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Apostila de Ambientação Nota11 Cap. 01 – Noções Gerais e Introdução. Prof. Tiago Duarte Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 2 Sumário Introdução:............................................................................................. 3 Declaração de Estocolmo ......................................................................... 3 Rio92...................................................................................................... 4 Direito ambiental..................................................................................... 4 Meio ambiente na Constituição................................................................. 7 Características da Constituição de 1988.................................................... 8 Conceito de meio ambiente...................................................................... 8 Classificação do meio ambiente.............................................................. 10 Dano ambiental ..................................................................................... 12 Algumas questões para fixar:................................................................. 15 Se você baixou essa apostila de algum lugar que não foi o Nota11... 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Diante de tantas agressões ao meio ambiente, fez-se mister repensar os conceitos desenvolvimentistas clássicos. Assim, foi necessário um trabalho em conjunto de diversas áreas do conhecimento científico, técnico e jurídico em torno de uma nova teoria de desenvolvimento sustentável. Busca-se viabilizar o progresso sem que isso coloque em risco o direito de usufruir o meio ambiente pelas presentes e futuras gerações. Ademais, a partir das três últimas décadas, vários países passaram a se preocupar com meios legais de defesa contra a degradação ambiental, diante da resposta da natureza pelas atividades nocivas ao meio ambiente. Declaração de Estocolmo Em razão de uma sucessão de eventos, em 1972, sob a liderança dos países desenvolvidos e com a oposição dos países em desenvolvimento, a comunidade internacional validou o conteúdo da Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente. Resumindo-se numa declaração de princípios, a Declaração de Estocolmo tornou-se um norte para os países quanto a sua matéria de preservação e conservação ambiental. Não obstante a resistência do Brasil, que à época buscava desenvolver-se e alegava que a pobreza seria o maior fator dos danos ambientais, os conceitos e princípios da Declaração de Estocolmo foram lentamente introduzidos no ordenamento jurídico do país. Como consequência das pressões internacionais, o Brasil criou a Secretaria Nacional do Meio Ambiente e aprovou a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81). Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 4 Rio92 Após um amadurecimento em matéria ambiental, em 1992, no Rio de Janeiro, o Brasil assinou a Declaração do Rio (Eco-92, Rio92 ou Cúpula da Terra), reafirmando os princípios da Declaração de Estocolmo de 1972, e realçando a necessidade de um envolvimento internacional, com novos níveis de cooperação. A Declaração do Rio, considerada por muitos o maior evento das Nações Unidas de todos os tempos, passou a direcionar não somente o desenvolvimento do direito ambiental no Brasil, mas também em vários países do mundo. Esta Declaração aperfeiçoou a de Estocolmo, bem como criou outros pontos ainda não previstos. Nesta época já existiam várias normas tutelando o meio ambiente e, portanto, contribuindo para a autonomia científica e didática da área. Direito ambiental O direito ambiental insere-se neste contexto de defesa do meio ambiente. Por sua natureza interdisciplinar, o direito ambiental comunica-se com outras áreas da ciência jurídica. Em alguns casos com peculiaridades próprias e distintas, em outros, auxiliado por conceitos clássicos de outras áreas. Assim, o direito ambiental é intrinsecamente relacionado ao direito constitucional, administrativo, civil, penal e processual. Pelo fato de a degradação ambiental não conhecer fronteiras, o direito ambiental também está relacionado ao direito internacional e, com ele, torna-se uma disciplina própria conhecida como direito internacional ambiental. Haja vista a complexidade do bem tutelado pelo direito ambiental, é necessária a ressalva de que este material não esgota todos os temas. O intuito é organizar os principais temas centrais e instrumentais do direito ambiental, agregando conceitos, noções e problematizações típicas do direito ambiental. Objetivo do Direito Ambiental O direito ambiental possui como meta o desenvolvimento sustentável. O documento que deu início ao conceito de desenvolvimento Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 5 sustentável foi o Relatório Brundtland de 1987, intitulado Nosso Futuro Comum (Our Common Future), realizado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento instituída no início da década de 1980 pela ONU. No documento sobredito, o desenvolvimento sustentável é concebido como desenvolvimento que satisfaça as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de também suprir suas próprias necessidades. Assim, o conceito de desenvolvimento sustentável não é uma ameaça ao desenvolvimento econômico, pois aquele visa apenas garantir que esse desenvolvimento não venha a comprometer as gerações futuras. Autonomia do Direito Ambiental No que concerne à autonomia do direito ambiental, importante posicionamento dado por José Joaquim Canotilho: Por nossa parte defendemos a idéia segundo a qual se pode e deve falar em Direito do Ambiente não só como campo especial onde os instrumentos clássicos de outros ramos do Direito são aplicados, mas também como disciplina jurídica dotada de substantividade própria. Sem com isso pôr de lado as dificuldades que tal concepção oferece e condicionamentos que sempre terão de introduzir-se a tal afirmação. (CANOTILHO, José Joaquim Gomes Canotilho (coordenador). Introdução ao Direito do Ambiente. Universidade Aberta, 1998, p. 35). Conforme Luís Paulo Sirvinskas1, “o Direito Ambiental é uma disciplina relativamente nova, que ganhou autonomia com a edição da Lei nº 6.938/81”. Por fim, não restam dúvidas de que o Direito Ambiental é um ramo autônomo da Ciência Jurídica, uma vez que possui diretrizes, instrumentos e princípios próprios que o diferenciam dos demais ramos doDireito. Fontes Quanto às fontes de direito ambiental, Paulo Bessa Antunes reparte- as entre materiais e formais. As materiais seriam os movimentos populares, as descobertas científicas e a doutrina jurídica. As fontes formais, segundo Antunes: “(...) não se distinguem ontologicamente daquelas que são aceitas e reconhecidas como válidas para os mais diversos ramos do Direito. Consideram-se fontes formais do DA: a Constituição, as leis, os atos internacionais firmados pelo Brasil, as normas administrativas originadas dos órgãos competentes e jurisprudência”. (ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2008, pp. 50-54). 1 SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 27 Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 6 Logo, assim, dividimos as fontes: Materiais São os movimentos populares, as descobertas científicas e a doutrina jurídica. Formais São a Constituição, as leis, os atos internacionais firmados pelo Brasil, as normas administrativas originadas dos órgãos competentes e jurisprudência. No Brasil, os atos internacionais são fontes de direito, desde que aprovados pelo Congresso Nacional, nos termos do artigo 49, I, da Constituição Federal, que autoriza o Poder executivo a ratificá-las perante os organismos internacionais. Desse modo, os atos internacionais entram em vigor após a publicação do decreto de promulgação. Direito ambiental nas Constituições As Constituições anteriores a de 1988 não se preocuparam com a tutela do ambiente especificamente, sendo que apenas a Constituição de 1988 mencionou a expressão “meio ambiente”. Assim: Constituição do Império (1824) não tratou da matéria, mencionando apenas a proibição de indústrias contrárias à saúde do cidadão. Apesar disso, esse dispositivo representava certo avanço sobre a matéria naquela época. Texto Republicano de 1891 atribuiu competência legislativa à União para criar leis sobre as suas minas e terras. Constituição de 1934 tratou sobre a proteção às belezas naturais, ao patrimônio histórico, artístico e cultural, bem como conferiu à União competência legislativa quanto às águas, florestas, caça, pesca e a exploração de riquezas do subsolo. Constituição de 1937 cuidou da tutela dos monumentos históricos, artísticos e naturais. Ademais, era matéria de competência da União legislar sobre minas, águas, florestas, caça, pesca e sua exploração. Constituição de 1946 manteve o texto relacionado à Constituição de 1937. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 7 Constituição de 1967 continuou cuidando da matéria contida na Constituição de 1937 e 1946. Constituição de 1969 emenda outorgada pela Junta Militar à Constituição de 67 – manteve o texto tratado nas constituições anteriores. Porém, acrescentou que “a lei regulará, mediante prévio levantamento ecológico, o aproveitamento agrícola de terras sujeitas à intempéries e calamidades” e que o “mau uso da terra impedirá o proprietário de receber incentivos e auxílios do Governo”, nos moldes do art. 172. Vale destacar que a menção ao termo “ecológico” e a intenção de se criar um sistema de avaliação prévia (levantamento ecológico) pela Constituição de 1969, eram considerados uma evolução em matéria ambiental, visto que foram tratados antes da Conferência de Estocolmo de 1972. Meio ambiente na Constituição No Brasil, a Constituição Federal de 1988 inovou ao destinar um Capítulo ao Meio Ambiente. Neste, ela impôs como dever da sociedade e do próprio Estado, a preservação e defesa do Meio Ambiente. Vale destacar que anteriormente somente o Poder Público controlava as atividades econômicas das quais pudessem resultar intervenções no Meio Ambiente. O texto inserido no art. 225 é antropocêntrico, uma vez que trata o “direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado” como um “direito fundamental da pessoa humana”, núcleo essencial dos direitos fundamentais, visto que ninguém contesta que o quadro da degradação do meio ambiente põe em risco a própria vida humana. O ambiente é tratado como “bem de uso comum do povo”. Logo, ele é um patrimônio público que deve ser protegido e assegurado. Por fim, vale ressaltar que o dispositivo contido no art. 225 da Constituição Federal é um dever constitucional representado por obrigações de fazer: Zelar pela defesa e preservação do meio ambiente. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 8 Características da Constituição de 1988 A Constituição Federal de 1988 foi reputada “verde” em razão do destaque que concedeu à proteção ambiental. Nessa conjuntura, vários artigos desta Constituição cuidam da matéria e da obrigação da sociedade brasileira para com o meio ambiente, sendo considerada como um dos sistemas mais amplos e atuais do mundo no quesito da proteção ao meio ambiente. Desse modo, a amplitude da abordagem da matéria pela Constituição não se limita aos dispositivos concentrados no Título VIII – Da Ordem Social, Capítulo VI – Do Meio Ambiente (art. 225). Porém, atinge outros dispositivos insertos ao longo da Carta Maior nos seus vários capítulos, proveniente da face multidisciplinar da matéria. O conjunto dos dispositivos constitucionais manifesta o reconhecimento sobre o valor das questões concernentes ao meio ambiente para a sociedade. Esse reconhecimento ambiental na Constituição, segundo Carvalho2, “é de vital importância para o conjunto da sociedade, seja porque são necessárias para a preservação de valores que não podem ser mensurados economicamente, seja porque a defesa do meio ambiente é um princípio constitucional que fundamenta a atividade econômica”, nos moldes art. 170, VI, da CF/88, que diz: Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. Ademais, o entendimento do art. 225 e dos outros dispositivos voltados para o meio ambiente carece de interação com outras disciplinas jurídicas e não jurídicas como a ecologia, a geografia e a mineralogia. Conceito de meio ambiente O conceito de meio ambiente não se restringe somente ao ar, a água e a terra; mas deve ser explicado como o conjunto de existência humana, que integra e influencia o relacionamento entre homens, sua saúde e seu desenvolvimento. Paulo Affonso Leme Machado ressalta que os termos meio e ambiente 2 CARVALHO, Érika Mendes de. Tutela penal do patrimônio florestal brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999, pg. 89 Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 9 possuem o mesmo sentido, sendo a expressão meio ambiente, notadamente, um pleonasmo. Considera que essas palavras são sinônimas, levando-se em conta que uma envolve a outra3. No entanto, a expressão supracitada foi consagrada e incorporada pela legislação ambiental pátria. Vale ressaltar que os estudos, em princípio, não incluíam o homem, prevalecendo uma abordagem autoecológica. Murgel Branco4 esclarece que uma dimensão maisampla de ecologia somente surgiu com a sinecologia5. Por isso, levantam-se contradições entre a visão antropocêntrica, com raízes filosóficas e culturais, e a visão ecocêntrica sustentada por algumas ciências com íntimas conexões com o mundo natural. Para a primeira, somente se justifica a proteção do ambiente se isto satisfizer às necessidades humanas. Para a segunda, a proteção ambiental deve ser apoiada independentemente dos benefícios diretos que tal medida trouxer ao homem. Deveras, a aceitação de um antropocentrismo alargado, que encontra amparo legal no direito brasileiro (art. 225, caput, Constituição Federal e art. 3º da Lei 6.938/81)44, coloca o homem como parte do meio ambiente. Nesta acepção verifica-se uma responsabilidade social perante o meio ambiente, que deve ser executada não só pelo Estado, mas também pela coletividade como um todo. Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; Em suma, a antiga visão do antropocentrismo clássico, de que o homem submete a natureza ao seu comando, foi superada, deixando espaço para o surgimento de um novo antropocentrismo (moderno e alargado) que coloca o homem como parte inerente do conceito de meio ambiente, sem, contudo, integrá-lo. O homem depende do meio ambiente para a manutenção de sua espécie e o meio ambiente depende do homem para sua tutela jurídica. Assim, a Lei 6.938/81 conferiu tratamento sistematizado e holístico ao meio ambiente. Somente a partir desta lei foi possível conferir tutela adequada ao macrobem ambiental, enquanto conjunto de 3 LEME MACHADO, Paulo Affonso. Direito Ambiental Brasileiro. 7. ed. São Paulo: Malheiros, 1998. p. 69. 4 BRANCO, Murgel. Conflitos conceituais nos estudos sobre meio ambiente. São Paulo, v. 9. p. 217, 222-223, 1995 5 Divisão da ecologia que estuda as relações entre comunidades animais ou vegetais e o meio ambiente. Dicionário Michaelis no site: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portuguesportugues&palavra= sinecologia em 01/03/2010 Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 10 microbens em suas diversas relações, subjugando a antiga visão fragmentária e utilitarista outorgada pelas leis anteriores. Assim, o macrobem ambiental pode ser tratado como: unitário, incorpóreo, imaterial e de uso comum do povo (difuso). É um bem coletivo e não público ou privado. Já os microbens podem estar sujeitos ao regime de propriedade privada quanto à sua exploração. Exemplos de microbens: a atmosfera, o ar, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. Seguindo esse entendimento, eis a definição de José Afonso Silva: O conceito de meio ambiente há de ser, pois, globalizante, abrangente de toda a natureza, o artificial e o original, bem como os bens culturais correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, o patrimônio histórico artístico, turístico, paisagístico e arquitetônico. O meio ambiente é, assim, a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas. Além disso, a doutrina também reparte o conceito jurídico de meio ambiente em estrito e amplo. O primeiro limita-se apenas ao meio ambiente natural. O segundo, como o próprio nome diz, é amplo, adicionando ao meio ambiente natural o artificial e o cultural. Ao final, percebe-se a evolução do conceito de meio ambiente, evidenciando a real necessidade do desenvolvimento equilibrado de todas as formas de vida. Classificação do meio ambiente A classificação do meio ambiente, basicamente, divide-se em: a) natural; b) artificial; c) cultural; d) do trabalho e e) genético. Atualmente, alguns doutrinadores não incluem o meio ambiente artificial, cultural e do trabalho, no conceito de meio ambiente. Todavia, fazendo-se uma leitura mais aprofundada da Constituição, conclui-se que tanto o regime jurídico ambiental quanto a base principiológica são aplicáveis a todas as classificações, observando-se as suas peculiaridades. Quanto a classificação de meio ambiente (lato sensu) vejamos o quadro abaixo: Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 11 físico ou natural É aquele composto pela flora, fauna, os recursos hídricos, a atmosfera, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera. É a natureza sem a intervenção humana. Cultural É formado pelo patrimônio cultural, artístico, arqueológico, paisagístico, etnográfico, manifestações culturais, folclóricas e populares brasileiras. Portanto, ele é composto tanto pelo patrimônio material quanto pelo patrimônio imaterial. Artificial É representado pelo espaço urbano, as cidades com os seus espaços abertos (tais como as ruas, praças e parques); e os espaços fechados (como as escolas, museus e teatros etc). Trabalho Vincula-se com a saúde do trabalhador. Exemplo deste conceito é o art. 200, VIII, da Constituição Federal, que cuida das competências do Sistema Único de Saúde, dentre as quais: “colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho”. Genético É definido como o patrimônio genético de todos os organismos vivos encontrados na natureza, compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas. Importante destacar que a Constituição define o meio ambiente cultural: Art. 216 Constituem o patrimônio cultural brasileiro : I- as formas de expressão; II- os modos de criar, fazer e viver; III- as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV- as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V- os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. Parágrafo primeiro: "O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação." Insere-se no patrimônio cultural as cavidades naturais subterrâneas, conforme Decreto 99.556, 01/10/1990: As cavidades naturais subterrâneas existentes no território nacional constituem patrimônio cultural brasileiro, e, como tal, serão preservadas e conservadas de modo a permitir estudos e pesquisas de ordem técnico- científica, bem como atividades de cunho espeleológico, étnico-cultural, Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 12 turístico, recreativo e educativo. Ademais, o meio ambiente cultural pode ser imaterial, consistindo nas formas de expressão, modos de criar, fazer e viver, como música, uma língua, a história de uma coletividade. Portanto, é um bem intangível. A Constituição Federal já protege os valores genéticos (meio ambiente genético), assim como a Lei 11.105/2005 (Lei da Biossegurança): Art. 225. (citando novamente) Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1ºPara assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; Dano ambiental Para José Aguiar Dias6, é possível limitar a noção de dano à ideia de prejuízo; “isto é, o resultado da lesão”. O dano, portanto, é uma alteração jurídica que gera um resultado negativo. Quanto à definição do dano ambiental trazida pela doutrina, vale destacar os apontamentos de Willian Figueredo de Oliveira7, que o conceitua como: toda e qualquer lesão ao meio ambiente – natural, artificial ou cultural –, ocasionando-lhe alteração adversa, de forma a comprometer o equilíbrio ecológico e a qualidade de vida prevista na Constituição Federal de 1988. O legislador brasileiro, não obstante a ausência de clareza quanto ao conceito de dano ambiental, esclareceu suas características básicas, pois definiu o conceito de meio ambiente (art. 3º, inciso I, da Lei 6.938/81) e declarou que o poluidor é obrigado a reparar o dano causado ao meio ambiente e a terceiros (art. 14 da referida lei). Ou seja, declarou que o responsável pelo dano ambiental deve responder pela reparação do meio ambiente em suas duas acepções (macrobem e microbem ambiental). Apesar da ausência de precisão textual sobre o conceito de dano ambiental, o legislador trouxe a interpretação da degradação 6 DIAS, José Aguiar. op. Cit. p. 971. In: RUSCH, Érica. Ação Civil Pública de responsabilidade por danos ambientais. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia. Salvador: 2008. p. 163 7 OLIVEIRA, Willian Figueredo de. Dano moral ambiental. Rio de Janeiro, Lumin Iuris, 2007. p. 91 Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 13 ambiental da seguinte maneira, com base no art. 3º, II, da Lei 6.938/81: Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: II - degradação da qualidade ambiental , a alteração adversa das características do meio ambiente; Essa concepção de degradação ambiental deve ser feita coercitiva e articuladamente com a poluição ambiental, pois o legislador relaciona a primeira com a segunda. Segundo o art. 3º, inc. III, da supracitada lei, poluição ambiental pode ser assim conceituada: Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; O tratamento legal atribuído a esses conceitos jurídicos (poluição e degradação ambiental) dá oportunidade à afirmação de que a poluição não está limitada à alteração do meio natural. Portanto, o meio ambiente a ser considerado pode ser tanto o natural quanto o cultural e o artificial. De fato, ao assim estabelecer, o legislador vincula de maneira indissociável, poluição e dano ambiental; pois conforme visto, nota-se expressamente que a poluição é fruto do dano. O legislador, por sua vez, amplia a interpretação do termo poluição. Além desses conceitos de dano e poluição, o legislador ainda traz a conceituação de impacto ambiental, conforme art. 1º da Resolução 01/86 do Conama: Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais. Como se percebe, o conceito de impacto ambiental inclui somente o meio ambiente natural, visto que altera as propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 14 Classificação do Dano Ambiental Quanto ao interesse envolvido e a sua reparabilidade dano ambiental privado/direto é aquele que viola interesses pessoais e gera reflexos apenas no meio ambiente considerado como um microbem. dano ambiental público/indireto é aquele causado ao meio ambiente globalmente considerado, correlacionado a interesses difusos e coletivos. Quanto à extensão dos bens protegidos ecológico puro – tratado em sentido estrito, considerando-se apenas os componentes naturais do ecossistema. lato sensu – quando abrange todos os componentes do meio ambiente – inclusive o patrimônio cultural – sendo o bem ambiental visualizado numa concepção unitária; Quanto aos interesses objetivados interesse individual – quando a pessoa é individualmente afetada; interesse homogêneo – quando decorre de fato comum que causa prejuízo a vários particulares. coletivo – quando os titulares são grupos de pessoas ligadas por uma relação jurídica. Por exemplo, moradores de uma comunidade. difuso – quando os titulares são pessoas indeterminadas, que não podem ser identificadas individualmente, mas que são ligadas por circunstâncias de fato. Quando à extensão patrimonial – quando há perda ou degeneração – total ou parcial – dos bens materiais, causando à vítima prejuízos de ordem econômica. moral ou extrapatrimonial – quando há ofensa a um bem relacionado com valores de ordem espiritual ou moral. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 15 Algumas questões para fixar: 1. CETRO - 2008 - Liquigás - Profissional Pl- Ciências Jurídicas A doutrina classifica o meio ambiente como: a) natural, artificial, histórico, popular, cultural, familiar e social. b) natural, artificial, histórico, paisagístico, cultural e arqueológico, do trabalho e genético. c) natural, artificial, genético, cultural, histórico, social, fisiológico, material e venal. d) natural, artificial, histórico, cultural, social, material, familiar e formal. e) natural, histórico, cultural, genético, antropológico, material e arqueológico. 2. (Procurador Municipal - Prefeitura Municipal de Natal – 2008/CESPE) A CF dispõe que o meio ambiente não se limita apenas ao conjunto formado por solo, água, ar atmosférico, flora e fauna, mas envolve também todos os elementos responsáveis pelo equilíbrio dinâmico entre os seres vivos e o meio em que estes vivem, formando o meio ambiente natural. A CF ainda define I. O meio ambiente cultural, composto pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico e científico e pelas sínteses culturais que integram o universo das práticas sociais das relações de intercâmbio entre o homem e a natureza. (Certo/Errado?) 3. XV Concurso para Procurador do Estado do Pará - 2005) Sobre o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado previsto no art. 225 da CF/88 é CORRETO afirmar: a) É típico direito de segunda geração pois dentro do processo de afirmação dos direitos humanos materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem um momento importanteno processo de Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 16 desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos. 4. TRF 1ª Região - Juiz Federal Substituto - 2005 A toda e qualquer alteração de natureza física, química e biológica que venha a desequilibrar o meio ambiente, diz-se: a) Biodiversidade; b) Diversidade agressiva genética; c) Ampliação do efeito estufa; d) Poluição ambiental. Gabarito: 1. Letra B. 2. Correto. 3. Errado. 4. Letra D Um abraço. Tiago Duarte.
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