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38 GEOLOGIA DE ENGENHARIA 9. INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO 9.1 PRINCIPAIS MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO (SONDAGENS) DO SUBSOLO MÉTODOS INDIRETOS OU GEOFÍSICOS MAGNÉTICOS GRAVIMÉTRICOS ELÉTRICOS SÍSMICOS MÉTODOS DIRETOS MANUAIS: TRINCHEIRAS OU POÇOS TRADO MECÂNICOS: SONDA À PERCUSSÃO SONDA ROTATIVA OBS: AS SONDAGENS PROCURAM DETERMINAR: PROFUNDIDADE E TIPO DE ROCHA DA REGIÃO ELEMENTOS ESTRUTURAIS (FALHAS/DOBRAS) ESPESSURA E CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS PERFIL GEOLÓGCIO – GEOTÉCNICO DO TERRENO TAXA DE RESISTÊNCIA DO TERRENO (SPT) PROFUNDIDADE DO LENÇOL FREÁTICO, ETC. 9.2 MÉTODOS INDIRETOS OU GEOFÍSICOS São aqueles em que a identificação das camadas do subsolo é feita indiretamente, através das medidas de sua resistividade elétrica ou da velocidade de propagação das ondas elásticas. MÉTODOS: ELÉTRICOS E SÍSMICOS Vantagens: custos menores que os métodos diretos maior rapidez Desvantagens: menor precisão que os métodos diretos interferência de fatores externos 39 Aplicações: determinação da profundidade e espessura dos aquíferos determinação do contato solo – rocha determinação do contato água doce – água salgada. Limitações: contrastes de resistividade bem marcantes fatores que perturbem o campo elétrico camadas extremamente secas regiões de grande barulho (sísmico) 9.3 MÉTODOS DIRETOS São aqueles que estudam o subsolo através da extração de amostras, nas quais permitem a classificação dos diferentes tipos de solos e rochas. 9.3.1 MÉTODOS DIRETOS MANUAIS TRINCHEIRAS E POÇOS Trincheiras são aberturas de valas com seção retangular normalmente de pequena profundidade (2,0 a 2,5m) com extensões variadas e utilizadas na investigação linear das primeiras camadas do terreno. Poços são escavações verticais circulares com diâmetros grandes (1,0 a 3,0m), executados em terrenos que permitem a sua escavação sem escoramento. Vantagens: permitem a observação “in situ” das camadas retirada de amostras indeformadas de solo permitem a coleta de amostras deformadas para ensaios de laboratório. Limitação: paralisação das escavações quando atingem o nível freático em solos permeáveis. . OBS: No caso de solos com média a alta permeabilidade ou rochas com fraturas que possuam grande vazão. TRADO É o equipamento mais simples e rápido para perfuração de solos com baixa e média resistência. Perfura com uma broca de diâmetro variando de 21/2” a 4” ligada a uma série de canos de 3/4” terminando em forma de T, onde é dado o esforço de rotação pelo operário. O trado concha perfura solos arenosos e o trado helicoidal é apropriado para solos argilosos. Trado Trado Concha Helicoidal 40 Fonte: LIMA (1983) Vantagens: rapidez dos trabalhos de perfuração controle da camada de solo a cada metro custo baixo Limitações: não ultrapassa o nível freático não perfura solos muito resistentes não perfura rochas. 9.3.2 MÉTODOS DIRETOS MECÂNICOS SONDA PERCUSSIVA (SOLOS) É um equipamento de investigação do subsolo bastante utilizado no Brasil e em nosso Estado. Vantagens: custo do equipamento relativamente baixo trabalha em locais de difícil acesso coleta de amostras a diversas profundidades permite obter a taxa de resistência do terreno através do ensaio de SPT. Equipamentos: Esquema do Ensaio SPT Sonda Percussiva 41 ENSAIO de SPT (Standard Penetration Test) Consiste na cravação, a cada metro, de um amostrador padrão no solo através da queda sucessiva de um peso com 65 kg erguido a uma altura de 75 cm da cabeça batente. Para esta cravação são marcados na haste guia 45 cm da boca do revestimento no qual os primeiros 15 cm não são contados, anotando-se o nº de golpes (N) necessários para penetração dos últimos 30 cm. Entra-se numa tabela com o N e dependendo do tipo de material determina-se a taxa de resistência do terreno expresso em kg/cm2. O resultado obtido será adotado no cálculo das áreas das fundações. Tabelas e Correlações do SPT As Tabelas 1 e 2, a seguir, elaboradas por Terzaghi – Peck (Soil Mechanics in Engineering Pratice), contém as designações e valores adotados para Ensaio SPT em solo variando de areias até argilas. São também apresentadas correlações, meramente indicativa, entre o valor do SPT e as taxas de tensões admissíveis nos solos arenosos e argilosos, visando a sua aplicação no cálculo das áreas das fundações de obras civis. Tabela 1: Tensão Admissível dos Solos Arenosos Areias e Siltes Arenosos (Compacidade) Nº de golpes (SPT) Tensão Admissível (kg/cm2 ) fofa pouca compacta medianamente compacta compacta muito compacta 4 5 – 10 11 – 30 31 – 50 50 1,0 1,0 – 2,0 2,0 – 4,0 4,0 – 6,0 6,0 Tabela 2: Tensão Admissível dos Solos Argilosos Tensões Admissíveis – (kg/cm2) Argilas (Consistência) Nº de golpes (SPT) Resistência à Compressão Simples (kg/cm2) Sapata Quadrada Sapata Contínua muito mole mole média rija muito rija dura 2 3 – 4 5 – 8 9 – 15 16 – 30 30 0,25 0,25 – 0,5 0,5 – 1,0 1,0 – 2,0 2,0 – 4,0 4,0 0,30 0,33 – 0,60 0,60 – 1,20 1,20 – 2,40 2,40 – 4,80 4,80 0,22 0,22 – 0,45 0,45 – 0,90 0,90 – 1,80 1,80 – 3,60 3,60 Paralisação da Sondagem à Percussão A paralisação dos serviços de sondagem à percussão é definida por ensaios penetrométricos ou por lavagem, como recomenda a norma (NBR 6884 – 2001): penetrométrico – 3 metros sucessivos nº de golpes > 45/15 lavagem – durante 30 minuntos avanço cada 10 min < 5 cm. Limitações do Equipamento não ultrapassa depósito de cascalho (seixo rolado); não perfura solos muito resistentes não perfura rochas. 42 Conjunto: Coroa - Barrilete Coroa Barrilete Conjunto: Coroa Alargadora SONDA ROTATIVA (ROCHAS) É o equipamento utilizado para: retirada de amostra em rocha identificação de feições estruturais das rochas (tipo: dobras, falhas, fraturas, etc.) definir através de ensaios padronizados a qualidade do maciço rochoso, a partir da recuperação de testemunho da rocha. Equipamentos COROA É a ferramenta de corte da sonda rotativa, sendo o fator de encarecimento por metro perfurado das sondagens em rochas. Existem dois tipos de coroas, a saber: Diamantes – para rochas duras. Estas são compostas basicamente de: corpo da coroa matriz de aço diamantes saídas d’água Wídia – para rochas brandas. São coroas cuja borda cortante é do tipo dentes de serra, composto de uma liga metálica de tungstênio muito resistente ao desgaste por atrito. BARRILETE É um tubo oco que se destina a receber o testemunho (cilindro de rocha perfurada). Existem três tipos principais: simples duplo – rígido duplo – móvel ENSAIO de RECUPERAÇÃO de TESTEMUNHO É chamado recuperação de testemunho a operação de retirar-se a amostra de rocha colocando-a em uma caixa e medindo seu comprimento para comparação com o do barrilete, expresso em %. Recuperação = ( testemunhos / comprimento do barrilete) * 100 Recuperação = (129 cm / 150 cm) * 100 = 86% TABELA DE DIÂMETRO DE COROAS INTERNO(mm) EXTERNO (mm) EX 21,4 37,7 ( 1 1/2”) AX 30,1 48,0 BX 42,0 60,0 NX 54,7 75,7 ( 3”) 86 mm 72.0 86,0 HX 76,2 100,0 ( 4”) 43 RECUPERAÇÃO DE TESTEMUNHO RECUPERAÇÃO GRAU DE ALTERAÇÃO DAS ROCHAS > 80% Rocha Pouco Alterada 80% a 50% Rocha Medianamente Alterada < 50% Rocha Bastante Alterada ENSAIO de RQD (Rock Quality Designation) É um método de recuperação modificada, proposta por Deere (1967) com o intuito de englobar em um só critério o fraturamento e o grau de alteração das rochas. Condições exigidas pelo ensaio de RQD: fragmentos de testemunho 10 cm diâmetro do furo NX (75,7 mm) barrilete duplo – móvel. O RQD define a qualidade do maciço rochoso em função da % de testemunho recuperado. RQD = ( testemunho 10 cm / comprimento do barrilete) * 100 RQD = (86 cm / 150 cm) * 100 = 57% 9.4 RELATÓRIO DE SONDAGEM A norma NBR - 6484 - 2001, item 7, determina as informações que devem conter o boletim de sondagem de campo e a apresentação do relatório final. A elaboração do relatório final de sondagem é baseado nas informações registradas na ficha de campo e análise das amostras trazidas para o laboratório. A apresentação dos resultados, normalmente são subdivididos nos seguintes ítens: DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS Relatam-se os tipos de equipamentos utilizados nas perfurações com as suas respectivas profundidades. GEOLOGIA LOCAL Descrição das condições geológicas das rochas próximo ao local das sondagens, caso não existam, consultar mapas geológicos da área. FUNDAÇÃO RECOMENDADA O tipo e a profundidade da fundação a ser adotada vai depender das condições geológicas e geotécnicas dos materiais da área sondada e a escolha fica a critério do engº calculista. ANEXOS Normalmente são apresentados: croquis de localização das sondagens ficha individual de sondagem de cada furo perfil geológico-geotécnico do terreno ROCK QUALITY DESIGNATION (RQD) RQD QUALIDADE DA ROCHA até 25% Muito Fraca 26 – 50% Fraca 51 – 75% Regular 76 – 90% Boa 91 – 100% Excelente GRAU DE FRATURAMENTO RELACIONADO COM RECUPERAÇÃO ROCHA Nº FRATURAS RECUPERAÇÃO Ocasionalmente Fraturada 1 > 90% Pouco Fraturada 2 – 5 75 – 90% Medianamente Fraturada 6 – 10 50 – 75% Muito Fraturada 11 – 15 25 – 50% Extremamente Fraturada > 15 10 – 25% Em Fragmentos Vários Pedaços < 10% 44 9.5 NÚMERO E PROFUNDIDADE DAS SONDAGENS A norma NBR 8036 – 1983: Programação de sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios, no item 4.1.1.2 estabelece para a área de projeção em planta: área até 200 m2 (2 sondagens/mínimo) área de 200 a 400 m2 (3 sondagens /mínimo) área de 400 a 1200 m2 (1 sondagem / 200 m2) área de 1200 a 2400 m2 (1 sondagem / 400 m2) área > 2400 m2 critérios particulares A definição do número de sondagens é muito importante, pois no caso de sub-dimensionadas poderá prejudicar a elaboração correta do perfil geológico-geotécnico do terreno e se em excesso aumentará os custos. Outro fator importante é a definição da profundidade de paralisação das sondagens para que fique bem definido o perfil do terreno que pode sofrer influência das cargas das fundações. A NBR 8036, no item 4.1.2.2 "As sondagens devem ser levadas até a profundidade onde o solo não seja mais significativamente solicitado pelas cargas estruturais, fixando-se como critério, aquela profundidade onde o acréscimo de pressão no solo, devido às cargas estruturais aplicadas, for menor do que 10% da pressão geostática efetiva". 9.6 IMPORTÂNCIA DAS INFORMAÇÕES DAS SONDAGENS PARA A ENGENHARIA É mostrar ao Engº Projetista o perfil geológico-geotécnico do terreno de fundação, conjuntamente com outras informações importantes como: nível freático, taxa de resistência do solo, recuperação de testemunho, qualidade do maciço rochoso, etc.
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