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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA CURSO DE AGRONOMIA ANA PAULA SLOBODA DÉBORA ALICE PAULUK ELIDA MARINA NOGUEIRA MARÍLIA APARECIDA STROKA IRRIGAÇÃO POR GOTEJAMENTO NA CULTURA DE TANGERINA PONKAN PONTA GROSSA 2016 ANA PAULA SLOBODA DÉBORA ALICE PAULUK ELIDA MARINA NOGUEIRA MARÍLIA APARECIDA STROKA IRRIGAÇÃO POR GOTEJAMENTO NA CULTURA DE TANGERINA PONKAN Trabalho apresentado para obtenção de nota na disciplina de Irrigação e Drenagem aoProf° Dr. Eduardo A. A. Barbosa. Curso de Agronomia da Universidade Estadual de Ponta Grossa PONTA GROSSA-PR 2016 INTRODUÇÃO As tangerinas são atraentes são consumidor pela beleza, qualidade, diversidade do grupo pela facilidade em serem descascadas, e por possuírem gomos que podem ser facilmente separados. Considerando uma série histórica de vinte anos, o cultivo da tangerina no Brasil concentra mais de 90% do total produzido nas regiões Sudeste e Sul. Esse grupo de frutas cítricas, apesar de menos expressivo que o da laranja, representa 5,5% da citricultura brasileira, o que corresponde a uma população de plantas superior a nove milhões de árvores, o qual é bastante representativo, e é confirmado (FAO, 2011) pela posição do Brasil como 3º maior produtor mundial de tangerinas (5,3% da produção mundial), atrás da China (47,5% da produção mundial) e da Espanha (8,0% da produção mundial). No grupo das tangerinas, cerca de 1,1 milhão de toneladas da produção anual é orientada, praticamente, para o mercado de frutas frescas, com amplo predomínio do mercado interno, compreendendo as exportações pouco menos de 0,2%. No Brasil, o período de safra da tangerina é de maio a dezembro. A maioria das tangerinas vem da espécie Citrusreticulata (nativa da Ásia), mas cada variedade possui tamanho, aroma e sabores próprios. No Brasil, as variedades mais comuns são tangerina cravo, tangerina dancy, tangerina satsuma, mexerica do rio, tangormurcote, tangerina ponkan, mexerica montenegrina e fremont. No entanto, a preferida pelos brasileiros é a ponkan, que tem gosto mais doce em comparação com as outras. Segundo o Instituto de Economia Agrícola, o valor total da produção brasileira de citros, compreendendo laranjas doces, tangerinas e limões verdadeiros, atingiu, em 2010, a expressiva marca de R$ 7,1 bilhões, o que faz da citricultura o quinto maior representante do agronegócio brasileiro, abaixo, somente, em ordem decrescente, da soja, cana-de-açúcar, milho e café. É em meio as variedades produtoras de frutos tipo tangerina, entretanto, que essas perspectivas se ampliam, pois é possível produzir frutas de alta qualidade mesmo em regiões nas quais as condições climáticas mostrem-se menos favoráveis, ou seja, menos próximas daquelas cujo clima mais se assemelha ao do Mediterrâneo europeu. Nesse contexto, distinguem-se áreas presentes nos principais Estados brasileiros produtores de tangerina, que, além do Rio Grande do Sul, incluem o Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Figura 1Principaisestados produtores de Tangerina. Instituto de Economia Agrícola A década de 60 pode ser considerada como o início da irrigação dos citros no Brasil. O suprimento irregular de água afeta marcantemente o desempenho das plantas, podendo acarretar redução de área foliar, florada reduzida, menor número de frutos e peso, consequentemente, menor produção por pé. A adoção de irrigação em pomares de citros traz inúmeras vantagens competitivas ao produtor, dentre elas aumento de produtividade e melhor qualidade. Embora a maioria dos citros sejam relatados como plantas capazes de suportar longos períodos secos quando adultos, um apropriado manejo da água é necessário para se obter produções comercialmente aceitáveis e de alta qualidade de frutos. As folhas adultas são adaptadas para economizar água, porém as folhas jovens não têm a mesma rigidez estrutural, com ausência de cera cuticular como as folhas maduras e murcham facilmente durante períodos secos. Comparando com outras plantas de mesmo grupo fisiológico (C3 ), a eficiência no uso de água pelos citros é baixa e estudos mostraram que os frutos perdem água para as folhas durante períodos de deficiência hídrica (Davies &Albrigo, 1994). A disponibilidade de água para a cultura depende, essencialmente, do balanço entre a evapotranspiração e a precipitação pluvial ao longo do ciclo fenológico, que corresponde às fases de indução floral ou pré-florescimento, estabelecimento, crescimento e maturação do fruto e crescimento vegetativo. Os citros de um modo geral, apresentam demandas hídricas anuais entre 600 mm e 1300 mm, essa demanda hídrica varia de acordo com a distribuição espacial e temporal da radiação solar, temperatura do ar, vento, umidade do ar, combinações porta-enxerto e copa, características hídricas do solo, aspectos da cultura como sanidade, densidade de plantio, porte, idade e manejo (Ortolani et al., 1991). Os citros adaptam-se, de um modo geral, a uma larga faixa de temperatura. A temperatura tem efeito no crescimento e desenvolvimento da planta e na qualidade dos frutos, principalmente, na coloração externa e interna, tamanho e sabor. Temperaturas baixas do solo afetam a absorção de nutrientes e de água pelas raízes. As plantas perenes como os citros, respondem à irrigação em um determinado estágio de desenvolvimento, dependente da disponibilidade hídrica anterior a esse estágio, ou seja, o crescimento vegetativo de um ano é influenciado pela estação anterior. Essa disponibilidade hídrica afeta o tamanho final da planta e sua futura capacidade de frutificação. Após a juvenilidade, ou em plantas adultas a disponibilidade hídrica influencia no vigor de crescimento, determinando a taxa de emissão de ramos de frutificação e interfere significativamente na fixação, tamanho final e qualidade dos frutos (Rodriguez, 1987). O estresse hídrico ocorre sempre que as condições ambientais levam à insuficiente absorção ou transporte de água pela planta para recuperar a água perdida pela transpiração. Severos estresses inibem o crescimento vegetativo e, ou o crescimento do fruto, causando murchamento e queda de folhas, não devendo ser as irrigações baseadas somente na umidade do solo, que nem sempre reflete o estado da água na planta. Em citros o período de repouso parece ser essencial para florescimento e a sua duração determina a quantidade de flores produzidas. Finalizado o período de repouso, um adequado fornecimento de água é necessário porque o prolongado déficit irá retardar não somente o florescimento, mas também conduzir a uma superprodução de flores. Isso pode resultar em baixas produções para uma próxima estação e possivelmente, levar à bienalidade de produção. Em São Paulo, - Norte e Noroeste - nas quais veranicos de apenas 15-20 dias provocam frustrações de safras. É comum nessas regiões o interesse pela irrigação apenas nesse período, situação em que os produtores definem como “irrigação de salvação”. A irrigação é muito importante para suprir as necessidades hídricas e nutricionais da planta de citros. Seu fornecimento nos períodos corretos do ciclo acarretará na garantia da produção em anos de adversidades climáticas como ocorrência de veranicos e temperaturas anormalmente elevadas no verão. Além de poder contribuir na prevenção de algumas doenças, como por exemplo, quando o florescimento se dá em períodos de elevada umidade do ar é comum a ocorrência do fungo Colletotrichumgloeosporioides, tendo como conseqüência a queda de “chumbinhos” (“estrelinha”). Possuindo irrigação o citricultor pode viabilizar as primeiras floradas anteriores ao período chuvoso, quando a umidade do ar ainda é baixa. A irrigação por gotejamento tem ganhado espaço, principalmente nos últimos 15 anos. Este sistema aplica água em apenas parte da área, reduzindo, assim, a superfície do solo que fica molhada, exposta às perdas por evaporação. Com isso, a eficiência de aplicaçãoé bem maior e consumo de água menor. A irrigação localizada é usada, em geral, sob a forma de sistema fixo, ou seja, o sistema é constituído de tantas linhas laterais quantas forem necessárias para suprir toda a área, isto é, não há movimentação das linhas laterais. Porém, somente determinado número de linhas laterais deve funcionar por vez, a fim de minimizar a capacidade do cabeçal de controle (BERNARDO, 2002). As principais vantagens da irrigação localizada por gotejamento são: ● Maior eficiência no uso da água: permite melhor controle da lâmina d’água aplicada e diminui as perdas por evaporação, por percolação e por escoamento superficial. ● Recomendado para locais onde a água é escassa ou o seu custo de utilização é elevado e para regiões onde ocorrem períodos prolongados de seca. Maior produtividade: em geral obtém-se maior produtividade com irrigação por gotejamento em culturas que respondem a maiores níveis de umidade no solo; é empregado, ainda, para culturas de alto valor econômico, pomares, cafezais e hortaliças, entre outras. ● Maior eficiência na adubação. ● Maior eficiência no controle sanitário. ● Não interfere com as práticas culturais das culturas. ● Adapta-se a diferentes tipos de solo e topografia. ● Pode ser usada com água salina ou em solos salinos. ● Economia de mão de obra, uma vez que há possibilidade de automatizar a irrigação e a adubação (Fertirrigação). As principais desvantagens da irrigação localizada por gotejamento são: Tratando-se de um sistema fixo de irrigação, o investimento inicial é alto; Altamente exigente em qualidade física e química da água, necessitando de bom sistema de filtragem; Em alguns casos pode provocar interferência para locomoção de máquinas na cultura e na realização de colheita; MÉTODOS O presente planejamento refere-se à um pomar de tangerina Ponkan, localizado na cidade de Barretos – SP (latitude 20° 19’S, longitude: 48° 20’ e altitude de 530 metros). A propriedade dispõe de 65ha, cultivados no espaçamento de 4,0x4,0m, com plantas de 4 anos de idade. O solo foi classificado como latossolo vermelho e como argiloso segundo a sua granulometria, sendo 53% de argila, 29% de silte e 18% de areia. Figura 2. Triângulo textural representativo da granulometria do solo a que se refere este trabalho. O clima na cidade de Barretos é classificado como Aw(KÖPPEN,1948), o que o caracteriza como tropical, com verão chuvoso (de novembro a abril) e inverno nitidamente seco (de maio a outubro), sendo julho o mês com menor precipitação. Esse comportamento climático é evidenciado na Figura 3 e Figura 4, referentes à precipitação e temperatura média da região. Fevereiro é o mês mais quente, com temperatura média de 25,4°C e junho o mês mais frio, com média de 19,9°C.Dezembro é o mês com maior precipitação acumulada, com média de 210 mm. Meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Precipitação (mm) 190,4 185,7 109 43,4 48,3 18 19,4 15,7 45,3 105,7 169 210 Temp. média °C 25,2 25,35 25 23,8 21,2 20 19,85 21,95 23,65 24,25 24,9 24,7 Tabela 1. Normais climatológicas (1961-1990) fornecidas pelo INMET para a cidade de Barretos-SP. Figura 3 Comportamento da precipitação acumulada na cidade de Barretos. FONTE: http://pt.climate-data.org/location/4232/ Figura 4 Comportamento da temperatura média na cidade de Barretos- SP. FONTE:http://pt.climate-data.org/location/4232/ A curva de retenção característica deste solo foi confeccionada utilizando o site SWRC Fit (disponível em: http://swrcfit.sourceforge.net/), com os dados de potencial matricial Ψm (cm de coluna d’água) e umidade volumétrica (cm³.cm-3) apresentados na Tabela 2. Com base nos valores de potencial matricial em que geralmente se encontram os solos argilosos quando em capacidade de campo (CC) e ponto de murcha permanente (PMP), -0,33 atm e -15 atm, respectivamente, utilizou-se a fórmula gerada pelo modelo matemático de van Genuchten para encontrar os valores correspondentes em umidade volumétrica para estas duas condições. Ψm (kPa) Ψm (cm de H2O) θ (cm³.cm-³) 0 0,000 0,49 2,94 29,979 0,442 9,8 99,931 0,4074 33,33 339,866 0,3721 50,59 515,866 0,3601 101,27 1032,650 0,3401 202,55 2065,402 0,3202 303,82 3098,053 0,3085 506,47 5164,475 0,2938 813,73 8297,605 0,2802 1519,61 15495,463 0,2622 Tabela 2. Potencial matricial e umidade volumétrica fornecidos para confecção da curva de retenção. Equação 1. Equação de van Genuchten, onde θ é a umidade a ser determinada (cm³.cm-³), θr é a umidade residual (cm³.cm-³), θs é a umidade de saturação (cm³.cm-³), h é o potencial matricial e deve estar em módulo (cm de coluna de água) e α e n são parâmetros estimados no ajuste. Com os resultados das umidades volumétricas referentes a capacidade de campo e o ponto de murcha permanente, calculou-se a capacidade de água disponível (CAD) e a água facilmente disponível (AFD), sendo que CAD = (θcc-θpmp)*Z, onde Z é a profundidade efetiva das raízes (normalmente 80% da profundidade real) e AFD = CAD*f, sendo f o fator de disponibilidade. Segundo Koller (2009), a profundidade das raízes de tangerineira varia de 45 a 70cm. Considerou-se então para o cálculo da CAD, 80% de 60cm como profundidade efetiva das raízes, ou seja, 48cm. O fator de disponibilidade “f” para o cálculo da AFD foi baseado nos valores propostos pelo boletim 33 da FAO, de acordo com a ETc da cultura, sendo os citrus classificados como grupo 3 de suscetibilidade à estresses hídricos. Figura 5. Grupos de suscetibilidade a estresses hídricos, segundo boletim 33 da FAO. Figura 6. Valores do fator de disponibilidade "f" para cada grupo de vegetais, conforme a Etc máxima, segundo Boletim 33 da FAO. A evapotranspiração de referência foi calculada a partir do método indireto de Penman-Monteith. Este método é recomendado pela FAO como o mais adequado para estimar a evapotranspiração de referência (Eto) de uma cultura em escala diária (mm/dia). A fórmula é dada por: Sendo: Δ (declividade da curva de pressão de vapor) = ,(Kpa.°C-1); es(pressão de saturação de vapor) = (estmax + estmin), (kPa); esT = 0,611*10(7,5*T/237,5+T), (kPa); ea(pressão atual de vapor)= , (kPa), onde URmed é a umidade relativa média; γ (constante psicrométrica), onde foi utilizado o valor de 0,064 devido a altitude próxima de 500m. Rn (radiação líquida) em MJm-2d-1, calculado a partir da fórmula: Rn=BOC+BOL, ou seja, Rn= [Qg*(1-r)]+{-[4,903*10-9*T4*(0,56-0,25√ea)*(0,1+0,9n/N), onde Qg = Qo*(0,29*cos(Lat)+0,52n/N), sendo BOL o balanço de ondas longas, BOC o balanço de ondas curtas, Qo é a radiação no topo da atmosfera (MJm-2), r é o albedo utilizado o valor de 0,23 nesse trabalho, recomendado como valor para cultura padrão, segundo Lima (2006), Qg é a irradiância solar global (MJm-2d-1), n é a insolação por dia (dado em horas) e N é o fotoperiodo. G (fluxo de calor latente no solo) = Rn*0,03 em MJm-2d-1; T (temperatura média) em°C; u2 (velocidade do vento na altura de 2 metros) em m.s-1; Tabela 3. Normais climatológicas usadas para cálculo de cada mês. Tmáx dada a partir dos dados da cidade de Catanduva - SP devido a ausência destes para a cidade de Barretos. u2 obtida a partir da correção dos dados de velocidade do vento fornecidos pela estação. FONTE: INMET Meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Tmáx(°C) 30,8 31,1 31 30,2 28,3 27,4 27,4 29,6 30,6 30,8 31,1 30,3 Tmín (°C) 19,6 19,6 19 17,3 14,1 12,6 12,3 14,3 16,7 17,7 18,6 19 u2 (m/s) 1,773 1,714 1,588 1,521 1,469 1,529 1,684 1,840 1,944 1,951 1,796 1,833 Tabela 4. Valores utilizados no cálculo de Rn, sendo n fornecido pelo INMET. N refere-se ao fotoperíodo do 15º dia de cada mês (BERNARDO et al., 2006). Qo fornecido por Bernardo etal. (2006) referente a latitude de 20°S. Meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez n (horas/dia) 6,694 6,829 7,319 8,28 8,35 8,22 8,671 8,587 7,34 6,706 7,63 6,13 N (horas) 13,1 12,7 12,1 11,5 11,1 10,8 10,9 11,3 11,9 12,5 13 13,2 n/N 0,511 0,538 0,605 0,720 0,752 0,761 0,796 0,760 0,617 0,537 0,587 0,464 Qo (MJ/m²) 41,9 40 36,6 31,3 26,6 24,1 25 28,9 34,2 38,6 41,2 41,2 A correção da velocidade do vento para 2 metros de altura foi realizada a partir do fator de conversão citado por Bernardo et al., calculado a partir da fórmula , sendo z a altura acima da grama em que foi medida a velocidade do vento. Para a condição de 10 metros de altura, o fator F é igual a 0,748. A evapotranspiração de cultura é dada pela fórmula Etc = Etp*Kc, sendo Kc o coeficiente da cultura.Segundo Koller (2009), o Kc para a cultura da tangerina é igual a 0,8 para todas as fases da cultura, quando considerado solo coberto e 50% da copa. Figura 7. Coeficientes de cultura em função da cobertura vegetal (Koller, 2009) Para a definição das fases do ciclo da cultura utilizou-se o método dos graus-dia acumulados. Para tal foram utilizados os dados de Tºmin, Tºmax, Tºmed, do município de Barretos, (SP). Adotando-se temperatura basal de 12,8 ºC. Esse cálculo foi baseado na equação abaixo, segundo Pereira et al., (2002): , onde: GD = graus-dia; Tmax = temperatura máxima diária (ºC); Tmin = temperatura mínima diária (ºC); Tb = temperatura basal da fase em estudo (ºC). A diferenciação de gemas vegetativas e reprodutivas na cultura ocorre nos ramos do último fluxo de brotação (final do verão/outono), nos meses de fevereiro e março quando há redução da ocorrência de chuvas. A diferenciação das gemas está relacionada a fatores climáticos que reduzem o metabolismo e o crescimento, como temperatura baixa e déficit hídrico (KOLLER, 2009). Como em Barretos o clima é tropical, o frio não é suficiente para paralisar o crescimento (repouso vegetativo), então em termos de manejo, nesse caso provoca-se o déficit hídrico, ou seja, não se irriga neste período (agosto e setembro), a fim de estimular o processo de diferenciação de gemas. Mês Fase Janeiro Floração Fevereiro Floração Março Frutificação Abril Frutificação Maio Maturação Junho Maturação Julho Maturação Agosto Repouso/Déficit Hídrico Setembro Repouso/ Déficit Hídrico Outubro Botões Florais Novembro Floração/queda fisiológica Dezembro Floração Figura 8. Fases da cultura da tangerina durante um ciclo. O florescimento é controlado pelo repouso vegetativo resultante do déficit hídrico, provocado por 30 ou mais dias sem chuva, então passando o estresse hídrico, com retorno das chuvas ou irrigação as tangerinas florescem abundantemente (KOLLER, 2009). Na fase de repouso vegetativo as plantas cítricas são menos susceptíveis aos danos pelo frio, especialmente quando o porta-enxerto utilizado é que condiciona à copa dormência total durante o inverno, elevando o grau de tolerância ao frio (KOLLER, 2009). A precipitação efetiva foi dada pelo modelo proposto pelo USDA SoilConservationService, para precipitações menores que 250mm. Não se realizou irrigação nos meses em que a precipitação efetiva foi superior a evapotranspiração de cultura. Equação 2. Equação para cálculo da precipitação efetiva segundo USDA SoilConservation Service O turno de rega foi definido pela fórmula TR= , sendo definido o período entre uma irrigação e outra, calculado para cada mês. A irrigação real necessária é dada pela fórmula IRN = TR*Etc, dada em mm e a irrigação total necessária (mm) foi dada através da equação ITN = IRN/Ea, onde Ea é a eficiência de aplicação, considerada como 85% neste trabalho. Calculou-se também a lâmina bruta necessária para cada dia pela fórmula . RESULTADOS De acordo com o Memorial de cálculo apresentado, os valores de ETo mensais foram calculados pelo método de Penman-Monteithpara a região de Barretos (Tabela 5). Tabela 5. Valores calculados para a Evapotranspiração padrão mensal para a região de Barretos - SP Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez ETo 4,40 4,26 4,05 3,50 2,65 2,29 2,57 3,47 4,20 4,39 4,64 4,17 Conforme apresentado anteriormente, a Evapotranspiração de cultura foi calculada a partir da do coeficiente da cultura (kc=0,80): Tabela 6. Valores de Evapotranspiração da cultura mensal para a região de Barretos para Citrus. Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez ETo 4,40 4,26 4,05 3,50 2,65 2,29 2,57 3,47 4,20 4,39 4,64 4,17 Kc 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 0,8 Etc 3,52 3,41 3,24 2,80 2,12 1,83 2,05 2,77 3,36 3,51 3,71 3,34 De acordo com Kooler (2009), a profundidade das raízes na cultura de Citros varia de 45 a 70cm. Estimou-se que para uma planta de 4 anos uma profundidade de raízes de 60cm. Portanto, utilizou-se para a profundidade efetiva das raízes 80% desse valor, sendo assim z=48cm. Para a determinação da umidade do solo na capacidade de campo e no ponto de murcha permanente, elaborou-se a curva de retenção do solo a partir do site SWRC Fit: Utilizando o modelo de van Genuchten, os parâmetros encontrados para calcular a umidade volumétrica da capacidade de campo e do ponto de murcha permanente do solo encontrados são: θs = 0,48884 ;θr = 2,8878e08 ; ; α = 0,069522 ; n = 1,0866. Considerou-se 1Kpa=10,197 cm H2O. Para o cálculo, utilizou-se a fórmula: Para a tensão na Capacidade de Campo do Solo na textura argilosa, considerou-se a Ψcc=0,33atm=340,97cm H2O. Assim com os dados de θcc, θpmp e z, encontrou-se a capacidade de água disponível do solo (CAD) de 49,7632. A umidade volumétrica para a capacidade de campo do solo(θcc) foi de 0,3707 e a umidade volumétrica do ponto de murcha permanente do solo(θpmp) foi de 0,2670, conforme Memorial de Cálculo. Segundo o Boletim 33 da FAO, para o cálculo da Água Facilmente Disponível, considerou-se o fator de disponibilidade “f” do grupo 3 (citrus), variando conforme a evapotranspiração de pico da cultura (Etcmax em mm/dia) conforme Tabela 7: Tabela 7. Valores da Água Facilmente Disponível mensal Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez CAD 49,76 49,76 49,76 49,76 49,76 49,76 49,76 49,76 49,76 49,76 49,76 49,76 f 0,50 0,50 0,60 0,60 0,70 0,70 0,70 0,60 0,50 0,50 0,50 0,50 AFD 24,88 24,88 29,86 29,86 34,83 34,83 34,83 29,86 24,88 24,88 24,88 24,88 Assim, para a determinação do Turno de Rega (TR), considerou-se a cultura sob condições extremas, caso não haja precipitação durante um determinado período, para dimensionamento de projeto, determinada por meio da seguinte equação: Os projetos de irrigação devem ser dimensionados em função do menor turno de rega encontrado nos diversos períodos do ciclo da cultura, ou seja, período de máxima demanda de irrigação (BERNARDO, 2002). Dessa forma, o turno de regapara manejo está apresentado na Tabela 8 (arredondamento para baixo) e, para fins de dimensionamento, será o menor TR encontrado entre os meses, que é de 6 dias (arredondamento para baixo). Tabela 8. Valores de Turno de Rega para a cultura de Tangerina Ponkan Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Etc 3,52 3,41 3,24 2,80 2,12 1,83 2,05 2,77 3,36 3,51 3,71 3,34 AFD 24,88 24,88 29,86 29,86 34,83 34,83 34,83 29,86 24,88 24,88 24,88 24,88 TR 7 7 9 10 16 19 16 10 7 7 6 7 Segundo Kooler (2009), a fase de floração é um período crítico na produção. A falta de água nesseperíodo pode acarretar perda na produção. Desse modo, a irrigação nesta época torna-se fundamental. Apesar da região de Barretos apresentar meses de intensa precipitação nessa época (novembro a fevereiro), pode-se ocorrer veranicos de 15 a 20 dias (ZANINI; PAVANI; SILVA, 1998). Neste caso, seria possível manejar a irrigação para não faltar disponibilidade de água no solo neste período. Para o cálculo do consumo de água pela cultura e a lâmina total de irrigação, utilizou as formulas já apresentadas. Nesta etapa será determinada a quantidade de dias que o solo comportaria a evapotranspiração exigida pela cultura. Desse modo, determina-se a frequência de irrigação, que dependeria da evapotranspiração de cultura, da água facilmente disponível no solo e a eficiência do método de irrigação. A eficiência do sistema por gotejamento varia de 65% a 90%, considerado para o cálculo deste trabalho o valor de 85%. Assim, os valores de Irrigação Total Necessária (ITN) e Lâmina bruta em mm são apresentados na tabela abaixo: Tabela 9. Valores de Irrigação Total Necessária (mm) e Lâmina bruta (mm) por mês na cultura de Tangerina Ponkan para Barretos Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez ITN (mm) 28,97 28,09 34,29 32,95 39,98 40,96 24,15 0 0 28,91 26,19 27,47 Lâmina bruta (mm) 4,14 4,01 3,81 3,30 2,50 2,16 2,42 0 0 4,13 4,36 3,92 Fase Fl. Fl. Fr. Fr. Ma. Ma. Ma. Rep. Rep. I.F. Fl. Fl. Legenda Fase: Fl.=Floração; Fr.=Frutificação; Ma.=Maturação; Rep.=Repouso/Déficit Hidrico; I.F.=Indução Floral Dessa forma, há a necessidade de irrigar praticamente durante o ano todo (exceto durante os períodos de agosto e setembro em que é indicado o repouso), apesar de durante os meses de novembro a fevereiro haver disponibilidade de água, pode ocorrer períodos secos em que a irrigação será fundamental para a qualidade da produção de Tangerina Ponkan. Para o manejo, considera-se a precipitação efetiva. A precipitação provável efetiva, para fins de dimensionamento, foi calculada a partir da relação de Pef e número de dias no mês em mm/dia.Dessa forma, o turno de rega pode ser calculado pela fórmula apresentada nos métodos e os resultados são apresentados na Tabela 10. Tabela 10. Estabelecimento dos meses irrigados considerando a Precipitação Efetiva Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Etc 3,52 3,41 3,24 2,80 2,12 1,83 2,05 2,77 3,36 3,51 3,71 3,34 Pe 132,40 130,52 89,99 40,39 44,57 17,48 18,80 15,31 42,02 87,82 123,35 139,34 Qtde Dias precip. (1) 16,00 13,00 11,00 5,00 4,00 2,00 2,00 2,00 4,00 9,00 12,00 16,00 Dias no mês 31,00 28,00 31,00 30,00 31,00 30,00 31,00 31,00 30,00 31,00 30,00 31,00 Pe/dia (provável) 4,27 4,66 2,90 1,35 1,44 0,58 0,61 0,49 1,40 2,83 4,11 4,49 AFD 24,88 24,88 29,86 29,86 34,83 34,83 34,83 29,86 24,88 24,88 24,88 24,88 TR -33,01 -19,90 89,09 20,53 50,77 27,87 24,08 13,10 12,71 36,72 -61,88 -21,46 Fonte: (1) INMET Os resultados negativos apontam que Janeiro, Fevereiro, Novembro e Dezembro são meses que a precipitação supera os valores de evapotranspiração diária. Ainda, de acordo com os dados do INMET, são meses que chovem praticamente a cada 3 dias (Número de Dias no Decêndio com Precipitação maior ou Igual a 1mm). Caso o ano não sofra influências de fenômenos climáticos específicos, a cultura não precisará ser irrigada. Devido a este fato, recomenda-se o turno de rega variável com lâmina de água variável até atingir a CAD, pelo fato da região disponibilizar água no verão e seca no inverno. Quando a lâmina de água (lâmina crítica) atingir a diferença (CAD-AFD) deverá ser feita a irrigação do local. Dessa forma, há um aproveitamento melhor da água considerando a precipitação normal do local. A partir disso, fez-se o manejo hipotético para o sistema de irrigação caso a precipitação mensal esteja próxima às normais climatológicas da região. Segundo Kooler(2009) em regiões de baixa latitude, próximas do Equador, onde o comprimento dos dias não varia muito com as estações do ano, se o solo possuir boa capacidade de armazenamento de água, pode-se considerar que precipitações mensais de aproximadamente 120 a 150 mm seriam satisfatórias, desde que ocorressem pelo menos duas vezes no mês. Para o mês de janeiro, fevereiro, novembro e dezembro caso ocorra precipitação conforme a normal climatológica a cada 6 a 7 dias, não é necessário irrigar. Caso ultrapasse o TR encontrado para o mês, devido a condições climáticas anormais (La Nina, veranicos) será necessário irrigar. Para o mês de março, caso a lâmina de água no solo esteja próximo de 19,94mm será necessário irrigar. Contudo, como o turno de rega calculado foi de 9 dias, caso não ocorra precipitação neste período, será necessário irrigar. Como, segundo a normal climatológica, são 11 dias em que geralmente ocorrem precipitações efetivas de 89,99mm, dividiu-se a Precipitação mensal efetiva por este número e distribuiu-se a precipitação igualmente durante o mês para fazer o manejo hipotético. Os resultados são apresentados a seguir: Tabela 11. Manejo hipotético para o mês de março Eto Kc Etc IRN Ea ITN Pe LAi LAf Dp 1 4,05 0,8 3,24 8,18 49,8 49,80 4,94 2 4,05 0,8 3,24 49,80 46,56 3 4,05 0,8 3,24 46,56 43,32 4 4,05 0,8 3,24 8,18 43,32 48,27 5 4,05 0,8 3,24 48,27 45,03 6 4,05 0,8 3,24 45,03 41,79 7 4,05 0,8 3,24 8,18 41,79 46,73 8 4,05 0,8 3,24 46,73 43,50 9 4,05 0,8 3,24 43,50 40,26 10 4,05 0,8 3,24 8,18 40,26 45,20 11 4,05 0,8 3,24 45,20 41,96 12 4,05 0,8 3,24 41,96 38,72 13 4,05 0,8 3,24 8,18 38,72 43,67 14 4,05 0,8 3,24 43,67 40,43 15 4,05 0,8 3,24 40,43 37,19 16 4,05 0,8 3,24 8,18 37,19 42,13 17 4,05 0,8 3,24 42,13 38,90 18 4,05 0,8 3,24 38,90 35,66 19 4,05 0,8 3,24 8,18 35,66 40,60 20 4,05 0,8 3,24 40,60 37,36 21 4,05 0,8 3,24 37,36 34,12 22 4,05 0,8 3,24 8,18 34,12 39,07 23 4,05 0,8 3,24 39,07 35,83 24 4,05 0,8 3,24 35,83 32,59 25 4,05 0,8 3,24 8,18 32,59 37,53 26 4,05 0,8 3,24 37,53 34,30 27 4,05 0,8 3,24 34,30 31,06 28 4,05 0,8 3,24 8,18 31,06 36,00 29 4,05 0,8 3,24 36,00 32,76 30 4,05 0,8 3,24 32,76 29,52 31 4,05 0,8 3,24 8,18 29,52 34,47 Total 90 Para o mês de abril, caso a lâmina de água no solo esteja próximo de 19,94mm será necessário irrigar. Contudo, como o turno de rega calculado foi de 10 dias, caso não ocorra precipitação neste período, será necessário irrigar. Como, segundo a normal climatológica, são 5 dias em que geralmente ocorrem precipitações efetivas de 40,39mm, dividiu-se a Precipitação mensal efetiva por este número e distribuiu-se a precipitação igualmente durante o mês para fazer o manejo hipotético. Os resultados são apresentados a seguir: Tabela 12. Manejo hipotético para o mês de abril Eto Kc Etc IRN Ea ITN Pe LAi LAf Dp 1 3,50 0,8 2,80 8,08 34,47 31,67 23,50 0,8 2,80 31,67 28,87 3 3,50 0,8 2,80 28,87 26,06 4 3,50 0,8 2,80 26,06 23,26 5 3,50 0,8 2,80 23,26 20,46 6 3,50 0,8 2,80 20,46 17,66 7 3,50 0,8 2,80 8,08 17,66 22,94 8 3,50 0,8 2,80 22,94 20,14 9 3,50 0,8 2,80 32,46 0,85 38,2 20,14 49,80 10 3,50 0,8 2,80 49,80 47,00 11 3,50 0,8 2,80 47,00 44,20 12 3,50 0,8 2,80 44,20 41,40 13 3,50 0,8 2,80 8,08 41,40 46,67 14 3,50 0,8 2,80 46,67 43,87 15 3,50 0,8 2,80 43,87 41,07 16 3,50 0,8 2,80 41,07 38,27 17 3,50 0,8 2,80 38,27 35,47 18 3,50 0,8 2,80 35,47 32,67 19 3,50 0,8 2,80 8,08 32,67 37,95 20 3,50 0,8 2,80 37,95 35,15 21 3,50 0,8 2,80 35,15 32,34 22 3,50 0,8 2,80 32,34 29,54 23 3,50 0,8 2,80 29,54 26,74 24 3,50 0,8 2,80 26,74 23,94 25 3,50 0,8 2,80 8,08 23,94 29,22 26 3,50 0,8 2,80 29,22 26,42 27 3,50 0,8 2,80 26,42 23,62 28 3,50 0,8 2,80 23,62 20,82 29 3,50 0,8 2,80 31,78 0,85 37,4 20,82 49,80 30 3,50 0,8 2,80 49,80 47,00 Total 40,4 Para o mês de maio, caso a lâmina de água no solo esteja próximo de 14,97mm será necessário irrigar. Contudo, como o turno de rega calculado foi de 16 dias, caso não ocorra precipitação neste período, será necessário irrigar. Como, segundo a normal climatológica, são 4 dias em que geralmente ocorrem precipitações efetivas de 44,57mm, dividiu-se a Precipitação mensal efetiva por este número e distribuiu-se a precipitação igualmente durante o mês para fazer o manejo hipotético. Os resultados são apresentados a seguir: Tabela 13. Manejo hipotético para o mês de maio Eto Kc Etc IRN Ea ITN Pe LAi LAf Dp 1 2,65 0,8 2,12 47,00 44,88 2 2,65 0,8 2,12 44,88 42,75 3 2,65 0,8 2,12 42,75 40,63 4 2,65 0,8 2,12 40,63 38,50 5 2,65 0,8 2,12 38,50 36,38 6 2,65 0,8 2,12 36,38 34,26 7 2,65 0,8 2,12 11,1 34,26 43,27 8 2,65 0,8 2,12 43,27 41,15 9 2,65 0,8 2,12 41,15 39,03 10 2,65 0,8 2,12 39,03 44,88 11 2,65 0,8 2,12 44,88 42,75 12 2,65 0,8 2,12 42,75 40,63 13 2,65 0,8 2,12 40,63 38,50 14 2,65 0,8 2,12 11,1 38,50 47,52 15 2,65 0,8 2,12 47,52 45,40 16 2,65 0,8 2,12 45,40 43,27 17 2,65 0,8 2,12 43,27 41,15 18 2,65 0,8 2,12 41,15 39,03 19 2,65 0,8 2,12 39,03 36,90 20 2,65 0,8 2,12 36,90 34,78 21 2,65 0,8 2,12 11,1 34,78 43,80 22 2,65 0,8 2,12 43,80 41,67 23 2,65 0,8 2,12 41,67 39,55 24 2,65 0,8 2,12 39,55 37,43 25 2,65 0,8 2,12 37,43 35,30 26 2,65 0,8 2,12 35,30 33,18 27 2,65 0,8 2,12 33,18 31,06 28 2,65 0,8 2,12 11,1 31,06 40,07 29 2,65 0,8 2,12 40,07 37,95 30 2,65 0,8 2,12 37,95 35,83 31 2,65 0,8 2,12 35,83 33,70 Total 44,6 Para o mês de junho, caso a lâmina de água no solo esteja próximo de 14,97mm será necessário irrigar. Contudo, como o turno de rega calculado foi de 19 dias, caso não ocorra precipitação neste período, será necessário irrigar. Como, segundo a normal climatológica, são 2 dias em que geralmente ocorrem precipitações efetivas de 17,48mm, dividiu-se a Precipitação mensal efetiva por este número e distribuiu-se a precipitação igualmente durante o mês para fazer o manejo hipotético. Os resultados são apresentados a seguir: Tabela 14.. Manejo hipotético para o mês de junho Eto Kc Etc IRN Ea ITN Pe LAi LAf Dp 1 2,29 0,8 1,83 33,70 31,87 2 2,29 0,8 1,83 31,87 30,04 3 2,29 0,8 1,83 30,04 28,21 4 2,29 0,8 1,83 28,21 26,37 5 2,29 0,8 1,83 26,37 24,54 6 2,29 0,8 1,83 24,54 22,71 7 2,29 0,8 1,83 22,71 20,88 8 2,29 0,8 1,83 20,88 19,04 9 2,29 0,8 1,83 19,04 17,21 10 2,29 0,8 1,83 8,74 17,21 24,12 11 2,29 0,8 1,83 24,12 22,29 12 2,29 0,8 1,83 22,29 20,45 13 2,29 0,8 1,83 20,45 18,62 14 2,29 0,8 1,83 18,62 16,79 15 2,29 0,8 1,83 34,84 0,85 41 16,79 49,80 16 2,29 0,8 1,83 49,80 47,97 17 2,29 0,8 1,83 47,97 46,14 18 2,29 0,8 1,83 46,14 44,30 19 2,29 0,8 1,83 44,30 42,47 20 2,29 0,8 1,83 42,47 40,64 21 2,29 0,8 1,83 40,64 38,81 22 2,29 0,8 1,83 8,74 38,81 45,71 23 2,29 0,8 1,83 45,71 43,88 24 2,29 0,8 1,83 43,88 42,05 25 2,29 0,8 1,83 42,05 40,22 26 2,29 0,8 1,83 40,22 38,38 27 2,29 0,8 1,83 38,38 36,55 28 2,29 0,8 1,83 36,55 34,72 29 2,29 0,8 1,83 34,72 32,89 30 2,29 0,8 1,83 32,89 31,05 Total 17,5 Para o mês de julho, caso a lâmina de água no solo esteja próximo de 14,97mm será necessário irrigar. Contudo, como o turno de rega calculado foi de 16 dias, caso não ocorra precipitação neste período, será necessário irrigar. Como, segundo a normal climatológica, são 2 dias em que geralmente ocorrem precipitações efetivas de 18,8mm, dividiu-se a Precipitação mensal efetiva por este número e distribuiu-se a precipitação igualmente durante o mês para fazer o manejo hipotético. Os resultados são apresentados a seguir: Tabela 15. Manejo hipotético para o mês de julho Eto Kc Etc IRN Ea ITN Pe LAi LAf Dp 1 2,57 0,8 2,05 31,05 29,00 2 2,57 0,8 2,05 29,00 26,95 3 2,57 0,8 2,05 26,95 24,89 4 2,57 0,8 2,05 24,89 22,84 5 2,57 0,8 2,05 22,84 20,796 2,57 0,8 2,05 20,79 18,73 7 2,57 0,8 2,05 18,73 16,68 8 2,57 0,8 2,05 9,4 16,68 24,03 9 2,57 0,8 2,05 24,03 21,98 10 2,57 0,8 2,05 21,98 19,92 11 2,57 0,8 2,05 19,92 17,87 12 2,57 0,8 2,05 33,98 0,85 40 17,87 49,80 13 2,57 0,8 2,05 49,80 47,75 14 2,57 0,8 2,05 47,75 45,69 15 2,57 0,8 2,05 45,69 43,64 16 2,57 0,8 2,05 43,64 41,59 17 2,57 0,8 2,05 41,59 39,53 18 2,57 0,8 2,05 39,53 37,48 19 2,57 0,8 2,05 37,48 35,43 20 2,57 0,8 2,05 35,43 33,38 21 2,57 0,8 2,05 33,38 31,32 22 2,57 0,8 2,05 9,4 31,32 38,67 23 2,57 0,8 2,05 38,67 36,62 24 2,57 0,8 2,05 36,62 34,56 25 2,57 0,8 2,05 34,56 32,51 26 2,57 0,8 2,05 32,51 30,46 27 2,57 0,8 2,05 30,46 28,40 28 2,57 0,8 2,05 28,40 26,35 29 2,57 0,8 2,05 26,35 24,30 30 2,57 0,8 2,05 24,30 22,24 31 2,57 0,8 2,05 22,24 20,19 Total 18,8 Para os meses de agosto e setembro não deverá ser irrigado devido ao fato de, como explicado anteriormente, o citros necessitam em regiões tropicais de déficit hídrico para induzir a floração nos meses que as chuvas retornarem. Para o mês de outubro, caso a lâmina de água no solo esteja próximo de 24,92mm será necessário irrigar. Contudo, como o turno de rega calculado foi de 7 dias, caso não ocorra precipitação neste período, será necessário irrigar. Como, segundo a normal climatológica, são 9 dias em que geralmente ocorrem precipitações efetivas de 87,82mm, dividiu-se a Precipitação mensal efetiva por este número e distribuiu-se a precipitação igualmente durante o mês para fazer o manejo hipotético. Os resultados são apresentados a seguir: Tabela 16. Manejo hipotético para o mês de outubro Eto Kc Etc IRN Ea ITN Pe LAi LAf Dp 1 4,39 0,8 3,51 33,12 0,85 39 20,19 49,80 2 4,39 0,8 3,51 49,80 46,29 3 4,39 0,8 3,51 9,75 46,29 49,80 2,73 4 4,39 0,8 3,51 49,80 46,29 5 4,39 0,8 3,51 46,29 42,78 6 4,39 0,8 3,51 9,75 42,78 49,02 7 4,39 0,8 3,51 49,02 45,51 8 4,39 0,8 3,51 45,51 42,00 9 4,39 0,8 3,51 9,75 42,00 48,24 10 4,39 0,8 3,51 48,24 44,73 11 4,39 0,8 3,51 44,73 41,22 12 4,39 0,8 3,51 9,75 41,22 47,45 13 4,39 0,8 3,51 47,45 43,94 14 4,39 0,8 3,51 43,94 40,43 15 4,39 0,8 3,51 9,75 40,43 46,67 16 4,39 0,8 3,51 46,67 43,16 17 4,39 0,8 3,51 43,16 39,65 18 4,39 0,8 3,51 9,75 39,65 45,89 19 4,39 0,8 3,51 45,89 42,38 20 4,39 0,8 3,51 42,38 38,87 21 4,39 0,8 3,51 9,75 38,87 45,11 22 4,39 0,8 3,51 45,11 41,60 23 4,39 0,8 3,51 41,60 38,09 24 4,39 0,8 3,51 9,75 38,09 44,33 25 4,39 0,8 3,51 44,33 40,82 26 4,39 0,8 3,51 40,82 37,31 27 4,39 0,8 3,51 37,31 33,80 28 4,39 0,8 3,51 9,75 33,80 40,04 29 4,39 0,8 3,51 40,04 36,52 30 4,39 0,8 3,51 36,52 33,01 31 4,39 0,8 3,51 33,01 29,50 Total 87,8 CONCLUSÃO A irrigação é fundamental para garantir que as necessidades hídricas da planta de citros para a região de Barretos. O fornecimento de água nos períodos críticos do ciclo acarretará na garantia da produtividade em anos em que ocorrem fenômenos climáticos anormais, como veranicos, secas incomuns ou temperatura anormalmente elevadas no verão. Além disso, como visto, podem prevenir algumas doenças. Além do mais, permite que o citricultor possa planejar meses que são necessários irrigar e meses que são dispensáveis. Além de, com um sistema pronto, fazer apenas o manejo adequado para que a água aplicada seja suficiente e não lixivie nutrientes do solo, garantindo economia racional da água e de insumos. O sistema por gotejamento juntamente com o turno de rega fixo permite uma maior eficiência no uso da água, economizando água e tempo, pois a irrigação é feita apenas quando realmente é necessário (quando não há a precipitação suficiente para o solo). No caso do solo manejado em Barretos deste trabalho em condições de acordo com a normal climatológica, foi necessário irrigar apenas 4 vezes durante o ano. Contudo, caso exista algum evento climático anormal, como La Nina ou veranicos durante a floração, é possível utilizar o sistema para que a água do solo seja reposta. Portanto, o planejamento, dimensionamento e manejo do sistema de irrigação é fundamental para garantir a produtividade de qualquer cultura, avaliando as condições locais específicas e cultura específica. BIBLIOGRAFIA A CULTURA DA TANGERINA NO ESTADO DE SÃO PAULO. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=13565>. Acesso em: 14/05/2016. BERNARDO, S.; SOARES, A. A.; MANTOVANI, E. C. Manual de Irrigação. 8 a ed. Viçosa, MG: UFV, 2006. 625 p. BOLETIM 33 DA FAO. CITRICULTURA. Disponível em: <http://www.cepea.esalq.usp.br/pdf/Citricultura_ES>. Acesso em: 27/05/2016. CULTURA DA TANGERINA. Disponível em: <http://www.gestaonocampo.com.br/biblioteca/cultura-da-tangerina/>. Acesso em: 27/05/2016. ESTEVES, S. B. et al, Manual técnico Irrigação por Gotejamento, Niterói-RJ,2012. http://swrcfit.sourceforge.net/ INMET. Disponível em < http://www.inmet.gov.br/portal/>. Acesso em 23/05/2016. IRRIGAÇÃO EM CITROS. Disponível em: <http://www.estacaoexperimental.com.br/documentos/BC_07.pdf>. Acesso em: 27/05/2016. KOLLER, O.C. (Coord.). Citricultura, cultura de tangerineiras: tecnologia de produção, pós-colheita e industrialização. Porto Alegre: Editora Rígel, 2009. 400 p KÖPPEN, W. 1948. Climatologia: com um estúdio de los climas de latierra. Publicado em: Climatology. LaboratoryofClimatology, New Gersey. 104p. LIMA, E.P. Graus-dia, temperatura base e coeficientes de cultura para cafeeiros arábica em fase de implantação. 2006. 116p. Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal de Lavras, Lavras. ZANINI, J. R.; PAVANI, L. C.; SILVA, J. A. A. Irrigação em citros. Jaboticabal: Funep, 1998. PLANO ESTRATÉGICO PARA OS CITROS. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/camaras_setoriais/Citricultura/35RO/35%C2%AA%20RO_%20Citricultura_Embrapa%20parte%202.pdf>. Acesso em: 27/05/2016. ANEXOS MEMORIAL DE CÁLCULO Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ra - Radiação no topo da atmosfera (1) 41,9 40 36,6 31,3 26,6 24,1 25 28,9 34,2 38,6 41,2 41,2 Qg - Radiação global(3) 22,551 22,084 21,486 20,244 17,656 16,106 17,154 19,296 20,289 21,288 23,802 21,170 BOL (3) -3,6 -3,7 -4,5 -5,9 -6,8 -7,3 -8,1 -8,0 -6,3 -4,8 -4,6 -3,5 Rn - Saldo da Radiação a superfície (3) 13,735 13,292 12,077 9,686 6,753 5,103 5,132 6,824 9,306 11,547 13,730 12,772 G - Fluxo de calor no solo (3) 0,412 0,399 0,362 0,291 0,203 0,153 0,154 0,205 0,279 0,346 0,412 0,383 Tmax (2) 30,8 31,1 31,0 30,2 28,3 27,4 27,4 29,6 30,6 30,8 31,1 30,3 Tmin (2) 19,6 19,6 19,0 17,3 14,1 12,6 12,3 14,3 16,7 17,7 18,6 19,0 Tmed (3) 25,2 25,4 25,0 23,8 21,2 20,0 19,9 22,0 23,7 24,3 24,9 24,7 Pressão atm (2) 947,1 947,7 948,9 949,9 952,4 953,6 954,4 952,6 951,2 949,3 947,9 947,7 Intensidade do vento m/s 10m (2) 2,39 2,31 2,14 2,05 1,98 2,06 2,27 2,48 2,62 2,63 2,42 2,47 F (1) 0,742 0,742 0,742 0,742 0,742 0,742 0,742 0,742 0,742 0,742 0,742 0,742 U2 - velocidade do vento a 2m de altura (3) 1,773 1,714 1,588 1,521 1,469 1,529 1,684 1,840 1,944 1,951 1,796 1,833 es - pressão de saturação de vapor (3) 3,206 3,234 3,168 2,939 2,518 2,338 2,317 2,636 2,922 3,029 3,140 3,102 ea - pressão atual do ar (3) 2,468 2,513 2,319 1,987 1,642 1,466 1,304 1,289 1,499 1,881 2,195 2,345 (es-ea) - déficit de pressão de vapor (3) 0,737 0,721 0,849 0,952 0,876 0,872 1,012 1,347 1,423 1,148 0,945 0,757 Δ - declividade da curva de pressão de vapor de saturação (1) 0,191 0,194 0,189 0,177 0,155 0,145 0,144 0,161 0,176 0,182 0,188 0,186 ϒ - constante psicométrica (1) 0,064 0,064 0,064 0,064 0,064 0,064 0,064 0,064 0,064 0,064 0,064 0,064 Insolação em horas (2) 207,5 191,2 226,9 248,3 258,9 246,6 268,8 266,2 220,2 207,9 228,9 189,9 Dias no mês (3) 31,0 28,0 31,0 30,0 31,0 30,0 31,0 31,0 30,0 31,0 30,0 31,0 n - Brilho solar - Insolação por dia (3) 6,7 6,8 7,3 8,3 8,4 8,2 8,7 8,6 7,3 6,7 7,6 6,1 N - número de horas de luz solar no 15. dia (1) 13,1 12,7 12,1 11,5 11,1 10,8 10,9 11,3 11,9 12,5 13 13,2 n/N (3) 0,511 0,538 0,605 0,72 0,752 0,761 0,796 0,76 0,617 0,537 0,587 0,464 UR media compensada (2) 77,0 77,7 73,2 67,6 65,2 62,7 56,3 48,9 51,3 62,1 69,9 75,6 ETo 4,40 4,26 4,05 3,50 2,65 2,29 2,57 3,47 4,20 4,39 4,64 4,17 Fontes: (1) BERNADO, 2002; (2) INMET; (3) Estimado a partir de fórmulas. ETpJaneiro: mm / dia. ETpFevereiro ETpMarço ETpAbril ETp Maio ETpJunho ETpJulho ETpAgosto ETpSetembro ETpOutubro ETpNovembro ETpDezembro CURVA DE RETENÇÃO Utilizando os valores de tensão aplicada (cm água cm-1 solo) e umidade volumétrica do solo, apresentados nos Métodos, a curva de retenção do solo foi elaborado, a partir do site SWRC Fit : Alguns modelos foram estimados de acordo com a elaboração do gráfico: Utilizando o modelo de van Genuchten, os parâmetros encontrados para calcular a umidade volumétrica da capacidade de campo e do ponto de murcha permanente do solo são: θs = 0,48884 ;θr = 2,8878e08 ; ; α = 0,069522 ; n = 1,0866. Considerou-se 1Kpa=10,197 cm H2O. Para o cálculo, utilizou-se a fórmula: Para a tensão na Capacidade de Campo do Solo na textura argilosa, considerou-se a Ψcc=0,33atm=340,97cm H2O: Para a tensão na no Ponto de Murcha Permanente do Solo, considerou-se a Ψcc=15atm=15498,84cm H2O: PRECIPITAÇÃO EFETIVA A precipitação efetiva foi estimada para Barretos pelo modelo proposto pelo USDA SoilConservationService, para precipitações menores que 250mm. Assim: CÁLCULO TURNO DE REGA Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez ETo 4,40 4,26 4,05 3,50 2,65 2,29 2,57 3,47 4,20 4,39 4,64 4,17 Kc 0,8 Etc 3,52 3,41 3,24 2,80 2,12 1,83 2,05 2,77 3,36 3,51 3,71 3,34 Pe 132,40 130,52 89,99 40,39 44,57 17,48 18,80 15,31 42,02 87,82 123,35 139,34 Qtde Dias de precipitação 16 13 11 5 4 2 2 2 4 9 12 16 Dias no mês 31,0 28,0 31,0 30,0 31,0 30,0 31,0 31,0 30,0 31,0 30,0 31,0 Pe/dia (provável) 4,27 4,66 2,90 1,35 1,44 0,58 0,61 0,49 1,40 2,83 4,11 4,49 (Etc-Pe) mm/dia -0,75 -1,25 0,34 1,45 0,69 1,25 1,45 2,28 1,96 0,68 -0,40 -1,16 CAD 49,76 f 0,50 0,50 0,60 0,60 0,70 0,70 0,70 0,60 0,50 0,50 0,50 0,50 AFD 24,88 24,88 29,86 29,86 34,83 34,83 34,83 29,86 24,88 24,88 24,88 24,88 TR 7,07 7,29 9,22 10,66 16,40 19,01 16,97 10,77 7,41 7,09 6,71 7,46
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