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Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina HEMOSTASIA É um fenômeno fisiológico dinâmico, cuja função é manter o sangue fluido dentro do vaso, sem coagular e nem tão pouco extravasar. O sistema hemostático é o equilíbrio entre mecanismos pró-coagulantes e anticoagulantes aliado a um processo de reparo tecidual. É composto por uma sequência de eventos integrados que envolvem cinco principais componentes: Vasos Sanguíneos Plaquetas Proteínas do Sistema da Coagulação Proteínas do Sistema Fibrinolítico Proteínas Inibidoras MECANISMOS DA HEMOSTASIA A Hemostasia Primária engloba componentes do endotélio vascular e plaquetas, resultando na formação do tampão plaquetário, cujo efeito hemostático é temporário; Em seguida, na Hemostasia Secundária, as proteínas da coagulação formarão fibrina, que reforçará este trombo primário. E por fim, na Fibrinólise (lise do coágulo) o sistema fibrinolítico irá dissolver o trombo gradualmente, a fim de restaurar o fluxo sanguíneo normal. Vasoconstrição Primeiramente o vaso lesado se contrai Adesão Inicia-se quando as plaquetas se aderem ao endotélio vascular. Essa ligação é mediada pelo fator de von Willebrand Ativação Plaquetária Mudança da forma das plaquetas e liberação dos conteúdos dos grânulos no plasma Agregação Plaquetária As plaquetas se agregam uma às outras, formando o tampão plaquetário. ENDOTÉLIO VASCULAR Influencia o tônus vascular, pressão arterial e fluxo sanguíneo pela liberação de vasodilatadores (NO, PGI2) e vasoconstrictores (endotelina) Proteínas adesivas: colágeno, fibronectina, fator de von Willenbrand Fator tecidual – células endotelias lesadas Substâncias anticoagulantes: sulfato de heparan, trombomodulina (proteína C), proteína S e outros Participa do processo de fibrinólise através do ativador do plasminogênio tecidual ( tPA) e do seu inibidor (PAI-1) Lesão Vascular Vasoconstrição Hemorragia Formação do Tampão Plaquetário Coágulo Reparação Hemostasia Primária - Vasoconstricção (imediata) - Adesão plaquetária (segundos) - Agregação plaquetária (minutos) Hemostasia Secundária -Ativação dos fatores da coagulação -Formação de fibrina (minutos) Fibrinólise - Ativação da fibrinólise (minutos) - Lise do coágulo (horas) Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina PLAQUETAS São fragmentos citoplasmáticos de megacariócitos anucleados Maturação medular. Contagem normal: 150.000 - 450.000/mm3 Sobrevivência média: 8 – 10 dias Removidas pelo baço e fígado 70% circulação 30% baço Estrutura Funcional Glicoproteínas de Membrana (GP) - GP Ia: adesão ao colágeno - GP Ib-IX-V: receptor FvW (adesão) - GP IIb-IIIa: receptor de fibrinogênio (agregação) Grânulos Plaquetários - α-grânulos (proteínas): FvW, fibrinogênio, F4P, PDGF, FV, β-trombomodulina, albumina. - grânulos densos: ADP, ATP, serotoninas, Ca+2 - lisossomas: ácidos hidrolases Sistema de Conexão Canalicular - Túbulos densos - Conexão canalicular com a superfície Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina ADESÃO DAS PLAQUETAS As glicoproteínas da superfície são importantes nas reações de adesão e agregação de plaquetas, que são os eventos iniciais que levam a formação do tampão plaquetário durante a hemostasia; A adesão ao colágeno é facilitada pela GP Ia e GP VI (ligação fraca); A GP Ib/IX/V promove a adesão (ligação forte) ao colágeno mediada pelo fator de vonWillebrand (FvW); Após ativação plaquetária, a GP IIb/IIIa é exposta e promove a agregação plaquetária através do fibrinogênio. Lesão Ligação do FvW ao colágeno (vaso) Vasoconstrição Estresse de Cinsilhamento Ligação do ‘complexo’ ao FvW Exposição da GP IIb-IIa Ativação da plaqueta Liberação de grânulos densos (secreção) Ligação plaqueta-plaqueta pelo Fibrinogênio (agregação). Ativação Pró-Coagulante ----------> Ativação da Fibrina FATOR DE Von Willebrand Sintetizado por células endoteliais e megacariócitos É armazenado nos corpúsculos de Weibel Palade e nos grânulos α (multímeros grandes) Pode ser liberado sob a influência de estresse, exercícios, adrenalina, desmopressina Após liberados são clivados em multímeros menores pela metaloprotease ADAMS-13 Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL DE DOENÇAS HEMORRÁGICAS RELACIONADAS À HEMOSTASIA PRIMÁRIA Doenças Plaquetárias - Quantitativas (plaquetopenias) - Qualitativa (plaquetopatias) Apresentam sangramento de pele e mucosas Pele: petequias (1mm); púrpuras (1mm a 1cm) ou equimoses (>1cm) Mucosas: o sangramento apresenta-se como epistaxes, sangramento gastrointestinal, sangramento da árvore respiratória (hemoptise, urinário ou hemorragia. Doença de Von Willebrand: manifestações hemorrágicas típicas da DvW são equimoses aos menores traumatismos, epistaxe, gengivorragia e menorragia. O objetivo da avaliação laboratorial da hemostasia é: Identificar as causas e definir a intensidade do defeito da hemostasia responsável tanto por doenças hemorrágicas como trombóticas; Ser útil na monitorização de terapêutica Ela é realizada in vitro, o que torna distante do processo fisiológico, mas útil do ponto de vista prático. A exatidão do diagnóstico depende da qualidade do laboratório que realiza os exames. PASSO 1: - História do sangramento -Exame Físico - Testes globais de Hemostasia: simples, baratos e sensíveis TP, TTPa, TT Tempo de Sangramento (TS) PFA-100 PASSO 2: -Testes específicos (baseados nos resultados do passo 1). AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA HEMOSTASIA PRIMÁRIA Tubo azul: citrato de sódio Envolve a interação das plaquetas com componentes do endotélio vascular e com proteínas plasmáticas como o fator de von Willebrand. Principais testes: Tempo de sangramento (TS) Contagem de plaquetas Agregação Plaquetária Cofator de Ristocetina FvW:Ag Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Tempo de Sangramento (TS) Tempo transcorrido para estancar o sangramento decorrente de uma lesão padronizada na pele; Avalia a hemostasia primária, envolvendo vasos e plaquetas (medida da função plaquetária in vivo). TS: TÉCNICA DE DUKE Foi introduzida por DUKE em 1910. Consiste na punção mediante lanceta no lóbulo da orelha, seguido da medida do tempo em que persiste o sangramento. Apresenta baixa sensibilidade em detectar alteração da hemostasia primária. Baixa reprodutividade. Valores referenciais normais: 1 a 3 minutos TS: TÉCNICA DE IVY Face anterior do antebraço Padroniza o principal fator de variabilidade: a pressão a nível capilar, mediante utilização de um tensiômetro no braço à pressão de 40mmHg São também padronizados o comprimento e a profundidade da lesão através de dispositivos automáticos e descartáveis. Maior sensibilidade e reprodutividade às alterações da hemostasia primária. Valores referenciais normais: Adultos – 6 a 9 minutos DESVANTAGENS - Baixa reprodutividade - Teste in vivo: depende da presença do indivíduo - Desconforto da pessoa que está executando - Potencial de formação de escoriação/lesão - Incoveniente para realização de exames seriados ou repetição do teste - Correlação baixa com a tendência hemorrágica. TS encontra-se prolongado em: - Plaquetopenia - Doença de Von Willebrand - Plaquetopenias- Uso de medicamento antiagregante (AAS) Contagem de Plaquetas Feita em geral com sangue total anticoagulado com EDTA, usando-se contadores automático de células. Também avalia a distribuição do volume plaquetário. Método de Fônio menor precisão, mas permite análise da morfologia plaquetária. A observação da lâmina também permite descartar a falsa trombocitopenia. Plaquetas Normais Satelitismo Plaquetário Trombocitopenia Agregação Trombocitose Macroplaquetas Plaquetas Gigantes Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Teste de Agregação Plaquetária Ensaio para identificar a função anormal das plaquetas e monitorar terapia com drogas antiagregantes. - Avalia a função plaquetária pela exploração de diferentes vias de ativação plaquetária invitro. - Jejum 4h/12h - Utiliza-se o PRP (centrifugação 1000rpm por 5min a temperatura ambiente) - Os agonistas mais usados são: ADP Adrenalina Ácido araquidônico Colágeno Ristocetina - A agregação plaquetária é importante para a detecção de anormalidades da função plaquetária em indivíduos com sangramento típicos de hemostasia primária, especialmente quando a resposta é anormal a múltiplos agonistas. - Diagnóstico de plaquetopatia é confirmado somente após repetição(s) dos testes de agregação plaquetária. - O fato do paciente apresentar agregação plaquetária normal não significa que ele não tenha plaquetopatia (se apresentar sinais e sintomas). Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina ADP, colágeno e adrenalina: São agonistas fisiológicos da ativação plaquetária. Ligação do fibrinogênio. Ristocetina É um antibiótico capaz de agregar todas as plaquetas, exceto aquelas dos indivíduos acometidos pela doença de von Willebrand. ALTERAÇÕES PLAQUETÁRIAS Quantitativas: Plaquetoses e Plaquetopenias Qualitativas: Plaquetopatias Heteditárias; Alterações Plaquetoparias Adquiridas. PLAQUETOPATIAS HEREDITÁRIAS Anormalidades no número ou defeitos qualitativos das plaquetas podem iniciar um desequilíbrio nos estágios iniciais da hemostasia, resultando em doenças hemorrágicas. Desordens granulares: Síndrome da plaqueta cinzenta (grânulos alfa) Doença do pool plaquetário (grânulos densos); Desordens nos receptores de membranas: Síndrome de Bernard-Soulier Trombastenia de Glanzmann Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Síndrome de Bernard-Soulier Deficiência da GP Ib-IX-V ◦ Proteínas Alteradas ◦ Receptor de fator de von Willebrand e trombina. - Doença de transmissão hereditária autossômica recessiva, com maior prevalência em filhos de pais consanguíneos. - A GP Ib-IX-V tem importante papel na formação do Citoesqueleto, sendo responsável pela morfologia normal da plaqueta - TS prolongado, presença de trombocitopenia e plaquetas gigantes. Diagnóstico Laboratorial Macrotrombocitopenia TS prolongado Alteração na agregação plaquetária à ristocetina Trombopenia de Glanzmann • Deficiência da GpIIb-IIIa –Agregação plaquetária • Autossômica Recessiva A agregação plaquetária ocorre somente perante a ristocetina e mostram deficiência no recrutamento de outras plaquetas para o tampão hemostático primário. Variabilidade clínica: ◦ Pequenas equimoses ou hemorragias frequentes e graves. ◦ Hemorragias mucocutâneas, equimoses, epistaxe, menorragias e gengivorragias. Diagnóstico: Hemograma: Plaquetas Normais (número e morfologia) TS prolongado A agregação plaquetária ocorre somente perante a ristocetina, deficiência no recrutamento de outras plaquetas para o tampão hemostático primário. Síndrome da Plaqueta Cinzenta Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Síndrome de von Willebrand Adquirida Forma rara, secundária a doenças auto-imunes, doenças linfo e mieloproliferativas, causas Idiopáticas Hereditária Mutações no gene que codifica o FVW. Caráter autossômico dominante. É A MAIS COMUM DAS DOENÇAS HEMORRÁGICAS. Tipo 1 • Defeito antigênico ou quantitativo (redução na produção de um FVW normal) • Deficiência leve a moderada (redução de todos os multímeros) • Corresponde a 60-80% dos casos Tipo 2 • Defeito funcional ou qualitativo (síntese de FVW anormal) • Níveis do FVW:Ag normais ou limítrofes • Corresponde a 10-30% dos casos • Possui 4 subtipos: 2 A, 2 B, 2 M e 2 N de acordo com o sitio funcional alterado Tipo 3 • Defeito antigênico ou quantitativo • Deficiência grave com níveis muito reduzidos ou indetectáveis do FVW • Corresponde a 1-5% dos casos Domínios funcionais e correlação com os subtipos da DVW Tratamento Os antifibrinolíticos são bastante eficazes para controlar sangramento na mucosa oral, epistaxes, menorragias e após extração dentária. Podem ser associados à desmopressina ou ao concentrado de fator, para sangramentos mais graves em pré e pós-operatório. Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Diagnóstico Laboratorial da DvW FATORES INTERFERENTES NA CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DO FVW A concentração plasmática do FVW pode ser influenciada por fatores genéticos e ambientais, tornar o diagnóstico da DVW mais difícil em algumas situações: Os níveis plasmáticos do FVW variam de acordo com o grupo sanguíneo ABO, indivíduos do grupo O apresentam valores inferiores em relação aos dos grupos não O. Os recém-nascidos apresentam níveis mais elevados até os 6 meses. Por esse motivo, nessa faixa etária é difícil o diagnóstico da DVW. Os níveis de FvW podem variar de acordo com o ciclo menstrual. Os contraceptivos orais e a gravidez ocasionam aumento das concentrações do FVW A punção venosa realizada sob condições de estresse e o garroteamento prolongado são também situações associadas à elevação das concentrações do FVW. Como o FVW é reagente de fase aguda, seus níveis plasmáticos estão aumentados em condições inflamatórias, infecciosas e neoplásicas. Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Determinação do antígeno de FvW Teste mede a quantidade total do antígeno no plasma Métodos imunológicos: • ELISA • Aglutinação com partículas de látex –Imunoturbidimetria Níveis baixos na DvW tipo 1 e 3 e normais ou limítrofes no tipo 2 Valores de referência: 50 a 150% Atividade de Cofator de Ristocetina Avalia a capacidade de ligação do FvW à glicoproteína Ib de plaquetas normais, lavadas e fixadas em formalina Fundamento: A Ristocetina (antibiótico) promove a interação entre o FvW e o complexo GP I O FvW:RCo é baixo em praticamente todos os tipos da DVW Valores de referência: 50 a 150% FVW:RCo: Detecção da atividade associada a GPIb e adicao de RISTOCETINA. • Agregométrico (padrão ouro) –plaquetas lavadas e fixadas agregam na presenca de plasma normal e ristocetina • Aglutinação visual –Evans RJ 1997 • Automatizado (recente): Ensaio rapido e reprodutivel -Stago – plaquetas formolizadas + Ristocetina -Siemens –BCS analyser -IL Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA HEMOSTASIA SECUNDÁRIA FATOR NOMENCLATURA ORIGEM I Fibrinogênio fígado e SRE II Protrombinafígado III Fator tecidual tecidos em geral IV Cálcio tecidos em geral V Proacelerina, Fator lábil fígado, megacariócitos VII Procovertina, Fator estável fígado VIIIC Fator anti-hemofílico A SRE, endotélio, fígado VIIIvW Fator von Willebrand endotélio, SRE, megacariócitos IX Fator anti-hemofílico B fígado X Fator Stuart-Prower fígado XI Antecedente trombopl. do plasma fígado XII Fator de Contato fígado XIII Fator estabilizador da fibrina fígado, megacariócitos Precalicreína Fator Fletcher fígado Cininogênio Fator Fitzgerald-Williams fígado Proteína C fígado Proteína S fígado Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina TROMBINA Durante todo o processo a trombina é considerada um dos principais elementos por atuar em múltiplos sítios: Interação com o fibrinogênio (levando à formação da fibrina); Lise do fator XIII (possibilitando a estabilização da fibrina); Ativação dos fatores V e VIII (potencializando a coagulação); Ativação da via da proteína C (limitando a cascata da coagulação). Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA HEMOSTASIA SECUNDÁRIA Tubo azul: citrato de sódio. Os métodos coagulométricos baseiam-se na formação do coágulo de fibrina, que pode ser visualizado no tubo, nas técnicas manuais, ou detectado automaticamente, utilizando aparelhos denominados coagulômetros. ◦Para o estudo dos componentes plasmáticos, utiliza-se o PPP Os principais métodos coagulométricos são: Tempo de protrombina (TP) Tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPA) Tempo de trombina (TT) Dosagem do fibrinogênio Teste da Mistura para TP e TTPA Dosagem de fatores Tempo de Protrombina (TP) Determina o tempo de coagulação do plasma a partir da estimulação da vi EXTRÍNSECA da coagulação. Desta forma o TP avalia os fatores envolvidos na via extrínseca e na via comum. A tromboplastina SUBSTITUI o Fator Tecidual Necessita de cálcio (Fator IV) - AVALIA EXCLUSIVAMENTE A VIA EXTRÍNSECA Reagentes: Tromboplastina cálcica (Fator tecidual e cálcio) Ativam o fator VII iniciando o processo que levará a formação de fibrina pela via extrínseca da coagulação. Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Método de Quick - um estágio (TP, AE, INR) O TP avalia a via extrínseca da coagulação • Avaliar os fatores da via extrínseca (VII) • Avaliar os fatores da via comum (X,V, II e I) • Monitorização do uso de anticoagulantes orais Anticoagulantes orais (cumarínicos) Ação básica antagonismo da vitamina K por inibição competitiva Fatores de coagulação vitamina K dependentes: fatores II, VII, IX, X Passam a ser sintetizados de forma incorreta. Avaliação Enzimática (AE) Curva de Calibração LIMITAÇÕES DA AE Uma mesma amostra sanguínea submetida a diferentes reagentes (tromboplastinas comerciais) pode apresentar resultados da atividade enzimática muito diferentes, tornando assim a AE imprópria para a monitorização da terapia com anticoagulante oral. A atividade enzimática é um índice insuficiente para o monitoramento de anticoagulante oral, pois não considera a sensibilidade das tromboplastinas comerciais. NORMATIZANDO A WHO estabeleceu que uma tromboplastina “ideal” (obtida de animal de linhagem genética idêntica), teria um índice de sensibilidade igual a 1. Todas as outras produzidas deveriam ter um índice comparado a ela. Obtendo-se assim a índice de sensibilidade da tromboplastina = ISI. INR: O sistema INR foi desenvolvido num esforço de padronizar os resultados do TP ISI - Índice de Sensibilidade Internacional INR - Razão Normalizada Internacional R = RATIO = Relação dos tempos Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Tromboplastina • Pacientes em uso de anticoagulante oral • ISI próximo a 1,0 • INR • Valores de Referência: Atividade enzimática (AE) > 70% INR : 1,00 – 1,30 INDICAÇÃO/PREVENÇÃO INR ALVO ANTICOAGULAÇÃO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIA 2,0 - 3,0 TROMBOSE VENOSA PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA 2,0 - 3,0 TROMBOSE VENOSA ATIVA, EMBOLIA PULMONAR, TROMBOSE VENOSA RECORRENTE 2,0 - 4,0 TROMBO-EMBOLIA ARTERIAL E PORTADORES DE VÁLVULAS CARDÍACAS 3,0 - 4,5 RISCO ELEVADO DE HEMORRAGIA 5,0 - 5,5 TP Alargado Deficiência de FVII • Def. de fibrinogênio • Def. leves de fatores da via comum – FX, FV ou FII • FVII tem a menor ½ vida de todos os fatores, é vitamina K dependente, primeiro fator a decrescer em resposta a: ◦ Deficiência de vitamina K ◦ Início da terapia com warfarin (Marevan) ◦ Doença hepática precoce Tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPA) Determina o tempo de coagulação do plasma a partir da estimulação da via INTRÍNSECA da coagulação. É sensível ao nível de fatores da via intrínseca e da via comum. Reagentes: • Ativador da fase de contato (sílica, ácido elárgico ou caulim) • + Cefalina (substitui o fosfolípideo da membrana plaquetária) • Cálcio (reverte a ação do citrato de sódio) Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Avalia a via intrínseca: precalicreína, cininogênio de alto peso molecular, fator XII, fator XI, fator IX, fator VIII. Avalia a via comum (menos sensível): fator X, fator V e protrombina (fator II) Controle da Heparinoterapia Heparina potencializa o efeito da antitrombina Antitrombina Inibição da Trombina (FII) e dos fatores X, IX, XI, XII Resultados: segundos e ratio (R) Ratio normal: 0,80 a 1,20 TTPa Alargado Heparinoterapia Presença de Inibidores Def. de fatores específicos da via intrínseca: ◦ FXII, PK, HMWK – não associado com sangramento ◦ FVIII – hemofilia A e DvW ◦ FIX – hemofilia B ◦ FXI ◦ Combinação de vários fatores Tempo de Trombina (TT) Tempo necessário para a formação do coágulo após adição de trombina. É obtido após a adição de trombina em baixa concentração ao plasma, de modo que o tempo de coagulação é influenciado pela concentração de fibrinogênio e pela presença de inibidores da fibrinoformação. • AVALIA a Via comum • Teste muito sensível à heparina• Hipofibrinogenemia • Disfibrinogenemia • Valores de referência: 14 a 21 segundos Dosagem de Fibrinogênio - Método turbidimétrico ou coagulométrico (Método de Clauss). - Reagente: Trombina em alta concentração (30 U/ml–100 U/ml) Tampão imidazol - Todo o fibrinogênio existente no plasma será convertido em fibrina - Concentração inversamente proporcional ao tempo de coagulação - Valores de referência: 200 – 400 mg/dL ou 2,0 - 4,0 g/L. Proteína de fase aguda, produzida no fígado. • Aumentado processos reacionais: infecções, pósoperatório, processos inflamatórios, trombose e neoplasias • Diminuído coagulopatia de insuficiência hepática hipofibrinogenemia hereditária, CIVD (coagulação intravascular disseminada). Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Teste da Mistura para TP e TTPa • Mistura do plasma do paciente com plasma normal(1:1) para TP e TTPA prolongados. • Avaliar presença de: - Inibidor Lúpico / Inibidores de fatores VIII e IX - Deficiência de fatores da coagulação Anticoagulante lúpico: Ac dirigido contra proteinas fosfolípides e interfere com o reagente utilizado nos testes in vitro, como a cefalina. Causa do prolongamento do TTPa Deficiência de fator Presença de inibidor Dosagem de Fatores Fatores: Fator II, Fator V, Fator VII, Fator VIII, Fator IX, Fator X, Fator XI e Fator XII Utiliza os reagentes: - Plasma deficiente no Fator que se quer determinar - Tampão Imidazol - Tromboplastina (TP FII,FV,FVII,FX) ou Cefalina + Cálcio (TTPA FVIII,FIX,FXI,FXII) Utiliza-se um plasma deficiente apenas no fator que se quer determinar • A adição do plasma deficiente em um fator e rico nos demais corrige possíveis interferências no teste. O tempo medido será proporcional a quantidade de fator do paciente. • Curva de calibração - relaciona o valor do TTPA em segundos com a concentração do fator em porcentagem. Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina HEMOFILIA • Hemofilia A - Deficiência F VIII (70 - 85%) - 1:10.000 nascimentos masculinos • Hemofilia B- Deficiência F IX (15% - 30%) - 1:30.000 nascimentos masculinos Gene fator VIII e fator IX – cromossomo X 30% casos mutações “de novo” A classificação da hemofilia se baseia na atividade coagulante do fator. Hemofilia Grave < 1% de atividade do Fator Hemofilia Moderada 1 - 5% de atividade do Fator Hemofilia Leve 6-40% de atividade do Fator A atividade de 1% corresponde a 1U/dl de fator circulante no plasma. Episódios Hemorrágicos Tratamento Reposição do fator deficiente (demanda ou profilática): • Concentrados de fator VIII ou de fator IX, derivados do plasma humano e processados para inativação viral • Concentrado de fator VII ativado recombinante • Complexo protrombínico, ativado ou não, contendo os fatores II, VII, IX e X. Terapêutica auxiliar: • Antifibrinolíticos • DDAVP (desmopressina - Hemofilia A leve) Medidas Profiláticas: • Fisioterapia DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Controle odontológico • Exercícios. Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina SISTEMAS REGULADORES DA HEMOSTASIA E FIBRINÓLISE As reações da coagulação do sangue devem ser estritamente reguladas de modo a evitar ativação excessiva do sistema e formação incontrolada de fibrina. A medida que a coagulação ocorre, os fatores vão sendo ativados e é necessário um mecanismo regulador capaz de limitar a ação dessas enzimas no plasma, prevenindo a ativação catastrófica e incontrolada da coagulação. Três vias anticoagulantes controlam a coagulação: 1. Via do TFPI (Inibidor da via do fator tecidual) 2. Via da Antitrombina 3. Via da Proteína C Via do TFPI - Inibidor da via do fator tecidual O complexo fator VIIa/FT atua sobre dois substratos principais: os fatores IX e X ativando-os; Essas reações são reguladas pelo inibidor da via do fator tecidual (TFPI); TFPI é uma proteína produzida pelas células endoteliais que tem função de se ligar ao complexo fator VIIa/FT e ao fator Xa, inibindo-os. Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Via da Antitrombina A AT (anteriormente designada AT III) é o inibidor primário da trombina e também exerce efeito inibitório sobre diversas outras proteínas da coagulação, incluindo os fatores IXa, Xa, XIa e XIIa Assim, a AT elimina qualquer atividade enzimática procoagulante excessiva ou indesejável. A molécula de heparan sulfato, uma proteoglicana presente na membrana das células endoteliais, acelera as reações catalisadas pela AT A atividade inibitória da AT sobre a coagulação é também potentemente acelerada pela heparina (mais de 1000x), um polissacarídeo linear, estruturalmente similar ao heparan sulfato. Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Deficiência de AT Está associada a um estado de hipercoagulabilidade, com o aumento do risco de trombose venosa Pode ser adquirida ou congênita A deficiência hereditária está presente em cerca de 2 dos casos de trombose Deficiência Tipo I: concentração AT diminuída Deficiência Tipo II: concentração AT normal, atividade funcional baixa. Via da PROTEÍNA C ativada A PCa inibe a coagulação, clivando e inativando os fatores Va e VIIIa, processo que é potencializado pela PS, que atua como um cofator não enzimático nas reações de inativação. A trombina se liga ao receptor endotelial trombomodulina (TM), ativando a Proteína C ligada ao seu receptor endotélial (EPCR, “endothelial PC receptor”). Se inicia com a trombina (F IIa) gerada. A trombina tem função procoagulante, porém quando gerada em excesso, sua função, é a de um potente anticoagulante, tendo em vista que sua ligação à TM endotelial representa o evento-chave para ativação da via inibitória da PC Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Deficiência de Proteína C A deficiência PC pode ser adquirida ou congênita. Estado de hipercogulabilidade; A proteína C é uma proteína plasmática Vitamina K-dependente; A deficiência heterozigota é encontrada em 2-4% em paciente com primeiro episódios de trombose e em 5-7% em episódios recorrentes; A deficiência homozigota é rara e fatal se não diagnosticada. Proteína S É um cofator da Proteína C ativada e circula no plasma na forma livre 40% (ativa) ou conjugada com C4bp 60%, proteína reguladora da ativação da via clássica do complemento. Apenas a proteína S livre é capaz de atuar como cofator da proteína C, regulando a ativação da coagulação. PROTEÍNA C e PROTEÍNA S - Anticoagulantes Naturais - Proteinas dependentes da vitamina K - Sintetizadas no fígado - PC: vida média 4-6hrs - PS: vida média ~60hrs - Inibidores da Varfarina - Deficiência: herança autossômica dominante Deficiência de Proteína S Adquirida ou congênita. Estado de hipercogulabilidade. A proteína S é uma proteína vitamina K-dependente A deficiência heterozigota da proteína S hereditária está presente em 3% dos pacientes com trombose venosa A deficiência homozigota é rara e fatal se não diagnosticada Tipo 1: Deficiência quantitativa,redução de PS total e livre. Tipo 2: Deficiência qualitativa, redução da atividade, níveis normais de PS total e livre. Tipo 3: Níveis normais de PS total e baixos níveis de PS livre. Há uma redução da atividade, mas com PS total normal. TROMBOFILIAS - Alterações genéticas ou adquiridas que predispõem à TROMBOSE TROMBOFILIAS - Trombose é o termo usado para um conjunto de anormalidades associadas à hiperatividade do sistema de coagulação do sangue, o que leva ao desequilíbrio da hemostasia e à formação de trombos. - A trombose é uma doença multigênica e de natureza multifatorial. Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina AVALIAÇÃO LABORATORIAL DOS INIBIDORES DA COAGULAÇÃO A dosagem das proteínas envolvidas nos sistemas reguladores da coagulação são importantes na avaliação de pacientes com quadro de trombose. Atividade da Antitrombina Atividade da Proteína C Atividade da Proteína S Pesquisa das mutações trombofílicas: Fator V de Leiden Protrombina Mutante MTHFR Dosagem da Antitrombina Existem vários métodos para a dosagem tanto da atividade funcional como da concentração de AT. Os métodos funcionais identificam os dois tipos de deficiência Métodos Funcionais: Reação da AT com a Trombina ou Fator Xa: ◦ Coagulométricos ◦ Cromogênicos VN: 80% a 120% Atividade da Antitrombina Método: Cromogênico Princípio: A ANTITROMBINA é o principal inibidor da TROMBINA, essa inibição é potencializada na presença de HEPARINA. Regentes 1.Heparina + Trombina 2.Substrato cromogênico específico da trombina A. A AT do paciente vai inibir a trombina do reagente e esse efeito será potencializado pela heparina. O substrato se liga a trombina residual. Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Dosagem da Proteína C A PC tem como função inibir os fatores Va e VIIIa A dosagem da PC pode ser realizada por métodos funcionais ou por ensaio antigênico Métodos Funcionais: ◦ Coagulométricos ◦ Cromogênicos Atividade da Proteína C Método: Coagulométrico Princípio: O Protac® ativa a Proteína C do plasma do paciente e os reagentes do TTPA ativam a via intrínseca. A PCa inibe FV e FVIII e alarga o tempo do TTPA (>100 seg), Pacientes deficientes em PC tem TTPA próximo do normal (30-40 seg) • VN: 70% a 140%. Dosagem da Proteína S A dosagem da PS pode ser feita por métodos antigênicos ou funcionais: ◦ Métodos Funcionais (coagulométrico) - Atividade da PS livre ◦ Métodos Antigênicos (ELISA) - Dosagem de PS livre e PS total Os testes funcionais são sensíveis aos diferentes tipos de deficiência de PS. A dosagem da PS livre e total são recomentadas para complementar o diagnóstico. A dosagem da PS total não deve ser feita de rotina, podendo ser útil para distinguir os tipos de deficiência de proteína S. Atividade da Proteína S Método: Coagulométrico Princípio: Baseia-se na capacidade da PS aumentar a eficiência da Pca Reagente Ativador PC ativada + Fator Xa + fosfolipídeo O reagente ativador contém Fator Xa que ativa a via comum e PCa que inibe essa via, a PS do paciente irá acelerar essa inibição •Nessas condições o prolongamento do teste é diretamente proporcional a quantidade de PS do paciente. •VN: 55% a 160% Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Pesquisa das Mutações Trombofílicas Fator V Leiden Resistência à proteína C ativada Mutação no exon 10 do gene do Fator V G1691A → Arg506Gln O fator V mutante é resistente à neutralização mediada pela PC ativada. Está associado a um estado de hipercoagulabilidade. Herança autossômica dominante Indivíduos heterozigotos ↑ risco de desenvolver TV ( 8 - 10x) Indivíduos homozigotos: 50 - 100x Frequência: ◦ 2-16% população normal ◦ 20% trombose ◦ 25-40% famílias com TVP. Mutação no gene da Protrombina Mutação pontual no FII da coagulação A Mutação aumenta da estabilidade do seu RNAm e a concentração plasmática do FII, e pode predispor a ocorrência de trombos FII G20210A é associado a formação aumentada de trombina, e risco aumentado para ocorrência de TVP Herança autossômica dominante Segunda anormalidade genética mais frequente associada as trombofilias Frequência: ◦2% população normal ◦6% TVP ◦18% famílias com TVP Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina FIBRINÓLISE As células endoteliais secretam enzimas que destroem o coágulo no processo conhecido por fibrinólise e após 48 a 72 horas da formação do coágulo, se regeneram da lesão. A Fibrinólise pode ser definida como a degradação da fibrina Esta degradação é mediada pela plasmina uma enzima ativa, produzida a partir de uma proenzima inativa, o plasminogênio Plasminogênio Plasmina A plasmina é uma protease capaz de dissolver o coágulo e exerce papel central na fibrinólise. A geração de plasmina depende da ação de substâncias pró- fibrinolíticas: • t-PA Ativador do plasminogênio tecidual • u-P Ativador do plasminogênio uroquinase O t-PA e o u-PA lisam o plasminogênio, transformando-o em plasmina. O sistema conta com substâncias antifibrinolíticas: ◦ α2 antiplasmina principal inibidor da Plasmina ◦ PAI-1 Inibe a ação de t-PA e u-PA ◦ TAFI inibidor da fibrinólise ativado pela trombina Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina PDF e D-dímero - Os PDFs são produtos de degradação do fibrinogênio e da fibrina - Os D-dímeros são produtos de degradação exclusivos da Fibrina estável (após ação do FXIII) D-dímero - É o único produto que deriva exclusivamente da fibrina e não do fibrinogênio - O dímero D é um fragmento resultante da degradação da fibrina polimerizada (coágulo) - Específico para mostrar a atividade fibrinolítica secundária à formação da fibrina - Teste de triagem para TVP, avaliação de infarto agudo do miocárdio, coagulação intravascular disseminada (CIVD) - Qualificado como um teste marcador de fibrinólise Valor de Referência: < 500 µg/L Está aumentado em situações como câncer, inflamação, infecção, necrose, pós- operatórios em geral, traumas e tromboses. Quanto maior o coágulo, maior será os níveis de dímeros D circulante, assim coágulos pequenos podem resultar em valores normais. O dímero D é extremamente útil em serviços de emergência. A combinação de suspeita clínica, associada a níveis de dímero D superiores a 500 µg/L é um passo inicial, progredindo-se para a realização de tomografia ou cintilografia. Detecção de D-Dímeros por aglutinação de Látex Uma suspensão de partículas de Látex recobertas com anticorpo específico contra dímeros da fibrina Kits com resultados qualitativos ou semi-quantitativos Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Púrpura Trombocitopênica Idiopática – PTI • Também conhecida como Púrpura Trombocitopênica Imunonológica, autoimune ou isoimune. • Doença hemorrágica frequente, adquirida e geralmente benigna, causa desconhecida, caracterizada por trombocitopenia. • Classificação: PTI clássica ou crônica – Afeta mulheres adultas (1,6-2,7 casos/100.000/ano). PTI aguda – Infantil, afeta ambos os sexos (3-8 casos/100.000 crianças), precedida de infecção ou vacinação. PTI associada a outras doenças – Semelhante a PTI crônica, relacionada a autoimune ou neoplásica. Fisiopatologia Caracteriza-se pela produçãode autoanticorpos IgG dirigidos contra glicoproteínas da membrana plaquetária, a GPIIb/IIIa, promovem opsonização e remoção pelo sistema fagocítico (baço). Contagem de plaquetas: < 20.000/mm3 ( < 10.000/mm3). A maioria das crianças acometidas (cerca de 70%) apresenta a forma aguda e autolimitada da doença, definida como a recuperação das contagens de plaquetas (> 150.000/mm3) em até 6 meses, mesmo na ausência de tratamento específico. É raro em crianças: sangramento intracraniano, complicação grave e potencialmente fatal, ocorrendo em cerca de 0,1% dos casos com plaquetas < 20.000/mm3 Considerada Crônica quando a plaquetopenia persistir por mais de 12 meses. Na população adulta, ao contrário, as remissões espontâneas são infrequentes, ocorrendo em menos de 10% dos casos. É frequente em mulheres entre 15-50 anos. São raros sangramentos do trato gastrointestinal, geniturinário e intracraniano Morbimortalidade relacionada à doença é baixa, mas a clínica e as complicações relacionadas ao tratamento não são desprezíveis Quadro Clínico Sangramentos cutâneos - petéquias, púrpuras e equimoses Sangramentos mucosos – Epistaxe, gengivorragia, menorragia, hematúria, sangramentos gastroeintestinais Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Diagnóstico – Exclusão de outras condições plaquetopênicas: infecções (HIV, HCV, CMV), doenças autoimunes, neoplasias, hiperesplenismo, mielodisplasia, PTT, CIVD, efeito adverso de medicamentos. – Presença de trombocitopenia (<100.000/mm3) isolada, sem alterações nas outras séries do hemograma (anemia e neutropenia) – O VPM pode apresentar-se um pouco aumentado (plaquetas gigantes) – MO: massa de megacariócitos normais ou aumentados – Presença de anticorpos contra glicoproteínas plaquetárias GPIIb/IIIa ou GPIb podem ser demonstrados na superfície plaquetária ou no soro - a imunofluorescência direta (IFD) , anticorpo anti-plaqueta. Tratamento – Os pacientes assintomáticos e com plaquetas >30.000/mm3 tem curso clínico favorável, tratamento restrito aos casos que evoluem para trombocitopenia grave. – Restrição de exercícios e de medicamentos antiplaquetários – Corticosteróides (1 mg/kg/dia de prednisona) – Imunoglobulina humana intravenosa (400 mg/kg nos dias 1 a 5) – bloqueio dos receptores em macrófagos – concentrado de plaquetas (casos agudos e de risco) – Esplenectomia é indicada quando há falha na terapêutica com corticosteróides e antiglobulina humana PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA TROMBÓTICA (PTT) Microangiopatias Trombóticas ‘MATs’ • As MATs são definidas por lesão na parede damicrovasculatura com espessamento da parede, trombose e obstrução parcial ou total do lúmen vascular • Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT) e a Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU) • Clinicamente são indistinguíveis • Nas MATs há depleção apenas de plaquetas e não dos fatores da coagulação. • “Tríade clássica”: anemia hemolítica microangiopática, oclusão microvascular generalizada pela deposição de trombos ricos em plaquetas e plaquetopenia • SHU (síndrome hemolítico-urêmica) = predominância do quadro renal; ocorre principalmente em crianças; em ambos os sexos; tem relação com infecções. • PTT = alterações neurológicas mais evidentes; ocorre em adultos; mais frequente em mulheres; em geral não se identifica um fator desencadeante. PTT • Doença rara e fatal (comum em adultos, sobretudo mulheres, negros e obesos) • A incidência aproximada é de 3,7 casos para 1.000.000 habitantes; sendo 2:1 (mulheres/homem) • Relacionada à presença de trombos ricos em plaquetas e fator de von Willebrand na microvasculatura do organismo • O FVW é sintetizado por megacariócitos e células endoteliais sendo armazenados nos grânulos α e nos corpos deWeibel Palade (forma de multímeros). Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina • Pode ser: Hereditária ou Adquirida e está associada com a deficiência funcional grave da ADAMTS13 (metaloprotease plasmática) • PTT hereditária: mutações no gene da ADAMTS13; Rara, recorrente e familiar • PTT adquirida: autoanticorpo IgG inibidor da ADAMTS13; transitórios, que desaparecem na remissão da doença A ADAMTS13 - cliva os multímeros do fator de von Willebrand em monômeros As plaquetas não aderem às pequenas formas de FvW que circulam após a clivagem pela ADAMS13, talvez porque a porção ligante GPIb desse fator para a plaqueta não esteja exposta nos multímeros menores. o Os MHPM do FVW são extremamente reacionais e adesivos, o Provocam a agregação plaquetária, que formam trombos grandes, ricos em FVW e sem presença de fibrinogênio, podendo causar isquemia. Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Achados Laboratoriais – Trombocitopenia, – Estiraço: presença de grande número de hemácias fragmentadas - Esquizócitos – Elevação expressiva de desidrogenase lática -DHL – O TS está aumentado – TTPA, TP, TT e Fibrinogênio normais – diferenciar PTT de coagulação intravascular disseminada (CID) – A ADAMTS13 pode estar reduzida ou ausente – ELISA Tratamento – plasma exchange: • plasmaférese para remoção dos multímeros do vWF e do autoanticorpo, • infusão de plasma para repor a ADAMTS13 – Pode usar tamném: corticosteróides, imunossupressores, antiglobulina humana intravenosa – Transfusão de plaquetas é contra indicada. COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA (CIVD) • Síndrome adquirida caracterizada pela ativação da coagulação intravascular • Formação e deposição de fibrina na microvasculatura • Oclusão dos vasos • Lesão isquêmica tecidual • Insuficiência de múltiplos órgãos • Fragmentação eritrocitária (anemia hemolítica microangiopática) • Falência múltipla Coágulos - Consumo e depleção dos fatores dacoagulação e das plaquetas Tendência a sangramentos múltiplos e incontroláveis (primeiramanifestação) É sempre secundária a uma doença de base, portanto: a identificação e tratamento da condição predisponente são fundamentais para a resolução da síndrome Condições Clínicas associadas com a CIVD • Causas mais comuns: – Infecção/sepse o 50% dos casos de CIVD em UTI, o Toxinas e lipopolissacarídeos liberados – desencadeiam resposta inflamatória generalizada - com produção de citocinas - expressão de FT – Trauma o Segunda maior causa o Liberação de gordura e fosfolipídios, hemólise, lesão endotelial –resp. Inf. generalizada • Outras causas: – Neoplasias o 15 a 20% dos casos de CIVD, especialmente com metástase o Expressão de FT nas células tumorais – Doenças Obstétricas o Liberação de material tromboplástico o Ocorre em 50% das pacientes com essas complicações; Instalação abrupta, pode ser rapidamente revertida – Acidentes ofídicos o Desencadeiam intensa ativação da coagulação Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Fisiopatologia da CIVD 1) Geração de Trombina FUNÇÕES: •Hidrólise do Fibrinogênio em Fibrinopeptídeos A e B para formar os monômeros de fibrina que espontaneamente formam polímeros •Ativa FXIII juntamente com o FIV - FV e FVIII – circulam na forma precursora (pro-cofatores) e sofrem clivagem limitada pela trombina para exercer atividade de co-fatores total - Induz liberação tPA endotelial (fibrinólise consequente) Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina - Liga-se a trombomodulina (célula endotelial) e ativa a proteína C. A proteína C ativada (PS) estimula a fibrinólise por destruir os FVa e FVIIIa e por inibir o PAI-1.2) Supressão dos inibidores fisiológicos da coagulação = estado de hipercoagulabidade –AT, PC, PS, TFPI estão inibidos •AT: níveis reduzidos pelo consumo secundário da geração da trombina; degradação pela elastase liberada por neutrófilos ativados e diminuição de sua síntese •PC/PS: expressão de trombomodulina endotelial e atividade diminuída pelo consumo •TFPI: níveis normais, porém, sua atividade reguladora não é exercida em pacientes com CIVD 3) Fibrinólise: Estimulada rapidamente pela bacteremia e toxemia, seguida por sua supressão - Supressão mantida pelo aumento dos níveis do PAI-1 - A atividade fibrinolítica remanescente não é capaz de compensar a deposição de Fibrina (exceto, na coagulopatia associada com LMA-M3 que cursa com intensa fibrinólise). Inflamação e Coagulação Inflamação aumenta expressão de FT, aumenta moléculas de adesão nos leucócitos na parede vascular, diminui atividade fibrinolítica e a função anticoagulante da PC. Papel das Citocinas na Inflamação e na Coagulação TNF: induz IL-6 e IL-1. Também induz depressão da atividade PC (por diminuir trombomodulina endotelial) e da AT, além de induzir alta expressão de PAI-1. IL-6: principal mediador – induz mais expressão de FT e consequente geração de trombina. IL-1: agonista do FT. Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Manifestações Clínicas da CIVD • Variável e inespecífico, depende da doença de base. • A ocorrência de trombose detectável é rara. Quando ocorre: necrose de pele e polpa digital, insuficiência renal e respiratória, sinais neurológicos. • As manifestações mais comuns são as hemorrágicas. Os sangramentos variam dependendo do grau de trombocitopenia e consumo de fatores, sangramento fácil no local da punção. Diagnóstico da CIVD CONTAGEM DE PLAQUETAS: Um dos primeiros sinais Trombocitopenia (<100.000) TP, TTPa, TT Prolongamento dos tempos DOSAGEM DE FIBRINOGÊNIO Queda nos níveis de fibrinogênio PDF e D-DÍMERO Aumento - confirma a fibrina intravascular ESTIRAÇO Esquizócitos, nem sempre evidentes DOSAGEM DE AT, PC E PS Bastante reduzidos INDICADORES DA GERAÇÃO DE TROMBINA F1+2 (fragmentos da protrombina) TAT (complexo trombina-antitrombina) FPA (Fibrinopeptídeo A) Tratamento Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina PRÁTICA Técnicas de Hemostasia O sistema hemostatico e o equilibrio entre mecanismos pro-coagulantes e anticoagulantes que e aliado a um processo de fibrinolise. Com isso, uma sequencia de eventos integrados que envolvem diversos componentes podem ser analisados para verificar a integridade desde sistema. Os principais testes utilizados na pratica clinica visam avaliar a hemostasia secundaria, onde acontece a ativacao dos fatores da coagulacao e formacao da malha de fibrina, reforcando o trombo primario. Os metodos empregados comumente sao os coagulometricos e baseiam-se na formação do coagulo de fibrina, que pode ser visualizado no tubo, nas tecnicas manuais, ou detectado automaticamente, utilizando aparelhos denominados coagulometros. Tempo de Protrombina (Teste de Quick): E o teste onde o plasma do paciente e o plasma do pool (plasma originado da mistura dos plasmas de 50 doadores, com faixa etaria de 18 a 65 anos, com TP e TTPA normais) sao colocados frente a tromboplastina calcica (Fator Tecidual e calcio) para avaliacao da via extrinseca (Fator VII) e da via comum (Fator X, V, II e I). Este teste e muito empregado na monitoracao do uso de anticoagulantes orais. Protocolo de Experimentação: 1. Colocar tubos de hemolise no Banho-maria a 37°C suficientes para os testes. 2. Colocar 200μl de TROMBOPLASTINA CALCICA em diversos tubos conforme o numero de testes. 3. Em outros tubos de hemolise colocar 200μl do plasma em estudo. 4. Deixar por 3 minutos, em banho-maria, tanto a tromboplastina calcica e o plasma. 5. Apos 3 minutos retirar 100μl do plasma (pre-aquecido) e adicionar a tromboplastina. 6. Acionar o cronometro imediatamente, e anotar o tempo da formacao do coagulo de fibrina. OBS.: Fazer o controle normal do laboratorio. Calcular o INR e a AE. Valores Normais: Atividade Enzimatica (AE) > 70% - INR: 1,00 – 1,30 Tempo de Tromboplastina Parcial – Ativado (TTPA): E o teste que determina o tempo de coagulacao do plasma a partir da estimulacao da via intrinseca da coagulacao. E sensivel em nivel de fatores da via intrinseca (Precalicreina, cininogenio de alto peso molecular, Fator XII, XI, IX e VIII) e da via comum, menos sensivelmente (Fator X, V e Fator II), alem de ser empregado no controle da Heparinoterapia. Protocolo de Experimentacao: 1. Colocar em Banho-maria a 37oC, CaCl2 250mM (Reverte a acao do citrato de sodio) - 500μl por tubo. 2. Colocar varios tubos de hemolise, suficientes para os testes, em Banho-maria. 3. Colocar 100μl de Cefalina ativada (antes homogeneizar bem) – Substitui o fosfolipideo da membrana plaquetaria 4. Colocar 100μl do plasma em estudo. Deixar 3 min em Banho-maria agitando de min/min. 5. Apos 3 minutos adicionar 100μl do CaCl2 e acionar o cronometro. Homogeneizar. Deixar 30 segundos em Banho-maria e por movimentos de inclinacao, inspecione a formacao do coagulo de fibrina, travando o cronometro imediatamente. OBS.: Fazer o controle normal do Laboratorio. Calcular o R (relacao dos tempos). Valores Normais: Ratio 0,80 – 1,20 Entre 30 e 40 segundos. Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Teste da Mistura / Inibidor Qualitativo E baseado no principio de misturar o plasma de um paciente normal com o plasma do paciente (1:1) com TP e TTPA prolongados. Esta causa pode ser por uma deficiencia de fator ou pela presenca de inibidor. Com isto, avalia-se a presenca de inibidor lupico/inibidores de fatores VIII e IX ou deficiencia de fatores da coagulacao. Protocolo de Experimentacao 1. Fazer um TTPA do POOL 2. Fazer um TTPA da amostra do Paciente 3. Se o R > 1,20, preparar a mistura: Tubo 1 : Colocar em tubo tipo eppendorf 100 μl de POOL e 100 μl de amostra do Paciente , homogeneizar e fazer um TTPA imediato Tubo 2 : Colocar em tubo tipo eppendorf 100 μl de POOL e 100 μl de amostra do Paciente , homogeneizar , incubar por 2h a 37oC e fazer um TTPA Calculo: T paciente – T mistura = a T paciente – T pool = b 2 Interpretação: = Deficiencia de fator, sem presenca de inibidor Houve correção nos Tubo 1 e Tubo 2 = Presenca de inibidor de acao imediata Não houve correção nos Tubo 1 e Tubo 2 = Presenca de inibidor Houve correção no Tubo 1 e Nao houve correcao no Tubo 2 tempo e temperatura dependentes Hemostasia Geral - resumo Alberto Galdino - Biomedicina Anotações da Prática TP FASE PRÉ-ANALITICA Jejum de 4h (máximo 12h) o plasma fica lipêmico, o qual pode encurtar os testes (turbidez por ex.). Jejum prolongado libera FVIII e FvW, alterando Perguntar se o paciente faz uso de medicamentos A amostra com Hemolise, lipemia... DEVE SER REJEITADA!!! COLETA Garroteamento em até 1min (evitar fator tecidual ↑) 1º tubo: hemocultura (SEM ANTICOAGULANTE) 2º tubo: SECO Tubo de Descarte (1º jato de sangue não deve ser utilizado p/ hemostasia 3º CITRATO NÃO USAR: tubo EDTA, que é um quelante de cálcio muito forte e irreversível podendo alterar o resultado NÃO USAR: tubo HEPARINA, potencializa o efeito antitrombina {inibe fatores 2,8,9,10,11} : 9 partes de sangue para 1 de anticoagulante (9:1). Quelante de Cálcio. CITRATO Volume de sangue deve ser corretoVÁCUO SERINGA (usar 2 seringas para o procedimento, pois o 1º tubo DEVE SER DESCARTADO!!!) Uso de CATÉTER só se for de extrema necessidade (descartar 5ml de sangue) Encaminhar para o laboratório em até 1h sem refrigeração ou agitação Centrifugar IMEDIATAMENTE: 3000rpm/15min O equipamento avalia a turbidez da amostra no momento exato. Ótica – senspivel para deficiência de fatores DESVANTAGEM: icterícia, hemólise... nterfere na turbidez da amostra Banho maria: 37°C Luminaria/Iluminação boa Tubos de hemólise siliconados (mas na aula usou de vidro ‘cargas negativas’) Cronômetro: marcar tempo da coagulação.
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