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resenha hermenêutica

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FACULDADE CATÓLICA DOM ORIONE
	
Dálete Carvalho
Gabriella Guimarães
Mariana Moura
Polyana Campos
RESENHA DO HABEAS CORPUS 82424 -02
Araguaína, 31 de maio de 2016
 O texto transcreve uma decisão proferida pelo STF cerca do crime de racismo, tipificado do art. 20 da lei nº 7.716/89, no qual o delito apontado refere-se à prática contra a comunidade judaica, em que o STF se posicionou de forma contraria, visto que o ato praticado por Siegfried Ellwanger referiu-se ao povo judeu, não a comunidade judaica como um todo, assim, verifica-se uma discórdia em observar se a o antissemitismo estaria atrelado ao racismo, tal convicção supracitada foi proferida pelo Ministro Mauricio Corrêa. 
Neste prisma, o Ministro Celso de Mello expõe sua visão sobre o caso e enfatiza o princípio da dignidade humana, ressaltando a importância deste, no Estado democrático de direito, faz uma alusão histórica expondo fatos em que os judeus sofreram grande repressão, como a queda da República de Weimar, Regime Nazista e levanto do Gueto de Varsóvia, dentre outros marcos temporais de grande valor como a “Pacem in Terris” publicada por João XXIII. 
No decorrer de seu discurso destinado a Suprema Corte, procura evidenciar com grande convicção a questão da dignidade da pessoa humana, realça argumentos referentes a respeito e tolerância e liberdade, ligando-os aos Direitos Humanos e salientando sua valorosa importância, nesta perspectiva. 
 É notório um repudio as quaisquer formas de preconceito e intolerância racial existente, haja vista que violaria valores basilares da democracia e princípios por ela acatados, também á documentos internacionais que procuram promover a paz e respeito ás diferenças nações e etnias como a Declaração e Programa de Ação de Viena. 
O que deve existir é a quebra de paradigmas hierárquicos entre classes e nacionalidades, para lei todos somos iguais, desta forma todo e qualquer tipo de ato que violar tais regras deve obter respectiva punição, apresentado esta ótica ratifica-se que a então interpretação obtida por esta corte apresenta-se de forma equivocada, visto que o conceito de racismo não é limitado e abrange questões políticas, sociais e culturais.  
Desta forma o Ministro Celso de Mello rompe com a ideia proposta e aceita pelo Ministro Maurício Corrêa, e evidencia com fatos que o crime de racismo pode ser aplicado aos judeus neste caso concreto, posto que a dignidade da pessoa humana foi insultada. 
Nesta esteira, é de total interesse do Estado qualquer prática racial contra qualquer bem jurídico, uma vez que é uma ofensa relevante, e cumpre a este o dever de zelar pelo patrimônio que venha a ferir sua integridade, a qual não ofende apenas a quem foi injuriado, mas a todos os cidadãos do Estado Democrático de direito. Com base nos fatos apontados o Ministro pede o indeferimento do pedido de habeas corpus redigido ao Siegfried Ellwanger.
Em sua antecipação de voto, o ministro Celso de Mello, depois de breve explanação da impugnação da impetração, defende sua tese, que consiste em afirmar que o antissemitismo consiste em forma de racismo. O antissemitismo é o exercício de praticar a atividade preconceituosa contra os judeus e a grande discussão nos votos dos ministros no tocante desse caso é se a obra publicada por Sigfried Ellwanger fazendo apologia a ideias discriminatórias contra a sociedade judaica é configurado o crime de racismo.
 Analisando o significado de racismo não devemos utilizar apenas do método hermenêutico jurídico gramatical levando em conta apenas a essência dessa palavra que trata ele como uma postura voltada para a visualização da divisão dos seres humanos calcado em raças, pois esse método serve apenas de ponto de partida no momento da interpretação. A Lei 7.716/89 tipifica alguns dos delitos de racismo, art. 1º: "Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional", o que nos faz compreender que o termo ´´racismo`` é bem amplo e pode ser utilizado não apenas nesses casos, mais em todo aquele em que é existente uma mentalidade segregacionista, visando a superioridade de uns seres humanos sobre os outros, o que se encontra presente nas obras publicadas pelo paciente.
Sua intenção se clareia já nas primeiras páginas de seu voto, onde até mesmo demonstra certa simpatia pelo povo judeu, que observa-se ao citar a celebração do Dia da Recordação dos Mártires e Heróis do Holocausto, data que o povo judeu relembra e honra os milhares de mortos num dos maiores genocídios registrados, e até mesmo ao concluir, quando traz à tona o dizer judaico que ‘quem salva uma vida, salva a humanidade’ para reforçar que aquele que atinge a dignidade humana de qualquer ser humano, atinge a dignidade de todos, principalmente se movido por motivações racistas.
Ao estruturar o seu texto, antes de rebater diretamente à argumentação da impetração, o Sr. Ministro prefere dar vasão a sua ampla argumentação trazendo à tona o princípio da Dignidade da Pessoa Humana, que, como ele mesmo diz, “(...) representa o reconhecimento de que reside, na pessoa humana, o valor fundante do Estado e da ordem que lhe dá suporte institucional. ” O convoca devido à expressão simbólica de tal reunião, por versar de situação tão relevante, que projeta máxima intensidade na definição destes. Reforçando a isso, recorrendo à interpretação histórica, utiliza-se dos que chama de ‘marcos históricos’, como o totalitarismo e nazismo da Alemanha, a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, só para exemplificar, para defender o que chama de grave advertência histórica. Cremos que a sociedade judaica muito padeceu no passado e o ministro trouxe isso á tona fazendo-nos refletir que ideias que possam levar a mesma coisa acontecer novamente devem ser penalizadas para que a humanidade não venha ter essa ferida mais vezes. Vivemos no estado de Direito democrático e nele devem ser respeitados os princípios que dão garantia aos direitos humanos.[1: Mello, p.4]
Interessante frisar que, ao rebater a controvérsia da impetração, o Sr. Ministro se utiliza de brilhante argumentação. É certo que, o próprio paciente, Siegfried Ellwanger, sustenta que sua conduta não caracteriza racismo, já que o povo judeu não se trata de uma raça, o que invalidaria a aplicação. Citando o professor Celso Lafer, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, cujo parecer foi-lhe fornecido para subsidiar sua decisão, o Sr. Ministro acentua que, do ponto de vista biológico, quaisquer grupos, religiões ou nacionalidades não formam raças distintas. Só existe uma raça, a humana, e o termo ‘raça’ empregado aos citados, trata-se de uma “construção histórico-social, voltada para justificar a desigualdade” assim, realmente, os judeus não seriam uma raça, assim como também os negros, mulatos, índios e quaisquer outros integrantes da espécie humana não o são, mas mesmo assim, estes são vítimas de racismo. Assim, descartam vigorosamente a linha restritiva de pensamento da impetração, que buscava interpretar o crime de racismo a partir do conceito de ‘raça’.[2: p. 15]
É relevante ressaltar uma argumentação levantada pelo Ministro Marco Aurélio, Mello desenvolve uma crítica bem fundamentada e coerente que versa basicamente que, a incitação ao ódio público ao povo judeu de forma alguma estaria constitucionalmente protegida pela cláusula de liberdade de expressão. De acordo com princípios constitucionais, nosso direito acaba quando o do outro começa, isso nos remete ao entendimento de que qualquer direito, seja ele qual for, tem um limite e ninguém pode exercer nenhum direito atingindo o de outrem e a liberdade de expressão está classificada nesse conjunto, ela não é absoluta e sobre forma alguma pode ser utilizada para manifestar qualquer conteúdo imoral que implica ilicitude penal.
Levando em consideração não apenas a resolução desse caso, mais as consequências que poderiam seracarretas pela autorização do habeas corpus ao paciente, visando na lacuna que passaria a existir para que casos semelhantes futuros fossem julgados de forma incorreta, pois sabemos que sendo qual fosse a decisão a influência na jurisprudência seria tamanha e não se pode deixar brechas para que qualquer tipo de prática racista e preconceituosa venham a deixar de ser devidamente punidas.
Como observado, trata-se de um tema de relevante repercussão e polêmicas, haja visto seu teor histórico, jurídico e religioso. Trata-se de um texto razoavelmente compreensível, para aqueles que dispõe de dicionário jurídico, e interessante. É extenso, devido não só ao tamanho, mas a profundidade de sua discussão, o que exige leitura e releitura minuciosas para melhor compreensão. 
O sr. Ministro conclui seu voto esclarecendo não poder aceitar 
(...) a tese exposta na impetração, pois admiti-la significaria tornar perigosamente menos intensa e socialmente mais frágil a proteção que o ordenamento jurídico dispensa, no plano nacional e internacional, aos grupos minoritários, especialmente àqueles que se expõem a uma situação de maior vulnerabilidade.
Sua argumentação é bem fundamentada e rica, o que se espera, mas o que se observa logo de cara é uma notável falta de concisão. Talvez devido ao documento abordado, ou a ocasião, ou até mesmo por necessidade de ofício, esta é justificável. Valendo ressaltar que o voto do Sr. Ministro Celso de Mello seguiu a linha da maioria do Supremo, que decidiu indeferir o pedido de habeas corpus do paciente.
Referência:
Disponível em> http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=79052 Acesso em: 31/05/16

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