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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE SETE LAGOAS - UNIFEMM Unidade Acadêmica de Ensino de Ciências Gerenciais Engenharia Elétrica RAFAEL CLERISSON DE ALMEIDA QUITES PARALELISMO EM GERADORES E O SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL SETE LAGOAS 2016 2 1 PARALELISMO DE GERADORES “Os geradores aplicados às plantas hidrelétricas são os síncronos, ou seja, a velocidade de rotação é constante e sincronizada com a frequência e fase da tensão elétrica alternada” (SCHEREIBER, 1977). Segundo o mesmo autor, a frequência de uma gerador é regido pela equação 1: (1) Onde N = Rotação da máquina em RPM; f = frequência da rede em Hz; p = número de pares de pólos. Quando um gerador síncrono está ligado a uma rede de grande dimensão, contendo muitos outros geradores síncronos (diz-se uma rede infinita) a tensão a seus terminais e a frequência das correntes geradas são fixadas pelo sistema (CPDEE, 2001). Para Kosow (1982), um sistema eficiente é constituído de várias centrais geradoras, as usinas, operando em paralelo. Em cada um dessas centrais pode haver vário geradores operando também em paralelo. Esse tipo de sistema, com várias centrais em paralelo e cada central com várias unidades menores no lugar de apenas uma única máquina maior trás várias vantagens ao sistema elétrico, dentre as quais serão citadas: Se em uma estação geradora houver apenas um gerador de grande porte e este, por qualquer motivo, for desligado, a estação também parará de funcionar, enquanto que, se apenas um gerador menor for desligado, os demais continuarão fornecendo o serviço necessário; Um único gerador de maior potência atendendo cargas menores é ineficiente, ao passo que geradores menores podem ser removidos do sistema de acordo com a necessidade da demanda. Utilizando cada gerador até sua capacidade nominal ele estará operando com seu rendimento máximo, elevando assim a estação também ao seu maior rendimento; O capital empregado no início da operação da usina será menor, visto que o seu crescimento poderá acompanhar o crescimento médio da demanda, instalando-se equipamentos à medida que estes forem necessários; 3 Para o CPDEE, (2001), se um gerador fosse interligado a rede em um momento arbitrário a segurança dos equipamentos ficaria comprometida. É necessário, no paralelismo, assegurar que a diferença de tensão entre os polos seja nula, caso contrário, a reduzida impedância levaria a elevadas correntes. Para que a tensão nos terminais seja nula é necessário: Os valores eficazes das tensões do gerador e da rede sejam exatamente iguais; A sequência de fases seja a mesma. A frequência seja praticamente igual, sendo normal usar uma frequência ligeiramente superior na máquina que entra na rede. Segundo Henrique (2014) “a maioria das usinas elétricas possui gerador funcionando em paralelo a fim de aumentar a potência disponível” e o mesmo autor observa que para dois geradores serem ligados em paralelo é preciso atender as seguintes condições: As tensões dos geradores sejam iguais; Os ângulos de fase das tensões dos geradores sejam iguais; As frequências das tensões dos geradores sejam iguais; A ordem de sequência das fases nos pontos da conexão seja a mesma. Henrique (2014) também observa que se essas condições forem atendidas, haverá o sincronismo dos geradores. 1.1 A Regulação de Tensão Estabelecer a tensão interna do gerador e, portanto, a tensão de saída do mesmo é função do sistema de excitação (CAMACHO, 2007). A configuração desse sistema é representado na FIG. 1. 4 Figura 1 - Configuração física do sistema de excitação Fonte: CAMACHO, 2007 Os controles auxiliares na figura 1 inclui algumas funções como adição de amortecimento ao sistema de controle, compensação de corrente reativa, estabelecimento de limites de sobre e sub-excitação. Segundo Camacho (2007), um sistema de regulador de tensão compara o parâmetro de referência desejado para o processo com a tensão de saída do gerador e controla a tensão de excitatriz da máquina síncrona para que haja aumento ou diminuição da corrente de excitação. Desta forma, tende-se a manter a tensão terminal do alternador dentro de certa faixa para qualquer solicitação de carga nominal. 1.2 A Sequência de Fases Para o CPDEE (2001) e para Kosow (1982), em uma interligação em paralelo de geradores é necessário que a sequência de fases entre eles seja a mesma, sendo que a sequência do gerador que entrará em paralelo deve ser a mesma do barramento. Há somente duas sequências possíveis, pois há apenas dois sentidos possíveis para a rotação. Caso a sequência de fase não aconteça instantaneamente, é necessário trocar duas das ligações do gerador. 5 1.3 A Regulação da Frequência Ao se ligar dois geradores em paralelo a frequência entre eles têm que ser a mesma, sendo normal que o gerador que está sendo conectado à rede tenha uma frequência ligeiramente maior. Isso acontece porque ao se ligar o gerador à carga este poderia sofrer uma queda na velocidade de rotação, o que acarreta diminuição da frequência gerada, se a frequência regulada fosse exatamente igual à da rede o gerador poderia consumir em vez de fornecer potência (CPDEE, 2001). A FIG.2 representa uma sincronização perfeita, onde a tensão resultante é zero. Figura 2 - Tensões iguais, mesma frequência, forma de onda e valor eficaz. FONTE: Kosow (1982) Imaginando que uma máquina sofra uma redução de velocidade, diminuindo sua frequência, como mostra a FIG. 3. As tensões têm os mesmo valores eficazes, mas com frequências diferentes. Essa diferença de frequência é um ciclo, e a força eletromotriz induzida pode ter a forma de onda resultante máxima alternada (Kosow, 1982). 6 Figura 3 - Forma de onda em máquinas paralelas e frequências diferentes FONTE: Kosow (1982) Para Kosow (1982), a sincronização é conseguida quando as tensões dos geradores são iguais e nesse instante pode ocorrer a interligação dos mesmos. 2 O SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL A sociedade está cada vez mais dependente do fornecimento de energia elétrica, e o sistema elétrico mais suscetível a falhas, mas ao mesmo tempo esta dependência se torna exigência por melhor qualidade (LEÃO, 2009). “O crescimento da população mundial implica no aumento de consumo de energia, porém a produção de energia deve seguir os conceitos de desenvolvimento sustentável e de responsabilidade ambiental” (LEÃO, 2009), barreias que vem conduzindo a uma maior participação das usinas térmicas na matriz de energia brasileira, apesar do grande potencial hidroelétrico (PUC-RIO). “No Brasil a fonte hidráulica é a que mais contribui para a produção de energia elétrica, estando os locais produtores em regiões quase sempre distantes dos centros consumidores, sendo necessárias grandes extensões de linhas de transmissão” (LEÃO, 2009), “que funciona como uma grande usina virtual, pois possibilita a transferência de excedentes 7 energéticos permitindo a otimização dos estoques armazenados nos reservatórios das usinas hidroelétricas” (PUC – RIO). Leão (2009) também apresenta atributos à energia elétrica que a torna distinta de outros produtos, salientando as dificuldades na lida com o produto: Dificuldade de armazenamento em termos econômicos; Variação em tempo real na demanda; Falhas randômicas emtempo real na geração, transmissão e distribuição; Necessidade de atender as restrições físicas para operação confiável e segura da rede elétrica. A dificuldade de armazenamento impõe que a eletricidade seja produzida no momento que é demandada, resultando em instalações ociosas no período de menor demanda, visto que a projeção do sistema seja feita pelo nível máximo de consumo (LEÃO, 2009). O sistema interligado nacional (SIN) foi criado com o objeto de “ampliar a confiabilidade, otimizar os recursos energéticos e homogeneizar mercados”, visto que até a década de 90 o Brasil possuía somente sistemas elétricos desconectados, impossibilitando a operação da bacia hidrográfica LEÃO (2009). A mesma autora também lista algumas vantagens do sistema interligado: Aumento da estabilidade: sistema pode absorver maiores impactos elétricos sem perder o sincronismo; Aumento da confiabilidade: permite a continuidade do serviço em decorrência da falha de algum equipamento; Aumento da disponibilidade: aumento do parque gerador se comparado ao que se teria se cada empresa operasse isoladamente; Mais econômico: há o intercâmbio de energia visto que a demanda máxima do sistema acontece em horários diferente e locais diferentes. E desvantagens do sistema interligado; Distúrbio em um sistema afeta os demais sistemas interligados; Operação e proteção mais complexas, devido à dimensão continental. A FIG 4 mostra a malha de interligação do sistema interligado nacional. 8 Figura 4 - Malha de interligação do SIN Fonte: ONS (2015) 9 3 DIAGRAMA A figura 5 representa um sistema um sistema de geração composto por duas usinas. Uma possuindo dois geradores com tensão de geração de 11 kV e a outra possuindo um gerador com tensão de 11 kV e outro gerador com tensão de geração de 22 kV. Ambas as usinas estão ligadas a uma linha de 500 kV. Figura 5 - Representação de sistema de geração Fonte: Elaborado pelo autor 10 Os dois geradores da usina 1 geram em 11 kV e ambas as tensões fornecidas estão passando por um transformador elevador de 11 para 500 kV, interligando finalmente ao sistema. Na usina 2 temos que a tensão gerada pelo primeiro gerador passa primeiro por um transformador elevador, de 11 para 22 kV. O barramento de 22 kV recebe a potência fornecida pelo primeiro gerador e recebe também a potência fornecida pelo segundo gerador, que já gera a energia elétrica em 22 kV. Ambas as tensões passam então por outro transformador, que eleva a tensão para 500 kV e finalmente no sistema interligado. 11 REFERÊNCIAS CAMACHO, Carlos Alexandre Pereira. Utilização da técnica de otimização simétrica no ajuste de tensão de um gerador síncrono. 2007. 87 p. Dissertação (Mestrado em Ciências em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal de Itajubá, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, Itajubá, abril de 2007. CPDEE, Centro de pesquisa e desenvolvimento em engenharia elétrica – UFMG. Máquinas síncronas. 2001. Disponível em <HTTP://www.cpdee.ufmg.br/~gbarbosa/Disciplina%20de%20M%E1quinas%20El%E9tricas /Disciplina%20de%20M%C3%A1quinas%20El%C3%A9tricas/maquinas-sincronas>. Acesso em: 13 jun. 2016. HENRIQUE, Hélio. GERADORES CA. [2014?]. Disponível em: <HTTP://docente.ifrn.edu.br/heliopinheiro/Disciplinas/maquinas-acionamentos- eletricos/aula-de-geradores-de-ca>. Acesso em 13 jun. 2016. KOSOW, Irving Lionel. Máquinas elétricas e transformadores. Tradução Felipe Luís Daiello. Porto Alegre: Globo, 1982. LEÃO, Ruth. GTD – Geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Fortaleza. Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia do Departamento de Engenharia Elétrica, 2009. Disponível em <http://www.clubedaeletronica.com.br/Eletricidade/PDF Livro%20GTD>. Acesso em: 10 de junho de 2016. OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO. Dados Relevantes 2014: Visão geral do sistema interligado nacional. 2015. Disponível em: <http://www.ons.org.br/download/biblioteca_virtual/publicacoes/DADOS2014_ONS/2_7.htm l>. Acesso em 13 jun. 2016. PUC-RIO. In: Característica do sistema interligado nacional. Disponível em <http www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0610776_08_cap_02>. Acesso em 09 junho 2016. SCHREIBER, Geihard Paul. Usinas hidrelétricas. Rio de Janeiro: Edgard Blucher, 1977.