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CONSTITUCIONAL 1 - CASOS CONCRETOS 
Pauliane Carvalho 
Gabarito dos Casos Concretos - 2016 - Constitucional 1 
Fonte: Aula Mais Direito Constitucional 
AULA 1 
 Caso 1 - Tema: Classificação das constituições 
A Constituição de 1988 desenhou em seu texto um Estado de bem-estar social, 
consagrando princípios próprios do modelo liberal clássico de forma conjugada 
com outros, típicos do modelo socialista. Esse pluralismo principiológico se faz 
sentir ao longo de todo o texto constitucional, especialmente no art. 170, CRFB, 
que adota a livre iniciativa como princípio da ordem econômica, sem desprezar, 
no entanto, o papel do Estado na regulação do mercado. Considerando tal 
constatação, responda: 
a) Como o pluralismo principiológico pode favorecer a estabilidade da CRFB/88? 
b) Diante de tal característica, como a doutrina classificaria a CRFB/88? 
RESPOSTA 
A) Essa conciliação de princípios liberais com princípios socialistas é capaz, 
num primeiro momento, de acomodar os anseios das diversas correntes 
sociais, favorecendo a idéia de uma democracia pluralista e, num segundo 
momento, propicia uma maior estabilidade da Constituição diante de 
possíveis mudanças – geralmente cíclicas – de ideologia no governo. Essas 
seriam as vantagens mais significativas dessa conciliação principiológica. 
(B) Quanto à classificação da Constituição, é de se ver que o critério 
utilizado é o ideológico. A doutrina distingue, então, as constituições 
simples das constituições compromissórias. As primeiras são aquelas que 
apresentam fidelidade a uma única linha ideológica, como poderiam servir 
de exemplo a Constituição dos Estados Unidos e a da antiga União 
Soviética. Já as constituições compromissórias são aquelas que flertam 
com as duas linhas ideológicas, formando um Estado do bem-estar social. 
Então, a nossa Constituição de 1988 é classificada como compromissória. 
AULA 3 
 Caso 1 Tema: Interpretação Constitucional 
Ronaldo, militar do exército, estava matriculado no Curso de Direito numa 
Universidade Particular de Pernambuco, quando foi transferido ex officio da 
Unidade sediada em Boa Viagem para a Unidade localizada no Município do Rio 
de Janeiro. 
Por conta do seu deslocamento e da necessidade de dar continuidade aos 
estudos na Cidade do Rio de Janeiro, o militar solicitou à Sub-reitoria de 
Graduação da UERJ, transferência do curso de Direito da referida Universidade 
Particular para o mesmo curso na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com 
base na Lei n° 9.536/97. 
O pedido do militar foi indeferido pela Sub-reitora da UERJ, com fulcro no ato 
normativo interno desta Universidade (Deliberação n° 28/2000), o qual regula esta 
matéria, uma vez que a Universidade de origem do militar era uma instituição de 
ensino superior particular. 
O militar impetra mandado de segurança alegando, em sua defesa, os seguintes 
argumentos: 
I - que o seu direito está amparado pelo parágrafo único do artigo 49 da Lei 
Federal n° 9536/97 – dispositivo este que regulamenta o parágrafo único da Lei 
Federal n° 9.394/96 (estabelece as diretrizes e bases da educação nacional); 
II - que a norma restritiva do art. 99 da Lei 8.112/90 (entidades congêneres) não 
se aplica aos militares; 
III - que o ato normativo n° 28/2000, no qual o sub-reitor se baseou para indeferir 
o pedido de transferência, “tem vício de ilegalidade a negativa de matrícula”, pois 
contraria o conteúdo da Lei nº 9536/97, uma vez que a Lei federal não exige o 
caráter congênere entre instituições de ensino; 
Diante da situação acima descrita, questiona-se: qual a interpretação 
constitucional mais adequada para a solução deste conflito? 
RESPOSTA 
A questão já foi examinada pelo STF na ADI Nº 3324 onde ficou decidido que 
para transferência entre instituições de ensino dever-se-à observar o caráter 
congênere das instituições de ensino sob pena de violação dos princípios 
da isonomia, impessoalidade e do mérito no acesso às Universidades 
Públicas. 
Aduza-se, por oportuno, que pela filtragem constitucional toda a ordem 
jurídica deve ser lida à luz da Constituição da República e passada pelo seu 
crivo. 
Caso 2- Tema: Princípio da razoabilidade 
O Estado do Tocantins publicou edital no Diário Oficial do Estado de concurso 
público para o preenchimento de vagas para o cargo de policial. Uma das provas 
é a realização de testes físicos e um dos testes exige que os candidatos façam a 
seguinte atividade: “Flexões abdominais: consiste em o candidato executar 
exercícios abdominais, por flexão de braços, deitado em decúbito ventral, em um 
maior número de repetições dentro de suas possibilidade, no período de um 
minuto, obedecendo à tabela de pontuação abaixo: ...” 
Em função da redação incoerente do texto desse teste, o Estado publicou uma 
errata do edital no mesmo órgão oficial de imprensa, duas semanas antes de 
iniciarem as provas, com a seguinte redação: “Flexões abdominais: consiste em o 
candidato executar exercícios abdominais, por flexão de tronco, em decúbito 
dorsal em um maior número de repetições tocando os cotovelos nos joelhos ou 
coxas, no período de um minuto.” 
Como os candidatos já haviam se inscrito na prova no momento da percepção do 
equívoco da referida redação, muitos deles se consideraram surpreendidos, no 
dia da realização desse teste físico, pois não tomaram conhecimento da errata do 
edital. 
Alguns desses, que não conseguiram passar na prova de esforço físico, 
ingressaram com mandado de segurança com a alegação de que esse teste deve 
ser desconsiderado como critério de aprovação, pois foi incluído após as 
inscrições, apenas duas semanas antes do começo das provas e porque não foi 
publicado num jornal de grande circulação para que todos tivessem a chance de 
tomar conhecimento da modificação. Assim, alegam que houve ofensa ao 
princípio da razoabilidade. 
A quem assiste razão no caso? Dê os fundamentos jurídicos cabíveis 
(fundamentos normativos, jurisprudenciais e doutrinários). 
RESPOSTA 
Assiste razão ao Estado. Houve um simples erro material na redação, pois a 
flexão abdominal não pode ser efetuada com “flexão de braço”, o que não 
implicou em novo critério de avaliação. A Administração pública pode 
corrigir seus próprios atos e publicar a errata no Diário Oficial do Estado, 
que é o meio ordinário para dar efeito a seus atos junto à sociedade. Não há, 
por fim, ofensa ao princípio da razoabilidade justamente por ter sido mero 
erro material de redação, por não ter sido incluído novo critério de avaliação, 
por ter sido publicado com antecedência à realização das provas, por não 
haver qualquer justificativa que tornasse obrigatória a publicação em jornal 
de grande circulação e, principalmente por não ter fundamento a alegação 
de surpresa. (RE 390939/MA). 
 
AULA 4 
Caso 1 – Tema: Cláusulas Pétreas ou Superconstitucionais 
 Tramita no Congresso Nacional proposta de Emenda Constitucional convocando 
uma nova Revisão Constitucional nos moldes do artigo 3º da ADCT. A referida 
proposta de Emenda Constitucional prevê a realização de Referendo para a 
entrada em vigor dos dispositivos alterados pela Assembléia Revisora. É legítima 
tal proposta? 
A questão é polêmica, e pode despertar o interesse dos alunos. A doutrina 
sustenta que a proposta em questão viola algumas cláusulas pétreas 
implícitas. No entanto, os Professores Diogo de Figueiredo Moreira Neto, 
Manoel Gonçalves Ferreira Filho e Jorge de Miranda, são favoráveis a esta 
possibilidade de realização de uma nova Revisão Constitucional. 
Esta questão pode render bons debates sobre a tensão existente entre 
Constitucionalismo e Democracia e o aspecto contra majoritário da 
Constituição.Caso 2 - Tema: Poder Constituinte Decorrente 
A Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, no exercício do Poder 
Constituinte Derivado Decorrente inseriu no texto da Constituição Estadual norma 
que assegurava aos candidatos aprovados em concurso público, dentro do 
número de vagas obrigatoriamente fixado no respectivo edital, o direito ao 
provimento no cargo no prazo máximo de cento e oitenta dias, contado da 
homologação do resultado. É Constitucional a o artigo 77, VII da Constituição do 
Estado do Rio de Janeiro? 
Sugestão de gabarito do caso 2: A matéria já foi examinada pelo STF, mas 
não custa trazer para o debate os votos vencidos do Ministro Sepúlveda 
Pertence, Celso Mello e Marco Aurélio. 
* STF - SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
RE 229450 / RJ - RIO DE JANEIRO 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA 
Julgamento: 10/02/2000 Órgão Julgador: Tribunal Pleno 
Publicação: DJ DATA-30-08-01 PP-00065 EMENT VOL-02041-04 PP-00683 
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. ARTIGO 77, VII, 
DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: NOMEAÇÃO DE 
CANDIDATO APROVADO EM CONCURSO PÚBLICO. PRAZO MÁXIMO 
CONTADO DA HOMOLOGAÇÃO DO RESULTADO DO CONCURSO PÚBLICO. 
INCONSTITUCIONALIDADE. 
1. Aprovação em concurso público. Direito subjetivo do candidato à 
nomeação, de acordo com a respectiva ordem de classificação e no prazo de 
sua validade. 2. Constituição do Estado do Rio de Janeiro, artigo 77, VII. 
Provimento de cargo público. Iniciativa reservada ao Chefe do Executivo 
para edição de leis que disponham sobre o regime jurídico dos servidores 
públicos. Ofensa ao princípio da separação dos poderes: 
Inconstitucionalidade formal. Recurso extraordinário conhecido e provido 
para cassar a segurança, declarando-se, incidenter tantum, a 
inconstitucionalidade do inciso VII do artigo 77 da Constituição do Estado 
do Rio de Janeiro. 
* STF - ADIN - 2931, de 2003 - Decisão do Mérito: "Julgamento do Pleno - 
Procedente - Decisão: o Tribunal, por maioria, julgou procedente a ação para 
declarar a inconstitucionalidade do inciso VII do artigo 77 da Constituição do 
Estado do Rio de Janeiro, nos termos do voto do relator, vencidos os 
senhores Ministros Marco Aurélio, Celso de Mello e Sepúlveda Pertence. 
Votou o Presidente, Ministro Nelson Jobim. Ausente, justificadamente, o 
senhor Ministro Eros Grau. Plenário, 24.02.2005. 
 
AULA 5 
Caso 1 - 
A União Brasileira de Artesãos, sociedade civil sem fins lucrativos, por decisão de 
sua diretoria determinou a exclusão de alguns de seus sócios sem garantia da 
ampla defesa e do contraditório. Entendendo que os direitos fundamentais 
assegurados pela Constituição não vinculam somente os poderes públicos, 
estando também direcionados à proteção dos particulares nas relações privadas, 
tais sócios buscam tutela jurisdicional no sentido de invalidar a referida decisão. 
Diante do que dispõe o art. 5º, XIX, CRFB, poderia o Poder Judiciário invalidar a 
decisão da diretoria da entidade? 
Sugestão de gabarito do caso 1: "Eficácia dos direitos fundamentais nas 
relações privadas. As violações a direitos fundamentais não ocorrem 
somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente 
nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. 
Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam 
diretamente não apenas os poderes públicos, estando direcionados também 
à proteção dos particulares em face dos poderes privados. 
A ordem jurídico-constitucional brasileira não conferiu a qualquer 
associação civil a possibilidade de agir à revelia dos princípios inscritos nas 
leis e, em especial, dos postulados que têm por fundamento direto o próprio 
texto da Constituição da República, notadamente em tema de proteção às 
liberdades e garantias fundamentais. O espaço de autonomia privada 
garantido pela Constituição às associações não está imune à incidência dos 
princípios constitucionais que asseguram o respeito aos direitos 
fundamentais de seus associados. 
A autonomia privada, que encontra claras limitações de ordem jurídica, não 
pode ser exercida em detrimento ou com desrespeito aos direitos e 
garantias de terceiros, especialmente aqueles positivados em sede 
constitucional, pois a autonomia da vontade não confere aos particulares, 
no domínio de sua incidência e atuação, o poder de transgredir ou de 
ignorar as restrições postas e definidas pela própria Constituição, cuja 
eficácia e força normativa também se impõem, aos particulares, no âmbito 
de suas relações privadas, em tema de liberdades fundamentais." (RE 
201.819, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 11-10-05, DJ de 27-
10-06). 
 
Caso 2 
– A ABRATI – Associação Brasileira das Empresas de Transporte Rodoviário 
Intermunicipal, Interestadual e Internacional de Passageiros - ajuizou Ação Direta 
de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal onde pedia a declaração de 
inconstitucionalidade da Lei 8.899/1994. 
Tal norma assegura o direito ao passe livre às pessoas portadoras de deficiência, 
desde que comprovadamente carentes, no sistema de transporte coletivo 
interestadual. 
Segundo a ABRATI, a norma viola os seguintes dispositivos constitucionais: art. 
1ª, IV; art. 5º, XXII; art. 170, II e art. 195, § 5º. Alega, em síntese, violação do 
direito de propriedade e da livre iniciativa, direitos fundamentais que devem ser 
protegidos pelo Supremo Tribunal Federal. 
Em parecer, o Procurador-Geral da República manifestou-se pela improcedência 
da ação, uma vez que a Constituição consagra como Direito Fundamental a 
proibição de discriminação e a norma em xeque procura realizar a efetiva inclusão 
social dos deficientes físicos com carências econômicas, razão pela qual, numa 
ponderação entre os direitos em conflitos estes deveriam prevalecer em 
detrimento do direito à propriedade. 
Analise o conflito acima, assinalando se a Lei 8.899/1994 deve realmente ser 
declarada inconstitucional. Para a solução deste caso procure utilizar a técnica da 
ponderação de interesses. 
Sugestão de gabarito do caso 2: A ação foi julgada improcedente pelo 
Supremo Tribunal Federal, declarando-se constitucional o teor da norma 
impugnada. A maioria dos Ministros do Supremo compreendeu que a lei 
fornecia maior efetividade aos valores indicados no preâmbulo do Texto 
Constitucional de 1988, bem como aos princípios da solidariedade, 
constante no art. 3º da Constituição, e da dignidade da pessoa humana, 
expresso no art. 1º, III. Ademais não haveria violação à livre iniciativa, uma 
vez que o serviço de ônibus consiste em concessão do Poder Público, 
havendo liberdade de exploração nos limites da lei. 
O docente deverá ainda enfatizar que entre a proteção à livre atividade 
econômica e a garantia da dignidade da pessoa humana, neste caso 
concreto esta última deve prevalecer, fornecendo-se assim a máxima 
efetividade dos direitos fundamentais. 
Tal decisão de nossa Suprema Corte consta no Informativo nº 505 do STF, 
ao informar o resultado do julgamento da ADIn 2649. 
 
AULA 6 
Caso 1 
A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro abriu edital para concurso público 
para o provimento de vagas para Primeiro-Tenente, médico e dentista, do seu 
quadro de oficiais de saúde. 
De acordo com as regras do edital seriam admitidos apenas candidatos do sexo 
masculino, uma vez que a Polícia Militar, por sua natureza de ser uma polícia de 
confronto, poderia diferenciar quanto ao gênero na contratação de seus oficiais. 
Inconformada com a restrição do edital, Alethéia Maria, dentista regularmente 
inscrita no CRO (Conselho Regional de Odontologia) e com mais de dez anos deexperiência na área de saúde, procura seu escritório de advocacia em busca de 
uma orientação jurídica quanto à legalidade do edital da PMERJ. 
É constitucional a restrição imposta pelo edital do concurso? 
Sugestão de gabarito do caso 1: A exigência imposta pelo edital é 
inconstitucional. A discriminação aqui apresentada viola claramente os 
princípios da razoabilidade e da igualdade entre os sexos. O docente poderá 
apresentar aos alunos o quão irrazoável é exigir que os médicos e dentistas 
de uma instituição pública sejam apenas indivíduos do sexo masculino. 
 
AULA 7 
Caso 1 – Num sábado à noite um cidadão recebe a visita de um Oficial de Justiça 
que havia se dirigido até sua residência com o fim de citar sua esposa, que se 
encontrava enferma e acamada. 
Preocupado com o estado de saúde de sua mulher, o cidadão não permitiu a 
entrada do Oficial de Justiça em sua casa, e quando este tentou ingressar 
forçosamente, foi repelido com um empurrão. Foi o cidadão então indiciado pelo 
crime de desobediência (art. 330, Código Penal). O Juiz de primeira instância o 
absolveu, entendendo ter o agente agido com inexigibilidade de conduta diversa, 
em face do exposto no art. 5º, XI da Constituição da República. 
No entanto, provendo apelo do Ministério Público, o Tribunal de Justiça reformou 
a decisão de primeiro grau, entendendo que o autor atuou com violência contra 
agente público competente que executava ordem com amparo legal. Ressaltou o 
Tribunal que o Oficial de Justiça encontrava-se de posse de mandado de citação 
que continha autorização expressa para cumprimento em domingo ou em dia útil, 
em horário diverso do estabelecido no caput do art. 172 do Código de Processo 
Civil, nos termos do § 2º deste mesmo artigo, condenando-o assim nas penas do 
crime de desobediência. 
Dessa decisão do Tribunal de Justiça o advogado interpôs Recurso 
Extraordinário, pedindo a reforma da decisão do TJ com o restabelecimento da 
sentença de 1º grau. Analise tecnicamente as possibilidades de sucesso desse 
recurso, conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 
Sugestão de gabarito do caso 1: Houve inegável violação ao preceito do art. 
5º, XI da Carta da República. Tal dispositivo constitucional é claro ao afirmar 
que só se pode entrar forçosamente na casa de uma pessoa com ordem 
judicial durante o dia. Assim, se o mandado judicial possibilitava ao oficial 
efetuar a citação da ré na sua casa em qualquer horário é claro que isto não 
poderia se dar durante o horário noturno, sob pena de nulidade do ato por 
inconstitucionalidade. Desta forma não houve crime de desobediência e o 
Recurso Extraordinário deve prosperar. Este é o posicionamento de nossa 
Suprema Corte explicitado no julgamento do RE 460.880-4. 
AULA 8 
Caso 1- Soldado do Exército Brasileiro, indignado por ter uma remuneração 
inferior ao salário mínimo, fato que contrariaria o art. 7º, IV da CRFB/88, lhe 
procura para saber da constitucionalidade dessa remuneração inferior ao salário 
mínimo. Fundamente a sua resposta na doutrina e na jurisprudência. 
Sugestão de gabarito do caso 1: O aluno deve argumentar que apesar de 
aparentemente haver uma inconstitucionalidade, pois ninguém deveria 
auferir salário menor que o mínimo, o entendimento do STF acerca da 
questão é de que a Constituição não incluiu os praças iniciais como uma 
categoria que deveria receber salário mínimo. “Não viola a Constituição o 
estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças 
prestadoras de serviço militar inicial (Súmula Vinculante nº6)”. 
“Constitucional. Serviço militar obrigatório. Soldo. Valor inferior ao salário 
mínimo. Violação aos arts. 1º, III, 5º, caput, e 7º, IV, da CF. Inocorrência. RE 
desprovido. A Constituição Federal não estendeu aos militares a garantia de 
remuneração não inferior ao salário mínimo, como o fez para outras 
categorias de trabalhadores. O regime a que submetem os militares não se 
confunde com aquele aplicável aos servidores civis, visto que têm direitos, 
garantias, prerrogativas e impedimentos próprios. Os cidadãos que prestam 
serviço militar obrigatório exercem um múnus público relacionado com a 
defesa da soberania da pátria. A obrigação do Estado quanto aos conscritos 
limita-se a fornecer-lhes as condições materiais para a adequada prestação 
do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas.” (RE 570.177, Rel. 
Ricardo Lewandowski, julgamento em 30-4-08, DJE de 27- 6- 08). 
 
AULA 9 
Caso 1 – Mulher grávida, que trabalha sob a regime de contratação temporária, 
lhe consulta como advogado trabalhista para saber se tem direito à licença 
maternidade. Fundamente a sua resposta na doutrina e na jurisprudência. 
Sugestão de gabarito do caso 1: O aluno deve argumentar que este direito 
social, que se traduz a um tratamento diferenciado ao gênero feminino, se 
aplica em qualquer forma contratual de trabalho. “A empregada sob regime 
de contratação temporária tem direito à licença-maternidade, nos termos do 
art. 7º, XVIII da Constituição e do art. 10, II, b do ADCT, especialmente 
quando celebra sucessivos contratos temporários com o mesmo 
empregador.” (RE 287.905, Rel. p/ o ac. Min. Joaquim Barbosa, julgamento 
em 28-6-05, DJ de 30-6-06). 
 
AULA 10 
Caso 1- João da Silva Smith, filho de Ana Maria da Silva, brasileira, natural dos 
Estados Unidos da América, cometeu um homicídio em Nova York em 26 de 
janeiro de 2000. No dia 28 de janeiro de 2000 fugiu para o Brasil. Ao chegar aqui, 
João da Silva Smith opta pela nacionalidade brasileira na Justiça Federal de 
acordo com os artigos 12, I, c e 109, X da CRFB/88. No ano de 2001, antes de se 
concluir o processo de opção de nacionalidade, o governo norte-americano pede 
a extradição de João da Silva Smith ao Brasil pelo homicídio cometido em 2000. 
Pergunta-se: o Brasil vai extraditá-lo? Por quê? 
Sugestão de gabarito do caso 1: “Extradição: inadmissibilidade: 
extraditando que – por força de opção homologada pelo juízo competente – 
é brasileiro nato (Const., art. 12, I, c): extinção do processo de extradição, 
anteriormente suspenso enquanto pendia a opção da homologação judicial 
(...).” (Ext 880-QO, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 18-3-04, DJ 
de 16-4-04). 
“Nacionalidade brasileira de quem, nascido no estrangeiro, é filho de pai ou 
mãe brasileiros, que não estivesse a serviço do Brasil: evolução 
constitucional e situação vigente. Na Constituição de 1946, até o termo final 
do prazo de opção – de quatro anos, contados da maioridade -, o indivíduo, 
na hipótese considerada, se considerava, para todos os efeitos, brasileiro 
nato sob a condição resolutiva de que não optasse a tempo pela 
nacionalidade pátria. Sob a Constituição de 1988, que passou a admitir a 
opção „em qualquer tempo‟ – antes e depois da ECR 3/94, que suprimiu 
também a exigência de que a residência no País fosse fixada antes da 
maioridade, altera-se o status do indivíduo entre a maioridade e a opção: 
essa, opção – liberada do termo final ao qual anteriormente subordinada -, 
deixa de ter a eficácia resolutiva que, antes, se lhe emprestava, para ganhar 
– desde que a maioridade a faça possível – a eficácia de condição 
suspensiva da nacionalidade brasileira, sem prejuízo – como é próprio das 
condições suspensivas -, de gerar efeitos ex tunc, uma vez realizada. 
A opção pela nacionalidade, embora potestativa, não é de forma livre: há de 
fazer-se em juízo, em processo de jurisdição voluntária, que finda com a 
sentença que homologa a opção e lhe determina a transcrição, uma vez 
acertados os requisitos objetivos e subjetivos dela. Antes que se complete o 
processo de opção, não há, pois, como considerá-lo brasileiro nato. (...)Pendente a nacionalidade brasileira do extraditando da homologação 
judicial ex tunc da opção já manifestada, suspende-se o processo 
extradicional (CPrCiv art. 265, IV, a)”. (AC 70-QO, Rel. Min. Sepúlveda 
Pertence, julgamento em 25-9-03, DJ de 12-3-04). 
 
AULA 11 
Caso 1- Marco Fiori, italiano pelo critério do jus sanguinis e brasileiro pelo critério 
do jus soli, e domiciliado no Rio de Janeiro, viaja a Roma onde comete um furto 
de duas obras de arte e retorna ao Brasil. O governo italiano pede a sua 
extradição. Pergunta-se: o Supremo Tribunal Federal vai conceder a extradição? 
Por quê? 
Sugestão de gabarito do caso 1: “O processo remete ao complexo problema 
da extradição no caso da dupla nacionalidade, questão examinada pela 
Corte Internacional de Justiça no célebre caso Nottebohm. Naquele caso a 
Corte sustentou que na hipótese de dupla nacionalidade haveria uma 
prevalecente – a nacionalidade real e efetiva – identificada a partir de laços 
fáticos fortes entre a pessoa e o Estado. A falta de elementos concretos no 
presente processo inviabiliza qualquer solução sob esse enfoque.” (HC 
83.450, Rel. p/ o ac. Min. Nelson Jobim, julgamento em 26-8-04, DJ de 4-3-05). 
 
AULA 12 
 
 
 
 
AULA 13 
 
 
ERRATA DA ADI: 
 
 
AULA 14 
Caso concreto - Referindo-se ao poder constituinte originário, o preâmbulo da 
Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 1937, dizia que o Presidente da 
República, “atendendo às legitimas aspirações do povo brasileiro à paz política e 
social (...)” e atendendo a outras circunstâncias, resolvia “assegurar à Nação a 
sua unidade, o respeito à sua honra e à sua independência, e ao povo brasileiro, 
sob um regime de paz política e social, as condições necessárias à sua 
segurança, ao seu bem-estar e à sua prosperidade, decretando a seguinte 
Constituição, que se cumprirá desde hoje em todo o Pais”. Considerando tal 
preâmbulo, como classificar a Carta, quanto à origem? Por quê? 
Sugestão de gabarito do caso concreto: 
Outorgada. A Constituição em apreço não foi elaborada por uma assembléia 
constituinte eleita popularmente para tal fim (em tal caso seria promulgada 
por essa assembléia); foi, ao contrário, imposta pelo titular do Poder. 
 
AULA 15 
OBJETIVA - NÃO ACHEI A CORREÇÃO DESTA 
 
AULA 16 
Gabarito 1: A 
Gabarito 2:A 
Gabarito 3:B 
Gabarito 4:B 
Gabarito 5: E 
Gabarito 6:D 
Gabarito 7:B 
Gabarito 8:A

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