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Resenha de O grão e o casco

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BEZERRA, Edimilson Rosa. O Grão e o Casco: representações e práticas da colonização no sul do Maranhão na primeira metade do século XIX. 2010. 185f. Tese (Mestrado em História) – Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, GO, 2010.
É notório no texto que o autor busca explicar o atual contexto social em que o Maranhão, principalmente a região sul, vive, pois a política separatista que busca uma criação de um novo estado é uma reivindicação Histórica. Pois, desde o final do século XVIII encontra-se pedidos da formação do Maranhão do sul. De acordo como autor ele tenta explicar a colonização, “tendo como epicentro as duas “frentes”, tanto a litorânea, quanto a que veio pelo interior – com ênfase nesta última que, ao relacionar-se com aquela, se mostrou portadora de um dinamismo autônomo.” (ROSA, 2010:12) com isso busca analisar o interior que sempre mostro ter características autônomas em relação ao litoral. 
O autor faz uma descrição detalhada da geografia do Maranhão, com ênfase na região de Pastos Bons, que tem esse nome por causa de suas pastagens sempre verdejantes advindas do clima equatorial. “Os pastos bons, pela fartura de massa verde e pela abundância de águas, apresentavam-se aos pioneiros colonizadores do sul do Maranhão, como verdadeiro oásis.”
(ROSA, 2010: 36) Rosa deixa bem claro que a grande motivação da colonização do sul era, para seguir o caminho do gado, pois como dito o sul era um lugar de fartura para o gado.
	O autor relata de forma sucinta a divisão política da região maranhense desde a época que ela fazia parte do Estado do Grã-Pará a sua atual formação em 1772. Em seguida ele relata sobre as guerras que ocorreram entre portugueses e franceses ou contra os holandeses e por fim as guerras justa que caçavam os povos silvícolas. Em suma, “o centro destes conflitos entre os colonizadores, nas duas primeiras guerras, estava na disputa pelo poder político e material da região. As outras duas tinham como epicentro a disputa pela mão-de-obra indígena.” ( ROSA, 2010: 38) O projeto fracassou, com exceção do jesuítas que ficaram como índios.
	Com a derrota, Sá de Meneses cria a companhia de comércio Grã-Para e Maranhão que por sua péssima atuação acaba provocou a revolta de Beckman. Três décadas depois da revolta a família do Marques de Pombal cria a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão.
	Após esse resumo das políticas empregada no Maranhão o autor fala da escravidão do nativo que segundo ele foi utilizado para as lavouras do norte. Ele fala da atuação dos jesuítas que apesar dos discursos acalorados de padre Antônio Vieira contra a captura de índios o autor não deixa de ressalta os interesses econômicos dessa ordem, vejamos que o autor tem um posicionamento marxista sobre o assunto, que eles não lutavam contra a escravidão do homem e sim uma troca do índio pelo negro, “as almas seriam educadas gradualmente pela catequese e por um longo e lento processo de adaptação do modo Europeu.”(ROSA, 2010:39) eles queriam converter os índios a fé católica .
	Rosa deixa bem claro que os jesuítas foram atrás dos silvícolas não por sua condição humana, mas pelo seu alto potencial de mão-de-obra que aliais sempre teve alguém que o ensinasse. Os jesuítas foram um concorrente do estado forte e que buscou seus próprios interesses.
	A própria intensão de Pe. Antônio Vieira em seus sermões é esclarecido pelo seu biógrafo João Lisboa, 
“este era o trunfo de Vieira para montar o império jesuíta em exploração dos mesmos povos no Maranhão e que tal elemento discursivo se constituía numa ferramenta de luta pelo poder na Capitania entre a elite local e sua Companhia onde ele era o grande líder” (ROSA,2010 : 41)
Ou seja a política de escravização do índio foi disputada tanto pelo governo como pela a Igreja.
	Em relação a sociedade do início do século XIX ele usa os relatos de um homem chamado de Gaioso que “havia chegado ao Maranhão para cumprir pena de degredo (crime de falsidade) em 1787” (ROSA, 2010: 50) ele apesar de ser um degredado em sua pátria-mãe era muito estimado ao ponto que veio com uma carta de recomendação da rainha que evitava que lhe fizessem algum mal.
	Ele descreve que a sociedade era disposta em cinco classes, em que os filhos de Portugal era os mais ricos e poderosos, na segunda classe os descendentes desses senhores portugueses que eram também muito abastado, o mestiço ou mulato na terceira classe, o negro na quarta classe e o índio na quinta. Com isso, é interessante notar que Gaioso ou o autor, bezerra Rosa, deu uma conotação estamental a sociedade desse período.
	Visto que, a fortuna, por mais cobiçada que seja, não igualava os ricos nascidos na colônia com os que vieram de Portugal.
Os descendentes destes, os nacionais, formam a segunda classe. Muitos
destes nacionais por serem descendentes diretos dos conquistadores, ou
de famílias distinta do reino possuem grandes riquezas; já a grande maioria
destes por “impossibilidade de occupar aquelles empregos principaes, e
distinçoens que o coração humano sempre cobiça, abatem nelles de tal
sorte toda a actividade, que a maior parte delles vive retirada huma grande
porção do anno nas suas fazendas. [...] são huns meros disfructadores de
huma pequena parte do producto de sua lavoura (GAIOSO apude ROSA, 2010: 48).
	
O próprio autor identifica que que a maior parte dos lucros ia para os da primeira classe e os nacionais era sempre prejudicados.
	A forma de produção estava centrada no capital mercantil, o Estado metropolitano e o grande proprietário rural, coordenado pela dinâmica do primeiro. De início, segundo o autor, produzia-se arroz para o consumo interno com o tempo, em substituição ao trigo, começou a exportar para Portugal. Em seguida por causa da revolução industrial o maranhão tornou-se produtor de algodão no final do século XVIII para abastecer as fábricas inglesas.
	Os latifundiário eram muitíssimo ricos porem existia uma massa de miseráveis muito grande e muitos aventuravam - se nos sertões em busca de terras e riquezas, porem, essa atitude era muito arriscada por que o individuo estaria fora do alcance do estado e de seu parâmetros legais.
	Foi nesses espaços distantes que se passou outra história da colonização. O que parecia suicido para a elite, se constituía como um projeto visionário altamente estratégico para os sem-nada materialmente, pela liberdade de ajuizar a seu favor. Isso e demonstrado pela sofisticação de violência se dera nas várias guerras enfrentadas no Maranhão, e para esse projeto se efetiva adotou-se prontamente os hábitos cotidianos dos povos indígenas.
	Assim através do confronto de classe, nesse momento e nítido a visão marxista do autor, a região sul do estado do Maranhão começou a ser colonizada por pessoas ávida por liberdade e fortuna.
	Em relação a vida no sertão bezerra rosa nos mostra como era a vida no sertão, baseado no sistema de arrendamento isso ocorria porque Registra-se que a maioria dos que possuíam terras no Piauí viviam em cidades ou vilas afastadas das propriedades ou em geral em Salvador. Resulta daí a autonomia política dos arrendatários da Capitania, ou como já se viu, no conflito, a Coroa procurou vincular essa região à Capitania do Maranhão. Sobre as estruturas interna ele fala que a vida nas fazendas era repleta de escravos ao contrário do que se pensava.
	E que o uso da terra era bem diversificada, para explicar melhor, ele uso a fala de Silva para resumir como as propriedade era trabalhada.
Podemos delinear, assim, quatro grandes formas de posse e uso da terra
na área de dominância da pecuária sertaneja: a. a grande propriedade, de
origem sesmarial, com exploração direta e trabalho escravo; . sítios e
Situações, terras arrendadas por um foro contratual, com gerência do foreiro
e trabalho escravo; c. terras indivisas ou comuns, de propriedade comum –
não são terras devolutas, nem da Coroa–, exploração direta, com caráter de
pequena produção escravista ou familiar, muitas vezes dedicada à criação
de gado de pequenoporte; d. áreas de uso coletivo, como malhadas e
pastos comunais, utilizados pelos grandes criadores e pelas comunas
rurais. (SILVA apud ROSA, 2010: 84)
Isso tornava a economia bem diversificada, pois circulava bem de diferentes sortes, por exemplo, o gado. O interessante é que muitos dos fazendeiros não administravam suas fazendas por considerarem o trabalho aviltante, não cuidavam da administração de suas posses.
	Em geral a fazenda dispunha de um aglomerado como sua clientela, reunia- se
ali em espaços de léguas, meeiros, rendeiros, moradores, agregados, vaqueiros, cabras cujos laços representavam muito, pois a fazenda não controlava o processo produtivo, seu ritmo era definido pelo ciclo da natureza nas estações, inverno e verão, onde tudo se misturava. O fazendeiro era negociante e senhor.
	Visto que, negociar é uma arte e requer experiência por parte do fazendeiro para poder sair no lucro. Pois, o manejo dos negócios era travado uns com os outros misturados de tal sorte que não se resolviam facilmente. Davam-se os negócios de gado no varejo e no atacado por aqueles tortuosos acertos.
	Em relação à manada era uma logística bem mais complexa do que possa imaginar, visto que, atenção ao gado era muito importante para que ele não se perdesse. o segredo era fazer o casco” do gado logo de saída, com os primeiros dias de marcha vagarosa, partindo nas madrugadas e parando antes do meio dia e só retomando no quebrar da tarde duas ou três curtas horas, para o casco endurecer.
	O ponto mais interessante da obra é quando o autor analisa a balaiada, ele busca ver tal movimento por um olhar político da época, enfatizando a disputa pelo juiz de paz , que no fundo era uma briga por poder e auto afirmação dos independentes, entre os bem-te-vis e os saquaremas. Os independentes se reorganizam para operarem agora na legalidade estabelecida pela constituição outorgada, como oposição constitucional, pois contavam como certo alcançarem uma fatia do poder uma vez que estavam convictos que eram maioria numérica.
	Como a vitória dos bem-te-vis o partido no poder usou toda a sua influência para evitar a posse desse partido, presidente da província Vicente T. P. de Figueiredo Camargo instituiu uma lei que criou o cargo de prefeito com poderes superiores ao de juízes de Paz com atribuições para tudo, ficando o juiz apenas como autoridade figurativa. Esta lei foi criada em 26 de julho de 1838.
	Os saquaremas já que não podiam ter o cargo usaram manobras políticas para diminuir o poder do partido vencedor e torna o cargo inútil. Atentados repressivos como o que ocorreu com o juiz de paz, Raimundo Teixeira Mendes, era uma das formas de derrotar o adversário Despotismo autoritário, prisões sem crime algum, trabalhos forçados, como a capina das ruas, infligidos a bem-te-vis de destaque social para humilhá-los, por fim usado como instrumento de perseguição, extorsões do fisco, impunidade e acatamento oficial aos assassinos de Caxias e de outros municípios, os quais eram chefes governistas e matavam para se fazerem temer e suprimir bem-te-vis ousados.
	A revolta estava em cozimento desde a independência, e para ser servida, chega ao ponto na primeira quinzena em dezembro de 1838 com uma carta entre o prefeito da manga ao presidente da província que dizia da invasão da cadeia da cidade que libertou os bem-te-vis.
	O interessante é que Rosa explica como o movimento se organizou de forma sócio-política demonstrando que a balaiada não foi um movimento separatista e sim era uma reivindicação pelo estado de direito.
	Outra parte desse evento que é ressaltada no texto é a personalidade do homem do campo, pois, esta quase vocação do sertanejo para a luta, indômito e bravio, acostumado às duras lides diárias em defesa do patrimônio e da vida, torna-o um ser belicoso disposto a tudo, cuja violência foi por vezes, dirigida contra vítimas inocentes, não distintas dos culpados no calor dos embates.
O resultado desse evento no maranhão é retratado na fala de João Lisboa, que diz que que seu trabalho não adiantou muito e que apenas deu lugar a outro para fazerem a mesma coisa. Nessa agonia da sua não imanência com a prática do processo produtivo, cai em desespero traído pela certeza da dúvida. Obstruído pelo pessimismo da razão, se transforma numa placenta do nada , por lhe faltar o otimismo da prática.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA
CENTRO DE ESTUDO SUPERIOR DE IMPERATRIZ – CESI
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
DISCIPLINA DE MARANHÃO IMPERIAL
SAULO BRENO SOUSA DA SILVA 
		
 
 
	 
O GRÃO E O CASCO
IMPERATRIZ
 2016

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