Resenha do capítulo IV (a origem do capitalismo) do livro A gênese do capitalismo moderno, baseado em uma pergunta específica acerca do capital.

Como podemos pensar sobre as dimensões do capital/capitalismo a partir de um processo de longa duração e de uma análise integrada?

Pode-se destacar a partir do pensamento Weberiano um capitalismo em sua fase moderna, em um amplo processo de racionalização da cultura e da sociedade. Ou seja, enquanto fenômeno social, o capitalismo é uma das expressões da vida racionalizada da modernidade Ocidental e é similar, em sua forma racional, ao campo da política, do direito, da ciência, etc. O capitalismo, para Max Weber irá existir onde quer que se realize a satisfação de necessidade de um grupo humano, com caráter lucrativo e por meio de empresas. Uma exploração racionalmente capitalista se caracteriza por uma empresa lucrativa que controla sua rentabilidade na ordem administrativa por meio da contabilidade moderna, estabelecendo um balanço (exploração com conta de capital).

O capitalismo é um fenômeno que atravessa a história, pois a busca do lucro já pode ser localizada nas sociedades primitivas e antigas, nas grandes civilizações e mesmo nas sociedades não-ocidentais. O núcleo estruturante da atividade capitalista é a empresa, pois a separação da esfera individual da esfera impessoal da produção permite a racionalização da organização do trabalho e mesmo das atividades em gestão dessas organizações. Com base nessas premissas, pode-se afirmar que Weber acredita que o capitalismo se apresenta de formas diferentes nos diversos períodos da história e há uma condição prévia para a existência do capitalismo moderno que é basicamente a contabilidade racional do capital como norma para todas as grandes empresas lucrativas que se ocupam das necessidades cotidianas. Por isso, as condições prévias das empresas contavam com se apropriar de todos os bens materiais de produção, como: a terra, aparelhos, instrumentos, máquinas, etc. como propriedades de livre disposição.

Nesta análise, é importante transparecer os fatos externos no desenvolvimento do capitalismo, fazendo-se mister entender o que é a comercialização que significa a criação de títulos de participação das empresas, títulos da dívida pública, algo comum no Ocidente moderno.

Para a economia moderna o capital pode constituir-se em primeiro lugar com o fim de antecipar rendas, sendo a emissão de valores o meio mais racional da formação deste capital. Outro ponto relevante neste capítulo histórico é o “negócio do século”, para os grandes capitalistas que viam as guerras como formas de lucrar com o fato do Estado empreender uma guerra. Entretanto, os empresários de guerra com juros elevados, foram desconhecidos na antiguidade, o que acontecia é que quando os vassalos não estavam em condições de reunir os meios necessários o Estado recorria a um financiamento estrangeiro, a quem se prometia uma parte das presas de guerra, em troca do adiantamento. Quando o resultado da guerra era desfavorável, o interessado perdia seu dinheiro.

Existiam também condições prévias da exploração capitalista e estas eram: a apropriação dos meios concretos de produção por parte de um empresário, a liberdade de mercado, a técnica racional, o direito racional, o trabalho livre e a especulação; sendo esta última de suma importância para o capitalismo.

Com as aquisições coloniais, deu-se uma acumulação de riquezas jamais vista, os meios para este acúmulo foi: monopólio dos produtos coloniais, possibilidade de colocação das colônias (direito de transportar suas mercadorias). O Estado tirava das suas colônias lucros imediatos administrando diretamente suas riquezas.

As colônias estiveram sob o controle de dois tipos de exploração, sendo elas a feudal organizada em territórios dominados por espanhóis e portugueses, e as capitalistas, cujos domínios pertenciam aos holandeses e ingleses. O trabalho nas colônias capitalista funcionava da seguinte forma: indígenas forneciam a mão de obra necessário e mais tardado a importação do escravismo tendo uma grande importância econômica. Porém as mortalidades dos escravos eram muito altas. Além dos escravos negros, existiam os brancos semiescravos que eram os delinquentes deportados.

O acúmulo de riquezas pelo processo colonial possui escassa importância para o desenvolvimento do capitalismo moderno. O comércio internacional proporcionou uma ampla acumulação de riquezas, porém não estimulou a organização do trabalho. A escravidão significou muito pouco para a organização econômica, porém foi de grande importância no acúmulo de riquezas. Criou um grande número de rentistas, mas só uma pequena escala contribuiu para desenvolver o processo industrial de exploração e a organização capitalista.

Em suas pesquisas, Weber encontrou íntima relação do capitalismo com o protestantismo, ao afirmar que os líderes do mundo dos negócios e proprietários do capital eram protestantes. Percorrendo o caminho do protestantismo, pode-se entender melhor através do estudo dos aspectos fundamentais do sistema econômico capitalista.

Nos séculos seguintes, o capital acumulou-se por uma variedade de métodos diferentes, em uma variedade de escalas, e associado a uma grande variação na concentração de poder econômico e riqueza. O capitalismo tornou-se gradualmente o sistema econômico dominante em todo o mundo.

Grande parte da história dos últimos quinhentos anos está, portanto, preocupada com o desenvolvimento do capitalismo em suas várias formas.