Mario Carretero - Construtivismo Voltado ao Ensino Histórico

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PENSADORES DA AMÉRICA LATINA: MARIO CARRETERO, CONSTRUTIVISMO VOLTADO AO ENSINO HISTÓRICO
IGOR CARVALHO DE MORAIS PINTO DE LEMOS¹; JOSE VICTOR DUTRA DE OLIVEIRA DA SILVA¹; KAROLINE MERY DE OLIVEIRA¹; NATHÁLIA NIÉDJA DA COSTA BARBOSA¹; RAUL CORDULA NETO¹
¹Discentes do Departamento de Letras e Ciências Humanas, Curso de Licenciatura em História, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, Pernambuco
RESUMO
Este trabalho apresenta os resultados, até o presente momento, da pesquisa sobre o Psicólogo espanhol Mario Carretero e seu pensamento construtivista aplicado ao ensino das ciências, aqui com ênfase na história, sendo base suas obras e artigos no tema, também estão sendo utilizados arquivos iconográficos que contribuem na construção da relação das práticas educativas. Carretero, mesmo espanhol, construiu parte importante de sua vida acadêmica nas Américas, o que o inclui no âmbito de influência latino americana. Ele apresenta as mais diversas vertentes para o ensino, de maneira clara e precisa, considerando a idade e desenvolvimento cognitivo de cada grupo de estudante.
PALAVRAS-CHAVE: Construtivismo, Educação, América Latina, História.
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento deste trabalho surgiu nas aulas de Fundamentos filosóficos históricos e sociológicos da educação, sob a orientação do Professor Humberto Miranda, atendendo a necessidade de coleta de informações para apresentação de pesquisa organizada sobre Mario Carretero na Prática Integrativa de 2016.
Nas últimas décadas o ensino das ciências humanas, teve sua utilidade social questionada, julgada se verdadeiramente útil e necessária. Neste trabalho acadêmico, usando o pensamento construtivista de Mario Carretero que, mesmo espanhol, passou grande parte de sua vida acadêmica nas Américas, vamos analisar o ensino, com ênfase na história, em cinco subtópicos, que serão apresentados nos Resultados. O primeiro subtópico é a bibliografia do pesquisador, contextualizando seu pensamento ao local social; O segundo subtópico visa relatar resumidamente o seu pensamento em relação à educação e ensino usando como base seu livro, Construtivismo e Educação (2002); O terceiro subtópico mostra sua influência no campo da política e o quarto o da educação, coisas que estão diretamente ligadas, uma vez que foi um dos fomentadores de opinião durante a reforma na Lei da reforma universitária na Espanha, em 1983; Por fim, apresentam-se as obras mais ligadas ao tema e um breve resumo. 
	Vale salientar, ainda, que por mais que estudar as práticas de ensino e suas variações aparente ser clichê, Carretero nos faz ter uma visão mais abrangente ao apontar, sem medo que o professor é educador, mas só pode concluir o objetivo com êxito se souber como estimular os alunos durante toda a vida escolar, não somente nos anos iniciais. Dando ainda, responsabilidade ao aluno, estimulando que ele busque obter aprendizagens significativas por si só, fazendo com que sua relação com o docente e o sistema de ensino seja de troca constante.
METODOLOGIA
Houve alguma dificuldade para a realização do projeto, uma vez que a maior parte do material acadêmico produzido pelo pesquisador encontrava-se em espanhol. Foi realizada a tradução do artigo “Enseñanza y aprendizaje de la Historia: aspectos cognitivos y culturales” de Mario Carretero e Manuel Montanero. A base teórica mais forte para a pesquisa foi o livro , Construtivismo e Educação (2002).
	Cada discente foi responsável por um tópico de pesquisa, foram eles: Biografia, Pensamento, Influência política, Influência educacional e Obras. Além de documentos escritos também foram utilizadas gravações de palestras ministradas por Carretero e entrevistas concedidas por ele. Sites de resumo técnico foram amplamente consultados, uma vez que através deles foi possível acesso ao conteúdo de livros que não poderiam ser adquiridos para consulta em tempo hábil.
RESULTADOS
Biografia
Nascido em Tetuán, Espanha, em 1953. Mario Carretero começou sua atividade docente começa em 1975 como professor contratado e professor ajudante da Universidade Complutense de Madri, onde completou sua formação doutoral em Psicologia. Em 1983 se tornou professor titular de Psicologia evolutiva da Universidade Autonoma de Madri, e desde 1986 é catedrático de Psicologia cognitiva e diretor do departamento de Psicologia básica, social e metodológica.
Sua formação pós-doutoral foi feita no Canadá e nos Estados Unidos, em cujas universidades foi professor convidado, assim como em outras instituições latino americanas e europeias. Também é catedrático na Flacso (Argentina), onde é pesquisador especializado na capacitação de professores e em processos de ensino e aprendizagem na aula. Especialista no estudo do desenvolvimento cognitivo e sua relação com a educação, seus atuais interesses de pesquisa possuem relação com os problemas da aprendizagem e do desenvolvimento cognitivo, particularmente com as questões relacionadas à compreensão da História e das Ciências Sociais
Pensamento
Mario Carretero segue a linha construtivista, sendo influenciando pela mesma e à influenciando. O método procura instigar a curiosidade, já que o aluno é levado a encontrar as respostas a partir de seus próprios conhecimentos e de sua interação com a realidade e com os colegas, propõe que o aluno participe do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o estímulo a dúvida e o desenvolvimento do raciocínio.
O método enfatiza a importância do erro não como um tropeço, mas como um trampolim na rota da aprendizagem. A teoria condena a rigidez nos procedimentos de ensino, as avaliações padronizadas e a utilização de material didático demasiadamente estranho ao universo pessoal do aluno, o autor define o construtivismo como uma ideia que sustenta que o indivíduo – tanto nos aspectos cognitivos e sociais do comportamento como nos afetivos – não é um mero produto do ambiente nem um simples resultado de suas disposições internas, mas, sim, uma construção própria que vai se produzindo, dia a dia, como resultado da interação desses dois fatores. Em consequência, o conhecimento não é uma cópia da realidade, mas, sim uma construção do ser humano.
Influência no campo da política
No ano de 1983 deu-se início a Lei da Reforma Universitária, na Espanha, que trata da mudança nos ensinos universitários no âmbito social, político e legal. Tendo como principais objetivos o desenvolvimento do preceito constitucional da autonomia e a efetivação da distribuição de competências em matéria de ensino universitário entre o Estado, as comunidades autônomas e as outras universidades. Essa lei foi importante já que consagrou a autonomia das universidades e garantiu a liberdade do estudo e da investigação, bem como a autonomia de gerenciamento e administração de seus próprios recursos.
	Dessa forma, percebe-se que os ideais da Lei da Reforma Universitária assemelham-se aos pontos exaltados pelo Professor Mario Carretero como, por exemplo, a “perda de interesse se intensifica na adolescência, produzindo uma ruptura entre os interesses habituais do aluno e os conteúdos e as atividades que lhe oferece o sistema escolar, sendo que estes, em sua grande parte, nada mais são do que resumos dos conteúdos universitários.” (CARRETERO, Construtivismo e Educação, 2002, p. 7).
Assim como sua declaração sobre a pertinência da lei “Acho que a aplicação da LRU nos últimos anos tem sido benéfica para a universidade, embora ainda existam muitos problemas para resolver. Algumas delas estão relacionadas com a estrutura da Universidade. Por exemplo, o LRU há ambigüidade sobre a relação deve ter as áreas e departamentos e entre departamentos e faculdades. No entanto, esses problemas serão resolvidos com o tempo e a operação progressiva das várias universidades de acordo com os seus próprios estatutos. No entanto, acredito que a separação é estabelecida entre as diferentes áreas de conhecimento em psicologia é muito rígida. Espero que a proposta final do Curriculum de Psicologia tem mais assuntosque podem ser ensinadas por várias áreas temáticas.” (Entrevista à revista Papeles del Psicólogo, nº38, em 1989).
Influência no campo da educação – Ênfase no ensino da história
“Os estágios do desenvolvimento intelectual,[...] são concebidos como uma espécie de norma perceptiva do que a criança não deve aprender por ainda não estar madura para isso.” (CARRETERO, Construtivismo e Educação, 2002, p. 62). Este fragmento define exatamente o ensino formal atual, por vezes considerado encarcerador de ideias e desestimulador no decorrer do tempo. A medida que os estudantes vão envelhecendo o sistema educacional acaba por entender que eles não mais precisam de estímulo, por já entenderem a importância da educação em suas vidas, mas isso causa apenas frustração e aumenta o “fracasso escolar”.
	É preciso mostrar que estudar história é mais que personagens, fatos ou datas, deve-se ensinar a pensar historicamente, estabelecendo um sentido de continuidade e mudança entre o passado e o presente. Existe a necessidade de fazer entender que o conhecimento histórico se fundamenta em relatos e na interpretação dos fenômenos históricos, causas e relações com acontecimentos presentes. Entretanto, não basta apenas ensinar a pensar historicamente, o docente deve buscar recursos didáticos que fujam da rotineira explicação verbal.
Em seu artigo “Enseñanza y aprendizaje de la Historia: aspectos cognitivos y culturales” escrito em conjunto com Manuel Montanero, Mario Carretero enumera e explica diversas possibilidades, bem como expõe a estreita relação que há no ensino da história com a construção da identidade do ser social.
	
Obras
De todas as obras pesquisadas, ainda não citadas neste trabalho acreditamos haver necessidade de destaque para mais quatro essenciais na compreensão do tema.
Desenvolvimento cognitivo e educação - Volume 1: o início do conhecimento 
José A. Castorina, Mario Carretero, Penso, 2014
Traz uma reflexão crítica das principais teorias do campo cognitivo (piagetiana, cognitiva, sociocultural), incluindo as últimas contribuições da neuropsicologia. Aborda as origens do conhecimento em crianças pequenas. Assim, os estudos apresentados nos proporcionam a imagem de um ser humano muito mais competente que o tradicionalmente é mostrado e com enorme potencial, para cujo desenvolvimento a educação pode contribuir ativamente. 
Ensino de história e memória coletiva
Mario Carretero, Alberto Rosa e Maria Fernanda Gonzalez (eds.), Buenos Aires, Polity Press, 2006 
Mostra como a história serviu durante muito tempo para cumprir a demanda nacionalista de formar habitantes para uma nação e hoje enfrenta o desafio de formar cidadãos para um mundo global, interdependente e integrado. O ensino da história no Brasil recebe atenção especial neste valioso recurso didático que propõe a retomada dos problemas do ensino da história e das formas de recuperação do passado
Construir e ensinar ciências sociais e a História
Mario Carretero,Artes Médicas, 1997
Apresenta uma série de trabalhos de pesquisa realizados juntamente com a sua equipe na Universidade Autónoma de Madrid sobre a evolução dos conceitos sociais na criança e no adolescente, a compreensão do tempo e da causalidade histórica, assim como os processos de raciocínio e solução de problemas nessa área de ensino.
Documentos de identidade. A construção da memória histórica num mundo global 
Mario Carretero, Buenos Aires, Polity Press, 2007
A construção da memória histórica e da identidade nacional é apresentado como um problema preocupante nas sociedades modernas. Este livro, analisa a forma como o ensino de história na escola acaba por ser muito mais do que ensinar um conteúdo escola e estudar a sua situação em países tão diversos como Argentina, México, Alemanha, Espanha, Estados Unidos e no Japão, fazendo comparações e conclusões gerais. heróis da escola e figuras históricas, rituais patrióticos e livros de texto, constituem "documentos de identidade", produzido pelos Estados, a fim de traçar a linha entre "nós" e "outros".
CONLUSÃO
Após análise de sua linha de pensamento, influência e histórico acadêmico, podemos afirmar que Mario Carretero possui grande importância para a América Latina, principalmente no tocante as ciências humanas. Suas análises de caso e explanações são extremamente realistas, sem criar uma beleza inexistente no sistema formal de ensino.
REFERÊNCIAS
CARRETERO, M. Constructivismo y educación. 2 ed. Editoria Luis Vives, 1993. 
MONTANERO,M; CARRETERO, M. Enseñanza y aprendizaje de la Historia: aspectos cognitivos y culturales. In: Universidad Autónoma de Madrid – FLACSO (Argentina); Universidad de Extremadura, 2008
CARRETERO, Mario. Mario Carretero. Disponível em: <https://flacso.org.ar/docentes/carretero-mario/>. Acesso em 18 de abril de 2016
CARRETERO, Mario. Mario Carretero. Disponível em: <https://www.uam.es/ss/Satellite/Psicologia/es/1242653130931/1242653125858/persona/detallePDI/Carretero_Rodriguez,_Mario.htm>. Acesso em 15 de abril de 2016
CARRETERO, M. Documentos de identidade. A construção da memória histórica num mundo global. Buenos Aires, Polity Press, 2007
CARRETERO, M. Construir e ensinar ciências sociais e a História. Artes Médicas, 1997
CASTORINA, JOSÉ A.; CARRETERO, M. Desenvolvimento cognitivo e educação - Volume 1: o início do conhecimento. Penso, 2014
ROSA, A; GONZALES, M. F.; CARRETERO, M; Ensino de história e memória coletiva. Buenos Aires, Polity Press, 2006 
Papeles del Psicólogo. Mario Carretero. Disponível em: <http://www.papelesdelpsicologo.es/vernumero.asp?id=398>. Acesso em 10 de abril de 2016