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DIREITOS HUMANOS

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Aula: 01 | Data on line: 22/04/2015 – OK!
Bibliografia:
Curso de Direitos Humanos - André de Carvalho Ramos
Curso de Direitos Humanos - Valério de Oliveira Mazzuoli - Edição 1ª/2014
1. Noção de direitos humanos
É o conjunto de direitos considerados indispensáveis para uma vida humana pautada na liberdade, na igualdade e na dignidade.
No Brasil tem-se aceito a ideia de que os direitos humanos são aqueles estabelecidos em tratados e convenções e são diferentes dos direitos fundamentais da CF – ideia dada pelo autor Ingo Sarlet.
Direitos Humanos Tratados e Convenções internacionais
Direitos Fundamentais Constituição Federal
2. Estrutura geral dos direitos humanos
Pode se compor das seguintes relações:
a) direito pretensão: Consiste no direito à busca de algo, são os chamados “direitos a...” estabelece uma pretensão para o titular do direito;
b) direito liberdade: Consiste na faculdade de agir que gera a ausência de direito de qualquer outro ente ou pessoa.
Exemplo: artigo 5º, VI, CF: É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos.
c) direito poder: É a relação de poder de exigir determinada sujeição do Estado ou de outra pessoa. 
Exemplo: artigo 5º, LXIII, CF: o preso será informado sobre seus direitos, podendo exigir a assistência da família e do advogado;
d) direito imunidade: É a autorização dada por uma norma a uma determinada pessoa, impedindo que outra interfira de qualquer modo.
Exemplo: artigo 5º, LVI, CF: são inadmitidos no processo o uso da prova ilícita.
3. Evolução histórica
3.1. Antecedentes:
a) Democracia ateniense: 
Participação política do cidadão e a figura do homem livre dotado de individualidade.
Crítica: Poucos eram aqueles que podiam ostentar o título de cidadão.
b) Na literatura há a figura de Antígona que faz parte da trilogia tebana, Antígona era filha de Édipo que quando matou seu próprio pai e viu o que fez cegou os próprios olhos, Antígona então guiava seu pai cego, com a morte de Édipo Antígona recebeu uma carta avisando que seu irmão declarou guerra ao tio e foi morto. O tio proibiu os ritos fúnebres do irmão, Antígona então inconformada deu o primeiro passo para os direitos humanos, ela rebateu o decreto do tio que proibia o irmão de ser enterrado, dizendo que o decreto teria que ter limites, limites ao poder do Estado.
c) O direito romano traz o princípio da legalidade na lei das XII tábuas que traz a norma de direitos e deveres.
d) Antigo Testamento: Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, o homem é um espelho da divindade, qualquer agressão ao homem é uma agressão à divindade, o que não pode ser tolerado.
e) Novo Testamento: existem vários trechos que pregam igualdade e solidariedade. Exemplo: Epístola de Paulo aos Gálatas – Capítulo III, versículo 28 (todos são um só em Cristo Jesus). Todos são iguais, não pode haver o abuso de um pelo outro.
f) Idade Média: Havia a concepção de que o poder dos governantes era ilimitado, era um poder que era fruto da vontade divina. A idade média distorce todo o pensamento cristão e visualiza uma superioridade de poder.
Surgem então os primeiros movimentos de reinvindicação de liberdade de determinados grupos:
I - Declaração das Cortes de Leão de 1188 que surgiu na Península Ibérica e é uma luta dos senhores feudais contra a centralização;
II - Magna Carta Inglesa de 1215;
III - Fase do constitucionalismo liberal em que houve a crise na idade média, essa crise ocorre por conta da erosão dos poderes Estamentais que eram a igreja e os senhores feudais.
IV- Surge no XVII questionamentos sobre o Estado absolutista e esses questionamentos levam na Inglaterra ao: 
- “Petition of Rights” de 1628
- “Habeas Corpus Act” de 1679;
- “Bill of Rigths” de 1689;
Declarações de direito do fim do século XVIII:
- Bill of Rights da Virgínia de 12.06.1776
- Convenção da Filadélfia de 1787
- Declaração dos direitos do homem e do cidadão de 02.10.1789
Antecedentes no campo das ideias:
- Thomas Hobbes (1651) (Livro Leviatã; O Homem é o lobo do homem): Os indivíduos abdicam de sua liberdade inicial e se submetem ao poder do Estado;
- John Locke (1689): Sua ideia básica é de que há direitos do indivíduo mesmo contra o Estado;
- Pico Della Mirandola (1463 a 1491): A personalidade humana se caracteriza por ter valor próprio, ele expressa a ideia de dignidade do ser humano;
- Guilherme de Occam (1285 a 1347): Leva a ideia do individualismo, fala dos direitos que o individuo tem frente ao Estado; Não tem nada haver mas foi o criador da Teoria da Navalha de Occam
- Hugo Grócio (1625): Cria o conceito de direito subjetivo que é a faculdade da pessoa que a torna apta a possuir ou fazer algo;
Fase do constitucionalismo: Consiste na extensão gradual dos direitos para as constituições:
- Constituição Norte-Americana da Filadélfia de 1787;
- Constituição da França de 1793 e 1848;
- Constituição do Brasil de 1824;
- Constituição da Alemanha de 1849;
- Constituição do México de 1917 (extenso e atual rol de direitos);
- Constituição da Rússia de 1918.
Esse movimento vai se encerrar no pós-segunda guerra.
Aula: 02 | Data on line : 22/04/2015 - 
3.2. Internacionalização dos direitos humanos e responsabilidade internacional do Estado
A origem histórica disso se dá no pós-segunda guerra mundial. Surge como uma ideia de prevenção contra o horror, ou seja, a partir do momento em que surgem todos os males causados pelos nazistas (pós-segunda guerra) podemos falar propriamente em direitos humanos, antes disso não.
4. Responsabilidade internacional do Estado por violação dos direitos humanos:
Há dois sistemas:
4.1. Sistema Unilateral:
Primeiro mecanismo de responsabilidade internacional dos direitos humanos, esse sistema não reconhece a existência de uma comunidade de nações porque o Estado ofendido é ao mesmo tempo juiz e parte. Usa o poder judiciário local como forma de dar legitimidade à sanção.
Exemplo: Um brasileiro é torturado no Paraguai, o Brasil processa o Paraguai no Brasil, esse é o sistema unilateral, o uso do poder judiciário local.
Exemplo: Argentino torturado no Paraguai não pode o Brasil processar o Paraguai.
No sistema unilateral o sistema só protege o próprio nacional. Esse sistema não é o sistema adotado atualmente.
4.2. Sistema Coletivo:
Premissa: Necessidade de integração das nações. Todas as nações que assinam tratados têm duplo dever: 
1. Para com seus súditos;
2. Promessa perante os demais Estados de que haverá o compromisso de que os tratados serão respeitados.
Qualquer Estado pode processar outro por violação de direitos;
Existe um órgão autônomo para julgar estas violações.
É o sistema adotado atualmente por boa parte dos países, entre os quais o Brasil.
Pode processar pela violação do direito de qualquer pessoa.
Esse sistema é objeto de crítica: Há violação da soberania.
Soberania: Seu conceito decorre da fórmula latina “suprema potestas superiorem non recgnoscens” (é o poder supremo que não reconhece outro acima de si). 
Ela surge com a Paz de Westfalia de 1648: É o tratado que dá origem aos Estados soberanos
4.2.1. Modalidades de soberania:
- externa: relação com os demais países
- interna: relação com os súditos
Luigi Ferrajoli em sua obra ensina que soberania interna e externa sofrem limitações. No âmbito interno as limitações passam a ocorre por força do constitucionalismo e dos direitos fundamentais e; no âmbito externo a limitação surge por força das declarações dos direitos dos tratados e convenções do pós-segunda guerra. 
Entende esse autor que atualmente não existe mais soberania. Não é interessante seguir esta linha para concursos.
4.2.2. Modelo atual e que será cobrado nos concursos:
Modelo do Estado constitucional cooperativo: Desenvolvido por Peter Häberle. Supera o paradigma/modelo da desconfiança e se baseia no paradigma da confiança. A ideia é de que os Estados devem cooperar entre si.
O Estado constitucional cooperativo está centrado no respeito aos direitos fundamentais queé a base para o desenvolvimento das relações jurídicas entre os diversos Estados, o que vai unir os diversos Estados é o Estado constitucional cooperativo, é o respeito aos direitos humanos. 
Confia no sistema no sistema internacional e nos demais Estados. É a base para o respeito das decisões das cortes de direitos humanos. Por isso não é possível falar em violação da soberania porque o modelo atual é de Estado constitucional cooperativo.
Obs.: Razão pela qual não se vislumbra violação da soberania por captura de fugitivo a alguns quilômetros da fronteira no interior de outro Estado.
5. Classificação dos direitos humanos
5.1. Teoria dos Status – Georg Jelinek:
 Desenvolvida no final do século XIX. A base da classificação são dois elementos:
a) A ideia de verticalidade: os direitos são concretizados na relação desigual entre indivíduo e Estado;
b) No reconhecimento do caráter positivo: Positivo no sentido de positivação do direito humano.
Também é conhecida como teoria dos círculos porque o Estado e o indivíduo são vistos como círculos.
São status dos direitos humanos:
5.1.1. “Status subjectionis” ou Status Passivo
O indivíduo encontra-se em estado de submissão: é o chamado status subjectionis ou status passivo. O Estado detém atribuições e prerrogativas aptas a vincular o indivíduo e exigir determinadas condutas ou impor limitações a suas ações. 
O Estado pode limitar o individuo, pode submeter o indivíduo ao seu poder.
5.1.2. “Status libertatis” ou Status negativo: 
O Estado deve se abster de determinada conduta. 
Surge um espaço de liberdade para o indivíduo, são os chamados direitos de resistência – “Abwerhrechte”.
O Estado não pode interferir na esfera do indivíduo.
5.1.3. “status civitatis” ou Status Positivo
É o conjunto de pretensões do indivíduo para invocar a atuação do Estado em prol de seus direitos. 
São os deveres de prestação por parte do Estado, essas prestações podem ser fáticas (exemplo: bolsa família) ou jurídicas (exemplo: assistência judiciária gratuita).
O Estado deve intervir na esfera do indivíduo. A omissão estatal é proibida.
5.1.4. “status ativo” 
É o conjunto de prerrogativas e faculdades que o indivíduo possui para participar da formação da vontade do Estado, refletindo no exercício de direitos políticos e no direito de ascender aos cargos em órgãos públicos. 
O indivíduo pode participar da esfera do Estado. Exemplo: O indivíduo pode se eleger e ser eleito.
Aula: 03 | Data on line: 09/07/2015 – OK!
5.2 Teoria das Gerações
A Teoria das Gerações foi criada em 1979 por Karel Vasok em uma conferência no Instituto Internacional de Direitos Humanos em Estrasburgo, França, cada geração foi baseada nos dísticos liberdade, igualdade e fraternidade da Revolução Francesa.
5.2.1. A 1ª geração dos direitos humanos (LIBERDADE)
 Seriam os chamados direitos de liberdade, equivalendo a todas prestações negativas nas quais o Estado deve respeitar e proteger a autonomia do indivíduo (semelhantes aos direitos de resistência de Jellinek). O Estado tem um papel duplo na tutela destes direitos:
a) Papel passivo quanto à abstenção de violar os direitos humanos;
b) Papel ativo no que toca a exigência de ações do Estado para garantia da Justiça etc., embora tenha surgido após os estudos iniciais.
5.2.2. A 2ª geração de direitos humanos (IGUALDADE),
O papel do Estado passa a ser ativo. Necessidade de implementação de direitos sociais, cujo reconhecimento foi dado pelo sistema socialista, e cujos marcos são a Constituição Mexicana de 1917, a Constituição Alemã de Weimar de 1919 e o Tratado de Versailles, que cria a OIT.
5.2.3 3ª geração de direitos humanos (FRATERNIDADE)
Encontram-se os direitos de titularidade da comunidade, ex:. Direito ao desenvolvimento, à paz, ao meio-ambiente equilibrado etc.
Paulo Bonavides menciona 4ª geração relativa aos direitos de participação democrática, do pluralismo, de bioética, limites à manipulação genética, dentre outros. E há quem fale em 5ª geração com direito à paz em toda humanidade.
A classificação dos direitos humanos só tem utilidade para fins didáticos, uma vez que devem ser todos vistos como uma integralidade.
5.2.4 Crítica à Teoria das Gerações
Basicamente surgiram quatro críticas:
a) A primeira diz que termo geração, que transmite de forma errônea a ideia de substituição;
b) A segunda diz que o termo dá a ideia de antiguidade ou posteridade de um rol de direitos sobre outros dá a ideia de superação;
c) A terceira diz que os direitos humanos não são fragmentados, mas sim indivisíveis.
d) Por fim, a 4ª crítica jaz no fato de que novas interpretações sobre o conteúdo dos direitos humanos torna difícil adequar à classificação, encaixá-lo, a ex. do direito à internet. Ou, p.ex., o direito à vida, que é visto tradicionalmente como direito de 1ª geração, porém na Corte Interamericana de Direitos Humanos, foi deixado claro seu papel social, o que cria confusão para localizá-lo na classificação, se dentre os direitos de liberdade ou sociais.
No entanto, Paulo Bonavides, acertadamente prefere o termo dimensões em vez de gerações, o que se tornou prevalente.
Modernamente se dá preferencia ao uso do termo dimensões ao uso do termo gerações. 
As três primeiras críticas ainda permanecem mesmo se utilizando o termo dimensões.
5.3. Classificação dos Direitos Humanos Quanto às Funções
Quanto às suas funções, os direitos humanos podem ser classificados em 4 modalidades:
a) direitos de defesa;
b) direitos a prestações;
c) direitos a procedimentos;
d) direitos a instituições.
5.3.1 Direitos de Defesa
O direito de defesa é um escudo contra o poder estatal que gera consequências de abstenção, derrogação e anulação dos atos estatais. Atualmente, ainda gera também outras duas pretensões importantes: 
a) A pretensão de consideração, segundo a qual o Estado deve levar em conta os direitos envolvidos antes de adotar determinada conduta, a ex. da Usina de Belo Monte que alagou extensas áreas indígenas;
b) A pretensão de proteção, de acordo com a qual o Estado deve agir contra outros particulares que possam violar tais direitos, a ex. do famoso lançamento de anões havido nas tabernas francesas, de cuja decisão desfavorável o próprio anão recorreu para manter o entretenimento, mas em que prevaleceu a ideia kantiana de que aquela fração de dignidade não poderia ser cedida pelo seu titular.
Os direitos de defesa, traduzidos nas pretensões de consideração e de proteção, possuem três subespécies:
a) Direito ao não impedimento; a ex. da liberdade de expressão;
b) Direito ao não embaraço; a ex. da inviolabilidade ao domicílio e demais sigilos;
c) Direito a não supressão de determinadas situações jurídicas, a ex. do direito de propriedade.
5.3.2 Direitos a Prestações
Os direitos a prestações se consubstanciam no direito de exigir a obrigação estatal de ação para assegurar a efetividade dos direitos humanos e avulta-se com a superação do dogma e consequente transição do “Estado inimigo” ao “Estado amigo”.
 As prestações estatais podem-se dar de duas formas:
a) Prestação material, em que há a intervenção do Estado para prover determinada condição material para o indivíduo, a ex. do programa bolsa-família;
b) Prestação jurídica, com a criação de medidas específicas de controle à inércia legislativa do Estado, a ex. do Mandado de Injunção.
5.3.3 Direitos a Procedimentos e Instituições (Organizações)
Tais direitos geram ao indivíduo a prerrogativa de exigir do Estado que estruture órgãos e corpo institucional apto a oferecer bens ou serviços indispensáveis à efetivação dos direitos humanos, a ex. da criação da Defensoria Pública, impedindo-o de desmantelá-los.
Consequências deste direito:
a) Obrigar o Estado a organizar determinados órgãos;
b) impedir que o Estado desmantele determinados órgãos.
Aula: 04 | Data on line: 09/07/2015 – OK!
6. Fundamentos dos Direitos Humanos
Existem vários correntes que falam dos direitos humanos. 
A primeira delas foi o Jusnaturalismo.
6.1 Jusnaturalismo
De acordo com o Jusnaturalismo,há um conjunto de normas vinculantes anteriores e superiores ao sistema de normas fixadas pelo Estado, a ex. do retratado em Antígona. 
A história tem início com a morte dos dois filhos de Édipo, Etéocles e Polinices, que se mataram mutuamente na luta pelo trono de Tebas. Com isso sobe ao poder Creonte, parente próximo da linhagem de Jocasta. Seu primeiro édito dizia respeito ao sepultamento dos irmãos Labdácidas. Ficou estipulado que o corpo de Etéocles receberia todo cerimonial devido aos mortos e aos deuses. Já Polinices teria seu corpo largado a esmo, sem o direito de ser sepultado e deixado para que as aves de rapina e os cães o dilacerassem. Creonte entendia que isso serviria de exemplo para todos os que pretendessem intentar contra o governo de Tebas.
Ao saber do édito, Antígona deixa claro que não deixará o corpo do irmão sem os ritos sagrados, mesmo que tenha que pagar com a própria vida por tal ação. Mostra-se insubmissa às leis humanas por estarem indo de encontro às leis divinas.
a) No Século XVI, Hugo Grotius prega que há um conjunto de normas ideais fruto da razão humana e as leis, mas o Direito dos legisladores só é válido se compatível com os mandamentos destas normas imutáveis produzidos pela razão humana.
b) São Tomás de Aquino diz que a “lex” humana deve obedecer a “lex naturalis”, esta fruto da razão divina, distinguindo-se de Grotius só pela fonte da lei superior, para um divina, para outro racional humana.
c) Locke e Rousseau são representantes do Jusnaturalismo Contratualista e trazem a ideia de que a sociedade foi fundada pelo Contrato Social e de os direitos são atemporais, inerentes à qualidade de homem de seus titulares.
Destaca-se o caráter metafísico desta teoria, uma vez que o direito preexiste ao direito produzido pelo homem, e tem como fundamento Deus ou a natureza humana.
O Jusnaturalismo, o Direito Internacional e o STF:
a) Na Declaração de Viena de 1993, 2ª Conferência Mundial das Nações Unidas, na Parte I, §1º os direitos e as liberdades fundamentais foram erigidos à qualidade de direitos naturais de todos os seres humanos. 
A Conferência Mundial sobre Direitos Humanos reafirma o compromisso solene de todos os Estados de promover o respeito universal e a observância e proteção de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais de todas as pessoas, em conformidade com Carta das Nações Unidas, outros instrumentos relacionados aos direitos humanos e o direito internacional. A natureza universal desses direitos e liberdades está fora de questão.
Nesse contexto, o fortalecimento da cooperação internacional na área dos direitos humanos é essencial à plena realização dos propósitos das Nações Unidas.
Os direitos humanos e as liberdades fundamentais são direitos naturais de todos os seres humanos; sua proteção e promoção são responsabilidades primordiais dos Governos.
b) O STF tem usado a Teoria Jusnaturalista em diversos julgamentos. O direito natural é usado como recurso teórico para reconhecer novos direitos.
O Min. Celso de Mello já mencionou termos como Bloco de Constitucionalidade Material para se referir ao conjunto de normas de estatura constitucional, composto pelas normas expressas na CF/88 e normas implícitas e valores de Direito Natural, escreveu isso na ADI 595/ES (Informativo 258). 
ADIn 595-ES*
RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. INSTRUMENTO DE AFIRMAÇÃO DA SUPREMACIA DA ORDEM CONSTITUCIONAL. O PAPEL DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL COMO LEGISLADOR NEGATIVO. A NOÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE/INCONSTITUCIONALIDADE COMO CONCEITO DE RELAÇÃO. A QUESTÃO PERTINENTE AO BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE. POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS DIVERGENTES EM TORNO DO SEU CONTEÚDO. O SIGNIFICADO DO BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE COMO FATOR DETERMINANTE DO CARÁTER CONSTITUCIONAL, OU NÃO, DOS ATOS ESTATAIS. NECESSIDADE DA VIGÊNCIA ATUAL, EM SEDE DE CONTROLE ABSTRATO, DO PARADIGMA CONSTITUCIONAL ALEGADAMENTE VIOLADO. SUPERVENIENTE MODIFICAÇÃO/SUPRESSÃO DO PARÂMETRO DE CONFRONTO. PREJUDICIALIDADE DA AÇÃO DIRETA.
- A definição do significado de bloco de constitucionalidade - independentemente da abrangência material que se lhe reconheça - reveste-se de fundamental importância no processo de fiscalização normativa abstrata, pois a exata qualificação conceitual dessa categoria jurídica projeta-se como fator determinante do caráter constitucional, ou não, dos atos estatais contestados em face da Carta Política.
- A superveniente alteração/supressão das normas, valores e princípios que se subsumem à noção conceitual de bloco de constitucionalidade, por importar em descaracterização do parâmetro constitucional de confronto, faz instaurar, em sede de controle abstrato, situação configuradora de prejudicialidade da ação direta, legitimando, desse modo - ainda que mediante decisão monocrática do Relator da causa (RTJ 139/67) - a extinção anômala do processo de fiscalização concentrada de constitucionalidade. Doutrina. Precedentes.
...
No que concerne ao primeiro desses elementos (elemento conceitual), cabe ter presente que a construção do significado de Constituição permite, na elaboração desse conceito, que sejam considerados não apenas os preceitos de índole positiva, expressamente proclamados em documento formal (que consubstancia o texto escrito da Constituição), mas, sobretudo, que sejam havidos, igualmente, por relevantes, em face de sua transcendência mesma, os valores de caráter suprapositivo, os princípios cujas raízes mergulham no direito natural e o próprio espírito que informa e dá sentido à Lei Fundamental do Estado.
...
O Min. Marco Aurélio referiu-se ao direito à fuga como um direito natural no RHC 84851/BA julgado 01.03.2005. Tem que olhar o contexto ler abaixo.
PRISÃO PREVENTIVA - FUNDAMENTAÇÃO. A prisão preventiva há de se fazer devidamente fundamentada, não servindo a tanto a simples referência aos artigos 311 e 312 do Código de Processo Penal e à garantia da ordem pública, sem se revelar em que aspecto esta última estaria em perigo. PRISÃO PREVENTIVA - EXCESSO DE PRAZO - FUGA DO ACUSADO. O simples fato de o acusado ter deixado o distrito da culpa, fugindo, não é de molde a respaldar o afastamento do direito ao relaxamento da prisão preventiva por excesso de prazo. A fuga é um direito natural dos que se sentem, por isso ou por aquilo, alvo de um ato discrepante da ordem jurídica, pouco importando a improcedência dessa visão, longe ficando de afastar o instituto do excesso de prazo.
Dados Gerais
Processo: RHC 84851/BA
Relator (a): Min. MARCO AURÉLIO
Julgamento: 01/03/2005
Publicação: DJ 20/05/2005, p. 19
Decisão
Após os votos dos Ministros Marco Aurélio, Relator, e Eros Grau conhecendo do recurso ordinário em "habeas corpus" e lhe dando provimento, pediu vista dos autos o Ministro Carlos Britto. 1ª. Turma, 07.12.2004. Renovado o pedido de vista do Ministro Carlos Britto, de acordo com o art. 1º, § 1º, "in fine", da Resolução n. 278/2003. 1ª. Turma, 22.02.2005. Prosseguindo o julgamento, a Turma conheceu do recurso ordinário em "habeas corpus" e lhe deu provimento. Unânime. 1ª. Turma, 01.03.2005.
O Min. Marco Aurélio se valeu de direitos naturais e de direitos constitucionais como o direito ao silêncio para reconstruir novos direitos ou ampliar já existentes, a ex.. Direito de não participar ou colaborar com atividades forçadas – Reconstituição. HC 83943/MG julgado 27.04.2004. Acho que está com a numeração errada.
Peguei outro exemplo: (HC 69.026, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Primeira Turma, julgado em 10/12/1991,
A grande crítica a essa teoria se refere ao caráter metafisico , a impossibilidade de se definir de maneira clara e racional quais são esses direitos.
6.2. Positivismo Nacionalista
A Teoria do Positivismo Nacionalista assenta-se na premissa de que só há direitos humanos se positivados, para a qual o fundamento dos direitos humanos é o Direito posto.
Os jusnaturalistas defendem a superioridade das normas não escritas e inerentes a todo ser humano, para os positivistas não há esteconflito, pois eles desconsideram normas que não sejam de Direito posto.
A crítica fica por conta de normas locais que não protegem os direitos ou que dão uma proteção insuficiente, a ex. do nazismo.
6.3. Utilitarismo
No fim do Século XVIII, início do XIX, surge a corrente utilitarista, tem como principais representantes são Jeremy Bentham e Stuart Mill (in O Utilitarismo, 1863), segundo a qual os cidadãos cumprem as leis e os compromissos com foco em futuras vantagens (utilidades) que obterão para si e toda sociedade.
O fundamento dos direitos humanos para o Utilitarismo é que a avaliação da conduta decorre de suas consequências e não do reconhecimento dos direitos.
O fundamento é o maior bem para a maior quantidade de pessoas.
 A crítica é o enfraquecimento de sobremaneira da posição de minorias.
6.4. Socialismo e Comunismo
Cuidado: É isso que vai cair na sua prova mesmo que não seja o que você concorde.
Os dois maiores marxistas hoje em dia: Slavoj Žižek (Ver textos) e Alysson Leandro Mascaro (Crítica da Legalidade e do Direito Brasileiro - 2ª Ed).
Ambas têm como premissa marxista que a história do homem é a história da luta de classes entre os detentores dos meios de produção (opressores) e os que não têm os meios de produção (oprimidos). Assim, os direitos humanos não passam de mistificação, pois lidam apenas com direitos em abstrato hábeis à manutenção das posições de opressor e oprimido.
6.5. Século XX
As críticas às posições anteriores residem nos fatos de que:
a) O Jusnaturalismo tem caráter metafísico que afasta o conhecimento dos direitos humanos pelo seu indivíduo;
b) O Positivismo Nacionalista gera a proteção insuficiente vista no Nazismo; 
c) O Utilitarismo enfraquece a posição minoritária;
d) O Marxismo perdeu credibilidade pelos abusos das ditaduras chinesas e soviéticas.
Norberto Bobbio mencionou positivação internacionalista dos direitos humanos em Tratados e Convenções, tendo por escopo a ideia de comunidade de nações.
6.6. Dignidade da Pessoa Humana
O termo dignus significa possui honra ou importância. Immanuel Kant in Metafísica dos Costumes diz que na vida tudo tem ou preço ou dignidade. O que possui preço é substituível, pois tem equivalente, ao passo que o que tem dignidade não é substituível, pois não tem equivalente e, portanto, as coisas têm preço e os indivíduos têm dignidade. Igualmente, as pessoas não devem ser instrumentalizadas, instrumentos dos outros.
Conceito: A dignidade da pessoa humana consiste em cada indivíduo ser um fim em si mesmo, com autonomia para se comportar de acordo com seu arbítrio, nunca um meio ou instrumento para consecução de resultados, não possuindo preço.
Aula: 05 | Data: 05/05/2015
É a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o protege contra todo tratamento degradante e discriminatório, bem como assegura condições materiais mínimas de sobrevivência.
É uma qualidade inerente à condição humana.
Há dois elementos da dignidade da pessoa humana:
a) Elemento negativo - O elemento negativo consiste na proibição de se impor tratamento ofensivo, degradante ou discriminação odiosa,
b) Elemento positivo - O elemento positivo é a defesa da existência de condições materiais mínimas de sobrevivência a cada ser humano.
Parcela da doutrina diz que o núcleo essencial da dignidade da pessoa humana é composto por aquilo o que se convencionou denominar de mínimo existencial.
Para Ana Paula Barcellos o mínimo existencial é composto por direito à educação básica, saúde, assistência social e acesso à Justiça.
Já Maria Celina Bodin de Moraes fala em igualdade, integridades física e psíquica, liberdade e solidariedade.
Numa outra linha da doutrina A dignidade da pessoa humana gera dois deveres ao Estado:
De respeito - O dever de respeito consiste na imposição de limites à atuação estatal;
De garantia - O dever de garantia é o conjunto de ações de promoção da dignidade da pessoa humana pelo fornecimento de condições materiais para seu florescimento.
Dignidade da pessoa humana e o STF
O STF identifica 4 finalidades para a dignidade da pessoa humana:
a) Eficácia positiva - A eficácia positiva consiste no fato de a dignidade da pessoa humana servir como fundamentação da criação jurisprudencial de novos direitos, fundamentando, p.ex., o direito à busca da felicidade, o qual o Min. Gilmar Mendes afirmou se vincular à dignidade da pessoa humana de 2 maneiras, quais sejam, diretamente e indiretamente, neste último caso, vinculando-se a um direito a ela vinculado.
b) Formatação da interpretação adequada das características de um determinado direito - A formatação da interpretação adequada das características de um determinado direito, a ex. do direito de acesso à Justiça, que deve apresentar qualidades como celeridade, plenitude, eficácia, isto é, o STF se vale da dignidade da pessoa humana para dar o conteúdo de um direito.
c) Eficácia negativa - A eficácia negativa se evidencia com a criação de limites à ação do Estado, a ex. do uso de algemas.
d) Fundamentação do juízo de ponderação e escolha da prevalência de um direito - A fundamentação do juízo de ponderação e escolha da prevalência de um direito em detrimento de outro, a ex. do direito à informação genética nos casos envolvendo adoção, que se sobrepôs à segurança jurídica.
CRÍTICA – Possíveis riscos acerca da dignidade da pessoa humana são a) a banalização do valor; e b) a falta de racionalidade, uma vez que o uso impreciso da dignidade da pessoa humana, a depender da hipótese, gera uma abstração tão acentuada que se torna vago e submete a solução da situação ao puro arbítrio em vez de à razão.
7. INTERPRETAÇÃO DOS TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS
7.1. Regra Geral (Art. 31, Convenção de Viena)
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Artigo 31
1. O agente diplomático gozará de imunidade de jurisdição penal do Estado acreditado. Gozará também da imunidade de jurisdição civil e administrativa, a não ser que se trate de:
a) uma ação real sôbre imóvel privado situado no território do Estado acreditado, salvo se o agente diplomático o possuir por conta do Estado acreditado para os fins da missão.
b) uma ação sucessória na qual o agente diplomático figure, a titulo privado e não em nome do Estado, como executor testamentário, administrador, herdeiro ou legatário.
c) uma ação referente a qualquer profissão liberal ou atividade comercial exercida pelo agente diplomático no Estado acreditado fora de suas funções oficiais.
2. O agente diplomático não é obrigado a prestar depoimento como testemunha.
3. O agente diplomático não esta sujeito a nenhuma medida de execução a não ser nos casos previstos nas alíneas " a ", " b " e " c " do parágrafo 1 dêste artigo e desde que a execução possa realizar-se sem afetar a inviolabilidade de sua pessoa ou residência.
4. A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado acreditado não o isenta da jurisdição do Estado acreditante.
Em regra, o Tratado deve ser interpretado de acordo com o texto, momento da interpretação, objeto, sua finalidade e boa-fé das partes contratantes.
O art. 32, Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, assinada em 1961 e aprovada pelo Decreto Legislativo 103/64, dispõe que, se a interpretação do Tratado levar a sentido obscuro, ambíguo ou até resultado desarrazoado, podem ser utilizados meios suplementares de interpretação, a exemplo da análise dos anais que motivaram a assinatura do Tratado naqueles termos.
Artigo 32
1. O Estado acreditante pode renunciar à imunidade de jurisdição dos seus agentes diplomáticos e das pessoas que gozam de imunidade nos têrmos do artigo 37.
2. A renuncia será sempre expressa.
3. Se um agente diplomático ou uma pessoa que goza de imunidade de jurisdição nos têrmos do artigo 37 inicia uma ação judicial, não lhe será permitido invocar a imunidade de jurisdição no tocante a uma reconvenção ligada à ação principal.
4. A renuncia à imunidade de jurisdição no tocante às ações civis ou administrativas não implica renúncia a imunidade quanto as medidas deexecução da sentença, para as quais nova renúncia é necessária.
Todavia, enfatiza-se que é uma regra geral de interpretação de Tratados.
7.2. Especificidade na interpretação dos Tratados de Direitos Humanos 
a) Interpretação Pro Homine
b) Princípio da Máxima Efetividade
c) Interpretação Autônoma
d) Interpretação Evolutiva dos Tratados
e) Princípio da Primazia da Norma Mais Favorável ao Indivíduo
7.2.1. Interpretação Pro Homine
Determina que a interpretação seja realizada sempre em prol da proteção dada aos indivíduos, verdadeiros destinatários da proteção conferida pelos direitos humanos, não do Estado.
O conjunto de diretrizes decorrentes desta interpretação é:
Interpretação sistemática das normas de direitos humanos de forma a reconhecer direitos inerentes, mesmo que implícitos, a exemplo da audiência de custódia, que não tem previsão expressa, é fruto de criação jurisprudencial;
Interpretação de eventuais limitações permitidas nos Tratados deve ser realizada restritivamente, conforme estipula o Parecer Consultivo 2, da Corte Interamericana de Direitos Humanos (reservas a CADH devem ser interpretadas restritivamente); 
Uso da interpretação pro homine na análise das omissões e lacunas das normas de direitos humanos, por exemplo a Corte Interamericana de Direitos Humanos se valeu disso para não aceitar a denúncia que o Peru fez à sua Jurisdição obrigatória. (art. 29)
7.2.2. Princípio da Máxima Efetividade
Consiste em assegurar às disposições constitucionais os seus efeitos próprios, evitando-se que as normas sejam consideradas meramente pragmáticas, o que ficou evidente no caso Söering, em que se vetou a extradição da Inglaterra para os Estados Unidos da América sob o fundamento de que o corredor da morte é tratamento desumano.
7.2.3. Interpretação Autônoma
Segundo a qual os conceitos e termos inseridos nos Tratados de Direitos Humanos podem possuir sentido próprio distinto do sentido atribuído pelo Direito interno, vetada a atribuição de conceitos de Direito interno a Tratados de Direitos Humanos.
Aula: 06 | Data: 05/05/2015
7.2.4. Interpretação Evolutiva dos Tratados
O instrumento internacional de direitos humanos deve ser interpretado de acordo com o sistema jurídico no momento de sua aplicação. Na Corte Europeia de Direitos Humanos, se diz que a Convenção é um instrumento vivo, logo, deve ser interpretada à luz do presente, ideia compartilhada pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao afirmar que a evolução dos tempos e a vida atual regem a interpretação dos tratados de direitos humanos.
7.2.5. Princípio da Primazia da Norma Mais Favorável ao Indivíduo
De acordo com o Princípio, nenhuma norma de direitos humanos pode ser invocada para limitar de qualquer modo o exercício de qualquer direito ou liberdade já reconhecida por outra norma internacional ou nacional.
Exemplo 1: Premissa que fundamenta, para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, a impossibilidade de se obrigar ao jornalista filiação à associação de jornalistas, 
Exemplo 2: O supremo utilizou este princípio para reconhecer que só pode haver a prisão civil do devedor de alimentos (débitos de natureza alimentar) conforme estabelece a Convenção Americana de Direitos Humanos, ou seja, na impossibilidade de prisão civil do depositário infiel, ampliando a garantia ao indivíduo, em detrimento do disposto na CF/88.
8. ESPECIFICIDADE DOS DIREITOS HUMANOS
8.1. Centralidade dos Direitos Humanos
Os direitos humanos representam uma nova centralidade do Direito Constitucional e do Direito Internacional, pois, segundo a filtragem pro homine (o crivo pro homine), todas as normas do ordenamento jurídico devem ser compatíveis com a promoção da dignidade da pessoa humana.
8.2. Universalidade / Inerência / Transnacionalidade dos Direitos Humanos
Os indivíduos destinatários dos direitos humanos são todos os seres humanos, sem exceção, não importando nenhuma outra qualidade adicional como cidadania, p.ex.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e a Declaração de Viena da 2ª Conferência Mundial de Direitos Humanos da ONU dispõem no sentido de que todos direitos do homem são universais, indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados. 
A transnacionalidade importa no conceito de que deve haver o reconhecimento dos direitos humanos onde quer que o indivíduo esteja com especial importância em relação aos apátridas e ao fluxo de refugiados.
8.3. Indivisibilidade dos Direitos Humanos
Todos direitos humanos possuem a mesma proteção jurídica, eis que são imprescindíveis para uma vida digna, de que decorrem 2 facetas: 
(a) o direito protegido é incindível em si (não pode ser dividido);
(b) Não é possível proteger apenas alguns direitos humanos.
8.4. Interdependência ou Inter-relação dos Direitos Humanos
Todos direitos humanos contribuem para a realização da dignidade da pessoa humana, interagindo para a satisfação das necessidades essenciais do indivíduo, o que exige atenção integral a todos e quaisquer direitos humanos. 
Atenção: O conteúdo de um direito pode se vincular ao conteúdo de outro direito, um está atrelado ao outro, uma vez que são indivisíveis, conforme o art. 13, da Proclamação de Teerã de 1968 e também constou no art. 6º, § 2º, Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento de 1986.
13. Como os direitos humanos e as liberdades fundamentais são indivisíveis, a realização dos direitos civis e políticos sem o gozo dos direitos econômicos, sociais e culturais resulta impossível. A realização de um progresso duradouro na aplicação dos direitos humanos depende de boas e eficientes políticas internacionais de desenvolvimento econômico e social;
Artigo 6º
(...)
§2. Todos os direitos humanos e liberdades fundamentais são indivisíveis e interdependentes; atenção igual e consideração urgente devem ser dadas à implementação, promoção e proteção dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais.
(...)
8.5. Unidade dos Direitos Humanos
Os direitos humanos formam uma unidade de direitos tida como indivisível. interdependente e inter-relacionada.
8.6. Não Exaustividade /Não Exauribilidade dos Direitos Humanos
O rol dos direitos humanos previstos na CF/88 e nos Tratados Internacionais é meramente exemplificativo. 
No plano internacional, pode haver o aumento dos direitos humanos protegidos em decorrência de novos Tratados e Jurisprudência Internacional, a exemplo da audiência de custódia não prevista pela Convenção Americana de Direitos Humanos – Pacto de San Jose da Costa Rica, apenas pela jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos. 
Em âmbito nacional, este aumento pode-se dar em decorrência do Poder Constituinte Derivado e da atividade interpretativa dos Tribunais, conforme o art. 5º, § 2º, CF.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
(...)
8.7. Fundamentalidade dos Direitos Humanos
Os direitos humanos são fundamentais para a vida em sociedade, sob os 2 aspectos: 
a) Formal, em função da previsão pela CF/88 e Tratados Internacionais, uma vez que o direito passou por uma votação diferenciada que fez com que fosse incluído na CF/88;
b) Material, com o reconhecimento da indisponibilidade de um direito que não esteja na CF/88 ou nos Tratados Internacionais, apenas na legislação infraconstitucional.
8.8. Imprescritibilidade, Inalienabilidade e Indisponibilidade ou Irrenunciabilidade dos Direitos Humanos.
a) Imprescritibilidade - Os direitos humanos não se perdem com o transcurso do tempo;
b) Inalienabilidade - Não se pode atribuir dimensão pecuniária aos direitos humanos
c) – Indisponibilidade ou Irrenunciabilidade- Impossibilidade de abrir mão dos direitos humanos.
Exemplo: Caso de arremesso de anão na França
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8.9. Proibição do Retrocesso/Efeito Cliquet/do Não-Retorno da Concretização/do Entrincheiramento
Trata-se da vedação de eliminação da concretização já alcançada na proteção de algum direito humano, admitindo-se apenas aprimoramentos e acréscimos. Mas não se confunde com a proibição de efeitos retroativos, uma vez que esta tem o escopo de proteger o ato jurídico perfeito, ao passo que o Efeito Cliquet veda o retrocesso.
A vedação ao retrocesso não é absoluta, sendo admitida se presentes três requisitos, cumulativamente: 
a) justificativa na estrutura jusfundamental;
b) superação do crivo da proporcionalidade;
c) preservação do núcleo essencial do direito envolvido.
9. RESTRIÇÕES A DIREITOS HUMANOS / FUNDAMENTAIS
Premissas:
1ª Só se pensa em limitação quando os direitos são restringidos, jamais quando são exercidos livremente.
2ª Os direitos são suscetíveis de restrição, justificada pela necessidade de se preservar outros direitos.
Há, basicamente, duas teorias acerca da restrição de direitos fundamentais:
a) Teoria Interna;
b) Teoria Externa.
9.1. Teoria Interna
De acordo com a Teoria Interna, os conflitos são superados pela determinação do verdadeiro conteúdo interno dos direitos envolvidos, pois quando há dois direitos e um deles não é aplicado, significa que ele nunca incidiu no caso concreto, caso em que os limites são imanentes / inerentes ao próprio direito.
Para entendermos este assunto são necessários alguns conceitos importantes:
a) Área de regulamentação - cada direito objetiva regulamentar uma situação ou relação real, cuja composição é dada pela soma da descrição da situação ou relação fática e a indicação genérica do legislador sobre o que deve acontecer nesta situação;
b) área de proteção, segundo a qual o legislador estabelece qual a área de regulamentação que pretende proteger, frequentemente a mesma da área de regulamentação, exceto quando legislador usa expressões como “exceto se”, “salvo se” etc., hipótese em que não há equivalência entre a área de regulamentação e a área de proteção, esta menor, pois exclui da proteção as exceções.
De acordo com Canotilho, para a Teoria Interna há :
a) colisão de direitos autêntica quando houver choque ou conflito no exercício dos direitos por titulares distintos, a ex. do direito de manifestação na Av. Paulista e o direito de ir, vir e ficar, 
b) colisão de direitos em sentido impróprio quando houver choque no exercício de direitos fundamentais com outros bens protegidos pela CF/88.
A Teoria Interna sustenta a existência de limites internos a todos direitos, há limites que são:
a) Expressos - Nos casos em que o direito apresenta ressalva, a ex. do direito de manifestação de pensamento, vedado o anonimato.
b) Imanentes ou Inerentes – É o poder do intérprete de reconhecer qualquer estrutura e finalidade do uso de determinado direito, delimitando-o, a ex. de alguém que grita fogo em uma sala de cinema lotado, que não deve ser proibido porque o intérprete sabe que não se deve fazê-lo.
Há uma máxima francesa que diz que o direito cessa onde o abuso começa.
Assim, tudo que estiver fora do âmbito de proteção, não tem amparo na ordem jurídica.
A crítica surge por conta da dificuldade de delimitar com argumentos racionais o conteúdo do direito em análise.
9.2. Teoria Externa
Tem prevalecido a Teoria externa.
A Teoria Externa adota a separação entre o conteúdo do direito e os limites que são impostos do exterior.
Há dois momentos para análise:
1º Ocorre a delimitação do direito “prima facie” envolvido (direito que aparentemente incide na situação fática). Analisa-se a literalidade do dispositivo.
2º Investiga se há limites justificáveis impostos por outros direitos de modo a impedir que o direito aparente seja considerado definitivo.
Para esta Teoria como se justifica a delimitação? A justificação é oferecida pela Proporcionalidade.
A crítica fica por conta de impulsionar a inflação de conflitos de direitos fundamentais submetidos ao Poder Judiciário.
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9.3. Princípio da Proporcionalidade
Para alguns autores também é chamado de:
Regra da Proporcionalidade (Virgílio Afonso da Silva), Postulado da Proporcionalidade, Teoria da restrição das restrições.
O 1º Diploma Normativo é a Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia, que dispõe no seu art. 52 que:
“Qualquer restrição ao exercício dos direitos e liberdades previstas pela presente Carta deve ser prevista por lei e respeitar o conteúdo essencial desses direitos e liberdades”.
“Na observância do Princípio da Proporcionalidade, estas restrições só podem ser introduzidas se forem necessárias e corresponderem efetivamente a objetivos de interesse geral reconhecidos pela União Europeia, ou à necessidade de proteção dos direitos e liberdades de terceiros”.
É um mecanismo pelo qual se verifica se a restrição a um direito fundamental é válida.
Surgiu no caso das farmácias, pela Corte Constitucional da Alemanha, com três critérios: 
1. Adequação;
2. Necessidade;
3. Proporcionalidade em sentido estrito.
É a Teoria dos Degraus, uma vez que só se passa ao próximo critéio, se o anterior for satisfeito.
Adequação – Uma medida é adequada se ela é capaz de estimular a obtenção do resultado pretendido.
Necessidade – Uma medida é necessária, se não houver outra que produza resultado de igual intensidade e viole menos direitos fundamentais.
Proporcionalidade em sentido estrito – É a ponderação dos valores em jogo.
A análise de cada um dos três elementos se chama Teste de Proporcionalidade.
A segunda faceta da Proporcionalidade é a Proibição da Proteção Insuficiente também conhecida em alemão “untermassverbot”. O Estado não pode deixar de proteger o indivíduo.
10. DIREITOS HUMANOS NA CF/88
Os mecanismos que o Direito brasileiro viu como proteção 
São três mecanismos genéricos que o Direito Brasileiro previu como proteção de direitos humanos:
a) incidente de deslocamento de competência;
b) internalização dos tratados de direitos humanos;
c) controle de convencionalidade.
10.1. Incidente de Deslocamento de Competência (Art. 109, V,”a” e § 5º, CF)
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
(...)
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
(...)
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
Nas hipóteses em que houver grave violação de direitos humanos, o Procurador Geral da República, em qualquer fase do inquérito ou processo, pedirá no STJ, que determine remessa dos autos à Justiça Federal, a ex. do caso Dorothy Stang, que foi negado porque Estado estava investigando.
O STJ entende que, se houver indícios de que o Estado mostra-se incapaz de dar continuidade às investigações satisfatoriamente, então é autorizado o deslocamento da competência, conforme IDC 2/DF. Relatora Min. Laurita Vaz julgada em 27/10/2010.
O IDC surgiu com a EC 45/04, pois quem responde internacionalmente em caso de violação de direitos humanos é a União – e não o Estado – A origem fática decorrência da impunidade das mortes ocorridas no campo em conflitos agrários.
A crítica fica por conta da tolerância quanto à incapacidade do Estado, bem assim da gravidade dos casos e violação.
EMENTA: INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇAS ESTADUAIS DOS ESTADOS DA PARAÍBA E DE PERNAMBUCO. HOMICÍDIO DE VEREADOR, NOTÓRIO DEFENSOR DOS DIREITOS HUMANOS, AUTOR DE DIVERSAS DENÚNCIAS CONTRA A ATUAÇÃO DE GRUPOS DE EXTERMÍNIO NA FRONTEIRA DOS DOIS ESTADOS. AMEAÇAS, ATENTADOS E ASSASSINATOS CONTRA TESTEMUNHAS E DENUNCIANTES.ATENDIDOS OS PRESSUPOSTOS CONSTITUCIONAIS PARA A EXCEPCIONAL MEDIDA.
Dados Gerais
Processo: IDC2/DF
Relator(a): Min. LAURITA VAZ
Julgamento: 27/10/2010
Publicação: DJe 22/11/2010
Decisão:
1. A teor do § 5.º do art. 109 da Constituição Federal, introduzido pela Emenda Constitucional n.º 45/2004, o incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal fundamenta-se, essencialmente, em três pressupostos: a existência de grave violação a direitos humanos; o risco de responsabilização internacional decorrente do descumprimento de obrigações jurídicas assumidas em tratados internacionais; e a incapacidade das instâncias e autoridades locais em oferecer respostas efetivas.
2. Fatos que motivaram o pedido de deslocamento deduzido pelo Procurador-Geral da República: o advogado e vereador pernambucano MANOEL BEZERRA DE MATTOS NETO foi assassinado em 24/01/2009, no Município de Pitimbu/PB, depois de sofrer diversas ameaças e vários atentados, em decorrência, ao que tudo leva a crer, de sua persistente e conhecida atuação contra grupos de extermínio que agem impunes há mais de uma década na divisa dos Estados da Paraíba e de Pernambuco, entre os Municípios de Pedras de Fogo e Itambé.
3. A existência de grave violação a direitos humanos, primeiro pressuposto, está sobejamente demonstrado: esse tipo de assassinato, pelas circunstâncias e motivação até aqui reveladas, sem dúvida, expõe uma lesão que extrapola os limites de um crime de homicídio ordinário, na medida em que fere, além do precioso bem da vida, a própria base do Estado, que é desafiado por grupos de criminosos que chamam para si as prerrogativas exclusivas dos órgãos e entes públicos, abalando sobremaneira a ordem social.
4. O risco de responsabilização internacional pelo descumprimento de obrigações derivadas de tratados internacionais aos quais o Brasil anuiu (dentre eles, vale destacar, a Convenção Americana de Direitos Humanos, mais conhecido como "Pacto de San Jose da Costa Rica") é bastante considerável, mormente pelo fato de já ter havido pronunciamentos da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, com expressa recomendação ao Brasil para adoção de medidas cautelares de proteção a pessoas ameaçadas pelo tão propalado grupo de extermínio atuante na divisa dos Estados da Paraíba e Pernambuco, as quais, no entanto, ou deixaram de ser cumpridas ou não foram efetivas. Além do homicídio de MANOEL MATTOS, outras três testemunhas da CPI da Câmara dos Deputados foram mortos, dentre eles LUIZ TOMÉ DA SILVA FILHO, ex-pistoleiro, que decidiu denunciar e testemunhar contra os outros delinquentes. Também FLÁVIO MANOEL DA SILVA, testemunha da CPI da Pistolagem e do Narcotráfico da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba, foi assassinado a tiros em Pedra de Fogo, Paraíba, quatro dias após ter prestado depoimento à Relatora Especial da ONU sobre Execuções Sumárias, Arbitrárias ou Extrajudiciais. E, mais recentemente, uma das testemunhas do caso Manoel Mattos, o Maximiano Rodrigues Alves, sofreu um atentado a bala no município de Itambé, Pernambuco, e escapou por pouco. Há conhecidas ameaças de morte contra Promotores e Juízes do Estado da Paraíba, que exercem suas funções no local do crime, bem assim contra a família da vítima Manoel Mattos e contra dois Deputados Federais.
5. É notória a incapacidade das instâncias e autoridades locais em oferecer respostas efetivas, reconhecida a limitação e precariedade dos meios por elas próprias. Há quase um pronunciamento uníssono em favor do deslocamento da competência para a Justiça Federal, dentre eles, com especial relevo: o Ministro da Justiça; o Governador do Estado da Paraíba; o Governador de Pernambuco; a Secretaria Executiva de Justiça de Direitos Humanos; a Ordem dos Advogados do Brasil; a Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Estado da Paraíba.
6. As circunstâncias apontam para a necessidade de ações estatais firmes e eficientes, as quais, por muito tempo, as autoridades locais não foram capazes de adotar, até porque a zona limítrofe potencializa as dificuldades de coordenação entre os órgãos dos dois Estados. Mostra-se, portanto, oportuno e conveniente a imediata entrega das investigações e do processamento da ação penal em tela aos órgãos federais.
7. Pedido ministerial parcialmente acolhido para deferir o deslocamento de competência para a Justiça Federal no Estado da Paraíba da ação penal n.º 022.2009.000.127-8, a ser distribuída para o Juízo Federal Criminal com jurisdição no local do fato principal; bem como da investigação de fatos diretamente relacionados ao crime em tela. Outras medidas determinadas, nos termos do voto da Relatora.
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10.2. Internalização dos Tratados de Direitos Humanos
10.2.1 Os direitos e garantias previstos na CF/88
Os direitos e garantias previstos na CF/88 podem ser:
a) expressos na CF;
b) implícitos;
c) inscritos em Tratados Internacionais de direitos humanos.
10.2.2. EC 45/04
A EC 45/04 incluiu o § 3º, no art. 5º, CF, que determina que Tratados de direitos humanos que tenham sido aprovados em 2 turnos, nas 2 Casas por 3/5, têm força equivalente a das Emendas Constitucionais.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais
(...)
10.2.3. Processo de Celebração dos Tratados
Conforme o art. 84, VIII, CF, compete privativamente ao Presidente da República celebrar Tratados, Convenções e Atos Internacionais sujeitos a referendo do Congresso Nacional.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
(...)
Conforme o art. 49, I, CF, é de competência exclusiva do Congresso Nacional resolver definitivamente sobre Tratados.
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
(...)
Em decorrência disso, surgem duas possibilidades de livre do Congresso Nacional.
1ª Possibilidade
Assinado pelo Poder Executivo, os Tratados são aprovados pelo Congresso Nacional por maioria simples, ratificados e promulgados no Diário Oficial. Mais tarde, podem ser novamente apreciados e aprovados com o quórum qualificado, hipótese em que há duas manifestações do Congresso Nacional.
2ª Possibilidade
Assinados pelo Poder Executivo, são imediatamente aprovados sob o procedimento de Emenda Constitucional, caso em que se suprime a fase do art. 49, I, CF, em prestígio ao Princípio da Especialidade, oportunidade em que há uma só manifestação do Congresso Nacional, realizada com quórum qualificado, em dois turnos.
10.2.4. Valor dos Tratados de Direitos Humanos no Direito Brasileiro
Conforme a CF/88, os Tratados de Direitos Humanos têm status de Emenda Constitucional, mas em relação aos demais TDH que não passaram por processo de votação diferenciado, há duas posições:
a) STF diz que se tratam de normas de caráter supralegal, acima das leis e abaixo da CF/88;
b) de acordo com Valério Mazzuoli são normas com status constitucional que integram o Bloco de Constitucionalidade.
No Brasil, o único Tratado de Direitos Humanos com votação qualificada foi a Convenção Internacional sobre Direitos de Pessoas com Deficiência e seu Protocolo facultativo, conforme o Dec. 6949/09.
10.3. Controle de Convencionalidade.
10.3.1. Conceito
É o processo de compatibilização vertical das normas domésticas com os comandos encontrados nas Convenções Internacionais de Direitos Humanos (análogo aocontrole de constitucionalidade, mas com Convenções).
10.3.2. Mecanismos
O mecanismo internacional é exercido pela Corte Interamericana de Direitos Humanos.
O mecanismo interno é exercido pelo STF, se concentrado e por qualquer Juízo ou Tribunal, se difuso.
10.3.3. Controle de Convencionalidade e sua Evolução no Sistema Interamericano
O surgimento do controle de convencionalidade se dá em 26 de setembro de 2006 no caso Almonacid Arellano e outros X Chile. 
Atenção 1: O Poder Judiciário deve exercer uma espécie de controle de convencionalidade entre as normas internas e a Convenção Americana. 
Atenção 2: Até 2006, o controle era desempenhado apenas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos e, a partir deste caso, o controle foi transferido ao Poder Judiciário local precipuamente.
Atenção 3: Trecho do caso “O Poder Judiciário deve ter em conta não só o Tratado, senão também a interpretação que do mesmo tem feito a Corte Interamericana de Direitos Humanos, intérprete última da Convenção Interamericana de Direitos Humanos”.
O Poder Judiciário local deve levar em consideração a jurisprudência da Corte.
Atenção 4. Temos uma evolução com o caso dos Trabalhadores Demitidos do Congresso x Peru, em 2006, em que o controle de convencionalidade é realizado de ofício, sem necessidade de pedido da parte.
Atenção 5: O controle de convencionalidade da Corte Interamericana de Direitos Humanos não é apenas sobre o texto da Convenção Americana, mas também sobre outras Convenções, evidenciado no caso Gómez Palomino x Peru, em 2005, em que foi analisada a Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas em Belém do Pará, em 1994.
No caso Gelman x Uruguai, em 2011, há mudança em função da obrigatoriedade do controle de convencionalidade a todos órgãos do Estado (CNJ, Poder Executivo federal, estadual e municipal etc.).
Aula: 10 | Data ON LINE: 09/07/2015
11. TRIBUNAIS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS
Não há Corte Internacional de Direitos Humanos, há cortes regionais, pois não há um tribunal internacional de direitos humanos que tenha congregado o mundo todo, distintamente da Corte Internacional de Justiça, que possui um papel secundário na proteção de direitos humanos, pois só os Estados podem ser autor ou réu, conforme o art. 34, 1, Estatuto da Corte Internacional de Justiça, motivo este de que não se pode dizer que seja uma Corte de Direitos Humanos.
11.1. Sistema Africano
A Corte Africana dos Direitos do Homem e dos Povos entrou em vigor em 2004, com 15ª ratificação, tem sede na Tanzânia e realizou o 1º julgamento em 2009, contra o Senegal, cuja ação foi considerada inadmissível.
11.2. Sistema Europeu
Foi a 1ª Corte especializada de direitos humanos no mundo, com sede em Estrasburgo, França, é uma Convenção frequentemente alterada por Protocolos (já houve 14).
Com o Protocolo 9, permitiu-se que as vítimas fossem parte, demandassem diretamente o Estado, o que foi aprofundado pelo Protocolo 11.
Na Europa, há a Comissão Europeia de Direitos Humanos e a Corte Europeia de Direitos Humanos, o Protocolo 9 autoriza a vítima a recorrer diretamente à Comissão e o Protocolo 11 permite diretamente à Corte.
Embora tenha se baseado no Sistema Europeu, o Sistema Interamericano não adotou as alterações introduzidas pelos Protocolos 9 e 11 e, portanto, não pode a vítima ir diretamente à Corte.
No Sistema Europeu, há a Teoria da Margem de Apreciação, segundo a qual a Corte Europeia de Direitos Humanos dá uma ordem a um país, que pode se recusar a cumpri-la mediante o pagamento de uma indenização, assim há uma margem para que o Estado manobre para não cumprir a ordem.
A Teoria da Margem de Apreciação não é aceita Corte Interamericana de Direitos Humanos.
11.3. Sistema Interamericano
É a 2ª Corte Especializada de Direitos Humanos, Corte Interamericana de Direitos Humanos tem sede em San Jose da Costa Rica. O Brasil aderiu à Convenção Americana de Direitos Humanos em 1992 e à Jurisdição Obrigatória da Corte em 1998.
12. SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
Premissa (localização dos sistemas)
Há o sistema universal da ONU e há os sistemas regionais (africano, europeu, asiático, interamericano etc.)
12.1. Diplomas Normativos
Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem;
Carta da OEA;
Convenção Americana de Direitos Humanos;
Protocolo de San Salvador (sobre direitos sociais e econômicos).
12.2. Sistema Interamericano
É composto por outros dois sistemas:
a) Sistema da Organização dos Estados Americanos – OEA, fundado na Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem, criada na 9ª Conferência Interamericana de Direitos Humanos de 1948;
b) Sistema da Convenção Americana de Direitos Humanos, criado na 5ª Reunião de Consultas dos Ministros das Relações Exteriores, realizado em Santiago, Chile, em 1959.
Os Estados que integram a OEA não necessariamente integram o sistema da Convenção Americana de Direitos Humanos, a ex. dos EUA.
No entanto, os Estados que integram a Convenção Americana de Direitos Humanos são necessariamente integrantes da OEA, a ex. do Brasil.
12.3. Sistema da Convenção Americana de Direitos Humanos – (CADH)
A aceitação do Brasil só ocorreu em 3 de dezembro de 1998.
O aspecto temporal da responsabilidade internacional dos direitos humanos consiste na possibilidade de o Estado só ser responsabilizado em regra pelos atos praticados a partir da data de sua adesão ao sistema. 
Caso se trate de omissão então ela se prolonga no tempo e avança desde o passado até os dias de hoje.
Assim o Brasil foi condenado por violações a direitos humanos na época da ditadura, em que houve tortura e não punição porque o não fazer do Estado brasileiro se prolonga no tempo e, portanto, atraiu a competência da Corte após sua adesão, a ex. da condenação no caso da Guerrilha do Araguaia, Gomes Lund e outros x Brasil.
O Sistema da Corte Interamericana de Direitos Humanos se baseia fortemente no sistema europeu, mas em sua concepção originária, assim, é bifásico com a 1ª fase perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Comissão IDH) e a 2ª fase perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH).
12.4. Fase Perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos – (Comissão IDH)
O segundo órgão da Convenção Americana de Direitos Humanos, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), é uma instituição judicial autônoma, não sendo órgão da OEA, mas sim da Convenção Americana de Direitos Humanos.
12.4.1. Legitimidade Ativa (Art. 44, CADH).
A reclamação pode ser feita por:
- Indivíduo;
- Terceiros (incluindo entidades não governamentais – ONG- reconhecidas em 1 ou mais Estados membros da OEA;
 - Estado Membro com as ressalvas do art. 45, CADH.
Art. 44
Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não-governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados membros da Organização, pode apresentar à Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção por um Estado Parte.
Artigo 45
1. Todo Estado Parte pode, no momento do depósito do seu instrumento de ratificação desta Convenção ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhece a competência da Comissão para receber e examinar as comunicações em que um Estado Parte alegue haver outro Estado Parte incorrido em violações dos direitos humanos estabelecidos nesta Convenção.
2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só podem ser admitidas e examinadas se forem apresentadas por um Estado Parte que haja feito uma declaração pela qual reconheça a referida competência da Comissão. A Comissão não admitirá nenhuma comunicação contra um Estado Parte que não haja feito tal declaração.
3. As declarações sobre reconhecimento de competência podem ser feitas para que esta vigore por tempo indefinido, por período determinado ou para casos específicos.
4. As declarações serão depositadas na SecretariaGeral da Organização dos Estados Americanos, a qual encaminhará cópia das mesmas aos Estados membros da referidaOrganização.
12.4.2. Legitimidade Passiva
Só o Estado pode ser réu perante a Comissão IDH.
12.4.3. Localização
A Comissão IDH fica em Washington DC, embora os EUA não façam parte do sistema.
12.4.4. Requisitos de Admissibilidade (Art. 46, CADH).
Qualquer pessoa pode, mas não é só mandar um e-mail que se terá a demanda processada, deve atender requisitos.
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Artigo 46
1. Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessário:
a. que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os princípios de direito internacional geralmente reconhecidos;
b. que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva;
c. que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de solução internacional; e
d. que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que submeter a petição.
Assim, são requisitos de admissibilidade da petição inicial perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que:
O requisito “1. c”. é para evitar a litispendência internacional.
Os requisitos do esgotamento dos recursos internos “1. a” e do prazo de 6 meses “1. b” são regras comuns a qualquer Tribunal Internacional, já que sua atuação é subsidiária ao direito interno.
Hipóteses em que estes requisitos são atenuados:
Estes requisitos não devem representar um óbice ilegítimo ao acesso à Comissão daí porque são afastados nas situações do art. 46, 2, CADH.
2. As disposições das alíneas a e b do inciso 1 deste artigo não se aplicarão quando:
a. não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados;
b. não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e
c. houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos.
O professor incluiu mais duas letras:
d. recurso for inidôneo ou inútil;
e. faltarem defensores ou houverem barreiras de acesso à justiça.
O art. 46, 2, “c”, CADH refere-se a recursos não em sentido técnico, ou ainda se o recurso à disposição for inidôneo, ou inútil, ou faltarem defensores ou houver barreiras de acesso à Justiça, a ex. Caso Ximenes Lopes x Brasil foi a primeira condenação que o Brasil sofreu. Ele foi morto numa casa de repouso do SUS e não houve punição dos criminosos.
12.4.5. Procedimento Perante a Comissão (Arts. 48 a 50, CADH).
Artigo 48
1. A Comissão, ao receber uma petição ou comunicação na qual se alegue a violação de qualquer dos direitos consagrados nesta Convenção, procederá da seguinte maneira:
a. se reconhecer a admissibilidade da petição ou comunicação, solicitará informações ao Governo do Estado ao qual pertença a autoridade apontada como responsável pela violação alegada e transcreverá as partes pertinentes da petição ou comunicação. As referidas informações devem ser enviadas dentro de um prazo razoável, fixado pela Comissão ao considerar as circunstâncias de cada caso;
b. recebidas as informações, ou transcorrido o prazo fixado sem que sejam elas recebidas, verificará se existem ou subsistem os motivos da petição ou comunicação. No caso de não existirem ou não subsistirem, mandará arquivar o expediente;
c. poderá também declarar a inadmissibilidade ou a improcedência da petição ou comunicação, com base em informação ou prova supervenientes;
d. se o expediente não houver sido arquivado, e com o fim de comprovar os fatos, a Comissão procederá, com conhecimento das partes, a um exame do assunto exposto na petição ou comunicação. Se for necessário e conveniente, a Comissão procederá a uma investigação para cuja eficaz realização solicitará, e os Estados interessados lhe proporcionarão, todas as facilidades necessárias;
e. poderá pedir aos Estados interessados qualquer informação pertinente e receberá, se isso for solicitado, as exposições verbais ou escritas que apresentarem os interessados; e
f. pôr-se-á à disposição das partes interessadas, a fim de chegar a uma solução amistosa do assunto, fundada no respeito aos direitos reconhecidos nesta Convenção.
2. Entretanto, em casos graves e urgentes, pode ser realizada uma investigação, mediante prévio consentimento do Estado em cujo território se alegue houver sido cometida a violação, tão somente com a apresentação de uma petição ou comunicação que reúna todos os requisitos formais de admissibilidade.
Artigo 49
Se se houver chegado a uma solução amistosa de acordo com as disposições do inciso 1, "f", do artigo 48, a Comissão redigirá um relatório que será encaminhado ao peticionário e aos Estados-partes nesta Convenção e posteriormente transmitido, para sua publicação, ao Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos. O referido relatório conterá uma breve exposição dos fatos e da solução alcançada. Se qualquer das partes no caso o solicitar, ser-lhe-á proporcionada a mais ampla informação possível.
Artigo 50
1. Se não se chegar a uma solução, e dentro do prazo que for fixado pelo Estatuto da Comissão, esta redigirá um relatório no qual exporá os fatos e suas conclusões. Se o relatório não representar, no todo ou em parte, o acordo unânime dos membros da Comissão, qualquer deles poderá agregar ao referido relatório seu voto em separado. Também se agregarão ao relatório as exposições verbais ou escritas que houverem sido feitas pelos interessados em virtude do inciso 1, "e", do artigo 48.
2. O relatório será encaminhado aos Estados interessados, aos quais não será facultado publicá-lo.
3. Ao encaminhar o relatório, a Comissão pode formular as proposições e recomendações que julgar adequadas.
Apresentada a petição, é realizada a verificação preliminar da demanda, em que se aguarda a manifestação do Estado, após o que se intenta a solução amistosa, seguida das fases do 1º e 2º informes.
Não havendo a rejeição de plano da petição na fase de verificação preliminar da demanda e após a manifestação do Estado, pode-se operar a solução amistosa, mas ainda assim o acordo realizado entre o Estado e a vítima não impede, obrigatoriamente, o prosseguimento do processo.
ATENÇÃO: Proibição de estoppel - Quanto à manifestação do Estado, não é admitido o estoppel, ou seja, veta-se o comportamento contrário à conduta anterior, ou seja, se o Estado não alega alguma questão preliminar no momento da sua manifestação perante a Comissão, não poderá alegá-la em processo perante a Corte.
Inexistindo acordo, ocorre a fase do 1º informe ou informe preliminar ou Relatório 50, oportunidade em que se constata se houve ou não violação à Convenção Americana de Direitos Humanos. Caso não seja constada violação, ocorre arquivamento sem recurso.
Em caso de violação à Convenção Americana de Direitos Humanos, fixa-se prazo de até três meses para Estado cumprir determinações do relatório, que tem caráter confidencial e, caso descumprido, abre-se duas:
1) Abertura de ação direta na Corte Interamericana de Direitos Humanos ou;
2) Proceder à fase do 2º informe.
Quem decide é a própria Comissão;
Na fase do 2º informe, a informação sobre o ocorrido passa a ser pública e fixa-se prazo para cumprimento da decisão. 
A partir do caso Loyaza Tamayo, passou-se a considerar que o 2º informe tem caráter vinculante, mas que não acarreta graves sanções caso descumprido, senão um apelo à OEA nos termos do art. 41, “g”, CADH, que pode impor a suspensão da participação do Estado em assembleia em razão da ruptura com o regime democrático. Atualmente, não se tem visto a aplicação deste tipo de sanção aos Estados.
Artigo 41
 - A Comissão tem a função principal de promover a observância e a defesa dos direitos humanos e,no exercício de seu mandato, tem as seguintes funções e atribuições:
(...)
g) apresentar um relatório anual à Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos.
A despeito disso, o Brasil já cumpriu 2 informes, um no caso dos 28 meninos emasculados (genitália extirpada) do Maranhão e outro no caso Maria da Penha, cuja lei surgiu de uma reclamação solucionada na própria Comissão Interamericana de Direitos Humanos, sem alcançar a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
12.5. Fase Perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos – Corte IDH
Não é um tribunal permanente, funciona em sessões ordinárias e extraordinárias.
 Os primeiros casos julgados:
1º Caso Viviana Gallardo X Costa Rica
E na sequência os casos hondurenhos:
Velásquez Rodrigues;
 Faíren Garbi e Solis Corrales;
Godinez Cruz.
12.5.1. Funções da Corte IDH
Há duas funções:
a) consultiva, na qual a Corte IDH analisa a compatibilidade entre as disposições da Convenção Americana de Direitos Humanos e o regime jurídico interno;
b) contenciosa, em que há análise de casos concretos de violação.
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12.5.2. Composição da Corte IDH
São sete Juízes indicados pelos Estados membros da OEA, conforme o art. 52, 1, Convenção Americana de Direitos Humanos, que devem ter a nacionalidade de qualquer Estado membro da OEA. O quórum para deliberação é de 5 Juízes.
Artigo 52
1. A Corte compor-se-á de sete juízes, nacionais dos Estados-membros da Organização, eleitos a título pessoal dentre juristas da mais alta autoridade moral, de reconhecida competência em matéria de direitos humanos, que reúnam as condições requeridas para o exercício das mais elevadas funções judiciais, de acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado que os propuser como candidatos.
2. Não deve haver dois juízes da mesma nacionalidade.
12.5.2.1. Natureza Jurídica da Corte IDH
A Corte IDH é uma instituição judicial autônoma, é um órgão da Convenção Americana de Direitos Humanos.
12.5.3. Fontes do Procedimento
São fontes do procedimento da Corte IDH:
a) A Convenção Americana de Direitos Humanos;
b) O Estatuto da Corte IDH;
c) O Regulamento da Corte IDH;
d) A própria jurisprudência da Corte IDH.
12.5.4. Idioma Oficial
Conforme o art. 22, Regulamento da Corte IDH, são idiomas oficiais os idiomas da OEA, ou seja, Espanhol, Inglês, Português e Francês. Haverá a adoção anual de idiomas de trabalho.
Artigo 22. Idiomas oficiais
1. Os idiomas oficiais da Corte são os da OEA, ou seja, o espanhol, o inglês, o português e o francês.
2. Os idiomas de trabalho serão os que a Corte adote anualmente. Contudo, para um caso determinado, também se poderá adotar como idioma de trabalho o do Estado demandado ou, dependendo do caso, o do Estado demandante, sempre que seja oficial.
3. Ao início do exame de cada caso, determinar-se-ão os idiomas de trabalho.
4. A Corte poderá autorizar qualquer pessoa que compareça perante a mesma a se expressar em seu próprio idioma, se não tiver suficiente conhecimento dos idiomas de trabalho, mas em tal caso adotará as medidas necessárias para assegurar a presença de um intérprete que traduza a declaração para os idiomas de trabalho. Esse intérprete deverá prestar juramento ou declaração solene sobre o fiel cumprimento dos deveres do cargo e sobre o sigilo a respeito dos fatos de que tome conhecimento no exercício de suas funções.
5. Quando o considere indispensável, a Corte disporá qual é o texto autêntico de uma resolução.
12.5.5. Legitimidade
Legitimidade ativa e passiva nos processos contenciosos 
Segundo Curso De Direitos Humanos - Andre De Carvalho Ramos pag 308
Somente Estados que tenham reconhecido a jurisdição da Corte e a Comissão podem processar Estados perante a Corte Interamericana. Assim, os indivíduos dependem da Comissão ou de outro Estado (actio popularis) para que seus reclamos cheguem à Corte IDH.
Já a legitimidade passiva é sempre do Estado: a Corte IDH não é um Tribunal que julga pessoas, o que será debatido mais abaixo.
A Corte julga, assim, uma ação de responsabilidade internacional do Estado por violação de direitos humanos.
A legitimidade passiva é do Estado representado por um agente indicado, conforme o art. 23, Regulamento Corte IDH.
Artigo 23. Representação dos Estados
1. Os Estados que sejam partes em um caso estarão representados por Agentes, os quais, por sua vez, poderão ser assistidos por quaisquer pessoas de sua eleição.
2. Poderão ser credenciados Agentes assistentes, os quais assistirão aos Agentes no exercício de suas funções e os suprirão em ausências temporárias dos mesmos.
3. Quando um Estado substituir o ou os Agentes terá que comunicar à Corte e a substituição terá efeito a partir desse momento.
Já a legitimidade ativa pertence à Comissão, representada por Delegados designados conforme o art. 24, Regulamento Corte IDH.
Artigo 24. Representação da Comissão
A Comissão será representada pelos Delegados que designar para tal fim. Esses Delegados poderão fazer-se assistir por quaisquer pessoas de sua escolha.
Na CIDH, o início do processo só se dá pela Comissão diferentemente da Corte Europeia.
ATENÇÃO: Em 2009, houve mudanças importantes.
1ª Mudança
Até 2009 o início da ação era apenas por meio petição inicial autônoma.
A partir de 2009 com as alterações temos: 
A ação é iniciada pelo envio do Primeiro Informe da Comissão à Corte.
As vítimas ou seus representantes são intimados a apresentar a petição inicial do processo internacional no prazo de dois meses. 
É própria vitima que decide se apresentara petição autônoma ou se utilizará do 1º informe. Prazo de dois meses.
2ª Mudança.
Até 2009, a representação era feita pela própria Comissão. Só ela atuava perante a Corte IDH.
Após 2009, todas as etapas processuais são focadas nas vítimas e no Estado Réu e, secundariamente, na Comissão como fiscal da lei (custos legis).
Há ainda o “Defensor Interamericano” que deve representar judicialmente às vítimas sem recursos (até 2009, a representação era feita pela própria Comissão).
A OEA fez convênio com a Associação Interamericana de Defensorias Públicas, que possui uma lista de defensores públicos nacionais especializados no sistema interamericano (que conta, inclusive, com defensores públicos brasileiros). Dessa lista, há a nomeação de um Defensor Público Interamericano às vítimas ou representantes que não possuam ainda representação jurídica, para atuar nos processos perante a Corte IDH.
12.5.6. Procedimento
12.5.6.1. A petição inicial e o defensor público interamericano
A ação é iniciada pelo envio do Primeiro Informe da Comissão à Corte.
As vítimas ou seus representantes são intimados a apresentar a petição inicial do processo internacional no prazo de dois meses. 
É própria vitima que decide se apresentara petição autônoma ou se utilizará do 1º informe. Prazo de dois meses.
Obs.: Há ainda o “Defensor Interamericano” que deve representar judicialmente às vítimas sem recursos (até 2009, a representação era feita pela própria Comissão).
Há o recebimento ou o seu aditamento é determinado.
12.5.6.2. Contestação, exceções preliminares e provas
O Estado Réu é notificado para oferecer sua contestação no prazo idêntico de dois meses.
a) O Estado não contesta: 
O Estado demandado pode não impugnar os fatos e as pretensões, acatando sua responsabilidade internacional. Nesse caso, a Corte estará apta a sentenciar.
b) O Estado contesta:
A contestação se divide em exceções preliminares e mérito (em regra alegam o não esgotamento dos recursos internos em sede de exceção preliminar).
Deve já indicar as provas (inclusive as periciais), bem como os fundamentos de direito, as observações às reparações e às custas solicitadas, bem como as conclusões pertinentes
A apresentação de exceções preliminares não suspenderá o procedimento em relação ao mérito, nem aos prazos e aos termos respectivos.
A Comissão, as supostas vítimas ou seus representantes poderão apresentar suas observações às exceções

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