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DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 03

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DIREITO CONSTITUCIONAL - AULA 03 (27/04/12)
Continuação dos Direitos Fundamentais
08) Dignidade da Pessoa Humana
- Está expressamente consagrada no art. 1º, inciso III da CF, como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil.
OBS: Existe uma distinção entre os Fundamentos (art. 1º, CF) e os Objetivos Fundamentais (art. 3º, CF). Os Fundamentos são inerentes à própria estrutura do Estado brasileiro, e formam o seu alicerce. Os Objetivos Fundamentais são externos ao Estado. Constituem objetivos, metas a serem alcançadas. Tradicionalmente denominados de “Normas Programáticas”, esses objetivos tem a natureza de princípios.
- Não há medida para os Objetivos Fundamentais. Eles devem ser alcançados na maior medida possível.
- A maioria da doutrina não entende que a Dignidade seja somente mais um fundamento, mas sim um valor constitucional supremo.
- O fato de estar fora do Título II da CF não impede que um direito seja reconhecido como fundamental.
- A doutrina mais avançada entende que a dignidade não é um direito fundamental, mas é uma qualidade intrínseca a todo ser humano. Isso significa que a pessoa possui dignidade independentemente de qualquer condição (origem, raça, nacionalidade, sexo, etc).
- Então a dignidade não é um direito, não é algo que o Estado confere à pessoa. Mas é algo inerente a todo indivíduo.
- Muitos autores afirmam que a dignidade não é algo relativo, mas algo absoluto. Quando se diz que a dignidade é algo absoluto, significa que ela não comporta gradações (mais ou menos dignidade). A dignidade é igual para todos.
- Conseqüências jurídicas: A consagração da dignidade no texto constitucional impõe ao Estado e, em alguns casos, aos particulares, o dever de respeito, proteção e promoção de condições dignas de existência.
- A dignidade da pessoa humana é o núcleo em torno do qual gravitam os direitos fundamentais. É ela que confere a esses direitos um caráter sistêmico e unitário.
- Neste sentido, os Direitos Fundamentais existem para respeitar, proteger e promover a dignidade.
- A proteção da dignidade está ligada, sobretudo, aos direitos individuais, principalmente o direito de liberdade e igualdade.
- A jurisprudência do STF, na maioria das vezes que cita a dignidade, cita como um reforço argumentativo ou como um vetor interpretativo (art. 5º, caput, CF). Ou seja, na maioria das vezes, ela não é uma norma autônoma de decisão. Isso porque a dignidade possui normas mais específicas que se encaixam melhor ao fato.
- Os direitos fundamentais que promovem condições dignas de existência são os direitos sociais (saúde, educação, moradia, etc).
- O mínimo existencial é o conjunto de bens e utilidades indispensáveis a uma vida humana digna.
- Quanto ao respeito, há uma regra que concretiza o dever de respeito, que é o art. 5º, inc. III da CF.
- A dignidade é um princípio concretizado pelos Direitos Fundamentais.
- A fórmula do objeto está relacionada à concepção filosófica de Kant. A dignidade é violada quando o ser humano é tratado como um meio, e não como um fim e si mesmo (coisificação do indivíduo).
- A expressão de desprezo afirma que a dignidade é violada quando o ser humano é tratado como um objeto, como um meio, e este tratamento é fruto de uma expressão de desprezo por aquele ser humano.
- Então a fórmula do objeto é ligada à expressão de desprezo.
09) Direitos e Garantias Individuais em Espécie
09.1) Destinatários dos Direitos e dos Deveres do art. 5º.
- O art. 5º garante a inviolabilidade ao direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança jurídica e à propriedade. Estes 05 direitos fundamentais são concretizados nos 78 incisos do art. 5º.
- Fazendo uma interpretação literal do art. 5º, estes direitos são garantidos aos brasileiros (natos e naturalizados – art. 12) e aos estrangeiros residentes no país.
- No caso de estrangeiro que passa férias no Brasil, por um mês, poderá invocar estes direitos? De acordo com José Afonso, estrangeiros não residentes não poderiam invocar os direitos fundamentais, mas sim invocar os Tratados Internacionais de Direitos Humanos. Esta é uma interpretação literal.
- Contudo, esta interpretação não prevalece hoje. O entendimento que se tem hoje é que deve ser feita uma interpretação extensiva deste dispositivo de forma que alguns direitos básicos sejam assegurados a todos aqueles que se encontram no território nacional.
- Se a dignidade é uma qualidade intrínseca a todo ser humano, independentemente de qualquer condição, e se os direitos individuais são aqueles que a protegem mais diretamente, não se pode deixar de assegurá-los a um indivíduo simplesmente em razão de sua nacionalidade e local de residência. Este é o fundamento para que a interpretação do art. 5º seja extensiva. E este é um dos casos que a dignidade da pessoa humana é utilizada como vetor interpretativo.
- Outro fundamento é que a Pessoa Jurídica também pode invocar os fundamentos. Então, quando se fala em brasileiros, inclui-se também a PJ.
- As PJ de direito público também podem invocar alguns direitos e garantias individuais, notadamente os de caráter procedimental. Ex: Contraditório, ampla defesa, devido processo legal, etc.
- O que autoriza PJ a invocarem estes direitos, é o fato deles servirem à contenção do arbítrio.
09.2) Direito à vida
09.2.1) Âmbito de Proteção:
- O bem jurídico protegido é a vida.
- A inviolabilidade do direito à vida deve ser entendido em uma dupla acepção: direito de permanecer vivo; existência digna.
- Então, o direito à vida deve ser interpretado em conjunto com a dignidade da pessoa humana.
- Distinção entre irrenunciabilidade e inviolabilidade: a irrenunciabilidade protege o direito contra o seu próprio titular. A inviolabilidade protege o direito contra terceiros, tanto em relação ao Estado como aos particulares.
- O direito à vida é um pressuposto para o exercício de todos os demais direitos, razão pela qual deve ter uma precedência. O prof. entende que esta precedência é prima facie ou provisória, ou seja, estas razões podem ser afastadas por outras razões mais fortes.
- Quando a pessoa é absolutamente capaz e está consciente, sua vontade deve ser respeitada. É o caso das testemunhas de Jeová que não aceitam receber transfusão de sangue.
09.2.2) Restrição
- A restrição é uma intervenção constitucionalmente fundamentada.
- As restrições poderão ser:
Diretas:
Escritas
Não escritas
Indiretas: é quando a lei estabelece uma restrição constitucional.
- Quanto às restrições diretas, temos como exemplo de escrita a descrita no art. 5º, XLVII, da CF, que se refere à pena de morte.
- Quanto à restrição direta não escrita, é aquela imposta por outros princípios de hierarquia constitucional que, diante das circunstâncias do caso concreto, tenham um peso maior que o direito restringido. 
- Ex1: ADI 3510, que discutiu a constitucionalidade da Lei que permitia pesquisa com células-tronco embrionárias. Neste caso, haveria o direito a vida do embrião e de outro lado o direito à vida de inúmeras pessoas que poderão ser salvas com o resultado dessas pesquisas.
Ex2: ADPF 54 (Informativo 661), que trata do aborto de anencéfalo e foi proposta pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Área da Saúde. Foram utilizados 03 argumentos: 
Antecipação terapêutica do parto não é aborto (atipicidade da conduta), com base na L. 9.434/97 que afirma que a vida tem fim a partir da morte encefálica. Se a vida humana deixa de ser juridicamente protegida a partir da morte encefálica, a contrário senso, a proteção só teria início com o desenvolvimento do encéfalo, o que não ocorre nos casos de anencefalia;
Ainda que seja considerada aborto, esta hipótese não seria punível (interpretação evolutiva do CP). Apesar do CP não prever esta hipótese como sendo uma excludente de punibilidade (só prevê o aborto terapêutico ou necessário – a vida da gestante é colocada em risco - e o aborto sentimental – no caso de estupro). Isso porque o CP foi criado em 1940 e o diagnóstico da anencefalia foi criado após 1940. Por issoseria necessário interpretar evolutivamente o CP, para inserir a anencefalia como uma terceira excludente de punibilidade;
Dignidade da pessoa humana, analogia à tortura e interpretação conforme: O STF utilizou uma interpretação conforme para excluir qualquer entendimento que considerasse esta hipótese como crime. A idéia desse argumento é de que obrigar uma gestante a manter por 09 meses uma gestação de um feto que não sobreviverá viola a dignidade, tanto na dimensão física quanto psíquica.

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