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Apostila meio ambiente noções gerais

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Apostila de Ambientação Nota11 
Cap. 01 – Noções Gerais e 
Introdução. 
 
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Sumário 
Introdução:............................................................................................. 3 
Declaração de Estocolmo ......................................................................... 3 
Rio92...................................................................................................... 4 
Direito ambiental..................................................................................... 4 
Meio ambiente na Constituição................................................................. 7 
Características da Constituição de 1988.................................................... 8 
Conceito de meio ambiente...................................................................... 8 
Classificação do meio ambiente.............................................................. 10 
Dano ambiental ..................................................................................... 12 
Algumas questões para fixar:................................................................. 15 
 
 
 
 
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Introdução: 
A Revolução Industrial deu início a uma sociedade baseada no 
consumo. Esta sociedade, fazendo uso cada vez maior dos recursos 
naturais, passou a se preocupar mais com o meio ambiente e a vida 
das gerações futuras. 
A busca incansável de recursos naturais, juntamente com o 
crescimento demográfico, chamou a atenção da comunidade 
internacional. Países em avançado estágio de desenvolvimento 
econômico testemunharam desastres ambientais em seus territórios. 
Aliado a este fator, o desenvolvimento científico confirmou hipóteses 
desoladoras como, por exemplo, o buraco na camada de ozônio e o 
efeito estufa. 
Diante de tantas agressões ao meio ambiente, fez-se mister repensar 
os conceitos desenvolvimentistas clássicos. Assim, foi necessário um 
trabalho em conjunto de diversas áreas do conhecimento científico, 
técnico e jurídico em torno de uma nova teoria de desenvolvimento 
sustentável. Busca-se viabilizar o progresso sem que isso coloque em 
risco o direito de usufruir o meio ambiente pelas presentes e futuras 
gerações. 
Ademais, a partir das três últimas décadas, vários países passaram a 
se preocupar com meios legais de defesa contra a degradação 
ambiental, diante da resposta da natureza pelas atividades nocivas ao 
meio ambiente. 
 
Declaração de Estocolmo 
Em razão de uma sucessão de eventos, em 1972, sob a liderança dos 
países desenvolvidos e com a oposição dos países em 
desenvolvimento, a comunidade internacional validou o conteúdo da 
Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente. Resumindo-se 
numa declaração de princípios, a Declaração de Estocolmo tornou-se 
um norte para os países quanto a sua matéria de preservação e 
conservação ambiental. 
Não obstante a resistência do Brasil, que à época buscava 
desenvolver-se e alegava que a pobreza seria o maior fator dos 
danos ambientais, os conceitos e princípios da Declaração de 
Estocolmo foram lentamente introduzidos no ordenamento jurídico do 
país. Como consequência das pressões internacionais, o Brasil criou a 
Secretaria Nacional do Meio Ambiente e aprovou a Lei da Política 
Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81). 
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Rio92 
Após um amadurecimento em matéria ambiental, em 1992, no Rio de 
Janeiro, o Brasil assinou a Declaração do Rio (Eco-92, Rio92 ou 
Cúpula da Terra), reafirmando os princípios da Declaração de 
Estocolmo de 1972, e realçando a necessidade de um envolvimento 
internacional, com novos níveis de cooperação. 
A Declaração do Rio, considerada por muitos o maior evento das 
Nações Unidas de todos os tempos, passou a direcionar não somente 
o desenvolvimento do direito ambiental no Brasil, mas também em 
vários países do mundo. Esta Declaração aperfeiçoou a de Estocolmo, 
bem como criou outros pontos ainda não previstos. Nesta época já 
existiam várias normas tutelando o meio ambiente e, portanto, 
contribuindo para a autonomia científica e didática da área. 
 
Direito ambiental 
O direito ambiental insere-se neste contexto de defesa do meio 
ambiente. Por sua natureza interdisciplinar, o direito ambiental 
comunica-se com outras áreas da ciência jurídica. Em alguns casos 
com peculiaridades próprias e distintas, em outros, auxiliado por 
conceitos clássicos de outras áreas. Assim, o direito ambiental é 
intrinsecamente relacionado ao direito constitucional, administrativo, 
civil, penal e processual. 
Pelo fato de a degradação ambiental não conhecer fronteiras, o 
direito ambiental também está relacionado ao direito internacional e, 
com ele, torna-se uma disciplina própria conhecida como direito 
internacional ambiental. 
Haja vista a complexidade do bem tutelado pelo direito ambiental, é 
necessária a ressalva de que este material não esgota todos os 
temas. O intuito é organizar os principais temas centrais e 
instrumentais do direito ambiental, agregando conceitos, noções e 
problematizações típicas do direito ambiental. 
 
Objetivo do Direito Ambiental 
O direito ambiental possui como meta o desenvolvimento 
sustentável. 
O documento que deu início ao conceito de desenvolvimento 
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sustentável foi o Relatório Brundtland de 1987, intitulado Nosso 
Futuro Comum (Our Common Future), realizado pela Comissão 
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento instituída no início 
da década de 1980 pela ONU. 
No documento sobredito, o desenvolvimento sustentável é concebido 
como desenvolvimento que satisfaça as necessidades presentes, sem 
comprometer a capacidade das gerações futuras de também suprir 
suas próprias necessidades. 
Assim, o conceito de desenvolvimento sustentável não é uma ameaça 
ao desenvolvimento econômico, pois aquele visa apenas garantir que 
esse desenvolvimento não venha a comprometer as gerações futuras. 
 
Autonomia do Direito Ambiental 
No que concerne à autonomia do direito ambiental, importante 
posicionamento dado por José Joaquim Canotilho: 
Por nossa parte defendemos a idéia segundo a qual se pode e deve falar 
em Direito do Ambiente não só como campo especial onde os instrumentos 
clássicos de outros ramos do Direito são aplicados, mas também como 
disciplina jurídica dotada de substantividade própria. Sem com isso pôr de 
lado as dificuldades que tal concepção oferece e condicionamentos que 
sempre terão de introduzir-se a tal afirmação. (CANOTILHO, José Joaquim 
Gomes Canotilho (coordenador). Introdução ao Direito do Ambiente. 
Universidade Aberta, 1998, p. 35). 
Conforme Luís Paulo Sirvinskas1, “o Direito Ambiental é uma 
disciplina relativamente nova, que ganhou autonomia com a edição 
da Lei nº 6.938/81”. 
Por fim, não restam dúvidas de que o Direito Ambiental é um ramo 
autônomo da Ciência Jurídica, uma vez que possui diretrizes, 
instrumentos e princípios próprios que o diferenciam dos demais 
ramos doDireito. 
 
Fontes 
Quanto às fontes de direito ambiental, Paulo Bessa Antunes reparte-
as entre materiais e formais. As materiais seriam os movimentos 
populares, as descobertas científicas e a doutrina jurídica. As fontes 
formais, segundo Antunes: 
 “(...) não se distinguem ontologicamente daquelas que são aceitas e 
reconhecidas como válidas para os mais diversos ramos do Direito. 
Consideram-se fontes formais do DA: a Constituição, as leis, os atos 
internacionais firmados pelo Brasil, as normas administrativas originadas 
dos órgãos competentes e jurisprudência”. (ANTUNES, Paulo de Bessa. 
Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2008, pp. 50-54). 
 
1
 SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 27 
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Logo, assim, dividimos as fontes: 
Materiais 
São os movimentos populares, as descobertas 
científicas e a doutrina jurídica. 
Formais 
São a Constituição, as leis, os atos internacionais 
firmados pelo Brasil, as normas administrativas 
originadas dos órgãos competentes e 
jurisprudência. 
 
No Brasil, os atos internacionais são fontes de direito, desde que 
aprovados pelo Congresso Nacional, nos termos do artigo 49, I, da 
Constituição Federal, que autoriza o Poder executivo a ratificá-las 
perante os organismos internacionais. Desse modo, os atos 
internacionais entram em vigor após a publicação do decreto de 
promulgação. 
 
 
Direito ambiental nas Constituições 
As Constituições anteriores a de 1988 não se preocuparam com a 
tutela do ambiente especificamente, sendo que apenas a Constituição 
de 1988 mencionou a expressão “meio ambiente”. Assim: 
 
Constituição do 
Império (1824) 
não tratou da matéria, mencionando apenas a 
proibição de indústrias contrárias à saúde do 
cidadão. Apesar disso, esse dispositivo 
representava certo avanço sobre a matéria 
naquela época. 
Texto 
Republicano de 
1891 
atribuiu competência legislativa à União para 
criar leis sobre as suas minas e terras. 
Constituição de 
1934 
tratou sobre a proteção às belezas naturais, ao 
patrimônio histórico, artístico e cultural, bem 
como conferiu à União competência legislativa 
quanto às águas, florestas, caça, pesca e a 
exploração de riquezas do subsolo. 
Constituição de 
1937 
cuidou da tutela dos monumentos históricos, 
artísticos e naturais. Ademais, era matéria de 
competência da União legislar sobre minas, 
águas, florestas, caça, pesca e sua exploração. 
Constituição de 
1946 
manteve o texto relacionado à Constituição de 
1937. 
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Constituição de 
1967 
continuou cuidando da matéria contida na 
Constituição de 1937 e 1946. 
Constituição de 
1969 
emenda outorgada pela Junta Militar à 
Constituição de 67 – manteve o texto tratado 
nas constituições anteriores. Porém, acrescentou 
que “a lei regulará, mediante prévio 
levantamento ecológico, o aproveitamento 
agrícola de terras sujeitas à intempéries e 
calamidades” e que o “mau uso da terra 
impedirá o proprietário de receber incentivos e 
auxílios do Governo”, nos moldes do art. 172. 
 
Vale destacar que a menção ao termo “ecológico” e a intenção de se 
criar um sistema de avaliação prévia (levantamento ecológico) pela 
Constituição de 1969, eram considerados uma evolução em matéria 
ambiental, visto que foram tratados antes da Conferência de 
Estocolmo de 1972. 
 
Meio ambiente na Constituição 
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 inovou ao destinar um 
Capítulo ao Meio Ambiente. Neste, ela impôs como dever da 
sociedade e do próprio Estado, a preservação e defesa do Meio 
Ambiente. 
Vale destacar que anteriormente somente o Poder Público controlava 
as atividades econômicas das quais pudessem resultar intervenções 
no Meio Ambiente. 
O texto inserido no art. 225 é antropocêntrico, uma vez que trata o 
“direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado” como um 
“direito fundamental da pessoa humana”, núcleo essencial dos 
direitos fundamentais, visto que ninguém contesta que o quadro da 
degradação do meio ambiente põe em risco a própria vida humana. 
O ambiente é tratado como “bem de uso comum do povo”. Logo, ele 
é um patrimônio público que deve ser protegido e assegurado. 
Por fim, vale ressaltar que o dispositivo contido no art. 225 da 
Constituição Federal é um dever constitucional representado por 
obrigações de fazer: Zelar pela defesa e preservação do meio 
ambiente. 
 
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Características da Constituição de 1988 
A Constituição Federal de 1988 foi reputada “verde” em razão do 
destaque que concedeu à proteção ambiental. Nessa conjuntura, 
vários artigos desta Constituição cuidam da matéria e da obrigação 
da sociedade brasileira para com o meio ambiente, sendo considerada 
como um dos sistemas mais amplos e atuais do mundo no quesito da 
proteção ao meio ambiente. 
Desse modo, a amplitude da abordagem da matéria pela Constituição 
não se limita aos dispositivos concentrados no Título VIII – Da Ordem 
Social, Capítulo VI – Do Meio Ambiente (art. 225). Porém, atinge 
outros dispositivos insertos ao longo da Carta Maior nos seus vários 
capítulos, proveniente da face multidisciplinar da matéria. 
O conjunto dos dispositivos constitucionais manifesta o 
reconhecimento sobre o valor das questões concernentes ao meio 
ambiente para a sociedade. 
Esse reconhecimento ambiental na Constituição, segundo Carvalho2, 
“é de vital importância para o conjunto da sociedade, seja porque são 
necessárias para a preservação de valores que não podem ser 
mensurados economicamente, seja porque a defesa do meio 
ambiente é um princípio constitucional que fundamenta a atividade 
econômica”, nos moldes art. 170, VI, da CF/88, que diz: 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano 
e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, 
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios 
VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado 
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus 
processos de elaboração e prestação. 
Ademais, o entendimento do art. 225 e dos outros dispositivos 
voltados para o meio ambiente carece de interação com outras 
disciplinas jurídicas e não jurídicas como a ecologia, a geografia e a 
mineralogia. 
 
Conceito de meio ambiente 
O conceito de meio ambiente não se restringe somente ao ar, a água 
e a terra; mas deve ser explicado como o conjunto de existência 
humana, que integra e influencia o relacionamento entre homens, 
sua saúde e seu desenvolvimento. 
Paulo Affonso Leme Machado ressalta que os termos meio e ambiente 
 
2
 CARVALHO, Érika Mendes de. Tutela penal do patrimônio florestal brasileiro. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 1999, pg. 89 
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possuem o mesmo sentido, sendo a expressão meio ambiente, 
notadamente, um pleonasmo. Considera que essas palavras são 
sinônimas, levando-se em conta que uma envolve a outra3. No 
entanto, a expressão supracitada foi consagrada e incorporada pela 
legislação ambiental pátria. 
Vale ressaltar que os estudos, em princípio, não incluíam o homem, 
prevalecendo uma abordagem autoecológica. Murgel Branco4 
esclarece que uma dimensão maisampla de ecologia somente surgiu 
com a sinecologia5. 
Por isso, levantam-se contradições entre a visão antropocêntrica, 
com raízes filosóficas e culturais, e a visão ecocêntrica sustentada 
por algumas ciências com íntimas conexões com o mundo natural. 
Para a primeira, somente se justifica a proteção do ambiente se isto 
satisfizer às necessidades humanas. Para a segunda, a proteção 
ambiental deve ser apoiada independentemente dos benefícios 
diretos que tal medida trouxer ao homem. 
Deveras, a aceitação de um antropocentrismo alargado, que encontra 
amparo legal no direito brasileiro (art. 225, caput, Constituição 
Federal e art. 3º da Lei 6.938/81)44, coloca o homem como parte do 
meio ambiente. Nesta acepção verifica-se uma responsabilidade 
social perante o meio ambiente, que deve ser executada não só pelo 
Estado, mas também pela coletividade como um todo. 
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações 
de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em 
todas as suas formas; 
Em suma, a antiga visão do antropocentrismo clássico, de que o 
homem submete a natureza ao seu comando, foi superada, deixando 
espaço para o surgimento de um novo antropocentrismo (moderno e 
alargado) que coloca o homem como parte inerente do conceito 
de meio ambiente, sem, contudo, integrá-lo. O homem depende do 
meio ambiente para a manutenção de sua espécie e o meio ambiente 
depende do homem para sua tutela jurídica. 
Assim, a Lei 6.938/81 conferiu tratamento sistematizado e holístico 
ao meio ambiente. Somente a partir desta lei foi possível conferir 
tutela adequada ao macrobem ambiental, enquanto conjunto de 
 
3
 LEME MACHADO, Paulo Affonso. Direito Ambiental Brasileiro. 7. ed. São Paulo: Malheiros, 
1998. p. 69. 
4 BRANCO, Murgel. Conflitos conceituais nos estudos sobre meio ambiente. São Paulo, v. 9. p. 
217, 222-223, 
1995 
5 Divisão da ecologia que estuda as relações entre comunidades animais ou vegetais e o meio 
ambiente. Dicionário Michaelis no site: 
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portuguesportugues&palavra=
sinecologia em 01/03/2010 
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microbens em suas diversas relações, subjugando a antiga visão 
fragmentária e utilitarista outorgada pelas leis anteriores. 
Assim, o macrobem ambiental pode ser tratado como: unitário, 
incorpóreo, imaterial e de uso comum do povo (difuso). É um bem 
coletivo e não público ou privado. 
Já os microbens podem estar sujeitos ao regime de propriedade 
privada quanto à sua exploração. Exemplos de microbens: a 
atmosfera, o ar, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os 
estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da 
biosfera, a fauna e a flora. 
Seguindo esse entendimento, eis a definição de José Afonso Silva: 
O conceito de meio ambiente há de ser, pois, globalizante, abrangente de 
toda a natureza, o artificial e o original, bem como os bens culturais 
correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as 
belezas naturais, o patrimônio histórico artístico, turístico, paisagístico e 
arquitetônico. O meio ambiente é, assim, a interação do conjunto de 
elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento 
equilibrado da vida em todas as suas formas. 
Além disso, a doutrina também reparte o conceito jurídico de meio 
ambiente em estrito e amplo. O primeiro limita-se apenas ao meio 
ambiente natural. O segundo, como o próprio nome diz, é amplo, 
adicionando ao meio ambiente natural o artificial e o cultural. 
Ao final, percebe-se a evolução do conceito de meio ambiente, 
evidenciando a real necessidade do desenvolvimento equilibrado de 
todas as formas de vida. 
 
Classificação do meio ambiente 
A classificação do meio ambiente, basicamente, divide-se em: a) 
natural; b) artificial; c) cultural; d) do trabalho e e) genético. 
Atualmente, alguns doutrinadores não incluem o meio ambiente 
artificial, cultural e do trabalho, no conceito de meio ambiente. 
Todavia, fazendo-se uma leitura mais aprofundada da Constituição, 
conclui-se que tanto o regime jurídico ambiental quanto a base 
principiológica são aplicáveis a todas as classificações, observando-se 
as suas peculiaridades. 
Quanto a classificação de meio ambiente (lato sensu) vejamos o 
quadro abaixo: 
 
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físico ou 
natural 
É aquele composto pela flora, fauna, os recursos 
hídricos, a atmosfera, os estuários, o mar 
territorial, o solo, o subsolo, os elementos da 
biosfera. É a natureza sem a intervenção humana. 
Cultural 
É formado pelo patrimônio cultural, artístico, 
arqueológico, paisagístico, etnográfico, 
manifestações culturais, folclóricas e populares 
brasileiras. Portanto, ele é composto tanto pelo 
patrimônio material quanto pelo patrimônio 
imaterial. 
Artificial 
É representado pelo espaço urbano, as cidades com 
os seus espaços abertos (tais como as ruas, praças 
e parques); e os espaços fechados (como as 
escolas, museus e teatros etc). 
Trabalho 
Vincula-se com a saúde do trabalhador. Exemplo 
deste conceito é o art. 200, VIII, da Constituição 
Federal, que cuida das competências do Sistema 
Único de Saúde, dentre as quais: “colaborar na 
proteção do meio ambiente, nele compreendido o 
do trabalho”. 
Genético 
É definido como o patrimônio genético de todos os 
organismos vivos encontrados na natureza, 
compreendendo ainda a diversidade dentro de 
espécies, entre espécies e de ecossistemas. 
 
Importante destacar que a Constituição define o meio ambiente 
cultural: 
Art. 216 Constituem o patrimônio cultural brasileiro : 
I- as formas de expressão; 
II- os modos de criar, fazer e viver; 
III- as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
IV- as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços 
destinados às manifestações artístico-culturais; 
V- os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, 
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. 
Parágrafo primeiro: "O Poder Público, com a colaboração da comunidade, 
promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de 
inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de 
outras formas de acautelamento e preservação." 
Insere-se no patrimônio cultural as cavidades naturais 
subterrâneas, conforme Decreto 99.556, 01/10/1990: 
As cavidades naturais subterrâneas existentes no território nacional 
constituem patrimônio cultural brasileiro, e, como tal, serão preservadas e 
conservadas de modo a permitir estudos e pesquisas de ordem técnico-
científica, bem como atividades de cunho espeleológico, étnico-cultural, 
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turístico, recreativo e educativo. 
Ademais, o meio ambiente cultural pode ser imaterial, consistindo 
nas formas de expressão, modos de criar, fazer e viver, como 
música, uma língua, a história de uma coletividade. Portanto, é um 
bem intangível. 
A Constituição Federal já protege os valores genéticos (meio 
ambiente genético), assim como a Lei 11.105/2005 (Lei da 
Biossegurança): 
Art. 225. (citando novamente) Todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
§ 1ºPara assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: 
II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País 
e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material 
genético; 
 
Dano ambiental 
Para José Aguiar Dias6, é possível limitar a noção de dano à ideia de 
prejuízo; “isto é, o resultado da lesão”. O dano, portanto, é uma 
alteração jurídica que gera um resultado negativo. 
Quanto à definição do dano ambiental trazida pela doutrina, vale 
destacar os apontamentos de Willian Figueredo de Oliveira7, que o 
conceitua como: 
toda e qualquer lesão ao meio ambiente – natural, artificial ou cultural –, 
ocasionando-lhe alteração adversa, de forma a comprometer o equilíbrio 
ecológico e a qualidade de vida prevista na Constituição Federal de 1988. 
O legislador brasileiro, não obstante a ausência de clareza quanto ao 
conceito de dano ambiental, esclareceu suas características básicas, 
pois definiu o conceito de meio ambiente (art. 3º, inciso I, da Lei 
6.938/81) e declarou que o poluidor é obrigado a reparar o dano 
causado ao meio ambiente e a terceiros (art. 14 da referida lei). Ou 
seja, declarou que o responsável pelo dano ambiental deve responder 
pela reparação do meio ambiente em suas duas acepções (macrobem 
e microbem ambiental). 
Apesar da ausência de precisão textual sobre o conceito de dano 
ambiental, o legislador trouxe a interpretação da degradação 
 
6 DIAS, José Aguiar. op. Cit. p. 971. In: RUSCH, Érica. Ação Civil Pública de responsabilidade 
por danos ambientais. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Direito da Universidade Federal 
da Bahia. Salvador: 2008. p. 163 
7
 OLIVEIRA, Willian Figueredo de. Dano moral ambiental. Rio de Janeiro, Lumin Iuris, 2007. p. 
91 
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ambiental da seguinte maneira, com base no art. 3º, II, da Lei 
6.938/81: 
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
II - degradação da qualidade ambiental , a alteração adversa das 
características do meio ambiente; 
Essa concepção de degradação ambiental deve ser feita coercitiva e 
articuladamente com a poluição ambiental, pois o legislador relaciona 
a primeira com a segunda. Segundo o art. 3º, inc. III, da supracitada 
lei, poluição ambiental pode ser assim conceituada: 
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de 
atividades que direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais 
estabelecidos; 
O tratamento legal atribuído a esses conceitos jurídicos (poluição e 
degradação ambiental) dá oportunidade à afirmação de que a 
poluição não está limitada à alteração do meio natural. Portanto, o 
meio ambiente a ser considerado pode ser tanto o natural quanto o 
cultural e o artificial. 
De fato, ao assim estabelecer, o legislador vincula de maneira 
indissociável, poluição e dano ambiental; pois conforme visto, nota-se 
expressamente que a poluição é fruto do dano. O legislador, por sua 
vez, amplia a interpretação do termo poluição. 
Além desses conceitos de dano e poluição, o legislador ainda traz a 
conceituação de impacto ambiental, conforme art. 1º da Resolução 
01/86 do Conama: 
Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental 
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio 
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante 
das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: 
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
II - as atividades sociais e econômicas; 
III - a biota; 
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 
V - a qualidade dos recursos ambientais. 
Como se percebe, o conceito de impacto ambiental inclui somente o 
meio ambiente natural, visto que altera as propriedades físicas, 
químicas e biológicas do meio ambiente. 
 
 
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Classificação do Dano Ambiental 
 
Quanto ao 
interesse 
envolvido e a 
sua 
reparabilidade 
dano ambiental privado/direto é aquele que viola 
interesses pessoais e gera reflexos apenas no meio 
ambiente considerado como um microbem. 
dano ambiental público/indireto é aquele 
causado ao meio ambiente globalmente 
considerado, correlacionado a interesses difusos e 
coletivos. 
Quanto à 
extensão dos 
bens 
protegidos 
ecológico puro – tratado em sentido estrito, 
considerando-se apenas os componentes naturais 
do ecossistema. 
lato sensu – quando abrange todos os 
componentes do meio ambiente – inclusive o 
patrimônio cultural – sendo o bem ambiental 
visualizado numa concepção unitária; 
Quanto aos 
interesses 
objetivados 
interesse individual – quando a pessoa é 
individualmente afetada; interesse homogêneo – 
quando decorre de fato comum que causa prejuízo 
a vários particulares. 
coletivo – quando os titulares são grupos de 
pessoas ligadas por uma relação jurídica. Por 
exemplo, moradores de uma comunidade. 
difuso – quando os titulares são pessoas 
indeterminadas, que não podem ser identificadas 
individualmente, mas que são ligadas por 
circunstâncias de fato. 
Quando à 
extensão 
patrimonial – quando há perda ou degeneração – 
total ou parcial – dos bens materiais, causando à 
vítima prejuízos de ordem econômica. 
moral ou extrapatrimonial – quando há ofensa a 
um bem relacionado com valores de ordem 
espiritual ou moral. 
 
 
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Algumas questões para fixar: 
1. CETRO - 2008 - Liquigás - Profissional Pl- Ciências 
Jurídicas 
A doutrina classifica o meio ambiente como: 
a) natural, artificial, histórico, popular, cultural, familiar e 
social. 
b) natural, artificial, histórico, paisagístico, cultural e 
arqueológico, do trabalho e genético. 
c) natural, artificial, genético, cultural, histórico, social, 
fisiológico, material e venal. 
d) natural, artificial, histórico, cultural, social, material, familiar 
e formal. 
e) natural, histórico, cultural, genético, antropológico, material 
e arqueológico. 
2. (Procurador Municipal - Prefeitura Municipal de Natal – 
2008/CESPE) 
A CF dispõe que o meio ambiente não se limita apenas ao conjunto 
formado por solo, água, ar atmosférico, flora e fauna, mas envolve 
também todos os elementos responsáveis pelo equilíbrio dinâmico 
entre os seres vivos e o meio em que estes vivem, formando o 
meio ambiente natural. A CF ainda define 
I. O meio ambiente cultural, composto pelo patrimônio histórico, 
artístico, arqueológico, paisagístico, turístico e científico e pelas 
sínteses culturais que integram o universo das práticas sociais das 
relações de intercâmbio entre o homem e a natureza. 
(Certo/Errado?) 
 
3. XV Concurso para Procurador do Estado do Pará - 2005) 
Sobre o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado 
previsto no art. 225 da CF/88 é CORRETO afirmar: 
a) É típico direito de segunda geração pois dentro do processo de 
afirmação dos direitos humanos materializam poderes de 
titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as 
formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e 
constituem um momento importanteno processo de 
 Prof. Tiago Duarte 
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desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos 
humanos. 
4. TRF 1ª Região - Juiz Federal Substituto - 2005 
A toda e qualquer alteração de natureza física, química e biológica 
que venha a desequilibrar o meio ambiente, diz-se: 
a) Biodiversidade; 
b) Diversidade agressiva genética; 
c) Ampliação do efeito estufa; 
d) Poluição ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabarito: 
1. Letra B. 
2. Correto. 
3. Errado. 
4. Letra D 
 
 
Um abraço. 
Tiago Duarte.

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