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Clínica Médica de Animais de Companhia – Fluidoterapia Paulo Henrique da Silva Barbosa Medicina Veterinária – UFRRJ Pacientes neonatos apresentam maior teor de água: 75%. Toda vez que esse animal estiver submetido a um processo de desidratação, terá um quadro muito mais grave devido a essa grande concentração de água corporal. São muito mais sensíveis aos efeitos da desidratação. Pacientes obesos e idosos apresentam menor teor de água corporal. Tende-se a superestimar a desidratação de animal idoso porque o turgor da pele é mais deficiente. O paciente obeso é o contrário, seu turgor de pele é alterado devido a grande quantidade de tecido adiposo subcutâneo, fazendo com que sua desidratação seja subestimada. Distribuição de Solutos Sódio: Principal cátion do líquido extra celular. 50% fora da célula e 50% no osso. Absorvido pelo TGI e eliminado pela urina. Gradiente mantido pela bomba N+/K+ ATPase. Potássio: Principal cátion do líquido intracelular. Absorvido no duodeno e cólon e eliminado pelo rim. Gradiente mantido pela bomba Na/K ATPase. Hipocalemia causa depressão e fraqueza muscular. Hipercalemia causa cardiotoxicidade. Cloreto e Bicarbonato: Equilibrio ácido base. LEC Fosfato e Proteínos: Equilíbrio ácido base. LIC Movimento da Água entre os compartimentos: Osmolaridade, pressão oncótica e pressão hidrostática. Objetivo da Fluidoterapia: Corrigir deficiências pré existentes. Avaliar quanto de desidratação o animal tem e qual a condição dele para repor o volume perdido através da expensão volêmica. Isso vai aumentar pré carga, aumentando o volume sistólico e o débito cardíaco. (Homeostase orgânica). Débito cardíaco deficiente – Hipoperfusão. Conduta Clínica – Avaliação do Paciente A quanto tempo o animal vomita ou não ingere água? Como é a coloração das fezes? Quantas vezes urina? Faz posição para urinar ou urina por extravasamento? Turgor, umidade das membranas mucosas, posição do globo ocular, TPC – Principais parâmetros a serem avaliados para desidratação. Hematócrito alto, hiperproteinemia, creatinina alta – Desidratação EAS – densidade de urina alta – Desidratação Porcentagem de Desidratação <5 a 15 <5: Muito Suave: Menor ingestão de água. Não detectável. 5 – 6: Suave. Episódios esporádicos de diarreia e vômito. Discreta perda do turgor cutâneo ou elasticidade cutânea. 6 – 8: Moderada. Inapetência, vômito e diarreia moderados. Possível retração do globo ocular, possível ressecamento de membranas mucosas, ligeiro prolongamento do TPC. 10 – 12: Severa. Anorexia, vômito e diarreia severos, insuficiência renal crônica. Pele em forma de “tenda” (puxa e permanece esticada). Evidente prolongamento do TPC. Retração do globo ocular. Ressecamento de membranas mucosas. Possíveis sinais de choque (taquicardia, extremidades frias, pulso fraco e rápido). 12 – 15: Choque. Hemorragias, queimaduras. Morte eminente. Choque é quando perdeu sangue deficiente para prejudicar a demanda de oxigênio para as células. Vias de Administração Enteral – Não muito usada na rotina, nãopara reposição de fluido pois pode fazer falsa via. Usada em animais que não tem mais veias viáveis, etc. Intravenosa – Mais utilizada em casos moderados – graves. É mais rápida, o que deve tomar cuidado com velocidade de administração. Animais cardíacos não podem tomar muita fluido num período de tempo curto pela chance de desenvolver edema pulmonar. Subcutânea – Mais utilizada em pacientes crônicos pois a absorção é mais lenta. Na rotina usa-se mais para o renal. Intraóssea – Mais em Filhotes. Intraperitoneal – Mais em Filhotes. Não muito usada pela chance de atingir vísceras. Escolha do Fluido Condições do Paciente – Qual a patologia? É idoso, neonato? Tem ICC ou Cardiomiopatia hipertrófica? Renal crônico? Cálculo renal? Exames laboratoriais – Hematócrito e EAS. Paciente com Hematócrito e albumina aumentado mostra que há uma desidratação, hemocontração, deficiência de volume. Paciente precisa de volume. Fluido para volume: Cristaloides. Hematócrito normal e Albumina baixa: Fluido – Coloide. O coloide é uma molécula que tende a ficar dentro do vaso. Não tá desidratado, não repõe volume. Volemia. Hematócrito e albumina baixa: Fluidos hemoderivados. Transfusão sanguínea. Tipos de Fluido Isotônicos – Cristalóides A osmalaridade é semelhante a do plasma. Destas soluções apenas 20-25% permanecem no espaço intravascular 1h após sua administração. Principais para reposição do déficit hídrico para desidratados. Fornece volume. Reposições volêmicas; Choque traumático/hemorrágico – Num momento emergencial enquanto procura o sangue para transfusão. “Ganho de tempo”. Condições de distúrbios hidroeletrolíticos; Manutenção da euvolemia. Ringer com lactato, Ringer simples e Soro fisiológico. Ringer com lactato é o que tem a osmolaridade mais semelhante com a do plasma e, por isso, é o mais utilizado. Hipertônicos Mais utilizados nos casos de emergência onde precisa de reposição de pressão de uma forma rápida. NaCl 7,5% mais utilizado na clínica – 4-7ml/Kg para cães e 2-4mL/Kg para gatos. Seus efeitos persistem por cerca de 30 – 60 minutos apenas. Para potencializar seus efeitos estes são combinados com coloides. Alcançar maior efeito cardiovascular com menores volumes; Levar líquido do compartimento intersticial para o intravascular; Como “solução” rápida e com pouco volume em condições de choque hipovolêmico. Hipotônicos Soluções mais utilizadas na rotina. Glicose 5%. Depois de um tempo torna-se principalmente água. Não usada para repor distúrbio eletrolítico. Solução usada mais em casos onde o animal perdeu grande quantidade de água – Buldog passeou na praia, estresse térmico, perdeu água pela língua. Esse animal tem indicação de glicose 5% 0,5 g/Kg/hora. Mais que isso pode haver glicosúria. Não pode ser feito subcutâneo pois causa necrose. Colóides Resposta rápida na questão da pressão arterial. Tem menos chances no que diz respeito a edema pulmonar, etc. Aumenta a PA muito rápido. São macromoléculas que ficam retidas dentro do vaso. Não indicado em quadros de SEPSE/SIRS (infecção generalizada). Esse animal não tem perfusão tecidual/vascular, vasos estão fracos e os colóides não ficam dentro dos vasos. Antigamente utiliza-se mais dextranos e gelatina, porém houve muitos problemas de intoxicação, coagulopatias. Voluven e Plasmin são os mais usados hoje em dia, sendo o Voluven o carro chefe. Usado quando é difícil administrar fluido suficiente rapidamente; Cristaloides não estão sendo efetivos isoladamente; Há necessidade de aumentar a perfusão tecidual e o transporte de O2. Dose 4 – 5ml/Kg em 5 minutos. Bolos. Pega 7ml do NaCl 20 % e dilui em 13ml do soro a 0,9%. Seringa com 20ml – Final. Faz-se então doses de 4-5ml/Kg/5 minutos. Transfusão com Sangue Total Volume total = [peso x FT x (HtD - HtR)]/ HtD Fator (FT): 90 Gato (FT): 70 Hematócrito doador, hematócrito receptor, hematócrito desejado. Gato – 3 Tipos Sanguíneos: A, B, AB. O gato possui anticorpos contra o tipo sanguíneo que ele não tem. Se passar o sangue A pro B ou B pro A causa uma reação anafilática muito mais evidente do que no cão. Cachorro – Pesquisar. 5 Tipos sanguíneos. Posição Volêmica de Urgência: Desafio Volêmico Volume pré definido administrado por curto período de tempo visando corrigir instabilidade cardiovascular. Usado em quadros de choque. Fluido agressivo para aumentar volume em casos de choque: Cristalóides. Taxa de Choque: Corresponde a um volume circulante de sangue Doses? Pesquisar. Pressão Sistólica abaixo de 90: Hipotenso. Média normal: 60 Pressão sistólica abaixo de 90 – Fazer bolus de fluido cristaloide 20-25% da taxa de choque em 15 minutos. Melhora da perfusão e da PA? Retorno do som da pulsação periférica.PAS >= 90mmHg Se sim, monitoração contínua para avaliar necessidade de fluido adicional. Se não, repete: bolus de fluido cristaloide 20-25% da taxa de choque em 15 minutos. Animal sem Resposta: Hipertônica 7,5% 4 – 5 ml/Kg (cao) 5 minutos 2 – 4 ml/kg (gato) em 5 minutos Ou Coloide 5ml/kg bolus (cães) 2,5 – 3ml/kg bolus (gatos) Se não houver resposta, é contra indicado repetir a hipertônica. Sinais de hipoperfusão persistentes após desafio volêmico – iniciar dopamina 5 a 15 microgramas/kg/ minutos. Se não melhorar, norepinefrina 0,1 micrograma/kg/min. Ajustar até APM entre 60 e 70 ou ... ver slides. Cálculo de Fluidoterapia Diária Animal com patologia a longo prazo, não animal em emergência. Determinar a manutenção diária (MD). Peso corporal (kg) x 50 Determinar as perdas hídricas contínuas (PHC) Vômito: 40ml/kg/dia Diarreia: 50ml/kg/dia Ambos: 60ml/kg/dia Peso corporal (kg) x PHC Determinar a necessidade de reposição em função da desidratação (RD) Peso corporal (kg) x % de desidratação x 10 Cálculo Final: VT: MD + PHC + RD = ml/dia Exemplo: Animal com 5Kg com 10% de Desidratação. Tem vômito e Diarreia (V + D = 60) MD = 5 x 50 = 250 PHC = 5 x 60 = 300 RD = 5 x 10 x 10 = 500 Cálculo Final = 250 + 300 + 500 = 1050ml/dia. 1050ml -------- 24 horas X ml -------------- 1 hora X = 43,75ml/hora. Macro equipo = 20 gotas = 1ml 1 ml -------- 20 gotas 43ml --------- x gotas X = 860 gotas/hora 860 gotas ------------- 60 minutos X gotas ---------------- 1 minuto X = 14 gotas/min Fórmula para Gotas/minuto (Volume total x gotas/ml) / Tempo total da infusão Reposição Hidroeletrolítica Hiponatremia – Causada por vômito, diarreia, falência renal, cardíaca, etc. Ver slides Hipocalemia – Ver slides. Hipercalemia – Obstrução urinária em gatos. Ver slides.
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