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Processo de Conhecimento e Cautelar PGE PGM

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Nota da Redação: 
 
O presente trabalho foi organizado pela equipe do Portal “Estudando Direito”, tendo por 
objetivo a seleção de temas atuais e importantes para concursos de Procuradorias. Nosso 
intuito não foi o de esgotar o conteúdo da disciplina, mas tão somente de selecionar potenciais 
assuntos para provas futuras, sendo indispensável que o aluno complemente o estudo com 
uma doutrina ou com suas anotações pessoais sobre os fundamentos da matéria. 
 
O material foi organizado na forma de resumo, com o intuito de condensar o conteúdo e 
otimizar o estudo. Por isso, serão comuns expressões abreviadas e coloquiais. 
 
Abraços e bons estudos! 
 
 
CAPÍTULO 1 – TEMAS SOBRE TEORIA DA AÇÃO 
 
 
1.1 – Condições da Ação e Teoria da Asserção 
As condições da ação requisitos para o legítimo exercício do direito de ação. São 
condiçõespara que o Estado-juiz possa emitir um pronunciamento a respeito do mérito da 
causa. 
Faltando uma delas, deve se considerar que houve o exercício do direito de ação, mas de 
forma ilegítima, e o processo deverá ser extinto sem resolução do mérito, na forma do artigo 
267, VI do CPC. 
 
A aferição das condições da ação se faz necessariamente antes do exame do mérito. 
Essa verificação no caso concreto far-se-á a partir de uma técnica, que deve ser corretamente 
utilizada, para separar as condições da ação do mérito. Essa técnica é conhecida como teoria 
da asserção. 
 
As condições da ação são examinadas in statu assertionis, isto é, no estado das asserções. 
As condições da ação devem ser examinadas de acordo com o que está sendo afirmado na 
petição inicial. O juiz irá decidir se as condições da ação estão presentes ou não pela leitura da 
petição inicial, com o exame do que está sendo alegado pelo autor. O juiz fará um juízo 
hipotético da veracidade das alegações, partindo da presunção de que tudo que está sendo 
afirmado pelo demandante é verdade. A partir dessa premissa, o juiz verificará os pedidos, e se 
verificar que daquelas alegações tem condições de julgar o que está sendo pedido, verá que 
estão presentes as condições da ação. A partir daí, poderá analisar o mérito da ação, 
analisando as provas e posteriormente citando o réu para o contraditório e para produzir 
novas provas, a fim de um posterior julgamento procedente ou improcedente. 
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Ex: Indivíduo que entra na justiça pra cobrar a dívida de um credor do irmão. Faltaria 
legitimidade, então o juiz nem precisaria analisar as provas juntadas à inicial. Basta fazer uma 
leitura das asserções que ele verá que, ainda que tudo que foi alegado seja verdade, não 
poderá julgar o mérito da ação, por falta de um condição essencial. 
 
O exame das condições de ação pode ser feito a qualquer tempo, e não somente no primeiro 
exame da inicial. 
Ex: o juiz, com muito trabalho, só chega a ver que falta uma das condições da ação no 
momento de proferir a sentença, ao analisar minuciosamente a inicial pela primeira vez. 
Desde que o juiz o faça com base nas alegações da inicial, pode declarar a falta de condição da 
ação a qualquer tempo, ainda que já tenham sido produzidas as provas. 
 
Veja como o tema foi tratado na jurisprudência do STJ, em precedente de 2014: 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO 
ESPECIAL. DIREITO SUCESSÓRIO. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. BEM INTEGRANTE DE QUINHÃO HEREDITÁRIO 
CEDIDO A TERCEIRO. LEGITIMIDADE ATIVA. TEORIA DA ASSERÇÃO. 1. Tem prevalecido na jurisprudência 
desta Corte o entendimento de que as condições da ação, aí incluída a legitimidade para a causa, devem ser 
aferidas com base na teoria da asserção, isto é, à luz das afirmações deduzidas na petição inicial. 2. Assim, 
faltará legitimidade quando possível concluir, desde o início, a partir do que deduzido na petição inicial, que o 
processo não se pode desenvolver válida e regularmente com relação àquele que figura no processo como 
autor ou como réu. Quando, ao contrário, vislumbrada a possibilidade de sobrevir pronunciamento de mérito 
relativamente a tais pessoas, acerca do pedido formulado, não haverá carência de ação. 3. No caso dos 
autos, a petição inicial afirma que o de cujos era o legítimo proprietário do imóvel. Nesses termos, impossível 
sustentar, a partir do que fixado pela teoria da asserção, que o espólio seja parte ilegítima para ajuizar ação 
reivindicatória quanto a esse bem. 4. A alegação trazida em sede de contestação, no sentido de que o imóvel 
integrava quinhão hereditário cedido a terceira pessoa denota circunstância que deve ser sopesada no 
momento do julgamento do próprio mérito da demanda. O fato de o espólio ser ou não o proprietário do 
bem repercute na procedência ou improcedência do pedido, não na análise das condições da ação. 5. Agravo 
regimental a que se nega provimento. 
(STJ - AgRg nos EDcl no REsp: 1035860 MS 2008/0044919-7, Relator: Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, 
Data de Julgamento: 25/11/2014, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 02/12/2014) 
 
OBS: Pela teoria da asserção é possível sim que o processo se desenvolva contra alguém que 
não fez nada, pois as condições da ação dependem só das alegações do autor. Se o réu 
praticou ou não tais atos, isso é uma questão de mérito, que irá depender normalmente do 
exame das provas. 
 
 
1.2 – Legitimidade das Partes: 
 
No direito processual civil, há uma aptidão genérica para ser demandante. É a capacidade 
genérica de ser parte no processo. No entanto, não é qualquer um que pode ser autor de uma 
ADIN, de uma Ação Civil Pública, etc. Em certas ações, é preciso ter legitimidade, ou seja, é 
preciso ter a aptidão específica para ser autor dessas ações. 
 
No direito processual civil, é preciso que o demandante e o demandado tenham aptidões 
específicas para ocupar aquelas posições que estão ocupando. 
 
Legitimidade das partes é, portanto, a aptidão para ocupar a posição de demandante ou 
demandado em um certo caso concreto. É uma aptidão específica, verificada em cada 
processo. O importante, no caso concreto, não é saber quem É o autor ou o réu, mas sim 
quem DEVERIA ser. Se É, mas não DEVERIA ser, não tem legitimidade. A parte ilegítima é parte, 
mas não deveria ser (Barbosa Moreira: "passageiro clandestino é passageiro, mas não deveria 
ser"). 
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A legitimidade das partes se divide em 2 grandes espécies: 
 
a) Legitimidade ordinária: é a regra geral. São legitimados ordinários os sujeitos da relação 
jurídica deduzida no processo. Quando o autor faz uma inicial, ele narra os contornos de uma 
relação jurídica, e precisará dizer quem são os sujeitos participantes dessa relação deduzida no 
processo. Esses sujeitos serão os legitimados para a causa, com base nas alegações feitas pelo 
autor (Ex: quando se cobra uma dívida, o legitimado ordinário ativo é aquele que afirma ser 
credor da dívida, e o legitimado ordinário passivo é aquele que o autor afirma ser o devedor; 
se é mesmo, ou se existe essa dívida ou não, é exame de mérito; a legitimidade ordinária é 
aferida pelas meras alegações do autor , de acordo com a já estudada “teoria da asseção”). 
 
b) Legitimidade extraordinária: é uma legitimidade que foge à regra geral. Nos termos do 
artigo 6º do CPC ficou estabelecido que ninguém pode pleitear direito alheio em nome 
próprio, salvo quando expressamente autorizado por lei. O legitimado extraordinário não é 
apresentado como um sujeito da relação jurídica discutida e nem alega ser, mas a lei o 
autoriza a figurar naquela posição. A legitimidade, portanto, vem diretamente da lei, e só ela 
pode atribuir legitimidade extraordinária a alguém. 
Ex: Legitimidade do MP para ajuizar uma ação civil pública, na defesa dos interesses 
transindividuais, difusos ou coletivos. 
Ex2: Legitimidadede uma entidade de classe (como a OAB ou um sindicato), na defesa dos 
interesses coletivos dos integrantes daquela categoria. 
 
A legitimidade extraordinária pode ser de 3 tipos: 
- Concorrente: quando tanto o legitimado extraordinário quanto ordinário estão autorizados a 
ir a juízo. O polo ativo pode ser qualquer um dos dois (Ex: ação de investigação de paternidade 
-> pode ser proposta tanto pelo MP quanto por aquele que afirma ser o filho não reconhecido 
do réu; o MP nesse caso é o legitimado extraordinário, ele não participa daquela relação 
jurídica.). Nesses casos é possível até mesmo a formação de um litisconsórcio entre o 
legitimado ordinário e o legitimado extraordinário (Ex: Estatuto do idoso -> a lei autoriza o MP, 
além do próprio idoso, a ir a juízo na defesa do interesse do idoso em situação de penúria). 
- Subsidiária: o legitimado extraordinário só pode ir a juízo se o legitimado ordinário não foi 
(Ex: a lei das SA diz que a sociedade tem legitimidade ordinária para ir a juízo pleitear a 
reparação do dano causado por um administrador, mas se, passados 3 meses da assembleia 
geral a sociedade não ajuizar a ação, qualquer acionista pode ir a juízo pedindo a reparação do 
dano). 
- Exclusiva: quando só o legitimado extraordinário pode ir a juízo. 
Hoje, ela só é possível no ordenamento constitucional brasileiro quando se está no campo dos 
direitos transindividuais. No campo dos direitos individuais, a legitimidade extraordinária só 
pode existir se for concorrente ou subsidiária (quando ela amplia o acesso à justiça), em 
virtude do princípio da inafastabilidade da jurisdição. 
Ex: Mandado de segurança coletivo -> o advogado não pode propor, mas a OAB sim. 
 
Legitimidade extraordinária X Substituição processual: 
Para parte da doutrina, seriam sinônimos. 
Mas certos autores, como Alexandre Câmara, fazem uma distinção: 
A legitimidade extraordinária é um requisito da substituição processual. 
A legitimidade extraordinária a pessoa pode ter e nunca exercer (Ex: habeas corpus -> pode ser 
impetrado por qualquer pessoa em favor de qualquer pessoa). 
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Já a substituição processual é um fato concreto. Ela ocorre quando, em um caso concreto, o 
legitimado extraordinário está em juízo, ocupando o lugar do legitimado ordinário. 
Ex: no caso dos acionistas, todos são legitimados extraordinários, mas substituto processual 
será aquele que for a juízo. 
 
OBS: Se o legitimado ordinário for a juízo sozinho ou em litisconsórcio com o extraordinário, 
não há substituição processual. 
Para haver substituição processual, portanto, é preciso que o legitimado extraordinário esteja 
em juízo substituindo o legitimado ordinário. 
 
 
Legitimidade extraordinária X Representação: 
A legitimidade extraordinária ocorre quando alguém é autorizado expressamente por lei para 
pleitear em nome próprio direito alheio. Não se confunde com a representação, que acontece 
quando o tutor ou curador representa os interesses do incapaz em juízo, pois neste caso ele 
está pleiteando direito alheio em nome alheio (Ex: mãe que pleiteia em nome do filho pensão 
alimentícia em face do pai); trata-se de defesa em nome alheio de direito alheio. 
 
 
1.3 – Legitimidade na Ação Civil Pública: 
 
O art. 5º da L7347 traz uma série de legitimados específicos (Ex: MP, defensoria etc). 
 
Essa legitimidade, de acordo com a doutrina majoritária, é extraordinária, pois o legitimado 
defende um direito que é da coletividade. 
 
Sobre o rol do art. 5º, podemos trazer algumas questões: 
 
Pode o MP propor uma ACP para defesa do erário? 
Candido Dinamarco entende que NÃO, em virtude do art. 129, IX da CRFB, que veda ao MP a 
representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. 
Mas o STJ tem entendido de forma pacífica que é possível ao MP propor ação para a defesa do 
erário, pois a L7347 traz uma série de bens jurídicos que podem ser defendidos através da 
ACP, dentre eles o patrimônio publico. Nesse sentido, há inclusive entendimento sumulado: 
 
Sumula 329 do STJ: “O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em 
defesa do patrimônio público.” 
 
No entanto, no Informativo 552 o STJ entendeu que o MP não poderia executar titulo 
extrajudicial formado em condenação de determinado agente público pelo Tribunal de Contas. 
Nesses casos, somente o ente publico beneficiário da condenação poderia executar o titulo, 
pois ele é o próprio credor. 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE PARA A EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL 
PROVENIENTE DE DECISÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS. 
A execução de título executivo extrajudicial decorrente de condenação patrimonial proferida por tribunal de 
contas somente pode ser proposta pelo ente público beneficiário da condenação, não possuindo o Ministério 
Público legitimidade ativa para tanto. De fato, a Primeira Seção do STJ pacificou o entendimento no sentido 
de que o Ministério Público teria legitimidade, ainda que em caráter excepcional, para promover execução de 
título executivo extrajudicial decorrente de decisão de tribunal de contas, nas hipóteses de falha do sistema 
de legitimação ordinária de defesa do erário (REsp 1.119.377-SP, DJe 4/9/2009). Entretanto, o Pleno do STF, 
em julgamento de recurso submetido ao rito de repercussão geral, estabeleceu que a execução de título 
executivo extrajudicial decorrente de decisão de condenação patrimonial proferida por tribunal de contas 
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pode ser proposta apenas pelo ente público beneficiário da condenação, bem como expressamente afastou a 
legitimidade ativa do Ministério Público para a referida execução (ARE 823.347-MA, DJe 28/10/2014). Além 
disso, a Primeira Turma do STJ também já se manifestou neste último sentido (REsp 1.194.670-MA, DJe 
2/8/2013). Precedentes citados do STF: RE 791.575-MA AgR, Primeira Turma, DJe 27/6/2014; e ARE 791.577-
MA AgR, Segunda Turma, DJe 21/8/2014. REsp 1.464.226-MA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado 
em 20/11/2014. (Informativo nº 552). 
 
 
 
E quanto à Defensoria? Sua legitimidade será plena? 
Não, em virtude da LC132, a Defensoria deverá mostrar que há interesse de hipossuficiente. 
Há uma exigência de pertinência temática na propositura das ações coletivas pela DP. 
 
 
E intervenção de terceiros? 
É possível a intervenção de legitimados ativos como assistentes litisconsorciais (art. 5º, §2º). 
Ex: pessoa jurídica de direito público intervir como legitimado ativo em uma ACP ajuizada pelo 
MP. 
É uma exceção à vedação ao litisconsórcio superveniente. Não é uma fraude ao juiz natural, 
pois se trata de uma legitimidade disjuntiva entre esses legitimados. Ou seja, qualquer dos 
legitimados poderá propor a ação coletiva independentemente do outro (legitimidade 
extraordinária disjuntiva). 
 
 
Seria possível a intervenção de autor individual na ação coletiva em curso, como assistente? 
Em principio não, pois o individuo não é legitimado para a propositura da ação coletiva. 
Assim, seria uma fraude às regras de legitimidade das ações coletivas. 
Só que algumas ações coletivas podem veicular direitos individuais homogêneos. Nesses casos, 
como ele seria legitimado para a ação individual, seria até recomendável a sua intervenção, 
como forma de garantir a economia processual. 
Ademais, quando ACP é proposta com finalidade típica de ação popular (que também pode ser 
proposta por qualquer cidadão) , o individuo também poderia intervir, já que ele também é 
legitimado. Nesse sentido é o entendimento de Fredie Didier. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 2 – TEMAS SOBRE INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 
 
 
2.1 – Intervenção Anódina: 
 
A intervenção anódina, também conhecida como “intervenção anômala”, consiste em umamodalidade atípica de intervenção de terceiros, criada pelo Art. 5º da Lei nº 9.469/97. 
 
De acordo com o caput de tal dispositivo, à União é conferida a faculdade de intervir nas 
causas em que figurem como parte as autarquias, fundações públicas, sociedades de economia 
mista e empresas públicas federais: 
 
L9469, Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, 
autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais. 
 
O parágrafo único do mesmo dispositivo traz uma faculdade ainda mais abrangente, conferida 
não apenas à União, mas também a outras pessoas jurídicas de direito público em geral, de 
intervir em qualquer causa que possa lhe trazer reflexos, ainda que indiretos ou de natureza 
econômica. 
 
Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa 
ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da 
demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar 
documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, 
hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes 
 
Assim, tal modalidade atípica de intervenção independe da presença de interesse jurídico da 
pessoa jurídica de direito público (tal como ocorre na assistência, disciplinada pelo CPC), 
podendo ocorrer ainda que haja mero interesse econômico. 
 
 
ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
AJUIZADA PELO MPF PARA APURAR A PRÁTICA DE ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. A 
LEI 9.469/97 AUTORIZA A INTERVENÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO NAS 
CAUSAS CUJAS DECISÕES POSSAM TER REFLEXOS, AINDA QUE INDIRETOS, DE NATUREZA 
ECONÔMICA. TAL CIRCUNSTÂNCIA NÃO TEM O CONDÃO DE DESLOCAR A COMPETÊNCIA PARA A 
JUSTIÇA FEDERAL. PRECEDENTES DESTA CORTE. AGRAVOS REGIMENTAIS DO MINISTÉRIO 
PÚBLICO FEDERAL E DAS CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S/A DESPROVIDOS. 
1. A assistência é modalidade de intervenção voluntária que ocorre quando terceiro demonstra 
vínculo jurídico com uma das partes (art. 50 do CPC), não sendo admissível a assistência fundada 
apenas em interesse simplesmente econômico. Precedentes desta Corte. 
2. O art. 5o., parágrafo único da Lei 9.469/97 excepcionou a regra geral da assistência ao 
autorizar a intervenção das Pessoas Jurídicas de Direito Público nas causas cujas decisões 
possam ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica. 
3. In casu, as instâncias de origem concluíram que ofende diretamente interesse da União a 
validade do contrato firmado para suprir a deficiência na produção de energia elétrica no País. 
(...) 5. Agravos Regimentais do Ministério Público Federal e das Centrais Elétricas Brasileiras S/A 
desprovidos. 
(STJ, AgRg no REsp 1118367/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA 
TURMA, julgado em 14/05/2013, DJe 22/05/2013). 
 
 
 
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Ao intervir no processo, a pessoa jurídica de direito público adquire a qualidade de parte? 
Em princípio, NÃO. A pessoa jurídica de direito público será apenas um interveniente no 
processo, não sendo considerada parte. Sua atuação no processo é bastante limitada, se 
resumindo a esclarecer questões e a juntar documentos ou memoriais reputados úteis à 
controvérsia. 
 
No entanto, a parte final do art. 5º, PU possibilita a interposição de recurso pela fazenda 
pública, caso em que, aí sim, será considerada como parte. 
 
Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa 
ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da 
demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo 
juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, 
hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes. 
 
 
A intervenção anômala da União no processo desloca a competência para a justiça federal? 
NÃO. Tendo em vista que se trata de uma intervenção limitada e calcada em mero interesse 
econômico, e que não traz a qualidade de parte para a pessoa jurídica de direito público 
interveniente, NÃO haverá o deslocamento da competência para a justiça federal. 
 
Não obstante, caso a União passe a ter interesse jurídico no feito e intervenha na qualidade de 
assistente ou interponha recurso (caso em que passa a ostentar a condição de parte, como 
visto), deve sim haver o deslocamento de competência para a Justiça Federal, à luz do art. 109, 
I da Constituição e da jurisprudência do STJ: 
 
 
“ Esta Corte Superior já pacificou o entendimento de que conquanto seja tolerável a intervenção 
anódina da União plasmada no art. 5o. da Lei 9.469/97, tal circunstância não tem o condão de 
deslocar a competência para a Justiça Federal, o que só ocorre no caso de demonstração de 
legítimo interesse jurídico na causa, nos termos do art. 50 e 54 do CPC/73 (REsp. 1.097.759/BA, 
Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, DJe 1.6.2009).” 
 
 
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO SOBRE O 
CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA. AÇÃO PROPOSTA APENAS CONTRA A ELETROBRÁS. 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. INTERVENÇÃO NO FEITO FORMULADO PELA UNIÃO ART. 
5º, DA LEI 9.469/97. DESLOCAMENTO DA COMPETÊNCIA PARA A JUSTIÇA FEDERAL QUE JULGOU 
IMPROCEDENTE O PEDIDO DE INTERVENÇÃO. 1. Se a demanda envolvendo questões referentes 
ao empréstimo compulsório sobre energia elétrica foi proposta unicamente contra a Eletrobrás, 
a competência é da Justiça Estadual. 2. No entanto, se houve pedido da União de ingresso no 
feito, o processo há que ser deslocado para a Justiça Federal a fim de que esta examine o 
pedido. 3. Acaso ingresse a União na lide, a competência passa a ser da Justiça Federal, por 
força do que determina o artigo 109, inciso I, da Constituição Federal, conforme julgado em 
sede de recurso representativo da controvérsia: REsp. n. 1.111.159 - RJ, Primeira Seção, Rel. 
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 11.11.2009. 4. Em todo caso, deve ser prestigiado o 
entendimento de que o interesse meramente econômico da União no feito na forma de 
intervenção anômala (art. 5º, da Lei n. 9.469/97) não é suficiente, por si só, para deslocar a 
competência para a Justiça Federal. O deslocamento somente ocorrerá quando da interposição 
de recurso pela União, ocasião em que passará a ostentar a qualidade de parte. Precedente: 
EDcl no AgRg no CC nº 89.783 - RS, Primeira Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado 
em 9.6.2010. 5. Recursos especiais da Fazenda Nacional e da Eletrobrás não providos. 
(STJ - REsp: 1224871 RS 2010/0223140-2, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data 
de Julgamento: 22/02/2011, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 04/03/2011) 
 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA. JUÍZO FEDERAL. DECLINAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
PARA A JUSTIÇA ESTADUAL. INTERESSE DA UNIÃO NÃO CARACTERIZADO. ACÓRDÃO QUE, EM 
AGRAVO DE INSTRUMENTO, RECONHECE O INTERESSE REFLEXO DA UNIÃO NA AÇÃO AJUIZADA 
EM FACE DE CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO DE TELEFONIA, DADA A COMPETÊNCIA 
FISCALIZADORA DA ANATEL. AGÊNCIA QUE NÃO MANIFESTA INTERESSE E NÃO INTEGRA O 
FEITO. 
 I - Não justificado o interesse jurídico da União no feito, é de se reconhecer a incompetência 
da Justiça Federal para seu processamento e julgamento. A Lei nº 9.469/97, que alberga 
hipóteses de intervenção da União independentemente de interesse jurídico, impõe o 
deslocamento da competência apenas no caso de interposição de recurso, fato não ocorrente 
no caso, no qual sequer houve manifestação do ente público nem de suas autarquias. 
Precedentes: REsp nº 633.028/PR, Rel. Min. José Delgado,DJ de 29/11/2004, p. 251; CC nº 
1.755/BA, Rel. Min. Eduardo Ribeiro, DJ de 17/6/1991, p. 8.183. 
II - Recurso especial provido.” (Acórdão unânime da 1ª Turma do STJ, REsp 574.697/RS, rel. Min. 
Francisco Falcão, j. 13/12/2005, DJ de 6/3/2006, p. 167) 
 
Resumindo, temos que: 
 
 
Intervenção anômala fundada em 
interesse econômico (L9.469/97) 
Não desloca a competência para a JF, tendo em vista 
que o ente público federal não adquire a qualidade de 
parte e nem de assistente. 
Intervenção do ente público 
federal como assistente, fundado 
em interesse jurídico (a clássica 
“assistência”, prevista no CPC). 
Há o deslocamento de competência para a Justiça 
Federal, à luz do art. 109, I da CRFB. 
OBS: Lembre-se de que a competência para decidir 
sobre a existência ou não de interesse jurídico é da 
própria JF, à luz da Súmula 50 do STJ. 
Interposição de recurso pelo ente 
público federal, após intervir de 
forma anômala, sem interesse 
jurídico. 
Há o deslocamento de competência para a Justiça 
Federal (art. 109, I da CRFB) tendo em vista que passa a 
ostentar a condição de parte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 3 – TEMAS SOBRE PROVAS 
 
 
 3.1 – Ônus da Prova e Teoria Dinâmica: 
 
Classicamente o ônus da prova pode ser conceituado como um encargo atribuído às partes 
para demonstrar determinadas alegações que vierem a fazer no processo. 
 
Entretanto, a doutrina mais moderna costuma estudar o “ônus da prova” a partir de uma 
dupla perspectiva: “o ônus da prova SUBJETIVO” e o “ônus da prova OBJETIVO”. 
 
Nesse primeiro sentido, ônus da prova busca identificar o SUJEITO parcial do processo a quem 
deve ser atribuído o encargo de provar determinada alegação. Assim, sob um aspecto 
“subjetivo”, busca-se responder à pergunta: “quem deve provar o quê?”. 
Já sob o segundo prisma, o ônus da prova seria não um encargo, mas sim uma REGRA DE 
JULGAMENTO, da qual o juiz deve se utilizar na sentença, especialmente para decidir casos em 
que as provas do processo se mostrarem inexistentes ou insuficientes. 
 
Sobre o tema, confira as lições de Daniel Assumpção Neves: 
 
“A doutrina comumente divide o estudo do instituto do ônus da prova em duas partes; 
a primeira chamada de ônus subjetivo da prova e a segunda chamada de ônus 
objetivo. No tocante ao ônus subjetivo da prova, analisa-se o instituto sob a 
perspectiva de quem é o responsável pela produção de determinada prova (“quem 
deve provar o que”), enquanto no ônus objetivo da prova, o instituto é visto como uma 
regra de julgamento a ser aplicada pelo juiz no momento de proferir a sentença no 
caso de a prova se mostrar inexistente ou insuficiente.” 
 
 
Tendo em vista o aspecto subjetivo, nos termos do art. 333 do CPC, cabe ao autor o ônus de 
provar o fato constitutivo de seu direito, e ao réu, o de provar os fatos extintivo, impeditivo e 
modificativo do direito do autor. Como visto, trata-se de uma distribuição do ônus da prova 
levando-se em conta os sujeitos que devem produzir a prova, naquilo que a doutrina 
convencionou chamar de “TEORIA ESTÁTICA DO ÔNUS DA PROVA”. 
 
Art. 333. O ônus da prova incumbe: 
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; 
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. 
 
 
Modernamente, porém, não se tem mais na doutrina, como regra, examinado as regras de 
distribuição do ônus da prova sob esse aspecto subjetivo. Isso porque tais regras não devem 
ser vistas como uma pré-distribuição estática destinada a regular a atividade processual, mas 
sim como parâmetros de julgamento da causa, especialmente quando o material probatório 
for inexistente ou insuficiente. 
 
Assim, tem se falado mais em um ônus objetivo da prova, segundo o qual, como visto, se 
estabelece regras de julgamento a serem utilizadas pelo órgão jurisdicional no momento da 
prolação da sentença. 
 
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A doutrina mais moderna também tem usado, como reforço à ideia de ônus objetivo, o 
próprio princípio da comunhão das provas, que traz a ideia de que as provas produzidas 
pertencem ao processo, pouco importando quem as trouxe aos autos. 
 
Outro importante argumento é a expressa vedação do non liquet, que consiste na 
impossibilidade de o juiz se eximir de julgar a lide ante a inexistência ou incoerência das 
provas. Assim, ainda que haja dúvida sobre os fatos narrados nos autos e que as provas sejam 
inconclusas, deve o juiz proferir uma decisão, que poderá se basear nas regras de distribuição 
do onus probandi. 
 
Desse modo, segundo a mais abalizada doutrina, o juiz só deveria se utilizar das regras de 
distribuição do ônus da prova quando a investigação probatória for negativa, ou seja, quando 
os fatos não estiverem integralmente provados. 
 
Ademais, em uma perspectiva ainda mais contemporânea, que tem sido muito debatida em 
virtude de seu progressivo tratamento na jurisprudência e de sua previsão no anteprojeto do 
Novo CPC, não se deve mais falar em distribuição estática do ônus probandi, mas sim em uma 
denominada TEORIA DINÂMICA OU FLUTUANTE DO ÔNUS DA PROVA. 
Inicialmente desenvolvida pelo jurista argentino Jorge W. Peyrano, tal teoria traz o seguinte 
raciocínio: prova quem tem melhores condições de provar o fato. Em outras palavras, prova 
quem melhor pode produzir a prova. 
 
Assim, de acordo com esta teoria, o magistrado teria liberalidade para “flutuar” com a 
distribuição do ônus da prova, a depender da verificação de que esta ou aquela parte possuiria 
melhores condições de arcar com esse encargo. 
 
A teoria dinâmica NÃO se confunde com a inversão do ônus da prova: na teoria dinâmica, de 
acordo com as peculiaridades do caso concreto, o juiz aponta o ônus para uma parte ou para 
outra (Ex: esse fato você prova, aquele fato você deve provar etc). Não há uma inversão ope 
judicis do ônus da prova, mas sim uma “flutuação” do ônus da prova, a depender do fato a ser 
provado e da condição de cada parte de produzir aquela prova. 
 
Se estivermos diante da chamada PROVA DIABÓLICA – aquela que é impossível de ser 
produzida por uma das partes -, o juiz poderia se utilizar da teoria dinâmica para atribuir o 
encargo da prova daquele fato a outra parte, que possui melhor condições de fazê-lo. 
Como exemplo, pense no caso de um paciente que foi vítima de um erro médico em um 
hospital: 
 
 
A teoria dinâmica pode ser considerada uma regra de procedimento ou uma regra de 
julgamento? 
A teoria dinâmica deve ser trabalhada como uma regra de procedimento, e não de 
julgamento. As partes precisam ser avisadas de que o juiz a está adotando, sob pena de 
violação aos princípios da ampla defesa e do contraditório. 
 
 
Qual o fundamento da teoria dinâmica do ônus da prova? 
Dois são os princípios que fundamentam a teoria da distribuição da carga dinâmica das provas: 
o princípio da cooperação (segundo o qual as partes têm o dever de cooperar com o órgão 
jurisdicional, não se restringindo a seu mero interesse particular no processo) e o princípio da 
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igualdade, (o qual prevê que o acesso efetivo à jurisdição pode ficar comprometido caso as 
partes não recebam um tratamento diferenciado para neutralizar as desigualdades existentes 
entre elas). 
 
Há precedentes de aplicação dessa teoria na jurisprudência? 
SIM. No STJ há alguns precedentes mencionando tal teoria, como o REsp 619148: 
 
PROCESSUAL CIVIL. PENHORA. DEPÓSITOS EM CONTAS CORRENTES. NATUREZA SALARIAL. 
IMPENHORABILIDADE. ÔNUS DA PROVA QUE CABE AO TITULAR. (..) 2. Ademais, à luz da teoria da 
carga dinâmica da prova, não se concebe distribuir o ônus probatório de modo a retirar tal 
incumbência de quem poderia fazê-lo mais facilmentee atribuí-la a quem, por impossibilidade 
lógica e natural, não o conseguiria. 3. Recurso especial conhecido e parcialmente provido 
 
No TJ-RJ, TJ-SP e TJ-RS também temos alguns precedentes aplicando a distribuição dinâmica da 
carga probatória, especialmente em casos de ações ambientais e erros médicos. Como 
exemplo, cita-se: 
 
PRESCRIÇÃO. Indenização. Fazenda Pública. Prazo de cinco (05) anos previsto no Dec.-lei nº 
20.910/1932. Erro medico. Lesão irreversível. Termo inicial que corresponde à data da 
constatação da lesão. Prescrição não ocorrida. RESPONSABILIDADE CIVIL. Fazenda do Estado. 
Indenização por danos morais e materiais. Alegação de que a recém nascida filha da autora sofreu 
seqüelas neurológicas em decorrência da demora na realização do parto, cm hospital estadual. 
Laudo pericial que não foi conclusivo em razão da falta de registro documental da monitorizaçâo 
fetal. Ônus da prova que incumbia à ré. Teoria da carga dinâmica das provas. Dever do hospital 
de manter os registros para comprovar a alegada inexistência de culpa de seus agentes. Ré que 
não pode ser beneficiada pela ausência de tais elementos. Laudos periciais que indicam demora 
na realização do parto. Indenização por danos morais devida. Sentença de improcedência. Agravo 
retido não provido. Recurso de apelação provido para julgar parcialmente procedente o pedido. 
 
(TJ-SP - APL: 29970619988260590 SP 0002997-06.1998.8.26.0590, Relator: Antonio Carlos Villen, 
Data de Julgamento: 15/10/2012, 10ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 
01/11/2012) 
 
 
Importante consignar que o novo CPC expressamente adota a teoria dinâmica do ônus da 
prova em seu art. 373, §1º: 
 
Art. 373, § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa 
relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos 
termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá 
o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão 
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do 
ônus que lhe foi atribuído. 
 
 
Como é feito o ônus da prova nos processos de jurisdição voluntária? 
 
Uma das peculiaridades dos processos de jurisdição voluntária é a possibilidade de uma ampla 
atuação de ofício pelo juiz, ao contrário do que ocorre na jurisdição contenciosa. 
 
Art. 1.107. Os interessados podem produzir as provas destinadas a demonstrar as suas alegações; 
mas ao juiz é licito investigar livremente os fatos e ordenar de ofício a realização de quaisquer 
provas. 
 
É o que parte da doutrina chama de “PRINCÍPIO DO INQUISITIVO”, que se contrapõe ao 
princípio do dispositivo (que para muitos, é sinônimo de princípio da inércia). Nas palavras de 
Daniel Assumpção Neves: 
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“O sistema processual na jurisdição contenciosa é um misto de sistema dispositivo e de sistema 
inquisitivo, com preponderância do primeiro. É um sistema dispositivo “temperado” com certas 
regras que lembram o sistema inquisitivo, ao menos no tocante à maior liberdade do juiz em 
tomar providências não requeridas pelas partes. Na jurisdição voluntária parece que o mesmo 
fenômeno se repete, não sendo correto imaginar um sistema puramente dispositivo ou inquisitivo. 
A grande diferença encontra-se na maior carga de inquisitoriedade atribuída ao juiz na formação, 
condução e decisão da demanda” 
 
Percebe-se, então, que na jurisdição voluntária é possível tanto o requerimento de produção 
de provas pela parte, quanto a ampla atuação de ofício pelo juiz. Assim, nos procedimentos de 
jurisdição voluntária não há ônus da prova imposto ao requerente, mas faculdade de provar o 
alegado. 
 
 
 
CAPÍTULO 4 – TEMAS SOBRE SENTENÇA: 
 
 
4.1 - Natureza jurídica do pronunciamento judicial que julga antecipadamente o mérito de 
apenas um dos pedidos constantes da inicial. 
 
Os pronunciamentos do juiz no processo podem ser divididos em 3 espécies: 
- Despachos: atos sem conteúdo decisório, que têm por objetivo dar andamento ao processo. 
Por não ter conteúdo decisório, são irrecorríveis. 
- Decisões interlocutórias: pronunciamentos que resolvem uma questão incidente no curso do 
processo. 
- Sentença: de acordo com o art. 162 do CPC, é o pronunciamento do juiz que tem por 
conteúdo uma das hipóteses previstas nos arts. 267 ou 269 do CPC. 
 
Tais conceitos estão explicitados no art. 162 do CPC: 
 
Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. 
 
§ 1º Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 
desta Lei. (Redação dada pelo Lei nº 11.232, de 2005) 
§ 2o Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão 
incidente. 
§ 3o São despachos todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a 
requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma. 
 
Desta análise, percebe-se que não há um conceito de sentença firme no direito processual civil 
brasileiro. Antes de 2005, a sentença era definida como o ato do juiz que colocava termo ao 
processo. Após 2005, o legislador passou a definir sentença pelo seu conteúdo, sendo 
conceituada como o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 ou 
269. Todavia, essa definição de sentença pelo seu conteúdo é insuficiente, já que existem 
outros atos do juiz com base nos artigos 267 e 269 que não são sentenças, como ocorre no 
caso deferimento da antecipação de tutela quanto à parte incontroversa do pedido. 
 
A questão se torna ainda mais complicada a partir da análise do recurso cabível em face de 
cada um desses pronunciamentos judiciais. Apesar do Código tentar simplificar o tema nos 
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arts. 513 e 522, a prática processual acaba revelando uma série de situações que não se 
encaixam propriamente nessa sistemática recursal. 
 
Art. 513. Da sentença caberá apelação (arts. 267 e 269). 
Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, (...) 
 
Como exemplo, cita-se o ato judicial que julga antecipadamente o mérito de apenas um dos 
pedidos constantes na inicial. 
 
Aplicando o conceito do art. 162, §1º, tal pronunciamento teria nítida natureza jurídica de 
sentença, uma vez que prescrição é matéria de mérito prevista no art. 269. 
 
Art. 269. Haverá resolução de mérito: 
IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; 
 
Assim, tal ato poderia ser desafiado pelo recurso de Apelação. Com o eventual recurso, todo o 
processo subiria à segunda instância para o julgamento do recurso em face de apenas um dos 
pedidos julgados. 
 
Não é esse o entendimento que prevalece na doutrina majoritária e na jurisprudência do STJ. 
De acordo com a visão majoritária, apesar da prescrição ser matéria de mérito, o julgamento 
de apenas um pedido no curso do processo deve ser entendido como decisão interlocutória, 
uma vez que não põe fim ao processo. Sobre o tema, assim explica Humberto Theodoro Jr. 
 
(...) A dificuldade localiza-se no ato judicial que resolve alguma questão de mérito (e não todas 
as questões que o integram), como a exclusão de um litisconsorte na fase de saneamento, ou 
que acolhe a decadência e a prescrição de parte dos direitos disputados, sem solucionar o 
restante do litígio, ou ainda, em situações como a rejeição da ação declaratória incidental, da 
reconvenção e da denunciação da lide, antes de dar curso à demanda principal. 
 
Se resolve qualquer dessas matérias, o ato judicial, sem dúvida, terá enfrentado situação 
prevista ou no art. 267 ou no 269 do CPC. Mas seria compatível com o sistema de efetividade e 
celeridade do processo qualificar como sentença, e permitir a interposição de apelação, antes 
que o méritoda causa tenha sido completamente resolvido? As regras legais não podem ser lidas 
e interpretadas isoladamente, fora do sistema a que se integram e em atrito com a sua 
teleologia. (...) 
 
Segundo penso, as "situações previstas no art. 267 e 269" somente se prestam a configurar 
sentença (e a desafiar apelação) quando põem fim ao processo ou quando resolvem por inteiro o 
objeto principal do processo pendente de acertamento em juízo. Para o ato judicial cognitivo ser 
tratado como sentença é preciso que todo o pedido ou todos os pedidos da inicial tenham sido 
resolvidos, positiva ou negativamente. Se o pronunciamento não os abrange em toda a extensão, 
deixando questões para a solução no decisório final do processo, não pode ser havido como 
sentença. Sua natureza, dentro da lógica do sistema, é a de decisão interlocutória, ou seja, de 
ato que, no curso do processo, "resolve questão incidente" (art. 162, § 2º). (THEODORO JÚNIOR, 
Humberto. As novas reformas do Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2006). 
 
Na mesma linha, é possível citar alguns precedentes que mostram a tendência da 
jurisprudência do STJ: 
 
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE 
REPARAÇÃO DE DANOS. ACIDENTE DE TRABALHO. DECISÃO DO JUÍZO SINGULAR QUE DECLARA A 
PRESCRIÇÃO PARCIAL DA PRETENSÃO DO AUTOR. PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO. NATUREZA 
JURÍDICA DE DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. RECURSO CABÍVEL: AGRAVO DE INSTRUMENTO. 
INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. PRECEDENTES DO STJ. SÚMULA 
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83/STJ. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. A decisão que reconhece a prescrição de parte da 
pretensão do autor, sem por fim ao processo, é interlocutória. Assim, o recurso que a desafia não 
é o de Apelação, mas sim de Agravo de Instrumento. Não se aplica no caso o princípio da 
fungibilidade recursal. Precedentes desta Corte. Aplicação da Súmula 83/STJ. 2. Agravo 
regimental desprovido. 
(STJ - AgRg no REsp: 1318312 PR 2012/0071575-0, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA 
FILHO, Data de Julgamento: 27/03/2014, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 
08/04/2014) 
 
 
 
“(...) 2 . É pacífico o entendimento nesta Corte de que a decisão que declara a prescrição parcial 
do crédito exequendo tem anatureza de decisão interlocutória, porque não põe fim à execução 
fiscal, e, por isso o recurso adequado para impugnação é o agravo de instrumento. 
3. A interposição do recurso de apelação, quando cabível agravo de instrumento, é considerado 
erro grosseiro, não se lhe aplicando, por isso, o princípio da fungibilidade recursal. 
4. Deve ser afastada a multa cominada, nos termos do artigo 538 do Código de Processo Civil, 
ante o caráter de prequestionamento emprestado aos embargos de declaração. Aplicação da 
Súmula 98/STJ. 
5. Recurso especial provido em parte (REsp. 1.138.871/RO,Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJe 
02.06.2010). 
 
 
Perceba que o STJ inclusive tem considerado interposição do recurso de Apelação contra este 
tipo de pronunciamento como ERRO GROSSEIRO, não justificando a aplicação do princípio da 
fungibilidade recursal. Ao nosso ver, no entanto, a aplicação de tal princípio não deveria ser 
desconsiderada, considerando a enorme controvérsia na doutrina acerca da interpretação do 
art. 162 do CPC, alterado pela reforma processual de 2005. 
 
Sobre o tema, o novo CPC, em seu artigo 203, modifica tanto o conceito de sentença quanto o 
de decisão interlocutória. No § 1.º a sentença é conceituada, salvo as previsões expressas nos 
procedimentos especiais, como o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento 
nos arts. 495 e 497, põe fim ao processo ou a alguma de suas fases procedimentais, bem como 
o que extingue a execução. No § 2.º opta-se por um conceito residual da decisão 
interlocutória, como qualquer pronunciamento decisório que não seja sentença. 
 
Assim, a sentença passará a ser definida não apenas pelo seu conteúdo, mas também pela sua 
finalidade, que é a de por fim ao processo ou a alguma de suas fases procedimentais. 
Certamente as controvérsias não cessarão com este novo dispositivo, sendo necessário 
aguardar futuros artigos e entendimentos doutrinários sobre o tema. 
 
 
CAPÍTULO 5 – TEMAS SOBRE A FAZENDA PÚBLICA NO PROCESSO DE 
CONHECIMENTO: 
 
 
5.1 – Intimação pessoal dos procuradores do Estado: 
 
O tema é bastante importante para concursos de PGE, e exige do candidato uma análise 
comparativa das prerrogativas conferidas aos membros do MP, Defensoria e Advogados 
Públicos. 
 
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Os membros da Defensoria Pública possuem a prerrogativa de serem intimados pessoalmente 
de todos os atos do processo, conforme previsão da Lei no 1.060/1950, art. 5o, §5o e da LC nº 
80/1994, arts. 44, I, 89, I e 128, I. 
 
O mesmo vale para os membros do Ministério Público, tendo a Lei no 8.625/1993, art. 41, IV 
previsto expressamente a prerrogativa de entrega dos autos com vista aos membros do 
parquet. 
 
Mas e quanto aos advogados públicos? 
Nas execuções fiscais, TODOS os representantes da FAZENDA PÚBLICA possuem prerrogativa 
de intimação pessoal, conforme previsão do art. 25 da Lei no 6.830/1980. 
 
Afora a hipótese de execução fiscal, a intimação pessoal constitui prerrogativa dos Advogados 
da União, dos Procuradores da Fazenda Nacional, dos Procuradores Federais e do Banco 
Central, não se estendendo aos Procuradores Estaduais, nem Municipais, como regra. 
 
Essa é a jurisprudência pacífica do STJ: 
 
“Conforme a jurisprudência desta Corte, os Procuradores de Estado não possuem a prerrogativa 
da intimação pessoal, que é deferida aos Procuradores Federais, Advogados da União, 
Procuradores da Fazenda Nacional, Defensores Públicos e membros do Ministério Público. Nesse 
sentido: AgRg no REsp 1.327.094/AL, 2a Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 
14/8/2012; AgRg no REsp 1.167.300/AM, 5a Turma, Rel. Min. Gilson Dipp, DJe de 6/12/2010; 
AgRg no Ag 1.165.090/GO, 5a Turma, Rel. Min. Felix Fischer, DJe de 4/10/2010; e REsp 
1.148.482/GO, 2a Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 21/5/2010.” (Acórdão da 5a Turma 
doSTJ, AgRg no REsp 1.167.421/AM) 
 
“Nos termos da jurisprudência do STJ, a intimação dos procuradores dos Estados e dos 
Municípios, nos processos em que funcionarem, deve observar a regra geral do art. 236 do CPC, 
consubstanciada na intimação via publicação no órgão oficial da imprensa, salvo as exceções de 
que tratam os arts. 25 da Lei de Execuções Fiscais, 19 da Lei 10.910/2004, 9o e 13 da Lei 
12.016/2009. Precedentes: AgRg no REsp 1.257.527/PA, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, 
Primeira Turma, DJe 20/09/2012 e EDcl no REsp 984.880/TO, Rel. Ministro Herman Benjamin, rel. 
p/ acórdão Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 26/04/2011.” (Acórdão da 
1a Turma do STJ, AgRg no REsp 1.337.945/RS, rel. Min. Sérgio Kukina, j. 19/9/2013) 
 
É possível, entretanto, que a legislação estadual preveja a prerrogativa da intimação pessoal 
aos Procuradores do Estado. Isso porque, conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, 
 
“A Constituição Federal de 1988 concedeu competência concorrente aos Estados-membros para 
legislarem sobre normas de procedimento em matéria processual (art. 24, XI). Assim, na 
ausência de lei federal e existindo lei local dispondo sobre a prerrogativa de intimação pessoal 
aos procuradores estaduais, há que se observá-la.” (Acórdão da 2a Turma do STJ, EDcl no Ag 
710.585/BA, rel. Min. Francisco Peçanha Martins, j. 6/12/2005) 
 
No caso subjacente ao julgado acima citado, entendeu-se que os procuradores do Estado da 
Bahia possuíam a prerrogativa de intimação pessoal dos atos do processo, tendo em vista que 
esta era prevista nos arts. 58, III, da Lei Complementar Estadual no 8.207/2002 e 53 da Lei 
Complementar Estadual no 34/2009.Assim, conclui-se que, na ausência de norma expressa, os procuradores de estado e de 
município só possuem a prerrogativa de intimação pessoal dos atos do processo na Execução 
Fiscal. 
 
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5.2 – Prerrogativas de Prazo: 
 
Para a Fazenda Pública, estabelece o art. 188 do CPC que ela disporá de prazo em quádruplo 
para contestar e em dobro para recorrer. 
OBS: Não possuem esse benefício as empresas publicas e as sociedades de economia mista, 
por não se encaixarem no conceito de FAZENDA PÚBLICA. 
 
E os Correios (ECT)? 
A ECT é uma empresa pública que presta serviço público de serviço postal com exclusividade. 
Por conta deste serviço público prestado com exclusividade, a ECT recebe tratamento muito 
próximo ao das autarquias, ou seja, é tratada como se fosse “Fazenda Pública”. Logo, os 
Correios também gozam do benefício de prazo do art. 188 do CPC (STJ AgRg no Ag 
418.318/DF). 
 
 
A regra do art. 188 aplica-se a qualquer procedimento, seja ordinário, seja sumário, seja 
especial, aplicando-se igualmente ao processo cautelar e ao de execução (com a ressalva dos 
embargos do devedor, que constituem uma ação, e não um recurso nem uma contestação). 
Somente não se aplica o art. 188 quando há regra específica fixando prazo próprio, a exemplo 
do prazo de 20 (vinte) dias para contestar a ação popular. 
 
Também não se aplica o disposto no art. 188 do CPC no procedimento dos Juizados Especiais 
Cíveis Federais; ali os prazos para a Fazenda Pública são todos singelos, não havendo contagem 
em quádruplo, nem em dobro 
 
Registre-se que, encerrando o art. 188 do CPC uma norma de prerrogativa ou uma norma 
excepcional, a disposição ali contida deve ser interpretada de maneira literal ou restritiva. 
Desse modo, a Fazenda Pública somente goza dos prazos estendidos para contestar (leia-se 
responder) e recorrer, não alcançando os demais atos processuais. Ademais, esta regra se 
aplica tão somente aos prazos legais, mais especificamente aos destinados à resposta e ao 
recurso, não se aplicando aos prazos judiciais (fixados pelo juiz). 
 
 
Ação direta de inconstitucionalidade e na ação declaratória de constitucionalidade? 
 
Tais ações provocam o controle abstrato de constitucionalidade, por meio de um processo 
objetivo, instaurado por um dos legitimados constitucionalmente. Cabe agravo da decisão que 
indeferir a petição inicial (Lei nº 9.868/1999, art. 4º, parágrafo único; art. 15, parágrafo único), 
mas o julgamento final proferido no controle abstrato de constitucionalidade é irrecorrível, 
ressalvada a oposição de embargos de declaração, não podendo, igualmente, ser objeto de 
ação rescisória (Lei nº 9.868/1999, art. 26). 
 
Para Leonardo Carneiro, não se aplica ao processo objetivo de controle abstrato de 
constitucionalidade o art. 188 do CPC, contando-se os prazos de forma simples. Este também 
sempre foi o entendimento do STF, vide ADI 2130. 
 
Entretanto, cumpre salientar que, em recente precedente do ano de 2014 (Info 745), o STF 
aceitou como tempestivo um recurso extraordinário interposto de decisão em arguição de 
inconstitucionalidade além do prazo de 15 dias pelo Município de Guararema, consignando 
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que seria aplicável o prazo do art. 188 para interpor recurso extraordinário de acórdão 
proferido em sede de representação de inconstitucionalidade 
 
“A Fazenda Pública possui prazo em dobro para interpor recurso extraordinário de acórdão 
proferido em sede de representação de inconstitucionalidade (CF, art. 125, § 2º). 
A Turma sublinhou que se aplicaria o disposto no art. 188 do CPC (“Computar-se-á em quádruplo 
o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o 
Ministério Público”). Mencionou que não haveria razão para que existisse prazo em dobro no 
controle de constitucionalidade difuso e não houvesse no controle concentrado. Aludiu que o 
prazo em dobro seria uma prerrogativa exercida pela Fazenda Pública em favor do povo.” 
 
Saliente-se que houve voto divergente dos ministros Barroso e Rosa Weber, inclusive 
rememorando a clássica orientação firmada no sentido da inaplicabilidade do prazo do art. 188 
ao controle abstrato de constitucionalidade. 
 
 
Estado estrangeiro? 
 
As causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa 
domiciliada ou residente no País devem ser propostas perante a primeira instância da Justiça 
Federal (CF/88, art. 109, II), sendo os recursos encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça, 
que exerce, nesses casos, o segundo grau de jurisdição (através de ROC). Significa que, em 
hipóteses assim, a demanda não passa pelo crivo do Tribunal Regional Federal, sendo o 
primeiro grau de jurisdição exercido pela primeira instância da Justiça Federal e o segundo 
grau, pelo STJ. 
 
Nessas causas, as decisões interlocutórias são desafiadas por agravos de instrumento 
encaminhados, diretamente, ao STJ, o qual exerce, como visto, o segundo grau de jurisdição 
(CPC, art. 539, parágrafo único). 
 
No entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, o art. 188 do CPC não se aplica ao 
Estado estrangeiro quando da interposição de ROC ou AI ao STJ. 
O STJ rechaçou a tese de que haveria violação ao princípio da igualdade entre Estados, 
princípio esse previsto no art. 4º, V, da Constituição Federa e a tese de que o Estado 
estrangeiro mantinha as mesmas dificuldades típicas da burocracia administrativa. 
 
 
Suspensão de liminar de segurança? 
 
O Supremo Tribunal Federal entende que o agravo interno da decisão do Presidente do 
Tribunal na suspensão de liminar, de segurança ou de tutela antecipada deve ser interposto 
pela Fazenda Pública no prazo simples, sem que incida o art. 188 do CPC. 
 
O entendimento do STF, que se confinava ao agravo interno, estendeu-se para os embargos de 
declaração e, de resto, para quaisquer recursos. 
Significa que o STF entende que, no âmbito da suspensão de liminar, de segurança ou de tutela 
antecipada, não se aplica o disposto no art. 188 do CPC, de sorte que a Fazenda Pública, nos 
recursos que interpõe em tal incidente, não dispõe de prazo em dobro. 
 
 
 
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Reconvenção, Exceção e Ação Declaratória Incidental? 
 
Em que pese o CPC falar apenas em prazo em quádruplo para contestar, é quase que pacífico 
na doutrina e na jurisprudência o entendimento de que a Fazenda Pública dispõe de prazo em 
quádruplo para contestar, para reconvir, para apresentar exceções de incompetência, de 
impedimento e de suspeição e, ainda, para ajuizar ação declaratória incidental. 
 
 
Procedimento sumário? 
 
Há 2 (dois) prazos previstos no art. 277 do CPC. O primeiro indica o tempo recomendável em 
que deve ser realizada a audiência, ou seja, ao determinar a citação do réu, o juiz deverá já 
designar a realização de audiência de conciliação, a se realizar no prazo de 30 (trinta) dias. O 
segundo prazo ali indicado diz respeito ao período que deve mediar entre a citação do réu e a 
data da audiência, não podendo ser inferior a 10 (dez) dias. 
 
Esse segundo prazo tem sua contagem feita de acordo com o art. 241, II, do CPC, ou seja, 
começa a correr o prazo da data de juntada aos autos do mandado de citação devidamente 
cumprido 
 
Se o réu for a Fazenda Pública, os mencionados prazos devem ser contados em dobro. Vale 
dizer que, sendo a Fazenda Pública ré no procedimento sumário, a audiência deve ser 
realizada no prazo de 60 (sessenta) dias, a partir do despacho que ordenar a citação, 
devendo ser citada com uma antecedência mínima de 20 (vinte) dias 
 
Não há que se falar, no particular, em prazo em quádruplo, tal como previsto no art. 188 do 
CPC, pois não há prazo para resposta no procedimento sumário (a resposta se dá em audiência 
de conciliação). 
 
 
Contestaçãona oposição? 
 
A oposição, como se sabe, é uma demanda de um terceiro (opoente) proposta em face das 
partes originárias (opostos). Apresentada a oposição, surge uma cumulação superveniente de 
demandas: passam a existir, num mesmo processo, 2 (duas) demandas. A oposição, que se 
constitui em 1 (uma) demanda própria, será contestada, não havendo razão para afastar-se, 
no particular, a incidência do art. 188 do CPC. 
Então, a Fazenda Pública dispõe de prazo em quádruplo para contestar a oposição, não 
havendo afastamento da aplicação, no caso, do art. 188 do CPC. 
 
Saliente-se que, no entanto, não se aplica a dobra do art. 191 (litisconsortes com procuradores 
diferentes), haja vista que o CPC previu o prazo comum de 15 dias para contestar a oposição. 
 
 
Contestação na ação rescisória? 
 
O CPC estabelece a regra geral no art. 491: o relator deve fixar um prazo entre 15 a 30 dias 
para resposta na ação rescisória. 
 
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O STF e o STJ entendem que a regra do art. 188 do CPC se aplica a esse prazo. Logo, a fazenda 
pública terá prazo em quádruplo. 
 
Processo Civil. Ação Rescisória. Prazo para Contestação. Artigo 188 do Código de Processo Civil. 
1. A regra do artigo 188 do Código de Processo Civil, referente à dilação de prazos processuais, é aplicável 
ao prazo de resposta para a ação rescisória. 
2. Precedentes do STF e do STJ. 
3. Recurso especial conhecido (STJ, REsp 363.780/RS) 
 
Logo, Se a Fazenda Pública for ré na ação rescisória, o prazo fixado pelo Relator deverá 
observar o art. 188 do CPC, de modo que será fixado entre 60 e 120 dias. 
 
Barbosa Moreira e Leonardo Carneiro, entretanto, discordam. O argumento é que se trata de 
um prazo judicial (determinado pelo juiz), espécie para a qual não se aplica a regra do art. 188. 
Ademais, o art. 491 do CPC traz uma regra especial ao 188, estabelecendo um prazo máximo 
de 30 dias para resposta. 
 
“No caso da ação rescisória, o art. 491 do CPC encerra comando igualmente especial, não se submetendo 
à regra geral do art. 188 do CPC. E isso porque o prazo para a resposta do réu é fixado pelo relator, não 
podendo ser inferior a 15 (quinze) dias nem superior a 30 (trinta) dias. Significa que a quadruplicação 
prevista no art. 188 do CPC apresenta-se como incompatível com a regra inscrita no art. 491 do CPC, pois o 
limite máximo para o prazo da resposta é de 30 (trinta) dias.” 
 
Se, contudo, o relator, no caso concreto, determinar a aplicação do art. 188 do CPC, constando 
expressamente do mandado de citação a fixação de prazo em quádruplo, a Fazenda Pública 
deverá beneficiar-se da regra. E isso porque, consoante já firmado pelo STJ, o “... mandado 
citatório com prazo superior ao legal para contestar” é válido, sendo tempestiva a contestação 
que atende ao prazo ali anotado”. (STJ, REsp 175.546/RS) 
 
 
Prazo para ajuizamento da ação rescisória? 
 
O STF, ao julgar as Ações Diretas de Inconstitucionalidade nº 1.753 e nº 1.910, considerou 
abusivo e inconstitucional o aumento do prazo da ação rescisória para 4 (quatro) e 5 (cinco) 
anos em favor da Fazenda Pública. 
 
Assim, a fazenda publica não dispõe de prazo em dobro para propor ação rescisória, até 
porque se trata de ação autônoma, e não recurso. 
 
Ademais, o STJ entende que, em que pese não seja aplicável a dobra do prazo para propor a 
ação rescisória, o termo inicial para a sua propositura só começa quando esgotado o prazo em 
dobro que a Fazenda Pública tem para recorrer, ainda que o ente público tenha sido vencedor 
na última decisão proferida na demanda. 
 
“O termo inicial do prazo decadencial de dois anos para a propositura, por particular, de ação 
rescisória, é a data do trânsito em julgado da última decisão proferida na causa. 
Se a Fazenda Pública participou da ação, este prazo bienal somente se inicia após ter se 
esgotado o prazo em dobro que a Fazenda Pública tem para recorrer, ainda que o ente público 
tenha sido vencedor na última decisão proferida na demanda.“ 
(STJ. 1ª Turma. AREsp 79.082-SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 5/2/2013 (Info 
514). 
 
 
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Ação cautelar? 
 
O prazo para a resposta na ação cautelar é de 5 (cinco) dias, segundo dispõe o art. 802 do CPC, 
sendo de 20 (vinte) dias para a Fazenda Pública, porquanto nada impede que se aplique ao 
processo cautelar a regra encartada no art. 188 do CPC, devendo-se ser contado em quádruplo 
o prazo para a resposta da Fazenda Pública 
 
 
O art. 188 é aplicado no caso da ação de improbidade administrativa? 
SIM, considerando que se trata de ação de natureza cível (STJ AgRg nos EDcl no Ag 587748 / 
PR). 
 
 
Se a fazenda pública está em litisconsórcio passivo com um particular, como fica o prazo? 
Numa demanda proposta face da Fazenda Pública e, igualmente, em face de um particular, 
enquanto este último dispõe de prazo de 30 (trinta) dias para a resposta, por haver 
litisconsórcios com procuradores diferentes (CPC, art. 191), a Fazenda Pública desfruta da 
prerrogativa de responder no prazo de 60 (sessenta) dias (CPC, art. 188). 
 
 
Agravo regimental? 
 
Embora se discuta se o agravo regimental constitui um recurso ou não, é assente o 
entendimento jurisprudencial segundo o qual, para sua interposição e, de resto, para o 
aforamento do agravo interno, a Fazenda Pública dispõe de prazo em dobro, aplicando-se o 
art. 188 do CPC. Nesse sentido, assim estabelece a Súmula 116 do STJ: “A Fazenda Pública e o 
Ministério Público têm prazo em dobro para interpor agravo regimental no Superior Tribunal 
de Justiça.” 
 
 
Contrarrazões? 
 
Como já se viu, o prazo em dobro conferido à Fazenda Pública pelo art. 188 do CPC tem 
pertinência apenas com a interposição do recurso, de tal maneira que a Fazenda Pública 
dispõe de prazo em dobro para recorrer, não colhendo essa prerrogativa o ato de responder 
ou de apresentar contrarrazões a recurso. 
 
 
Recurso adesivo? 
 
O STJ e o STF entendem que aplica-se o prazo em dobro pra fazenda publica quando da 
interposição de recurso adesivo. 
Os argumentos são: 
- O recurso é o mesmo, sendo adesiva apenas a forma de interposição. 
- O recurso adesivo não está condicionado à apresentação de contrarrazões ao recurso 
principal, porque são independentes ambos os institutos de direito processual, 
 
PROCESSO CIVIL. RECURSO ADESIVO DE PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO QUE GOZA DE 
PRAZO EM DOBRO PARA INTERPOSIÇÃO DE QUALQUER RECURSO. ART. 188, CPC E ART. 500, I, 
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CPC, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 8.950/94. RECEPÇÃO PELA NOVA ORDEM 
CONSTITUCIONAL. PRECEDENTES DO EXCELSO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
O art. 188 do Código de Processo Civil é expresso na admissão do prazo recursal em dobro para 
as pessoas jurídicas de direito público, embora não o faça para apresentação de contra-razões. 
Na verdade, ‘adesivo’ é a modalidade de interposição do recurso, e não uma outra espécie 
recursal. Por isso, que o recurso do autor Município é ‘recurso de apelação’, na modalidade 
‘adesiva’, e para sua interposição, como de qualquer outro recurso, goza do privilégio de 
interposição no prazo dobrado. 
 
Leonardo Carneiro, entretanto, discorda. O argumento é o de que o recurso adesivo deve ser 
interposto no mesmo prazo das contrarrazões, sendo certo que a fazenda não dispõe de prazo 
em dobro para contrarrazoar. 
 
“O recurso adesivo deve ser interposto no prazo para a resposta do recurso principal. Já 
se viu que a Fazenda Pública não dispõe de prazo em dobro para responder ou oferecer 
contrarrazões a recurso. Ora, se o recurso adesivo deve ser interposto no prazo para 
apresentação de contrarrazões ao recurso da parte, e se a Fazenda Pública não dispõe 
de prazo em dobro para tanto, é curial que, ao interpor recurso adesivo, a Fazenda 
Públicanão desfrutará do prazo diferenciado previsto no art. 188 do CPC” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO 5 – TEMAS SOBRE PROCESSO CAUTELAR E ANTECIPAÇÃO DE 
TUTELA: 
 
 
5.1 – Restituição de verbas concedidas por decisão liminar posteriormente revogada: 
 
O tema da restituição de verbas concedidas e posteriormente revogadas em sede judicial ou 
administrativa sempre foi muito polêmico na doutrina e na jurisprudência. 
 
Entretanto, o STJ parece estar aos poucos pacificando a matéria, tendo inclusive a 1ª Seção 
sistematizado a problemática em um recente julgado, noticiado no Informativo 548. 
 
Bem por isso, o tema possui grandes de ser cobrado em provas do ano de 2015, o que ensejou 
sua escolha para o presente simulado. 
 
 
a) É devida a restituição da verba indevidamente concedida por parte da Administração 
Pública? 
 
De acordo com a jurisprudência pacífica do STJ, NÃO é possível a restituição ao erário dos 
valores recebidos de boa-fé pelo servidor público em decorrência de errônea ou inadequada 
interpretação da lei por parte da Administração Pública (STJ. 1ª Seção. REsp 1.244.182-PB, Rel. 
Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/10/2012). 
 
Tal entendimento se mostra em consonância com o princípio da confiança legítima e da boa-fé 
no Direito Administrativo. Há uma justa expectativa por parte do servidor público de que 
os valores pagos pela Administração Pública são legais, tendo em vista que a conduta desta 
deve estar pautada pelo princípio da legalidade. 
Desse modo, não havendo má-fé do servidor público no recebimento dos valores pagos 
indevidamente por erro da Administração, não se mostra devido o desconto na remuneração a 
título de reparação ao erário. 
 
Importante citar que o TCU possui entendimento em sentido semelhante, exigindo 
adicionalmente que o erro da Administração tenha sido escusável. 
 
Súmula 249 do TCU: É dispensada a reposição de importâncias indevidamente percebidas, de 
boa-fé, por servidores ativos e inativos, e pensionistas, em virtude de erro escusável de 
interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte de autoridade legalmente 
investida em função de orientação e supervisão, à vista da presunção de legalidade do ato 
administrativo e do caráter alimentar das parcelas salariais. 
 
 
b) Caso a referida verba tivesse sido obtida por força de decisão liminar em processo 
judicial e posteriormente revogada em sentença, haveria a possibilidade de 
restituição do valor? 
 
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O tema, apesar de sempre ter oscilado muito na jurisprudência, parece estar em vias de ser 
pacificado, no sentido da POSSIBILIDADE de restituição dos valores concedidos através de 
liminar posteriormente revogada. 
 
Isso porque a decisão liminar possui natureza precária e caráter provisório, podendo ser 
revogada a qualquer tempo pelo magistrado. Assim, não há que se invocar a boa-fé no 
recebimento de tais verbas, tendo em vista que o servidor público já tinha conhecimento de 
que tal decisão poderia ser futuramente modificada. Nesse sentido, cumpre destacar a 
emenda de recente julgado do STJ: 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO. RESTITUIÇÃO AO ERÁRIO DOS VALORES RECEBIDOS POR FORÇA DE 
DECISÃO JUDICIAL PRECÁRIA POSTERIORMENTE REVOGADA É devida a restituição ao erário dos 
valores de natureza alimentar pagos pela Administração Pública a servidores públicos em 
cumprimento a decisão judicial precária posteriormente revogada. Não é possível, em tais 
casos, aplicar o entendimento de que a restituição não seria devida, sob o argumento de que o 
servidor encontrava-se de boa fé, porquanto sabedor da fragilidade e provisoriedade da tutela 
concedida (EAREsp 58.820-AL / i-549). 
 
 
OBS: Em 2013 a Corte Especial do STJ estabeleceu uma exceção a essa possibilidade de 
devolução das verbas, que ainda deve ser levada em consideração em concursos públicos. É a 
chamada “tese da dupla conformidade”, verificada quando os valores são concedidos pelo juiz 
de 1ª instância e confirmados pelo tribunal local (2º instância). Nesse caso, se a parte 
interpuser RESP ou RE e o STJ ou STF revogarem a verba, não haverá a necessidade de 
devolução. Isso porque a dupla conformidade torna estável a relação jurídica submetida a 
julgamento, sendo, por isso, passível de execução provisória. Além disso, cria no vencedor a 
legítima expectativa de que é titular do direito reconhecido na sentença e confirmado pelo 
tribunal de 2ª instância. Essa expectativa legítima de titularidade do direito, advinda de ordem 
judicial analisada em duplo grau, é suficiente para caracterizar a boa-fé exigida de quem 
recebe a verba de natureza alimentar posteriormente revogada. 
 
 
c) No caso do item “b”, caso o processo transitasse em julgado e a sentença fosse 
posteriormente desconstituída por ação rescisória, seria devida a restituição dos valores 
pagos? 
 
No caso de ação rescisória que desconstitui sentença concessiva de determinado benefício, a 
jurisprudência do STJ parece ter pacificado o entendimento no sentido de que não é devida a 
restituição dos valores percebidos de boa-fé. 
 
O argumento é o de que a concessão se deu através de sentença judicial definitiva, sendo 
certo que, se a decisão já havia transitado em julgado, a fruição do que foi recebido 
indevidamente está acobertada pela boa-fé. 
 
O entendimento foi firmando em sede de Recurso Repetitivo: 
 
ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL. VALORES RECEBIDOS POR SERVIDOR PÚBLICO EM 
DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. SENTENÇA DESCONSTITUÍDA 
POR MEIO DE AÇÃO RESCISÓRIA. DEVOLUÇÃO DE VALORES RECEBIDOS. IMPOSSIBILIDADE. 
RECURSO ESPECIAL REPETITIVO Nº 1.401.560/MT. INAPLICABILIDADE. 1. "A jurisprudência do STJ 
firmou o entendimento no sentido de que, em virtude da natureza alimentar, não é devida a 
restituição dos valores que, por força de decisão transitada em julgado, foram recebidos de boa-
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fé, ainda que posteriormente tal decisão tenha sido desconstituída em ação rescisória." (AgRg no 
AREsp 2.447/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 
17/04/2012, DJe 04/05/2012) 2. O entendimento consolidado pela Primeira Seção do STJ no 
julgamento do Recurso Especial Repetitivo nº 1.410.560/MT, segundo o qual é legítimo o 
desconto de valores pagos em razão do cumprimento de decisão judicial precária, 
posteriormente revogada, não tem aplicação no caso dos autos, pois na hipótese o pagamento 
decorreu de sentença judicial definitiva, desconstituída em ação rescisória. 3. Agravo 
regimental a que se nega provimento. 
(STJ , Relator: Ministro SÉRGIO KUKINA, Data de Julgamento: 02/09/2014, T1 - PRIMEIRA 
TURMA) 
 
 
Desse modo, desconstituída a sentença através de ação rescisória, não seria devida a 
restituição dos valores. 
 
 
5.2 – Antecipação de tutela contra a fazenda pública: 
 
O tema da antecipação da tutela contra a fazenda pública é sempre muito cobrado em provas 
de Processo Civil, especialmente discursivas. 
 
A antecipação de tutela genérica foi inserida no CPC no ano de 1994, como um meio de 
EFETIVAR em um momento anterior à sentença definitiva o provimento jurisdicional que é 
pleiteado pelo autor ou pelo réu. 
 
Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da 
tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da 
verossimilhança da alegação e:(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) 
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou (Incluído pela Lei nº 8.952, 
de 13.12.1994) 
 
Nesse ponto, importante mencionar que a grande diferença da TUTELA ANTECIPADA para a 
TUTELA CAUTELARconsiste justamente em seu caráter SATISFATIVO: enquanto a tutela 
antecipada tem por objetivo antecipar o próprio bem da vida requerido, a tutela cautelar 
consiste em um “instrumento do instrumento”, de caráter meramente ASSECURATÓRIO, 
tendo por escopo a proteção do bem pleiteado em juízo. 
 
Ex¹: O autor vai à juízo pedindo um medicamento que o Estado se recusa a fornecer. 
Liminarmente, requer a concessão deste medicamento antes da sentença definitiva, tendo em 
vista que eventual morosidade no processo poderá acarretar sua morte => TUTELA 
ANTECIPADA (antecipa o próprio bem pretendido). 
Ex²: O autor, em uma ação de cobrança, percebe que o réu está dilapidando o seu patrimônio 
com o fim de frustrar eventual futura execução. Sendo assim, requer incidentalmente o 
arresto dos bens do devedor, para proteger a efetividade da futura execução. => TUTELA 
CAUTELAR (natureza assecuratória; protege a efetividade do processo). 
 
Bem por isso, a tutela antecipada depende de requisitos mais rigorosos para sua concessão, os 
quais estão expostos no caput do art. 273 e em seu inciso I: Prova inequívoca da 
verossimilhança da alegação e perigo de dano irreparável. 
 
 
 
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 TUTELA CAUTELAR TUTELA ANTECIPADA 
Finalidade Assegura o resultado útil do 
processo. 
Satisfaz faticamente o direito 
da parte. 
Requisitos para Concessão Fumus boni iuris e Periculum 
in mora 
Prova inequívoca da 
verossimilhança da alegação 
e perigo de dano irreparável 
 
 
Para além da tutela antecipada do art. 273, em razão da necessidade de se pensar o processo 
na perspectiva do direito material, criou-se também a tutela antecipada específica, destinada 
ao cumprimento de obrigação de fazer, não fazer e de entregar coisa (CPC, arts. 461 e 461-A). 
Nesses casos, a tutela antecipada tem fundamento no parágrafo 3º do art. 461 do CPC, de 
maneira que, para sua concessão, se exige, apenas, a coexistência da “relevância do 
argumento” e do “justificado receio de ineficácia do provimento final”. 
 
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz 
concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências 
que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. 
 
§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do 
provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, 
citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em 
decisão fundamentada. 
 
O art. 461 do Código de Processo Civil serve, ainda, como fundamento para a concessão da 
chamada tutela inibitória, cujo objetivo é inibir, vedar, proibir a prática de um ilícito. Desse 
modo, a tutela inibitória, para ser concedida, depende da demonstração de um ilícito a ser 
perpetrado pelo réu ou que já tenha se consumado, não sendo necessária a demonstração, 
nem a comprovação, de dano, culpa ou dolo; basta que se demonstre a ameaça da prática de 
um ato ilícito. 
 
 
Feita esta introdução, passemos a enfrentar a pergunta: é possível a concessão de tutela 
antecipada contra a fazenda pública? 
 
Uma 1ª corrente sustentou que NÃO, tendo em vista que a antecipação da tutela NÃO É 
COMPATÍVEL com a regra do reexame necessário (CPC, art. 475), nem com a sistemática do 
precatório (CF, art. 100). 
 
O principal argumento dessa corrente é o de que, se a sentença condenatória contra a fazenda 
pública não produz efeitos enquanto não confirmada pelo tribunal (reexame necessário), 
como consequência, a tutela antecipada não poderia ser concedida, senão depois de 
reexaminada pela instância superior. Ademais, as ordens de pagamento devem 
obrigatoriamente estar submetidas à disciplina dos precatórios, havendo violação a tal 
sistemática em caso de concessão da antecipação da tutela. 
 
CPC, Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de 
confirmada pelo tribunal, a sentença: 
I - proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias 
e fundações de direito público; 
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II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da 
Fazenda Pública (art. 585, VI). 
§ 1o Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou 
não apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los. 
§ 2o Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito controvertido, 
for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso de 
procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor. 
§ 3o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em 
jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do 
tribunal superior competente. 
 
CRFB, Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e 
Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de 
apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos 
ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. 
 
Refutando essa visão restritiva, uma 2ª corrente passou a defender a possibilidade da 
antecipação da tutela contra a fazenda pública. O primeiro argumento é de que não haveria 
necessidade de sujeição desta decisão concessiva ao duplo grau obrigatório, tendo em vista 
que não se trata de SENTENÇA, e o art. 475 do CPC (reexame necessário), refere-se apenas a 
este tipo de ato do juiz. 
 
CPC, Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de 
confirmada pelo tribunal, a SENTENÇA: (...) 
 
Ademais, não haveria violação a sistemática dos precatórios quando a decisão concessiva da 
antecipação de tutela determinasse obrigações de fazer, não fazer ou entregar coisa, uma vez 
que o art. 100 da CRFB refere-se apenas a PAGAMENTOS. 
 
CRFB, Art. 100. Os PAGAMENTOS devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e 
Municipais, em virtude de sentença judiciária (...) 
 
No entanto, o mais forte argumento dessa segunda corrente é a própria Lei que veda a 
concessão de tutela antecipada contra a fazenda pública em determinadas hipóteses. Trata-se 
da Lei nº 9494/97, que em seu art. 2º-B traz algumas vedações específicas à antecipação da 
tutela contra a fazenda pública: 
 
Art. 2o-B. A sentença que tenha por objeto a liberação de recurso, inclusão em folha de 
pagamento, reclassificação, equiparação, concessão de aumento ou extensão de vantagens a 
servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive de suas 
autarquias e fundações, somente poderá ser executada após seu trânsito em julgado 
 
Esta lei, apesar de bastante polêmica, foi declarada CONSTITUCIONAL pelo STF na ADC nº 4. 
 
Assim, tendo em vista este dispositivo, a 2º corrente passou a sustentar que, se a lei menciona 
que só é vedada a antecipação de tutela contra a fazenda pública nessas hipóteses específicas, 
haveria a possibilidade de sua concessão nos demais casos. Sobre o tema, colhem-se as lições 
de Leonardo Carneiro: 
 
“Ora, se é vedada a antecipação da tutela contra o Poder Público nos casos previstos nas Leis nos 
9.494/1997 e 12.016/2009, significa que, nas hipóteses não alcançadas pela vedação, resulta 
plenamente possível deferir a tutela antecipada em face da Fazenda Pública. Cabível, portanto, 
com as ressalvas das hipóteses previstas nos referidos diplomas legais, a tutela antecipada 
contra a Fazenda Pública”. (CUNHA, Leonardo Carneiro. A Fazenda Pública em

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