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A TEORIA DO DIÁLOGO DAS FONTES

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A TEORIA DO DIÁLOGO DAS FONTES 
TEXTO RETIRADO DO SITE JUS NAVIGANDI, DE AUTORIA DO PROFESSOR JOSÉ RICARDI 
ALVAREZ VIANNA, ENCONTRADO NO SEGUINTE ENDEREÇO ELETRÔNICO: 
http://jus.com.br/revista/texto/18279/a-teoria-do-dialogo-das-fontes/2 
 
 
O juiz tem importante papel na interpretação e aplicação do Direito, podendo formular a 
decisão jurídica mais adequada ao caso, a partir do núcleo essencial do bem jurídico 
disputado. 
Resumo: Este artigo visa tecer considerações sobre a Teoria do Diálogo das Fontes. 
Inicia com uma análise do que se entende por Fontes do Direito, apontando possíveis 
conflitos entre estas, especialmente entre leis (antinomias). Na sequência, após 
apresentar os métodos clássicos para solução de antinomias, ingressa propriamente no 
tema, esclarecendo sua origem, suas justificativas e fundamentos, bem como a forma de 
operacionalizá-la. Assim o fazendo, destaca o papel do juiz na interpretação e aplicação 
do Direito, bem como a possibilidade de formular a decisão jurídica mais adequada ao 
caso em análise, a partir do núcleo essencial do bem jurídico disputado, o qual deve ser 
extraído com base nas premissas Constitucionais. 
Palavras-chave: Diálogo das Fontes – Antinomias – Texto e Norma – Interpretação e 
Aplicação do Direito. 
Abstract: This article aims to comment about the Theory of the Dialogue of Sources. It 
begins with an analysis of what is meant by sources of law, pointing to possible 
conflicts among them, especially among laws (antinomies). In the following, after to 
present the classical methods for solution of antinomies, begins to consider the matter 
itself, informed its origin, its justifications and foundations, as well as how to 
operationalize it. This way, highlights the role of the judge in the interpretation and 
application of law, and the possibility of judicial decision more adequate to this case, 
from the essential core of the legal point in conflict obtained on the basis of 
Constitutional assumptions. 
Keywords: Dialogue of Sources – Antinomies – Text and Norma – Interpretation and 
Application of Law. 
________________________________________ 
1 – INTRODUÇÃO 
O artigo visa abordar a chamada Teoria do Diálogo das Fontes. Não raras vezes o 
operador do Direito se vê diante de uma série de comandos normativos, muitos deles 
contraditórios e conflitantes entre si, cuja solução nem sempre encontra resposta 
adequada pelos critérios tradicionais de superação de antinomias. Outras vezes, mesmo 
quando os métodos clássicos fornecem uma resposta jurídica tecnicamente correta, esta 
pode conduzir a resultados incoerentes e em confronto com as diretrizes do sistema, em 
especial com os fundamentos Constitucionais, o que não deixa de representar um 
retrocesso. 
É neste cenário de inumeráveis Fontes do Direito, sobretudo leis, contendo em seu 
interior regras e princípios, com suas características, finalidades e efeitos próprios e, por 
vezes, contraditórios que emerge a Teoria do Diálogo das Fontes, a orientar o intérprete 
e aplicador do Direito em busca da decisão "correta" [01] ou, ao menos, da 
"constitucionalmente adequada". [02] 
O artigo inicia com um breve resgate do que se entende por Fontes do Direito, bem 
como dos possíveis conflitos entre estas e mesmo da insuficiência dos critérios postos à 
disposição dos operadores para superá-los. Na sequência, passa-se ao exame do tema 
propriamente dito, esclarecendo sua origem, justificativa, propósitos, além de fornecer 
critérios para operacionalizá-la. 
Objetiva-se com este fornecer ao intérprete e ao aplicador do Direito mais um 
instrumento Hermenêutico, que tutele e concretize seus ideais, sobretudo aqueles 
previstos na Constituição, transpondo desta para a realidade da vida. 
Para desenvolvimento da matéria foi empregado o método hipotético-dedutivo, com 
pesquisa bibliográfica, nacional e estrangeira, como também jurisprudencial. 
________________________________________ 
2 – FONTES DO DIREITO E ANTINOMIAS 
A palavra fonte advém do latim fons, que significa nascente, manancial. [03] Assim, ao 
se empregar a expressão Fontes do Direito visa-se indicar de onde o Direito surge, 
nasce, emerge; enfim, quais são as bases que o alicerçam e que lhe conferem contornos 
de sistema, isto é, dotado de coerência e harmonia, coesão e estrutura [04], e, dessa 
forma, apto a disciplinar o convívio social humano, absorvendo insegurança [05], 
propiciando a paz [06], o bem comum, a Justiça [07]. 
De modo geral, a lei e a jurisprudência figuram como fontes formais Estatais do Direito, 
enquanto doutrina, costumes e negócios jurídicos como fontes formais não Estatais. 
Contudo, esta classificação não é unânime. Há quem sustente, por exemplo, que a 
doutrina, por não ter conteúdo vinculante, não seria propriamente uma Fonte do Direito, 
mas sim um veículo de orientação para sua correta interpretação e aplicação. [08] 
Polêmicas à parte, é certo que, não raras vezes, as Fontes do Direito entram em rota de 
colisão entre si. Ocorrem antinomias; costumes contra legem; julgados em sentido 
diametralmente oposto entre si; negócios jurídicos em desconformidade com normas de 
ordem pública etc. 
Como se sabe, existem métodos e critérios jurídicos próprios para sanar essas 
contradições, as quais, frise-se, devem ser apenas aparentes e transitórias, de modo a 
manter íntegra a ideia de sistema. No caso de conflitos de leis (antinomias), objeto deste 
estudo, basicamente, são utilizados 3 (três) critérios: a)- temporal; b)- hierárquico; e, c)- 
especial. Pelo critério temporal, a lei posterior revoga a anterior, devendo aquela 
prevalecer sobre esta. Pelo critério hierárquico, a lei superior prevalece sobre a inferior, 
caso da Constituição perante as demais disposições normativas. Por fim, pelo critério 
especial, a lei de conteúdo específico prevalece sobre a lei de conteúdo genérico (lex 
specialis derrogat lex generalis). [09] 
Sucede que esses critérios, embora dotados de rigor, podem não propiciar soluções 
jurídicas que se revelem adequadas, sobretudo se cotejada com as premissas 
Constitucionais. Podem, inclusive, levar a resultados que criem um sentimento de que 
algo está errado; de que não se traduziu aquilo que o senso comum ou mesmo o senso 
crítico, vigentes em determinado tempo e local, reputam como corretos, apropriados, 
razoáveis, viáveis ou justos. É neste cenário, de vazio de sentido, apesar de várias leis 
incidindo na espécie, que irá emergir a Teoria do Diálogo das Fontes, a qual vem 
acenando como novo método de solução de supostas contradições, restabelecendo a 
coerência e unidade do sistema, eventualmente abaladas. 
A Teoria do Diálogo das Fontes, desse modo, rompe com paradigmas clássicos ao 
apresentar novo modelo de como lidar com as Fontes formais do Direito, notadamente 
as normas jurídicas (regras e princípios), mediante, como o próprio nome sugere, um 
diálogo entre estas, sob a intermediação racional, atenta, sensível e perspicaz do 
intérprete e aplicador do Direito. É o que se buscará explicar no tópico seguinte. 
________________________________________ 
3 – O QUE SE ENTENDE POR DIÁLOGO DAS FONTES 
Foi a Profª Cláudia Lima Marques que, tomando por base seus estudos na Alemanha, 
importou para o Brasil a Teoria do Diálogo das Fontes, tal como idealizada pelo jurista 
germano Erik Jayme. [10] Mas em que consiste, afinal, esse diálogo entre as fontes do 
Direito? Qual é sua marca diferenciada, se é que existe, em relação aos critérios 
tradicionais para superação de antinomias? 
Para melhor compreensão do assunto, nada mais conveniente do que recorrer a um 
enfoque prático. Nesse palmar, observa-se que a Teoria do Diálogo das Fontes tem sido 
bastante aplicadaem situações que se sujeitam, concomitantemente, a disposições 
contidas tanto no Código Civil, quanto no Código de Defesa do Consumidor. No 
entanto, a solução não advém dos métodos clássicos, como especialidade, 
temporalidade ou hierárquico, mas a partir de uma perscrutação, uma investigação, uma 
análise da situação fática correspondente em cotejo com as normas incidentes. É desse 
conflito que o operador do Direito irá buscar identificar a finalidade e a essência do bem 
jurídico, objeto da lide, para formular, num processo simbiótico, a solução que o caso 
reclama, de acordo com os parâmetros jurídicos que regem a matéria, em sintonia com 
as diretrizes Constitucionais. 
Esta norma individual, aqui entendida como a solução jurídica do conflito, apesar de 
reconhecer que a relação jurídica em análise é de consumo, poderá, após um juízo de 
coordenação, encadeamento e complementariedade entre as várias fontes normativas 
incidentes, tomar de empréstimo uma norma prevista no Código Civil e desta extrair a 
solução jurídica para a relação de consumo, o que contraria os métodos clássicos de 
solução de conflitos. 
Sobre o tema, apropriadas são as palavras da própria Cláudia Lima Marques: 
Na pluralidade de leis ou fontes, existentes ou coexistentes no mesmo ordenamento 
jurídico, ao mesmo tempo, que possuem campos de aplicação ora coincidentes ora não 
coincidentes, os critérios tradicionais da solução dos conflitos de leis no tempo (Direito 
Intertemporal) encontram seus limites. Isto ocorre porque pressupõe a retirada de uma 
das leis (a anterior, a geral e a de hierarquia inferior) do sistema, daí propor Erik Jayme 
o caminho do "diálogo das fontes", para a superação das eventuais antinomias aparentes 
existentes entre o CDC e o CC/2002. [11] 
Mais adiante, complementa: 
há mais convivência de leis com campos de aplicação diferentes, do que exclusão e 
clareza. Seus campos de aplicação, por vezes, são convergentes e, em geral diferentes, 
mas convivem e coexistem em um mesmo sistema jurídico que deve ser 
ressistematizado. O desafio é este, aplicar as fontes em diálogo de forma justa, em um 
sistema de direito privado plural, fluído, mutável e complexo. [12] 
Para que este diálogo ocorra e resulte em bons frutos é indispensável aquilatar o núcleo 
essencial que caracteriza e qualifica o bem jurídico, objeto da controvérsia, e, ato 
contínuo, mediante uma análise sistemática, finalística, contextual (e não apenas 
textual), seja verificado qual norma jurídica melhor atende ao conteúdo, que concretiza 
e materializa a finalidade do desse bem jurídico. 
Apropriado neste momento transcrever as palavras de Marco Fábio Morsello, para 
quem: 
sob a ótica constitucional, a defesa do consumidor foi considerada direito fundamental 
(art. 5°, XXXII), de modo que a existência de norma em antinomia com aquelas que 
tenham implementado a mencionada defesa naturalmente não poderá prevalecer, 
levando-se em conta a força normativa que promana da Constituição Federal, 
ensejando, pois, preponderância, inclusive sob o critério hierárquico. [13] 
A partir do raciocínio exposto, pode-se dizer que, em uma relação jurídica em que 
existam normas consumeiristas e normas civilistas incidindo, a princípio, com igual 
força, a solução, a teor do que dispõe os arts. 5º, inc. XXXII, e 170, inc. V, ambos da 
Constituição Federal, deve ser aquela que melhor represente as aspirações 
Constitucionais, significa dizer: a prevalência da norma mais favorável ao consumidor, 
mesmo que esta norma esteja prevista, formal e circunstancialmente, no Código Civil 
ou em outros diplomas legais. Aqui, pois, a essência do Diálogo das Fontes, a tutela 
eficaz e efetiva do bem jurídico em simetria com os postulados Constitucionais, mesmo 
que isso, aos menos desavisados, possa contrariar, por exemplo, o princípio da 
especialidade. Não contraria; implementa-o, embora não nos moldes clássicos. 
Foi com este escopo, isto é, a concretização de Direitos Fundamentais, eventualmente 
abalada em determinadas circunstâncias, que se recorreu ao Diálogo das Fontes. E foi 
com base nessa perspectiva que a jurisprudência, corretamente, firmou entendimento de 
que, nas ações de cobrança em que se pleiteiam diferenças de correção monetária e 
juros, não repassadas às cadernetas de poupança por ocasião de planos econômicos 
(Bresser e Verão), o prazo prescricional deveria ser de 20 (vinte) anos, como previsto no 
Código Civil de 1916, e não de 5 (cinco) anos, como consta do art. 27, do Código do 
Consumidor, apesar de não negar a relação de consumo. [14] 
Há julgados, ainda, que não conferem efeito vinculante ao disposto no artigo 763, do 
Código Civil, que, em tese, permitiria a negativa da indenização pela seguradora se o 
segurado estivesse em mora por ocasião do sinistro. Para tanto, recorre-se ao Diálogo 
das Fontes para se concluir que mora, em casos tais, não é ex re, mas ex persona, 
condicionando, destarte, a extinção do contrato à notificação prévia do segurado, 
solução esta que mais se afigura adequada consoante os ditames Constitucionais, já 
mencionados. [15], [16] 
Cumpre registrar que o Diálogo das Fontes, no caso de relações de consumo, encontra 
previsão expressa para sua aplicação, conforme se infere do art. 7º, do CDC, que, para 
imediata visualização, resta transcrito: 
Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou 
convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna 
ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, 
bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e 
equidade. 
Note-se que o enunciado normativo apresenta tom imperativo e reafirma a ideia de 
sistema no ordenamento jurídico, em que as Fontes do Direito, notadamente as leis não 
devem ser apreendidas e interpretadas literal e/ou isoladamente, mas, ao revés, devem 
refletir e materializar os fins sociais a que elas se dirigem (LICC, art. 5º). 
Deixa evidente, outrossim, a importância e a responsabilidade dos operadores do 
Direito, em especial do juiz, que deve, racional e sensivelmente, fazer essa ponte, essa 
intermediação, esse diálogo entre fontes normativas para formular a norma jurídica 
individual, que melhor irá compor a lide, o que reafirma à diferença existente entre texto 
e norma, como alertada pela doutrina, a seguir analisada. 
________________________________________ 
4 – TEXTO E NORMA 
Poder-se-ia argumentar que a Teoria do Diálogo das Fontes confere ao magistrado o 
poder de criar o Direito, ao combinar leis para decidir a lide submetida à sua análise, o 
que não seria aceitável. Todavia, a rigor, este tema já está superado em sede doutrinária, 
com a distinção entre texto e norma. 
Com efeito, a lei, em seu conteúdo abstrato e hipotético, representa tão-somente o texto, 
o enunciado, o conjunto de signos linguísticos que veiculam a(s) conduta(s) 
prescritiva(s) – proibido (V), permitido (P) ou obrigatório (O) – a serem observadas em 
sociedade. Esse enunciado pode ser assim representado: D[F → (S´ R S’’)], vale dizer, 
ocorrido o fato F emerge a relação jurídica R intersubjetiva entre S’ e S’’. Há, pois, 
mero juízo hipotético condicional em que o consequente (proposição tese) somente se 
manifestará se e desde que ocorrer o antecedente (proposição hipótese), o que confirma 
o mero conteúdo de texto, e não de norma. [17] 
A norma somente ocorrerá após a situação fática que carece de uma regulação. Será, 
então, específica e concreta; construída pelo intérprete/aplicador do Direito a partir da 
análise do caso que lhe é submetido à análise e julgamento, num cotejo entre texto legal 
e contexto fático-social. Resumindo,a norma é o texto vivo e não meramente latente. E 
esse texto vivo é formatado pelo operador do Direito, de maneira sistemática, e não 
isolada; com base finalística-telelógica, e não somente na literalidade dos dispositivos. 
Sobre o tema, oportunas são as palavras de Eros Grau: 
O texto normativo – diz Müller [1993:169] – não contém imediatamente a norma. A 
norma é construída, pelo intérprete, no decorrer do processo de concretização do direito 
(o preceito jurídico é uma matéria que precisa ser "trabalhada"). [18] 
E mais: 
a concretização envolve também a análise do âmbito do norma, entendido como tal o 
aspecto da realidade a que respeita o texto. Dizendo-o de outro modo: a norma é 
produzida, no curso do processo de concretização, não a partir dos elementos do texto, 
mas também dos dados da realidade à qual ela – a norma – deve ser aplicada. [19] 
Miguel Reale, apesar de não empregar os vocábulos texto e norma, segue a mesma 
trilha. Observe-se: 
O ato de julgar não obedece a meras exigências lógico-formais, implicando sempre 
apreciações valorativas (axiológicas) dos fatos, e, não raro, um processo de 
interpretação da lei, aplicável ao caso, graças a um trabalho que é antes de "dedução 
amplificadora". Muitas vezes, para julgar uma ação, o juiz é levado por força geral e 
unitária do ordenamento jurídico, a combinar preceitos, chegando a consequências 
normativas que não se continham, à primeira vista, nas proposições por ele 
criadoramente aproximadas. [20] 
Em outra passagem, mas na mesma obra, Reale torna a afirmar: 
Donde podemos concluir que o ato de subordinação ou subsunção do fato à norma não é 
um ato reflexo e passivo, mas antes um ato de participação criadora do juiz, com a sua 
sensibilidade e tato, sua intuição e prudência, operando a norma como substrato 
condicionador de suas indagações teóricas e técnicas. [21] 
Kelsen, de igual modo, traz importante contribuição a respeito, na medida em que 
reconhece a conduta ativa e constitutiva do Direito ao juiz. Observe-se: 
Do ponto de vista de uma consideração centrada sobre a dinâmica do Direito, o 
estabelecimento da norma individual pelo tribunal representa um estádio [sic.] 
intermediário do processo que começa com a elaboração da Constituição e segue, 
através da legislação e do costume, até a decisão judicial e esta até a execução da 
sanção. Este processo, no qual o Direito se recria em cada momento, parte do geral (ou 
abstrato) para o individual (ou concreto). É um processo de individualização ou 
concretização sempre crescente. [22] 
[...] 
Uma decisão judicial não tem, como por vezes se supõe, um simples caráter 
declaratório. O juiz não tem simplesmente de descobrir e declarar um direito já de 
antemão firme e acabada, cuja produção já foi concluída [....] esta determinação não tem 
um caráter simplesmente declarativo, mas um caráter constitutivo. [23] 
Tais apontamentos reforçam e confirmam a proposta e os objetivos do Diálogo das 
Fontes. Demonstram que o juiz não é, de há muito, la bouche de la loi, como 
preconizado por Montesquieu; ao contrário, razão parece assistir a Carlos Maximiliano, 
quando compara o juiz e o legislador com o dramaturgo e o ator, verbis: 
Existe entre o legislador e o juiz a mesma relação que entre o dramaturgo e o ator. Deve 
este atender às palavras da peça e inspirar-se no seu conteúdo; porém, se é verdadeiro 
artista, não se limita a uma reprodução pálida e servil: dá vida ao papel, encarna de 
modo particular a personagem, imprime um traço pessoal à representação, empresta às 
cenas um certo colorido, variações de matiz quase imperceptíveis; e de tudo faz 
ressaltarem aos olhos dos espectadores maravilhados belezas inesperadas, imprevistas. 
Assim o magistrado: não procede como insensível e frio aplicador mecânico de 
dispositivos; porém como órgão de aperfeiçoamento destes, intermediário entre a letra 
morta dos Códigos e a vida real, apto a plasmar, com a matéria-prima da lei, uma obra 
de elegância moral e útil à sociedade. Não o consideram autômato; e, sim, árbitro da 
adaptação dos textos às espécies ocorrentes, mediador esclarecido entre o direito 
individual e o social. [24] 
Nem se argumente que a Teoria do Diálogo das Fontes mais se aproxima de uma 
retórica simplista ou de sofismas ao estilo do Realismo Jurídico Estadunidense, que, 
segundo Jerome Frank, um de seus expoentes, as decisões judiciais seriam influenciadas 
até pela dieta do juiz, ou seja, pelo seu estado de ânimo ou outras circunstâncias e 
contingências presentes no momento de decidir. [25] 
Este, aliás, o receio de Oscar Ivan Prux, como se extrai de suas palavras: "Não convém 
deixar apenas para a esfera da concepção individual de cada julgador, a aplicação de 
eventuais casuísmos neste ou naquele sentido." [26] 
Com efeito, não há dúvida de que a Teoria do Diálogo das Fontes amplia a margem para 
o julgador exercer seu mister. Mas esta margem, além de não ser recente no Direito – o 
próprio Kelsen já admitia essa possibilidade [27] –, não é arbitrária ou aleatória. O 
raciocínio jurídico levado a efeito para se chegar à decisão correspondente deverá ser 
externado de maneira expressa e racional às partes, a teor do que dispõe o art. 93, inc. 
IX, da CF/88. Por outras palavras: toda decisão judicial deve ser fundamentada. Logo, 
mesmo que concisamente, deve apontar os motivos fáticos e jurídicos; o texto e o 
contexto, que justificaram a conclusão engendrada. 
Como já consignado, esse diálogo e a solução que dele advier deve se enquadrar, para 
usar a expressão de Kelsen, na moldura legal previamente estabelecida [28]; isto quer 
dizer: a decisão daí resultante deve estar de acordo com os parâmetros Constitucionais. 
Nesse sentido, as palavras de Cláudio Bueno de Godoy: 
A interpretação deve sujeitar-se ao influxo da força unificadora da Constituição. Ou 
seja, se é comum, hoje, a multiplicidade de fontes normativas, inclusive legais e 
infraconstitucionais, evidentemente que entre elas há de se estabelecer um vínculo 
sistemático, de sorte a evitar que cada uma se coloque como um átomo isolado e 
incoerente com as demais normas do ordenamento. Esse papel de elo entre as diversas 
legislações, sobretudo quando tratam do mesmo assunto, quem o desempenha é a 
Constituição Federal, que, sempre que envolvida uma relação de consumo, antes de 
qualquer coisa determina, como se viu, a tutela do consumidor, porquanto ocupante de 
posição intrinsecamente vulnerável na relação. [29] 
Visto sob esse ângulo, tem-se que não procedem as críticas no sentido de que a Teoria 
do Diálogo das Fontes confere ao juiz subjetividade em demasia e, com isso, 
insegurança jurídica. Primeiro porque, não há objetividade absoluta. [30] Sempre – e 
felizmente – haverá subjetividade em todas as atividades humanas. É isso, a propósito, 
que inviabilizam os avanços nos estudos da chamada Inteligência Artificial (IA), os 
quais tentam reproduzir o pensamento humano, porquanto entre o "0" e o "1", próprios 
dos códigos binários e da linguagem computacional, que, na lógica booleana, 
representam o sim e o não, o falso e o verdadeiro, tudo ou o nada, o ligado e o 
desligado, pode haver, ainda, metaforicamente, o "0000000,777775555412001", 
conforme, mutatis mutandis, preconizam a lógica paraconsistente e a Teoria da quase 
verdade ou da verdade parcial, ambas do brasileiro Newton Carneiro Affonso da Costa, 
somente apreensíveis pela mente humana, por vezes até intuitivamente. [31], [32] 
Segundo porque, a bem da verdade não há um juiz em cada caso, mas, em regra, vários 
juízes. Sim, porque todas as decisões judiciais, além de submetidas ao crivo do 
contraditório e ao devido processo legal, dialéticos por excelência, ainda comportam 
reexamespelas vias recursais. Neste cariz, o Judiciário, valendo-se das palavras de 
Maria Francisca Carneiro, é "unitas-multiplex (conseguindo assim ser o paradoxo do 
um e do múltiplo ao mesmo tempo)". [33] 
Nessa ordem de ideias, percebe-se que a Teoria do Diálogo das Fontes emerge como 
mais um instrumento para uma boa aplicação do Direito. Não o único e muito menos 
infalível, até porque fruto da atividade humana (errare humano est), mas, seguramente, 
de utilidade inquestionável, ao permitir e viabilizar um olhar mais afiado para a 
realidade dos casos concretos como mais um instrumento de Justiça, objetivo, por 
excelência, da atividade judiciária [34]. 
5 – CONCLUSÃO 
Do desenvolvimento do tema, foram extraídas as seguintes conclusões: 
1. As Fontes do Direito, em linhas gerais, podem ser classificadas como Formais 
Estatais (lei e jurisprudência) e Formais não Estatais (doutrina, costumes e negócios 
jurídicos), as quais, não raras vezes, podem entrar em rota de colisão entre si, colocando 
em risco os objetivos do Direito: a segurança jurídica, a paz e bem comum. 
2. Para a solução de conflitos normativos (antinomias) emerge a Teoria do Diálogo das 
Fontes, oriunda do Direito Alemão, que permite ao operador do Direito examinar as leis 
que incidem na espécie, com vagar e sensibilidade, para adotar a solução jurídica que 
mais se revele adequada no caso, eliminando decisões incoerentes ou insensatas. 
3. Para que esta solução jurídica se revele razoável, prudente e justa, o intérprete e 
aplicador do Direito deve perscrutar, sempre, o núcleo de proteção que reveste e 
caracteriza o bem jurídico em conflito, sempre a partir das regras e princípios 
Constitucionais. 
4. A Teoria do Diálogo das Fontes não se confunde com os critérios tradicionais de 
solução de conflitos (temporal, hierárquico e especial), na medida em que pode 
contrariá-los, como por exemplo, ao aplicar uma regra prevista no Código Civil em uma 
relação de Consumo. A rigor, aproxima-se dos métodos sistemático e teleológico da 
Hermenêutica Jurídica, porém se manifesta de modo mais avançado, sem tantos freios 
literais e mais voltada à concretização da essência material do bem jurídico respectivo. 
Em suma, permite a melhor solução jurídica para o caso concreto. 
5. Sua aplicação reafirma e confirma a distinção formulada pela doutrina entre texto e 
norma. Aquele de conotação hipotética e abstrata; esta, específica e concreta. Da mesma 
forma, enaltece a atividade judiciária, fazendo do juiz não um aplicador mecânico de 
dispositivos legais, mas um mediador esclarecido entre a lei e a vida em sociedade; 
entre o Direito e a Justiça. 
6. A decisão judicial (norma jurídica individual) firmada a partir do Diálogo das Fontes 
não se operacionaliza de maneira arbitrária ou aleatória pelo julgador, mas com base nas 
premissas, valores e fundamentos presentes na Constituição, o que deve ficar expresso 
em seu conteúdo (CF/88, art. 93, inc. IX). 
7. A Teoria do Diálogo das Fontes emerge como mais um instrumento a serviço da boa 
interpretação e aplicação do Direito, com o escopo de concretizar os Direitos 
Fundamentais, presentes na Carta Magna, bem como fins sociais a que ela se dirige. 
________________________________________ 
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ROHDEN, Humberto. Einstein – o enigma do universo. São Paulo: Martin Claret, 2007. 
STRECK, Lênio. Verdade e Consenso. Constituição, Hermenêutica e Teorias 
Discursivas da Possibilidade à Necessidade de Respostas Corretas em Direito. 3ª ed. 
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 
VAZ, Anderson Rosa. Introdução ao Direito. Curitiba: Juruá, 2008. 
________________________________________ 
NOTAS 
1. Dworkin chega a defender a existência de apenas uma resposta correta (one right 
answer), mesmo nos chamados casos difíceis (hard cases). DWORKIN, Ronald. Taking 
Rights Seriously. Cambridge: Harvard University Press, 1978, p. 279-290. 
2. A expressão é de Lênio Streck. STRECK, Lênio. Verdade e Consenso. 
Constituição, Hermenêutica e Teorias Discursivas da Possibilidade à Necessidade de 
Respostas Corretas em Direito. 3ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009, p. 572. 
3. VAZ, Anderson Rosa. Introdução ao Direito. Curitiba: Juruá, 2008, p. 227. 
4. NUNES, Luiz Antônio Rizzatto. O Princípio Constitucional da Dignidade da 
Pessoa Humana. Doutrina e jurisprudência. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 37. 
5. FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. Técnica, 
Decisão, Dominação. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1994, p. 311. 
6. Nas palavras de Ihering: "O fim do direito é a paz, o meio de que se serve para 
consegui-lo é a luta". IHERING, Rudolf Von. A Luta pelo Direito. Tradução de Pietro 
Nasseti. 2ª ed. São Paulo: Martin Claret, 2009, p. 27. 
7. Nesse ponto, concorda-se, como se vê, com o pensamento de Eduardo C. B. 
Bittar e Guilherme A. de Almeida, para quem: "O Direito deve ser o veículo para a 
realização da justiça. Em outras palavras, a justiça deve ser a meta do Direito". 
BITTAR, Eduardo C. B. e ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de Filosofia do 
Direito. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2010, p. 526. 
8. Sobre o tema, Anderson Rosa pondera: "autores de escol, como Paulo de Barros 
Carvalho, Miguel Reale, José Oliveira Ascensão e João Baptista Machado, mesmo 
reconhecendo a importância da ‘comunis opinio doctorum’ para a fundamentação do 
ordenamentojurídica, não consideram que a doutrina possa ser chamada de fonte de 
direito, sob o argumento que a doutrina não vincula o julgador." E prossegue: "não 
parece assistir razão a esse entendimento, notadamente quando se considera que 
doutrina, produto da atividade do jurista, tem função criptonormativa, isto é, tem a 
função de orientar a conduta dos indivíduos em sociedade". VAZ, Anderson Rosa. Op. 
cit., p. 252. 
9. BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. Tradução de Maria 
Celeste Cordeiro Leite dos Santos. 10ª ed. Brasília: UNB, 1999, p. 92. 
10. MARQUES, Cláudia Lima. Superação das antinomias pelo Diálogo das Fontes: 
o modelo brasileiro de coexistência entre o Código de Defesa do Consumidor e o 
Código Civil de 2002. Revista da Escola Superior da Magistratura de Sergipe, Aracaju, 
SE, v. 7, p. 15-54, 2004. 
11. Ibidem. 
12. Ibidem. 
13. MORSELLO, Marco Fábio. Responsabilidade Civil no Transporte Aéreo. São 
Paulo: Atlas, 2006, p. 402-403. 
14. Nesta conformação, o seguinte julgado: TJ-SP – Ap. Cível nº 7.347.215-4 – Rel. 
Des. Candido Alem – julg. em 04/05/2010, que, em sua fundamentação, fez constar: 
"Também não é caso de prescrição ou decadência pelas regras do Código de Defesa do 
Consumidor, uma vez que a jurisprudência praticamente unânime aplica à matéria as 
normas do Direito Civil, por serem mais favoráveis ao consumidor efetuando o 
chamado "diálogo das fontes". 
15. Nesse linha: "CONTRATO DE SEGURO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. 
PRÊMIO PARCELADO. ATRASO. NEGATIVA DE PAGAMENTO DA 
COBERTURA SECURITÁRIA. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E 
NOVO CÓDIGO CIVIL. DIÁLOGO DE FONTES. INTELIGÊNCIA DO ART. 763 
DO CÓDIGO CIVIL. MORA EX PERSONA. PRINCÍPIOS DA BOA-FÉ, 
RAZOABILIDADE. EQUILÍBRIO CONTRATUAL. SUSPENSÃO DA GARANTIA. 
CANCELAMENTO AUTOMÁTICO DA COBERTURA. IMPOSSIBILIDADE. 
INDENIZAÇÃO DEVIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. A regra 
do art. 763 do Código Civil, que cria cláusula resolutiva expressa do negócio jurídico, 
impedindo que o segurado receba a indenização, há que ser interpretada em consonância 
com os princípios da boa-fé, da razoabilidade e do equilíbrio contratual, travando-se o 
diálogo com o Código de Defesa do Consumidor. 2. O simples atraso de parcelas do 
prêmio conduz à suspensão da garantia, havendo a necessidade de interpelação, uma vez 
que se trata de mora ‘ex persona’, por se tratar de negócio socialmente sensível. Mero 
atraso não basta para desconstituir a relação contratual." (TJ-PR – Ap. Cível nº 327.427-
1 - Rel. Des Wilde de Lima Pugliese. – julg. em 09/03/2006). 
16. A aplicação da Teoria do Diálogo das Fontes não se limita às relações de 
consumo. Já existem julgados, por exemplo, que deixam de conferir efeito suspensivo 
em embargos à execução fiscal, com base nas disposições do CPC, após as alterações da 
Lei 11.382/2006, em relação ao art. 739-A, no CPC, não aplicando, pois, o princípio da 
especialidade no que alude à Lei 6.830/1980. Nesse sentido: STJ – AgRg no Ag 
1276180/RS, Rel. Min. Castro Meira – 2ª Tuma – julg. em 06/04/2010. 
17. CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário, Linguagem e Método. 2ª ed. 
São Paulo: Noeses, 2008, p. 168. 
18. GRAU, Eros Roberto. Ensaio e Discurso sobre a Interpretação/Aplicação do 
Direito. Malheiros: São Paulo, 2002, p. 63. 
19. Ibidem, p. 63-64 . 
20. REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 
1988, p. 85. 
21. Idibem, p. 298. 
22. KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. Tradução de João Baptista Machado. 6ª 
ed. São Paulo: Martins Fontes, p. 264. 
23. Ibidem, p. 264. 
24. MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação do Direito. 11ª ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 1992, p. 59. 
25. COELHO, L. Fernando. Lógica Jurídica e Interpretação das Leis. Rio de Janeiro: 
Forense, 1979, p. 137. 
26. PRUX, Oscar Ivan. A Possibilidade de um Diálogo das Fontes entre o Código de 
Defesa do Consumidor e o Código Civil. Jornal Estado do Paraná, Cad. Direito & 
Justiça, 27 maio 2007. 
27. Ratifique-se: "a norma do escalão superior não pode vincular em todas as 
direções (sob todos os aspectos) o ato através do qual é aplicada. Tem sempre de ficar 
uma margem, ora maior ora menor, de livre apreciação, de tal forma que a norma do 
escalão superior tem sempre, em relação ao ato de produção normativa ou de execução 
que a aplica, o caráter do de um quadro ou moldura a preencher por este ato." KELSEN, 
Hans. Op. cit., p. 388. 
28. Ibidem, p. 388. 
29. GODOY, Cláudio Bueno de. Código Civil Comentado. Doutrina e 
jurisprudência. Org. Min. Cezar Peluso, São Paulo: Manole, 2006, p. 594. 
30. Ao discorrer sob o tema, após lançar o sugestivo título "A inexpugnável 
subjetividade", Maria Francisca Carneiro et al anotam: "mesmo as posturas positivistas 
admitem que o conhecimento, tido genericamente em suas diferentes áreas, implica uma 
triagem com maior ou menor grau de discricionariedade de informações. A própria 
eleição de matérias de estudo e, mais adiante, a delimitação dos temas de pesquisa, 
contêm, as mais das vezes, elementos subjetivos individuais do pesquisador". 
CARNEIRO, Maria Francisca; SEVERO, Fabiana Galera e ÈLER, Karen. Teoria e 
Prática da Argumentação Jurídica. Lógica. Retórica. 2ª ed. Curitiba: Juruá, 2002, p. 50. 
31. Foi a intuição que levou Einstein à formulação da Teoria da Relatividade, a qual 
não encontrava respaldo ou coerência na física Newtoniana. Sobre o tema, as palavras 
de Luiz Fernando Bellinetti: "e nem se diga que a intuição não é um indicativo 
aceitável. Há alguns dados relevantes que a privilegiam: algumas das mais significativas 
criações humanas, tal como a teoria da relatividade, derivaram em grande parte da 
intuição. Holton, citado por Bernstein (cf. As ideias de Einstein, p. 86) afirma que 
Einstein, mesmo em face dos experimentos que pareciam desmentir sua teoria não abriu 
mão de suas ideias, confiando que estava certo, sendo posteriormente demonstrado que 
estavam erradas as conclusões tiradas das mencionadas experiências e corretas as 
teorias de Einstein". BELLINETTI, Luiz Fernando. Sentença Civil. Perspectivas 
conceituais no ordenamento jurídico Brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1994, 
p. 59. 
32. Ainda no tocante à intuição, Huberto Rohden cita Einstein: "Não existe nenhum 
caminho lógico para o descobrimento dessas leis elementares; o único caminho é o da 
intuição (There is only the way of intuition)". ROHDEN, Humberto. Einstein – O 
Enigma do Universo. São Paulo: Martin Claret, 2007, p. 26. 
33. CARNEIRO, Maria Francisca. Direito, Estética e Arte de Julgar. Porto Alegre: 
Nuria Fabris, 2008, p. 21. 
34.Este também é o entendimento de L. Fernando Coelho: "a primeira tarefa do juiz 
será então, de maneira serena e equilibrada, captar a valoração independente da regra de 
direito, utilizando-se dos processos comuns de interpretação, que são todos válidos 
desde que associados; mas essa captação se integra com a apreciação que ele faz do 
caso concreto, quando resplandece a missão mais importante do juiz – fazer Justiça!" 
COELHO, L. Fernando. Op. cit., p. 227.

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