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Superfícies Orientadas Seja S a superfície paramétrica descrita pela função vetorial −→r (u, v) = x(u, v) −→i + y(u, v) −→j + z(u, v) −→k , (u, v) ∈ D onde −→r u ×−→r v 6= −→0 no interior de D. Podemos associar ao ponto (u, v) do interior de D o vetor normal unitário −→n = −→r u ×−→r v ‖−→r u ×−→r v‖ (que é o vetor normal unitário do plano tangente no ponto −→r (u, v)). Observe que nada impede que tenhamos dois pares ordenados (u1, v1) e (u2, v2) distintos satisfazendo −→r (u1, v1) = −→r (u2, v2) (isto é, podemos ter dois pares ordenados distintos em D cuja imagem é o mesmo ponto da superfície). Se o vetor normal unitário variar continuamente sobre a superfície S e se, para qualquer curva fechada na superfície S, o vetor normal unitário obtido pelo ponto final da curva coincidir com o do ponto inicial, então dizemos que a superfície é orientável e dizemos que os vetores normais unitários −→n = −→r u ×−→r v ‖−→r u ×−→r v‖ fornecem uma orientação positiva para S induzida pela parametrização −→r (u, v). Se tomarmos em cada ponto o vetor normal unitário no sentido oposto à este, isto é, se tomarmos em cada ponto (u, v) o vetor unitário −−→n = − −→r u ×−→r v ‖−→r u ×−→r v‖ então dizemos que a superfície está orientada negativamente. Se existir alguma curva fechada contida na superfície S na qual o vetor normal unitário obtido pelo ponto final da curva for diferente do vetor normal unitário obtido pelo ponto inicial da curva, então dizemos que a superfície é não-orientável. Exemplo 1. A faixa de Möbius, que é a superfície da figura abaixo: é não-orientável, pois se tomarmos uma curva fechada passando pelo meio da faixa dando apenas uma volta na faixa, então o vetor normal unitário obtido no ponto final da curva tem sentido oposto ao vetor normal unitário obtido pelo ponto inicial da curva. 1 Exemplo 2. A esfera x2 + y2 + z2 = 1 é uma superfície orientável. Como a função vetorial −→r (θ, φ) = sen φ cos θ−→i + sen φsen θ−→j + cosφ−→k , (θ, φ) ∈ [0, 2pi]× [0, pi] descreve a esfera e, da última aula, sabemos que −→r θ ×−→r φ = −sen 2φ cos θ−→i − sen 2φsen θ−→j − sen φ cosφ−→k ||−→r θ ×−→r φ|| = sen φ então a orientação positiva de S induzida pela parametrização −→r (θ, φ) é definida pelos vetores normais unitários −→n = −→r θ ×−→r φ ‖−→r θ ×−→r φ‖ = −sen φ cos θ −→ i − sen φsen θ−→j − cosφ−→k = −−→r (θ, φ) (que são os vetores unitários radiais que apontam para dentro da esfera). A orientação negativa de S é definida pelos vetores normais unitários −−→n = −→r (θ, φ) (que são os vetores unitários radiais que apontam para fora da esfera). Integrais de superfície de campos vetoriais Seja S uma superfície orientável cuja orientação é dada pelos vetores normais unitários −→n e seja −→ F um campo vetorial do R3 tal que S ⊂ Dom(−→F ). Definimos a integral de superfície de−→ F sobre S como ∫∫ S −→ F • d−→S = ∫∫ S −→ F • −→n dS 2 As vezes a integral de superfície de −→ F sobre S é chamada de fluxo de −→ F através de S. Observe que, se S é descrita pela função vetorial −→r (u, v) = x(u, v) −→i + y(u, v) −→j + z(u, v) −→k , (u, v) ∈ D então a orientação induzida por essa parametrização é −→n = −→r u ×−→r v ‖−→r u ×−→r v‖ Nesse caso, temos que∫∫ S −→ F • d−→S = ∫∫ S −→ F (−→r (u, v)) • −→r u ×−→r v ‖−→r u ×−→r v‖ dS = ∫∫ D [−→ F (−→r (u, v)) • −→r u ×−→r v ‖−→r u ×−→r v‖ ] ‖−→r u ×−→r v‖ dA = ∫∫ D −→ F (−→r (u, v)) • (−→r u ×−→r v) dA Ou seja, ∫∫ S −→ F • d−→S = ∫∫ D −→ F (−→r (u, v)) • (−→r u ×−→r v) dA Exemplo 3. Determine o fluxo do campo vetorial −→ F (x, y, z) = z −→ i + y −→ j + x −→ k através da esfera unitária x2 + y2 + z2 = 1. Sabemos que a esfera x2 + y2 + z2 = 1 pode ser descrita pela função vetorial −→r (θ, φ) = sen φ cos θ−→i + sen φsen θ−→j + cosφ−→k , (θ, φ) ∈ [0, 2pi]× [0, pi] e que −→r θ ×−→r φ = −sen 2φ cos θ−→i − sen 2φsen θ−→j − sen φ cosφ−→k Como −→ F (−→r (θ, φ)) = (cosφ)−→i + (sen φsen θ)−→j + (sen φ cos θ)−→k então −→ F (−→r (θ, φ)) • (−→r θ ×−→r φ) = −sen 2φ cos θ cosφ− sen 3φsen 2θ − sen 2φ cosφ cos θ = −2sen 2φ cos θ cosφ− sen 3φsen 2θ Logo, ∫∫ S −→ F • d−→S = ∫∫ D −→ F (−→r (θ, φ)) • (−→r θ ×−→r φ) dA onde D = {(θ, φ) | 0 ≤ θ ≤ 2pi, 0 ≤ φ ≤ pi} e, portanto,∫∫ S −→ F • d−→S = ∫ pi 0 ∫ 2pi 0 (−2sen 2φ cos θ cosφ− sen 3φsen 2θ) dθ dφ 3 Calculando a integral em θ:∫ 2pi 0 (−2sen 2φ cos θ cosφ− sen 3φsen 2θ) dθ = ∫ 2pi 0 (−2sen 2φ cos θ cosφ− sen 3φ1− cos(2θ) 2 ) dθ = [ −2sen 2φsen θ cosφ− sen 3φ 2 ( θ − sen (2θ) 2 )]θ=2pi θ=0 = −pisen 3φ Calculando a integral do resultado com relação à φ:∫ pi 0 (−pisen 3φ) dφ = −pi ∫ pi 0 (1− cos2 φ)sen φ dφ = −pi [ − cosφ+ cos 3 φ 3 ]φ=pi φ=0 = −4pi 3 Logo, ∫∫ S −→ F • d−→S = −4pi 3 A figura à seguir mostra o campo vetorial −→ F sobre a esfera: É natural que o resultado tenha dado negativo, uma vez que o fluxo está saindo da esfera e a nossa orientação pelo vetor normal é para dentro da esfera. Se S é uma união finita de superfícies S1, ..., Sn orientáveis (com orientação compatível) que só se interceptam ao longo de suas fronteiras e se cada superfície Si, i ∈ {1, 2, ..., n}, é descrita por uma função vetorial −→ri em Di satisfazendo [−→ri ]u × [−→ri ]v 6= −→0 no interior de Di, então definimos a integral de superfície de um campo −→ F sobre S como sendo∫∫ S −→ F • d−→S = ∫∫ S1 −→ F • d−→S + ∫∫ S2 −→ F • d−→S + ... ∫∫ Sn −→ F • d−→S Exercício 1. Calcule ∫∫ S −→ F •d−→S , onde −→F (x, y, z) = y−→i +x−→j +z−→k e S é a fronteira do sólido E limitado pelo parabolóide z = 1− x2 − y2 e pelo plano z = 0. 4
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