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Psicologia da Educação I - Sandra Armoa - UNIGRAN 31 Fundamentos Teóricos e Filosóficos: Inspirada nas premissas da filosofia racionalista e idealista se baseia na crença de que as capacidades básicas de cada ser humano, personalidade, potencial, valores, comportamentos, formas de pensar e de conhecer são inatas, ou seja, já se encontram praticamente prontas no momento do nascimento. Enfatiza assim os fatores maturacionais e hereditários como definidores da constituição do ser humano e do processo de conhecimento. Desconsidera: As interações sócio-culturais na formação das estruturas comportamentais e cognitivas da criança. Nessa visão o desenvolvimento é pré-requisito para o aprendizado. Aspecto Pedagógico: A educação pouco ou quase nada altera as determinações inatas. Os processos d ensino só podem se realizar na medida em que a criança estiver "pronta", madura para efetivar determinada aprendizagem. Esse paradigma promove uma expectativa significativamente limitada do papel da educação para o desenvolvimento individual, na medida em que considera o desempenho do aluno fruto de suas capacidades inatas. Aula 04 TEORIAS DE APRENDIZAGEM ABORDAGEM INATISTA (TAMBÉM CONHECIDA COMO APRIORISTA OU NATIVISTA) Psicologia da Educação I - Sandra Armoa - UNIGRAN 32 Prática Pedagógica: Na prática escolar, podemos identificar as conseqüências da abordagem inatista. • Não desafia, não instrumentaliza o desenvolvimento de cada indivíduo, pois se restringe àquilo que ele já conquistou; • Prática pedagógica espontaneísta, pouco desafiadora, na maior parte das vezes, subestima a capacidade intelectual do indivíduo, na medida em que seu sucesso ou fracasso depende quase exclusivamente de seu talento, aptidão, dom ou maturidade; • Desconfia do valor da educação e do papel interveniente e mediador do professor; • Atuação se restringe ao respeito às diferenças individuais, aos desejos, aos interesses e capacidades manifestadas pelo indivíduo, ao reforço das "características inatas" ou ainda à espera de que processos maturacionais ocorram. Consequentemente: • O desempenho das crianças na escola deixa de ser responsabilidade do sistema educacional; • Terá sucesso a criança que tiver algumas qualidades e aptidões básicas, que implicará na garantia de aprendizagem, tais como: inteligência, esforço, atenção, interesse ou mesmo maturidade de aprender; • A responsabilidade está na criança (e no máximo na família) e não na relação com o contexto social mais amplo, nem na própria dinâmica interna da escola. Aprendizagem por instruçao William James, dentro de uma ótica funcionalista, resgata o estudo da consciência na psicologia, cuja construção entende ser um fenômeno dinâmico. Não é a estrutura que precisa ser analisada, mas o processo do funcionamento, que ele entende relacionado com a vida como um todo. Esta não é mais uma visão dual, corpo e mente são interdependentes e dessa interdependência nasce a consciência como um fenômeno pessoal, integral e contínuo. As regras de associação são, para James, um mero recorte transversal de uma contínua corrente do pensamento que tinha que ser entendida “em relação às ações conscientes dos seres humanos em seu confronto cotidiano com uma variedade de desafios ambientais.” (Capra, 1982:162) O conceito de condicionamento de Berkhetev e Pavlov é inteiramente assumido por Watson, passando este a ser o princípio e o método de explicação do behaviorismo. Acreditaram os behavioristas a partir de Watson, ser possível o controle total do comportamento humano. O princípio do reforço ao condicionamento é uma contribuição importante que a teoria behaviorista ganha de Clark Hull. Esse princípio afirma que a resposta a um estímulo pode ser reforçada ou eliminada pela satisfação, ou falta dela, gerada pelo comportamento resposta (é o princípio da maximização do prazer). Psicologia da Educação I - Sandra Armoa - UNIGRAN 33 A partir da década de 50 o principal estudioso desta corrente psicológica passa a ser Skinner. A teoria de Skinner, de certa forma explicou como a experiência influencia a aprendizagem, sendo esta entendida como o processo pelo qual o comportamento é modificado como resultado daquela. Nesse sentido, a visão behaviorista eliminou o caráter pessimista e preconceituoso da concepção inatista que, oriunda da influência religiosa, acreditava que cada homem é criado por Deus de forma definitiva, donde pode muito pouco a educação fazer por ele, a não ser aprimorar um pouquinho os seus próprios talentos. Quando estes talentos não existem, nada há a fazer. As aptidões, a prontidão e os coeficientes de inteligência são os escudos que a concepção inatista têm para o fracasso da sua prática pedagógica. Recuperar a importância dos fatores ambientais e sociais no desenvolvimento, foi a grande contribuição do behaviorismo. Para os behavioristas passou a ser importante o planejamento do ensino, com a definição clara dos objetivos a serem alcançados, com a preparação do ambiente da aprendizagem e das seqüências a serem seguidas até o objetivo, bem como, com a definição dos mecanismos de reforço que serão utilizados. Aí está a grande contribuição do pensamento behaviorista para a pedagogia. Mas há nesse pensamento um grave aspecto negativo, trata-se da questão do poder excessivo conferido ao ambiente. Os behavioristas ignoram completamente a interdependência entre o organismo vivo e o seu ambiente. Skinner deixa claro que considera como inexistentes a consciência, a mente, as idéias, isto porque, faltam a estes conceitos, as dimensões da ciência física. Não existe o ‘eu’ íntimo, para Skinner, donde ele propõe uma abordagem técnica para criar, por condicionamento, um novo tipo de homem e uma nova sociedade. A crise atual da sociedade seria, então, superada, não pela criação de um novo tipo de consciência (já que esta nem existe), nem por uma mudança de valores (pois estes são apenas reforços positivos ou negativos), mas através do controle científico do comportamento humano. Se, para Skinner seria possível uma tecnologia manipuladora do comportamento, tão precisa quanto a física e a biologia, então o homem, para Skinner não pode ser autônomo. As conseqüências disto na prática pedagógica, logo se fizeram perceber. Nesta prática, o aluno é visto como um ser passível de manipulação, portanto passivo e controlado pelo ambiente. Há um excessivo diretivismo na mesma, nenhuma liberdade de ação é dada aos educandos, que já não esteja prevista no planejamento do ensino. Apesar de Skinner considerar que as situações pessoais podem influenciar na percepção do estímulo, normalmente as diferenças individuais não são consideradas, o plano de ensino é elaborado de forma massificada. Psicologia da Educação I - Sandra Armoa - UNIGRAN 34 Essa visão trouxe um tecnicismo exagerado à prática pedagógica, pois as relações pessoais e a cooperação não são levadas em conta, e o ambiente não tem sido entendido como contendo outras pessoas, é em geral apenas o mundo físico que é considerado. O cientista do comportamento e do aprendizado Para o psicólogo behaviorista norteamericano, a educação deve ser planejada passo a passo, de modo a obter os resultados desejados na "modelagem" do aluno. Nenhum pensador ou cientista do século 20 levou tão longe a crença na possibilidade de controlar e moldar o comportamento humano como o norte-americano Burrhus Frederic Skinner (1904-1990). Sua obra é a expressão mais célebre do behaviorismo, corrente que dominou o pensamento e a prática da psicologia, em escolas e consultórios, até os anos 1950. Fotos: Corbis /Stock Photos O behaviorismo restringe seu estudo ao comportamento (behavior, em inglês), tomado como um conjunto de reações dos organismos aos estímulos externos. Seu princípio é que só é possívelteorizar e agir sobre o que é cientificamente observável. Com isso, ficam descartados conceitos e categorias centrais para outras correntes teóricas, como consciência, vontade, inteligência, emoção e memória – os estados mentais ou subjetivos. Os adeptos do behaviorismo costumam se interessar pelo processo de aprendizado como um agente de mudança do comportamento. "Skinner revela em várias passagens a confiança no planejamento da educação, com base em uma ciência do comportamento humano, como possibilidade de evolução da cultura", diz Maria de Lourdes Bara Zanotto, professora de psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Psicologia da Educação I - Sandra Armoa - UNIGRAN 35 Nos usos que projetou para suas conclusões científicas – em especial na educação –, Skinner pregou a eficiência do reforço positivo, sendo, em princípio, contrário a punições e esquemas repressivos. Ele escreveu um romance, Walden II, que projeta uma sociedade considerada por ele ideal, em que um amplo planejamento global, incumbido de aplicar os princípios do reforço e do condicionamento, garantiria uma ordem harmônica, pacífica e igualitária. Num de seus livros mais conhecidos, Além da Liberdade e da Dignidade, ele rejeitou noções como a do livre-arbítrio e defendeu que todo comportamento é determinado pelo ambiente, embora a relação do indivíduo com o meio seja de interação, e não passiva. Para Skinner, a cultura humana deveria rever conceitos como os que ele enuncia no título da obra. Máquinas para Fazer o Aluno Estudar A Educação foi uma das preocupações centrais de Skinner, à qual ele se dedicou com seus estudos sobre a aprendizagem e a linguagem. No livro Tecnologia do Ensino, de 1968, o cientista desenvolveu o que chamou de máquinas de aprendizagem – a organização de material didático de maneira que o aluno pudesse utilizar sozinho, recebendo estímulos à medida que avançava no conhecimento. Grande parte dos estímulos se baseava na satisfação de dar respostas corretas aos exercícios propostos. A idéia nunca chegou a ser aplicada de modo sistemático, mas influenciou procedimentos da educação norte-americana. Skinner considerava o sistema escolar um fracasso por se basear na presença obrigatória, sob pena de punição. Ele defendia que se dessem aos alunos "razões positivas" para estudar. "Para Skinner, o ensino deve ser planejado para levar o aluno a emitir comportamentos progressivamente próximos do objetivo final, sem que para isso precise cometer erros", diz Maria de Lourdes Zanotto. "A idéia é que a máquina de aprendizado se ocupe das questões factuais e deixe ao professor a tarefa fundamental de ensinar o aluno a pensar." Para pensar Ainda que Skinner considerasse importante levar em conta as diferenças entre os alunos de um mesmo professor, o behaviorismo se baseia fundamentalmente na previsibilidade das reações aos estímulos e reforços. Seus objetivos educacionais buscam resultados definidos antecipadamente, para que seja possível, diante de uma criança ou adolescente, projetar a modelagem de um adulto. Você considera importante, como professor, saber de antemão exatamente o que deseja de seus alunos? É possível planejar o aprendizado em detalhes? Psicologia da Educação I - Sandra Armoa - UNIGRAN 36 Essas abordagens teóricas revelam diferentes concepções e modos de explicar as dimensões biológicas e culturais do homem e a forma pela qual o sujeito aprende e se desenvolve, e mais particularmente, as possibilidades de ação educativa. Cada uma delas é marcada pelas características do momento e do contexto sócio-histórico em que foi formulada e pelos diversos paradigmas e pressupostos filosóficos, metodológicos e epistemológicos que as inspiram. Concepção Ambientalista (Também chamada de Associacionista, Comportamentalista ou Beha Viorista). Fundamentos Teóricos e Filosóficos: Inspirada na filosofia empirista e positivista atribui exclusivamente ao ambiente a constituição das características humanas e privilegia a experiência como fonte de conhecimento e de formação de hábitos de comportamentos. Assim as características individuais são determinadas por fatores externos ao indivíduo. Nesta abordagem desenvolvimento e aprendizagem se fundem e ocorrem simultaneamente. O Papel da Escola e do Ensino: O ensino é supervalorizado, já que o aluno é um receptáculo vazio, a transmissão de um grande número de informações torna-se de extrema relevância. A função primordial da escola é a preparação moral e intelectual do aluno para assumir sua posição na sociedade, através da "transmissão da cultura" e a "modelagem comportamental" das crianças. Aspecto Pedagógico: OS conteúdos e procedimentos didáticos não precisam ter nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito menos com as realidades sociais. O que predomina é a palavra do professor, as regras impostas e a transmissão verbal do conhecimento. O educando assume uma posição secundária e marcadamente passiva (imaturo, inexperiente), cabe ao aluno apenas executar prescrições que lhes são fixadas por autoridades exteriores a ele. Prática Escolar: • Valoriza-se o trabalho individual, a atenção, a concentração, o esforço e a disciplina, como garantias para a apreensão do conhecimento; • Ensino centrado no professor, que monta programas a partir de uma progressão de grau de complexidade da matéria; • O professor é o elemento central e único detentor do saber, é quem corrige, avalia e julga as produções e comportamentos dos alunos, principalmente seus "erros e dificuldades"; • O professor deve promover situações propícias para que se processem associações entre estímulos e respostas corretas, pois o erro deve ser evitado; Psicologia da Educação I - Sandra Armoa - UNIGRAN 37 • Neste paradigma a aprendizagem é confundida com memorização de um conjunto de conteúdos desarticulados (da realidade), conseguida través da repetição de exercícios sistemáticos de fixação e cópia e estimulada por reforços positivos (elogios, recompensas) ou negativos (notas baixas, castigos etc); • O método é baseado na exposição verbal, análise e conclusão do conteúdo por parte do professor; • A verificação da aprendizagem se dá através de periódicas avaliações (vistas como instrumento de controle e de checagem da necessidade de reformulação das técnicas empregadas); • Uma faceta do espontaneísmo, baseado nesses pressupostos, se fundamenta na convicção de que o desempenho e as características individuais do aluno são resultantes da educação recebida em sua família e do ambiente sócio- econômico em que vive. As dificuldades na escola são atribuídas aos fatores do universo social, tais como: a pobreza, a desnutrição, a composição familiar, a crise econômica que o país atravessa, ao ambiente em que vive, à violência da sociedade atual, à televisão etc. Assim, já que dependem de fatores externos à escola, a solução não está ao alcance dos educadores.
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