Buscar

LIVRO_POLÍTICA SOCIAL AMBIENTAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 171 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 171 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 171 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 
 
Política Social Ambiental 
 
 
Unidade I 
 
 
Prof. Dr. Vanderlei da Silva 
 
 
 
 
 
2 
APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR-AUTOR 
 
Prof. Dr. Vanderlei da Silva. Doutor em Educação (UNISO/2013). Mestre em 
Educação (UNISO/2009). Especialista em EAD (UNIP/2017). Advogado 
(UNISO/2004). Especialista em Direito do Terceiro Setor (FGV/SP/2005). Professor 
do Curso de Graduação em Serviço Social Presencial/EAD (UNIP) e Pós-
Graduação em Gestão de Políticas Públicas EAD (UNIP). Professor convidado do 
curso de especialização em Gestão Ambiental e Sustentabilidade na MBA UFSCar. 
Gerente Administrativo e Financeiro do Serviço de Obras Sociais (SOS Sorocaba). 
Diretor de Projetos do Lar Escola Monteiro Lobato. Conselheiro Fiscal da Fundação 
Ubaldino do Amaral (FUA); Conselheiro Fiscal da Vila dos Velhinhos de Sorocaba; 
Conselheiro Fiscal da Associação Protetora dos Insanos. Sócio do Escritório de 
Advogados “Ranuzzi& Silva, Vieira”. Autor dos livros: “A Participação da Loja 
Maçônica Perseverança III na Educação Escolar em Sorocaba” e “ O Terceiro Setor e 
a Escola”. Participante convidado do "Social Innovationand Global EthicsForum" - 
SIGEF 2014 e 2015 realizado em Genebra/Suíça e SIGEF 2016 realizado em 
Marrakech/Marrocos. Participante do "PremiosLatinoamerica Verde 2016", realizado 
em Guyaquil/Equador. Embaixador no Brasil do “Prêmios Latinoamérica verde 2020” 
e porta-voz autorizado da Fundação Latinoamérica Verde no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO...............................................................................................04 
1. OS PRINCIPAIS CONCEITOS E ELEMENTOS BÁSICOS DO DIREITO 
AMBIENTAL BRASILEIRO................................................................................08 
1.1 Introdução à temática ambiental.................................................................09 
1.2 A relação homem e o meio ambiente: as origens históricas da crise 
ambiental..11 
1.3 A educação ambiental e a ética ambiental...................................................13 
1.4 A evolução histórica do Direito ambiental no Brasil: fase colonial, fase 
imperial, fase republicana......................................................................................19 
1.5 A proteção ambiental após a Proclamação da República..............................23 
1.6 O Direito ambiental: noções gerais e conceitos............................................25 
2. AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO DIREITO AMBIENTAL.....29 
2.1 Os princípios do Direito ambiental...............................................................30 
2.2 A competência legal em matéria ambiental.................................................32 
2.3 A tutela Constitucional do Meio Ambiente no Brasil - Artigo 225 da CF/88....34 
2.4 O manejo ecológico.....................................................................................37 
2.5 As Unidades de Conservação.......................................................................38 
2.6 O estudo de impacto ambiental como instrumento de proteção do meio 
ambiente..................................................................................................... ..........39 
2.7 O controle de produtos tóxicos....................................................................40 
2.8 A educação ambiental.................................................................................41 
2.9 A proteção do meio ambiente.....................................................................42 
2.10 A regulação da mineração...........................................................................43 
2.11 Os ecossistemas brasileiros.........................................................................44 
2.12 As terras devolutas e a questão ambiental...................................................45 
2.13 A regulação da energia nuclear....................................................................45 
2.14 A questão ambiental, o desenvolvimento econômico e a ordem social.........46 
RESUMO................................................................................................................49 
REFERÊNCIAS........................................................................................................51 
 
4 
 
INTRODUÇÃO 
 
Prezado Aluno, neste Livro Texto faremos um estudo da legislação social e 
ambiental vigente, tendo como pilar a Constituição Federal de 1988. Também, 
trataremos da Política Nacional do Meio Ambiente e suas diretrizes norteadoras das 
políticas públicas. 
O nosso objetivo é permitir a compreensão dos programas ambientais a nível 
nacional através do estudo das principais políticas ambientais em vigor e dos 
instrumentos por elas propostos para uma gestão adequada do meio ambiente. Para 
isso faremos um exame dos reflexos sociais resultantes das políticas ambientais e a 
conjuntura atual da proteção do meio ambiente. 
Durante o estudo dos capítulos do Livro Texto vamos propiciar conhecimentos 
sobre os conceitos e elementos básicos do direito ambiental brasileiro e dos 
instrumentos jurídicos para a defesa do meio ambiente. 
Também serão abordadas as competências constitucionais e 
infraconstitucionais dos entes federados em matéria ambiental, a responsabilidade 
civil e recuperação do dano ambiental. 
Dessa forma, teremos informações que nos permitirão refletir sobre as 
legislações específicas que contemplam os direitos ambientais a fim de auxiliar na 
formulação de políticas públicas e compreender a importância da legislação vigente 
como um todo e sua efetividade como forma de promoção do Desenvolvimento 
Sustentável. 
Destacamos que conhecer a legislação ambiental brasileira é fundamental ao 
exercício profissional daqueles que possuem relações com o Meio Ambiente, pois é a 
aplicação das legislações reguladoras e dos dispositivos legais que contribuem para 
a garantia dos direitos ambientais conquistados. 
Assim, é necessário desenvolver estratégias e habilidades que possibilitem o 
bom exercício profissional e a devida informação á população sobre a proteção do 
meio ambiente e o Desenvolvimento Sustentável. 
Por esses motivos, o objetivo deste livro texto é apresentar os principais 
instrumentos jurídicos de defesa do meio ambiente existentes na legislação brasileira. 
Além disso vamos tratar também das competências constitucionais e 
 
5 
infraconstitucionais dos entes federados em matéria ambiental. E finalizaremos 
nossos estudos tratando da responsabilidade civil e recuperação do dano ambiental. 
As diretrizes norteadoras do nosso estudo será o princípio do Desenvolvimento 
Sustentável. Segundo o Relatório da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento das Nações Unidas (1988), o desenvolvimento sustentável “é 
aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das 
gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades”. Conhecido ainda 
como Relatório Brundtland, por ter sido chefiada pela Primeira-Ministra da Noruega 
Gro Harlem Brundtland, o documento apresentou uma visão crítica do modelo de 
desenvolvimento econômico até então adotado pelos países, alertando que as 
melhorias econômicas e sociais não podem ser alcançadas pela depreciação 
ambiental descontrolada. 
A partir desse Relatório, algumas reflexões importantes podem ser levantadas 
a partir do conceito, tais como: De que forma cada geração atende suas necessidades, 
principalmente por produtos e serviços, a partir dos recursos naturais? Do que as 
gerações futuras terão necessidades no longo prazo, dado o avanço tecnológico 
fenomenal verificado nas últimas décadas? Não obstante as controvérsias do 
Relatório Brundtland, o conceito é atualmente considerado o mais próximo do 
consenso. 
Desde a divulgação do Relatório Brundtland, a Organização das Nações 
Unidas (ONU) tem empreendido esforços para que o desenvolvimentosustentável 
seja adotado como prioridade nos países membros. Uma dessas iniciativas se deu na 
Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável realizada em Nova 
York em 2015. Como resultado das negociações de mais de 150 líderes mundiais, foi 
proposta uma agenda ambiciosa que propões 17 Objetivos do Desenvolvimento 
Sustentável (ODS) e 169 metas correspondentes, baseados nos Objetivos do 
Desenvolvimento do Milênio (ODM) da ONU de 2013. 
A meta para que os países atendam os ODS é até 2030, por isso essa iniciativa 
da ONU ficou conhecida como Agenda 2030. Os ODS são integrados e indivisíveis, e 
equilibram as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social 
e a ambiental, conforme apresentaremos a seguir: 
 Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares; 
 Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição 
e promover a agricultura sustentável; 
 
6 
 Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas 
as idades; 
 Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover 
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos; 
 Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas; 
 Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento 
para todos; 
 Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à 
energia para todos; 
 Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, 
emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos; 
 Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva 
e sustentável e fomentar a inovação; 
 Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles; 
 Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, 
resilientes e sustentáveis; 
 Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis; 
 Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus 
impactos; 
 Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos 
marinhos para o desenvolvimento sustentável; 
 Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas 
terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e 
reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade; 
 Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento 
sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições 
eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis; 
 Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para 
o desenvolvimento sustentável. 
 
<Saiba mais 
Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento 
Sustentável. 
Disponível em: <https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/>. Acesso em: 
19/12/2019. 
<Saiba mais fim> 
 
7 
 
Nesse sentido, várias organizações públicas e privadas têm contribuído para 
divulgar e valorizar os ODS em diferentes países, em diferentes contextos. E, dentre 
estas iniciativas destaca-se a educação ambiental que também implica no 
conhecimento da legislação ambiental, temas principais que trataremos neste Livro 
Texto. 
 
Bom estudo. 
 
 
8 
 
1. OS PRINCIPAIS CONCEITOS E ELEMENTOS BÁSICOS DO DIREITO 
AMBIENTAL BRASILEIRO 
 
 De acordo com o Art. 225, da Carta Magna, que refletiu no Princípio nº 1, da 
Declaração do Rio/92, o meio ambiente ecologicamente em equilíbrio é um direito de 
todos, um direito fundamental, do qual irradiam todas as demais interpretações que 
devem ter as normas ambientais. 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de 
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá- lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, Constituição 
Federal /88 
 
 
O meio ambiente ecologicamente equilibrado consiste naquele salubre, sem 
poluição, com qualidade de vida, correspondente lógico do princípio constitucional da 
dignidade da pessoa humana, o qual exige uma vida dignamente saudável. 
Dessa forma, ao consagrar o meio ambiente como um direito humano 
fundamental e de fazer diversas outras referências ao assunto ao longo do seu texto, 
a Constituição Federal de 1988 consagrou também de forma explícita ou implícita os 
mais relevantes princípios do Direito Ambiental. 
Por esse motivo, a matéria ambiental é de extrema importância pois, além de 
estar prevista pela própria Constituição Federal, o direito a um meio ambiente 
saudável é tido como um direito humano de terceira geração, também chamados de 
“direitos de solidariedade”. 
 
Observação 
Os direitos fundamentais de terceira geração são os relacionados ao 
desenvolvimento ou progresso, ao meio ambiente, à autodeterminação dos povos, 
bem como ao direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e ao 
direito de comunicação. 
Observação fim> 
 
9 
 
1.1 Introdução à temática ambiental 
 
Para iniciarmos nossos estudos sobre as questões socioambientais, 
precisamos recordar que diversos filósofos e estudiosos ocidentais, em épocas 
distintas, já tentaram explicar a origem da vida e da Terra por meio de suas teorias. 
Assim, vamos descobrindo que o Homem, tendo tomado ao logo do tempo 
ciência de suas capacidades intelectuais, nunca parou de perguntar, investigar e de 
buscar por respostas. 
Essa perseguição pelo conhecimento fez com que o Homem construísse uma 
nova imagem de si próprio. 
Sendo essa a principal característica que marca a época do Renascimento, 
pois o homem renascentista busca moldar o mundo à sua imagem e semelhança, 
como em um empreendimento seu. 
Dessa forma, com a Revolução Científica, a postura do Homem perante a 
natureza adquire um contorno diferenciado, pois surge uma nova visão de mundoque 
foi instituída com base em princípios que são materialista, racionalista, mecanicista, 
instrumentalista e antropocêntrica. 
Nessa linha de pensamento, é importante destacar o pensamento do cientista 
e filósofo René Descartes, que com a obra “O Discurso do Método” e sua máxima 
“penso, logo existo”, determinaram as formas de viver daquela que costumamos 
denominar de sociedade contemporânea. Assim, passa a imperar o método 
reducionista que só aceita o que se ajusta à razão cartesiana. 
O paradigma cartesiano fixou as raízes do Antropocentrismo que coloca o 
homem como o centro do mundo. Nesse sentido, o Antropocentrismo é uma 
concepção que considera que a humanidade deve permanecer no centro do 
entendimento dos humanos, isto é, o universo deve ser avaliado de acordo com a sua 
relação com o ser humano, sendo que as demais espécies, bem como tudo mais, 
existem para servi-los. 
Assim, o homem se distanciou da natureza, separando-se de suas origens, 
acreditando ser o “senhor” de todas as coisas do mundo. Consequentemente passou 
a intervir de maneira mais danosa no Meio Ambiente. 
Por esse motivo, entende-se que o modelo cartesiano não é maistão adequado 
e eficaz para sustentar as demandas do planeta no contexto atual de crise ambiental, 
 
10 
pois o Antropocentrismo tem como ideia central a superioridade do ser humano, de 
modo que a natureza somente seja valorizada de um ponto de vista instrumental. 
Nesse sentido, ele pode assumir duas tendências principais: na primeira, a 
natureza é vista, fundamentalmente, como um recurso econômico, e, na segunda, a 
importância da natureza é relacionada à satisfação dos múltiplos interesses humanos, 
não apenas os econômicos (ALMEIDA, 2008; CAMPBELL, 1983). 
Essa perspectiva pressupõe uma relação de troca, na qual a humanidade 
preserva a natureza, mas, para seu próprio benefício,o interesse estaria voltado à 
manutenção da qualidade de vida humana e à sua existência (COELHO; GOUVEIA; 
MILFONT, 2006). 
Por esse motivo, surge a ideia do Ecocentrismo que se opõe ao 
Antropocentrismo, ao defender o valor não instrumental dos ecossistemas e da 
ecosfera, cujo equilíbrio poderia limitar determinadas atividades humanas (Almeida, 
2008). 
A partir desse novo modo de pensar assume-se que a natureza, assim como 
qualquer ser que nela existe, possui valor intrínseco, além daquele associado à sua 
utilidade para a humanidade. Considera-se o planeta vivo, frágil e sagrado. Entende, 
ainda, que todas as coisas estão conectadas, e não há ordem hierárquica, mas uma 
interação igualitária das partes interconectadas, cuja evolução não deve sofrer 
interferência. 
Agora, a noção de que a humanidade ocupa um lugar privilegiado na natureza 
é rejeitada e os recursos naturais devem ser utilizados apenas para satisfazer 
necessidades de subsistência, preservando a integridade e a estabilidade da biota 
(GLADWIN; KENNELLY; KRAUSE, 1995). 
 
 
Lembrete 
Biota é o conjunto de seres vivos, flora e fauna, que habitam ou habitavam um 
determinado ambiente geológico. 
 
 
 
11 
1.2 A relação homem e o meio ambiente: as origens históricas da crise 
ambiental 
 
O paradigma Ecocêntrico, é baseado num equilíbrio entre razão e emoção, 
onde o conhecimento é integrado e não fragmentado. Se trata de uma linha política 
de filosofia ecológica que apresenta um sistema de valores centrado na natureza, em 
oposição ao antropocentrismo. Esse modelo entende que para a manutenção da vida 
humana no Planeta Terra faz-se necessário um repensar sobre os tradicionais 
cânones que permearam a relação travada entre o ser humano e o meio ambiente 
substituindo-se o antropocentrismo por paradigmas que considerem a natureza como 
credora de direitos. 
Porém, para a vigência desse modelo é necessário que o Homem reaproxime-
se da natureza enquanto parte dela e não como seu proprietário e que, também, 
impere a Justiça Social e Ambiental. 
Há aproximadamente 200 anos é que o Meio Ambiente passou a ser afetado 
consideravelmente com a ação humana, e há apenas 40 anos é que esses impactos 
passaram a ser considerados muito graves ao planeta. 
Ocorre que depois da Segunda Guerra Mundial, o modelo social e econômico 
que passou a vigorar agravou ainda mais os problemas ambientais, pois aumentou a 
exploração dos recursos naturais para atender às demandas nos processos 
produtivos, cada vez mais eficientes tecnologicamente. E, nesse modelo de 
desenvolvimento que foi adotado em nível mundial, as principais causas dos 
problemas ambientais que enfrentamos são: 
 crescimento populacional insustentável; 
 acentuado aumento da pobreza e desigualdade social; 
 métodos de produção de alimentos insustentáveis; 
 uso de energia insustentável e; 
 produção industrial insustentável. 
Destaca-se que o crescimento populacional constante vem sempre 
acompanhado pela degradação ao Meio Ambiente, pois ocorre sem um devido 
planejamento e gera um déficit na capacidade do Poder Público quanto ao 
fornecimento dos serviços públicos básicos. 
 
12 
Dessa forma, o crescimento populacional tem enfraquecido a capacidade do 
Estado em satisfazer as necessidades socioeconômicas básicas e proteger os 
recursos naturais. 
Por essa razão, o “problema populacional” tem de ser solucionado por meio de 
esforços para eliminar a pobreza generalizada, a fim de garantir um acesso mais justo 
aos recursos e, por meio da educação, aprimorando o potencial humano para 
administrar esses recursos. 
É importante reconhecer que as experiências de outros países demonstraram 
que é mais fácil buscar o desenvolvimento sustentável quando o tamanho da 
população se estabiliza num nível coerente com a capacidade produtiva do 
ecossistema. 
Outra questão importante é que a degradação ambiental nos países pobres é 
incessante porque a maioria deles depende da exportação de produtos agrícolas para 
aumentar a sua receita. 
Além disso, em razão da distribuição desigual da renda e da falta de 
oportunidades de trabalho, os pobres constituem uma grande massa populacional nas 
grandes cidades e, com isso, agravam-se os impactos sobre o Meio Ambiente. 
Também o modelo dominante de produção de alimentos é insustentável e, 
sobretudo, causador de grandes danos ao Meio Ambiente. Pois, esse modelo baseia-
se em métodos que buscam alta produtividade em um curto espaço de tempo. 
Não podemos deixar de destacar, ainda, a produção e o consumo de energia 
que têm um impacto devastador sobre o Meio Ambiente, tomando por base o modelo 
energético mais utilizado no mundo, ou seja, a queima de combustíveis fósseis. 
Mas, não podemos nos esquecer que as usinas hidrelétricas também causam 
danos ao Meio Ambiente devido, principalmente, aos impactos das obras para 
construção desse tipo de empreendimento. Outro fator a ser considerado é o 
desperdício de energia que contribui negativamente com a crise de energia. 
Da mesma forma, a produção industrial também é insustentável, pois baseia-
se em modelos inadequados e degradadores, funcionando na lógica da alta 
produtividade em curto espaço de tempo. Dessa forma, caracteriza-se pelo 
desperdício de matéria-prima e de energia no processo produtivo, geração de grande 
quantidade de resíduos, disposição inadequada dos resíduos, não reaproveitamento 
de materiais e ausência de reciclagem, de segurança e de salubridade do ambiente 
de trabalho, etc. E, dentro de todo esse contexto, a sociedade tem consumido cada 
 
13 
vez mais, sendo que para conseguir atender esse aumento na demanda do consumo 
da sociedade a agricultura e a indústria exploram de forma excessiva os recursos 
naturais, degradando o Meio Ambiente. 
Assinalamos, ainda, que o consumo inconsciente e desenfreado daquilo que 
se produz gera quantidades enormes de resíduos, que descartadas no ambiente, 
causam dano ambiental. 
Numa abordagem realista da questão é preciso compreender que reciclar é 
necessário, mas a humanidade precisa aprender ou habituar-se a consumir de 
maneira consciente. Isso quer dizer consumir em menor quantidade, consumir 
produtos ecologicamente corretos e reutilizar sempre que possível. 
 
Lembrete 
Os três R's (erres) do consumo consciente: reduzir, reaproveitar e reciclar são 
propostas de atitudes referentes ao nosso modo de consumo, muitas vezes 
insustentável. 
 
 
1.3 A educação ambiental e a ética ambiental 
 
A questão que se coloca hoje é se existe a possibilidade de se mudar a relação 
homem/natureza no modo de produção capitalista, diante do cenário que 
apresentamos no capítulo anterior. Assim, a ideia de produção da natureza desafia a 
separação que foi legada entre sociedade e natureza, e se coloca para nós como um 
desafio imposto pelo próprio capitalismo. 
Da mesma forma, a crise ecológica requer um repensar sobre a forma como 
está estruturada e como funciona a sociedade contemporânea. 
Porém, as políticas desenvolvidas ao longo das últimas décadas, foram 
direcionadas à efetivação de pacotes tecnológicos modernos, muitas vezes, não 
adaptados às condições sociais, ambientais e culturais das comunidades locais. 
A dificuldade da convivência entre o modelo de desenvolvimento econômico 
existente e a necessidade da preservação do meio ambiente foi apresentada pela 
primeira vez na publicação do relatório “The limits of growth” (Os limites do 
crescimento), em 1972, pelo chamado Clube de Roma, formado por um grupo de 
especialistas em diversas áreas. 
 
14 
Nesse encontro, um grupo apontava que o crescimento econômico ilimitado, 
da forma como estava ocorrendo, era incompatível com a disponibilidade dos recursos 
naturais, e por essa razão sugeriam frear o crescimento econômico. 
Porém, havia outro grupo afirmando que a crise ambiental era uma invenção 
dos países ricos para impedira ascensão dos países do Terceiro Mundo. 
O relatório foi bastante criticado na época, mas começou a ser percebido que 
já não era mais possível discutir a questão ambiental sem falar de desenvolvimento 
econômico. 
Em 1972, também foi realizada em Estocolmo a Conferência das Nações 
Unidas sobre o Ambiente Humano ou Conferência de Estocolmo, com a participação 
de representantes de 113 países. Sendo que os principais resultados desse encontro 
são os que apresentamos a seguir: 
 A aprovação da Declaração sobre o Meio Ambiente Humano; 
 Criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente; 
 Estabelecimento de um plano de ação mundial e; 
 Recomendou-se a elaboração de um programa internacional de Educação Ambiental. 
A respeito da participação do Brasil nesse encontro é importante destacar que 
a delegação brasileira levaram uma faixa com a seguinte inscrição: “Bem vindos à 
poluição, estamos abertos a ela. O Brasil é um país que não tem restrições, temos 
várias cidades que receberiam de braços abertos a sua poluição, porque nós 
queremos empregos, dólares para o nosso desenvolvimento”. 
Essa faixa ficou famosa, pois, reflete o pensamento da época de todos terem o 
direito de crescer economicamente mesmo que às custas de grande degradação 
ambiental. Não se pode esquecer que o Brasil estava em pleno milagre econômico. 
 
<Saiba mais 
Breve resgate histórico da Educação Ambiental no Brasil e no mundo. 
Disponível em: <https://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2015/VII-
069.pdf>. Acesso em: 19/12/2019. 
<Saiba mais fim> 
 
Outro evento importante para a temática ambiental foi a 1ª Conferência 
Intergovernamental de Educação Ambiental, realizada em 1977, na cidade de 
Tbilisi/Geógia. Esse foi um evento exclusivo para tratar de Educação Ambiental, em 
 
15 
cooperação com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Destacamos 
que o Brasil não enviou nenhum representante à essa 1ª Conferência de Educação 
Ambiental. 
Dela resultaram diretrizes sobre a importância da perspectiva interdisciplinar, 
do aspecto histórico, do desenvolvimento do sentido participativo e crítico, da garantia 
de um processo contínuo e permanente de educação e de uma visão do ambiente, 
em sua totalidade e sob um prisma global. 
Seguindo a preocupação mundial com as questões relacionadas com o Meio 
Ambiente, foi criada em 1983, pela ONU, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente 
e Desenvolvimento. Tratava-se de um organismo independente, composto por 22 
membros, cujos objetivos eram: 
 reexaminar as questões críticas relativas ao Meio Ambiente e Desenvolvimento, 
formulando propostas realistas para abordá-las; 
 propor novas formas de cooperação internacional nessa área; 
 dar à sociedade internacional uma maior compreensão desses problemas, 
incentivando-a a uma atuação mais firme. 
 
O trabalho surgido dessa Comissão foi publicado em 1987, trata-se do documento Our 
Common Future (Nosso Futuro Comum) ou, como é bastante conhecido, Relatório 
Brundtland, trata-se de um documento diferenciado, pois apresentou um novo olhar sobre o 
desenvolvimento. Por esse motivo, o Relatório Brundtland tornou-se um dos documentos 
oficiais mais importantes, do mundo, que aborda a problemática ambiental. 
O Relatório Brundtland identificou os diferentes tipos de desenvolvimento dos 
países, ao mesmo tempo, como causa e efeito dos problemas ambientais. A partir 
dessa percepção, a comissão responsável pela elaboração do relatório entendeu que 
haveria uma tendência crescente de diferenciação entre países pobres e países ricos, 
de difícil inversão. 
E, para tentar amenizar essa tendência, sugeriram realizar um 
“redimensionamento dos vínculos entre economia e ecologia global”. No Relatório 
Brundtland foi cunhado o termo Desenvolvimento Sustentável, definido como sendo 
“aquele que responde às necessidades do presente sem comprometer a capacidade 
das gerações futuras de responder às suas necessidades”. 
Sendo que as vertentes principais do desenvolvimento sustentável são: 
crescimento econômico, equidade social e equilíbrio ecológico e, para que possamos 
 
16 
compreender a importância da ideia de desenvolvimento sustentável, elencamos a 
seguir as suas principais características: 
 um sistema político que assegure aos cidadãos a efetiva participação 
no processo decisório; 
 um sistema econômico capaz de gerar excedente e know-how técnico 
em bases confiáveis e constantes; 
 um sistema social que possa resolver as tensões causadas por um 
desenvolvimento não equilibrado; 
 um sistema de produção que respeite a obrigação de preservar a base 
ecológica do desenvolvimento; 
 um sistema tecnológico que busque constantemente novas soluções; 
 um sistema internacional que estimule padrões sustentáveis de 
comércio e financiamento; 
 um sistema administrativo flexível e capaz de se autocorrigir. 
 
Dando continuidade as discussões internacionais sobre a preocupação com a 
preservação dos recursos nacionais foi realizada a Conferência Rio-92 sobre o meio 
ambiente do planeta e desenvolvimento sustentável dos países. A Conferência foi 
realizada em junho de 1992 na cidade do Rio de Janeiro, sendo o encontro que 
definitivamente marcou a forma como a humanidade encara sua relação com o 
planeta. 
A partir dos resultados da Conferência Rio-92 é possível perceber que foi 
somente naquele momento que a comunidade política internacional admitiu 
claramente que era preciso conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a 
utilização dos recursos da natureza. 
Podemos afirmar isso pelo fato que a Rio-92, também conhecida como Rio-92, 
Eco-92 ou Cúpula da Terra, aconteceu 20 anos depois da primeira Conferência do 
tipo realizada em Estocolmo/Suécia em 1972, sendo que somente a partir da 
realização da Rio-92 é que os países reconheceram o conceito de desenvolvimento 
sustentável e começaram a moldar ações com o objetivo de proteger o meio ambiente. 
Os principais objetivos da ECO-92 foram os que destacamos a seguir: 
 Examinar a situação ambiental do mundo e as mudanças ocorridas depois da 
Conferência de Estocolmo; 
 Identificar estratégias regionais e globais para ações apropriadas referentes às 
principais questões ambientais; 
 
17 
 Recomendar medidas a serem tomadas nacional e internacionalmente referentes à 
proteção ambiental por meio de política de desenvolvimento sustentado; 
 Promover o aperfeiçoamento da legislação ambiental internacional; 
 Examinar estratégias de promoção de desenvolvimento sustentado e eliminação da 
pobreza nos países em desenvolvimento. 
 
Visando estabelecer formas para que esses objetivos pudessem ser 
alcançados foram firmados os seguintes acordo na Rio-92: 
 Agenda 21: conjunto de proposições que visam estimular a implantação de planos de 
ação locais pelos Municípios para alcance do Desenvolvimento Sustentável, 
abordando várias áreas: recursos hídricos, geração de resíduos, desmatamento, 
qualidade de vida, planejamento urbano, legislação etc.; 
 Declaração do Rio: uma declaração com 27 princípios ambientais, com vistas ao 
Desenvolvimento Sustentável. Também é conhecida por Carta da Terra; 
 Convenção da Biodiversidade: Acordo ratificado por 112 países, comprometendo-se a 
proteger a biodiversidade, principalmente nas áreas de florestas; 
 Convenção sobre o Clima: Acordo ratificado por 152 países, comprometendo-se a 
preservar a atmosfera global, por meio do controle da emissão de CO2 e utilização de 
tecnologias mais limpas; 
 Declaração de Princípios sobre as Florestas: Documento que estabelece que as 
florestas do mundo devam ser protegidas devido à sua relevância ecológica. 
 
Durante a Rio-92, o Brasil também assinou o Tratado de Educação Ambiental 
para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, que foi aprovado pelo 
Fórum Internacional das ONGs, em evento paralelo ao principal. O Fórum Global dasOrganizações Não Governamentais foi realizado, simultaneamente à reunião de 
chefes de Estado ocorrida na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
e Desenvolvimento, contando com a participação de 15.000 profissionais atuantes na 
temática ambiental. 
 
<Saiba mais 
Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e 
Responsabilidade Global. 
 
18 
Disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/tratado.pdf>. 
Acesso em: 19/12/2019. 
<Saiba mais fim> 
 
É importante destacar que a Constituição Federal de 1988 já havia consagrado 
a promoção da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino como incumbência 
do Poder Público, para assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, no artigo 225, § 1º, inciso VI. 
Porém, a Educação Ambiental despontou como política pública apenas em 
1999, com a aprovação da Política Nacional de Educação Ambiental (Lei Federal nº 
9.795), que define a natureza da Educação, seus objetivos e princípios. 
A lei também diferencia Educação Ambiental formal e não formal, trazendo a 
seguinte definição: “Os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade 
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências 
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, 
essencial à qualidade de vida e sua sustentabilidade”.(BRASIL, Lei Federal 9.795/99). 
Assim, a Educação Ambiental é detentora de uma especificidade, que a 
distingue das disciplinas comuns: a transversalidade. Porém, a transformação 
socioambiental pretendida pela Educação Ambiental necessita de uma mudança de 
paradigmas. 
Outra questão fundamental é que a Educação Ambiental utiliza-se e depende 
dos modelos éticos como referencial, como norteadores de ações. A Ética é a forma 
de proceder ou de se comportar do ser humano no seu meu social, sendo portanto 
uma relação inter social do homem. Neste sentido, a Ética Ambiental é o estudo da 
conduta comportamental do ser humano em relação à natureza, decorrente da 
conscientização ambiental e do consequente compromisso preservacionista, tendo 
como objetivo a conservação da vida global. 
O fundador da Ética Ambiental foi o engenheiro florestal e naturalista Aldo 
Leopold, para ele, a Ética Ambiental ou Ecológica deve orientar as ações humanas 
quanto às questões ambientais. Assim, todas as decisões e práticas humanas que 
afetem ou venham a afetar futuramente o Meio Ambiente devem ser feitas com 
fundamento na Ética Ambiental. 
 
19 
Outro estudioso e filósofo de grande significado para a Ética Ambiental foi o 
alemão Hans Jonas. A nova ética proposta por Hans Jonas contempla a coletividade, 
a vulnerabilidade da natureza, a responsabilidade e o agir humanos pautados na ideia 
de limite, comedimento e bom senso. 
Segundo Hans Jonas (2006), quando menos acreditamos na sabedoria, é 
quando mais dela precisamos. Nesse momento da história, vivemos em uma época 
em que tudo acontece de modo acelerado. A deterioração causada ao meio ambiente 
é decorrente de inúmeras intervenções causadas pelos seres humanos no processo 
associado ao capitalismo e ao consumo desenfreado, gerando automaticamente 
poluição e degradação sem precedentes. 
 
<Exemplo de aplicação 
O tema da sustentabilidade confronta-se com o paradigma da "sociedade de 
risco". Isso implica a necessidade de se multiplicarem as práticas sociais baseadas 
no fortalecimento do direito ao acesso à informação e à educação ambiental em uma 
perspectiva integradora. 
Diante dessa realidade, poderíamos fazer as seguintes questões: 
 O que é possível fazer na esfera racional para mudar a realidade da crise ambiental 
que vivemos? 
 É possível mudar através da educação e da ética? 
 Quais seriam, em geral, os princípios dessa nova ética, denomina da ética ambiental? 
 Essa ética seria muito mais global e menos local? 
<Exemplo de aplicação fim> 
 
1.4 A evolução histórica do Direito ambiental no Brasil: fase colonial, 
fase imperial, fase republicana 
 
Conforme as ações humanas passaram a causar impactos cada vez mais 
significativos ao Meio Ambiente, interferindo na sua qualidade e ameaçando sua 
existência, foi sendo construído um arcabouço jurídico-legal para conferir-lhe efetiva 
tutela e proteção. 
Assim, um novo ramo da ciência jurídica surgiu, com objetivos, princípios e 
diretrizes próprias para cuidar dos problemas ambientais: o Direito Ambiental. 
 
20 
O Direito Ambiental, carrega a visão antropocêntrica, visto que as normas de 
proteção ambiental são voltadas para o atendimento das demandas humanas. 
É a pessoa humana a detentora do direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, e também é ela quem exerce, em conjunto com o Poder Público, a 
responsabilidade de preservá-lo para o presente e futuras gerações. 
Ao tratarmos da evolução do Direito Ambiental no Brasil é importante informar 
que, antes mesmo do descobrimento do Brasil, a legislação ambiental portuguesa já 
era bastante evoluída, pois já havia uma lei que visava a proibição do corte deliberado 
de árvores frutíferas que foi publicada em 12 de março de 1393. Também, já existia 
uma legislação para a proteção das aves prevista numa lei de 9 de novembro de 1326, 
que equiparava o furto dessas aves a qualquer espécie de crime. 
 
Observação 
O sistema jurídico do Brasil-Colônia foi o mesmo que existia em Portugal. As 
Ordenações Reais, compostas pelas Ordenações Afonsinas (1446), Ordenações 
Manuelinas (1521) e Ordenações Filipinas (1603). 
 
 
Essas medidas de proteção ambiental foram compiladasnas Ordenações 
Afonsinas e introduzidas no Brasil por ocasião de seu descobrimento. Dessa forma, a 
primeira legislação adotada no Brasil colônia foi uma compilação, as Ordenações 
Afonsinas, vigente em Portugal desde 1446. 
Porém, em 1514, foi concluída a compilação das novas leis denominada 
Ordenações Manuelinas e que também passou a vigorar no Brasil. 
Na fase colonial, se ressaltam dois fatos importantes que direcionaram as 
primeiras leis de proteção ambiental vigentes no Brasil: 
 O comércio clandestino, estimulado por conta da variedade de espécies nativas, 
principalmente da flora, e pelo alto preço da madeira em toda a Europa, por sua vez 
facilitado pelo extenso litoral brasileiro; 
 Os incêndios, cujos resultados eram altamente devastadores. 
Mas o período após 1548 é que foi considerado como um marco do nascimento 
do Direito Ambiental Brasileiro. Pois foi a partir dessa data que o Governador Geral 
passou a expedir normas e leis próprias, impulsionando o desenvolvimento da 
legislação ambiental no Brasil. 
 
21 
A partir dessa nova fase legislativa, a primeira lei de proteção florestal do Brasil 
foi o Regimento do Pau-Brasil, de 1605. Esse regimento exigia autorização real 
expressa para o corte do pau-brasil e impunha outras restrições à exploração dessa 
espécie. Depois dessa lei em específico, desenvolveu-se a legislação de proteção 
florestal no Brasil. Porém, é importante destacar que a legislação vigente priorizava 
apenas os aspectos econômicos relacionados ao meio ambiente sem uma 
preocupação com as questões preservacionistas. 
Mas, apesar dessa lei, nesse período as leis de proteção florestal foram 
afrouxadas, e a devastação do que restou continuou sem freios, para ampliar as 
plantações e alimentar o comércio de madeira. 
Após a Proclamação da Independência do Brasil em 1822 foi promulgada a 
primeira Constituição Federal Brasileira no ano de 1824, porém não foi inserida na 
Constituição nenhuma cláusula que trata-se da proteção ambiental no país, havia 
apenas uma referência quanto à proteção da saúde. 
Assim, somente em 1850 houve a promulgação de uma lei que instituiu 
inovações em matéria ambiental: a Lei nº 601, a primeira Lei de Terras do Brasil, que 
trazia em seu Artigo 2º a seguinte redação: “Art. 2º -Os que se apossaremde terras 
devolutas ou alheias, e nelas derrubarem matos ou lhes puserem fogo, serão 
obrigados a despejo, com perda de benfeitorias, e demais, sofrerão as penas de dois 
a seis meses de prisão e multa de cem mil réis, além da satisfação do dano causado”. 
Essa legislação trouxe inovações de grande importância ecológica, pois instituiu o 
princípio da responsabilidade por dano ambiental, fora do âmbito da legislação civil. 
É importante destacar que nesse período os pensadores brasileiros também 
não falavam de ecologia, tampouco de proteção ambiental, já que naquela época, os 
problemas ambientais eram tratados por outro ramo da ciência, a Economia da 
Natureza. Dessa forma, a degradação ambiental que já ocorria no Brasil era 
considerada sob a ótica econômica, mas, mesmo assim, não passou imune aos olhos 
de algumas figuras representativas da sociedade como destacamos a seguir. 
Em 1802, por recomendação de José Bonifácio, foram baixadas as primeiras 
instruções para reflorestar a costa brasileira. Esse estadista brasileiro foi um dos 
homens que se mostrou bastante preocupado com a problemática do desmatamento 
desenfreado e seus impactos em terras brasileiras, manifestando inúmeras vezes seu 
pensamento sobre os problemas ambientais. Nesse sentido, em 17 e julho de 1822, 
a conselho de José Bonifácio, o Imperador extinguiu o sistema de sesmarias, 
 
22 
deixando de prevalecer o prestígio dos títulos de propriedade em favor da posse e 
ocupação das terras. 
 
Lembrete 
José Bonifácio de Andrada e Silva foi um cientista, político e estadista brasileiro 
cujas ideias e influência política foram decisivas para a Independência do Brasil. 
 
 
Também, o abolicionista Joaquim Nabuco demonstrou preocupação com à 
depredação dos recursos naturais no Rio de Janeiro. 
 
Lembrete 
Joaquim Nabuco (1849-1910) foi um político, diplomata, advogado e historiador 
brasileiro. Foi o mais importante e o mais popular dos abolicionistas. 
 
 
Nessa mesma linha, Euclides da Cunha também escreveu suas impressões 
sobre a devastação da floresta pelas queimadas quando cumpriu missões na 
Amazônia, demonstrando revolta e desolamento com as cenas que presenciou. 
 
Lembrete 
Euclides da Cunha (1866-1909) foi um escritor, jornalista e professor brasileiro, 
autor da obra "Os Sertões". 
 
 
O escritor Gilberto Freire também registrou os males da monocultura, 
descrevendo o nordestino como um alienado ecológico: “O brasileiro das terras de 
açúcar quase não sabe os nomes das árvores, das palmeiras, das plantas nativas da 
região em que vive – fato constatado por tantos estrangeiros” (FREIRE, 1989, p, 74). 
Assim, muitos brasileiros expressaram claramente suas preocupações com a 
devastação ambiental no Brasil e com as graves consequências da exploração 
indiscriminada e irresponsável dos nossos recursos naturais. 
E, dessa forma, contribuíram para a formação do pensamento e do 
engajamento preservacionista em nosso país, e consequentemente com a instituição 
 
23 
de leis que conferissem efetividade à proteção ambiental, ainda que, inicialmente, 
voltadas ao aspecto econômico. 
 
1.5 A proteção ambiental após a Proclamação da República 
 
Após a proclamação da República temos um período de consolidação do 
Direito Ambiental que vai de 1889 a 1981,essa classificação se deve a inúmeras 
medidas que foram tomadas no sentido de se proteger o patrimônio ambiental do 
Brasil. 
Nesse sentido, em 1895 o Brasil foi signatário do Convênio das Egretes, 
celebrado em Paris, que assegurou a preservação de garças que povoavam os rios e 
lagos da Amazônia. 
Já em 1911 foi instituído o Decreto nº 8.843, de 26 de junho, criando a primeira 
reserva florestal do Brasil, com uma grande extensão de floresta no antigo território 
do Acre. Esse decreto também proibiu a entrada nas áreas da reserva, bem como a 
extração de madeira e outros produtos florestais, e a caça e pesca. Porém, 
lamentavelmente, a reserva não foi Implantada. 
No ano de 1934 foi promulgada a Constituição Federal Brasileira. Dentre suas 
disposições, destaca-se: atribuição de competência privativa à União e supletiva ou 
complementar aos Estados para legislar sobre riquezas do subsolo, mineração, 
águas, energia hidrelétrica, florestas, caça e pesca; atribuição de competência 
concorrente à União e aos Estados para protegerem as belezas naturais e 
monumentos de valor artístico e histórico. 
Durante a década de 1930 foi promulgado o Código Florestal (1934), o Código 
de Águas (1934), a criação do primeiro Parque Nacional Brasileiro (o Parque do 
Itatiaia, em 1937), a criação dos Parques Nacionais do Iguaçu e das Serras dos 
Órgãos (1939). 
Já, em 1965 foi aprovado o novo Código Florestal e em 1967 houve a edição 
da Lei nº 5.197, que dispunha sobre a proteção à fauna. No mesmo ano, para fazer-
se cumprir os preceitos dessa lei, foi criado o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento 
Florestal (IBDF). 
E no ano de 1971 ocorreu a criação da primeira associação ecológica, não 
governamental, do Brasil e da América Latina, a Associação Gaúcha de Proteção ao 
Ambiente Natural (AGAPAN). Em 1973 foi criada a Secretaria Especial do Meio 
 
24 
Ambiente (SEMA) e, em 1975 tivemos o Decreto-Lei nº 1.413, dispondo sobre o 
controle da poluição do ambiente provocada por atividades industriais. 
A década de 1980 foi bastante significativa para o Meio Ambiente no Brasil, 
pois houve um período de evolução do Direito Ambiental. Logo no início da década, 
em 1981, foi promulgada a Lei nº 6.902, que criou as Estações Ecológicas e Áreas de 
Proteção Ambiental e a Lei nº 6.938 trazendo diretrizes para a Política Nacional do 
Meio Ambiente, uma das mais significativas até os dias atuais. E, nesse mesmo ano 
ocorreu a criação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), previsto na 
Lei nº 6.938/81. 
Outra importante legislação foi promulgada em 1985, a Lei nº 7.347, que criou 
uma ação específica para a defesa do Meio Ambiente, a Ação Civil Pública. Por meio 
de uma Ação Civil Pública é possível exigir dos infratores reparação pelos danos 
causados ao Meio Ambiente. Essa lei conferiu legitimidade a Ministério Público, União, 
Estados, Municípios, autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de 
economia mista e associações para intentar a Ação Civil Pública em Juízo pela defesa 
do Meio Ambiente. 
A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, chegamos ao 
período que pode ser denominado como de aperfeiçoamento do Direito Ambiental 
brasileiro, pois essa Carta Magna trouxe em seu bojo um capítulo especialmente 
dedicado ao Meio Ambiente. 
Mais recentemente, em 2012, tivemos a Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, 
que tratou a respeito do Código Florestal Brasileiro. Essa Lei alterou as Leis 6.938, de 
31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de 
dezembro de 2006. A lei também revogou as Leis 4.771, de 15 de setembro de 1965, 
e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto 
de 2001. 
 
<Exemplo de aplicação> 
As Políticas Públicas relativas ao meio ambiente competem ao Poder 
Legislativo que representa a vontade popular. Está diretamente ligada ao O Poder 
Executivo e a própria sociedade na execução e implementação de políticas 
ambientais. E, para completar, depende do Poder Judiciário e sua relevância na 
concretização do direito fundamental. Dessa forma, não podem ocorrer nenhuma 
omissão do Poder Público na execução de PolíticasPúblicas relativas ao meio 
 
25 
ambiente, pois dependemos do poder de polícia ambiental para evitar a degradação 
desnecessária e, da implementação de Políticas Públicas ambientais com 
sustentabilidade para garantir o desenvolvimento sustentável. 
Nesse sentido, cabe a seguinte indagação: O que a política tem a ver com o 
meio ambiente? 
<Exemplo de aplicação fim> 
 
1.6 O Direito ambiental: noções gerais e conceitosO Meio Ambiente é tratado pela lei como sendo um direito fundamental, 
constitucionalmente assegurado, cujo titular é a pessoa humana. Porém, esse Direito 
pode e deve ser exercido dentro de certos limites. 
Para os operadores do Direito, destacam-se três conceituações que, 
complementarmente traduzem, e de maneira bastante satisfatória, o que é Meio 
Ambiente, atendendo às necessidades quanto a sua compreensão geral: 
 O primeiro conceito é o Ecológico (técnico), segundo o qual Meio Ambiente é “a 
combinação de todas as coisas e fatores externos aos indivíduos ou população de 
indivíduos em questão”. 
 O segundo conceito é o Legal, constante da Lei nº 6.938/81 (Política Nacional do Meio 
Ambiente), para a qual Meio Ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e 
interações de ordem química, física e biológica, que permite, abriga e rege a vida em 
todas as suas formas”. 
 O terceiro conceito, Jurídico, é o formulado pelo jurista José Afonso da Silva, o qual 
afirma que Meio Ambiente “é a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais 
e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas 
formas”. (SILVA, 1999, p. 02). 
 
Meio Ambiente classifica-se, segundo a doutrina jurídica, em: 
I. Meio Ambiente Natural; 
II. Meio Ambiente Artificial; 
III. Meio Ambiente Cultural; 
IV. Meio Ambiente do Trabalho. 
 
O meio Ambiente Natural, também chamado de Meio Ambiente Físico, é 
composto pela atmosfera, águas, solo e subsolo, fauna e flora e o patrimônio genético. 
 
26 
A tutela do Meio Ambiente Natural se dá pelo artigo 225 da Constituição 
Federal, em seu § 1º, incisos I e VII, e § 4º: 
 
Art. 225 -Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder 
Público: 
I -preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover 
o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; 
...; VII -proteger a fauna e a flora, vedadas na forma da lei, as práticas 
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção 
de espécies ou submetam animais à crueldade. ...; 
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do 
Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio 
nacional, e sua utilização far-se á, na forma da lei, dentro de 
condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive 
quanto ao uso dos recursos naturais. .... (BRASIL, 1988, CF) 
 
O Meio Ambiente Artificial é compreendido pelo espaço urbano construído, 
consistente no conjunto de edificações (chamado de espaço urbano fechado), e pelos 
equipamentos públicos (espaço urbano aberto)” 
Dessa forma, o Meio Ambiente Artificial é uma área que está diretamente 
relacionada ao conceito de cidade. 
A tutela constitucional do Meio Ambiente Artificial está presente no artigo 225 
da Constituição Federal, que trata especificamente do Meio Ambiente, mas também 
nos artigos 21, inciso XX, e 182 (que trata da Política Urbana) da Carta Constitucional, 
entre outros: 
 
Art. 21 -Compete à União: 
...; XX -instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive 
habitação, saneamento básico e transportes urbanos. .... 
Art. 182 -A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder 
Público Municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei têm por 
objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da 
 
27 
cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. ... (BRASIL, 1988, 
CF). 
 
Quanto ao Meio Ambiente Cultural, ele é integrado pelos patrimônios artístico, 
paisagístico, arqueológico, histórico e turístico. Vale pontuar que, apesar de serem 
bens produzidos pelo Homem e, portanto, também serem caracterizados como 
artificiais, eles diferem dos bens que compõem o Meio Ambiente Artificial em razão do 
valor diferenciado que possuem para uma sociedade e seu povo. O Meio Ambiente 
Cultural é tutelado especificamente pelo artigo 216 da Constituição Federal Brasileira: 
 
Art. 216 -Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de 
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em 
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória 
dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais 
se incluem: 
I -as formas de expressão; 
II -os modos de criar, fazer e viver; 
III -as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
IV -as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços 
destinados às manifestações artístico-culturais; 
V -os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, 
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. ... 
(BRASIL, 1988, CF). 
 
Já o Meio Ambiente do Trabalho é constituído pelo ambiente no qual as 
pessoas desenvolvem as suas atividades laborais, sejam elas remuneradas ou não 
remuneradas, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de 
agentes que comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, 
independentemente da condição que ostentem. A tutela do Meio Ambiente do 
Trabalho também está contida na Constituição Federal nos artigos 225 e 200, inciso 
VIII: 
 
Art. 200 -Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras 
atribuições, nos termos da lei: 
... VIII -colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido 
o do trabalho. (BRASIL, 1988, CF) 
 
 
28 
Ressalta-se que a tutela do Meio Ambiente do Trabalho difere da tutela dos 
direitos trabalhistas. As normas e leis que integram o Direito do Trabalho disciplinam 
as relações jurídicas entre empregado e empregador, ao passo que, a tutela do Meio 
Ambiente do Trabalho refere-se à segurança e saúde do trabalhador no ambiente em 
que ele trabalha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
2. AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO DIREITO AMBIENTAL 
 
O Direito Ambiental é relativamente recente no Direito brasileiro. Ele é um 
direito da terceira geração, o que significa dizer que ele é um direito difuso, ou seja, 
seus efeitos são indivisíveis e não se aplicam somente a um indivíduo, mas a toda 
coletividade. 
Dessa forma, o Direito Ambiental também se apresenta como um direito 
autônomo, pelo fato de possuir seu próprio regime jurídico, objetivos, princípios, 
sistema nacional do meio ambiente, etc. É um Direito que caracteriza-se pela sua 
interdisciplinaridade, ou seja, depende dos conceitos e conhecimentos de outras 
ciências. 
Assim, o Direito Ambiental é o complexo de princípios e normas coercitivas 
reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a 
sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando a sua sustentabilidade para 
as presentes e futuras gerações. (MILARÉ, 2001) 
Já os recursos naturais podem ser definidos como o conjunto de elementos de 
ordem natural que compõem o Meio Ambiente. Dessa forma, é tudo aquilo que não é 
criação do Homem e equivale àquilo que se conhece popularmente como natureza. 
Porém, a natureza é só uma parte do Meio Ambiente. 
A Lei nº 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente) trouxe a definição de 
outra categoria de recursos, a dos recursos ambientais. 
 
Art. 3º -Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: ...; 
V -recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores,superficiais 
e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os 
elementos da biosfera, a fauna e a flora. (BRASIL, 1981, Política 
Nacional do Meio Ambiente) 
 
Segundo as disposições constitucionais do artigo 225, os bens ambientais são 
aqueles de uso comum do povo, essenciais à sadia qualidade de vida, o que configura 
nova realidade jurídica disciplinando bem, o que não é públiconem, muito menos, 
particular. Por serem qualificados como de uso comum do povo, os bens ambientais 
alcançaram o status de bens difusos, uma vez que eles não se referem a um único 
indivíduo, mas a toda uma coletividade, sem individualizar seus titulares. 
 
30 
 
2.1 Os princípios do Direito ambiental 
 
Princípios, segundo José Cretella Junior (apud MILARÉ,2001, p.111), são as 
proposições básicas, fundamentais, típicas, que condicionam todas as estruturas 
subsequentes. 
 
 Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da 
pessoa humana: Esse princípio decorre diretamente das disposições do Artigo 
225, caput, da Constituição Federal, quando proclama que o Meio Ambiente, 
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida, é um direito 
de todos os cidadãos brasileiros, sendo, portanto, um direito fundamental da 
pessoa humana. 
 
 Princípio da natureza pública da proteção ambiental: Decorre da previsão legal 
que considera o Meio Ambiente como um valor a ser assegurado e protegido 
para o uso comum de toda a coletividade. O direito ao Meio Ambiente 
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida não pode ser 
apropriado individualmente. Sua realização individual está intrinsecamente 
ligada a sua realização social, pois a tutela e a proteção do Meio Ambiente são 
de interesse público. 
 
 Princípio da participação comunitária: Expressa a ideia de que a tutela e 
proteção do Meio Ambiente deve ser um esforço empreendido com a 
participação da coletividade, em cooperação com o Poder Público, visto que 
todos têm direito ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à 
sadia qualidade de vida. Mais do que o direito, a sociedade tem o dever de 
ajudar a preservar o Meio Ambiente para as presentes e futuras gerações. 
 
 Princípio do poluidor-pagador: Também conhecido como princípio da 
responsabilidade. Segundo o princípio do poluidor-pagador, todo aquele que 
polui (que causa dano ambiental) deve pagar pela poluição que gerou. Mas 
isso não significa dizer que, se a poluição tem um preço, e o poluidor arca com 
esse preço, fica autorizado a continuar poluindo. Ao contrário, o princípio visa 
 
31 
evitar a ocorrência de danos ambientais. Assim, a poluição gerada no processo 
produtivo tem um custo externo negativo para a sociedade, e não é correto que 
somente ela arque com isso, enquanto o poluidor usufrui dos lucros. Por isso o 
poluidor deve internalizar os custos externos, pagando pelos danos que 
provocou ao Meio Ambiente, e por extensão, à coletividade. 
 
 Princípio da prevenção: Para muitos doutrinadores, esse é o princípio base do 
Direito Ambiental, visto que sua natureza e objetivos são fundamentalmente 
preventivos. De acordo com o princípio da prevenção, na realização de 
qualquer atividade ou empreendimento que possa causar ou efetivamente 
cause dano ao Meio Ambiente, deverão ser tomadas pelo empreendedor 
medidas que previnam, evitem ao máximo sua ocorrência. 
 
 Princípio da precaução: Difere do princípio da prevenção, embora em muitas 
doutrinas eles apareçam com o mesmo significado. Segundo o princípio da 
precaução, a ausência de certeza científica absoluta não deve servir de 
pretexto para não se adotar medidas efetivas para evitar a degradação 
ambiental. Dessa forma, mesmo que não tenha sido comprovado 
cientificamente que determinada atividade ou empreendimento de fato irá 
causar danos ambientais, o empreendedor deve, ainda assim, adotar medidas 
preventivas, diante da dúvida existente. Pois, não há certeza científica sobre a 
ocorrência do dano, mas também não há certeza sobre sua inocorrência. 
 
 Princípio da função socioambiental da propriedade: De acordo com a 
Constituição Federal de 1988, a propriedade deve atender a sua função social. 
Hoje, mais do que atender a uma função social, ela deve atender a uma função 
ambiental. O Novo Código Civil, vigente desde 2002, abraçou em suas 
disposições esse princípio na condição de regra limitadora ao uso irrestrito da 
propriedade privada, a ser regularizada por lei especial: 
 
Art. 1.228 -.... § 1º O direito de propriedade deve ser exercido em 
consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de 
modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido 
em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio 
 
32 
ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a 
poluição do ar e das águas. ... (BRASIL, 2002, Código Civil) 
 
Muito embora continue a ser privada, a propriedade adquiriu status 
social, devendo oferecer à coletividade uma utilidade maior, em consonância 
com os princípios e leis de proteção ambiental, contribuindo com a preservação 
do Meio Ambiente e sua existência para as presentes e futuras gerações. 
 
 Princípio do desenvolvimento sustentável: O princípio do desenvolvimento 
sustentável refere-se ao direito do ser humano de desenvolver-se e realizar as 
suas potencialidades, quer individual quer socialmente. Também é o direito de 
assegurar aos seus pósteros as mesmas condições favoráveis. Nesse 
princípio, talvez mais do que em outros, surge tão evidente a reciprocidade 
entre direito e dever, porquanto, o desenvolver-se e usufruir de um planeta 
plenamente habitável não é apenas direito, é dever precípuo das pessoas e da 
sociedade. 
 
2.2 A competência legal em matéria ambiental 
 
A Constituição Federal de 1988 atribuiu competências à União, aos Estados, 
Municípios e Distrito Federal para editar leis e normas de caráter ambiental. Porém, 
essas competências são distintas e limitadas para cada um deles. A competência em 
razão da matéria (material) é comum quanto ao dever de proteger o Meio Ambiente e 
combater a poluição e de preservar as florestas, a fauna e a flora. Nesse sentido, 
União, Estados, Municípios e Distrito Federal possuem competência material comum 
para legislar sobre os assuntos acima citados, conforme artigo 23, incisos VI e VII da 
Constituição Federal: 
 
Art. 23 -É competência comum da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios: ... 
VI -proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de 
suas formas; 
VII -preservar as florestas, a fauna e a flora; ... (BRASIL, 1988, CF). 
 
 
 
33 
É importante esclarecer que a competência legislativa, ou seja, aquela que se 
refere ao poder para efetivamente elaborar leis, pode ser exclusiva, privativa, 
concorrente e suplementar: 
 Competência legislativa exclusiva: Somente a União poderá legislar sobre 
determinada matéria, impedindo-a de delegar competência; 
 Competência legislativa privativa: é a competência plena, direta e exclusiva de legislar; 
 Competência legislativa concorrente: é a competência comum. 
 Competência legislativa suplementar: é uma subespécie da competência concorrente, 
sendo aquela que preenche os vazios da norma geral. Para alguns autores ela pode 
ser considerada como “complementar”. 
 
Observação 
A competência exclusiva não pode ser delegada (indelegável) e a competência 
privativa, ao contrário, poderá ser delegada. 
 
 
Um bom exemplo da competência material exclusiva da União está prevista na 
Lei nº 9.433, de8de janeiro de 1997 que institui a Política Nacional de Recursos 
Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Também 
vamos encontrar a competência material exclusiva da União no Art. 21 da CF/88: 
 
Art. 21. Compete à União: 
XIX -instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos 
e definir critérios de outorga de direitos de seu uso. (BRASIL, 1988, 
CF). 
 
Outros artigos constitucionais que tratam dessa competência legislativa 
privativa e exclusiva da União, em matéria ambiental, são os Artigos 22, Parágrafo 
único, e 25, §1º e §2º da CF/88, respectivamente. Tais artigos informam que a União 
pode legislar privativamente sobre as populações indígenas;sobre jazidas, minas e 
outros recursos minerais; e sobre atividades nucleares de qualquer natureza. Por esse 
motivo, nenhum outro ente federativo pode legislar sobre essas matérias, a não ser 
que haja delegação ou suplementação da competência. 
Quando se trata da competência legislativa concorrente, União, Estados e 
Distrito Federal podem criar que leis que tratem do mesmo tema. É um tipo de 
competência que ocorre em várias situações previstas no Artigo 24 da CF/88, mas os 
 
34 
parâmetros gerais a serem observados pelos demais entes federativos na elaboração 
das leis devem partir da União inicialmente. 
 
Art. 24 -Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
... 
VI -florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa 
do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e 
controle da poluição; 
VII -proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e 
paisagístico; 
VIII -responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a 
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e 
paisagístico;.... (BRASIL, 1988, CF) 
 
 
Quando se trata da competência legislativa suplementar, a mesma está 
prevista nos artigos 24, §2º, e 30, inciso II da Constituição Federal. Essa competência 
é atribuída aos Estados, Distrito Federal e Municípios para que possam editar leis 
suplementares às leis gerais existentes, ou que suprem a ausência ou omissão, por 
exemplo, a edição de uma lei, pelo Município, de implantação da coleta seletiva do 
lixo. 
 
Art. 24 -...; 
§2º -A competência da União para legislar sobre normas gerais não 
exclui a competência suplementar dos Estados. .... 
Art. 30 -Compete aos Municípios: ...; 
II -suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; .... 
(BRASIL, 1988, CF) 
 
2.3 A tutela Constitucional do Meio Ambiente no Brasil - Artigo 225 da 
CF/88 
 
A Constituição Federal de 1988 representa um marco na legislação ambiental 
brasileira, pois além de ter sido a responsável pela elevação do meio ambiente à 
categoria dos bens tutelados pelo ordenamento jurídico, sistematizou a matéria 
ambiental, bem como estabeleceu o direito ao meio ambiente sadio como um direito 
 
35 
fundamental do indivíduo. Dessa forma, a proteção do Meio Ambiente tem um 
destaque especial no Art. 225 da Constituição Federal Brasileira: 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras 
gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder 
Público: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover 
o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do 
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação 
de material genético; 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais 
e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a 
alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada 
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que 
justifiquem sua proteção; 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio 
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará 
publicidade; 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade 
de vida e o meio ambiente; 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e 
a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas 
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção 
de espécies ou submetam os animais a crueldade. 
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar 
o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida 
pelo órgão público competente, na forma da lei. 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções 
penais e administrativas, independentemente da obrigação de 
reparar os danos causados. 
 
36 
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do 
Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio 
nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de 
condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive 
quanto ao uso dos recursos naturais. 
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos 
Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos 
ecossistemas naturais. 
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua 
localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser 
instaladas. 
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste 
artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem 
animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º 
do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de 
natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, 
devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-
estar dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional 
nº 96, de 2017). (BRASIL, 1988, CF). 
 
 
Diante da importância que a Constituição Federal deu ao Meio Ambiente, 
passaremos agora a uma explicação mais detalhada dos parágrafos e incisos do 
Artigo 225, pois as legislações infraconstitucionais que tratam da questão ambiental 
devem estar sempre em consonância com o que prescreve o Direito Constitucional. 
Assim, cuidar e proteger o Meio Ambiente é obrigação de todos os entes que 
formam a nação, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, no âmbito privado ou público. 
Outro dispositivo legal fundamental quando se trata de proteção ao meio 
ambiente, e que também será estudado de forma mais aprofundada, é a Política 
Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), que no seu Artigo 3º apresenta a 
definição de meio ambiente: 
 
Art. 3º -Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
I -meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e 
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga 
e rege a vida em todas as suas formas; .... (BRASIL, 1981, Política 
Nacional do Meio Ambiente). 
 
 
37 
2.4 O manejo ecológico 
 
A Constituição Federal, no Inciso I do § 1º do Artigo 225, também trata do 
Manejo Ecológico com o objetivo de “preservar e restaurar os processos ecológicos 
essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas”. 
O Manejo Ecológico pode ser compreendido como a intervenção humana sobre 
o meio ambiente e as espécies animais e vegetais capaz de assegurar-lhes a 
sobrevivência e uma utilização capaz de assegurar bem-estar à sociedade. 
(ANTUNES, 1998). 
Dessa forma, é necessário prover o manejo ecológico é adotar todo e qualquer 
procedimento que assegure a conservação da diversidade biológica e dos 
ecossistemas, conforme também está previsto no Artigo 2º, Inciso VIII da Lei nº 
9.985/2000, que trata do Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Ainda 
relacionado com esse tema, o§ 1º do Artigo 225 da Constituição vai abordar as 
questões relacionadas com a Diversidade Biológica dando ênfase na importância de 
“preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as 
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético”. 
Nessa mesma linha, também a Lei do Sistema Nacional de Unidades de 
Conservação define diversidade biológica, no artigo 2º, inciso III, como: 
 
Art. 2º -Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:... III -diversidade biológica: a variabilidade de organismos vivos de 
todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas 
terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos 
ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade 
dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas; .... (BRASIL, 
2000, SNUC) 
 
É importante destacar que o Inciso II do artigo 225 foi regulamentado pela Lei 
de Biossegurança (Lei nº 11.105/05), que estabeleceu normas de segurança e 
mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente 
modificados (OGM) e seus derivados, criou o Conselho Nacional de Biossegurança 
(CNBS), reestruturou a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança(CTNBio), e 
dispôs sobre a Política Nacional de Biossegurança(PNB). 
 
 
38 
Observação 
Biossegurança é o conjunto de estudos e procedimentos que visam a evitar ou 
controlar os riscos provocados pole uso de agentes químicos, agentes físicos e 
agentes biológicos à biodiversidade. 
 
 
2.5 As Unidades de Conservação 
 
As Unidade de Conservação (UC) são às áreas naturais passíveis de proteção 
por suas características especiais, sendo que a sua denominação dada pela Lei nº 
9.985, de 18 de julho de 2000 que trata do Sistema Nacional de Unidades de 
Conservação da Natureza (SNUC). Porém o § 1º do Art. 225 da Constituição também 
já fazia referência as Unidades de Conservação, em seu Inciso III: 
 
Inciso III -definir, em todas as Unidades da Federação, espaços 
territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, 
sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, 
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos 
atributos que justifiquem sua proteção. (BRASIL, 1988, CF) 
 
 
E foi justamente visando cumprir esse dispositivo constitucional que a Lei nº 
9.985/00 criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), 
regulamentando assim o Inciso III do artigo 225 da Constituição Federal. Assim, de 
acordo com o artigo 2º, inciso I do SNUC, como é comumente chamado, Unidade de 
Conservação fica assim definido: 
 
Art. 2º -Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
I -unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos 
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características 
naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com 
objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de 
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção; 
.... (BRASIL, 2000, SNUC) 
 
 
39 
2.6 O estudo de impacto ambiental como instrumento de proteção do 
meio ambiente 
 
Considerando o tema Direito Ambiental, não podemos deixar de abordar aqui 
um dos instrumentos de controle preventivo de danos ambientais mais importante: o 
Estudo de Impacto ambiental (EIA), estudo que têm a finalidade de efetivar o direito 
ao meio ambiente saudável. , 
É a Política Nacional do Meio ambiente que possui entre outros instrumentos o 
Estudo de Impacto Ambiental, o qual, visa identificar, avaliar e até mesmo prever as 
consequências de ações atrópicas ao meio biológico, físico, e sócio econômico. 
O EIA é um documento técnico multidisciplinar que trata sobre controle 
preventivo de danos ambientais para a atividade na qual for constatado riscos e 
perigos ao meio ambiente. 
Se os riscos e perigos são constatados, o estudo deve avaliar as melhores 
medidas mitigadoras para evitar ou minimizar os danos causados. Por esses motivos, 
o Inciso IV do § 1º do Art. 225 da CF aborda a necessidade do Estudo de Impacto 
Ambiental “na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente 
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto 
ambiental, a que se dará publicidade”. 
O Estudo de Impacto Ambiental já havia sido disciplinado pelaPolítica Nacional 
do Meio Ambiente e Resolução CONAMA nº 01/86, mas com a Constituição Federal 
passou a ser uma exigência incontestável ao empreendedor que quisesse implantar 
obra ou atividade potencialmente causadora ou causadora de impactos ao Meio 
Ambiente. 
As atividades cuja realização do Estudo de Impacto Ambiental é obrigatória 
constam na Resolução CONAMA nº 237/1997, porém a Norma Federal que trata 
sobre essa matéria é a Resolução CONAMA n° 01/1986, a qual apresenta a seguinte 
definição para o impacto ambiental: 
 
Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas 
do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia 
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente 
afetem, a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as 
atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e 
 
40 
sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais. 
(BRASIL, 1986, Resolução Conama 01/1986). 
 
 
Outro documento importante quando se trata de avaliar o Impacto Ambiental é 
o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). O RIMA é um documento público que 
confere transparência ao EIA. Ele deve ser apresentado na forma de um resumo com 
uma linguagem didática, clara e objetiva. Isso é necessário para que qualquer cidadão 
interessado tenha acesso à informação e, se quiser, possa exercer o controle social. 
Assim, as informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por 
mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo 
que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas 
as conseqüências ambientais de sua implementação. 
 
2.7 O controle de produtos tóxicos 
 
A questão relacionada como o uso racional dos produtos químicos é um 
conceito global, desenvolvido para assegurar a proteção da saúde, da vida e das 
condições normais do ambiente, frente aos riscos decorrentes das atividades 
compreendidas no ciclo de vida das substâncias químicas. 
Sendo assim, os países têm se preocupado com a segurança química, que 
consiste na utilização racional e consciente das substâncias e produtos químicos com 
vistas à proteção da saúde humana e do meio ambiente. 
A segurança química é operacionalizada por meio de dispositivos legais e 
voluntários, bem como de instrumentos, mecanismos e práticas, que são aplicados ao 
longo de todo o ciclo de vida da substância, em busca de um equilíbrio entre os 
aspectos sociais, econômicos e ambientais. 
Nesse sentido, a nossa Constituição Federal também se preocupou com o 
controle de produtos tóxicos, pois é preciso admitir que a utilização substancial de 
produtos químicos é essencial para alcançar os objetivos sociais e econômicos da 
comunidade mundial. Por outro lado, pesquisas tem demonstrado que com as práticas 
modernas existe a possibilidade desses produtos continuarem a ser utilizados dentro 
de uma relativa margem de segurança, estabelecendo um boa relação custo-
eficiência. 
 
41 
Entretanto, também, é inegável que ainda resta muito a fazer para assegurar o 
manejo ecologicamente saudável das substâncias químicas tóxicas dentro dos 
princípios de desenvolvimento sustentável e de melhoria da qualidade de vida da 
humanidade. Por esses motivos, o Inciso V do § 1º do Art. 225 da CF tratou do 
controle de produtos tóxicos visando “controlar a produção, a comercialização e o 
emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a 
qualidade de vida e o meio ambiente”. 
Esse controle é exercido de maneira preventiva, por ocasião do Licenciamento, 
e, após a sua operação, por auditorias. Algumas das leis regulamentadoras desse 
inciso são a Lei de Biossegurança(Lei nº 11.105/05) e a Lei de Agrotóxicos (Lei nº 
7.802/89), que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem 
e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda 
comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e 
embalagens, o registro, a classificação, o

Outros materiais