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Princípios gerais do Direito Processual
01. Princípio da Ação (ou da inércia da jurisdição, ou da demanda, ou da iniciativa das partes).
No processo civil, cabe a quem se sente lesado o direito subjetivo de provocar a jurisdição, visando à composição dos conflitos de interesse.
A parte que invoca a tutela jurisdicional (autor) formula uma pretensão contra ou em relação ao adversário (réu), sobre a qual deverá decidir o juiz.
O princípio está previsto no CPC nos artigos 2º, 128 e 262.
02. Princípio da imparcialidade do juiz
O juiz representa o Estado e sua função é aplicar a lei ao caso concreto, solucionando o conflito de interesses; por esse motivo, deve ser desinteressado da pretensão do autor e da resistência do réu.
Representa o equilíbrio e a autoridade na relação processual, não podendo deixar-se influenciar pelo interesse das partes que se confrontam.
A imparcialidade do juiz é uma garantia de justiça para as partes.
Para assegurar a imparcialidade do juiz, a CF estipula garantias e prescreve vedações, conforme artigo 95, §ú e incisos.
03. Princípio do juiz natural (ou constitucional).
É aquele que é competente para julgar a LIDE, por ter sido investido de jurisdição e por existir antes do litígio que julgará, não tendo sido, portanto, criado para o caso.
O princípio apresenta um duplo significado:
Consagra a norma que só é juiz o órgão investido de jurisdição.
Impede a criação de tribunais de exceção.
O princípio está previsto nos artigos 5º, incisos XXXVII E LIII e artigo 92 da CF.
“Competência é a limitação da jurisdição”.
04. Princípio da igualdade (ou isonomia) processual
A imparcialidade impõe ao juiz tratamento igualitário, em relação aos litigantes, devendo assegurar às partes e aos procuradores, igualdade de tratamento, conforme estabelece o artigo 125 do CPC.
A igualdade de tratamento corresponde à prática dos atos processuais. Nenhum ato processual poderá ser praticado por qualquer das partes, sem que a outra sobre ele se manifeste.
O princípio da igualdade encontra restrições em alguns casos legais, não sendo, portanto, absoluto.
05. Princípio da lealdade processual
É consequência da boa-fé no processo. A lei não tolera o litigante de má-fé, podendo o juiz atuar de ofício contra a fraude processual.
O princípio visa impedir à malícia, a fraude, a propositura de medidas desnecessárias na prática dos atos processuais.
Não se deve esperar que o juiz profira decisões cujo conhecimento seja produto de inverdades e artifícios fraudulentos.
O princípio da lealdade impõe às partes e advogados: honestidade na apresentação dos fatos, e a estes, e a todas as pessoas envolvidas no processo, o respeito mútuo.
O princípio está previsto nos artigos 16 a 18 do CPC.
06. Princípio da inafastabilidade de jurisdição
O princípio está previsto no artigo 5º, inciso XXXV da CF, que estabelece: “a lei não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Em razão do princípio, a CF garante a tutela do Estado aos conflitos de interesses ocorrentes na sociedade.
O princípio contempla o direito de ação, direito público subjetivo que deve ser exercido até mesmo contra o Estado, na necessidade da tutela jurisdicional para reparação de um direito natural lesado ou ameaçado.
07. Princípio do contraditório e da ampla defesa
É aplicado nos processos judiciais e administrativos.
Consiste este princípio na garantia dada à parte de contraditar os argumentos e provas apresentados pela parte contrária.
O princípio do contraditório indica a atuação e uma garantia fundamental da justiça.
O princípio está previsto no art.5º, LV, da CF.
No processo civil deve-se dar ao réu a oportunidade de ser ouvido e de apresentar a sua contrariedade ao pedido do autor.
O réu deve ser citado e mesmo no caso de ele tornar-se revel, deixando de apresentar contestação, terá sido atendido o princípio constitucional do contraditório.
No processo penal, a aplicação do princípio do contraditório deve ser real e efetivo. Tanto que exige defesa técnica do réu, ainda que revel, para que se obedeça ao princípio constitucional.
Se houver defesa insuficiente, por parte do advogado do réu no processo penal, o feito (processo) deve ser anulado e nomeado outro defensor.
O inquérito policial é um procedimento administrativo que visa à colheita de provas para informações sobre o fato delituoso e sua autoria. Não existe acusação nessa fase e por isso também não há defesa.
08. Princípio do impulso oficial
Compete ao juiz depois de instaurada a relação processual, movimentar o processo até conclusão final, velando pela sua rápida solução.
É previsto nos art.125 II e art.262 do CPC.
09. Princípio da livre apreciação da prova (livre conhecimento/precisão racional)
Conforme esse princípio, o juiz, não obstante apreciar as provas livremente, não segue as suas impressões pessoais, mas obtém a sua convicção das provas produzidas e condicionadas às regras jurídicas.
A convicção do juiz deverá ser motivada, fundamentada e explicada conforme as provas dos fatos constantes do processo.
10. Princípio da publicidade
A presença do público nas audiências e a possibilidade do exame dos autos por qualquer pessoa representam um instrumento de fiscalização sobre o trabalho dos magistrados, advogados e promotores de justiça.
A publicidade dos atos processuais não pode ser confundida com o sensacionalismo que afronta a dignidade humana.
A curiosidade e a especulação populares podem acarretar transtornos na prática dos atos processuais, principalmente nas audiências públicas, quando o juiz, os advogados, o promotor e demais funcionários da justiça poderão sofrer perturbações em seus trabalhos, comprometendo o desempenho da justiça.
A regra geral da publicidade dos atos processuais encontra exceção e sofre restrições.
Cabe ao juiz verificar até que ponto a publicidade é tolerável, tomando as devidas providências no momento em que ela for prejudicial aos trabalhos processuais.
O princípio está previsto nas seguintes leis:
Artigo 5º, LX e artigo 93, IX da CF.
Artigo 155, I e II e §ú do CPC.
Artigo 792, §1º do CPP.
Artigo 770 da CLT.
11. Princípio da economia processual
O processo civil deve propiciar às partes uma justiça barata e rápida, obtendo o melhor resultado com o mínimo de emprego de atividade processual.
12. Princípio da preclusão (ou da eventualidade)
Pelo princípio da preclusão, cada faculdade processual deve ser exercitada dentro da fase adequada, sob pena de se perder a oportunidade de praticar respectivo ato processual.
A preclusão consiste na perda de um direito, pelo decurso do tempo em que ele devia ser exercido, dentro do processo.
13. Princípio da oralidade
Consiste na preponderância da palavra falada ou na concentração de menor número possível de atos processuais na audiência de instrução e julgamento.
Essa predominância se manifesta na produção das provas de natureza oral. Exemplo: depoimentos das testemunhas, depoimento das partes, debate das partes, resumo do laudo pericial feito pelos peritos em audiência etc.
14. Princípio da verdade formal
Predomina no processo civil. A apuração da verdade é feita tendo em vista as provas produzidas pelas partes da relação processual e que, na maioria das vezes, são suficientes para formarem a convicção do juiz.
15. Princípio da verdade real
Predomina no processo penal. Proporciona ao juiz buscar, além do processo, dos meios necessários para alcançar a verdade dos fatos.
16. Princípio do dispositivo
O princípio do dispositivo se refere às provas.
O juiz depende da iniciativa das partes quanto à afirmação e prova do que foi alegado, proporcionando os melhores instrumentos de apuração da verdade.
A regra é que o juiz deve decidir segundo o alegado aprovado pelas partes.
O princípio está previsto no artigo 333 do CPC.
17. Princípio da inadmissibilidade da prova ilícita
São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos, conforme art. 5º, LVI, da CF.
As provas obtidas por meios ilícitos constituemespécie das chamadas “provas vedadas”.
Prova vedada é aquela produzida em contrariedade a uma norma legal específica. A vedação pode ser imposta por lei de direito material ou processual.
Certas provas obtidas naturalmente, tendo em vista o interesse social preponderante, devem ser admitidas em juízo.
18. Princípio da motivação das decisões judiciais
Outro importante princípio voltado como o da publicidade é o da motivação das decisões judiciais.
O princípio trata do controle popular sobre o exercício da função jurisdicional.
A motivação das decisões judiciais é vista como garantia das partes, com vistas à possibilidade de sua impugnação para efeito de reforma, através do recurso.
O princípio tem por finalidade mostrar a imparcialidade do juiz, a legalidade e a justiça das decisões.
O princípio está mencionado nas seguintes leis: art.93, IX da CF; art.165 c/c art. 458 do CPC; art.381 do CPP; art.832 da CLT.
19. Princípio do duplo grau de jurisdição (ou da recorribilidade)
Consiste na possibilidade de se pedir revisão ou reexame das decisões proferidas por juízes de primeiro grau, encaminhando-se o pedido por via de recurso aos juízes de segundo grau, ou seja, aos tribunais.
Deve se saber o número do recurso, o prazo e o tribunal competente para recurso.
Todo ato do juiz que possa prejudicar um direito ou interesse da parte deve ser recorrível, como meio de evitar várias e erros que são inerentes aos julgamentos humanos.
Nesse princípio podemos considerar três objetivos:
Valibilidade humana
Inconformismo da parte
Evitar abusos do juiz
Quando se usa a expressão “duplo grau”, o que se quer significar é que a decisão proferida pela jurisdição inferior pode ser revista pela jurisdição superior. Os recursos são disciplinados no CPC e CPP, na CLT, na CF e nas Leis Orgânicas da Magistratura.
20. Princípio da peremptoriedade recursal
Os prazos referentes aos recursos são peremptórios ou fatais, correrão em cartório e serão contínuos, não se interrompendo por férias, domingos e feriados.
21. Princípio da fungibilidade recursal
Admite-se um recurso por outro, desde que interposto dentro do prazo legal e de boa-fé, pois a parte não pode ser prejudicada, principalmente quando existe controvérsia a respeito do recurso apropriado.
22. Princípio da sucumbência
Consiste na condenação do vencido a pagar as despesas, custas e honorários despendidos pelo vencedor da causa, conforme art. 20 do CPC.
23. Princípio do devido processo legal
Para a ocorrência do devido processo legal é indispensável o desenvolvimento do processo perante juiz competente e imparcial, mediante amplo acesso ao poder judiciário e com a preservação do princípio do contraditório e da ampla defesa.
Decorrem do princípio do devido processo legal, os princípios:
Isonomia processual
Juiz natural
Inércia da jurisdição
Do contraditório e da ampla defesa
Proibição da prova ilícita
Publicidade dos atos processuais
Motivação das decisões judiciais 
Duplo grau de jurisdição
O princípio está previsto no artigo 5º, LIV, da CF.
24. Princípio da presunção da inocência
Considera toda pessoa presumivelmente inocente até que seja declarada até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, conforme art. 5º, LVII, da CF.
25. Princípio do favor rei
A dúvida sempre beneficia o acusado. Se houver duas interpretações legais, deve-se optar pela mais benéfica; na dúvida, absolve-se o réu.
26. Princípio da íntima convicção
Para o juiz togado (investido de jurisdição, competente), vigora o princípio da livre convicção.
No tribunal do júri prevalece o princípio da íntima convicção, já que o jurado julga de acordo com a sua consciência, sem dar as razões da sua decisão.
Juiz julga apreciando as provas com fundamentos e jurado julga com a consciência.
O tribunal do júri possui as seguintes características:
Plenitude de defesa
Sigilo das votações
Soberania dos veredictos (“Votou, tá votado”)
Competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.
O tribunal do júri está previsto no art.5º, XXXVIII da CF.
27. Princípio da reserva legal
O direito de punir (“jus puniendi”) pertence ao Estado.
Contudo, o direito de punir do Estado não é ilimitado, pois se deve cumprir o princípio da reserva legal prevista no art.5º, XXXIX da CF e art.1º do CP.
Art.1º: Não existe crime sem a lei definir o crime.
O Estado pune somente aquele que praticou o crime, desde que a pessoa tenha descumprido a lei e haja uma sanção prevista em lei.
28. Princípio da identidade física do juiz
O juiz que tenha iniciado a instrução deve ficar vinculado ao julgamento e obrigado a dar sentença, salvo se for transferido, promovido ou aposentado, casos em que passará o processo ao seu sucessor.
Audiência de instrução e julgamento: o juiz tem conhecimento das provas, portanto é ele que deve proferir a sentença.
Instrução é a fase processual em que se produzem as provas.

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