarão em boas oportunidades de negócio. O planejamento do negócio será trabalhado melhor na aula 8 quando falarmos de plano de negócios. Verificação É a fase na qual comprovamos realmente se nossas ideias se tornaram efetivamente boas oportunidades de negócios. No nosso caso, isso só poderá ser comprovado a partir do momento em que a empresa estiver funcionando. Só podemos fazer a previsão com base nos dados obtidos na fase anterior, a fase da elaboração. FATORES QUE PODEM PREJUDICAR A CRIATIVIDADE Algumas circunstâncias podem diminuir o nível de criatividade do ambiente em que o empreendedor atua. De acordo com Duallibi e Simonsen (2000, p. 80-81), Ralph L. Hallman apontou os seguintes fatores impeditivos da criatividade: Atitude e meio excessivamente autoritários – identificável principalmente na frase atribuída a Ruben Berta, pioneiro da Varig: “Nesta companhia há sempre três opiniões: a errada, a certa e a minha”. Ou naquela atribuída a Henry Ford: “Você pode comprar um carro Ford de qualquer cor, desde que seja preta”. Medo do ridículo - quando o executivo se recusa a correr riscos por temer a opinião de seus colegas, concorrentes ou de seus subordinados. Intolerância para com as atitudes joviais – empresas que exigem uma atitude compenetrada de seu pessoal, mesmo quando há razões para alegria. Um famoso banqueiro brasileiro, por exemplo, chegou a proibir a entrada de gente com barba ou cabelos compridos nas dependências de seu banco. Excesso de ênfase nas recompensas e no sucesso imediatos – em oposição ao exercício de solucionar os problemas pelo simples prazer de resolvê-los. A busca excessiva de certeza – em flagrante contradição com a primeira Lei de Murphy e com o mote de Harold Koenig (“seja exaustivo”). O executivo tem de se convencer de que é melhor fazer qualquer coisa, mesmo com riscos, do que não fazer nada. Hostilidade para com a personalidade divergente – a sabedoria política já nos mostrou que a existência de qualquer oposição é sempre salutar, por mais irritante que possa parecer. Falta de tempo para pensar – há empresas que sobrecarregam seus executivos de tal forma e por tão longos períodos, que não lhes sobra tempo para dedicarem-se a soluções novas ou mesmo para enunciar novos problemas. Rigidez da organização – é a chamada “prosão do organograma”: em geral o caso de empresas superestruturadas, cheias de manuais de procedimento, que carecem do ambiente estimulante para a criatividade. EXERCÍCIOS PARA ESTIMULAR A CRIATIVIDADE Neste tópico da aula, daremos alguns exemplos de exercícios que podem ser feitos para aprimorar a sua capacidade criativa descritos em Predebon (1999). Exercício “desnotícia” Neste exercício, escolha uma matéria de um jornal do dia. Você vai usar sua criatividade para reescrever a noticia utilizando uma das cinco formas descritas abaixo: Deforme a notícia, sob a ótica de uma jornalista parcial, esclarecendo antes qual o engajamento adotado por você, como redator desonesto. Reescreva a notícia situando-a 50 anos antes e 50 anos depois. Faça uma paródia da notícia, como se fosse para um programa humorístico. Em vez de reescrever, componha uma música inspirada na notícia. Reescreva a notícia como se você fosse um Extra Terrestre, escrevendo em jornal local do seu mundo. Exercício “veja que país” Para começar, imagine-se como imigrante chegando ao Brasil. Escolha um paísde origem e uma profissão antes de tudo. Agora, na pele dessa nova pessoa, imagine-se escrevendo um texto de um cartão postal para uma pessoa amiga, relatando três aspectos e/ou fatos curiosos do nosso país. Exercício “lustro no futuro” Você vai ativar a sua imaginação como “bola de cristal” para ver seu futuro: Comece lembrando, durante cinco minutos, como você estava em 2004. Posições pessoais, profissionais, afetivas e etc. Depois faça em três minutos, faça um balanço de como você está hoje, em 2009. Agora, criatividade e otimismo: como você estará em 2014? Se você estiver melhor do que há cinco anos, acredite que em 2014 estará melhor ainda. Se sua situação era melhor antes, apóie-se no fato que as fases ruins um dia passam. Descreva sua feliz visão. Lembre-se: são exercícios com o intuito de estimular sua criatividade, portanto, antes de tudo, DIVIRTA-SE. SÍNTESE Nesta aula abordamos o conceito do que é criatividade bem com sua diferença com o conceito de ideia e oportunidade. Continuamos com o processo criativo e as situações que não favorecem o indivíduo criativo. Encerramos com alguns exercícios para estimular a criatividade.
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