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UFRJ – Escola de Comunicação Língua Portuguesa I – LEV 110 – Turmas EC0 e EC3 Professora: Vivian Paixão 2016/1 Fatores de textualidade O texto é a unidade elementar da comunicação humana, constituindo, portanto, um todo significativo. Essa unidade, no entanto, se constrói a partir de uma série de estruturas linguísticas organizadas, sendo possível analisá-la a partir das relações existentes entre as partes e elementos que a constituem. É a estruturação organizada desses elementos que faz com que o texto seja uma unidade de sentido, e não apenas um aglomerado de frases e palavras. O texto possui, portanto, alguns fatores que permitem que cumpra seu objetivo comunicativo. São os chamados fatores de textualidade, a saber: Coerência: relaciona-se com o sentido do texto. Diz respeito não apenas à lógica ou coerência interna, mas também à coerência externa, isto é, a compatibilidade entre o que é apresentado no texto e a realidade externa ou conhecimento de mundo dos interlocutores. Coesão: assim como a coerência, diz respeito à lógica textual, mas está relacionada ao nível da forma, e não do conteúdo. É a expressão, por meio de recursos linguísticos, das relações lógicas entre as ideias presentes no texto. Os elementos coesivos são responsáveis pela progressão e unidade textuais. Intencionalidade: todo texto pressupõe uma intenção comunicativa, um objetivo visado pelo emissor. Informatividade: em alguma medida, o texto apresenta ao seu receptor informações novas combinadas a informações pré-existentes, possuindo algum grau de informatividade. Intertextualidade: consiste na relação que se estabelece entre o texto que está sendo produzido/decodificado e textos anteriores com os quais o enunciador e/ou o receptor já tiveram contato. A intertextualidade sempre exsite, ainda que não seja intencional, mas muitas vezes é propositalmente destacada pelo enunciador a partir de estratégias de evidenciação da intertextualidade, como alusão, paródia, paráfrase e citação. Aceitabilidade: contraparte da intencionalidade, relaciona-se com a disposição do receptor a processar o enunciado, estabelecendo analogias com seu próprio conhecimento de mundo prévio e possibilitando a construção de sentido pelo texto. Situacionalidade: diz respeito à adequação do texto à situação ou contexto sociocomunicativo em que se insere. Uma vez que os textos não ocorrem de maneira isolada da interação social, eles são, ao mesmo tempo, reflexo e espelho da própria situação em que ocorrem. __________________________________________________________________________________________ Cabe fazer uma observação a respeito da funcionalidade comunicativa dos textos. Sabe-se que a comunicação humana atende aos mais diversos propósitos, e, sendo o texto sua unidadade básica, também tem funções que variam bastante de acordo com a situação. Assim, também, a estrutura linguística que dá suporte a essa efetivação do ato comunicativo também pode assumir várias formas. A classificação dos textos de acordo com sua função comunicativa e de acordo com a forma que o constitui se dá por meio dos chamados gêneros e tipos textuais (ou modos de organização do discurso). Os gêneros textuais são categorias de textos reais, que apresentam características gerais comuns facilmente identificáveis e determinadas pelo contexto ou situação sociocomunicativa. Existem em número ilimitado (inventário aberto) e estão sempre se renovando, à medida que se renovam as práticas sociais e necessidades sociocomunicativas. São exemplos de gêneros textuais: carta, notícia, anúncio, romance, poema, aula expositiva, conversa ao telefone, etc. Os tipos textuais, ou modos de organização do discurso, são categorias estabelecidas com base nos recursos linguísticos empregados que dão ao texto (ou sequência discursiva) uma finalidade como a de contar uma história ou descrever uma cena, por exemplo. Os tipos textuais existem em número limitado (inventário fechado), e normalmente se apresentam na forma de sequências, podendo coexistir sequências de vários tipos em um mesmo texto. Os tipos textuais são descrição, narração, exposição, argumentação, injunção e, para alguns autores, diálogo. Atividade: A partir das informações sobre os fatores de textualidades, gêneros e tipos textuais, analise os exemplos a seguir e discuta por que podem (ou não) ser considerados textos. Exemplo 1: Exemplo 3: Exemplo 2: Exemplo 4: A publicidade infantil movimenta bilhões de dólares e é responsável por considerável aumento no número de vendas de produtos e serviços direcionados às crianças. No Brasil, o debate sobre a publicidade infantil representa uma questão que envolve interesses diversos. Nesse contexto, o governo deve regulamentar a veiculação e o conteúdo de campanhas publicitárias voltadas às crianças, pois, do contrário, elas podem ser prejudicadas em sua formação, com prejuízos físicos, psicológicos e emocionais. Em primeiro lugar, nota-se que as propagandas voltadas ao público mais jovem podem influir nos hábitos alimentares, podendo alterar, consequentemente, o desenvolvimento físico e a saúde das crianças. Os brindes que acompanham as refeições infantis ofertados pelas grandes redes de lanchonetes, por exemplo, aumentam o consumo de alimentos muito calóricos e prejudiciais à saúde pelas crianças, interessadas nos prêmios. Esse aumento da ingestão de alimentos pouco saudáveis pode acarretar o surgimento precoce de doenças como a obesidade. Em segundo lugar, observa-se que a publicidade infantil é um estímulo ao consumismo desde a mais tenra idade. O consumo de brinquedos e aparelhos eletrônicos modifica os hábitos comportamentais de muitas crianças que, para conseguir acompanhar as novas brincadeiras dos colegas, pedem presentes cada vez mais caros aos pais. Quando esses não podem compra-los, as crianças podem ser vítimas de piadas maldosas por parte dos outros, podendo também ser excluídas de determinados círculos de amizade, o que prejudica o desenvolvimento emocional e psicológico dela. Em decorrência disso, cabe ao Governo Federal e ao terceiro setor a tarefa de reverter esse quadro. O terceiro setor – composto por associações que buscam se organizar para conseguir melhorias na sociedade – deve conscientizar, por meio de palestras e grupos de discussão, os pais e os familiares das crianças para que discutam com elas a respeito do consumismo e dos males disso. Por fim, o Estado deve regular os conteúdos veiculados nas campanhas publicitárias, para que essas não tentem convencer pessoas que ainda não têm o senso crítico desenvolvido. Além disso, ele deve multar as empresas publicitárias que não respeitarem suas determinações. Com esses atos, a publicidade infantil deixará de ser tão prejudicial e as crianças brasileiras poderão crescer e se desenvolver de forma mais saudável. Dandara Luíza da Costa, Pernambuco (Redação Nota 10 do Enem 2014)
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