Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 1 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br AULA 02 APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL Olá, caros alunos, em nossa segunda e última aula trataremos da aplicação e interpretação da lei processual penal. Começaremos com a análise da aplicação da lei processual penal. APLICACAO DA LEI PROCESSUAL PENAL Iniciaremos nossa aula com o estudo da aplicação da lei processual penal no tempo, no espaço e em relação a determinadas pessoas (imunidades), fazendo a devida diferenciação da aplicação da lei penal. 1) APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO De acordo com o art. 2º do Código de Processo Penal: “A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior”. Diferentemente do Direito Penal que adota o princípio da retroatividade da lei mais benéfica (art. 5, XL, CF/88), no que se refere à lei processual penal, vale o princípio da Aplicação Imediata, ou seja, para ela vale a regra do tempus regit actum (o ato processual será disciplinado pela lei que estiver em vigor no dia em que ele for praticado). A lei processual S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 2 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br penal não retroage, alcançando apenas os atos praticados após sua entrada em vigor. É preciso que fique claro, assim, senhores, que os atos processuais praticados sob a vigência da lei anterior (atos já consumados sob a égide da lei antiga) permanecem válidos, conforme o já mencionado art. 2 do CPP. Já os atos iniciados sob a vigência da lei antiga, mas que ainda se encontram em desenvolvimento quando da vigência da nova lei processual penal, serão atingidos pela nova legislação. Como a lei processual penal tem aplicação imediata, sua aplicação independe do fato de ser mais benéfica ou gravosa ao agente. ? FIQUE ATENTO: a lei penal não retroage, salvo para beneficiar o acusado (art. 5, XL, CF/88), aplicando-se assim a regra da retroatividade mais benéfica. Já a lei processual penal tem aplicação imediata, não retroagindo nem para melhorar, nem para piorar a situação do réu (art. 2, CPP). Como diferenciar, no entanto, uma norma penal de outra processual penal? A norma penal afeta a pretensão punitiva ou executória do Estado, criando-a, extinguindo-a, aumentando-a ou diminuindo-a. Ex.: lei que cria uma nova infração penal ou a extingue. A norma processual penal refere-se à técnica procedimental, não refletindo na pretensão punitiva ou executória do Estado. Ex.: normas relativas às formas de citação, intimação ou notificação, fiança, liberdade provisória, etc. OBSERVACOES: S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 3 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br a) As normas relativas ao cumprimento de pena (progressão de regime, livramento condicional, etc) possuem caráter penal, pois se referem à pretensão executória do Estado; b) Conforme maioria doutrinária e jurisprudencial, as normas com caráter misto (normas processuais com reflexo penal. Ex: agravamento na execução da pena) retroagem quando mais benéficas ao acusado, prevalecendo assim o caráter penal para o fim de retroatividade mais benéfica. 2) APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO No que se refere à aplicação da lei processual penal no espaço, vale o princípio da Territorialidade Absoluta, ou seja, a lei processual penal nacional se aplica exclusivamente aos processos e julgamentos ocorridos no território brasileiro. Diferencia-se, portanto, da lei penal, uma vez que, para esta, vale o princípio da territorialidade relativa ou mitigada, sendo possível sua aplicação, em alguns casos, aos crimes ocorridos fora do território brasileiro (vide os casos de extraterritorialidade descritos no art. 7º do Código Penal). ? FIQUE ATENTO: enquanto a lei penal pode ser aplicada a crimes cometidos fora do território nacional (extraterritorialidade), a lei processual penal só vale dentro dos limites territoriais brasileiros. Para processos que tramitem no exterior, aplica-se a lei do país em que os atos estão sendo praticados. S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 4 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br Finalmente, senhores, para que não reste qualquer dúvida, registro que, ao contrário do que pode parecer, as ressalvas contidas no art. 1º do CPP não representam exceções à territorialidade da lei processual penal brasileira, mas apenas hipóteses em que não se aplicaria o Código de Processo Penal, e sim outras leis processuais penais (leis extravagantes), a exemplo dos crimes militares, eleitorais, entorpecentes, etc. 3) APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL EM RELAÇÃO A DETERMINADAS PESSOAS 3.1) IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS As imunidades diplomáticas encontram-se previstas na Convenção de Viena sobre relações diplomáticas, assinada em 18 de abril de 1961, e na Convenção de Viena sobre relações consulares, assinada em 24 de abril de 1963, ratificadas em 23 de fevereiro de 1965 e 20 de abril de 1967, respectivamente. As imunidades diplomáticas abrangem qualquer delito cometido pelos agentes diplomáticos (embaixador, secretários da embaixada, pessoal técnico e administrativo das representações); os membros de suas famílias; os funcionários de organizações internacionais (ONU, OEA, etc.) quando em serviço; os chefes de Estado Estrangeiro quando em visita a outros países, bem como os membros de sua comitiva. Em que consiste a imunidade diplomática? Significa dizer que o agente responde não conforme as leis do país em que está servindo (estado receptor), mas sim de acordo com as leis de seu país de origem. S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 5 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br ? CUIDADO: os empregados particulares dos diplomatas não são abrangidos pelas imunidades diplomáticas. Já os cônsules (representam interesses privados, de pessoas físicas ou jurídicas estrangeiras), apesar de não gozarem das imunidades diplomáticas, estão imunes à jurisdição das autoridades judiciárias e administrativas do Estado receptor pelos atos realizados no exercício das funções consulares. Logo, responderão pelos atos estranhos à funçãoconsular, sujeitando- se as regras de prisão, inquérito e persecução penal. 3.2) IMUNIDADES PARLAMENTARES De acordo com o art. 53 da Constituição Federal: “Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 20/12/2001) § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 20/12/2001) § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 20/12/2001) § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 6 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br ação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 20/12/2001) § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 20/12/2001) § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 20/12/2001) § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 20/12/2001) § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 20/12/2001) § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. (Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 35, de 20/12/2001)” As imunidades parlamentares subdividem-se em dois tipos: a) Imunidade Material, Penal ou Absoluta: Abrange qualquer tipo de manifestação do congressista, escrita ou verbal, dentro ou fora do recinto da Casa Legislativa. Exige-se, porém, a existência de nexo entre a suposta manifestação ofensiva e o exercício do S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 7 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br mandato, pois a imunidade parlamentar não pode servir como licença para se ofender as pessoas desarrazoadamente. É, sim, garantia para o livre exercício da função legislativa. Observações: a) para o STF, quando as palavras, opiniões e votos forem proferidos dentro da Casa Legislativa, dispensa-se a comprovação do nexo de causalidade entre a suposta manifestação ofensiva e o exercício do mandato. Nesse caso, presume-se que a manifestação do congressista está relacionada com a função parlamentar, cabendo à própria Casa coibir eventuais excessos no desempenho dessa prerrogativa (Vide Inquérito STF nº 1.958, Rel. Min. Carlos Britto, D.J. de 18.2.2005); b) Nos termos da Súmula nº 245 do STF, a imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa; c) A imunidade absoluta não alcança o parlamentar que se licencia para ocupar outro cargo na Administração Pública (ex.: Ministro de Estado), embora lhe fique preservado o foro por prerrogativa de função. Frise-se que a Súmula nº 4 do STF (“não perde a imunidade parlamentar o congressista nomeado Ministro de Estado”) foi cancelada. b) Imunidade Formal, Processual ou Relativa: As imunidades relativas referem-se à prisão, ao processo, às prerrogativas de foro e para servir como testemunha. S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 8 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br FORO: os deputados federais e senadores serão julgados, nos crimes comuns, perante o Supremo Tribunal Federal, e, nos crimes de responsabilidades, perante o Senado Federal (ou Câmara dos Deputados, no caso dos deputados federais). Encerrada a função parlamentar, cessa automaticamente o foro por prerrogativa de função. PRISÃO: dispõe o § 2º do art. 53 da Magna Carta que os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. Admite-se, apena, dois tipos de prisão para o parlamentar: flagrante por crime inafiançável e a prisão decorrente de sentença penal condenatória transitada em julgado. Nenhuma outra modalidade de prisão (preventiva, temporária, prisão civil do devedor de alimentos) será admitida. POSSIBILIDADE DE SUSTAÇÃO DO ANDAMENTO DO PROCESSO NOS CRIMES COMUNS: antes da Emenda Constitucional nº 35/2001, exigia-se a prévia licença da Casa Legislativa para a instauração de ação penal contra o parlamentar. Com a EC 35/2001, o art. 53 da CF/88 passou a estabelecer em seu § 3º que “recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação”. Segundo o § 4º do mesmo dispositivo “o pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora”. Registre-se, ainda, que a sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato (art. 53, § 5º, CF/88). S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 9 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br Nota-se que não se exige mais a prévia licença da Casa Legislativa para que se inicie a ação penal contra os parlamentares. Agora, o controle exercido pela Câmara ou Senado é posterior, consistente na possibilidade de se sustar o andamento da ação penal. Entretanto,a possibilidade de sustação do andamento da ação penal só existe se o crime foi cometido após a diplomação do parlamentar. IMUNIDADE PARA SERVIR COMO TESTEMUNHA: encontra-se prevista no art. 53, § 6º da Constituição Federal. Assim, os deputados e senadores não estão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. IMUNIDADES DURANTE O ESTADO DE SÍTIO: as imunidades dos deputados e senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso que sejam incompatíveis com a execução da medida (art. 53, § 8º, CF/88). INCORPORAÇÃO ÀS FORÇAS ARMADAS: a incorporação de deputados e senadores às Forças Armadas, ainda que militares e em tempos de guerra, dependerá a prévia licença da Casa respectiva (art. 53, § 7º, CF/88). Observações: a) No que se refere ao Presidente da República continua vigente o instituto da licença prévia da Câmara dos Deputados; S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 10 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br b) Os prefeitos não têm imunidade processual nem penal, possuindo apenas o foro por prerrogativa de função; c) O foro por prerrogativa de função restringe-se, apenas, às causas penais, não alcançando as de natureza civil; d) É importante frisar, por fim, que as imunidades materiais e formais estendem-se aos deputados estaduais, nos termos do artigo 27, § 1º, da Constituição Federal. Já os vereadores estão acobertados apenas pela imunidade material, de acordo com o artigo 29, inciso VIII, da Carta Magna, só tendo validade na circunscrição do Município. 3.3) IMUNIDADE DO ADVOGADO Dispõe o art. 7º do Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/94): “Art. 7º - (...) (...) § 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.” Segundo esse dispositivo, o Advogado não responde pelos crimes de injúria, difamação e desacato se cometidos no exercício da sua atividade. O STF, no entanto, suspendeu a eficácia deste dispositivo no que diz respeito à expressão “desacato”. Conclusão: atualmente, o advogado só está imune pelos crimes de injúria e difamação cometidos no exercício da S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 11 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br função. Responde, portanto, pelos crimes de calúnia e desacato, ainda que cometidos no exercício de suas funções. Ademais, a exemplo do que ocorre com a imunidade parlamentar material, o advogado somente é inviolável quanto às suas manifestações quando estas decorrem do estrito exercício da profissão. INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL Interpretar é desvendar o conteúdo da norma, ou seja, buscar seu real alcance e significado. A ciência que estuda a interpretação denomina-se Hermenêutica. Espécies de Interpretação: Do ponto de vista do sujeito que a realiza, a interpretação pode ser autêntica ou legislativa; judicial e doutrinária. A interpretação autêntica ou legislativa é aquela que decorre do mesmo órgão responsável pela elaboração da lei, ou seja, o Legislativo. A própria lei dá o limite em que deve ser entendida a norma. Este primeiro tipo de interpretação pode ser contextual, quando feita pelo próprio texto da lei. Ex: art. 150, §§ 4º e 5º, CP, quando define o que é casa para efeitos penais. Temos aqui uma situação em que o alcance da norma, vale dizer, a interpretação, é dada pelo próprio legislador. Neste caso o julgador não interpreta, uma vez que o legislador já o fez em seu lugar. A interpretação autêntica também pode ser posterior, quando feita por uma norma posterior. Diz-se judicial ou jurisprudencial a interpretação promovida por órgãos do Poder Judiciário. Esta nasce do que rotineiramente os tribunais S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 12 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br compreendem e aplicam como norma. A jurisprudência constitui-se em decisões dos tribunais de forma regular sobre o real sentido da norma discutida. Os tribunais, face às suas interpretações, editam súmulas que são orientações em matérias sobre as quais ocorrem mais divergências sobre o alcance da norma interpretada. A jurisprudência, em princípio, não tem força vinculativa, ou seja, não obriga ninguém, podendo, com isso, o julgador discordar da interpretação dada por um tribunal superior sobre determinada norma. A exceção fica por conta das súmulas vinculantes do STF que implicam necessariamente sua obediência pelos órgãos inferiores. A interpretação doutrinária é aquela esboçada pelos estudiosos das ciências jurídicas (opinium doctorum). Evidentemente não tem força vinculativa; entretanto, dependendo do doutrinador que emita opinião sobre o sentido da norma, passa a constituir regra tal entendimento. Quanto aos meios empregados, a interpretação pode ainda ser literal (gramatical ou sintática) e lógica (ou teológica). Literal, gramatical ou sintática é a interpretação que leva em consideração apenas o sentido literal do que vem expresso na lei; é a literalidade de seu sentido (ipsis litteris). O intérprete não deve se apegar apenas à letra da lei, deve ir além daquilo que se apresenta de forma clara. Nem sempre a letra da lei dá o seu real sentido, sendo necessário buscar o sentido em conceitos alheios à literalidade da lei, que fizeram ou fazem com que a norma exista. Ex: na literalidade, o crime de bigamia (art. 235, CP) não abrange a poligamia. Daí é que surge a necessidade de uma interpretação lógica. A interpretação lógica ou teleológica, por sua vez, busca dar o real sentido da lei, perquirindo a sua finalidade. Nesta espécie de interpretação, o intérprete deve discutir qual a finalidade da norma e lhe dar o alcance e o S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 13 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br sentido para alcançar seu fim. Essa interpretação se utiliza dos seguintes elementos: i) mens legis (razão da lei); ii) sistemático (as leis devem ser interpretadas dentro do sistema ao qual pertencem); iii) ocasional (deve-se considerar as situações, fatos concretos que deram causa ao surgimento de determinada lei); iv) direito comparado (busca-se entender como certospaíses aplicam a mesma norma ou normas similares); v) histórico (como a norma vem sendo interpretada ao longo dos anos); vi) extra-penal (busca- se elementos de interpretação fora do direito penal) e vii) extra-jurídico (elementos de interpretação fora do direito). Finalmente, no que se refere ao resultado, a interpretação pode ainda ser declarativa, quando o texto legal não é ampliado ou estendido (o texto da lei representa adequadamente a vontade do legislador, não sendo necessário ampliar ou restringir seu resultado); restritiva, quando o intérprete restringe o alcance da norma que parece ir além, podendo ser citadas como exemplo, a emoção e a paixão previstas no art. 28 do CP. Estas não excluem a responsabilidade, desde que não patológica, uma vez que esta leva à inimputabilidade ou semi-imputabilidade. Temos, ainda, a interpretação extensiva que deve ser utilizada sempre que houver necessidade de ampliar o sentido da lei. Como exemplo, podemos citar que a lei pune a bigamia, abrangendo, também, a poligamia. Bem, meus amigos, vimos as principais imunidades para nossa prova de Processo Penal, além de algumas regras envolvendo a interpretação da lei processual penal. Passemos agora para a resolução de algumas questões. Assim, poderemos testar um pouco os conhecimentos que acabamos de adquirir. S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 14 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1) (CESPE/AGU/Procurador Federal/2007) Julgue o item abaixo: Em relação à lei processual penal no tempo, vigora o princípio do efeito imediato, segundo o qual tempus regit actum. De acordo com tal princípio, as normas processuais penais têm aplicação imediata, mas consideram-se válidos os atos processuais realizados sob a égide da lei anterior. Comentário: Item CORRETO. Para a lei penal vale o princípio da retroatividade mais benéfica ou irretroatividade mais gravosa, nos termos do art. 5º, XL, CF/88. Assim, a lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Já para a lei processual penal vale o princípio da aplicação imediata, ou tempus regit actum. Logo, a lei processual penal não retroage, nem para melhorar, nem para piorar a situação do réu. Ela vale do dia em que entrar em vigor para frente. Nos termos do art. 2º do CPP, “a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.” 2) (CESPE/DPE-MG/Defensor Público/2009) Julgue o item abaixo: O princípio da imediatividade rege a aplicação da lei processual penal no espaço. Comentário: Item ERRADO. A imediatidade é o princípio que rege a aplicação da lei processual penal no tempo. Esta se aplica imediatamente, sem prejuízo dos atos praticados sob a vigência da lei anterior (art. 2º do CPP). Difere da S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 15 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br aplicação da lei penal que é regida pelo princípio da retroatividade mais benéfica ou irretroatividade mais gravosa (art. 5º, XL, CF/88). 3) (CESPE/DPE-MG/Defensor Público/2009) Julgue o item abaixo: Para a moderna doutrina do direito processual penal, é possível ocorrer a aplicação da lei processual penal fora do nosso território. Comentário: Item ERRADO. No que se refere à lei processual penal no espaço vale o princípio da Territorialidade Absoluta. Assim, a lei processual penal brasileira aplica-se apenas dentro do Brasil. Para os crimes cometidos no território de outros países aplicam-se as regras processuais locais. 4) (CESPE/DPE-MG/Defensor Público/2009) Julgue o item abaixo: A norma processual material não retroage. Comentário: Item ERRADO. A doutrina e jurisprudência majoritárias defendem a tese de que nas normas processuais penais prevalece seu caráter penal para o fim de retroatividade mais benéfica. Assim, devem retroagir quando mais benéficas ao acusado. QUESTÕES DA AULA 1. (CESPE/AGU/Procurador Federal/2007) Julgue o seguinte item: Em relação à lei processual penal no tempo, vigora o princípio do efeito imediato, segundo o qual tempus regit actum. De acordo com tal princípio, as normas processuais penais têm aplicação imediata, mas consideram-se válidos os atos processuais realizados sob a égide da lei anterior. (Advocacia S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 16 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br Geral da União/AGU/Procurador Federal de 2ª Categoria/Nível Superior/Cespe/2007, Questão 150). GABARITO: Correto. 2. (CESPE/DPE-MG/Defensor Público/2009) Julgue o seguinte item: O princípio da imediatividade rege a aplicação da lei processual penal no espaço. (DPE-MG/Defensor Público/2009/Questão 40/assertiva C). GABARITO: Errado. 3. (CESPE/DPE-MG/Defensor Público/2009) Julgue o seguinte item: Para a moderna doutrina do direito processual penal, é possível ocorrer a aplicação da lei processual penal fora do nosso território. (DPE-MG/Defensor Público/2009/Questão 40/assertiva A). GABARITO: Errado. 4. (CESPE/DPE-MG/Defensor Público/2009) Julgue o seguinte item: A norma processual material não retroage. (DPE-MG/Defensor Público/2009/Questão 40/assertiva B). GABARITO: Errado. Questões extraídas das seguintes provas: a) Procurador Federal (CESPE/2007): questão 150; b) Defensor Público (CESPE/2009): questão 34, 40. Bem, é isso, meus amigos. Com a aula de hoje concluímos nosso curso online de processo penal para o TCE-RJ. S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 S u e l l e n d e L i m a S a r d i n h a 1 2 5 3 7 6 7 9 7 1 7 CURSO ON LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (TCE-RJ) – TÉCNICO DE NOTIFICAÇÕES PROFESSOR: LUIZ BIVAR JR. 17 Prof. Luiz Bivar Jr. www.pontodosconcursos.com.br Desejo a todos uma ótima prova. Fiquem com Deus. Grande abraço, Prof. Bivar.
Compartilhar