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Teorema de Stokes Seja S uma superfície orientada lisa por partes cuja fronteira é uma curva C simples, fechada e lisa por partes. Observe que a orientação da superfície S induz uma orientação em C da seguinte forma: se você andar sobre a curva C com a cabeça na direção e no sentido dos vetores normais −→n da orientação de S, então a superfície S está sempre à sua esquerda. Esta orientação é chamada de orientação positiva da curva de fronteira C. Teorema 1. (Teorema de Stokes) Seja S uma superfície orientada, lisa por partes, cuja fronteira é uma curva C simples, fechada, lisa por partes com orientação positiva. Se −→ F é um campo vetorial cujas funções componentes têm derivadas parciais contínuas em uma região aberta contendo S, então ∫ C −→ F • d−→r = ∫∫ S (rot −→ F ) • d−→S Observação 1. Muitas vezes usamos a notação ∂S para denotar a curva de fronteira de S orientada positivamente. Neste caso, o Teorema de Stokes pode ser escrito como∫ ∂S −→ F • d−→r = ∫∫ S (rot −→ F ) • d−→S Exemplo 1. Calcule ∫ C −→ F • d−→r , onde −→F (x, y, z) = −y2−→i + x−→j + z2−→k e C é a curva de interseção do plano y + z = 2 com o cilindro x2 + y2 = 1 (onde C está orientada no sentido anti-horário quando visto de cima). 1 Observamos que −→ F (x, y, z) = P (x, y, z) −→ i +Q(x, y, z) −→ j +R(x, y, z) −→ k , onde P (x, y, z) = −y2, Q(x, y, z) = x e R(x, y, z) = z2. Logo, rot −→ F = ( ∂R ∂y − ∂Q ∂z )−→ i + ( ∂P ∂z − ∂R ∂x )−→ j + ( ∂Q ∂x − ∂P ∂y )−→ k = (1 + 2y) −→ k A curva C é uma elipse. Se tomarmos S como sendo a região elíptica do plano y + z = 2 cuja curva de fronteira é C e orientarmos S para cima, então C estará orientada positivamente com relação à S. Podemos parametrizar a superfície S pelas equações x = x, y = y, z = 2− y, (x, y) ∈ D = {(x, y) | x2 + y2 ≤ 1} e, portanto, podemos descrever S pela função vetorial −→r (x, y) = x−→i + y−→j + (2− y)−→k , (x, y) ∈ D = {(x, y) | x2 + y2 ≤ 1} Temos que −→r x(x, y) = −→i , −→r y(x, y) = −→j −−→k e, portanto, −→r x × ry = −→j +−→k Pelo Teorema de Stokes,∫ C −→ F • d−→r = ∫∫ S (rot −→ F ) • d−→S = ∫∫ S (rot −→ F (−→r (x, y))) • (−→r x ×−→r y) dA = ∫∫ S (1 + 2y) dA = ∫ 2pi 0 ∫ 1 0 (1 + 2rsen θ) r dr dθ = ∫ 2pi 0 ∫ 1 0 (r + 2r2sen θ) dr dθ Calculando a integral em r:∫ 1 0 (r + 2r2sen θ) dr = [ r2 2 + 2r3 3 sen θ ]r=1 r=0 = 1 2 + 2 3 sen θ Calculando a integral do resultado em θ:∫ 2pi 0 ( 1 2 + 2 3 sen θ ) dθ = [ θ 2 − 2 3 cos θ ]θ=2pi θ=0 = pi Concluímos assim que ∫ C −→ F • d−→r = pi 2 Exemplo 2. Calcule ∫∫ S (rot −→ F ) • d−→S , onde −→F (x, y, z) = yz−→i + xz−→j + xy−→k e S é a parte da esfera x2 + y2 + z2 = 4 que está dentro do cilindro x2 + y2 = 1 e acima do plano xy. A curva de fronteira da superfície S é a curva de interseção entre a esfera e o cilindro. A interseção acontece quando x2 + y2 + z2 − 4 = x2 + y2 − 1 ⇒ z2 = 3 ⇒ z = √ 3 Logo, C é a circunferência dada por {(x, y, z) ∈ R3 | x2 + y2 = 1, z = √ 3} Podemos descrever C pela função vetorial −→r (θ) = cos θ−→i + sen θ−→j + √ 3 −→ k , θ ∈ [0, 2pi] Temos que • −→r ′(θ) = −sen θ−→i + cos θ−→j • −→F (−→r (θ)) = √3sen θ−→i +√3 cos θ−→j + cos θsen θ−→k • −→F (−→r (θ)) • −→r ′(θ) = −√3sen 2θ +√3 cos2 θ = √3(cos2 θ − sen 2θ) = √3 cos(2θ) Pelo Teorema de Stokes, se S estiver orientada de forma que seus vetores normais estejam apontando para fora da esfera, então a orientação compatível de C corresponderá à nossa ori- entação (no sentido anti-horário quando visto de cima) e teremos∫∫ S (rot −→ F ) • d−→S = ∫ C −→ F • d−→r = ∫ 2pi 0 −→ F (−→r (θ)) • −→r ′(θ) dθ = ∫ 2pi 0 √ 3 cos(2θ) dθ = √ 3 [ sen (2θ) 2 ]2pi 0 = 0 Concluímos que ∫∫ S (rot −→ F ) • d−→S = 0 3 Observe que, pelo teorema de Stokes, se S1 e S2 forem duas superfícies orientadas, lisas por partes, distintas cuja fronteira é a mesma curva C simples, fechada, lisa por partes cuja orientação induzida pelas duas superfícies é igual e se −→ F é um campo vetorial cujas funções componentes têm derivadas parciais contínuas em uma região aberta contendo S, então∫∫ S1 (rot −→ F ) • d−→S = ∫ C −→ F • d−→r = ∫∫ S2 (rot −→ F ) • d−→S Com isso, conseguimos subtituir uma integral de superfície sobre uma superfície complicada pela integral de superfície sobre uma superfície mais simples. Exemplo 3. Calcule ∫∫ S (rot −→ F ) • d−→S , onde −→F (x, y, z) = yz−→i + z2x−→j + eyz cosx−→k e S é o hemisfério z = √ 1− x2 − y2 orientado para fora da esfera. A curva de fronteira da superfície S é a circunferência x2 + y2 = 1 contida no plano xy. Seja S1 a superfície circular do plano xy dada por x 2 + y2 ≤ 1. Podemos parametrizá-la por −→r (x, y) = x−→i + y−→j , (x, y) ∈ D onde D é o disco x2 + y2 ≤ 1. Observe que a curva de fronteira de S1 coincide com a curva de fronteira de S e que, por essa parametrização de S1, −→r x = −→i , −→r y = −→j e −→r x ×−→r y = −→k . Logo, a superfície S1 induz na circunferência exatamente a mesma orientação que S. Logo,∫∫ S (rot −→ F ) • d−→S = ∫∫ S1 (rot −→ F ) • d−→S Temos que • rot −→F = (zeyz cosx− 2zx)−→i + (y + eyzsen x)−→j + (z2 − z)−→k • rot −→F (−→r (x, y)) = (y + sen x)−→j Logo, ∫∫ S1 (rot −→ F ) • d−→S = ∫∫ S1 (rot −→ F (−→r (x, y)) • −→k dS = ∫∫ D 0 dA = 0 Concluímos que ∫∫ S (rot −→ F ) • d−→S = 0 4
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