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Aula 02 - Constituição

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Direito Constitucional I
Aula 02 – Constituição
FADI – Faculdade de Direito de Sorocaba
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Constituição - Conceito
“Constituição é o conjunto de preceitos imperativos fixadores de deveres e direitos e distribuidores de competências, que dão a estrutura social, ligando pessoas que se encontram em dado território em certa época.”
(Michel Temer)
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Constituição - Conceito
 O vocábulo “constituição” possui diversas acepções:
 Constituição em sentido muito amplo significa “a maneira” de ser de qualquer coisa, sua particular estrutura, como por exemplo a de um homem, de uma cadeira, etc
 Constituição em sentido material: “conjunto de forças políticas, econômicas, ideológicas, etc. que conforma a realidade social de um determinado Estado, configurando a sua particular maneira de ser.
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Constituição - Conceito
 Constituição em sentido substancial: “complexo de normas jurídicas fundamentais, escritas ou não, capaz de traçar linhas mestras de um dado ordenamento jurídico”. São as normas estruturais de uma sociedade política.
 Constituição em sentido formal: “conjunto de normas legislativas que se distinguem das não constitucionais em razão de serem produzidas por um processo legislativo mais dificultoso, vale dizer, um processo mais árduo e solene.”*
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Constituição - Conceito
 Constituição do Estado, considerada sua lei fundamental, seria então, a organização dos seus elementos essenciais, um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a: I) forma de Estado; II) a forma de seu governo; III) o modo de aquisição e o exercício do poder; IV) o estabelecimento de seus órgãos e; V) os limites de sua ação.
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Constituição - Concepções
 Concepção sociológica: Ferdinand Lassalle – diz que é a soma dos fatores reais de poder, não passando a constituição escrita de uma “folha de papel” rasgável a qualquer tempo, sempre que contrariar os fatores reais de poder;
 Concepção política: Carl Schmitt – a Constituição é uma decisão política fundamental, estabelecendo uma distinção entre essa decisão e as leis constitucionais.
 Concepção jurídica: Hans Kelsen – a Constituição é o vértice da pirâmide do sistema normativo e dá fundamento de validade às demais normas. É, por isso, suprema.
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Constituição - Conceito
Em síntese: a Constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado.
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Constituição - Elementos
a) elementos orgânicos: normas que regulam a estrutura do Estado - Da Organização do Estado (Título III); da Organização dos Poderes (Título IV)
b) elementos limitativos: limitam a ação dos Poderes e do próprio Estado: Dos Direitos e Garantias Fundamentais
c) elementos sócio-ideológicos: representam os direitos sociais e a ideologia predominante em um momento - Dos Direitos Sociais, da Ordem Econômica e Financeira, da Ordem Social
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Constituição - Elementos
d) elementos de estabilização constitucional: traduzem regras de manutenção e preservação do Estado - Da Intervenção, processo de emendas à Constituição; Jurisdição Constitucional, Defesa do Estado e das Instituições Democráticas
e) elementos formais de aplicabilidade: estatuem regras de aplicação da Constituição: Preâmbulo, Disposições Transitórias, aplicação imediata das normas que definem direitos e garantias individuais (Art. 5º, §§ 1º, 2º e 3º)
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Constituição - Classificação
1) quanto à forma:
escritas - A preceituação estruturada do Estado vem documentada em um texto.
costumeiras - se fundamentam nos usos e nos costumes cristalizados pela passagem do tempo e obedecidos por aqueles aos quais se dirigem.
2) quanto à origem:
promulgada - aquela que se origina de assembleia popular eleita para exercer a atividade constituinte: 1891, 1934, 1946 e 1988.
outorgada - aquela positivada por um indivíduo ou por um grupo que não recebeu do povo, diretamente, o poder para exercer a função constituinte: 1824, 1937, 1967.
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Constituição - Classificação
3) quanto à mutabilidade:
rígidas: demanda um processo especial e qualificado para a sua modificação, da qual deriva a criação de norma constitucional.
flexível: inexigente ao aludido processo especial, sendo aplicável procedimento legislativo comum para sua modificação.
semi-rígida: exige para modificação de parte de seus dispositivos um processo especial e mais difícil que o comum, e em outra parte procedimento legislativo comum (Art. 178 da Constituição de 1824*)
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Constituição - Classificação
4) quanto ao conteúdo:
material: designa as normas constitucionais escritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais - O resto não seria constitucional.
formal: é o peculiar modo de existir do Estado, reduzido sob a forma escrita, a um documento solenemente estabelecido pelo poder constituinte e somente modificável por processo e formalidades especiais nela própria estabelecidos.
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Constituição - Classificação
5) quanto ao modo de elaboração:
dogmática: sempre escrita e é elaborada por um órgão constituinte, sistematizando os dogmas ou ideias fundamentais da teoria política e do Direito dominantes no momento.
histórica: não escrita, é a resultante da lenta formação histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sócio-políticos que se cristalizam como normas fundamentais da organização de determinado Estado.
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Constituição - Classificação
 6) quanto ao modelo:
a) Constituições-garantia: é o modelo clássico. A Constituição estrutura e delimita o poder do Estado, estabelecendo a divisão de poderes e assegurando os direitos fundamentais. (Constituição norte-americana).
b) Constituições-balanço: A constituição registra e descreve a ordem política, econômica e social existente naquele momento, refletindo a luta de classes. A cada novo estágio em busca do comunismo, nova Constituição seria promulgada.
c) Constituições-dirigentes: A Constituição, além de estruturar e delimitar o poder do Estado, traz um plano de evolução política; diretrizes a serem seguidas por ele. Brasil/88 e Portugal/76.
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Constituição - Classificação
7) quanto ao tamanho ou extensão:
a) sintéticas ou concisas: dispõe apenas sobre os aspectos fundamentais da organização do Estado, além dos limites de seus poderes, em poucos artigos; Constituição norte-americana: 33 artigos (7 originais e 27 emendas).
b) analíticas ou prolixas: dispõe sobre os aspectos essenciais e vão além, dispondo sobre matérias que poderiam ser tratadas em lei ordinária. (CF/88: 250 artigos e 95 do Ato das Disposições Constitucionais Transitória; 6 Emendas Constitucionais de Revisão e 64 Emendas Constitucionais).
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Constituição - Classificação
7) quanto ao tamanho ou extensão:
a) sintéticas ou concisas: dispõe apenas sobre os aspectos fundamentais da organização do Estado, além dos limites de seus poderes, em poucos artigos; Constituição norte-americana: 33 artigos (7 originais e 27 emendas).
b) analíticas ou prolixas: dispõe sobre os aspectos essenciais e vão além, dispondo sobre matérias que poderiam ser tratadas em lei ordinária. (CF/88: 250 artigos e 95 do Ato das Disposições Constitucionais Transitória; 6 Emendas Constitucionais de Revisão e 64 Emendas Constitucionais).
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Constituição - Classificação
 8) Quanto à dogmática:
a) ortodoxas ou simples: influenciadas por uma só ideologia (Constituição Soviética)
b) ecléticas, complexas ou compromissórias: influenciadas por ideologias de tendências diversas, resultando de uma fórmula de compromisso entre forças políticas existentes (CF/88).
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Constituição – Supremacia
 Supremacia da Constituição: decorre da rigidez constitucional em relação às demais normas, colocando-se como vértice do sistema jurídico do país, conferindo validade e legitimando os poderes estatais.
Na Constituição é que se encontram a própria estruturação do Estado bem como sua organização, sendo nelaque se acham as normas fundamentais do Estado e por isso encontra-se em superioridade com relação às demais normas jurídicas. (Art. 60, § 2º vis a vis arts. 47 e 69).
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Constituição – Supremacia
Supremacia da Constituição: Nenhuma norma que integre o ordenamento jurídico nacional será válida se não conformar-se com a Constituição Federal; nenhum ato de autoridade será valido se o poder não for extraído na conformidade do disposto na Constituição Federal.
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Constituição – Histórico no Brasil
 Constituição Imperial – 1824 – Monarquia –
Os Estados eram províncias; a separação dos Poderes incluía o Poder Moderador: art. 98 – exercido pelo Imperador e o executivo, idem. O Legislativo: deputados eleitos e senadores vitalícios nomeados pelo Imperador. 
 Constituição de 1891 – 1ª Constituição Republicana e Federativa. Proclamação da República em 15/11/89
Ideais federalistas e republicanos, tendo a federação como ideal maior. Pese embora isso, a Federação nascida foi pífia.
Separação de Poderes.
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Constituição – Histórico no Brasil
 Constituição de 1934 – Getúlio Vargas. Luta contra o coronelismo e os governadores de Estados que eram por eles sustentados.
Em maio de 32, Getúlio marca Assembléia Nacional Constituinte futura, com eleições para maio de 1933. São Paulo se revolta e a quer de imediato: Movimento Constitucionalista de 1932 (9 de julho). 
Primeira Constituição a ter um capítulo dedicado à ordem econômica e social, centralizou na União as competências. Tratou melhor da Justiça, inclusive a Eleitoral. Trata do funcionalismo público.
 Carta Constitucional de 1937 – polaca – influenciada pela 2ª Grande Guerra Mundial – Intentona Comunista em 1935 – Movimentos Integralistas de Plínio Salgado. – Ditadura – Presidente legisla por Decreto-lei (Código Penal e Código de Processo Penal).
 Constituição de 1946 – redemocratização – direitos fundamentais bem colocados.
Na égide dessa Constituição, Juscelino Kubitschek e Brasília – Jânio Quadros que renuncia e o Vice, João Goulart, assume.
Parlamentarismo – Tancredo Neves e o 1º Ministro.
1964 – Revolução de 31/03/1964. Poder militar e Atos Institucionais.
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Constituição – Histórico no Brasil
 Constituição de 1967 – Reflete o Poder do Estado – Segurança Nacional. Ato Institucional nº 5. – Decretos-leis - Direitos Fundamentais no art. 153 (hoje art. 5º).
Observação: Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de 1969: “Constituição Federal de 1969”.
   Constituição de 1988 – Nova República - Movimento Diretas Já - Redemocratização – Eleição de Tancredo Neves em Colégio Eleitoral – Morte e assume José Sarney.
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Constituição – 1988
 Preâmbulo: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”
 Títulos I a VIII e Título IX – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
 Títulos divididos em Capítulos, Seções ou Subseções
 Emendas Constitucionais e Emendas Constitucionais de Revisão
Estado como a sociedade politicamente organizada em dado território.
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Estado como a sociedade politicamente organizada em dado território.
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* ver Art. 47, 69 e 60 § 2º da Constituição Federal)
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Estado como a sociedade politicamente organizada em dado território.
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Estado como a sociedade politicamente organizada em dado território.
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*Art. 178. E' só Constitucional o que diz respeito aos limites, e attribuições respectivas dos Poderes Politicos, e aos Direitos Politicos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o que não é Constitucional, póde ser alterado sem as formalidades referidas, pelas Legislaturas ordinarias.
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