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DIREITO CIVIL AULA 14

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DIREITO CIVIL - AULA 14 (04/07/12)
INVALIDADE DO CASAMENTO
- A doutrina aponta 03 hipóteses de invalidade do casamento: casamento inexistente; casamento nulo e casamento anulado.
OBS: As hipóteses de casamento inexistente não constam do CC/02 (criação doutrinária).
- A Teoria da Inexistência foi criada na Alemanha em 1808, por Zachariae para explicar, à época, o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
- Pela realidade doutrinária e jurisprudencial, esta hipótese não existe mais no Brasil.
- O art. 1.728, CC trata da conversão da união estável em casamento. Esta regra também se aplica à união homoafetiva. Então, se é possível converter esta união em casamento, também é possível casamento homoafetivo diretamente.
- No caso brasileiro, é juridicamente possível, na atualidade, o casamento homoafetivo (Informativo 625, STF e Informativo 486, STJ).
01) Casamento Inexistente
- Diz respeito a hipóteses doutrinárias.
a) Casamento celebrado com ausência de vontade
- Ex: casamento contraído sob coação física, ou vis absoluta.
- Seria o caso de casamento celebrado com pessoa sedada e pessoa hipnotizada.
b) Casamento celebrado por autoridade absolutamente incompetente
- É a incompetência em razão da matéria (ratione materiae).
- De acordo com a CF/88, a autoridade competente para celebrar casamento é o Juiz de Paz. Porém, muitos Estados não regulamentaram a Justiça de Paz.
- Ex: casamento celebrado somente por autoridade religiosa, por promotor de justiça, por delegado ou por autoridade local (coronel).
01.1) Efeitos e Procedimentos em caso de Casamento Inexistente
- A lei não prevê.
- Aqueles que admitem a teoria da inexistência entendem pela aplicação das mesmas regras do casamento nulo.
02) Casamento Nulo
- Diz respeito a nulidade absoluta.
- Hipóteses (art. 1.548, CC):
a) Casamento contraído por enfermo mental sem discernimento para a prática dos atos da vida civil (art. 3º, II, CC).
- Para que o casamento seja reconhecido como nulo, não há necessidade de interdição prévia.
b) Casamento contraído por infringência de impedimento matrimonial (art. 1.521, CC).
- A teoria do inciso I é válida até o infinito.
- Há parentesco por afinidade entre o cônjuge e o companheiro e os parentes do outro cônjuge ou companheiro (art. 1.595, CC).
- A afinidade na linha reta é perpétua, ou seja, vínculo eterno (ex: a sogra é eterna).
- Os cunhados são afins colaterais, não havendo impedimento matrimonial.
- No caso do inciso IV, o terceiro grau inclusive abrange os tios e sobrinhos.
- O Dec.-lei 3.200/41 afirma que o casamento entre tios e sobrinhos é possível, desde que uma junta médica verifique que não haverá problema com a prole. O Enunciado 98 da 1ª jornada do STJ entende que este Dec.-lei continua em vigor. Este casamento é conhecido como casamento avuncular.
- O inciso VI traz o princípio da monogamia.
- Atenção: Não confundir os impedimentos matrimoniais com as causas suspensivas do casamento. Os primeiros estão no art. 1.521, enquanto que os segundos estão no art. 1.523. Os impedimentos envolvem ordem pública, gerando nulidade do casamento, portanto devem ser conhecidos de ofício. As causas suspensivas são de ordem privada (patrimonial) e geram o regime da separação obrigatória, não podendo ser conhecidas de ofício (devem ser argüidas pelo interessado). As causas suspensivas não geram nulidades absolutas ou relativas do casamento.
- O p. único do art. 1.523 afirma que, sendo provada a ausência de prejuízo, cessa a causa suspensiva, e o casamento poderá ser realizado por qualquer regime.
02.1) Efeitos e procedimentos do casamento nulo
- É cabível ação declaratória de nulidade, que é imprescritível, diante de sua natureza declaratória (art. 169, CC).
- Esta ação pode ser promovida por qualquer interessado ou pelo MP quando lhe couber intervir (nulidade absoluta é matéria de ordem pública). Está previsto no art. 1.549, CC.
- Pergunta: A nulidade do casamento deve ser conhecida de ofício pelo juiz? R: Não, pois pelo princípio da não intervenção (art. 1.513, CC) o juiz não pode conhecer de ofício da nulidade do casamento.
- A ação declaratória de nulidade do casamento pode ser precedida por uma cautelar de separação de corpos (art. 1.562, CC).
- O art. 1.563, CC prevê os efeitos da sentença declaratória de nulidade. Os efeitos são ex tunc à celebração do casamento. A ressalva do artigo é de que a sentença declaratória de nulidade não prejudicará a coisa julgada ou a aquisição de direitos, à título oneroso, por terceiros de boa-fé.
03) Casamento Anulável
- Hipóteses (art. 1.550, CC):
a) De quem não completou a idade mínima para casar.
- Idade núbil: 16 anos (art. 1.517, CC).
- O casamento do menor que não atingiu a idade núbil depende de autorização judicial (art. 1.520, CC).
- Os arts. 1.551 e 1.553 tratam de duas hipóteses de convalidação do casamento do menor. São elas: o casamento de que resultou gravidez; confirmação pelo próprio menor, após completar a idade núbil.
b) Do menor em idade núbil (16 a 18 anos), não havendo autorização do seu representante legal.
- Neste caso, também haverá uma convalidação (art. 1.555, § 2º, CC). Trata da aprovação posterior do representante.
c) Coação moral (vis compulsiva)
- O art. 1.558, CC irá conceituar o que é a coação moral para efeitos de casamento.
- Coação é um fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, saúde e honra do cônjuge ou de seus familiares.
- De acordo com o art. 1.559, CC haverá convalidação do casamento por coação no caso de coabitação.
d) Erro essencial quanto à pessoa do outro cônjuge.
- São situações descritas no art. 1.557, CC.
- Haverá convalidação nas situações descritas no art. 1.559, CC. É o caso de coabitação e ciência do vício, com exceção dos incisos III e IV do art. 1.557, CC.
e) Do incapaz de consentir e manifestar de forma inequívoca a sua vontade
- Os incapazes são os descritos no art. 4º, II e III, CC e art. 3º, III, CC.
- Os incapazes e o casamento:
	Art. 3º
	Art. 4º
	I – casamento anulável
	I – casamento anulável
	II – casamento nulo
	II – casamento anulável
	III – casamento anulável (majoritário)
	III – casamento anulável
	
	IV – casamento válido
f) Casamento celebrado por procuração havendo revogação do mandato.
- É o caso do cônjuge revogar o mandato sem que saibam o mandatário e o outro cônjuge, antes do casamento.
- A coabitação convalida o ato.
- Qualquer invalidade do mandato (nulo ou anulável) gera a anulação do casamento (p. único, art. 1.550, CC). Ex. mandato nulo: não foi feito por escritura pública.
g) Casamento celebrado perante autoridade relativamente incompetente.
- Esta incompetência é em razão do local (ratione loci).
- Ex: Juiz de Paz de uma localidade que celebra o casamento em outra localidade.
- O art. 1.554, CC trata da convalidação no caso da autoridade exercer publicamente o ato e ocorrer o registro civil do casamento.
03.1) Efeitos e Procedimentos do Casamento Anulável
- Cabe ação anulatória de casamento, sendo constitutiva negativa, por desfazer o casamento.
- Está sujeita a prazos decadenciais.
- Prazos:
	04 anos
	Coação moral
	03 anos
	Erro
	02 anos
	Incompetência relativa da autoridade
	180 dias
	Demais casos
- Nestes casos cabe cura pelo tempo, ou seja, se a ação não for proposta no tempo, haverá convalidação.
- A ação anulatória só pode ser proposta pelo interessado (entendimento majoritário). O MP não tem legitimidade para a propositura. Também não cabe conhecimento de ofício pelo juiz (art. 177, CC).
- Efeitos da Sentença: prevalece o entendimento de que os efeitos seriam ex nunc.
04) Casamento Putativo
- Previsão legal: art. 1.561, CC.
- Putare é crer ou imaginar. Portanto, o casamento putativo seria aquele imaginário.
- Conceito: É aquele que, embora nulo/anulável (nunca inexistente), gera efeitos em relação a quem esteja de boa-fé.
- Existem 03 regras:
a) Se ambos os cônjuges estiverem de boa-fé, o casamento gera efeitos para ambos e para osfilhos, até a sentença que anula/nulifica.
- Mas alguns efeitos podem persistir após a sentença. São efeitos pessoais, como alimentos, uso do nome e emancipação.
b) Se ambos os cônjuges estiverem de má-fé, o casamento só gera efeitos para os filhos.
c) Se um dos cônjuges estiver de boa-fé, o casamento gera efeitos para ele e para os filhos. Para o de má-fé não, que é considerado culpado pelo art. 1.564, CC.
- Neste caso, o regime de bens só atinge o cônjuge de boa-fé.

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