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Resumo Cirurgia Digestiva – G2 2015/02 Aluna: Valquíria Hentschke Avaliação pré-operatória Classificação do Estado Físico segundo a ASA ASA I Paciente saudável ASA II Paciente com doença sistêmica leve ASA III Paciente com doença sistêmica grave ASA IV Paciente com doença sistêmica grave que é uma ameaça constante à vida ASA V Paciente moribundo que não se espera que sobreviva sem cirurgia ASA VI Paciente com morte cerebral Paciente <35 hígido, sem alergias ou em uso de medicação contínua não há necessidade de nenhum exame pré-operatório. Paciente <40 anos: hemograma; 40-59 anos: creatinina, glicemia e ECG; >60 anos: creatinina + glicemia + ECG + Rx de tórax; Circunstâncias que merecem atenção: idade, desnutrição, obesidade, distúrbios de coagulação, diabetes, processo infeccioso, uso de drogas, problemas psicológicos. Medicações que devem ser suspensas: AAS (7 dias antes); AINEs (2 dias antes); Cumarínicos (10 dias antes); IMAO (3 dias antes); deve-se suspender o fumo (1 mês antes). Corticoides podem ser dobrada a dose no pré- operatório. Colelitíase Cálculos de colesterol: 80%; Cálculos de bilirrubinato de cálcio: 20% - BB não conjugada: cirrose, estados hemolíticos; Formação do cálculo: supersaturação da bile → nucleação → microcálculos → cálculos Obstrução transitória do ducto cístico ou colédoco causa DOR BILIAR = epigástrio ou QSD, súbita, duração de 30min a 5h; Dor biliar >6 h associado a febre e calafrios: Colecistite aguda; Alteração de BB e FA → coledocolitíase; Dx: RX de abdome, US – exame de escolha, Cintilografia com radioisótopos – confirmação de colecistite crônica e útil para colecistite acalculosa; TTO: o Cx: sintomas graves, complicações, vesícula em porcelana, cálculo > 3cm, cálculo em VB anômala; o Clínico: ácido ursodexosicólico – recorrência em até 50% dos pacientes de 3-5 anos; Colecistite aguda Dx: HST + E.F.; LABS: Leucocitose com desvio à esquerda, leve ↑ BT e transaminases em alguns pacientes; US: cálculos e espessamento de parede; Cintilografia pode ser confirmatória: ductos delineados sem visualização da VB. 75% remissão dos sintomas com tratamento clínico em 2-7 dias. Complicações: Síndrome de Mirrizzi, Empiema, Gangrena e perfuração, Fístula e íleo biliar, Vesícula em porcelana; TTO: o Clínico: Internação hospitalar, NPO, Hidratação e correção de distúrbios eletrolíticos, Analgesia, ATB o Cx: Precoce (24-72h); Colecistectomia laparoscópica: tratamento de eleição para a maioria dos pacientes. Colecistite acalculosa (5-10%) - Traumas, queimaduras graves, pós-parto, grandes cirurgias, NPT prolongada. Maior risco de complicações → tratamento cirúrgico. VB tensa, dilatada, estática, sem cálculos, com sinais de esvaziamento deficiente; Colecistite enfisematosa: Colecistite aguda seguida por isquemia ou gangrena da parede da VB e infecção por bactérias produtoras de gás (Clostridium spp, E. coli). Ocorre mais em idosos e DM. Taxa de mortalidade alta; Pancreatite Aguda Inflamação aguda do parênquima pancreático, resultante da autodigestão enzimática pela ativação intraglandular de suas próprias enzimas; A principal causa é litíase biliar (30-60%) e álcool; Histopatologia: Edematosa (80%) e Necrotizante (20%); Gravidade: Leve – forma mais comum, evolução favorável – e Grave – maior risco de complicações; mortalidade de até 30% – (≥3 critérios de Ranson ou >8 critérios de Apache II); CRITÉRIOS DE RANSON: Fisiopatologia: Ativação do tripsinogênio → inflamação local → resposta inflamatória sistêmica → translocação bacteriana Clínica: dor abdominal de apresentação polimórfica, intensa, contínua, súbita, geralmente em faixa, epigástrica com irradiação para o dorso e/ou ombro, náuseas e vômitos, distensão abdominal e icterícia; Ao exame físico: dor a palpação no epigástrio, distensão abdominal, RHA ↓ ou ausentes; LABS: ↑ amilase, ↑ lipase (+ específica para PA; se normal não exclui dx), leucocitose, hemoconcentração, ↑PCR, hipocalcemia, ↑ DHL, hipoxemia, BT levemente ↑ em 50% dos casos; ↑ TGP; Dx: 2 de 3: (1) dor abdominal consistente com PA; (2) amilase e/ou lipase maior que 3x o limite superior da normalidade; (3) achados característicos em exame de imagem abdominal; Exames de imagem: Rx de Abdome Agudo – descartar quadros perfurativos, US abdominal, TC de abdome (padrão ouro), RM de abdome, CPRE, US endoscópico. TTO: jejum, hidratação e analgesia, uso de ATB em caso de pancreatite grave; Complicações: necrose pancreática, pseudocisto pancreático, coleções peripancreáticas; pseudoaneurisma. Paciente Ictérico Envolvimento hepático Causas mais comuns Pré-hepático Hemólise, eritropoiese ineficaz, transfusões maciças, absorção de grandes hematomas. BILIRRUBINA INDIRETA Intra-hepático Hepatites, conjugação, secreção nos canalículos hepáticos. BILIRRUBINA INDIRETA E BILIRRUBINA DIRETA Pós-hepático Bloqueio dos canais biliares pós-hepáticos (colestase). BILIRRUBINA DIRETA Causa benigna mais comum de icterícia é coledocolitíase; FA é o marcador extra-hepático mais fidedigno de obstrução do canal biliar; Colestase extra-hepática: o Por doença benigna: coledocolitíase, iatrogênica, trauma, cistos, Síndrome de Mirrizzi – vesícula senta sobre o colédoco. o Por doença maligna: tumores malignos de vias biliares: tumor de vesícula, colangiocarcinoma, tumores periampulares (Pâncreas – mais comum, mais agressivo, pior prognóstico), colédoco, papila e duodeno); Abordagem diagnóstica: o Anamnese: acolia, colúria, perda de peso; o E.F: massa palpável, dor em HD, conjuntivas e pele amareladas, prurido, Sinal de Couversier Terrier; o Sinais de alerta para neoplasias: idade avançada, perda de peso, dor progressiva, anemia, icterícia progressiva, massa palpável, história familiar; Coledocolitíase: Adulto jovem, colelitíase prévia, hígido; Dor biliar, associada de icterícia além de colúria e acolia fecal; LABS: hiperbilirrubinemia, FA e GGT ↑; transaminases ↑; TTO: Retirada dos cálculos por CPRE e papilotomia endoscópica; Compliações: colangite bacteriana aguda, abcesso hepático piogênico, pancreatite aguda biliar e cirrose biliar secundária. Tumores Periampulares: Tumor de Papila: Adenocarcinoma, melhor diagnóstico; Icterícia flutuante; Papila duodenal; Complicações: hemorragia; Dx: CPRE com biópsia. Tumor de Colédoco Distal: Colangiocarcinoma distal; Icterícia progressiva; BD acima de 10; Dilatação das vias biliares; Dx: colangioressonância. Tumor de Duodeno: Adenocarcinoma; Obstrução intestinal e icterícia; Complicação: hemorragia; Dx: EDA Tumor de Cabeça do Pâncreas: FR: tabagismo; Icterícia progressiva, emagrecimento, dor, prurido, hepatomegalia, Couversier Terrier, Colangite; ↑FA, BT>10, CA 19-9; TC: padrão ouro. Dilatação da VB, dilatação do Virsung, invasão, metástases, etc. Cirurgia Bariátrica Indicações para cirurgia bariátrica: idade mínima 16 anos e máxima depende da condição clínica do paciente, entendimento de todos, obeso há mais de 5 anos, ter tentado tratamento clínico por pelo menos 2 anos, IMC > 40 kg/m2, independentemente da presença de comorbidades e IMC entre 35 e 40 kg/m2 na presença de comorbidades. Causas: hábitos alimentares, transtornos psiquiátricos, hereditário, fatores ambientais, etc. IMC Diagnóstico < 18,5 Baixo peso 18,6 a 24,9 Peso normal 25 a 29,9 Pré-obesidade (sobrepeso) 30 a 34,9 Obesidade leve 35 a 39,9 Obesidade moderada 40 a 49,9 Obesidade severa 50 ou mais Superobesidade Consultas pré-operatórias: cirurgião, clínico,cardiologista, psiquiatra, psicólogo e nutricionista. Exames pré-op: EDA, espirometria, US abdome total, RX de tórax, ECG, hemograma, eletrólitos, coagulograma, glicemia, perfil lipídico, enzimas hepáticas, ureia e creatinina, ácido úrico, albumina, ácido fólico, vitamina B12, ferro, ferritina, TSH, T4 livre, PTH, 25 (OH) vitamina D3, sorologias para hepatite B,C e HIV, beta-HCG para mulheres em idade fértil. Tecnicas cirúrgicas: o Cirurgias Restritivas: Bandagem gástrica ajustável: dura 6 meses; indicações: cirurgia em 2 tempos, alto risco cirúrgico, coadjuvante na perda de peso. Gastroplastia vertical com bandagem o Cirurgias Mistas: o Predominantemente disabsortivas: Derivação biliopancreática com gastrectomia horizontal, com ou sem preservação gástrica distal; Derivação biliopancreática com gastrectomia vertical e preservação pilórica; Predominantemente restritivas: Derivações gástricas em “Y de Roux”, com ou sem anel de contenção: padrão ouro. Complicações: fístula gastro-entero/jejuno anastomose, embolia pulmonar, queda de cabelo, deficiência de vitaminas. Abdome Agudo Dor abdominal súbita, de duração mínima >6h, intraperitoneal; 5 tipos: inflamatório, perfurativo, obstrutivo, hemorrágico e vascular. SNG: secreção biliosa → obstrução alta; secreção fecaloide → obstrução baixa. Afecções que podem simular abdome agudo: Pneumonia de base, derrame pleural, causas cardíacas, aparelho geniturinário, aparelho GI (TB, gastroenterite aguda), hematológico (anemia falciforme), metabólico (DM, uremia), colangenoses (LES). Abdome Agudo Inflamatório: Causa mais comum não cirúrgica: pancreatite e cirúrgica: apendicite. Dor de início agudo, média intensidade, progressiva; queda do estado geral; náuseas e vômitos; febre; Bloomberg positivo (irritação peritoneal); Hemograma infeccioso (células jovens → desvio à esquerda); DIP (leucocitose, sinal de Douglas); gravidez ectópica; apendicite; cisto roto de ovário; torção ovariana; ITU; cálculo renal; diverticulite (idoso, dor em FIE e febre baixa); colangite (tríade de Charcot– febre, icterícia e dor em FID, se + confusão mental e choque = Pentade de Reynolds); Cólica biliar não é abdome agudo por causa do tempo de evolução! Dx: anamnese e E.F.; LABS: hemograma, EQU, B-HCG, amilase, Rx de Abdome Agudo (tórax PA, abdome ortostático e abdome decúbito dorsal), ECO. Apendicite Aguda: Dx é clínico e tratamento é cirúrgico. Bloomberg + Dor em FID, progressiva; inapetência; febre baixa; leucograma infeccioso; RX: alça em sentinela ou fecalito; ECO: imagem tubular fixa em FID; TC com contraste: padrão ouro de Dx por Imagem; Pancreatite aguda: Tratamento: hidratação, analgesia, jejum e ATB se grave. Ver acima em Pancreatite Aguda. Diverticulite: Dor em FIE; febre; idoso com leucocitose e prostração; Colonoscopia é contraindicada na fase aguda. Melhor exame: TC de abdome; Tratamento: ATB e hidratação; Abdome Agudo Perfurativo: Pneumoperitôneo; Posição antálgica; Abdome em tábua; Defesa involuntária da parede abdominal; Forte intensidade; Situações: úlcera perfurada, divertículo perfurado, víscera oca perfurada, apendicite perfurada, tumor perfurado; Rotina: Rx de Abdome agudo, hemograma, amilase, B-HCG, EQU; Abdome Agudo Obstrutivo: O intervalo entre os sintomas e procura ao atendimento é variável; Dores em cólica; náuseas e vômitos; ↑ RHA; ↑ volume abdominal; parada de eliminação de fases e fezes; palpação flácida, mas dolorosa difusamente; peritonite quando sofrimento de alças; Exemplo mais comum: bridas/aderências, neoplasia, volvos, hérnia interna, fecaloma, bola de áscaris. RX de abdome agudo: empilhamento de moedas, nível hidroaéreo. Peristalse é o maior sinal de viabilidade de alças. Testa-se dando um peteleco. Pode-se colocar soro fisiológico aquecido em gazes ao redor das alças para ocorrer vasodilatação. Abdome Agudo Hemorrágico: Intervalo entre os sintomas e a procura médica é curta; Dor de início súbito com difusão precoce, sinais de hipovolemia e choque; Hematócrito e Hb baixos; Sinais de irritação peritoneal Etiologia: Aneurisma de aorta roto (sudorético, massa pulsátil), cisto de ovário roto, gravidez ectópica. Abdome Agudo Vascular/Isquêmico: Dor pós-alimentar (angina mesentérica) → isquemia → trombose/necrose; Dor muito maior do que achados do exame físico; ausência de RHA; História previa de arteriopatia crônica, IAM, AVC, claudicação, FA; Eliminação de líquido necrótico; Hérnias Protrusão anormal de um órgão ou tecido por um defeito de suas paredes circulantes. Redutível: quando seus conteúdos podem ser reposicionados por entre a musculatura. Irredutível ou encarcerada: não pode ser reduzida. Estrangulada: tem suprimento sanguíneo comprometido. Hérnia externa: faz protrusão através de todas as camadas da parede abdominal. Hérnia interna: protrusão do intestino através de um defeito na cavidade peritoneal. Hérnia mais frequente é a inguinal indireta. O que fazer com hérnia encarcerada? Posição de trendelemberg + relaxar (analgesia) + hidratação + tentar redução. Se houver sinais de estrangulamento (sinais indiretos: febre e leucocitose): cirurgia de urgência. Hérnias Inguinais: Indiretas: o saco herniário passa do anel inguinal interno obliquamente em direção ao anel inguinal externo e por fim para o escroto. Diretas: é medial ao anel inguinal interno e aos vasos epigástricos inferiores. 75% das hérnias ocorrem na região inguinal. Destas, 2/3 são indiretas e 1/3 são diretas. A hérnia inguinal indireta é mais comum no lado direito; A prevalência das hérnias inguinais aumenta com a idade; Triângulo de Hasselbach: refere-se às margens do assoalho do canal inguinal. Os vasos epigástricos inferiores funcionam como sua margem súperolateral, a bainha do reto como margem medial e o ligamento inguinal como a margem inferior. Hérnias diretas ocorrem no triângulo de Hasselbach, enquanto hérnias indiretas originam-se lateralmente ao triângulo. TTO: a cx é recomendada para evitar o encarceramento e estrangulamento. Hérnias femorais: Ocorre pelo canal femoral, que é limitado superiormente pelo trato iliopúbico, inferiormente pelo ligamento de Cooper, lateralmente pela veia femoral e medialmente pelo ligamento Lacunar. A incidência de estrangulamento nas hérnias femorais é alta; portanto, toda hérnia femoral deve ser reparada. Complicações: Retenção urinária, ITU, orquite, infecção do sítio cirúrgico, neuralgia, dor, seroma, recidiva. Hérnias ventrais: Protrusão através da fáscia da parede abdominal anterior. Hérnia epigástrica ocorre entre o processo xifoide e o umbigo; Hérnia umbilical ocorre no umbigo; nas crianças, são congênitas e tende a fechar até por volta dos 2 anos; nos adultos, é adquirida e mais comum em mulheres e em pacientes com condições que aumentam a pressão intra-abdominal; Hérnia hipogástrica ocorre abaixo do umbigo, na linha média; Fatores relacionados à formação de hérnias ventrais: obesidade, idade avançada, sexo masculino, apneia do sono, enfisema e prostatismo. Hérnias incisionais: Ocorrem como resultado de tensão excessiva e cicatrização inadequada de uma incisão prévia, que em geral se associa com infecção do sítio cirúrgico; Aumentam ao longo do tempo, provocando dor, obstrução intestinal, encarceramento e estrangulamento; Obesidade, gravidez, desnutrição, idade avançada são fatores predisponentes. Doença do Refluxo Gastroesofágico Hérnia hiatal (50-90%): prejudica função do EEI e do clareamento ácido; Quadro clínico: pirose, regurgitaçãoácida, disfagia, odinofagia, náuseas, vômitos, eructação, manifestações extraesofágicas; Dx: Curso empírico de supressão ácida, EDA, pHmetria; Complicações: esôfago de Barret, estenose péptica, úlceras e sangramento; Barret: metaplasia intestinal (Ep escamoso → Ep colunar), risco aumentado de adenocarcinoma; TTO: modificações do estilo de vida + farmacológico. o Pró-cinéticos, Agonistas receptores H2, IBP; o Cx – Fundoplicação de Nissen por via laparoscópica: indicado para pacientes intolerantes à terapia farmacológica ou receosos por efeitos adversos, com sintomas aspirativos ou de regurgitação volumosa e pacientes jovens com estenose péptica recorrente. Esta abordagem preconiza o envolvimento completo (360º) do esófago distal pelo fundo gástrico, com passagem do fundo posteriormente ao esófago, formando uma válvula anti-refluxo. Câncer de Esôfago Podem ser classificados em carcinoma epidermoide (ou escamoso) e adenocarcinoma; Carcinoma Epidermoide é derivado do epitélio estratificado não-queratinizado, característico da mucosa do esôfago. Trata-se do tipo histológico mais comum e ocorre frequentemente em homens a partir dos 50 anos. Acomete principalmente os terços médio e inferior. Correlaciona-se com álcool e tabaco. Adenocarcinoma surge na parte distal do esôfago na presença de DRGE crônico e metaplasia (esôfago de Barret). Fatores de risco são: obesidade, tabagismo, DRGE e metaplasia; A disseminação do carcinoma de esôfago pode ocorrer por contiguidade, via linfática, hematogênica e intramural. O aparecimento de linfonodos endurecidos, palpáveis na fossa supraclavicular (nódulo de Troisier- Virchow) e na axila (nódulo de Ireland) geralmente indica doença metastática; O exame radiológico de duplo contraste é útil para o estudo do relevo mucoso e permite diagnosticar 70% dos tumores superficiais e mais de 90% da totalidade de casos tumorais; A esofagoscopia complementada pela biopsia e citologia constitui o melhor método diagnóstico do câncer de esôfago; A presença de disfagia, odinofagia, desconforto retroesternal, dor epigástrica, náuseas e anorexia sugerem a existência de carcinoma esofágico; Estadiamento: EDA, TC de tórax e abdome, Broncoscopia (tumores acima da carina); exames laboratoriais; TTO: infelizmente a maioria dos pacientes já chega ao cirurgião apresentando invasão tumoral local ou metástases em outros órgãos; No caso do paciente incurável e cirurgicamente irressecável, os principais problemas consistem em disfagia, desnutrição e controle das fistulas traqueoesofágicas, a abordagem paliativa inclui dilatação endoscópica seriada, colocação cirúrgica de gastrostomia ou jejunotomia para hidratação e alimentação, colocação de endoprótese de metal expansiva para manter-se a luz patente o ocluir fístula; Para outros estágios pode ser realizada quimioterapia, radioterapia, ressecção cirúrgica. Câncer de Vias Biliares A incidência de câncer da vesícula biliar aumenta com a idade e atinge o ápice na sétima década; Fatores de risco: litíase biliar, lesões polipoides da vesícula biliar, anomalias na junção do ducto biliopancreático, cistos de colédoco, infecções bacterianas, vesícula biliar em porcelana, adenomiomatose, colangite esclerosante primária e outros; Cerca de 60% dos casos de câncer da vesícula biliar são originados no fundo da vesícula biliar, enquanto 30% ocorrem no corpo e 10% no colo; 85-90% dos casos de câncer da vesícula biliar é adenocarcinoma de células escamosas e carcinoma adenoescamoso; Os adenocarcinomas são divididos em papilar, tubular e variante nodular; O carcinoma papilar cresce dentro da luz da vesícula biliar e tem comportamento menos agressivo. Os carcinomas papilares são menos prováveis de invadir o fígado e apresentam menor incidência de metástase linfonodal; A vesícula biliar pode ser local de metástase distante de outro câncer primário, como o de pulmão e o melanoma. Os cânceres mais comuns são os tumores metastáticos; Quadro clínico do câncer da vesícula biliar é semelhante às doenças benignas da vesícula biliar (colelitíase) e de lenta progressão; quando presente, pode caracterizar-se por dor abdominal difusa e persistente ou em HD, náuseas e vômitos, icterícia, que, associada à febre, pode simular colecistite aguda, anorexia e perda de peso; Os sintomas constitucionais, a ascite e a massa palpável são indicativos de doença avançada e pobre prognóstico; os sintomas podem ter duração variável, de dois meses a três anos, dependendo do local e da extensão da lesão (tumor de crescimento intraluminal ou infiltrante); E.F: pode ser detectada icterícia, por invasão do colédoco, compressão de linfonodos pericoledocianos ou invasão hepática; massa assimétrica palpável e indolor em hipocôndrio direito (sinal de Curvoisier); ascite; linfadenopatia periumbilical (nódulo da Irmã Maria José); adenopatia supraclavicular esquerda (nódulo de Virchow); massa palpável ao toque retal (“prateleira de Blumer”); Suspeita clínica: sexo feminino, >60 anos, crescimento rápido, VB escleroatrófica, espessamento irregular da parede de VB, cálculo intraluminal fixo, linfoadenomegalia regional e isoecogenicidade com o parênquima hepático; LABS: os achados são inespecíficos; as anormalidades na função hepática são o achado mais comum (↑ FA, BD, TGO E TGP) em mais de 50% dos pacientes; tipicamente, o paciente apresenta hipoalbuminemia (< 2g/dL) e pode apresentar níveis de hemoglobina abaixo de 11g/dL; marcadores tumorais como CA 19-9, o CA 125, o CA 242 e o CA 15-3 podem ser usados; US de abdome é a primeira escolha (dados ultrassonográficos que falam a favor de CA: cálculo único, fixo e no fundo da vesícula, massa intraluminal ou que invade a vesícula biliar e descontinuidade do foco ecogênico da mucosa, dilatação dos ductos biliares intra-hepáticos); para caracterização de lesões potencialmente malignas e procura de metástases usamos RM ou TC de abdome; ecoendoscopia demonstra valor diagnóstico para avaliar a profundidade da lesão sobre as camadas da vesícula biliar (mucosa, muscular da mucosa e serosa) e para diagnóstico diferencial; O câncer da vesícula biliar apresenta três perfis de apresentação radiológica: espessamento focal ou difuso e/ou irregularidade da parede da vesícula biliar, com ou sem colelitíase; massa polipoide originada da parede da vesícula biliar e projetando-se no seu lúmen (um quarto dos casos); massa que ocupa a vesícula biliar, que frequentemente invade o fígado, e que permanece imóvel com a mudança de decúbito – mais comumente encontrada; A sobrevida do paciente depende da capacidade de se alcançar a ressecção curativa (R0); a agressividade do tumor da vesícula biliar e seu padrão de crescimento implicam a necessidade de uma cirurgia extensa; A decisão de se realizar ou não a ressecção deve ser fundamentada na avaliação do tumor primário e no envolvimento nodal; TTO cirúrgico: TTO paliativo: hepaticojejunostomia em Y de Roux em pacientes selecionados pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes com doença irressecável; icterícia por insuficiência hepática não é passível de paliação; obstrução gástrica deve-se realizar gastrojejunostomia; a opção por tratamento não cirúrgico inclui a colocação de próteses endoscópicas e de sondas de alimentação; em pacientes assintomáticos com estenoses complexas, o melhor tratamento é evitar procedimentos invasivos; TTO adjuvante: tratamento adjuvante, embora controverso, é indicado para pacientes com tumores periampulares com fatores de alto risco de recidiva como linfonodos positivos ou ressecção R1; TTO quimioterapia: pode ser utilizado como tto paliativo. Câncer Hepático Carcinoma hepatocelular (CHC) é o tumor primário de fígado mais comum; Fator de risco: cirrosehepática. Vírus da hepatite B e C, álcool e hemocromatose hereditária; Tríade clássica: o dor em quadrante superior direito do abdome (QSDA); aumento do volume abdominal e perda de peso; Manifestações paraneoplásicas: febre, leucocitose, caquexia, eritrocitose, ↑Ca, síndrome carcinoide, hipoglicemia, porfiria cutânea tardia. As transaminases, bilirrubinas, FA e GGT e leucometria global podem estar ↑; Rastreamento (deve ser realizado de 6/6 meses nos pacientes cirróticos): o Alfafetoprotetína >20ng/ml em paciente com cirrose hepática sugere CHC. Também se encontra aumentada nas metástases hepáticas, tumores de testículos ou ovários e gravidez. Valor >400ng/mL em um paciente cirrótico tem elevada especificidade para CHC; o US abdominal: lesões pequenas são tipicamente HIPOECOICAS em relação ao restante do parênquima hepático, com o tempo, as lesões tornam-se HIPERECOICAS, embora comumente produzam um halo hipoecóico; ao Doppler, nota-se uma vascularização arterial; o TC helicoidal é o padrão ouro na detecção de câncer; TTO: o Ressecção (Hepatectomia Parcial): indicada para hepatocarcinomas em não cirróticos (em portadores do VHB) e em cirróticos Child A (alguns Child B). Se o tumor não for grande puder ser retirado com margens de segurança de 1cm, sem comprometer a função hepática; invasão do pedículo vascular e as metástases à distância contraindicam a ressecção e o transplante curativo; deve ser evitada em pacientes c/ hipertensão portal; o Transplante: hepatocarcinoma em pacientes c/ cirrose (Child B ou C), que tem > disfunção hepática; lesão única ≤5cm ou lesão múltipla até 3 lesões, todas ≤3cm e sem invasão do pedículo vascular; Casos que não podem nem ser ressecados nem submetidos ao transplante, existem 4 métodos: o Injeção Intratumoral de Etanol: indicado p/ TU únicos <5cm de diâmetro. Ablação por Radiofrequência: melhores resultados são para TU <3-5cm; Termoablação: reúne 2 modalidade diferentes (termorregulação por laser: utiliza calor para destruir as células neoplásicas; e Crioablação: uma sonda é introduzida no TU, lançando nitrogênio líquido ou gás argônio em temperaturas muito baixas) - esse último tbm pode ser utilizado em TU maiores; Embolização Transarterial: opção paliativa, indicada p/ TU irressecáveis grandes (>5-10cm) ou multifocais, não candidatos as demais terapias ñ cirúrgicas locais. Pacientes com baixa reserva funcional hepática (Child B ou C) ou com trombose de veia porta não devem ser embolizados. Carcinoma Fibrolamelar: É uma variante do hepatocarcinomas, acomete jovens (5-35 anos) de ambos os sexos; Apresenta-se com uma massa abdominal, algumas vezes dolorosas; AFP normal, pode haver pseudo-hiperparatireoidismo com hipercalcemia; US demonstra lesões hiperecóicas homogêneas, TC evidencia lesão hipodensa, a qual capta avidamente contraste. Pode haver calcificações; RM: mostra o tumor isointenso em T1 e hipointenso em T2. Uma cicatriz central calcificada pode ser encontrada; Prognóstico: é melhor do que em outras formas de CA hepático; Sobrevida de 32 a 62 meses, embora possa piorar na presença de metástases para linfonodos regionais; TTO: cirúrgico, através de ressecção ou transplante. Metástases hepáticas: São muito mais comuns do que os TU primários do fígado; + comuns: CA colorretal, pulmões, mamas, TU malignos urogenitais, TU neuroendócrinos no TGI; As metástases se apresentam com múltiplas pequenas lesões de tamanho semelhante; CHC e colangiocarcinoma possuem uma lesão dominante circundada ou não por pequenas lesões satélites; US, TC e RM identificam facilmente as metástases hepáticas. Confirmação diagnóstica através do exame histológico a partir da biópsia hepática guiada por um dos métodos; Maioria das vezes, a presença de metástases hepáticas representa doença em estado avançado à prognóstico ruim e poucas opções terapêuticas; Carcinoma metastático colorretal e as metástases hepáticas de tumores neuroendócrinos constituem exceções. Pois, a ressecção de metástases, nesses casos, pode ser curativa. Câncer de Pâncreas Predomina em idosos (7-8ª década de vida); mais comum em negros; Fatores de risco: tabagismo, solventes e derivados do petróleo, obesidade, sedentarismo, diabetes melitos, pancreatite crônica hereditária, síndrome de Peutz-Jeghers, Síndrome de Linch, etc. 70% localiza-se na cabeça do pâncreas, 20% no corpo e 10% na cauda; 95% dos cânceres se originam no epitélio ductal (adenocarcinoma de células ductais), na porção exócrina do pâncreas. Adenocarcinoma de células acinares é raro e tem mau prognóstico; Tríade do câncer da cabeça do pâncreas: perda de peso, dor abdominal (epigástrica, constante, que se irradia para o dorso e pode ser precipitada ou piorada após a alimentação) e icterícia colestática; E.F: icterícia, vesícula biliar palpável, caquexia e desnutrição, massa abdominal e/ou ascite, hepatomegalia, etc; US abdominal é o exame primário de investigação, pode demonstrar dilatação das vias biliares; TC de abdome com contraste é o exame de escolha na suspeita de câncer de pâncreas é capaz de detectar lesões malignas pancreáticas em até 90% dos casos; CPRE é utilizado nos casos suspeitos na ausência de massa demonstrada por TC, sinal do duplo ducto (dilatação pré-estenótica do colédoco e do Wirsung) é “patognomônico” de Ca; PAAF é o método de escolha para a pesquisa histológica do tumor; etc TTO: o O ressecamento do tumor é o único tratamento curativo; Contraindicações: metástases fígado e peritônio, linfonodo de Virchow, irmã Maria-José, prateleira de Blummer, acometimento de veia mesentérica superior e porta; o Tumores da Cabeça do Pâncreas: tratados com CIRURGIA DE WHIPPLE: Resseção da vesícula viliar, colédoco, 15cm proximais do jejuno, todo o duodeno, estomago dista e piloro e cabeça do pâncreas até o nível da veia mesentérica superior; o Tumores de Corpo e/ou Cauda do Pâncreas: taxa de ressecabilidade é em torno de 7%; nos raros candidatos à cirurgia curativa: a pancreatectomia distal subtotal e esplenectomia em bloco; o Tratamento Neoadjuvante: QT + RT pode proporcionar ressecções completas de tumores e maior sobrevida em casos selecionados. É utilizado Gemcitabina ou 5FU + RT; o Tratamento Paliativo: acaba sendo o método indicado para a maioria dos pacientes, o tratamento visa controlar os sintomas causados por tumores irressecáveis ou recidivantes pós-ressecção: Icterícia obstrutiva (trata pelo alívio do prurido): Colocação de endopróteses ou stents pela CPRE Obstrução duodenal: gastrojejunostomia + coledocojejunostomia Dor: inicialmente tratada com analgésicos. Nos casos de dor refratária, o bloqueio do plexo celíaco pode ser feito através de cirurgia ou guiado por US ou radioscopia QT + RT Câncer Gástrico No Brasil, o câncer gástrico é o quarto tumor maligno mais frequente entre os homens e sexto entre as mulheres; Em ambos os gêneros, a incidência aumenta a partir de 35-40 anos; Fatores de risco: infecção gástrica pelo Helicobacter pylori; idade avançada e gênero masculino; hábitos de vida como dieta pobre em produtos de origem vegetal, dieta rica em sal, consumo de alimentos conservados de determinadas formas, como defumação ou conserva na salga; exposição à drogas, como o tabagismo; associação com doenças, como gastrite crônica atrófica, metaplasia intestinal da mucosa gástrica, anemia perniciosa, pólipo adenomatoso do estômago, gastrite hipertrófica gigante e história pessoal ou familiar de algumas condições hereditárias, como o próprio câncer gástrico e a polipose adenomatosa familiar; álcool; O tipo histológico mais comum (mais de 90% dos casos) é o Adenocarcinoma; Localização anatômica: canal pilórico e antro, 35-50%; corpo, 15-30% e cárdia, 30-40%; Manifestações clínicas:perda de peso, dor abdominal, náuseas, anorexia, HDA, disfagia, plenitude pós- prandial, massa palpável; LABS: Anemia; sangue oculto nas fezes; hipoproteinemia; alterações das provas de função hepática: ↑ FA E GGT, ↑ Gastrina sérica; Dx por imagem: Seriografia Esôfago Gastroduodenal com contraste: é capaz de diagnosticar o CG em 80%- 99% dos casos; EDA: padrão-ouro quando associado a múltiplas biópsias e são retirados pelo menos dez fragmentos; US endoscópica: tem como objetivos o estudo da parede gástrica, avaliação de adenomegalias e invasão de estruturas adjacentes; TC de abdome: eficiente para o diagnóstico de comprometimento extragástrico, principalmente fígado e baço. Isso também ocorre quando se objetiva investigar a ressecabilidade e a invasão de órgãos adjacentes; etc TTO: A cirurgia indicada para os tumores do antro gástrico é a gastrectomia subtotal com ressecção a D2. A reconstrução mais utilizada atualmente é a Y de Roux; Para tumores do corpo e fundo gástrico utiliza-se a gastrectomia total com reconstrução à Y de Roux; Quando o tumor se situa na cárdia ou invade o esôfago distal, a gastrectomia total deve compreender também a ressecção do segmento distal do esôfago; Tumor Gastrointestinal (GIST): Compreendem cerca de 1% a 3% dos tumores malignos do trato gastrointestinal; O sítio mais frequente é o estômago (50%), seguido do intestino delgado (25%); São provenientes das células intersticiais de Cajal; Fatores de risco: síndromes autossômicas dominantes, como neurofibromatose tipo1 e síndrome da tríade de Carney (GIST, paraganglioma e condroma pulmonar); Dx: exame clínico, EDA , TC e imunohistoquímica; TTO: Ressecção cirúrgica é o padrão; na doença metastática podemos utilizar o Imatinib.
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