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A paternidade e a guarda dos filhos

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1
A PATERNIDADE E A GUARDA DOS FILHOS 1
BOTTOLI, C.2; ARPINI, D. M.3 
1 Dissertação de Mestrado – Pós Graduação em Psicologia – UFSM, Santa Maria, RS, Brasil.
2 Mestranda do programa de Pós- Graduação em Psicologia da UFSM e Docente do curso de 
Psicologia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil.
3 Orientadora e Docente do programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFSM, Santa Maria, RS, 
Brasil.
E-mail: cbottoli@hotmail.com; monica.arpini@gmail.com. 
RESUMO
O presente trabalho buscou conhecer como a paternidade se caracteriza no contexto da separação 
conjugal e da guarda dos filhos, a partir do discurso do pai. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, através de 
entrevista semi-estruturada, com sete pais, que buscaram atendimento, junto a dois núcleos de práticas jurídicas 
de Santa Maria – RS. Os dados obtidos trazem percepções e expectativas do pai com relação a guarda dos 
filhos, a necessidade de manterem contato diários com os filhos e o desconhecimento das modalidades de 
guarda previstas na legislação. Fica evidente o desejo dos pais de terem a guarda dos filhos, mas a permanência 
da hegemonia do poder materno, enfraquecendo muitas vezes este desejo. Assim entende-se que este é um 
momento que precisa ser compreendido também a partir do ponto de vista do pai, para ampliar o olhar sobre o 
fenômeno, possibilitando ações de enfrentamento diante da separação conjugal e das relações parentais.
Palavras-chave: Família; Paternidade; Guarda dos filhos.
1. INTRODUÇÃO
Ao tratar de famílias que passam por uma separação conjugal, são atribuídas várias 
causas para os conflitos, muitas vezes, direcionados à redução do convívio dos pais que 
não detém a guarda em relação aos filhos. Freqüentemente o pai é acusado de estar 
ausente e de não cumprir seu papel. No entanto, é importante compreender esta 
problemática também como uma questão social e reconhecer a forma como a nossa 
legislação dispõe o assunto. Afinal de contas, mesmo que o poder familiar seja dividido 
entre o pai e a mãe, em caso de separação conjugal, historicamente a responsabilização 
pela guarda dos filhos esteve, majoritariamente, em poder das mães. Esta realidade pode 
ter contribuído para que a figura do pai ficasse à margem do processo educativo dos filhos.
A partir destes aspectos, deve-se também refletir sobre o fato de que a guarda dos filhos 
tenha sido entendida como um direito natural das mulheres. Conforme Brandão (2004), após 
a Lei do Divórcio em 1977, que regulamentou a dissolução da sociedade conjugal e do 
casamento, a guarda dos filhos seria conferida, apenas a um dos genitores e o outro teria o 
direito de visita, além disso, os filhos menores ficariam em poder da mãe, pois, isto é visto 
como um direito natural destas. Este privilégio da maternidade gera dificuldades para o 
exercício da paternidade, afastando assim o homem do convívio com os filhos, e que, há
 
2
uma inclinação dos tribunais em atribuir a guarda à mãe, limitando a relação do pai com os 
filhos.
Porém, por se considerar importante que, tanto o pai quanto a mãe assumam 
responsabilidades com os filhos, entende-se que é necessária uma ressignificação dessas 
atribuições. Assim, procurando entender que, no conjunto denominado filiação, há 
subconjuntos que se referem aos exercícios da paternidade e maternidade, que excluem o 
elemento pai-visitante, secundário, periférico ou apenas de fim de semana, abre-se espaço 
para uma nova possibilidade de ação do pai junto aos seus filhos.
Ao se tratar da paternidade, antes, é preciso falar do grupo ao qual ela pertence, a 
família. Conforme Petrini (2003), a família contemporânea, está em um processo de dês-
institucionalização, ou seja, voltada muito mais para a esfera privada ressaltando as 
expressões afetivas, onde há uma quebra das relações entre gênero e gerações até então 
vivenciadas na sociedade.
Grzybowski (2002) destaca que, dentre os diversos fatores que contribuem para a 
mudança da família, está o divórcio, uma crise inesperada do ciclo evolutivo vital familiar, 
sendo um momento de grandes transformações que culminam em diferentes formas de 
reorganização, de caráter singular (monoparentalidade) ou conjugal (recasamentos). No 
contexto de divórcios e recasamentos, surgem interrogações e problemas ligados à 
paternidade. Com isso, multiplicaram-se, a partir dos anos 90, os escritos sobre a função e 
papel do pai, passando a ser chamada de “paternagem” a competência paterna para o 
cuidado do bebê, sendo estabelecida uma nova relação pai-bebê (BRITO, 2005).
Silva (1999) salienta que esse ex-casal, desvinculado enquanto cônjuge, carrega o 
eterno vínculo de pai e mãe dos filhos da união conjugal e, com isso, maternidade e 
paternidade precisam ser revistas, consciente ou inconscientemente, tanto pelo cônjuge que 
fica com a guarda dos filhos, como por aquele que não a tem.
Desta forma, para Bornholdt & Wagner (2005), o pai, muitas vezes, fica em uma 
posição mais periférica, não tão valorizado quanto a mãe, na literatura. Esse processo de 
transição à paternidade envolve fatores complexos vinculados às vivências da família de 
origem, com inúmeras transformações no tempo, compreendendo aspectos passados e 
entendendo indiossincrasias que se expressam no papel dos pais/homens hoje.
A partir da Lei do Divórcio (lei nº 6515/1977), foi regulamentada a dissolução da 
sociedade conjugal e do casamento. Também nesse momento foi regulada a guarda dos 
filhos nestas situações, conferida à apenas um dos genitores, ficando ao outro o direito de 
 
3
visita, prevalecendo, na maioria das vezes, a guarda para a mãe, já que o cuidado dos filhos 
ainda é visto naturalmente como de responsabilidade da mulher. Assim esta só perde a 
guarda dos filhos se for contra padrões morais (BRANDÃO, 2004).
Neste cenário, agravando ainda mais a situação da separação, em função do 
privilégio da maternidade, são geradas dificuldades no exercício da paternidade, o que 
afasta ainda mais o homem do espaço de influência sobre os filhos. No Brasil até hoje, há 
uma inclinação dos tribunais em atribuir a guarda à mãe, cabendo ao pai apenas a visitação. 
Isso limita a relação com os filhos e, quando este pai procura ampliar suas visitas, muitas 
vezes o Judiciário alega que tal pedido pode aumentar desavenças entre os ex-cônjuges 
(BRITO, 2005).
Diante disto, os pais acreditam que, por serem visitantes, devem manter-se distantes 
dos filhos e a justiça corrobora com este fato, dando plenos poderes ao guardião. Neste 
papel de coadjuvantes eles esbarram nas decisões da ex-mulher, que muitas vezes se
sente sobrecarregada fisicamente, financeiramente e psicologicamente, queixando-se de 
que o ex-marido mal visita os filhos (BRANDÃO, 2004).
Conforme Palma (2001), nestas transformações ocorridas no Direito de família e em 
função das novas formas de configuração familiar, a guarda exclusiva deixa de ser a única 
opção. Surgem então, a guarda alternada e a guarda compartilhada, para assegurar a 
ambos, pai e mãe a repartição mais igual da autoridade parental, numa tentativa de diminuir 
o preconceito que se criou em torno da guarda paterna. 
Brito (2005), salienta que é necessário assegurar a continuidade da convivência com 
o pai e a mãe após a separação e indica que, tal convivência pode propiciar à mãe um 
repensar a respeito do lugar que esse pai vai exercer junto ao filho, e através disso, garantir 
a manutenção de suas funções. Estudos sobre separação e os seus efeitos para os 
membros da família têm sido amplamente difundidos, tanto com relação à família 
isoladamente como em um contexto mais amplo. Pereira, Silva e Gomes (2008), trazem o 
relato de pais e mães separados, sobre o modelo de guarda unilateral. E estesrelatam a 
insatisfação com os papéis de guardião e não-guardião e as consequentes atribuições após 
a separação em decorrência deste modelo.
A partir desta realidade, emerge a necessidade de se refletir sobre o contexto da 
guarda na separação conjugal. Conforme Grisard Filho (2002), a guarda refere-se ao poder 
de reter o filho no lar, tê-lo junto de si, regendo sua conduta, também neste instituto está o 
dever de vigilância, atuando decisivamente no desenvolvimento da personalidade do menor 
e na formação integral. 
 
4
Com a aprovação do Novo Código Civil em 2003, onde a guarda passa ser atribuída 
a quem tem melhores condições, prevalecendo o interesse da criança e do adolescente, 
identifica-se uma importante transformação neste cenário (BRANDÃO, 2004). E neste 
contexto, Palma (2001) comenta sobre os três tipos de guarda que podem ser determinados 
após a separação conjugal. A primeira é a guarda exclusiva, ou monoparental, na qual a 
criança vive na casa de um dos genitores, geralmente a mãe, e pode usufruir da presença 
do outro pelo direito de visita, sendo contestada pelo pai, que não quer ficar em segundo 
plano neste momento.
Outro modelo é a guarda alternada, através da qual a criança vive longos períodos 
ora na casa do pai e ora na casa da mãe. São alternados atributos e direitos de visita, 
momentos na casa do pai e na casa da mãe (PALMA, 2001). No entanto, este tipo de 
guarda é alvo de inúmeras críticas, principalmente em função da instabilidade que pode 
gerar na criança, pela alternância de espaço, relações e identificações.
A terceira modalidade de guarda, é a guarda compartilhada, onde o exercício da 
autoridade parental é comum, cada um, pai e mãe, tem o direito de participar das decisões 
importantes com relação à criança (Palma, 2001). Neste exercício conjunto ou indistinto, 
Grisard Filho (2002), destaca o interesse dos filhos, por resultar em mais benefícios para 
estes, do que quando o genitor concentra a autoridade parental e o poder de decisão.
É importante que no estudo da guarda prevaleça sempre o interesse dos filhos, 
buscando uma convivência efetiva dos pais com o filho, procurando assistí-lo material, moral 
e psiquicamente. Dessa forma, entende-se que a guarda deve ser dinâmica visando a 
definição de deveres e prerrogativas dos pais em relação à pessoa dos filhos (GRIZARD 
FILHO, 2002).
Diante de toda esta realidade do pai na definição da guarda após separação, Wagner 
(2002), chama atenção para o crescente número de homens/pais que têm se mostrado 
disponíveis e desejosos de ficarem com a responsabilidade na criação dos filhos e solicitar, 
judicialmente a guarda. Porém, todas essas modificações foram muito rápidas e atingiram 
um nível muito íntimo na formação psíquica, porém, o ninho central, ou seja, a necessidade 
do ser humano de ter uma família, com funções materna e paterna específicas, continuará 
existindo (WAGNER, 2005).
Fica evidente, assim, que todas as transformações até aqui apresentadas causaram 
um grande impacto no papel paterno e na vivência do próprio pai, e assinalam a urgente 
necessidade de que, cada vez mais, se entenda esta dinâmica, para a construção de um 
novo sentido para a paternidade nas famílias contemporâneas.
 
5
2. METODOLOGIA 
O estudo caracterizou-se por ser uma pesquisa qualitativa, e buscou compreender 
em profundidade as experiências do pai, com relação à guarda dos filhos, após a separação
conjugal. A pesquisa foi desenvolvida em dois locais de práticas jurídicas que atendem à 
comunidade, um deles de uma Universidade particular e outro de uma Universidade pública, 
de Santa Maria, RS, e foi autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSM, sob 
parecer nº 203.0.243.000-09.
Participaram deste estudo 7 (sete) pais separados de suas esposas, com filhos, e 
que estão vivenciando o processo de separação e determinação da guarda dos filhos, 
motivos pelo qual procuraram os serviços jurídicos. Para obter os depoimentos foram
utilizadas entrevistas semi-estruturadas, baseadas em um roteiro previamente definido por 
eixos norteadores. As entrevistas foram realizadas nas dependências dos serviços, sendo 
gravadas e após transcritas foram destruídas. Após a realização e transcrição das 
entrevistas, foi efetuada uma análise qualitativa dos dados, através da análise de conteúdo. 
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados serão apresentados e analisados a partir das seguintes categorias 
temáticas de análise: Ser Pai e Guarda. As mesmas serão apresentadas a seguir:
CATEGORIA 1: SER PAI - Esta categoria foi construída a partir das definições dos pais 
entrevistados sobre o “ser pai” e os aspectos que envolvem este conceito a partir do olhar
paterno. Como elemento inicial identificou-se um “desabrochar da paternidade”, trazendo 
presente o significado para os pais do momento em que sentirem-se pai, as mudanças 
ocorridas, as dificuldades iniciais e o caminho percorrido por eles neste processo. Situações 
estas evidenciadas nas seguintes falas:
Mas quando nasce ... muda tanto pra mulher quanto pro homem, muda bastante. Pra mim, pelo 
menos, particularmente mudou muito a partir do momento que eu comecei a ... que eu peguei no 
colo... (P1)
... de começo é difícil, a gente se apavora, não sabe muitas vez o que vai fazê ... (P3)
... prá mim sê pai é uma coisa que desabrochô pra mim ... (P5)
Outro aspecto diz respeito aos “Sentimentos do ser pai”, onde eles retratam em 
palavras o que sentiram e sentem ao definirem a sua paternidade, expressando muita 
emoção, ficando evidente que não são insensíveis neste momento de sua vida. Podemos 
verificar isto nas falas abaixo:
 
6
... sentimento de amor com certeza né, muito grande assim, de proteção... sentimento que só pai 
mesmo né, quando a gente se torna pai a gente consegue perceber isso aí. (P1)
... não tem como definir ...a emoção... eu não sei como te explicá esse sentimento de ser pai ... prá 
mim ela é tudo... (P2)
... eu acho que é aquele homem sincero, sabe... sê humilde e tê amor ... (P3)
... é a coisa mais linda do mundo (P6)
Os pais também trouxeram os “Efeitos da separação”, através do que 
experienciaram no momento da separação e os reflexos disto no exercício da paternidade, 
demonstrando muito cuidado com estes efeitos principalmente na relação com os filhos, 
como observamos nas seguintes falas: 
... foi preciso tê muito mais cautela do que vô fazê, vô falá, pra mim... das minhas atitudes, como vô 
repreendê. (P1)
... a única coisa diferente é que tu não tá direto no dia a dia né, só o contato, vê, conversa, pergunta, 
faço pergunta, elas se abrem, ás vez se abrem mais do que com a mãe delas. (P7)
Também foi destacado pelos pais que eles “Fazem o que podem”, a partir da
ruptura ocasionada pela separação, com uma preocupação constante com o que estão 
fazendo e deixando de fazer como pai. Aqui parece haver um esforço constante por parte 
deles para que estejam presentes em todos os momentos, apesar da separação, mesmo 
reconhecendo que nem sempre conseguem fazer como gostariam. Isto podemos observar 
nas seguintes falas: 
Quando eu posso tô com ela, ligo e pergunto se tem algum problema. (P2)
Sê pai é acompanhá o filho no que for preciso, no que precisá né... ta sempre junto ... mas as vezes... 
não dá né ... (P4)
... eu tô fazendo tudo o que eu posso... dá atenção, final de semana... totalmente... direto prá elas 
né... (P7) 
Um último aspecto desta categoria, e que é também apontado na teoria sobre 
paternidade, é a “Transgeracionalidade”, que dá conta dos aspectos transgeracionais, 
referindo-se as famílias de origem dos pais, que no momento da separação interferem, de 
certa forma, no modelo a ser seguido de paternidade, como vemosa seguir:
Hoje, hoje eu procuro preservar esse sentimento dentro dos princípios que eu fui ensinado, (P1)
... por exemplo do meu pai... acho que sempre fez tudo na vida dele por mim assim... por... por meus 
irmãos no caso... eu procuro seguí esse exemplo assim sabe ... (P5)
CATEGORIA 2: GUARDA - Foram relatados pelos pais vários aspectos no que se refere a 
guarda dos filhos, desde o conhecimento ou não dos diferentes tipos de guarda existentes, 
bem como, a situação atual da guarda, que na sua maioria tem a guarda exclusiva conferida 
 
7
à mãe. Salienta-se a importância desta categoria para discutir questões relativas a definiçao 
do exercício da paternidade e da sua efetividade. 
Com relação ao “Exercício da guarda”, destaca-se a visão que os pais têm da 
guarda a ser exercida tanto por eles quanto pela mãe, onde nenhuma das formas é 
considerada como menos importante do que a outra. Nesta pesquisa, na maioria dos casos 
a guarda exclusiva foi concedida à mãe, onde o pai tem o direito de visita; porém, em dois 
casos há o exercício da Guarda Compartilhada. Observa-se assim, algumas formas de 
pensar a guarda dos filhos, aparecendo a necessidade de procurar manter a relação com os 
filhos e a sua participação no dia a dia dos mesmos, como vemos a seguir:
... não queria um cronograma prá ficá com uma... uma pessoinha que é minha também... estipulada 
por alguém, que não sabe o que se passa entre nós dois né... não vô brigá por isso aí ... vô lutá pra tê 
ela próxima de mim,... (P1)
Mas eu quis está presente em todas as decisões que iam ser tomadas ... Tanto de um lado, tanto de 
outro eu não quero me afastá ... e foi uma forma que eu arrumei de me mantê presente... (P2)
...eu priorizo meu filho, entende, se eu tivé que ficá ele comigo, é óbvio que eu prefiro assim... (P5)
... sempre assim... tô sempre em cima né... sempre cuidando né... (P7)
Ao serem questionados sobre o “Conhecimento dos diferentes tipos de guarda”
que são previstos pela legislação brasileira, a maioria dos pais demonstraram não terem 
conhecimento dos 3 tipos de guarda (exclusiva, alternada, compartilhada), sendo que, na 
sua maioria, conhecem a guarda única, geralmente concedida à mãe. Estes dados poderiam 
explicar a “naturalidade” com que referem a guarda como um direito quase que exclusivo da 
mãe e a impossibilidade do exercício da guarda compartilhada, muito em função da falta de 
conhecimento sobre esta modalidade. Assim, fazem referência a importância das 
informações que receberam sobre os tipos de guarda existentes, nos serviços jurídicos que 
procuraram. Percebe-se isto nas falas a seguir:
Não ... algumas eles me esclareceram... uma ou duas eu diria, né... A guarda... a... normal né, que 
é... com um só e a guarda compartilhada... (P1)
... ela explicô quais as formas que existem... nós não sabíamos, nem eu nem ela quais as formas de 
guarda... (P2)
Eu conhecia só essa... só essa aí de pegá ele tal hora e o juiz determiná né... (P6)
É... eu conheço algumas... uma eu conheço que é a ... compartilhada né, as vez é mais complicado 
do que as vez assim né quando fica com a guarda, porque... ela um poco ta aqui.... E das mães né... 
que ficam com a guarda né. Outro que eu saiba, por enquanto não...(P7)
Com relação a “Situação atual”, pode-se observar as diversas formas de vivenciar 
este momento da definição da guarda dos filhos. Desde casos em que esta realidade foi 
definida e de certa forma resolvida, até casos em que há dúvidas e incertezas, com 
influências significativas no exercício da paternidade, como percebemos nas falas a seguir: 
 
8
A única coisa é problema prá ela [a filha]... às vezes ela se sente como uma intrusa na minha casa 
...(P1)
... foi definida a pensão e ... como ficaria a guarda ... Compartilhada... Eu achei a melhor... porque daí 
não pode se tomá nada, nenhuma decisão... mas eu posso brigá por causa disso. (P2)
... eu gostaria que fosse uma guarda compartilhada... (P3)
A guarda ta com a mãe... isso aí, nunca me falaram em guarda né... (P6)
Nas falas dos pais entrevistados referentes a “A guarda ser do pai”, fica evidente
que da parte deles há este desejo, porém com algumas restrições, dúvidas e incertezas. 
Mesmo nos casos em que há a Guarda Compartilhada há um interesse de ter o filho mais 
tempo com eles, e para que isto aconteça teriam que ter a guarda exclusiva. Porém ainda 
aparecem aspectos relacionados ao poder materno e uma certa “fragilidade masculina” 
diante do cuidado dos filhos, como podemos perceber a seguir:
... gostaria de tê a guarda dela, com certeza, eu... gostaria que ela morasse comigo ... se eu ganhá 
judicialmente... enquanto isso fosse bem tranqüilo... com consentimento da mãe ...(P1)
... eu só não briguei pela guarda da F. porque ela é uma ótima mãe ... (P2)
Eu cheguei a pensá em pedí assim prá mim.. (P3)
...eu quero a guarda do meu filho ... que a criança não seria prejudicada né... só que também sei que 
não é fácil perante o juiz tu... tu convencê o juiz ali ... (P5)
... tão bem cuidada e não tenho queixa né, tão bem, ela também prefere assim né... (P7)
Como já citado anteriormente, “A guarda materna” é um aspecto muito forte e
reconhecido quase que como essencial pelos pais, onde parece haver uma desvalorização 
da paternidade diante do valor materno. Pode-se verificar nas seguintes falas:
... o meu lado consciente sabe que ela precisa da presença da mãe, uma referência feminina, como 
ela tem a mãe dela eu... (P1)
... a mãe no caso era mais forte, no caso na educação e tudo mais... não que o pai tenha... mas a 
mãe é outra coisa, a mãe é como dizem, a mãe é uma só, o pai... pode encontrá outro ... eu não 
quero prejudicá ela também porque ela é mãe, sabe, então...... (P5)
Dentre as diversas modalidades de guarda citada pelos pais, além da Guarda 
Exclusiva, mais conhecida, a “Guarda Compartilhada” também foi comentada, ou por 
estarem no exercício desta modalidade ou por acharem interessante, apesar de referirem 
não ter o conhecimento necessário para opinar sobre ela. Assim fica claro a necessidade de 
maior divulgação e esclarecimento, principalmente junto ao pais, sobre a Guarda 
Compartilhada, uma nova e recente modalidade de guarda prevista pela legislação 
brasileira. Parece ser esta a chance de os pais poderem ter mais direitos junto aos filhos, 
pois fica difícil competir com a mãe diante da guarda única. Porém, percebem que para que 
esta guarda se efetive é necessário que haja diálogo com a ex-mulher. A seguir algumas 
falas evidenciam estes aspectos:
 
9
... não tenho conhecimento aprofundado da lei... na minha situação, não é uma boa a guarda 
compartilhada, porque a gente não tem entrosamento, não tem entendimento... porque a gente vai 
precisá sentá, conversá, discuti o assunto numa boa, né... aceitação da mãe dela é muito difícil com 
as coisas ... (P1)
E tá tranqüilo, nossa relação é boa... a melhor decisão que a gente tomô... mas até que pra nós deu 
certo ... compartilhada... e ta dando até então ... (P2)
4. CONCLUSÃO
A partir dos dados obtidos pode-se concluir que, a separaçao conjugal gera diversas 
mudanças e diferentes sentimentos nos pais, interferindo de forma significativa no exercício 
da paternidade. Os pais, através de suas percepções e expectativas trazem presente a 
necessidade de continuar mantendo contato com os filhos mesmo após a separação 
conjugal, fazendo parte do dia a dia deles, numa tentativa de manter intacta a parentalidade.
Fica também evidente o desejo que os pais tem de terem a guarda dos filhos, apesar de 
ainda referirem a forte hegemonia da mãe, enquanto detentora da guarda, o que faz muitas 
vezes enfraquecer o exercício de uma paternidade mais presente, incapacitando-os muitas 
vezes de ser o guardião dos filhos,e não apenas um visitante.
Outro aspecto que chama a atenção, e que também pode estar interferindo na 
relação dos pais com os filhos, no momento de definição de questões de guarda após a 
separação conjugal, diz respeito ao desconhecimento das diferentes modalidades, e assim 
as possibilidades de guarda previstas na legislação brasileira. Isso pode influenciar no seu 
afastamento dos filhos, por acreditar que no caso da guarda única, na sua maioria conferida 
à mãe, o pai não tem os mesmos direitos e possibilidades de exercer a paternidade como a 
mãe faz com a maternidade, acabando por isolar o pai de muitos momentos da vida dos 
filhos. Parece que ao conhecerem outras modalidade de guarda se abre uma “nova” 
possibilidade de exigir seus direitos, através da Guarda Compartilhada. Isto fica evidenciado 
no discurso dos pais que já tem esta guarda determinada pelo juiz. Assim talvez esta seja 
uma forma para garantiar a continuidade da paternidade mesmo após a separação conjugal.
Assim, entende-se que este é um momento que precisa ser compreendido também 
a partir do ponto de vista do pai, que muitas vezes é marginalizado neste processo. Se faz 
necessário visualizar todo o sofrimento decorrente da separação e afastamento dos filhos, 
precisando ser elaborado também por parte dos pais, num constante movimento de 
reconfiguração da paternidade que precisa se adaptar a este novo processo, um novo ser 
pai que se faz a cada dia, mostrando que se faz mister ampliar o olhar sobre este fenômeno, 
possibilitando ações que facilitem o enfrentamento do pai diante da separação conjugal e 
das relações parentais e filiais.
 
10
REFERÊNCIAS
BORNHOLDT E. & WAGNER, A. A gravidez à luz da perspectiva paterna: aspectos relativos à 
transgeracionalidade. In: WAGNER, A. (coord). Como se perpetua a família?: A transmissão dos 
modelos familiares. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005.
BRANDÃO, E.P. A interlocução com o direito à luz das práticas psicológicas em varas de família. In 
BRANDÃO, E.P. & GONÇALVES, H.S. (org). Psicologia Jurídica no Brasil. 2 ed. Rio de Janeiro: NAU 
Ed., 2004.
BRITO, L.M.T. de. Guarda compartilhada um passaporte para a convivência familiar. In: Guarda 
compartilhada: aspectos psicológicos e jurídicos. Porto Alegre: Equilíbrio, 2005.
GRIZARD FILHO, Waldyr. Guarda compartilhada: um novo modelo de responsabilidade parental. 2 
ed. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2002.
GRZYBOWSKI, L.S. Famílias monoparentais – mulheres divorciadas chefes de família. In: WAGNER, 
A. (coord). Família em cena: tramas, dramas e transformações. Petrópolis: Vozes, 2002.
PALMA, Rúbia. Famílias Monoparentais. Rio de Janeiro: Forense, 2001. 
PEREIRA, C.P.; SILVA, J.G. e GOMES, J.D. Famílias e separação conjugal: da academia ao palco. 
In: BRITO, L. Famílias e separações: perspectivas da psicologia jurídica. Rio de Janeiro: EdUERJ, 
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PETRINI, J.C. Pós-modernidade e família: um itinerário de compreensão. Bauru, SP: EDUSC, 2003.
SILVA, E. Z. M. da. Paternidade ativa na separação conjugal. São Paulo: Ed. Juarez de Oliveira, 
1999.
WAGNER, A. (coord). Família em cena: tramas, dramas e transformações. Petrópolis, RJ: Vozes, 
2002.
___________. Como se perpetua a família?: a transmissão dos modelos familiares. Porto Alegre: 
EDIPUC-RS, 2005.

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