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10.DIREITO EMPRESARIAL

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SUMÁRIO 
 
1. TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL .......................................................... 03 
2. REGISTRO DA EMPRESA E DO EMPRESÁRIO ....................................................... 06 
3. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL OU FUNDO DE COMÉRCIO .......................... 09 
4. DIREITO SOCIETÁRIO ............................................................................................ 16 
5. CONTRATOS MERCANTIS ..................................................................................... 38 
6. TÍTULOS DE CRÉDITO ........................................................................................... 43 
7. DA FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO ECONÔMICA DE EMPRESAS 
(LEI N.º 11101/2005) ................................................................................................ 54 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DO DIREITO 
EMPRESARIAL (COMERCIAL, MERCANTIL): 
Segundo Fábio Ulhoa Coelho,1 
Direito Comercial é a designação tradicional do ramo jurídico que tem por objeto os meios 
socialmente estruturados de superação dos conflitos de interesse entre os exercentes de atividades 
econômicas de produção ou circulação de bens ou serviços de que necessitamos todos para viver. 
 
Waldirio Bulgarelli2 complementa afirmando que 
Não se restringe, entretanto, ao comércio considerado no seu sentido estrito, ou seja, de mera 
intermediação entre o produtor e o consumidor, mas abrange outras relações conexas, sobretudo nos 
dias de hoje, em que alargou desmensuradamente o seu campo de incidência, alcançando a indústria, 
os transportes, os bancos, as bolsas, devido à importância que tomou numa economia de mercado, 
onde a produção é feita em massa. Sua base, portanto, são as relações econômicas decorrentes da 
economia de mercado, e como tal se apresenta como a ciência jurídica destinada a regular essas 
relações. 
 
Marcelo Bertoldi e Márcia Ribeiro3 sintetizam as principais características do direito comercial 
apontando o cosmopolismo (como qualidade natural do comércio em geral, pois existe uma 
tendência natural do direito comercial para a internacionalização como fica evidente em relação aos 
títulos de crédito, onde existe a adesão do Brasil à Lei Uniforme de Genebra em relação à letra de 
câmbio e a nota promissória), onerosidade (fruto do caráter econômico e especulativo da atividade 
mercantil), informalismo (o dinamismo necessário e a tradição da confiança exigem informalidades 
nas relações mercantis) e o fragmentarismo (o direito comercial divide-se em diversos ramos: direito 
societário, direito dos títulos de crédito, contratos mercantis, direito falimentar, entre outros). 
 
1.2 OBJETO DO DIREITO EMPRESARIAL: DOS ATOS DE COMÉRCIO 
AOS ATOS DE EMPRESA 
a) Atos de Comércio: o sistema tradicionalmente adotado pelo Direito Comercial brasileiro foi 
o dos atos de comércio com inspiração no Código Comercial Francês de 1807 (Código Napoleônico). 
Esse critério, chamado de sistema francês ou objetivo, delineava a matéria mercantil pela prática de 
atividade considerada como comercial independentemente de quem os praticava. O Código 
Comercial Brasileiro de 1850 não chegou a adotar de forma expressa esse critério, apenas indicando 
como comerciante quem fizesse da mercancia a sua profissão habitual. Entretanto, na busca de 
identificar o que deveria ser compreendido como “mercancia”, o direito brasileiro acabou por 
adotar o sistema dos atos de comércio. No mesmo ano da criação do Código Comercial (1850), foi 
publicado o Regulamento n.º 737 (atualmente revogado) que, em seu art. 19, assim dispunha: 
Considera-se mercancia: § 1.º A compra e venda ou troca de efeitos móveis ou semoventes, 
para os vender por grosso ou a retalho, na mesma espécie ou manufaturados, ou para alugar o seu 
 
1 Curso de direito comercial. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 1999. vol. 1, p. 16. 
2 Direito comercial. 13.ed. São Paulo: Atlas, 1998, p.15. 
3 In Curso Avançado de Direito Comercial, 3.ed. RT, pp. 38-39. 
 
 
 
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uso. § 2.º As operações de câmbio, banco e corretagem § 3.º As empresas de fábricas, de comissões, 
de depósito, de expedição, consignação e transporte de mercadorias, de espetáculos públicos. § 4.º 
Os seguros, fretamentos, riscos, e quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo. § 5.º A 
armação e expedição de navios. 
A doutrina mercantil, inspirada nesse Regulamento, organizou a matéria comercial da 
seguinte forma: a) Compra, venda ou troca de bens móveis ou semoventes em atacado ou varejo, 
industrializados ou não, para revenda ou locação: a compra dos produtos dos comerciantes para 
consumo como destinatário final, pelos clientes, tem de gerar lucro, senão será vista como compra 
de natureza civil. Atividades bancárias, de transporte de mercadoria, de seguro, entre outras, 
também são consideradas atos comerciais, segundo a teoria em estudo. A compra e venda de bens 
imóveis está excluída do Direito Comercial por expressa disposição do art. 191/CCom. b) Atos de 
comércio por determinação legal, de acordo com a Lei n.º 6.404/76, artigo 2.º, § 1.º (Lei das 
Sociedades por Ações – LSA): toda sociedade anônima subordina-se ao regime jurídico mercantil 
independentemente do seu objeto social. Nesse passo, ainda que se dedique à compra e venda de 
bens imóveis, as sociedades anônimas serão comerciais. c) Empresas de Construção e Incorporação, 
nos termos da Lei n.º 4.068/62: as empresas de construção são consideradas comerciais, por 
determinação legal, desde a edição dessa Lei. 
Além desse critério classificatório, vale lembrar a classificação proposta por J. X. Carvalho de 
Mendonça, que leva em conta a existência de três espécies de atos de comércio: 
a) Por natureza comerciais ou profissionais: negócios jurídicos ligados diretamente ao 
exercício normal da indústria mercantil. b) Por conexão ou dependência: atos praticados pelo 
comerciante no interesse e em virtude do exercício do seu comércio, mesmo que de forma graciosa. 
c) Por força ou autoridade da lei: todos aqueles que, independentemente de sua essência ou da 
qualidade da pessoa que o pratica, é tido como comercial, pois a lei assim o determina. 
Com o advento do Código Civil atual, o critério dos atos de comércio foi abandonado, 
passando o Direito Comercial brasileiro a utilizar, por inspiração italiana, o modelo dos atos 
empresariais. 
b) Atos de empresa: em razão da evolução operada no comércio mundial, notadamente com a 
difusão e aquisição de importância da prestação de serviços, que acabaram por ocupar papel de 
destaque nas relações econômicas, a prática jurídica passou a buscar realizar a incorporação dessas 
atividades ao Direito Comercial. 
Assim, o direito brasileiro buscou inspiração no modelo do Código Civil Italiano de 1942, que 
fundou o Direito Comercial nos chamados atos de empresa e na chamada teoria da empresa, 
entendida como atividade econômica organizada para a produção e circulação de bens ou prestaçãode serviços. Essa teoria, adotada pelo Código Civil atual, acaba com a dicotomia comerciante/não-
comerciante determinada pela teoria dos atos do comércio. 
Para uma melhor identificação dessa teoria, mister se faz analisar o conceito de empresa, que 
pode ser conceituada como atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens 
ou serviços, exercida profissionalmente pelo empresário por meio de um estabelecimento 
empresarial. 
O referido conceito tem origem nas lições do autor italiano Alberto Asquini, formulador de 
quatro critérios para a conceituação de empresa. Assim, há: a) Perfil objetivo: de acordo com o perfil 
objetivo, empresa é um estabelecimento, um conjunto de bens corpóreos e incorpóreos reunidos 
pelo empresário para o desenvolvimento de uma atividade econômica. b) Perfil subjetivo: adotado o 
critério subjetivo para conceituar empresa, nota-se que esta é o próprio sujeito de direitos, o 
empresário, que organiza o estabelecimento para o desenvolvimento de uma atividade econômica. 
c) Perfil Corporativo: de acordo com o perfil corporativo, empresa é o conjunto formado pelo fundo 
de comércio (estabelecimento comercial), o qual compreende bens corpóreos e incorpóreos; e os 
 
 
 
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trabalhadores, recursos humanos utilizados na execução da atividade econômica a que a empresa se 
propõe. d) Perfil funcional: caracteriza-se por uma atividade econômica organizada, para a produção 
e circulação de bens ou serviços, que se faz por meio de um estabelecimento e por vontade do 
empresário. É o critério adotado pela doutrina brasileira para a conceituação de empresa e, 
dessarte, serve de parâmetro para todos os atos normativos que regem a atividade empresarial, 
notadamente, o Código Civil atual. 
É importante, entretanto, que fique clara a distinção existente entre a empresa e o 
empresário. A empresa é a atividade exercida pelo empresário, a qual pode ser exercida por uma 
única pessoa natural ou por um conjunto de pessoas reunidas em sociedade. Vale dizer, o 
empresário é sujeito de direito, a empresa é objeto de direito. 
Assim, o empresário pode se apresentar mediante o exercício empresarial desempenhado por 
uma única pessoa natural (empresário individual), ou por meio de uma sociedade, geralmente 
personificada (pessoa jurídica). 
 
 1.3 CONCEITO DE EMPRESÁRIO 
De acordo com o Código Civil, em seu artigo 966, empresário é todo aquele que exerce 
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou 
serviços. Todavia, no parágrafo único desse artigo, ficam excluídos desta condição aqueles que 
exercem atividade de natureza intelectual, entendidos como tais os artistas, literatos e profissionais 
científicos (advogados, médicos, engenheiros), ainda que contem com o concurso de auxiliares ou 
colaboradores, a não ser que o exercício da profissão constitua elemento de empresa. Assim, por 
exemplo, caso um médico contrate outros médicos, enfermeiras, secretária, formando, assim, uma 
clínica com estrutura empresarial, será considerado como empresário. 
Além dessas ressalvas, inclui-se o agronegócio que, nos termos do disposto no art. 971/CC, 
recebe o seguinte regramento: 
O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as 
formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de 
Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para 
todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. 
 
 1.4 QUALIFICAÇÃO DO EMPRESÁRIO 
De acordo com a doutrina, existem dois critérios para a identificação de empresário, a saber: 
o critério formal e o critério real. Segundo o critério real, para a identificação de empresário e, 
consequentemente, para a adoção do regime jurídico de direito comercial aos atos por ele 
praticados, considera-se a atividade efetiva e realmente exercida independentemente de sua 
regularidade (inscrição no órgão do Registro da Empresa). De modo diverso, o critério formal utiliza-
se de expedientes técnicos para a identificação de empresário, admitindo como tal somente aqueles 
formalmente registrados em órgãos públicos. Assim, permite a diferenciação do comerciante regular 
daqueles que possuem atuação irregular. 
No sistema do Brasil, considera-se empresário quem exerça profis-sionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços independentemente de 
qualquer registro. O empresário que realiza o registro passa a ser considerado empresário de direito 
ou regular, enquanto que aquele que não realizar esse ato formal, é tido como empresário de fato 
ou irregular. 
 
1.5 CAPACIDADE PARA O EXERCÍCIO DA ATIVIDADE 
EM-PRESARIAL 
Como previa o artigo 1.º/CCom, assim prevê o Código Civil atual em seu artigo 972, o qual 
determina que “Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da 
capacidade civil e não forem legalmente impedidos”. 
 
 
 
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Vale ressaltar que a capacidade acima referida diz respeito à capacidade para os atos da vida 
civil, previstas nos arts. 3.º a 5,º, combinados com os arts 972 a 980/CC. 
A rigor, qualquer pessoa capaz pode assumir a condição de empresário, entretanto alguns 
impedimentos são impostos a determinadas sujeitos. Estão impedidos de exercer atividade 
empresarial, entre outros: 
a) Funcionário público: nada impede, porém, que ele participe de sociedade, como sócio 
cotista, acionista ou comanditário, desde que não ocupe cargo de administração, de controle. 
Incluam-se nessa condição também os militares e os integrantes das forças armadas. 
b) Auxiliares do empresário: por absoluta incompatibilidade com a função que desempenham, 
estão impedidos para o comércio os leiloeiros, corretores, despachantes e aduaneiros. 
c) Falido: segundo a Lei 11.101/2005, em seu art. 102, o falido fica inabilitado para exercer 
qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas 
obrigações. 
Note-se que, segundo a disposição normativa expressa no artigo 973/CC: “A pessoa 
legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas 
obrigações contraídas”. 
 
 1.6 O EMPRESÁRIO INCAPAZ 
A sistemática legislativa atual permite que o empresário individual que tenha declarada em 
juízo a sua incapacidade venha a manter o exercício da atividade empresarial, devidamente 
representado ou assistido, mediante autorização judicial. Tal previsão consta do art. 974/CC, nos 
seguintes termos: 
Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa 
antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. § 1.º Nos casos 
deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, 
bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos 
os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos 
adquiridos por terceiros. § 2.º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já 
possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo 
tais fatos constar do alvará que conceder a autorização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2.1 NOÇÕES GERAIS 
O empresário, para exercer regularmente sua atividade, deve arquivar seus atos constitutivos 
no órgão oficial de registro das empresas mercantis,denominado Junta Comercial, subordinado ao 
Estado em que se situa e ao Departamento Nacional do Registro do Comércio (DNRC), autarquia 
federal. O registro das empresas está estruturado de acordo com a Lei n.º 8.934/94, regulamentada 
pelo Decreto 1.800/96. 
 
 
 
 
 
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 2.2 REGISTRO DA EMPRESA E DO EMPRESÁRIO 
O sistema de registro empresarial é integrado por órgãos de dois níveis diferentes de 
governo:4 
a) Sistema Nacional dos Registros das Empresas Mercantis (SINREM): é o órgão central do 
registro de empresa, ligado ao Ministério da Indústria, Comércio e Turismo. Tem em sua composição 
o DNRC (Departamento Nacional do Registro do Comércio), autarquia federal de regime especial; e 
as Juntas Comerciais. 
b) Departamento Nacional do Registro do Comércio (DNRC): trata-se de uma autarquia e tem 
como funções principais, nos termos do artigo 4.º da Lei de Registro de Empresa: 
– supervisionar e coordenar, no plano técnico, os órgãos incumbidos da execução dos serviços de 
Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; 
– estabelecer e consolidar, com exclusividade, as normas e diretrizes gerais do Registro Público de 
Empresas Mercantis e Atividades Afins; 
– solucionar dúvidas ocorrentes na interpretação das leis, regulamentos e demais normas 
relacionadas com o registro de empresas mercantis, baixando instruções para esse fim; 
– prestar orientação às Juntas Comerciais, com vistas à solução de consultas e à observância das 
normas legais e regulamentares do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; 
– exercer ampla fiscalização jurídica sobre os órgãos incumbidos do Registro Público de Empresas 
Mercantis e Atividades Afins, representando para os devidos fins às autoridades administrativas 
contra abusos e infrações das respectivas normas, e requerendo tudo o que se afigurar necessário ao 
cumprimento dessas normas; 
– estabelecer normas procedimentais de arquivamento de atos de firmas mercantis individuais e 
sociedades mercantis de qualquer natureza; 
 – promover ou providenciar, supletivamente, as medidas tendentes a suprir ou corrigir as ausências, 
falhas ou deficiências dos serviços de Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; 
– prestar colaboração técnica e financeira às juntas comerciais para a melhoria dos serviços 
pertinentes ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; 
– organizar e manter atualizado o cadastro nacional das empresas mercantis em funcionamento no 
País, com a cooperação das juntas comerciais; 
– instruir, examinar e encaminhar os processos e recursos a serem decididos pelo Ministro de Estado 
da Indústria, do Comércio e do Turismo, inclusive os pedidos de autorização para nacionalização ou 
instalação de filial, agência, sucursal ou estabelecimento no País, por sociedade estrangeira, sem 
prejuízo da competência de outros órgãos federais; 
– promover e efetuar estudos, reuniões e publicações sobre assuntos pertinentes ao Registro Público 
de Empresas Mercantis e Atividades Afins. 
 
c) Juntas Comerciais: são órgãos de execução do registro das empresas mercantis. Em síntese, 
pode ser considerada como o local em que os registros são efetivamente realizados. No plano 
técnico, subordinam-se ao Departamento Nacional do Registro do Comércio (DNRC). 
Administrativamente, aos Estados a que fazem parte. 
Compete precipuamente às Juntas Comerciais, consoante o artigo 8.º da Lei de Registro de 
Empresa: 
I - executar os serviços de registro das empresas mercantis e atividades afins; 
II - elaborar a tabela de preços de seus serviços, observadas as normas legais pertinentes; 
III - processar a habilitação e a nomeação dos tradutores públicos e intérpretes comerciais; 
 
4 Art. 3.º da lei 8.934/94 - Os serviços do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins serão exercidos, em todo o território nacional, de maneira uniforme, 
harmônica e interdependente, pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (Sinrem), composto pelos seguintes órgãos: I - o Departamento Nacional de 
Registro do Comércio, órgão central Sinrem, com funções supervisora, orientadora, coordenadora e normativa, no plano técnico; e supletiva, no plano administrativo; II - as 
Juntas Comerciais, como órgãos locais, com funções executora e administradora dos serviços de registro. 
 
 
 
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IV - elaborar os respectivos Regimentos Internos e suas alterações, bem como as resoluções de 
caráter administrativo necessárias ao fiel cumprimento das normas legais, regulamentares e 
regimentais; 
V - expedir carteiras de exercício profissional de pessoas legalmente inscritas no Registro Público de 
Empresas Mercantis e Atividades Afins; 
VI - o assentamento dos usos e práticas mercantis. 
 
 
LEMBRE-SE 
 
 
 
 
 2.3 ATOS DE REGISTRO DE EMPRESA 
 Segundo as disposições da Lei n.º 8.934/94, o ordenamento dos atos do registro de empresa 
compreende três atos: 
a) Matrícula: refere-se aos agentes auxiliares do comércio. Assim, são matriculados nas Juntas 
Comerciais, sob a supervisão e segundo as normas do DNRC os leiloeiros, tradutores públicos, 
administradores de armazéns-gerais, trapicheiros (responsáveis por armazéns-gerais de menor 
porte destinados à importação e exportação), entre outros. A matrícula é uma condição para que 
eles possam exercer tais atividades paracomerciais. 
b) Arquivamento: é o ato pelo qual o empresário, pessoa física ou jurídica, faz o seu registro 
nas Juntas Comerciais. Compreende atos de constituição (contrato e estatuto social), alteração e 
dissolução das sociedades, inclusive. 
c) Autenticação: refere-se aos instrumentos de escrituração, ou seja, aos livros comerciais. A 
autenticação é condição de regularidade dos referidos documentos. Assim, um livro comercial deve 
ser levado à Junta Comercial para autenticação, e neste ato terá todos os requisitos que devem ser 
observados na escrituração, fiscalizados. 
 
 2.4 INATIVIDADE DA EMPRESA MERCANTIL 
É considerada inativa a firma individual ou a sociedade comercial que, durante dez anos 
consecutivos, não arquivar nenhuma alteração contratual ou não comunicar à Junta Comercial que 
se encontra em atividade. A inatividade da empresa autoriza a Junta Comercial a proceder ao 
cancelamento do registro, com a consequente perda da proteção do nome empresarial pelo titular 
inativo. 
O cancelamento do registro por inatividade não implica a dissolução da sociedade, mas 
apenas as irregularidades na hipótese de continuar funcionando. 
 
 
 
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Dispõe a Lei n.º 8.934/94: 
Art. 60. A firma individual ou a sociedade que não proceder a qualquer arquivamento no período de 
dez anos consecutivos deverá comunicar à junta comercial que deseja manter-se em funcionamento. 
§ 1.º Na ausência dessa comunicação, a empresa mercantil será considerada inativa, promovendo a 
junta comercial o cancelamento do registro, com a perda automática da proteção ao nome 
empresarial. 
§ 2.º A empresa mercantil deverá ser notificada previamente pela junta comercial, mediante 
comunicação direta ou por edital, para os fins deste artigo. 
§ 3.º A junta comercial fará comunicação do cancelamento às autoridades arrecadadoras, no prazo de 
até dez dias. 
§ 4.º A reativação da empresa obedecerá aos mesmos procedimentos requeridos para sua 
constituição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.1 NOÇÕES GERAISSOBRE O ESTABELECIMENTO 
EMPRESARIAL 
Estabelecimento empresarial, fundo de comércio ou azienda é o conjunto de bens (corpóreos e 
incorpóreos) que reunidos propiciam ao empresário o desenvolvimento de sua atividade econômica ou seus 
objetivos empresariais, não significando apenas o local em que exerce sua atividade. Muitas vezes, o universo 
dos bens do empresário pode apresentar valor econômico superior a de seus bens se considerados em 
unidade, pois o estabelecimento comercial é medido e avaliado segundo a sua capacidade de obtenção de 
lucro, sua aptidão de reunir os fatores de produção para a realização do escopo pretendido. 
a) Natureza jurídica do estabelecimento empresarial: no ordenamento jurídico brasileiro, prevalece a 
doutrina que diz ser o estabelecimento empresarial uma universalidade de bens. O art. 1.142/CC trouxe a 
seguinte definição de estabelecimento empresarial: “Considera-se estabelecimento todo complexo de bens 
organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”. 
b) Elementos do estabelecimento empresarial: sendo considerado um complexo de bens, o 
estabelecimento empresarial compõe-se de bens corpóreos e incorpóreos. Entre os últimos, pode-se 
dizer que são fruto da inteligência ou conhecimento humano, tais como a propriedade industrial, 
aviamento, o ponto e o nome empresarial. 
c) Alienação do estabelecimento empresarial – trespasse: neste ponto, a primeira noção que se deve 
ter em relação ao estabelecimento empresarial é que, além de integrar o patrimônio do empresário, é 
também garantia dos seus credores. Por isso, sem sombra de dúvida, a norma que rege o contrato de 
trespasse tem cunho eminentemente de ordem pública. 
 
Tal modalidade de contrato permite a transferência do fundo de comércio de um empresário 
para outro. O objeto do trespasse é a universalidade de bens materiais ou imateriais que são parte 
integrante do estabelecimento. Vale frisar que, com o trespasse, transfere-se o aviamento. 
Além disso, não há que confundir venda do estabelecimento com a venda da sociedade 
empresária. Com a venda do estabelecimento, altera-se a figura do proprietário, enquanto que, na 
 
 
 
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venda da sociedade empresária, não existe qualquer alteração quanto ao titular do 
estabelecimento. 
Importante, ainda, destacar que, pelo contrato de trespasse, aquele que adquire o 
estabelecimento empresarial assume a responsabilidade pela quitação das dívidas adquiridas até o 
momento da aquisição. Para tanto, o adquirente tem que ter tomado ciência das dívidas, caso 
contrário a responsabilidade pelo pagamento será solidária até um ano, quanto aos débitos 
vencidos, e a partir do vencimento, quanto aos débitos vincendos. Nesse sentido, é a norma do 
artigo 1.146/CC: 
O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à 
transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo 
solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da 
publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. 
A cláusula de não concorrência, igualmente, encontra-se implícita em qualquer contrato de 
alienação de estabelecimento comercial, e vem prevista no art. 1.147/CC. O prazo é de cinco anos, 
subsequentes à transferência. Seu escopo fundamental é o de impossibilitar a concorrência do 
alienante na mesma praça em que o adquirente exerce a sua atividade. 
Em relação aos contratos de trato sucessivo para a exploração do estabelecimento, sem 
caráter pessoal, salvo estipulação em contrário, transferem-se automaticamente ao adquirente. Aos 
terceiros resta, caso provada justa causa, denunciar o contrato no prazo de até noventa dias, 
contados a partir da transferência. Tal disposição encontra-se no artigo 1.148/CC. 
Por fim, os contratos, que tenham por objeto a alienação, o usufruto ou o arrendamento do 
estabelecimento, só produzirão efeitos quanto a terceiros depois de averbados à margem da 
inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e 
de publicados na imprensa oficial. 
Para que o comerciante possa alienar o seu fundo de comércio, deve obter prévia anuência 
dos credores existentes à época. Essa e outras restrições são impostas, respectivamente, pelo artigo 
129, VI, da Lei 11.101/05 (Lei de Falências e Recuperação Econômica de Empresas) e pelo art. 
1.145/CC. Assim, vejam-se: 
Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento do 
estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores: 
[...] 
VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou o 
pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens 
suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos 
credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e 
documentos; 
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da 
alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento 
destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. 
 
Essa anuência pode ser expressa ou tácita. A anuência tácita ocorre quando os credores, 
depois de notificados, deixam de se manifestar em contrário nos trinta dias seguintes à notificação 
expedida pelo devedor que aliena seu estabelecimento. 
Em apenas uma hipótese, está o empresário dispensado da observância dessa cautela 
(solicitação de anuência dos credores), a saber: caso restem, em seu patrimônio, bens suficientes 
para a solvência do passivo. A contrario sensu, se o empresário aliena o estabelecimento sem a 
anuência dos credores, não possuindo bens suficientes para a solvência do seu passivo, o ato da 
alienação será considerado ineficaz em relação à massa falida. 
 
 
 
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Quanto à transferência do passivo, assim entendido como as dívidas decorrentes da atividade 
empresarial exercida pelo alienante, ressalta-se que ele se transfere do alienante para o adquirente 
do fundo de comércio. 
a) Créditos trabalhistas: os créditos de natureza trabalhista transferem-se ao adquirente do 
fundo de comércio, por expressa disposição legal do artigo 448/CLT; 
b) Créditos fiscais: são transferidos ex lege, nos termos do artigo 133/CTN, ao adquirente. 
Cumpre observar, todavia, que a responsabilidade do adquirente poderá se dar de duas formas: 
subsidiária, se o alienante continuar a exercer atividade econômica que desenvolvia no 
estabelecimento comercial alienado; ou integral, se o alienante não mais explorar o comércio. 
Observação – Não há alienação quando o contrato de trespasse dispõe especificamente 
acerca da transferência, total ou parcial do passivo ao alienante, por ato volitivo das partes 
contratantes. 
 
 3.2 PONTO EMPRESARIAL 
É o local em que se encontra instalado o estabelecimento empresarial. Muitas vezes, em 
consequência do ramo de atividade explorada, a localização do estabelecimento empresarial pode 
significar um acréscimo no seu valor. A Lei n.º 8.245/91 (Lei de Locações) protege o ponto 
empresarial (valor agregado), e concede ao locatário o direito de renovação compulsória do 
contrato de locação, desde que a referida locação seja considerada não-residencial.5 
Desse modo, o locatário que exerce qualquer atividade empresarial no imóvel locado poderá 
pleitear judicialmente a renovação compulsóriado contrato de locação, porém é necessário que 
satisfaça os seguintes requisitos previstos no artigo 51 da Lei de Locações: 
Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do 
contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente: I – o contrato a renovar tenha sido 
celebrado por escrito e com prazo determinado; II – o prazo mínimo do contrato a renovar ou a 
soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos; III – o locatário esteja 
explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos. 
Em relação ao segundo requisito, importa ressaltar que a soma dos prazos dos contratos 
anteriormente assinados e ininterruptamente renovados por acordos amigáveis, admitidos pela lei, 
recebe a denominação de accessio temporis. Esse instituto pode ser utilizado pelo sucessor ou 
cessionário do locatário, de acordo com entendimento sumulado pelo STF (Súmula 482/STF). 
 
 3.3 NOME EMPRESARIAL 
Todo empresário, seja aquele que exerce sua atividade por meio de firma individual ou por meio 
de sociedades empresariais, deve adotar um nome pelo qual sua pessoa exercerá as atividades empresariais. 
Dessa forma, nome empresarial é a denominação com base na qual o empresário desenvolve as suas 
atividades, adquirindo direitos e assumindo obrigações. Esse instituto é disciplinado pela Lei n.º 8.934/94, que 
regulamenta o Registro de Empresas Mercantis, bem como pelo art. 1.155 a 1.168/CC. 
Como espécies de nomes empresariais passíveis de serem utilizados, há a firma (ou razão social) e a 
denominação. 
a) Firma ou razão social: quanto à sua estrutura, a firma é constituída com base no nome civil do 
comerciante individual ou dos sócios de determinadas sociedades comerciais. No tocante à sua função, 
 
5 As locações prediais de imóveis urbanos caracterizam-se como residenciais ou não residenciais. Por locações não-residenciais devem-se entender aquelas 
em que o locatário exerce atividade diversa da utilização para fins de moradia, assim entendidas tais atividades em seu sentido amplo, a exemplo de 
atividades sem fins lucrativos. 
 
 
 
 
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salienta-se que a firma constitui também a assinatura do comerciante, em todos os atos que este, em nome de 
sua firma, praticar. 
b) Denominação: toma como inspiração a indicação da atividade desenvolvida pela sociedade 
empresária. 
Assim, para efetiva distinção entre firma e denominação, conclui-se necessária a consideração da 
função exercida pelo nome empresarial, uma vez que ambas podem adotar um nome civil, com natureza de 
firma ou denominação, para sua formação. Como critério subsidiário aponta-se ainda a possibilidade de 
utilização destas espécies por determinadas empresas, uma vez que a determinados tipos societários é vedada 
a utilização da modalidade “denominação”. 
Desse modo, via de regra, somente as sociedades em comandita por ações e as sociedades por quotas 
de responsabilidade limitada adotam firma ou denominação, a seu critério. As demais adotam, 
obrigatoriamente, firma, a exceção da sociedade anônima, que se utiliza obrigatoriamente de denominação. 
A proteção jurídica ao nome empresarial resulta do arquivamento dos seus atos constitutivos 
na Junta Comercial. A proteção fornecida ao nome empresarial restringe-se, de início, aos limites 
territoriais de cada Estado, pois a Junta Comercial é um órgão estadual. Nada impede, porém, que o 
empresário requeira o registro ao Departamento Nacional do Registro do Comércio (DNRC), com 
validade e proteção em âmbito nacional. Atente-se, ainda, que a norma esculpida no artigo 
1.164/CC determina ser o nome empresarial inalienável. 
 
 3.4 OBRIGAÇÕES COMUNS A TODOS OS EMPRESÁRIOS 
a) Das obrigações gerais: ao empresário são impostas diversas obrigações, tais como 
pagamento dos tributos, respeito às leis ambientais e às normas relativas à concorrência. 
Entretanto, é o Código Civil que impõe obrigações específicas ao empresário, em especial, aquelas 
que dizem com a escrituração de seus negócios. 
Dentre as obrigações, destacam-se as seguintes: 
– É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da 
respectiva sede, antes do início de sua atividade; 
– O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, 
mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a 
documentação respectiva; 
– Levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico; 
– Fazer registrar no Registro Público de Empresas Mercantis todos os documentos cujo registro 
for expressamente exigido por lei, dentro de 30 dias contados de sua assinatura, a cuja data 
retroagirão os efeitos do arquivamento (art. 36 da Lei 8.934/94); 
– O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a 
escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer 
prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados. 
 
Observações – Ante a não escrituração contábil, embora não haja previsão de sanção pelo 
Código Civil, vale lembrar que a Lei de Falências prevê a impossibilidade de o empresário utilizar dos 
benefícios da recuperação judicial ou extrajudicial da empresa (arts. 51 e 163), além da 
caracterização de crime falimentar, art. 168 da Lei 11.101/05. 
Existe apenas uma categoria de empresários que se encontra dispensada de escriturar os 
livros obrigatórios: microempresários e empresários de pequeno porte não optantes pelo SIMPLES6. 
 
6 Sobre o SIMPLES, vide art. 7.º da Lei n.º 9.317/96. 
 
 
 
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b) Dos livros empresariais: os livros comerciais podem ser obrigatórios e facultativos, 
subdividindo-se em comuns e especiais, conforme abaixo: 
– Obrigatórios: por livros obrigatórios, entendem-se aqueles cujas escriturações devem ser 
inexoravelmente observadas pelos comerciantes. Subdividem-se em comuns e especiais: 
– Comuns: a escrituração é imposta a todos os empresários, sem qualquer distinção. A 
legislação brasileira prevê apenas uma espécie, o Diário, conforme o art. 1.180/CC: 
Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por 
fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fichas não 
dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado 
econômico. 
– Especiais: a escrituração é imposta a uma determinada categoria de empresário, a exemplo 
do livro de Registro de Duplicatas, que é exigido somente ao empresário que emite duplicatas (art. 
19 da Lei nº. 5.474/68). 
– Facultativos: têm por escopo auxiliar o empresário a desenvolver suas atividades 
econômicas. Exemplo: livro-caixa, livro-razão, entre outros. A ausência desses livros não gera 
qualquer sanção, todavia, se for realizada a opção de escriturá-los, deve-se fazê-la nos moldes da 
Lei n.º 9.934/94. 
Para que a escrituração mercantil seja regular e produza os efeitos jurídicos determinados 
pela lei, devem-se observar alguns requisitos intrínsecos e extrínsecos: 
– Intrínsecos: dizem respeito ao modo como devem ser escriturados os livros comerciais. Tal 
previsão vem definida no art. 1.183/CC: 
A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por 
ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, 
emendas ou transportes para as margens.Parágrafoúnico. É permitido o uso de código de números 
ou de abreviaturas, que constem de livro próprio, regularmente autenticado. 
– Extrínsecos: dizem respeito à segurança que deve ser dada à escrituração empresarial, ou 
seja, o cumprimento de suas formalidades essenciais (artigo 1.181/CC: 
Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de 
postos em uso, devem ser autenticadas no Registro Público de Empresas Mercantis. Parágrafo único. 
A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade empresária, que 
poderá fazer autenticar livros não obrigatórios. 
c) Exibição dos livros empresariais: Os livros empresariais por conterem informações de 
cunho personalíssimo estão protegidos pelo princípio do sigilo. Por isso que a exibição dos livros 
empresariais está restrita a hipóteses previstas em lei. 
Segundo o artigo 1.190/CC: 
Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer 
pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade 
empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei. 
Sendo assim, o juiz ou tribunal somente poderão autorizar a exibição integral dos livros e 
papéis de escrituração quando necessária para resolver questões expressamente delineadas no 
Código Civil, tais como indica o art. 1.191 “O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e 
papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou 
sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência”. 
 
 
 
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A exibição dos livros pode ser feita de forma integral ou parcial. Será integral, conforme prevê 
o art. 381 do CPC, quando se tratar de liquidação de sociedade, sucessão por morte do sócio e 
sempre que assim determinar a lei. Já a exibição parcial tem espaço quando bastar a extração de 
uma suma que interessar ao juízo, consoante previsão do artigo 382/CPC. 
 
Ainda, segundo a Súmula 260 do STF, “O exame de livros comerciais, em ação judicial, fica 
limitado às transações entre os litigantes”. 
d) Eficácia probatória dos livros empresariais: o empresário, ao não escriturar regularmente 
seus livros, além de os livros irregulares fazerem prova contra ele, não pode se valer da eficácia 
probatória em seu favor, ou seja, não poderá exibi-los para fazer prova em juízo. 
Determina o artigo 378/CPC que os livros comerciais provam contra o seu autor. A 
escrituração nada mais é senão um documento firmado pelo próprio empresário e, por isso, pode 
ser utilizado como se fosse uma confissão do empresário. 
Todavia, os livros empresariais também fazem prova contra os demais empresários desde que 
estejam regulares e acompanhados da respectiva documentação contábil. Nesses exatos termos, é a 
previsão do artigo 379/CPC que afirma: “[...] os livros comerciais, que preencham os requisitos 
exigidos por lei, provam também a favor do seu autor no litígio entre comerciantes”. 
 
3.5. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA: 
A Lei nº 12.441, de 11 de julho de 2011 inseriu em nosso sistema jurídico a Empresa Individual 
de Responsabilidade Limitada, ampliando as hipóteses de pessoas jurídicas de direito privado 
indicadas no artigo 44 do Código Civil e acrescentando neste diploma legislativo o artigo 980-A. 
A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada é uma pessoa jurídica constituída por uma 
única pessoa, titular da totalidade do capital social, que deve ser integralizado com no valor 
representante de no mínimo 100 (cem) vezes o maior salário mínimo vigente no país. Esta 
modalidade também poderá resultar da concentração das quotas de alguma modalidade societária 
num único sócio, independente das razões que motivaram tal concentração. 
Esta pessoa jurídica poderá adotar firma ou denominação social, acrescida da inclusão da 
expressão “EIRELI” e o seu sistema de responsabilidade seguirá, no que couber, as regras previstas 
para a sociedade limitada. 
Cabe ressaltar também que a pessoa natural que constituir Empresa Individual de 
Responsabilidade Limitada somente poderá figurar em uma única empresa desta modalidade e que 
poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação 
de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de 
autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, 
vinculados à atividade profissional. 
A administração da EIRELI poderá ser realizada pelo próprio instituidor ou por pessoa por 
terceiro por ele indicado, respondendo por culpa no desempenho de suas atribuições perante 
terceiros prejudicados. 
Conforme a designação já indica, o instituidor da EIRELI não possui responsabilidade pelas 
dívidas da empresa individual, ressalvadas as hipóteses excepcionais indicadas no regramento sobre 
a Sociedade Limitada, que são aplicadas subsidiariamente à EIRELI (arts. 50 – teoria da 
desconsideração da personalidade jurídica -,1.055, §1º, 1.059, 1.080 do CC). 
 
 
 
 
 
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 3.6. DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL 
Vimos acima, ao tratar do tema do estabelecimento, que o empresário, para o exercício da 
sua atividade profissional, se vale de uma série de instrumentos, de ordem material (insumos, 
maquinários, etc.) e imaterial (invenções, modelos de utilidade, desenhos industriais e marcas). 
Estes últimos, além da sua inquestionável valoração econômica, recebem tutela jurídica específica, 
por meio do chamado direito da propriedade industrial. 
 No Direito Brasileiro o tema é regrado pela Lei nº 9.279/96, que protege a concessão de 
patentes de invenção e de modelos de utilidade, o registros de desenhos industriais e de marcas, 
realiza a repressão às falsas indicações geográficas e à repressão à concorrência desleal, sendo os 
direitos de propriedade industrial concedidos pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial, mais 
conhecido pela sigla INPI. 
Para que sejam patenteáveis as invenções e os modelos de utilidade (objeto de uso prático, 
ou de parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, 
envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação) 
devem ser preenchidos os seguintes requisitos: (a) novidade, (b) atividade inventiva, (c) aplicação 
industrial e (d) licitude. 
 O pedido de patente é formulado perante o INPI, tendo legitimidade para tanto, além do 
autor, os herdeiros ou sucessores do autor, o cessionário ou aquele a que a lei ou o contrato de 
trabalho ou a prestação de serviços determinar que pertença a titularidade. 
 A patente de invenção vigorará por prazo de 20 anos e a de modelo de utilidade por prazo 
de 15 anos, contados da data do depósito. Não estão sujeitos à patente os programas de 
computador e as técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos. 
Os desenhos industriais estão sujeitos a registro no IPNI, considerando-se como tal a forma 
plástica ornamental de um objeto ou um conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser 
aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa 
e que possa servir de tipo de fabricação industrial. 
São requisitos para o registro de desenhos industriais: (a) novidade; (b) originalidade; (c) 
aplicação industrial e (d) licitude. O prazo de vigência de seu registro é de 10 anos, contados da data 
do depósito, mas a legislação permite a prorrogação deste registro por três períodos sucessivosde 
cinco anos cada. 
As marcas são sinais distintivos visuavelmente perceptíveis, não compreendidos nas 
proibições legais, que exercem a função primordial de diferenciação de produto ou serviço em 
relação a seus concorrentes. A legislação distingue três espécies : marcas de produto o serviço; 
marcas de certificação (que atesta a conformidade de um produto ou serviço com determinadas 
normas técnicas) e marcas coletivas (utilizadas para identificar produtos ou serviços provenientes 
de membros de uma determinada entidade). É interessante lembrar também que a legislação faz 
referência a chamada marca de alto renome, que é aquela conhecida por consumidores de diversos 
segmentos do mercado, mas que na sistemática normativa não se confunde com a marca 
notoriamente conhecida, que recebe a proteção legal em relação a atos de concorrência desleal. 
São requisitos para o registro de marcas no INPI: (a) novidade relativa, (b) não colidência e (c) 
licitude. O INPI poderá indeferir de ofício pedido de registro de marca que reproduza, no todo ou em 
parte, marca notoriamente conhecida. 
O prazo de vigência do registro da marca é de dez anos, contados da data da concessão, 
podendo ser prorrogado por períodos iguais e sucessivos. Cabe ressaltar que permite a cessão de 
pedido de registro de marcas, devendo o cessionário atender aos requisitos legais. 
 
 
 
 
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 4.1 TEORIA GERAL DO DIREITO SOCIETÁRIO 
a) Conceito de sociedade empresária: a sociedade empresária, que substitui a antiga 
sociedade comercial, é aquela que desenvolve atividade típica em empresário, ou seja, possui uma 
atividade organizada, com o fim de circulação de mercadorias ou prestação de serviços. Para que se 
constitua uma sociedade, é indispensável a presença de pelo menos dois sócios (com exceção da 
situação da sociedade subsidiaria integral, art. 251/LSA). 
Deste modo, desenvolvendo atividade empresarial, a sociedade recebe a denominação de 
sociedade empresária. Em contrapartida, não desenvolvendo tais atividades, receberá a 
denominação de sociedade simples. 
O critério que difere as sociedades empresariais das simples é o modo como exploram seu 
objeto, ou seja, é o modo como desenvolvem suas atividades. Caso explore seu objeto social 
organizando profissionalmente os fatores de produção, estar-se-á diante de uma sociedade 
empresária. A sociedade simples terá por objeto as atividades que não forem típicas de empresário, 
como a atividade artística, literária e científica (art. 966, par. único/CC). 
Cumpre salientar, ainda, que certas sociedades serão sempre empresariais, não importando o 
tipo de atividade que exerçam, como é o caso das Sociedades por Ações (sociedade anônima e 
sociedade em comandita por ações). Por outra via, prevê o Código Civil que as cooperativas serão 
sempre sociedades simples, não importando a atividade que desenvolvam. As primeiras são as 
sociedades empresárias por determinação legal, enquanto as últimas são as sociedades simples por 
determinação legal (art. 982, parágrafo único/CC). 
b) Personalização da sociedade empresária: a primeira noção a ser fixada é que a pessoa 
jurídica não se confunde com as pessoas dos sócios que compõe a sociedade. Dessa forma, em 
decorrência de a sociedade empresária possuir personalidade jurídica, podem-se destacar três 
consequências principais, senão vejam-se: 
–Titularidade negocial: quem desenvolve a atividade econômica, assumindo obrigações e 
adquirindo direitos na ordem civil e empresarial, é a sociedade empresária e não os sócios que a 
compõem; 
– Titularidade processual: à sociedade empresaria confere-se legitimidade para demandar e 
ser demandada em juízo; 
– Responsabilidade patrimonial: a sociedade responde com seu próprio patrimônio pelas 
obrigações que assumir, patrimônio esse que não se confunde com o patrimônio dos sócios que a 
compõem. Os sócios, em regra, não responderão pelas obrigações assumidas pela sociedade. 
A doutrina ainda aponta como requisitos para a formação das sociedades dois elementos, 
quais sejam: pluralidade de sócios e affectio societatis. A pluralidade de sócios é elemento 
fundamental de toda sociedade, notadamente, no campo empresarial. Vale ainda referir que a 
sociedade empresária adquire personalidade jurídica com o arquivamento de seus atos constitutivos 
no registro competente. Pelo instituto da affectio societatis entende-se a necessidade de os sócios 
manifestarem de modo concreto a intenção de constituir sociedade comercial. 
Logo, pode-se concluir que a sociedade regular tem personalidade jurídica, e a sociedade 
irregular ou de fato não, embora lhe confira a lei capa-cidade processual ativa e passiva. 
 
 
 
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c) Constituição das sociedades contratuais – contrato social: sociedades contratuais são 
aquelas constituídas a partir de um contrato social decorrente do encontro de vontades de seus 
sócios, podendo ser dissolvidas nas hipóteses previstas em lei. A doutrina costuma caracterizar tal 
contrato como sendo uma espécie do gênero “contrato plurilateral” cujas vontades convergem para 
um objetivo comum. Os artigos 997 a 1.000/CC enumeram os requisitos, as cláusulas e a forma de 
modificação do contrato social. 
Para ser válido, o contrato social deve obedecer a alguns requisitos que, sem eles, torna-se 
inviável à produção de qualquer efeito, quais sejam: 
– Requisitos genéricos: observância dos elementos que validam os atos jurídicos em geral (art. 
104/CC); 
– Requisitos específicos: todos os sócios devem contribuir para a integralização do capital 
social, bem como devem participar dos resultados, sejam eles positivos ou negativos. 
Observação – Consoante o art. 981/CC, “Celebram contrato de sociedade as pessoas que 
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade 
econômica e a partilha, entre si, dos resultados.” 
Registre-se que, segundo o artigo 999/CC, toda modificação do contrato social que tenha por 
objeto matéria indicada no art. 997 deste Código depende do consentimento de todos os sócios. As 
demais podem ser decididas por maioria absoluta de votos, se o contrato não determinar a 
necessidade de deliberação unânime. 
d) Dissolução da sociedade empresária: antes de se falar em dissolução da sociedade 
empresarial, deve-se lembrar que a tendência atual do direito comercial é a prevalência do princípio 
da preservação da empresa. Em razão de uma empresa representar e abarcar uma série de 
interesses em torno da produção e circulação de riquezas, a sua existência e seu desenvolvimento 
deixam de ser assuntos apenas de alçada de seus sócios. 
A sociedade empresarial deixa de ter personalidade jurídica quando passa pelo processo 
denominado “dissolução” que poderá, nos termos do Código Civil, ser total ou parcial. Ambas as 
modalidades de dissolução poderão decorrer da vontade das partes (dissolução consensual) ou por 
determinação judicial (dissolução judicial). 
Quando conflitos entre sócios se tornam inevitáveis e impossibilitam a preservação dos laços 
contratuais, busca-se compatibilizar o fim destes laços com a preservação e continuidade da 
sociedade empresarial. Assim, restará dissolvida parcialmente a sociedade quando apenas parte dos 
vínculos que a originaram forem resolvidos, não importando em dissolução da empresa. Por outro 
lado, caso todos os vínculos da sociedade restarem dissolvidos, então terá havido a dissolução total. 
As causas da dissolução total encontram-se arroladas nos artigos 1.033 a 1.035/CC, enquanto 
as causasde dissolução parcial, também denominada resolução da sociedade em relação à parcela 
de seus sócios, são previstas nos artigos 1.028 e 1.029 do mesmo diploma legal. 
As causas de dissolução total são: vontade dos sócios (art. 1.033, II e III; decurso do prazo (art. 
1.033, I); falência da sociedade (art. 1.044); unipessoalidade por mais de 180 dias (art. 1.033, IV/CC 
e art. 206, I, da Lei das SA); não realização do objeto social (art. 1.034, II); extinção da autorização 
para funcionar (art. 1.033, V); outras causas definidas no contrato social (art. 1.035). 
As causas de dissolução parcial (exclusão ou retirada de sócio e apuração de haveres), que 
podem ser dividas em resolução judicial e administrativa, são: 
– Administrativa: exercício de direito de retirada (art. 1.077); expulsão administrativa do sócio 
minoritário (art. 1.085); morte do sócio (art. 1.028); liquidação da quota a pedido do credor do 
sócio (art. 1.026). 
 
 
 
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– Judicial: expulsão judicial do sócio majoritário em decorrência de falta grave ou 
incapacidade superveniente (art. 1.030); exclusão do sócio minoritário se não houver autorização 
no contrato social para fazê-lo administrativamente (art. 1.085). 
O processo de dissolução, como um todo, é formado por três etapas, a saber: 
– Dissolução (em sentido estrito): é o ato formal que desconstitui a sociedade. Poderá, 
conforme já dito, ser judicial ou extrajudicial a depender da natureza do ato dissolutório; 
– Liquidação: compreende a realização do ativo e o pagamento do passivo, ou seja, durante a 
fase de liquidação, os bens da sociedade são alienados e, com o produto dessa alienação, os 
credores são pagos; 
– Partilha: corresponde ao momento em que os sócios participam do acervo social, ou seja, 
vendidos todos os bens e pagos todos os credores, os bens que restarem serão partilhados entre os 
sócios. 
LEMBRE-SE: 
 
 
Durante esse processo, a sociedade empresária ainda terá personalidade jurídica, tendo em 
vista possuir negócios pendentes a serem terminados. 
No processo de liquidação, a sociedade deverá agregar ao seu nome empresarial a expressão 
“em liquidação” e, além disso, deverá ser nomeado um liquidante que será responsável pela 
liquidação da sociedade, conforme consta no art. 1.036/CC, o qual determina, em sua parte final, 
que a sociedade comercial em liquidação deverá cumprir todos os negócios pendentes, não 
podendo fazer novos contratos, sob pena de responderem os sócios de maneira solidária e ilimitada, 
visto que, se fosse permitida a continuação dos negócios usuais, a empresa estaria em plena 
atividade. 
e) Regime jurídico dos sócios: de uma maneira geral, pode-se dizer que sócios são aqueles 
que contribuem para a constituição da sociedade ou que nela ingressam posteriormente à sua 
formação, podendo ser pessoas físicas ou jurídicas. Representando parcela do capital social, serão os 
sócios titulares de direitos e obrigações. 
– Principais deveres dos sócios: quando da constituição da sociedade, a principal obrigação 
dos sócios está justamente vinculada à integralização do capital. O montante de contribuição de 
cada sócio não deverá ser, necessariamente, igual para todos, pois sempre haverá proporção entre o 
valor da contribuição do sócio e a quantidade de quotas ou ações a serem distribuídas. O sócio que 
não cumpre com a obrigação de subscrever o capital social será considerado “remisso”. Nessa 
circunstância, os demais sócios podem optar em cobrar judicialmente a dívida ou pela sua exclusão. 
 
 
 
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– Principais direitos dos sócios: dentre os direitos dos sócios destacam-se a participação nos 
resultados sociais (art. 1.008/CC); administração da sociedade (art. 1.010/CC); fiscalização da 
administração (arts. 1.020 a 1.021/CC) e exercício do direito de retirada (art. 1.029/CC). 
– Exclusão do sócio: o sócio poderá ser excluído da sociedade quando ocorrer a mora na 
integralização (art. 1.004/CC) – justa causa. Vale frisar que não é a sociedade em si que expulsará o 
sócio, mas os demais sócios diante da ocorrência de fato definido em lei. Outrossim, mister a 
deliberação majoritária por parte dos sócios no sentido da exclusão. 
 
 4.2 CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES EMPRESARIAIS 
a) Noções gerais: o Código Civil foi responsável pela derrogação do Código Comercial no que 
pertine ao estudo das sociedades empresárias. Vale lembrar que nem todas as sociedades são 
reguladas pelo atual Código Civil, pois que as Sociedades Anônimas ainda são reguladas pela Lei n.º 
6.404/76 (LSA). Por outro lado, a sociedade de capital e indústria deixa de ser uma espécie de 
sociedade e passa a ser uma forma de contribuição para a formação do capital social das sociedades 
tipificadas por lei. 
As sociedades previstas no novo Código Civil são: sociedade em comum, arts. 986 a 990/CC; 
sociedade em conta de participação, arts. 991 a 996/CC; sociedade simples, arts. 997 a 1.038/CC; 
sociedade em nome coletivo, arts.1.039 a 1.044/CC; sociedade em comandita simples, arts. 1045 a 
1051/CC; sociedade limitada, arts. 1.052 a 1.087/CC; sociedade anônima, arts. 1.088 a 1.08/CC e Lei 
6.404/76; sociedade em comandita por ações, arts. 1.090 a 1.092/CC e Lei 6.404/76; sociedade 
cooperativa, arts. 1.093 a 1.096/CC. 
 
b) Dos diversos critérios de classificação: 
1. Quanto ao objeto: com base neste critério, as sociedades são classificadas em empresárias 
e simples. 
– Sociedades empresárias: a teor do que dispõe o art. 982/CC, empresária é a sociedade que 
tem por escopo o exercício da atividade própria do empresário, ou seja, atividade econômica 
organizada para a produção de bens ou serviços, saliente-se que toda Sociedade Anônima, 
independentemente do objeto, é sociedade empresária. 
Ainda, segundo dispõe o art. 983, deverão se constituir segundo os tipos regulados pelos arts. 
1.039 a 1.092, todos do CC, devendo ser registradas nas Juntas Comerciais. 
– Sociedades simples: são as sociedades que possuem objeto não pertinente à atividade 
empresarial (atividade artística, literária e científica). 
2. Quanto à forma de constituição: em relação a este critério, as sociedades empresárias 
dividem-se em sociedades regulares e não-regulares, ou seja, personificadas e não personificadas. 
– Regulares ou personificadas: são aquelas sociedades que apresentam contrato escrito e 
registrado na Junta Comercial. Encontram-se previstas a partir do artigo 997/CC. 
– Irregulares, ou “de fato”, ou em comum:7 são aquelas sociedades que não possuem contrato 
escrito, ou registrado na Junta Comercial. Encontram-se previstas no CC, o qual prevê dois tipos de 
sociedades não personificadas: a sociedade em comum (art. 986 a 990) e a sociedade em conta de 
participação (art. 991 a 996). 
 
7 Atente-se para o fato de a doutrina distinguir sociedade irregular de sociedade “de fato”. A primeira teria ato constitutivo escrito, 
enquanto que a segunda nem mesmo tal ato possuiria. Essa discussão ganha relevo na medida em que, segundo o artigo 987/CC, aquele 
que faz parte de uma sociedade irregular tem ação para o reconhecimento do vínculo societário, mas o que integra uma sociedade de fato 
não teria tal direito. 
 
 
 
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Dentre as limitações decorrentes da irregularidade das sociedades, ressalte-se que as 
sociedades não-regulares não têm legitimidade para o pedido de falência de seus devedores, seus 
livros comerciaisnão têm eficácia probatória (salvo contra estas mesmas), bem como todos os seus 
sócios responderão ilimitadamente pelas dívidas contraídas em nome da sociedade, ainda que o 
contrato social disponha o contrário (art. 990/CC). 
3. Quanto ao regime de constituição: as sociedades empresárias, quanto ao regime de 
constituição, classificam-se em sociedades contratuais e sociedades institucionais. 
– Sociedades contratuais: são aquelas constituídas a partir de um contrato social, podendo ser 
dissolvidas nas hipóteses previstas em lei. Os artigos 1.033, 1.044 e 1.087/CC enumeram as 
hipóteses de dissolução total que devem existir sempre que não for possível a dissolução parcial, 
solução priorizada em razão do princípio da preservação da empresa. Registre-se que, se ocorrer 
substituição dos sócios integrantes da pessoa jurídica, será necessária a alteração do contrato, 
atualizando o seu rol de integrantes. 
– Sociedades institucionais: são aquelas constituídas a partir de um estatuto social, podendo 
ser dissolvidas por deliberação majoritária dos acionistas (assim denominados os integrantes de tais 
sociedades). A substituição dos acionistas é feita por agregação, operacionalizada por meio da 
alienação das partes societárias, denominadas ações, não sendo necessário que participem do ato 
de constituição. 
Apresentam-se, na tipologia das sociedades, como institucionais as sociedades anônimas e as 
sociedade em comandita por ações. 
Cumpre ressaltar que, nas sociedades institucionais, o capital social é dividido em ações e o 
titular de cada ação denomina-se acionista. 
4. Quanto às condições para a alienação da participação societária: com relação às condições 
para a alienação da participação societária, as sociedades empresárias subdividem-se em duas 
modalidades de classificação, quais sejam, sociedades de pessoas e sociedades de capital. 
– Sociedades de pessoas: nestas espécies, as características pessoais dos sócios têm 
relevância para a sua constituição, desenvolvimento e sucesso. Assim, as sociedades de pessoas são 
as constituídas em função da qualidade pessoal dos sócios. Nelas, não se admite a alienação da 
participação societária por um sócio sem anuência dos demais. Nas sociedades de pessoas, os sócios 
têm direito de vetar o ingresso de estranho no quadro associativo. 
– Sociedades de capital: nestas espécies, relevante é a contribuição material dos sócios em 
favor da sociedade. Esse tipo de sociedade é constituído visando, principalmente, o capital social, ou 
seja, a pessoa do sócio é irrelevante. Assim, a participação societária é livremente transferível a 
terceiros. 
5. Quanto à responsabilidade dos sócios ou acionistas pelas obrigações da sociedade: os bens 
particulares dos sócios só podem ser executados por dívidas da sociedade depois de executados 
todos os bens sociais, pois a sociedade tem personalidade jurídica, ou seja, possui patrimônio, 
capacidades negocial e processual próprias, diversas do patrimônio e da capacidade individuais dos 
sócios. Pelas dívidas da sociedade, inicialmente, responderá o patrimônio social e, de maneira 
subsidiária, o patrimônio individual do comerciante. 
O art. 596/CPC também prevê a possibilidade de os bens particulares dos sócios responderem 
subsidiariamente pelas dívidas da sociedade, corroborando assim como o ensinamento da diferença 
de personalidades entre a pessoa jurídica e seus integrantes. 
Note-se que essa regra também vale para a sociedade não-regular, ou seja, o sócio sempre 
responderá subsidiariamente pelas dívidas por ela contraída; pois, mesmo não-regular, a sociedade 
 
 
 
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possui patrimônio próprio, sendo este responsabilizado em primeiro lugar em que pese às 
divergências doutrinárias ainda existentes. 
A sociedade empresarial, segundo o critério de responsabilidade subsidiária dos sócios, pode 
ser ilimitada, mista ou limitada. 
– Sociedade de responsabilidade ilimitada: todos os sócios respondem com seu patrimônio 
pessoal, de forma ilimitada, pelas obrigações da sociedade após esgotadas as suas forças. Cite-se 
como exemplo a sociedade em nome coletivo. 
– Sociedade de responsabilidade mista: uma parte dos sócios responde de forma ilimitada 
pelas obrigações da sociedade e outra parte responde de forma limitada, ou sequer responde pelas 
obrigações contraídas pela sociedade. Pertencem a esta espécie as seguintes sociedades: sociedade 
em comandita simples e a sociedade em comandita por ações. 
– Sociedade de responsabilidade limitada: todos os sócios respondem com seu patrimônio 
pelas obrigações da sociedade de forma limitada. Pertencem a esta categoria a sociedade limitada e 
a sociedade anônima. 
 
4.3 ESPÉCIES DE SOCIEDADES EMPRESÁRIAS 
4.3.1 SOCIEDADE EM NOME COLETIVO 
a) Noções Gerais: a sociedade em nome coletivo é de pouca utilização prática, face ao seu 
peculiar sistema de responsabilidade. A sua regulamentação jurídica é encontrada nos arts. 1039 a 
1044/CC. No sistema brasileiro, essa forma de sociedade somente pode ser constituída por sócios 
pessoas naturais capazes, ou seja, é proibida a participação de pessoas jurídicas ou incapazes nessa 
sociedade. A administração da sociedade em nome coletivo somente pode ser exercida por sócio 
indicado no contrato social. Na falta dessa indicação, na administração societária, todos os sócios 
passam a ter poderes de administração. 
 O contrato social dessa espécie segue as indicações do art. 997/CC, e aplicam-se, 
subsidiariamente, as regras da sociedade simples naquilo que for compatível, inclusive no que diz 
respeito a sua dissolução. 
b) Sistema de responsabilidade: na sociedade em nome coletivo, existe responsabilidade 
pessoal dos sócios (com patrimônio próprio destes), de forma subsidiária (primeiro, a execução deve 
recair sobre os bens da sociedade), solidária (os credores podem exigir o pagamento da dívida em 
relação a um, alguns ou todos os sócios, conjuntamente) e ilimitada (respondem com todos os seus 
bens pessoais, com exceção dos impenhoráveis). Assim, se o patrimônio pessoal não se mostrar 
suficiente para o pagamento das dívidas da sociedade, os sócios passam a assumir a posição de 
garantidores implícitos dos credores. 
Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato constitutivo ou 
por unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada sócio, o que poderá 
servir para o eventual direito de regresso de sócio em relação aos demais. 
.c) Nome empresarial: Nos termos do art. 1157/CC a sociedade em nome coletivo adotará 
firma ou razão social, na qual irão figurar o nome dos sócios. Em não havendo a integração do nome 
de todos os sócios na firma ou razão social esta deverá conter a expressão ‘companhia’, ou a sua 
abreviatura, ao final. 
 
 4.3.2 SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES 
a) Noções Gerais: a sociedade em comandita8 simples é composta por duas espécies de 
sócios: o(s) sócio(s) comanditado(s), necessariamente pessoa natural capaz; e o(s) sócios 
 
8 Conforme ensina Arnaldo Rizzardo “o significado de sociedade em comandita provém do italiano, partindo-se do verbo ‘comanditar’, com 
a ideia de ‘custódia’, ‘tutela’. Pode a palavra expressar a entrega de valores ou fundos, a fim de serem geridos em atividade negocial, ou 
 
 
 
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comanditário(s), pessoa natural ou jurídica, sendo que o contrato social deverá discriminar essas 
duas classes de sócios. 
Essa forma societária recebe a aplicação subsidiária da sociedade em nome coletivo e, 
consequentemente, o seu contrato socialobservará as disposições estabelecidas no art. 977/CC. 
A dissolução da sociedade, além das hipóteses tradicionais indicadas no art. 1033/CC, 
ocorrerá quando, por mais de cento e oitenta dias, perdurar a falta de uma das categorias de sócio. 
Se a falta for de sócio comanditado, a outra categoria de sócios nomearão administrador provisório 
para praticar, durante o referido período, os atos de administração. 
No caso de morte do sócio comanditário, a sociedade, salvo disposição contratual em 
contrário, continuará com seus sucessores que designarão quem os represente. 
b) Sistema de responsabilidade: nesta espécie societária os sócios comanditados, respondem 
subsidiária, solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. A atuação destes é muito 
semelhante a do sócio em nome coletivo, tanto que o parágrafo único do art. 1046/CC determina 
que aos comanditados cabem os mesmos direitos e obrigações dos sócios da sociedade em nome 
coletivo. Os sócios comanditários possuem responsabilidade limitada, ou seja, somente pelo valor 
da sua quota. 
A gestão social é exclusiva dos sócios comanditados; sendo, portanto, vedada aos sócios 
comanditários, mas estas poderão participar das deliberações e fiscalizar as operações societárias, 
podendo inclusive ser constituídos procuradores da sociedade para negócios determinados e com 
poderes especiais. Caso algum sócio comanditário venha a realizar atos de gestão ou tenha o seu 
nome na firma social; ficará, então, sujeito às mesmas responsabilidades do sócio comanditado. 
c) Nome empresarial: a composição da firma, ou razão social, somente poderá espelhar-se no 
nome pessoal dos sócios comanditados. 
 
 4.3.3 SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES 
a) Noções Gerais: as sociedades em comandita por ações são sociedades de capital e, de 
acordo com o disposto no artigo 1.090/CC, esta sociedade em comandita tem o capital dividido em 
ações, regendo-se pelas normas relativas à sociedade anônima (Lei n.º 6404/76). 
Ainda, conforme o artigo 1.092/CC, a assembleia geral não pode, sem o consentimento dos 
diretores, mudar o objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração, aumentar ou 
diminuir o capital social, criar debêntures, ou partes beneficiárias. Vale referir que, ao contrário da 
sociedade anônima, a sociedade por comandita por ações não possui conselho de administração, 
não pode ter capital autorizado e não pode emitir bônus de subscrição. 
b) Sistema de responsabilidade: somente o acionista tem qualidade para administrar a 
sociedade e, como diretor, responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade. Se 
houver mais de um diretor, serão solidariamente responsáveis depois de esgotados os bens sociais 
c) Nome empresarial: a sociedade em comandita por ações opera sob firma, com a indicação 
do nome próprio de seus diretores, sempre seguida das palavras “comandita por ações”, por 
extenso ou abreviadamente. Entretanto, de acordo com o disposto no art. 1161CC, a sociedade em 
comandita por ações poderá, em lugar da firma, adotar denominação designativa do objeto social, 
aditada da expressão “comandita por ações”. 
 
 
representar o ato de gerir a atividade negocial. Outrossim, lembra Gladston Mamede que ‘comanditar’ é ser ‘comanditário de’, isso é, 
fornecer os fundos para uma sociedade em comandita, entregá-los a outrem (o comanditado) [...] Comanditar é encarregar (e não 
‘encarregar-se’) da administração dos fundos de uma sociedade em comandita” (in Direito de empresa, Forense, p. 177). 
 
 
 
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 4.3.4 SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO 
a) Noções gerais: as sociedades em conta de participação são espécie societária não 
personalizada, o que inclusive leva parte da doutrina a afirmar que ela não é uma sociedade 
propriamente dita, mas uma espécie de contrato associativo ou de participação. 
Os sócios participantes desta forma de sociedade são divididos em duas categorias. Vejam-se: 
 – Sócio ostensivo: aquele que mantém relação jurídica direta com terceiros, em nome 
próprio, assumindo obrigações e adquirindo direitos. Deve obrigatoriamente ser empresário, sendo 
responsável por todas as obrigações dos sócios, ou seja, é o único responsável pela atividade 
constitutiva do objeto social. 
– Sócio (s) participante(s) (oculto): apenas mantém relação jurídica com o sócio ostensivo, 
participando da sociedade geralmente com a disponibilização de capital e, por vezes, tomando 
decisões junto ao sócio ostensivo, mas sem vínculo direto com aqueles que negociam com a 
sociedade. 
A teor do que dispõe o artigo 991 e parágrafo único/CC, nas sociedades em conta de 
participação, a atividade é exercida unicamente pelo sócio ostensivo em seu nome individual, 
obrigando-se este perante terceiros exclusivamente. Já os sócios participantes obrigam-se perante o 
sócio ostensivo. 
Segundo o artigo 992/CC, a constituição da sociedade independe de qualquer formalidade, 
podendo ser provada por todos os meios de direito. Por outro lado, o contrato social produz efeitos 
tão-somente entre os sócios e o seu eventual registro não confere personalidade jurídica à 
sociedade (art. 993/CC). Ainda, o sócio participante não tem poderes de gerência, sob pena de se 
tornar solidariamente com ele responsável pelas obrigações em que intervier (parágrafo único do 
art. 993/CC). 
Saliente-se que as participações dos sócios representam patrimônio especial que produz 
efeitos somente em relação aos mesmos. Outrossim, falido o sócio ostensivo, haverá a dissolução da 
sociedade, sendo conferida ao crédito natureza quirografária. O artigo 994/CC finaliza determinando 
que a falência do sócio participante acarretará ao contrato social a sujeição às normas que regulam 
os efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido. 
A admissão de novos sócios pelo sócio ostensivo sem o consentimento expresso dos demais 
sócios é vedada, salvo estipulação expressa em sentido diverso no contrato social. 
Por fim, o artigo 996/CC determina que as Sociedades em Conta de Participação são reguladas 
subsidiariamente pelas disposições da sociedade simples e sua liquidação rege-se pelas normas 
relativas à prestação de contas na forma da lei processual. 
b) Nome empresarial: considerando-se que a sociedade em conta de participação não é 
personificada, ela não terá um nome empresarial. 
 
 4.3.5 SOCIEDADE LIMITADA 
a) Noções Gerais: a sociedade limitada é o tipo societário mais conhecido em nosso sistema, o 
que se deve, em muito, pelo seu sistema de responsabilidade limitada e a simplicidade em sua 
constituição. 
Anteriormente, a sociedade limitada era regulada pelo Dec. N.º 3.708/19. Atualmente, a 
matéria é tratada nos arts. 1052 a 1087/CC com a aplicação dos dispositivos destinados às 
sociedades simples naquilo que a lei for omissa. A aplicação subsidiária da Lei das Sociedades 
Anônimas, entretanto, poderá ocorrer, nos casos em que houver previsão contratual neste sentido. 
 
 
 
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b) Responsabilidade dos sócios: determina o artigo 1.052/CC que a responsabilidade de cada 
sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do 
capital social. 
No entanto, é possível encontrar, no ordenamento jurídico, algumas exceções à limitação da 
responsabilidade. São elas: 
– enquanto não estiver integralizado o capital social, todos os sócios respondem 
solidariamente pelo valor que faltar para completar a integralização.

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