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Me´todos Computacionais da F´ısica II Trabalho 3.a Fabio Rasera Figueiredo 244430 2 de junho de 2016 1 Introduc¸a˜o Neste trabalho sera˜o analisadas soluc¸o˜es nume´ricas para o problema de 2 corpos interagindo gravitacionalmente. Pore´m, sera˜o vistos apenas casos em que a massa de um dos corpos e´ muito maior que a do outro. A expressa˜o que descreve o movimento e´ a seguinte equac¸a˜o diferencial: d2~r dt2 = −GM r3 ~r (1) Uma abordagem do problema contendo sua soluc¸a˜o anal´ıtica bem de- talhada pode ser encontrada no site do MIT[1] . As equac¸o˜es utilizadas para a soluc¸a˜o exata foram retiradas de um artigo da Wikipe´dia[2] sobre o problema de Kepler. Neste trabalho sera˜o utilizados dois me´todos distintos de soluc¸a˜o nume´rica para equac¸o˜es diferenciais: os me´todos RK4 e de Fehlberg. 1.1 Problema 1 O problema a ser resolvido foi retirado do livro Me´todos Computacionais da F´ısica[3] (Scherer, 2010, pp.81-84). Trata-se da o´rbita de um cometa em torno do sol cuja massa e´ desprez´ıvel em relac¸a˜o ao sol. A u´nica modificac¸a˜o em relac¸a˜o ao original e´ o valor de uma das condic¸o˜es iniciais. O problema foi resolvido com o me´todo RK4 utilizando passo fixo (orbitaRK4.c) e o me´todo de Fehlberg com incremento adaptativo (orbitaFehl.c). A seguir esta˜o os gra´ficos com as soluc¸o˜es nume´ricas para ambos os me´todos e a soluc¸a˜o exata, descrevendo a trajeto´ria do cometa. 1 600 400 200 0 200 400 600 200 0 200 400 600 800 1000 0 500 1000y (x ) x hfixo=5.0, x(0)=1000.0, y(0)=0.0, vx(0)=0.0, vy(0)=0.02 RK4 Exata Figura 1: O´rbita com o me´todo RK4 utilizando passo fixo 600 400 200 0 200 400 600 200 0 200 400 600 800 1000 0 500 1000y (x ) x h0=5.0, x(0)=1000.0, y(0)=0.0, vx(0)=0.0, vy(0)=0.02 Fehlberg Exata Figura 2: O´rbita com o me´todo de Fehlberg utilizando incremento adaptativo Na figura 1 foram plotados menos pontos para que se possa visualizar 2 que, com o passo fixo, quando o cometa esta´ passando pelo afe´lio, e portanto com a menor velocidade orbital, os pontos se apresentam mais pro´ximos. Isso se deve ao fato de que o cometa se deslocara´ menos que em outras sec¸o˜es da o´rbita durante o passo h, justamente por conta de sua velocidade reduzida. Ja´ ao passar pelo perie´lio, onde o cometa esta´ com a maior velocidade orbital, este se desloca mais durante o intervalo h e os pontos se apresentam mais afastados. Na figura 2 veˆ-se que na˜o ha´ ocorreˆncia do mesmo efeito, pois o me´todo empregado na˜o utiliza um passo fixo, mas um passo que se modifica con- forme a avaliac¸a˜o do programa, podendo aumentar ou diminuir dependendo da ana´lise do erro corrente do passo seguinte. Pode-se notar que, inclusive, ocorre o efeito contra´rio, em que aparecem pontos mais pro´ximos na passa- gem do cometa pelo perie´lio, mostrando que nessa sec¸a˜o ha´ necessidade de reduzir o passo. A seguir esta˜o os gra´ficos representando a variac¸a˜o de energia do cometa ao longo do tempo, para ambos os me´todos, junto com a energia total exata. −0.005 −0.004 −0.003 −0.002 −0.001 0 0.001 0.002 0.003 0.004 0 20000 40000 60000 80000 100000 E n e rg ia Tempo h0=5.0, x(0)=1000.0, y(0)=0.0, vx(0)=0.0, vy(0)=0.02 Energia total Energia cinética Energia potencial Energia total exata Figura 3: Energias nume´rica e exata durante a o´rbita do cometa com o me´todo RK4. 3 −0.005 −0.004 −0.003 −0.002 −0.001 0 0.001 0.002 0.003 0.004 0 20000 40000 60000 80000 100000 E n e rg ia Tempo h0=5.0 (anos), x(0)=1000.0, y(0)=0.0, vx(0)=0.0, vy(0)=0.02 Energia total Energia cinética Energia potencial Energia total exata Figura 4: Energias nume´rica e exata durante a o´rbita do cometa com o me´todo de Fehlberg. Percebe-se que a conservac¸a˜o de energia e´ respeitada e o valor nume´rico para a energia total esta´ de acordo com o valor exato. 1.2 Problema 2 Neste problema considera-se o sol na origem do sistema solar se obte´m a o´rbita de um planeta do sistema solar devido a` atrac¸a˜o gravitacional do sol. O planeta utilizado aqui sera´ Ju´piter e os dados referentes ao planeta foram obtidos de uma tabela cedida virtualmente pela NASA[4]. O me´todo utilizado para calcular numericamente a soluc¸a˜o deste problema sera´ o de Fehlberg com passo variado (incremento adaptativo). Primeiramente, e´ preciso contornar uma dificuldade oriunda da natureza dos dados. Diferentemente do primeiro problema, sera´ necessa´rio utilizar dados reais para a soluc¸a˜o deste. Como tratam-se de dados astronoˆmicos, veremos nu´meros de ordem muito grande, como a distaˆncia e a massa dos corpos, ou de ordem muito pequena, como a constante gravitacional, se uti- lizarmos o sistema internacional de unidades. Assim, ao adotar-se a unidade de distaˆncia como UA (Unidade Astronoˆmica), a unidade de massa como MS (Massa Solar) e a unidade de tempo como ano, evitam-se ordens muito grandes ou pequenas, que causariam problemas devido ao limite de precisa˜o intr´ınseco ao ca´lculo nume´rico. 4 A constante gravitacional em unidades do sistema internacional e´ G = 6.67408x10−11m3kg−1s−2 , se utilizarmos MS = 1.98892x10 30kg, UA = 1.495978707x1011m e ano = 3.1596x107s obteˆm-se: G = 39.58196 UA3M−1S ano −2 , cuja ordem de grandeza na˜o apresenta nenhum poss´ıvel problema de arre- dondamento, ao contra´rio do primeiro caso. Ao utilizarmos estas unidades para representar o problema veremos que todas as grandezas f´ısicas se tor- nam mais fa´ceis de serem tratadas computacionalmente. A seguir esta˜o os gra´ficos com a trajeto´ria e energia de Ju´piter, tendo o Sol posicionado na origem. 6 4 2 0 2 4 6 6 4 2 0 2 4 6 0 2 4 6y (U .A ) x (U.A) h0=5.0 (anos), r(0)=[5.459 ; 0] (U.A), v(0)=[0 ; 2.622] (U.A/ano) Júpiter Sol Exata Figura 5: O´rbitas nume´rica e exata de Ju´piter com o me´todo de Fehlberg. 5 −0.008 −0.006 −0.004 −0.002 0 0.002 0.004 0.006 0.008 0 4 8 12 16 20 24 E ( M a s s a s S o la re s U .A 2 / a n o s 2 ) t (anos) h0=5.0 (anos), r(0)=[5.459 ; 0] (U.A), v(0)=[0 ; 2.622] (U.A/ano) Energia total Energia cinética Energia potencial Energia total exata Figura 6: Energias nume´rica e exata durante a o´rbita de Ju´piter com o me´todo de Fehlberg. Veˆ-se que a o´rbita de Ju´piter e a o´rbita do cometa possuem grandes dife- renc¸as. A o´rbita de Ju´piter na˜o apresenta grande variac¸a˜o entre a distaˆncia do afe´lio e do perie´lio, enquanto que na o´rbita do cometa a diferenc¸a e´ ex- tremamente grande. A diferenc¸a entre o afe´lio e o perie´lio de Ju´piter e´ da ordem de 70 milho˜es de metros, pore´m, isso se traduz em cerca de apenas 0.5 UA, enquanto que a diferenc¸a entre afe´lio e perie´lio para o cometa e´ de cerca de 250 UA. Como esperado, a energia total, tanto de Ju´piter quanto do cometa, permanecem constantes ao longo da trajeto´ria, enquanto as energias cine´tica e potencial oscilam conforme a posic¸a˜o do corpo. E´ poss´ıvel verificar tambe´m pela periodicidade da energia cine´tica e potencial na Figura 6 que o per´ıodo de o´rbita do planeta Ju´piter e´ de aproximadamente 12 anos, o que esta´ de acordo com as observac¸o˜es reais. Para os dois problemas verificou-se que a soluc¸a˜o nume´rica coincide com os valores exatos para a posic¸a˜o e energia total dos corpos em suas o´rbitas. Refereˆncias [1] MIT, The Kepler Problem: Planetary Mechanics and the Bohr Atom. Dispon´ıvel em: http://web.mit.edu/8.01t/www/materials/ modules/guide17.pdf. 6 [2] WIKIPEDIA, Kepler Problem. Dispon´ıvel em: https://en.wikipedia. org/wiki/Kepler_problem.[3] Scherer, C., Me´todos Computacionais da F´ısica Versa˜o Scilab, Livraria da F´ısica, 2a ed. 2010. [4] NASA, Jupiter Fact Sheet. Dispon´ıvel em: http://nssdc.gsfc.nasa. gov/planetary/factsheet/jupiterfact.html. 7 Introdução Problema 1 Problema 2