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DireitoAdministrativo_decifrandoFCC-fabianopereira_Aula 00

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CURSO COMPLETO DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TEORIA E EXERCÍCIOS) - 
DECIFRANDO A FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS 
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Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 1
Olá! 
Seja bem-vindo ao nosso Curso completo de Direito 
Administrativo (teoria e exercícios) – Decifrando a Fundação 
Carlos Chagas, que tem por objetivo apresentar todo o conteúdo de 
Direito Administrativo em sintonia com o que tem sido cobrado nas 
provas da Fundação Carlos Chagas. 
Nos últimos meses, essa banca organizadora tem sido a 
responsável pela publicação dos mais aguardados editais de concursos 
públicos do país, a exemplo do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará, 
Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco, Tribunal Regional do 
Trabalho da 11ª Região, Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, 
Tribunal de Contas do Estado do Paraná, Tribunal Regional Eleitoral do 
Paraná, entre outros importantes certames. 
E não para por aí! Existe a expectativa de que a Fundação 
Carlos Chagas também seja a responsável pelos editais do 
Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, Tribunal Regional 
Eleitoral do Rio de Janeiro, Tribunal Regional Eleitoral de Minas 
Gerais, ISS/SP, entre outros relevantes concursos públicos que 
estão sendo aguardados para os próximos meses. 
Assim, nada mais prudente do que conhecer a fundo a forma de 
abordagem da Fundação Carlos Chagas em relação aos principais tópicos 
do Direito Administrativo, o que lhe proporcionará a prerrogativa de 
gabaritar a prova, assegurando todos esses preciosos pontos. 
Em nosso curso será apresentada toda a parte teórica do Direito 
Administrativo, relações de questões comentadas, Resumo de 
Véspera de Prova (contendo os pontos cruciais que devem ser 
recordados pelo candidato) e diversos exercícios de fixação do 
conteúdo (apenas com o gabarito), o que o tornará um verdadeiro 
especialista em Fundação Carlos Chagas. 
A propósito, muito prazer, meu nome é Fabiano Pereira e 
atualmente exerço as funções de Analista Judiciário no Tribunal 
Regional Eleitoral do Estado de Minas Gerais. Paralelamente às 
atribuições desse cargo público, também ministro aulas em 
universidades e cursos preparatórios para concursos públicos em várias 
cidades brasileiras. 
Aqui no Ponto dos Concursos, ministro cursos teóricos e de 
exercícios na área do Direito Administrativo e Direito Eleitoral. 
CURSO COMPLETO DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TEORIA E EXERCÍCIOS) - 
DECIFRANDO A FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS 
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Nesses últimos anos, tive a oportunidade de sentir “na pele” a 
deliciosa sensação de ser nomeado em razão da aprovação em vários 
concursos públicos. Entretanto, sou obrigado a confessar que a minha 
realização profissional está intimamente atrelada à docência. A 
convivência virtual ou presencial com os alunos de todo o país e a 
possibilidade de abreviar o caminho daqueles que desejam ingressar no 
serviço público é o que me inspira no cotidiano. 
Assim, tenho procurado reservar um tempinho para uma de minhas 
grandes paixões: escrever para candidatos a concursos públicos. 
Até o momento, foram publicados pela Editora Método os seguintes 
livros de minha autoria: 
1) “Direito Administrativo – Questões comentadas do 
CESPE”; 
2) “Direito Administrativo – Questões comentadas da 
Fundação Carlos Chagas - FCC”; 
3) “Direito Administrativo – Questões comentadas da ESAF”.
4) E-book “1001 Questões Comentadas de Direito Eleitoral –
FCC”. 
Esses livros possuem uma linguagem acessível, objetiva e direta, 
abordando o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça e do 
Supremo Tribunal Federal em relação aos temas mais importantes do 
Direito Administrativo e Eleitoral. Vale à pena conferir! 
Se você ainda não teve o privilégio de ser nomeado para um cargo 
ou emprego público, mantenha-se firme nesse propósito, pois, 
certamente, a sua aprovação virá. Trata-se apenas de uma questão de 
tempo e perseverança. 
Quantos anos de braçadas foram necessários para que Cesar Cielo 
chegasse ao ouro olímpico? Será que o ouro foi obtido no primeiro 
mergulho na piscina? Tenho certeza que não! 
Deve ficar claro que a sua aprovação dependerá de algumas 
privações, muita vontade de vencer e, principalmente, muito estudo! E 
não é qualquer estudo. Tem que ser um estudo direcionado, objetivo e 
programado, focado sempre na meta que foi anteriormente traçada. 
CURSO COMPLETO DE DIREITO ADMINISTRATIVO (TEORIA E EXERCÍCIOS) - 
DECIFRANDO A FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS 
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Bem, como você não tem tempo a perder, passemos então aos 
detalhes do curso. Primeiramente, lembre-se de que o nosso curso será 
de teoria e exercícios, isto é, um curso completo. Serão apresentadas 
várias questões de concursos anteriores para facilitar a fixação do 
conteúdo, algumas comentadas, outras apenas com os gabaritos. 
Além disso, ao final de cada aula será apresentado o famoso “R.V.P. – 
Revisão de Véspera de Prova”, que nada mais é do que um resumo das 
principais informações que devem ser recordadas na semana que antecede a 
prova, pois são frequentemente exigidas pela Fundação Carlos Chagas. 
Ao término do nosso curso você estará preparado para enfrentar as 
provas de Direito Administrativo de qualquer concurso público 
organizado pela Fundação Carlos Chagas, seja ele para o cargo de Juiz, 
Promotor, Auditor Fiscal, Analista Judiciário, Técnico Judiciário, Oficial de 
Justiça, Procurador etc. Digo isso porque iremos nos aprofundar no 
estudo do Direito Administrativo, apresentando, sempre que necessário, 
o entendimento do Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de 
Justiça sobre os temas mais polêmicos. 
Para que você possa programar os seus estudos, apresento a 
seguir o conteúdo que será ministrado, bem como o respectivo 
cronograma de divulgação das aulas: 
AULA DEMONSTRATIVA – Princípios Administrativos 
AULA 01 (18/11/11) – Poderes Administrativos 
AULA 02 (25/11/11) – Organização administrativa: noções 
gerais. Administração direta e indireta, centralizada e 
descentralizada. 
AULA 03 (02/12/11) – Ato administrativo: conceito, requisitos, 
atributos, classificação, espécies e invalidação. Anulação e 
revogação. Prescrição. 
 AULA 04 (09/12/11) – Licitação e Contratos Administrativos 
AULA 05 (16/12/11) - Agentes Públicos: Lei 8.112/1990. 
AULA 06 (23/12/11) – Processo Administrativo Federal e Noções 
gerais sobre Improbidade Administrativa (Lei 8.429/1992) 
AULA 07 (30/12/11) – Controle e Responsabilidade Civil da 
Administração Pública 
AULA 08 (03/01/12) – Serviços Públicos e Bens Públicos 
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DECIFRANDO A FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS 
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Use e abuse do nosso fórum de dúvidas, enviando-nos todos os 
questionamentos que surgirem durante os seus estudos. Lembre-se de 
que o objetivo deste curso é tentar garantir que você gabarite a prova, 
isto é, acerte todas as questões de Direito Administrativo nas 
provas da FundaçãoCarlos Chagas. 
Se você possui alguma dificuldade nessa disciplina, eis a grande 
oportunidade de superá-la de uma vez por todas, facilitando, assim, a 
sua gratificante jornada rumo ao cargo ou emprego público desejado. 
No mais, lembre-se sempre de que o curso está sendo 
desenvolvido para atender às suas necessidades, portanto, as críticas e 
as sugestões serão prontamente acatadas, caso sirvam para aumentar a 
produtividade das aulas que estão sendo ministradas. 
Caso você ainda tenha alguma dúvida sobre a organização ou 
funcionamento do curso, fique à vontade para esclarecê-las através do 
e-mail fabianopereira@pontodosconcursos.com.br. 
Até a próxima aula! 
Fabiano Pereira 
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br 
Ps.: também estou à sua disposição no FACEBOOK, é só clicar no link 
www.facebook.com.br/professorfabianopereira 
PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO 
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1. Considerações iniciais .......................................................... 06 
1.1. Princípios expressos e implícitos .................................. 07 
1.2. Colisão entre princípios ...................................................... 10 
1.3. Princípios Básicos ................................................................. 10 
2. Princípios constitucionais expressos 
2.1. Princípio da legalidade ........................................................ 11 
2.2. Princípio da impessoalidade ............................................... 15 
2.3. Princípio da moralidade ...................................................... 18 
2.4. Princípio da publicidade .................................................... 23 
2.5. Princípio da eficiência ......................................................... 26 
3. Princípios implícitos 
3.1. Princípio da supremacia do interesse público sobre o 
privado....................................................................................... 28 
3.2. Princípio da indisponibilidade do interesse público ............ 30 
3.3. Princípio da razoabilidade e da proporcionalidade .............. 31 
3.4. Princípio da autotutela ........................................................ 33 
3.5. Princípio da tutela ............................................................... 36 
3.6. Princípio da segurança jurídica ........................................... 37 
3.7. Princípio da continuidade dos serviços públicos ................. 38 
3.8. Princípio da motivação ....................................................... 40 
3.9. Princípio da especialidade .................................................. 42 
4. Super R.V.P ............................................................................... 44 
5. Questões comentadas ............................................................... 46 
6. Questões para fixação do conteúdo ........................................... 64 
7. Lista das questões que foram comentadas ................................. 69 
PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 
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1. Considerações iniciais 
Os princípios administrativos estruturam, orientam e direcionam a 
edição de leis administrativas e a atuação da Administração Pública, pois não 
existe um sistema jurídico formado exclusivamente de leis. 
Os princípios contêm mandamentos com um maior grau de abstração, 
já que não especificam ou detalham as condutas que devem ser seguidas 
pelos agentes públicos, pois isso fica sob a responsabilidade da lei. Entretanto, 
no momento de criação da lei, o legislador deverá observar as diretrizes 
traçadas nos princípios, sob pena de sua invalidação. 
Como bem afirma o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, “[...] 
violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A 
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico 
mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave 
forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio 
atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de 
seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e 
corrosão de sua estrutura mestra. Isso porque, por ofendê-lo, abatem-se as 
vigas que o sustêm e alui-se toda a estrutura nelas esforçada”1. 
Para que fique nítida a importância dos princípios, basta analisar o 
conteúdo do inciso III, artigo 1º, da Constituição Federal de 1988, que prevê a 
dignidade da pessoa humana como um fundamento da República 
Federativa do Brasil. 
Mas o que significa isso? Significa que todas as leis criadas em nosso 
país, assim como todos os atos e condutas praticados pela Administração 
Pública e pelos particulares, devem orientar-se pelo respeito à dignidade da 
pessoa humana. 
O princípio da dignidade da pessoa humana assegura que o ser humano 
tem direito a um “mínimo existencial”, ou seja, o direito a condições mínimas 
de existência para que possa sobreviver dignamente. Inseridos nesse “mínimo 
existencial” estariam, por exemplo, o direito à alimentação, a uma renda 
mínima, à saúde básica, ao acesso à justiça, entre outros. 
Para se garantir o efetivo cumprimento dos direitos relativos ao “mínimo 
existencial”, não é necessário aguardar a criação de uma ou várias leis. A 
simples existência do princípio no texto constitucional, por si só, é capaz de 
assegurar a necessidade de seu cumprimento. 
 
1 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 
2008. 
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Assim, sempre que um indivíduo sentir-se violado em sua dignidade 
humana em virtude de uma ação ou omissão do Estado, poderá recorrer ao 
Judiciário para exigir as providências cabíveis. 
O Superior Tribunal de Justiça, por exemplo, no julgamento do Recurso 
Especial 950.725/RS2, garantiu a um paciente portador de grave doença 
muscular o recebimento gratuito de medicamento, mesmo não integrante da 
listagem do SUS. 
Ao determinar que a Administração fornecesse o medicamento ao 
paciente, o STJ fundamentou a sua decisão no princípio da dignidade 
humana, já que não existia nenhuma regra expressa (lei) que garantisse a 
gratuidade do medicamento ou a sua inclusão na lista geral do SUS. 
1.1. Princípios expressos e implícitos 
A responder às questões da Fundação Carlos Chagas, lembre-se 
sempre de que os princípios administrativos se dividem em expressos e 
implícitos. 
Princípios expressos são aqueles taxativamente previstos em uma 
norma jurídica de caráter geral, obrigatória para todas as entidades políticas 
(União, Estados, Municípios, Distrito Federal e seus respectivos órgãos 
públicos), bem como para as entidades administrativas (autarquias, 
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista). 
Não interessa se a normajurídica de caráter geral possui status 
constitucional ou infraconstitucional, mas sim se é de cunho obrigatório 
para toda a Administração Pública, em todos os níveis. 
É possível encontrarmos princípios expressos previstos em nível 
constitucional, como constatamos no caput do artigo 37 da Constituição 
Federal. Esse dispositivo estabelece a obrigatoriedade de a Administração 
respeitar os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência. 
Da mesma forma, existem princípios que estão expressos somente na 
legislação infraconstitucional. É o que se constata na leitura do artigo 3º 
da Lei de licitações, que determina a obrigatoriedade de respeito aos princípios 
da legalidade, moralidade, publicidade, vinculação ao instrumento 
convocatório, julgamento objetivo, dentre outros. 
Esses princípios são considerados expressos porque é possível 
identificar, claramente, o “nome” de cada um deles no texto legal ou 
constitucional. É o que acontece, por exemplo, com o princípio da 
 
2 Recurso Especial nº. 950.725/RS, rel. Ministro Luiz Fux. Superior Tribunal de Justiça. Julgado 
em 06.05.2008 e publicado no DJU em 18.06.2008. 
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moralidade. O nome desse princípio não é “princípio do respeito à ética e à 
moral”, mas sim MORALIDADE, com todas as letras! 
Em alguns casos, os princípios estarão expressos em leis que não são 
de observância obrigatória para toda a Administração Pública brasileira, 
mas somente para determinado ente político. Podemos citar como exemplo a 
Lei 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito federal. 
Em seu artigo 2º, a lei 9.784/99 declara que a Administração Pública 
obedecerá, entre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, 
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, segurança 
jurídica, eficiência, do interesse público e do contraditório. 
Tais princípios são considerados expressos somente para a 
Administração Pública Federal (União, seus respectivos órgãos e entidades 
da administração indireta), pois estão previstos em uma norma jurídica que é 
de observância obrigatória apenas para a Administração Pública Federal. 
Os princípios previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99 não podem ser 
considerados expressos para o Distrito Federal ou para o meu maravilhoso 
município de Montes Claros – MG (terra da carne de sol com pequi), pois a 
referida lei é federal. 
O Estado de Minas Gerais, por exemplo, possui uma lei própria
regulando os processos administrativos que tramitam no âmbito estadual (lei 
14.184/02). Assim, os princípios previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99 não 
serão expressos em relação ao Estado de Minas Gerais, pois não têm caráter 
obrigatório em relação a este. 
Da mesma forma, no artigo 2º da lei estadual mineira está previsto que 
a Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade, finalidade, motivação, razoabilidade, 
eficiência, ampla defesa, do contraditório e da transparência. 
Observe que na lei federal não consta a obrigatoriedade de respeito ao 
princípio da transparência, que somente será expresso em relação ao Estado 
de Minas Gerais. 
Por outro lado, princípios implícitos são aqueles que não estão 
previstos expressamente em uma norma jurídica de caráter geral, pois são 
consequência dos estudos doutrinários e jurisprudenciais. 
São princípios cujos nomes não irão constar claramente no texto 
constitucional ou legal, mas que, de qualquer forma, vinculam as condutas e 
atos praticados pela Administração Pública. 
Um bom exemplo para facilitar o entendimento é o princípio da 
eficiência. Esse princípio somente foi introduzido no caput, do artigo 37, da 
Constituição Federal de 1988, a partir de 04 de junho de 1998, com a 
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promulgação da Emenda Constitucional 19. Apenas a partir dessa data é que 
esse princípio passou a ser expresso. 
Apesar disso, antes mesmo de ter sido incluído expressamente no 
caput do artigo 37 da Constituição Federal, tal princípio já era considerado 
implicitamente obrigatório para toda a Administração Pública brasileira pelos 
Tribunais do Poder Judiciário. 
O Ministro Luiz Vicente Cernichiaro, do Superior Tribunal de Justiça, em 
1996, ao julgar o Recurso em Mandado de Segurança – RMS 5.590-6/DF3, 
declarou que a “Administração Pública é regida por vários princípios. Além dos 
arrolados no art. 37, da Constituição da República: legalidade, impessoalidade, 
moralidade e publicidade, outros se evidenciam na mesma Carta Política. Sem 
dúvida, não se contesta, urge levar em conta ainda o princípio da eficiência, 
ou seja, a atividade administrativa deve voltar-se para alcançar resultado e 
interesse público”. 
Assim, constata-se que mesmo antes de ser incluído no texto 
constitucional (em 04 de junho de 1998), o princípio da eficiência tinha 
caráter obrigatório para toda a Administração Pública brasileira, mas era 
considerado implícito, porque ainda não estava “escrito” no caput, do artigo 
37, da CF/1988. 
PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: O art. 37 da Constituição 
Federal não é taxativo, pois, outros princípios existem, previstos em leis 
esparsas, ou, mesmo, não expressamente contemplados no direito objetivo, 
aos quais se sujeita a Administração Pública (Analista Judiciário/TRT 15ª 
Região 2009). 
1.2. Colisão entre princípios 
Não há hierarquia entre os princípios administrativos, apesar de vários 
autores afirmarem que o princípio da supremacia do interesse público 
sobre o interesse privado é o princípio fundamental do Direito 
Administrativo. 
Isso não significa que o princípio da supremacia do interesse 
público sobre o interesse privado se sobreponha aos demais princípios, 
mas apenas que irá amparar e fundamentar o exercício das atividades 
finalísticas da Administração Pública. 
Diante de uma aparente colisão entre princípios, o intérprete 
(administrador ou o juiz) deverá considerar o peso relativo de cada um deles e 
verificar, no caso concreto em análise, qual deverá prevalecer. A solução da 
 
3 Recurso em Mandado de Segurança 5.590/95 DF, rel. Ministro Luiz Vicente Cernicciaro. 
Superior Tribunal de Justiça. Diário da Justiça, Seção I, p. 20.395. 
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colisão dar-se-á através da ponderação entre os diversos valores jurídicos 
envolvidos, pois os princípios possuem um alcance (peso) diferente em cada 
caso concreto e aquele que possuir maior abrangência deverá prevalecer. 
Não é correto afirmar que o princípio “x” sempre deverá prevalecer em 
face do princípio “y”, ou vice-versa. Somente ao analisar o caso em concreto é 
que o intérprete terá condições de afirmar qual princípio deve prevalecer. Para 
a ponderaçãode princípios, o intérprete poderá valer-se de outros princípios, 
principalmente o da proporcionalidade. 
No caso em concreto, o juiz irá analisar se a aplicação de ambos os 
princípios é adequada e necessária e, se realmente for, não irá excluir 
totalmente a incidência de um em detrimento do outro. Deverá, sim, reduzir o 
alcance de um princípio ou, em alguns casos, de ambos, a fim de se chegar a 
uma decisão que atenda às expectativas de ambas as partes e mantenha os 
efeitos jurídicos de ambos. 
PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: Os princípios da Administração 
Pública se aplicam, em igual medida e de acordo com as ponderações 
determinadas pela situação concreta, a todas as entidades integrantes da 
Administração direta e indireta (Agente Técnico Legislativo ALSP/2010). 
1.3. Princípios básicos 
Segundo a doutrina majoritária, PRINCÍPIOS BÁSICOS da 
Administração Pública são aqueles previstos expressamente no art. 37 da 
Constituição Federal, a saber: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, 
Publicidade e Eficiência (o famoso L.I.M.P.E.). Nesse sentido, os demais 
princípios poderiam ser classificados como GERAIS, pois estão previstos em 
leis esparsas ou são fruto do entendimento doutrinário e jurisprudencial. 
Analisando-se os últimos editais publicados pela Fundação Carlos 
Chagas, constata-se que a banca tem o hábito de incluir no programa de 
Direito Administrativo o seguinte tópico: “Administração Pública - 
princípios básicos”. 
Todavia, é importante destacar que as questões elaboradas pela FCC 
não se restringem aos princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, 
Publicidade e Eficiência. As questões também abrangem os demais princípios 
implícitos impostos à Administração Pública, a exemplo do Princípio da 
Segurança Jurídica, Princípio da Razoabilidade, Princípio da Proporcionalidade, 
entre outros. 
Desse modo, ao se deparar com o tópico “Administração Pública: 
princípios básicos” nos editais da Fundação Carlos Chagas, aconselho que você 
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estude todos os princípios gerais do Direito Administrativo, evitando, assim, 
eventuais surpresas desagradáveis no momento da prova. 
2. Princípios constitucionais expressos 
2.1. Princípio da legalidade 
Historicamente, a origem do princípio da legalidade baseia-se na Magna 
“Charta Libertatum”, imposta pelos barões ingleses ao rei João Sem–Terra, no 
ano de 1215, caracterizando-se como o primeiro esforço inglês de tentar 
restringir o poder absolutista do rei. 
No referido documento estava expresso que "nenhum homem livre será 
detido ou sujeito à prisão, ou privado de seus bens, ou colocado fora da lei, ou 
exilado, ou de qualquer modo molestado, e nós não procederemos nem 
mandaremos proceder contra ele senão mediante um julgamento regular pelos 
seus pares ou de harmonia com a lei do país". 
Atualmente, o princípio da legalidade pode ser estudado sob dois 
enfoques distintos: em relação aos particulares e em relação à 
Administração Pública. 
Em relação aos particulares, o princípio da legalidade está consagrado 
no inciso II, artigo 5º, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual 
"ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude da lei". 
Isso significa que, em regra, somente uma lei (ato emanado do Poder 
Legislativo) pode impor obrigações aos particulares. 
Segundo o saudoso professor Hely Lopes Meirelles, “enquanto os 
indivíduos, no campo privado, podem fazer tudo o que a lei não veda, o 
administrador público só pode atuar onde a lei autoriza”. 
Para ficar mais fácil o entendimento do princípio da legalidade em 
relação aos particulares, imaginemos o seguinte: Após ter sido aprovado 
no concurso público de Analista Judiciário, você decidiu comemorar a sua 
vitória em uma churrascaria. Depois de muitos “refrigerantes” e muita carne 
consumida, foi solicitado ao garçom o valor da conta, que a apresentou no 
montante de R$ 330,00 (trezentos e trinta reais), sendo R$ 300,00 (trezentos 
reais) de consumo e mais R$ 30,00 (trinta reais) relativos ao famoso “10%”. 
Como não tivemos o atendimento merecido (faltou agilidade e, 
principalmente, qualidade no serviço), imediatamente você decidiu informar 
que não pagaria o valor de R$ 30,00 (trinta reais) constante na nota, pois 
aquela cobrança não seria justa. 
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Com o objetivo de exigir o pagamento, o gerente da churrascaria 
compareceu à mesa e afirmou que a referida cobrança estava informada, com 
letras garrafais, no cardápio. Além disso, alegou também que tal cobrança 
estava amparada em Convenção Coletiva firmada entre o Sindicato dos 
restaurantes, churrascarias, bares, meios de hospedagem e similares e o 
Sindicato dos Garçons. 
Pergunta: Nesse caso, você poderá ou não ser obrigado a pagar o valor 
de R$ 30,00 (10%) calculado sobre o montante do consumo? (Antes de 
responder à pergunta, é necessário que você saiba que Convenção Coletiva 
não é lei, pois não foi votada no Poder Legislativo). 
Muito simples. Você não é obrigado a pagar o valor de R$ 30,00 porque 
essa exigência não foi estabelecida através de lei. E, conforme previsto no 
inciso II, artigo 5º, da CF/1988, para obrigar alguém a fazer alguma coisa é 
imprescindível o respaldo legal. 
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região, no julgamento da Apelação 
2001.01.00.037891-8/DF4, declarou a abusividade da cobrança de gorjeta do 
particular sem previsão legal. 
CONSTITUCIONAL, CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL 
PÚBLICA. ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS. PRESTAÇÃO DE 
SERVIÇOS. COBRANÇA DE ACRÉSCIMO PECUNIÁRIO (GORJETA). 
PORTARIA Nº. 4/94 (SUNAB). VIOLAÇÃO AO PRINCÍPO DA 
LEGALIDADE E AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. 
I - O pagamento de acréscimo pecuniário (gorjeta), em virtude da prestação de 
serviço, possui natureza facultativa, a caracterizar a ilegitimidade de sua 
imposição, por mero ato normativo (Portaria nº. 4/94, editada pela extinta 
SUNAB), e decorrente de convenção coletiva do trabalho, cuja eficácia abrange, 
tão-somente, as partes convenientes, não alcançando a terceiros, como no 
caso, em que se pretende transferir ao consumidor, compulsoriamente, a sua 
cobrança, em manifesta violação ao princípio da legalidade, insculpido em nossa 
Carta Magna (CF, art. 5º, II) e ao Código de Defesa do Consumidor (Lei nº. 
8.078/90, arts. 6º, IV, e 37, § 1º), por veicular informação incorreta, no 
sentido de que a referida cobrança estaria legalmente respaldada. 
Atenção: O princípio da legalidade, em relação aos particulares, 
também é conhecido como princípio da autonomia da vontade, pois é 
assegurada a liberdade para os indivíduos agirem da maneira que entenderem 
mais conveniente, salvo na existência de proibição legal. 
Em relação à Administração, o princípio da legalidade assume um 
enfoque diferente. Nesse caso, está previsto expressamente no caput, do 
artigo 37, da Constituição Federal de 1988, significando que a Administração 
Pública somente pode agir se existir uma norma legal autorizando. 
 
4 Apelação Cível AC 2001. 01.00.037891-8/DF, rel. Desembargador Federal Souza Prudente. 
Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Publicadoem 13/10/2008. 
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Segundo o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da 
legalidade “implica subordinação completa do administrador à lei. Todos os 
agentes públicos, desde o que ocupe a cúspide até o mais modesto deles, 
devem ser instrumentos de fiel e dócil realização das finalidades normativas”. 
Num primeiro momento, pode até parecer que a necessidade de 
autorização legal para que a administração possa agir estaria “engessando” 
a atividade administrativa, além de incentivar o ócio. Entretanto, não é esse o 
objetivo do referido princípio. 
Na verdade, o princípio da legalidade é uma exigência que decorre do 
próprio Estado de Direito, que impõe a necessidade de submissão ao império 
da lei. A Administração Pública somente poderá atuar quando autorizada ou 
permitida por lei. A vontade da Administração é a que decorre da lei e, 
portanto, os agentes públicos somente poderão fazer o que a lei permitir
ou autorizar. 
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que o princípio da 
legalidade pode sofrer constrições (restrições) em função de circunstâncias 
excepcionais, mencionadas expressamente no texto constitucional, como no 
caso da edição de medidas provisórias, decretação de estado de defesa
e, ainda, a decretação de estado de sítio pelo Presidente da República. 
Assim, é correto concluir que, em situações excepcionais, os 
particulares podem ser obrigados a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
também em virtude de medida provisória ou decretos que instituem estado de 
defesa ou estado de sítio. Porém, tal obrigação somente ocorre em caráter 
excepcional e em virtude de tais instrumentos possuírem força de lei, apesar 
de não serem lei em sentido formal. 
Pergunta: Mas o que é lei em sentido formal? 
É aquela que, em regra, origina-se no Poder Legislativo, com a 
participação do Poder Executivo e em conformidade com o processo legislativo 
previsto no texto constitucional. Para que seja caracterizada como formal é 
irrelevante o conteúdo da lei, basta que tenha surgido do Poder Legislativo. 
Pergunta: Aproveitando a oportunidade, o que seria, então, a lei em 
sentido material? 
Lei em sentido material é aquela cujo conteúdo possui caráter genérico
(aplicável a um número indefinido e indeterminável de pessoas) e abstrato
(aplicável a um número indefinido e indeterminável de situações futuras), 
independentemente do órgão ou entidade que a tenha criado. Nesse caso, 
não interessa o processo ou o órgão de criação, mas o seu conteúdo, que 
deve ser normativo. 
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Em sentido material, podemos incluir tanto as leis em sentido formal
como qualquer ato normativo com caráter geral e abstrato, independente de 
sua origem. 
É necessário ficar atento aos comentários dos professores Marcelo 
Alexandrino e Vicente Paulo, que afirmam que a atividade administrativa não 
pode ser contra legem (contra a lei) nem praeter legem (além da lei), mas 
apenas secundum legem (segundo a lei). Sendo assim, os atos eventualmente 
praticados em desobediência a tais parâmetros são atos inválidos e, portanto, 
podem ter sua invalidade decretada pela própria Administração que o haja 
editado ou pelo Poder Judiciário. 
PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: Em decorrência do princípio da 
legalidade, a Administração Pública não pode, por simples ato administrativo, 
conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações aos 
administrados; para tanto, ela depende de lei (Analista Judiciário TRT 22ª 
Região/2010). 
2.2. Princípio da impessoalidade 
O princípio da impessoalidade pode ser analisado sob vários aspectos 
distintos, a saber: 
1º) dever de tratamento isonômico a todos os administrados; 
2º) imputação dos atos praticados pelos agentes públicos diretamente às 
pessoas jurídicas em que atuam; 
3º) dever de sempre agir com o intuito de satisfazer o interesse 
público. 
 Sob o primeiro aspecto, o princípio da impessoalidade impõe à 
Administração Pública a obrigação de conceder tratamento isonômico a 
todos os administrados que se encontrarem em idêntica situação jurídica. 
Assim, fica vedado o tratamento privilegiado a um ou alguns indivíduos em 
função de amizade, parentesco ou troca de favores. Da mesma forma, o 
princípio também veda aos administradores que pratiquem atos prejudiciais
ao particular em razão de inimizade ou perseguição política, por exemplo. 
Nesse caso, tem-se o princípio da impessoalidade como uma faceta do 
princípio da isonomia, e a obrigatoriedade de realização de concurso público 
para ingresso em cargo ou emprego público (artigo 37, II), bem como a 
obrigatoriedade de realização de licitação pela Administração (artigo 37, XXI), 
são exemplos clássicos de tal princípio, já que proporcionam igualdade de 
condições para todos os interessados. 
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O Supremo Tribunal Federal5, por diversas vezes, considerou 
inconstitucionais dispositivos legais que concediam tratamentos diferenciados a 
candidatos em concursos públicos. 
DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. 
PRINCÍPIO DA ISONOMIA. PROVAS DE CAPACITAÇÃO FÍSICA E 
INVESTIGAÇÃO SOCIAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
DO PARÁGRAFO 6° DO ART. 10 DA LEI N° 699, DE 14.12.1983, 
ACRESCENTADO PELA LEI N° 1.629, DE 23.03.1990, AMBAS DO ESTADO 
DO RIO DE JANEIRO, COM ESTE TEOR: "§ 6º - Os candidatos integrantes do 
Quadro Permanente da Polícia Civil do Estado ficam dispensados da prova de 
capacitação física e de investigação social a que se referem o inciso, I, "in fine", 
deste artigo, e o § 2°, "in fine", do artigo 11". 
1. Não há razão para se tratar desigualmente os candidatos ao 
concurso público, dispensando-se, da prova de capacitação física e de 
investigação social, os que já integram o Quadro Permanente da Polícia 
Civil do Estado, pois a discriminação implica ofensa ao princípio da 
isonomia. 
2. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente pelo Plenário do STF 
Em relação ao segundo aspecto, o princípio da impessoalidade 
determina que os atos praticados pela Administração Pública não podem ser 
utilizados para a promoção pessoal do agente público, mandamento expresso 
na segunda parte, do § 1º, artigo 37, da Constituição Federal de 1988: 
§ 1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos 
órgãos públicos deverão ter caráter educativo, informativo ou de orientação 
social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que 
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. 
Os atos praticados pelos agentes púbicos devem ser imputados à 
entidade política ou administrativa às quais se encontram vinculados, portanto, 
não poderão ser utilizados para a promoção pessoal de quem quer que seja. 
Pergunta: O prefeito da minha cidade, cujo apelido é Tamanduá, pode 
eleger comosímbolo da administração municipal um tamanduá (animal), com 
uma enxada nas costas, e colocar um adesivo em cada veículo do município? 
Penso que não! Nesse caso, qualquer administrado que olhar para o 
adesivo em um veículo público estará vendo a “imagem” do prefeito, que tem 
como apelido o mesmo nome do animal que foi “escolhido” como símbolo da 
administração municipal. 
 
5 Ação Direta de Inconstitucionalidade nº. 1.072/RJ, rel. Ministro Sydney Sanches. Supremo 
Tribunal Federal. Noticiado no Informativo nº. 308. 
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PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: O princípio ou regra da 
Administração Pública que determina que os atos realizados pela 
Administração Pública, ou por ela delegados, são imputáveis não ao funcionário 
que os pratica, mas ao órgão ou entidade administrativa em nome do qual age 
o funcionário é o da impessoalidade (Executivo Público Casa Civil/2010). 
 
Outra pergunta: É possível que um Governador de Estado apareça nas 
propagandas institucionais veiculadas na televisão e pagas com recursos 
públicos, noticiando que “ele” foi o responsável pela construção da escola “y”, 
do asfaltamento da estrada “z”, pela reforma do hospital “X”, etc? 
Também não, pois, nesse caso, ele estaria se auto-promovendo através 
de propaganda custeada com recursos públicos. Ademais, os atos praticados 
durante a sua gestão devem ser imputados ao Estado e não à figura do 
Governador. 
Como não poderia ser diferente, a Fundação Carlos Chagas adora 
cobrar questões sobre esse tema. 
(FCC/Analista Jud./TRT 24ª Região) O Prefeito Municipal passou a 
exibir nas placas de todas as obras públicas a indicação "GOVERNO 
TOTONHO FILHO". Assim agindo, o governante ofendeu o princípio da 
administração pública conhecido como 
(A) moralidade. 
(B) impessoalidade 
(C) autotutela. 
(D) razoabilidade. 
(E) publicidade 
Resposta: letra “b”. 
 Sob um terceiro aspecto, o princípio da impessoalidade pode ser 
estudado como uma aplicação do princípio da finalidade, pois o objetivo 
maior da Administração deve ser sempre a satisfação do interesse público. 
A finalidade deve ser observada tanto em sentido amplo quanto em 
sentido estrito. Em sentido amplo, a finalidade dos atos editados pela 
Administração Pública sempre será a satisfação imediata do interesse público. 
Em sentido estrito, é necessário que se observe também a finalidade 
específica de todo ato praticado pela Administração, que estará prevista em 
lei. 
Pergunta: Qual é a finalidade em sentido amplo, por exemplo, de um 
ato administrativo de remoção de servidor? 
Satisfazer o interesse público, assim como todo e qualquer ato editado 
pela Administração. 
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Outra pergunta: E qual seria a finalidade, em sentido estrito, do 
mesmo ato de remoção de servidor? 
Suprir a carência de servidores em outra localidade. 
Assim, é possível concluir que quando um ato administrativo de remoção 
for editado com o objetivo de “punir” um servidor faltoso, estará sendo violado 
o PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE, já que a remoção não é uma das 
hipóteses de penalidade que podem ser aplicadas ao servidor público. 
Apesar de a Administração ter por objetivo alcançar o interesse público, 
é válido ressaltar que, em alguns casos, poderão ser editados atos com o 
objetivo de satisfazer o interesse particular, como acontece, por exemplo, 
na permissão de uso de um certo bem público (quando o Município, por 
exemplo, permite ao particular a possibilidade de utilizar uma loja do Mercado 
municipal para montar o seu estabelecimento comercial). 
Nesse caso, o interesse público também será atendido, mesmo que 
secundariamente. O que não se admite é que um ato administrativo seja 
editado para satisfazer exclusivamente o interesse particular, portanto, fique 
atento às questões de concurso sobre o tema. 
Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas, lembre-se 
sempre de que o princípio da impessoalidade pode aparecer como 
“sinônimo” de princípio da finalidade ou princípio da isonomia, conforme 
se observa na questão abaixo (a resposta foi a letra “c”): 
(Auxiliar Judiciário/TJ PA 2009/FCC) Quando se diz que a 
Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou 
beneficiar pessoas determinadas, estamos diante do princípio da 
(A) especialidade. 
(B) legalidade ou veracidade. 
(C) impessoalidade ou finalidade. 
(D) supremacia do interesse público. 
(E) indisponibilidade. 
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello nos ensina que o princípio 
da impessoalidade “traduz a ideia de que a Administração tem que tratar a 
todos os administrados sem discriminações, benéficas ou detrimentosas. Nem 
favoritismos nem perseguições são toleráveis. Simpatias ou animosidades 
pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atuação 
administrativa”. Afirma ainda o professor que “o princípio em causa não é 
senão o próprio princípio da igualdade ou isonomia.” 
Por outro lado, o professor Hely Lopes Meirelles informa que “o princípio 
da impessoalidade, referido na Constituição de 1988 (art. 37, caput), nada 
mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador 
público que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente 
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aquele que a norma de Direito indica expressamente ou virtualmente como 
objetivo do ato, de forma impessoal”. 
PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: No texto constitucional há 
algumas referências a aplicações concretas deste princípio, como por exemplo, 
no art. 37, II, ao exigir que o ingresso no cargo, função ou emprego público 
depende de concurso, exatamente para que todos possam disputar-lhes o 
acesso em plena igualdade (Técnico Judiciário TRF 1ª Região/2011). 
2.3. Princípio da moralidade 
O princípio da moralidade, também previsto expressamente no artigo 37, 
caput, da Constituição Federal de 1988, determina que os atos e atividades da 
Administração devem obedecer não só à lei, mas também à própria moral, pois 
nem tudo que é legal é honesto. 
Como consequência do princípio da moralidade, os agentes públicos 
devem agir com honestidade, boa-fé e lealdade, respeitando a isonomia e 
demais preceitos éticos. 
É válido destacar que a moral administrativa é diferente da moral 
comum, pois, conforme Hauriou, a moral comum é imposta ao homem para a 
sua conduta externa, enquanto a moral administrativa é imposta ao agente 
público para sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a que 
serve e a finalidade de sua ação, que é a satisfação do interesse público. 
Em razão de tal princípio, veda-se à Administração Pública qualquer 
comportamento que contrarie os princípios da lealdade e da boa-fé. Além 
disso, observe-se que o princípio deve ser respeitado não apenaspelos 
agentes públicos, mas também pelos particulares que se relacionam com a 
Administração Pública. Em um processo licitatório, por exemplo, é muito 
comum o conluio entre licitantes com o objetivo de violar o referido princípio, 
conforme informa a professora Di Pietro. 
Afirma ainda a professora que, em matéria administrativa, sempre que 
se verificar que o comportamento da Administração ou do administrado que 
com ela se relaciona juridicamente, embora em consonância com a lei, ofende 
a moral, os bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de 
justiça e de equidade, além da ideia comum de honestidade, haverá ofensa ao 
princípio da moralidade administrativa. 
Em virtude de o conceito de moral administrativa ser um pouco vago, 
impreciso, cuidou-se o legislador de criar a Lei 8.429/92, estabelecendo 
hipóteses que caracterizam improbidades administrativas, bem como 
estabelecendo as sanções aplicáveis a agentes públicos e a terceiros, quando 
responsáveis pela prática de atos coibidos pelo texto normativo. 
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A doutrina majoritária entende que a “probidade administrativa” seria 
uma espécie do gênero “moralidade administrativa”, já que estaria relacionada 
mais propriamente com a má qualidade de uma administração, não se 
referindo, necessariamente, à ausência de boa-fé, de lealdade e de justeza do 
administrador público. 
Fique atento às questões de concursos, pois, a qualquer momento, você 
pode se deparar com uma questão em prova afirmando que “probidade” e 
“moralidade” são expressões idênticas, informação que, segundo a doutrina 
majoritária, não procede. 
Entre os atos de improbidade administrativa coibidos pela lei 8.429/92, 
estão aqueles que importam enriquecimento ilícito, os que causam 
prejuízos ao erário e os que atentam contra os princípios da 
Administração Pública, conforme podemos observar a seguir: 
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enriquecimento 
Ilícito 
 Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento 
ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de 
cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° 
desta lei, e notadamente: 
 I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer 
outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, 
gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser 
atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente 
público; 
 II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, 
permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas 
entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado; 
 III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, 
permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por 
preço inferior ao valor de mercado; 
 IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou 
material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das 
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores 
públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades; 
 V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para 
tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de 
contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de 
tal vantagem; 
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 VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para 
fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer 
outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de 
mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º 
desta lei; 
 VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego 
ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à 
evolução do patrimônio ou à renda do agente público; 
 VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou 
assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser 
atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente 
público, durante a atividade; 
 IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de 
verba pública de qualquer natureza; 
 X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, 
para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado; 
 XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou 
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta 
lei; 
 XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do 
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei. 
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário 
 Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário 
qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, 
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades 
referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: 
 I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio 
particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes 
do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; 
 II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, 
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades 
mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou 
regulamentares aplicáveis à espécie; 
 III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda 
que de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio 
de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das 
formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie; 
 IV - permitir ou facilitar alienação, permuta ou locação de bem integrante do 
patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a 
prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado; 
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 V - permitir ou facilitar aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por 
preço superior ao de mercado; 
VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e 
regulamentares ou aceitar garantiainsuficiente ou inidônea; 
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das 
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 
 VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente; 
 IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou 
regulamento; 
 X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que 
diz respeito à conservação do patrimônio público; 
 XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou 
influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular; 
 XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente; 
 XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, 
equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de 
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de 
servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades. 
 XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação 
de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades 
previstas na lei; (Incluído pela Lei nº. 11.107, de 2005) 
 XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia 
dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei. (Incluído 
pela Lei nº. 11.107, de 2005) 
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da 
Administração Pública 
 Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os 
princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de 
honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: 
 I - praticar ato visando a fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele 
previsto, na regra de competência; 
 II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício; 
 III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e 
que deva permanecer em segredo; 
 IV - negar publicidade aos atos oficiais; 
 V - frustrar a licitude de concurso público; 
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 VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo; 
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da 
respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o 
preço de mercadoria, bem ou serviço. 
O parágrafo 4º, artigo 37, da CF/1988, não se descuidou de assegurar o 
respeito à moralidade administrativa, asseverando que: 
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos 
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o 
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo 
da ação penal cabível. 
Ainda com o objetivo de resguardar a moralidade administrativa, a 
Constituição Federal também contemplou, em seu inciso LXXIII, artigo 5º, a 
Ação Popular, regulada pela Lei 4.717/65. Por meio dessa ação constitucional 
qualquer cidadão pode deduzir a pretensão de anular atos praticados pelo 
poder público e que estejam contaminados de imoralidade administrativa. 
É importante esclarecer também que, na maioria das vezes, quando um 
ato praticado pela Administração viola um princípio qualquer, como o da 
impessoalidade, legalidade, publicidade, eficiência, entre outros, estará 
violando também, consequentemente e num segundo plano, o princípio da 
moralidade. 
PARA RESPONDER AS QUESTÕES DA FCC: A conduta do agente público 
que se vale da publicidade oficial para realizar promoção pessoal atenta contra 
os princípios da impessoalidade e moralidade (Analista Judiciário TRE 
AP/2011). 
 
2.4. Princípio da publicidade 
O princípio da publicidade impõe à Administração Pública a 
obrigatoriedade de conceder aos seus atos a mais ampla divulgação 
possível entre os administrados, pois só assim estes poderão fiscalizar e 
controlar a legitimidade das condutas praticadas pelos agentes públicos. 
Ademais, a publicidade de atos, programas, obras e serviços dos órgãos 
públicos deverão ter caráter educativo, informativo ou de orientação social. 
O referido princípio encontra amparo no caput do artigo 37 da 
Constituição Federal de 1988, bem como no inciso XXXIII, artigo 5º, que 
declara expressamente: 
XXXIII - Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu 
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no 
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prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. 
Conforme é possível constatar da leitura do citado inciso, nem toda 
informação de interesse particular ou de interesse coletivo ou geral serão 
disponibilizadas aos interessados, pois foram ressalvadas aquelas que 
coloquem em risco a segurança da sociedade e do Estado. 
Exemplo: Suponhamos que você tenha formulado uma petição 
administrativa destinada ao Ministro de Estado da Defesa e que, no seu texto, 
você tenha solicitado as seguintes informações: quantidade de tanques de 
guerra que estão em atividade no Brasil; número do efetivo de homens da 
Marinha, Exército e Aeronáutica, e os endereços dos locais onde ficam 
guardados os equipamentos bélicos das Forças Armadas. 
Pergunta: Será que o Ministro de Estado da Defesa irá lhe fornecer as 
informações solicitadas? 
É lógico que não, pois tais informações são imprescindíveis à segurança 
da sociedade e do Estado. Imagine o que pode acontecer ao nosso país se 
essas informações forem parar em mãos erradas? (Hugo Chávez, por 
exemplo... brincadeira...) 
No mesmo sentido, o inciso IX, artigo 93, da CF/1988, estabelece que 
todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, 
entretanto, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às 
próprias partes e aos seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais 
a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o 
interesse público à informação. 
Em decorrência do inciso IX, artigo 93, da CF/1988, as ações que versem 
sobre direito de família (divórcio, separação judicial, alimentos, investigação de 
paternidade, entre outras) tramitarão no Poder Judiciário protegidas pelo 
sigilo, ou seja, as informações serão restritas somente às partes. 
Além disso, no caso em concreto, quando o juiz vislumbrar a existência 
de interesse público, poderá determinar o “segredo de justiça” em um 
determinado processo judicial a fim de se garantir a efetiva prestação 
jurisdicional e o princípio da duração razoável do processo (assegurados no 
inciso LXXVIII, artigo 5º, da CF/88). 
 A divulgação oficial dos atos praticados pela Administração ocorre, em 
regra, mediante publicação no Diário Oficial, isso em relação à União, aos 
Estados e ao Distrito Federal. Em relação aos Municípios, pode ser que algum 
não possua órgão oficial de publicação de seus atos (Diário Oficial). Nesse 
caso, a divulgação poderáocorrer mediante afixação do ato na sede do órgão 
ou entidade que os tenha produzido. 
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Exemplo: Caso o ato seja de titularidade do Poder Executivo, poderá ser 
afixado no quadro de avisos localizado no saguão da Prefeitura. Caso o ato 
tenha sido editado pelo Poder Legislativo, poderá ser afixado no saguão da 
Câmara de Vereadores, em um quadro de avisos, a fim de que todos os 
interessados possam ter acesso e consultá-los quando necessário. 
Pergunta: O que pode ser feito quando um indivíduo solicita 
informações perante órgãos ou entidades públicas e essas informações são 
negadas ou sequer o pedido é respondido? 
Bem, nesse caso, é necessário que analisemos as diversas situações: 
1ª) Se as informações requeridas são referentes à pessoa do 
requerente (informações particulares) e foram negadas pela Administração, 
será possível impetrar um habeas data (inciso LXXII, artigo 5º, da CF/1988) 
perante o Poder Judiciário para se ter acesso obrigatório a tais informações; 
2ª) Se as informações requeridas são de interesse pessoal do 
requerente, mas relativas a terceiros (um amigo, por exemplo) e forem 
negadas pela Administração, será possível impetrar um mandado de 
segurança perante o Poder Judiciário para se ter acesso obrigatório a tais 
informações; 
3ª) Caso tenha sido requerida a expedição de uma certidão de 
contagem de tempo de serviço perante o INSS, relativa à pessoa do 
requerente, e a entidade administrativa tenha se recusado a fornecê-la, a ação 
constitucional cabível não mais será o habeas data, mas sim o mandado de 
segurança. Nesse caso, violou-se o direito líquido e certo à certidão e não o 
direito à informação. 
Destaca-se ainda que a Lei 9.051/95 determina que a Administração tem 
o prazo de 15 dias para emitir a certidão. Esgotado esse prazo, já é possível 
impetrar o mandado de segurança para ter acesso à certidão. 
Para as questões de concursos públicos, é importante destacar ainda que 
a publicação do ato administrativo em órgão oficial de imprensa não é 
condição de sua validade, mas sim condição de eficácia e moralidade. 
Somente a partir da publicação é que o ato começará a produzir os seus 
efeitos jurídicos, mesmo que há muito tempo já esteja editado, aguardando 
apenas a sua divulgação. 
Atenção: Alguns atos administrativos, a exemplo dos atos internos, 
podem ser divulgados nos boletins internos existentes no interior de vários 
órgãos e entidades administrativas. Por outro lado, os atos externos devem 
ser publicados em Diário Oficial, exceto se a lei estabelecer outra forma. 
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PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: Se a lei não exigir a publicação 
em órgão oficial, a publicidade terá sido alcançada com a simples afixação do 
ato em quadro de editais, colocado em local de fácil acesso do órgão expedidor 
(Analista Processual MPE SE/2010). 
2.5. Princípio da eficiência 
Conforme já foi destacado anteriormente, o princípio da eficiência 
somente foi introduzido no texto constitucional em 1998, com a promulgação 
da Emenda Constitucional nº. 19. Antes disso, ele era considerado um 
princípio implícito. 
O professor Diógenes Gasparini informa que esse princípio é conhecido 
entre os italianos como “dever de boa administração” e impõe à Administração 
Pública direta e indireta a obrigação de realizar suas atribuições com rapidez, 
perfeição e rendimento. 
Informa ainda o professor que é a relação custo / benefício que deve 
presidir todas as ações públicas. Exemplo: não se deve estender rede de 
energia elétrica ou de esgoto por ruas onde não haja edificações ocupadas; 
nem implantar redes de iluminação pública em ruas não utilizadas, pois, 
nesses casos, toda a comunidade arcaria com os seus custos, sem qualquer 
benefício. 
Nesse sentido, o princípio da eficiência está relacionado diretamente com 
o princípio da economicidade, que impõe à Administração Pública a 
obrigatoriedade de praticar as atividades administrativas com observância da 
relação custo-benefício, de modo que os recursos públicos sejam utilizados de 
forma mais vantajosa e eficiente para o poder público. Esse princípio traduz-se 
num compromisso econômico com o cumprimento de metas governamentais, 
objetivando-se sempre atingir a melhor qualidade possível, atrelada ao menor 
custo. 
Parte da doutrina entende que economicidade seria um gênero, do qual 
a eficiência, a eficácia e a efetividade seriam suas espécies. 
Fique atento às dicas fornecidas pelas bancas examinadoras nos 
concursos públicos. Quando a questão referir-se à relação custo/benefício ou 
resultado/qualidade com menor investimento, primeiramente, tente 
encontrar entre as alternativas o princípio da economicidade. Caso não o 
encontre, busque estão o princípio da eficiência como resposta. 
Segundo a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, o princípio da 
eficiência pode ser estudado sob dois aspectos: em relação ao modo de 
atuação do agente público e em relação ao modo de organizar, 
estruturar e disciplinar a Administração Pública. 
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Em relação ao primeiro aspecto (atuação do agente público), é 
importante que você entenda que a introdução do princípio da eficiência no 
texto constitucional repercutiu diretamente nas relações entre servidores e 
Administração Pública. 
Exemplo: Antes da promulgação da Emenda Constitucional nº. 19/98, 
constava no artigo 41 da CF/88 que os servidores públicos estáveis somente
perderiam o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou 
mediante processo administrativo em que lhe fosse assegurada ampla defesa. 
Atualmente, após a promulgação da referida EC 19/98, introduziu-se no 
artigo 41 da CF/88 mais uma hipótese que pode ensejar a perda do cargo pelo 
servidor público: procedimento de avaliação periódica de desempenho, 
na forma de lei complementar, desde que assegurada a ampla defesa. 
Além disso, o mesmo artigo 41 da CF/88 passou a prever também a 
obrigatoriedade de o servidor submeter-se a uma avaliação especial de 
desempenho, realizada por comissão instituída para essa finalidade, como 
condição para a aquisição da estabilidade. 
PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: O princípio constitucional da 
eficiência, que rege a Administração Pública, apresenta-se em relação ao modo 
de organizar, estruturar e disciplinar a Administração Pública, não apenas em 
relação a atuação do agente público (Procurador de Contas TCE AP/2010). 
Em relação ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a 
Administração Pública, o princípio da eficiência consolidou o fim da 
administração burocrática, preocupada mais com o Estado em si e 
submetida “cegamente” ao texto legal e à excessiva fixação de regras para se 
alcançar o objetivo inicialmente pretendido. Isso acabava concedendo aos 
meios uma importância mais acentuada que os próprios fins almejadospela 
Administração. 
 A administração gerencial, consequência do princípio da eficiência, 
relaciona-se com os conceitos de boa administração, flexibilização, controle 
finalístico, contrato de gestão, qualidade e cidadão-cliente, voltando-se para as 
necessidades da sociedade, enfatizando mais os resultados que os próprios 
meios para alcançá-los. 
3. Princípios implícitos 
3.1. Princípio da supremacia do interesse público sobre o 
interesse privado 
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Apesar de não estar previsto de forma expressa no texto constitucional, 
o princípio da supremacia do interesse público perante o interesse privado 
pode ser encontrado no artigo 2º da Lei 9.784/99. Assim, como a citada lei é 
federal, esse princípio somente pode ser considerado expresso para a 
Administração Pública Federal. 
Respaldada pelo princípio da supremacia do interesse público, a 
Administração irá atuar com superioridade em relação aos demais interesses 
existentes na sociedade. Isso significa que será estabelecida uma relação 
jurídica “vertical” entre o particular e a Administração, já que esta se 
encontra em situação de superioridade. 
Apesar de tal supremacia, o interesse público não se sobrepõe de forma 
absoluta ao interesse privado, pois o próprio texto constitucional assegura a 
necessidade de obediência ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à 
coisa julgada (artigo 5º, XXXVI). 
A doutrina majoritária considera esse princípio como o basilar do 
denominado “regime jurídico-administrativo”. Mas o que é isso? Nesse 
momento, entenda o regime jurídico-administrativo apenas como o conjunto 
de normas que concede à Administração Pública uma série de prerrogativas, 
ou seja, benefícios que não existiriam em uma relação jurídica entre 
particulares. 
Para fins de concursos públicos, é importante destacar a existência das 
denominadas cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos, que 
possibilitam à Administração, por exemplo, modificar ou rescindir 
unilateralmente o contrato; 
Exemplo: Imagine que um determinado Município tenha firmado 
contrato administrativo com a Construtora Cimentão, após regular processo 
licitatório, para a construção de 100 (cem) casas populares. Entretanto, em 
função da crise econômica mundial (que tem sido desculpa para tudo), o 
Município decidiu diminuir em 20% (vinte por cento) a quantidade de casas 
que seriam construídas, alterando unilateralmente o contrato. 
Pergunta: No exemplo apresentado, o Município pode alterar 
unilateralmente o contrato, reduzindo para 80 (oitenta) o número de casas a 
serem construídas? 
Sim, pois a Lei 8.666/93 (Lei geral de Licitação) estabelece tal 
possibilidade no parágrafo 1º de seu artigo 65, que declara que “o contratado 
fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou 
supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e 
cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de 
reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por 
cento) para os seus acréscimos”. 
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No exemplo citado, é fácil perceber que a redução do número de casas 
construídas está amparada no interesse público. No momento da assinatura 
do contrato, a economia brasileira e a mundial estavam em ritmo acelerado, 
com fartura de crédito e investimentos nacionais e internacionais. Contudo, em 
virtude da crise mundial, o interesse público passou a exigir do Município certa 
cautela, o que, em tese, justificou a redução do número de construção de 
casas inicialmente estabelecido. 
Sendo assim, é possível concluir que o princípio da supremacia do 
interesse público sobre o interesse privado consiste, basicamente, no exercício 
de prerrogativas públicas (vantagens) que afastam ou prevalecem sobre os 
interesses particulares, em regra. 
PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: O princípio da finalidade, ou da 
supremacia do interesse público, está presente no momento da elaboração da 
lei, condicionando a atuação do legislador, bem como no momento da sua 
execução em concreto pela Administração Pública (Procurador de 
Estado/PGJ RN 2001). 
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello nos ensina que o “princípio 
da finalidade impõe que o administrador, ao manejar as competências postas 
ao seu encargo, atue com rigorosa obediência à finalidade de cada qual. Isto é, 
cumpre-lhe cingir-se não apenas à finalidade própria de todas as leis, que é o 
interesse público, mas também à finalidade específica abrigada na lei a que 
esteja dando execução.” 
Alguns autores afirmam que o princípio da finalidade nada mais é do que 
o próprio princípio da supremacia do interesse público. Isso porque tanto o 
legislador, no momento da elaboração da lei, quanto o administrador, no 
momento de sua execução, devem sempre vislumbrar a satisfação do interesse 
coletivo. A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, por exemplo, afirma que 
os princípios da supremacia do interesse público e o da finalidade são um só. 
Esse é o entendimento que deve ser adotado no momento da 
resolução das provas da Fundação Carlos Chagas. 
3.2. Princípio da indisponibilidade do interesse público 
O princípio da indisponibilidade do interesse público pode ser estudado 
sob vários aspectos, mas todos eles estabelecendo restrições e limitações à 
disponibilidade do interesse público. São as denominadas sujeições 
administrativas. 
Como os bens e interesses públicos não pertencem à Administração nem 
aos seus agentes, mas sim à coletividade, criam-se instrumentos (sujeições) 
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que tenham por fim resguardá-los, permitindo-se que tais bens e interesses 
sejam apenas gerenciados e conservados pelo Poder Público. 
A obrigatoriedade de realização de licitação e concursos públicos são 
exemplos de instrumentos criados com o objetivo de evitar que os agentes 
públicos, cujas condutas são imputadas ao Estado, disponham do interesse 
público. 
Com tais sujeições o administrador público fica impedido, por exemplo, 
de contratar os “colegas” e “indicados” para exercer funções inerentes a 
titulares de cargos de provimento efetivo, sem a realização de concurso 
público. A obrigatoriedade de realização de concurso público é uma sujeição, 
uma restrição que se impõe à Administração Pública. 
Pergunta: Por que o concurso público é considerado uma sujeição ou 
restrição? 
É simples. Imagine um Prefeito que tenha acabado de tomar posse e 
esteja iniciando o seu primeiro mandado. Imagine agora que durante a 
campanha eleitoral o Prefeito “prometeu” fornecer trabalho para a “metade” da 
cidade. Diante das promessas, após assumir o cargo de Prefeito, qual seria a 
conduta imediata do representante do povo? 
Prover cargos públicos com os “chegados” que o auxiliaram na 
campanha, os famosos “cabos eleitorais”.

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