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[V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OABNAMEDIDA.COM.BR DIREITO EMPRESARIAL APOSTILA INTEGRADA COM O APP! XXXII EXAME INCLUI: • Quadros de ATENÇÃO • Tabelas Comparativas • Esquemas Didáticos • Referências a temas cobrados em provas anteriores ATUALIZADO COM: • Lei nº 13.966/2019 (Nova de Lei de Franquias) • Lei nº 13.874/2019 (Sociedade Limitada Unipessoal) [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] Alteração Legislativa Atenção Exemplo OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 2 SUMÁRIO 1. EMPRESA E EMPRESÁRIO 1.1. CONCEITO 1.2. CAPACIDADE DO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 1.3. IMPEDIMENTOS 1.4. OBRIGAÇÕES DO EMPRESÁRIO 1.4.1 REGISTRO 1.4.2 ESCRITURAÇÃO DOS LIVROS 1.5. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 1.6. NOME EMPRESARIAL 2. PROPRIEDADE INDUSTRIAL 2.1. BENS PATENTEÁVEIS 2.1.1 INVENÇÃO 2.1.2 MODELO DE UTILIDADE 2.2. BENS REGISTRÁVEIS 2.2.1 DESENHO INDUSTRIAL 2.2.2 MARCA 3. DIREITO SOCIETÁRIO 3.1. SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS 3.1.1 SOCIEDADE EM COMUM 3.1.2 SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO 3.2. SOCIEDADES PERSONIFICADAS 3.2.1 SOCIEDADE COOPERATIVA 3.2.2 SOCIEDADE SIMPLES 3.2.3 EIRELI 3.2.4 SOCIEDADE EM NOME COLETIVO 3.2.5 SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES 3.2.6 SOCIEDADE LIMITADA 3.2.7 SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL 3.2.8 SOCIEDADE ANÔNIMA 3.2.9 SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES 3.3. GRUPOS DE SOCIEDADES 3.4. TRANSFORMAÇÃO, INCORPORAÇÃO , FUSÃO E CISÃO DAS SOCIEDADES. 4. TÍTULOS DE CRÉDITO 4.1. CONCEITO E PRINCÍPIOS 4.2. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 3 4.3. ESPÉCIES DE TÍTULOS DE CRÉDITO 4.3.1 LETRA DE CÂMBIO 4.3.2 NOTA PROMISSÓRIA 4.3.3 CHEQUE 4.3.4 DUPLICATA MERCANTIL 4.3.5 CONHECIMENTO DE DEPÓSITO DE MERCADORIAS E WARRANT 5. CONTRATOS MERCANTIS 5.1. COMPRA E VENDA MERCANTIL 5.2. COMISSÃO MERCANTIL 5.3. REPRESENTAÇÃO COMERCIAL 5.4. CONCESSÃO MERCANTIL 5.5. AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO 5.6. FRANQUIA 5.7. FATURIZAÇÃO 5.8. ARRENDAMENTO MERCANTIL 5.9. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA 5.10. LOCAÇÃO DE SHOPPING CENTER 6. FALÊNCIA 6.1. INSOLVÊNCIA 6.2. PROCESSO FALIMENTAR 6.3. SENTENÇA DECLARATÓRIA DE FALÊNCIA 6.4. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO 6.5. QUADRO GERAL DE CREDORES 6.6. REALIZAÇÃO DO ATIVO 6.7. FASE DE REABILITAÇÃO 7. RECUPERAÇÃO JUDICIAL 8. RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] 1 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 4 1. EMPRESA E EMPRESÁRIO 1.1. CONCEITO Em substituição à teoria dos atos de comércio adotada pelo código comercial de 1850, o código civil de 2002 passou a adotar, em seu art. 966, a teoria da empresa, conforme abaixo transcrito: Art. 966 do CC - Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Empresário, portanto, é quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Há, portanto, quatro elementos que definem o conceitos de empresa: Profissionalmente: desenvolvida com habitualidade, continuidade. Atividade econômica: é aquela que possui finalidade lucrativa. Organizada: reunião dos quatro fatores de produção, a saber: mão-de-obra, matéria-prima, capital, tecnologia. Na ausência de qualquer um desses fatores de produção, não há organização. Para a produção ou a circulação de bens ou de serviços: fabricação de bens, prestação de serviços e circulação de bens e serviços. O empresário pode ser pessoa física ou jurídica. No primeiro caso, será considerado empresário individual e, mesmo sendo pessoa física, deverá possuir CNPJ, para que possa ter o mesmo tratamento tributário das sociedades empresárias. Tratando-se de empresário pessoa jurídica, haverá uma sociedade empresária (art. 44, II, do CC) ou uma empresa individual de responsabilidade limitada – EIRELI (art. 44. VI), instituída pela Lei n. 12.441/2011. O sócio de sociedade empresária não é empresário, pois quem exerce a atividade empresarial é a sociedade. EXCEÇÕES AO CONCEITO DE EMPRESÁRIO: De acordo com o art. 966, parágrafo único, do CC “não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa”. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 5 Como regra geral, portanto, quem exerce profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística (como, por exemplo, médicos, arquitetos, advogados, cantores, desenhistas e dançarinos) não é considerado empresário. Mesmo que esses profissionais tenham auxiliares ou colaboradores, ainda assim não serão considerados empresários. Entretanto, se o exercício da profissão constituir elemento de empresa, ou seja, constituir uma atividade econômica profissional organizada para a produção ou circulação de bens e serviços, aí sim estará caracterizada a sociedade empresária TEMA COBRADO NO XV EXAME DA OAB/FGV. Se um médico exercer a sua profissão em um consultório com o auxílio de uma secretária e uma de enfermeira, isso, por si só, não configura atividade empresarial. Entretanto, se o mesmo consultório passar a oferecer, por exemplo, serviços de contratação de planos de saúde, haverá a constituição de elemento de empresa capaz de caracterizar a atividade como empresária, já que haverá também a oferta de serviços. Além disso, não se enquadram no conceito de empresário as cooperativas (art. 982 do CC) e o empresário rural, salvo, neste caso, se proceder à sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, hipótese em que será equiparado a empresário. Em resumo, portanto, não são considerados empresários: a) Quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa, b) Cooperativas e c) Empresário rural, salvo se proceder à sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis 1.2. CAPACIDADE DO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL De acordo com o art. 972 do CC, podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. Desse modo, os menores de 18 anos, os ébrios habituais e os viciados em tóxico, aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade e os pródigos não poderão exercer atividade empresarial, conforme art. 4 do CC, já que não são plenamente capazes, de acordo com o código civil. O emancipado, a princípio, tem capacidade empresarial, já que a partir da emancipação ele está em pleno gozo de sua capacidade civil. Entretanto, de acordo com o art. 976 do CC, ele deverá registrar a prova de sua emancipação perante o Registro Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial). O art. 974 do CC, por sua vez, estabelece que o incapaz poderá, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança, mediante autorização judicial, podendo esta, entretanto, ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros TEMA COBRADO NOS EXAMES XX E XXIX DA OAB/FGV. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 6 Desse modo, salvo os emancipados, o menorde 18 anos não poderá iniciar atividade empresarial. Entretanto, poderá continuar o exercício da atividade empresarial nas hipóteses previstas no art. 974 do CC. A responsabilidade do empresário individual é ilimitada, ou seja, os bens pessoais do empresário respondem pelas dívidas empresariais contraídas, não havendo que se falar, evidentemente, em “desconsideração da personalidade jurídica”, já que se trata de empresário individual, não havendo personalidade jurídica a ser desconsiderada. 1.3. IMPEDIMENTOS Além daqueles que não estão no pleno gozo da capacidade civil, não poderão exercer atividade empresarial os legalmente impedidos. Vejamos os principais casos. Servidores Públicos, membros do Ministério Público e Magistratura: não podem ser empresário individual ou participar de sociedade comercial na função de administrador, mas podem ser acionistas ou cotistas das sociedades. Militares da Ativa: ao militar da ativa é vedado comerciar ou tomar parte na administração ou gerência de sociedade ou dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou quotista, em sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada (art. 29 da Lei nº 6.880/80). Empresário Falido: o falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações. Além disso, na hipótese de ter havido prática de crime falimentar e o falido ter sido condenado à inabilitação para o exercício de atividade empresarial na sentença, os efeitos perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal (arts. 102 e 181, §1°, da Lei n. 11.101/2005). Transgressores da Lei n. 8.212/91: os infratores da Lei n. 8212/91, que dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências, poderão ficar impossibilitados de exercerem atividade empresarial, conforme art. 95, §2° da lei de custeio. De acordo com o art. 1.134 do CC, a sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira. Ressalta-se ainda que, se as pessoas impedidas realizarem atos empresariais, elas serão responsáveis, pessoalmente e de forma ilimitada, pelos atos praticados (art. 973 do CC) e responderão ainda pela prática de contravenção penal (art. 47 do Decreto-Lei n. 3.688/41). TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB. Além disso, o art. 1º da Lei nº 11.101/2005 não requer a regularidade do empresário para a decretação da falência, de modo que a pessoa proibida de exercer atividade empresarial pode ser declarada falida TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/FGV. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 7 O art. 977 do CC faculta aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. O art. 978, por sua vez, permite ao empresário casado, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. Assim, independentemente do regime de bens, o empresário casado não precisa de outorga conjugal para alienar bens do patrimônio da empresa TEMA COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/FGV. 1.4. OBRIGAÇÕES DO EMPRESÁRIO 1.4.1. REGISTRO De acordo com o art. 967 do CC, é obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB/FGV. O Registro Público de Empresas Mercantis (RPEM) foi regulamentado pela lei n. 8.934/94, sendo sua estrutura dividida em dois órgãos: 1) Departamento Nacional de Registro de Comércio (DNRC), órgão federal com funções supervisora, orientadora, coordenadora e normativa, no plano técnico; e supletiva, no plano administrativo e 2) Juntas Comerciais, órgãos estaduais com funções executora e administradora dos serviços de registro. Destaca-se que, a título de exceção, o empresário rural não é obrigado a se registrar. Entretanto, caso se registre no RPEM, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro, conforme art. 971 do CC. O registro não é uma condição para o constituição da atividade empresária, mas sim um pressuposto para sua regularidade TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB. A ausência de registro acarretará as seguintes consequências: o empresário não poderá requerer falência de terceiro nem pleitear recuperação judicial e, tratando-se de sociedade, a responsabilidade dos sócios será ilimitada. 1.4.2. ESCRITURAÇÃO DOS LIVROS Os empresários individuais e as sociedades empresárias têm obrigação de manter a escrituração de seus livros comerciais, com exceção apenas do microempreendedor individual que aufira renda anual de até R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais), conforme estabelecido no § 1º do art. 18-A da Lei Complementar n. 123/2006 c/c art. 1.179, § 2º, do CC. Para que os livros sejam utilizados como meio de prova a favor do empresário, é indispensável que eles estejam autenticados. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 8 Os livros comerciais podem ser obrigatórios ou facultativos. Obrigatórios: são necessários a todos os empresários ou sociedades empresárias. O único livro obrigatório comum a todos os empresários é o Livro Diário. O livro caixa é dispensado para as microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional, conforme art. 26, §2°, da LC n. 123/2006. Facultativos: são os livros opcionais destinados a proporcionar melhor execução da atividade empresarial, sem aplicação de qualquer sanção caso eles não sejam escriturados. Deve-se esclarecer que as qualificações Microempreendedor individual, Microempresa (ME) ou Empresa de Pequeno Porte (EPP) não representam espécies de sociedades empresárias, mas apenas uma qualificação para beneficiar o empresário ou a sociedade empresária principalmente no que tange a obrigações tributárias e trabalhistas. MICROEMPRESA EMPRESA DE PEQUENO PORTE MEI TIPOS SOCIETÁRIOS Empresário individual Sociedade empresária EIRELI Sociedade simples Empresário individual Sociedade empresária EIRELI Sociedade simples Somente o empresário individual RECEITA Receita bruta anual ≤ R$ 360 mil Receita bruta de R$ 360 mil a R$ 4,8 milhões Receita bruta anual ≤ R$ 81 mil Apenas o pequeno empresário individual está dispensado da escrituração dos livros e apenas as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte optantes pelo SIMPLES é que estão dispensadas do livro caixa. Salienta-se ainda que, de acordo com o art. 1.190 do CC, “ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei”. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 9 São exceções ao sigilo, entretanto, as seguintes situações: EXIBIÇÃO PARCIAL: a Súmula 260 do STF prevê a possibilidade exibição parcial referente às transações entre os litigantes: “O exame de livros comerciais, em ação judicial, fica limitado às transações entre os litigantes”. EXIBIÇÃO TOTAL: o art. 1.191 do CC traz quatro hipóteses taxativas: “O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativasa sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência”. AUTORIDADES FAZENDÁRIAS: de acordo com art. 1.193 do CC, as restrições estabelecidas ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais. A falta de escrituração dos livros poderá caracterizar crime falimentar, conforme art. 178, da Lei n. 11.101/2005. Art. 178. Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de recuperação extrajudicial, os documentos de escrituração contábil obrigatórios: Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave. 1.5. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL Entende-se por estabelecimento empresarial, conforme art. 1.142 do CC, “todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”. Observe-se que “bens” abrangem bens materiais (mercadorias, equipamentos, imóvel, veículos, móveis, utensílios etc.) e imateriais (nome empresarial, marca, ponto comercial, patente, domínio de internet etc.). O estabelecimento comercial é considerado uma universalidade de fato, já que constitui um complexo de bens cuja finalidade é determinada pela vontade da pessoa jurídica. O nome dado ao contrato de compra e venda de estabelecimento empresarial, provocando a transferência da sua titularidade, denomina-se trespasse. Conforme previsto no art. 1.145 do CC, se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em 30 (trinta) dias a partir de sua notificação TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV. O art. 1.146 do CC, por sua vez, estabelece que “o adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 10 aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento”. TEMA COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV. Desse modo, se os débitos anteriores à transferência estiverem devidamente contabilizados, o adquirente responderá pelo seu pagamento, ficando o alienante solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. Por outro lado, os débitos contraídos antes do trespasse e não contabilização serão de responsabilidade apenas do alienante. Além disso, a transferência do estabelecimento importa a sub-rogação do adquirente nos contratos celebrados anteriormente para sua exploração. Entretanto, nada impede que no contrato de transferência essa sub-rogação seja afastada pelas partes (tema cobrado no XII exame da OAB/FGV). Registre-se ainda que, de acordo com o art. 1.147 do CC, “não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência” TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV. 1.6. NOME EMPRESARIAL Art. 1.155 do CC: “Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa”. O nome empresarial representa o elemento que identifica o empresário, a sociedade empresária ou a EIRELI, podendo ser de duas espécies: Firma, que pode ser individual ou social (razão social) ou denominação. FIRMA INDIVIDUAL FIRMA SOCIAL DENOMINAÇÃO APLICAÇÃO Somente para o empresário individual Sociedade de responsabilidade ILIMITADA Sociedade de responsabilidade LIMITADA; COMPOSIÇÃO Nome civil do empresário, completo ou abreviado, acrescido, facultativamente, do ramo de atividades. Ex. “Carlos Gonçalves Guimarães”, “C. Guimarães” ou “C. Guimarães Construções” (art. 1.156 do CC). TEMA COBRADO NO XXVI EXAME DA OAB/FGV Nome(s) do(s) sócio(s), completo(s) ou abreviado(s), acompanhado(s) ou não do ramo de atividades. Ex.: “Ana Jimenez e Paulo Matos”, “A. Jimenez e P. Matos” ou “A. Jimenez e P. Matos Construções”. Nome fantasia, como, por exemplo, “Muita Gula, Cê Que Sabe”. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 11 A proteção ao nome empresarial ocorre com registro Junta Comercial. Cada unidade da federação possui a sua própria Junta Comercial (órgão estadual), de modo que a proteção do nome empresarial é de âmbito estadual. Art. 1.166 do CC. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado. Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial. Nome empresarial é diferente de marca. Nome empresarial identifica a pessoa física ou jurídica; a marca identifica o produto ou o serviço. A proteção da marca se dá com o registro no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), que é de âmbito federal. CARACTERÍSTICAS DO NOME EMPRESARIAL: PRINCÍPIO DA VERACIDADE: o nome empresarial deve ser verdadeiro, deve corresponder com a realidade da atividade empresarial. Ex.: não é possível colocar na sociedade o nome de pessoa que não é sócio ou de pessoa falecida. Aliás, se um dos sócios falecer, seu nome deve sair da firma social. Art. 1.165 do CC. O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social. NOME EMPRESARIAL É INALIENÁVEL (a marca não é inalienável, ou seja, pode ser vendida). Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação. Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor. PRINCÍPIO DA NOVIDADE: a ação para anular a inscrição do nome empresarial não prescreve. Art. 1.167. Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, ação para anular a inscrição do nome empresarial feita com violação da lei ou do contrato. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 12 2 2. PROPRIEDADE INDUSTRIAL A propriedade intelectual é gênero do qual são espécies a propriedade industrial e o direito autoral. Ao direito empresarial interessa sobretudo a propriedade industrial (lei n. 9.279/96), que se refere às criações intelectuais para o exercício da atividade empresária. De acordo com o art. 2º, da Lei n. 9.279/96, a proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante: • I - concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade; • II - concessão de registro de desenho industrial; • III - concessão de registro de marca; • IV - repressão às falsas indicações geográficas; e • V - repressão à concorrência desleal. Ressalta-se ainda que os direitos de propriedade industrial são considerados bens móveis para todos os efeitos legais. São bens de propriedade industrial: Invenção, modelo de utilidade, desenho industrial e marca. A invenção e o modelo de utilidade exigem patente, enquanto desenho industrial e marca exigem registro, sempre diante ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). 2.1. BENS PATENTEÁVEIS Ao autor de invenção ou modelo de utilidadeserá assegurado o direito de obter a patente que lhe garanta a propriedade, nas condições estabelecidas em lei. A patente poderá ser requerida em nome próprio, pelos herdeiros ou sucessores do autor, pelo cessionário ou por aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de prestação de serviços determinar que pertença a titularidade TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB. Quando se tratar de invenção ou de modelo de utilidade realizado conjuntamente por duas ou mais pessoas, a patente poderá ser requerida por todas ou qualquer delas, mediante nomeação e qualificação das demais, para ressalva dos respectivos direito. 2.1.1. INVENÇÃO Considera-se invenção a atividade intelectual que respeitar os seguintes requisitos: [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 13 • Novidade: de acordo com o art. 11 da Lei n. 9.279/96, considera-se novidade aquilo que não está compreendido no estado da técnica (estágio atual da técnica, abrangendo todos os conhecimentos a que pode ter acesso qualquer pessoa, especialmente os estudiosos de um assunto específico, no Brasil ou no exterior). • Atividade inventiva: sempre que para um técnico no assunto não decorra de maneira óbvia ou evidente do estado da técnica (é necessário avanço, progresso), conforme art. 13 da Lei nº Lei n. 9.279/96. • Aplicação industrial: : só se reconhece a invenção se esta puder ser industrializada. • Não-Impedimento legal: de acordo com o art. 18 Lei n. 9.279/96, não são patenteáveis: I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas; II - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico; e III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microrganismos transgênicos1 que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta. Se a invenção ou modelo de utilidade for realizada por empregado ou prestador de serviço, deve-se questionar: 1) Se a invenção faz parte do contrato de trabalho, e 2) Se os materiais e meios para a realização da invenção são do empregador. Se as respostas forem “SIM” e “SIM”, a titularidade será do empregador (foi contratado para inventar); Se as respostas forem “NÃO” e “SIM”, a Titularidade será comum, empregado e empregador, com proveitos divididos em partes iguais; Se as respostas forem “NÃO” e “NÃO”, a titularidade será do empregado. 2.1.2. MODELO DE UTILIDADE De acordo com o art. 9º da Lei n. 9.279/96, é patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação. A título de exemplo, podemos imaginar a criação de um liquidificador que não faz nenhum barulho. 1 Para os fins da Lei n. 9.279/96, microrganismos transgênicos são organismos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção humana direta em sua composição genética, uma característica normalmente não alcançável pela espécie em condições naturais. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 14 O titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se exercer os direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela praticar abuso de poder econômico, comprovado nos termos da lei, por decisão administrativa ou judicial. Ensejam, igualmente, licença compulsória: I - a não exploração do objeto da patente no território brasileiro por falta de fabricação ou fabricação incompleta do produto, ou, ainda, a falta de uso integral do processo patenteado, ressalvados os casos de inviabilidade econômica, quando será admitida a importação; ou II - a comercialização que não satisfizer às necessidades do mercado TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB. Além disso, nos casos de emergência nacional ou interesse público, declarados em ato do Poder Executivo Federal, desde que o titular da patente ou seu licenciado não atenda a essa necessidade, poderá ser concedida, de ofício, licença compulsória, temporária e não exclusiva, para a exploração da patente, sem prejuízo dos direitos do respectivo titular. As licenças compulsórias serão sempre concedidas sem exclusividade, não se admitindo o sublicenciamento (artigos 71 e 72 da Lei n. 9.279/96). 2.2. BENS REGISTRÁVEIS 2.2.1. DESENHO INDUSTRIAL De acordo com o art. 95 da Lei n. 9.279/96, considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial. Assim, o segredo para identificar se é desenho industrial ou modelo de utilidade é verificar se houve alguma melhoria funcional ou apenas uma alteração estética. Se houver melhoria, será modelo de utilidade. Caso haja apenas alteração estética, estaremos diante de um desenho industrial. O pedido de registro que não atender às condições estabelecidas pelo INPI, mas contiver dados suficientes relativos ao depositante, ao desenho industrial e ao autor, poderá ser recebido, desde que sejam cumpridas, em 5 (cinco) dias, as exigências do INPI. TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB. 2.2.2. MARCA Marca é o sinal distintivo visualmente perceptível não compreendido entre as proibições legais. No Brasil, som não pode ser registrado como marca, porque não é visualmente perceptível. Requisitos para a Marca: [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 15 • Novidade: trata-se de novidade relativa, uma vez que a proibição se refere ao mesmo ramo empresarial, de acordo com a classificação do INPI. • Não colidência com marca notória: marca notória é aquela conhecida por todos e a automaticamente protegida pela Convenção da União de Paris. Assim, o INPI não poderá fazer o registro de marca notória se este não for solicitado por seu titular, ou seja, a marca notória não depende de registro no INPI para ter proteção legal. • Não impedimento: os casos de impedimento são trazidos pelo art. 124 da Lei n. 9.279/96. Vejamos os três casos mais importantes: I) Brasão, bandeira, monumentos oficiais, nacionais ou internacionais, II) Designação ou sigla de entidade ou órgão público e III) Sinal que induza a falsa indicação geográfica. A AÇÃO DE NULIDADE DE MARCA OU PATENTE deve ser ajuizada na Justiça Federal, já que o INPI é autarquia federal. Se o INPI não for o autor da ação, deverá intervir no processo. O PRAZO PRESCRICIONAL da ação de nulidade de patente dura enquanto for vigente a patente; já o da marca é cinco anos a partir da concessão. O prazo para a contestação da ação é de 60 dias. QUADRO GERAL – EXCLUSIVIDADE DE EXPLORAÇÃO INVENÇÃO Prazo de vigência: 20 anos, contado do depósito. Não é possível prorrogação do prazo MODELO DE UTILIDADE Prazo de vigência: 15 anos, contado do depósito. Não é possível prorrogação do prazo. DESENHO INDUSTRIAL Prazo de vigência: 10 anos, contado da data do depósito. O prazo é prorrogável até 3 vezes, por até 5 anos a cada vez (total → 15 anos), após o que cai em domínio público. INVENÇÃO Prazo de vigência: 20 anos, contado do depósito. Não é possível prorrogação do prazo PROPRIEDADE INDUSTRIAL PATENTE REGISTRO [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.co m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 16 BENS PATENTEÁVEIS BENS REGISTRÁVEIS Não é possível a prorrogação do prazo de vigência. Desse modo, após esgotado prazo, o bem cai em domínio público. O prazo de vigência do desenho industrial é prorrogável até 3 vezes, por até 5 anos cada vez (total de15 anos). Após, cai em domínio público. Já o prazo de vigência da marca não tem limite de prorrogação, podendo ser prorrogado em 10 em 10 anos. Registra-se, por fim, que, de acordo com o art. 225 da Lei nº 9.279/96, “prescreve em 5 (cinco) anos a ação para reparação de dano causado ao direito de propriedade industrial”. TEMA COBRADO NO XXX EXAME DA OAB. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 17 3 3. DIREITO SOCIETÁRIO 3.1. SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS São as sociedades que não foram levadas a registro: Sociedade em Comum e Sociedade em Conta de Participação. 3.1.1. SOCIEDADE EM COMUM Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples. Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo. Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/FGV. Art. 989. Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios, salvo pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o terceiro que o conheça ou deva conhecer. Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade. Sociedade em Comum é aquela que se encontra em funcionamento mas que não tem ato constitutivo arquivado no cartório (sociedade simples) ou na junta comercial (todas as demais). Portanto, tais sociedades poderiam, mas não adquiriram personalidade jurídica por desídia dos sócios. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente podem provar a existência da sociedade em comum por escrito, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo, inclusive testemunhas ou quaisquer documentos. Na sociedade em comum, todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas dívidas, sendo excluído do benefício de ordem do artigo 1.024 do CC aquele que contratou pela sociedade. Assim, todos os sócios respondem pelas dívidas após o exaurimento do patrimônio social, mas o que contratou em nome da sociedade não poderá alegar benefício de ordem. Caso seja levada a registro, a sociedade em comum passa a ser uma sociedade personificada. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 18 3.1.2. SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes. Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social. Art. 992. A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito. Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier. Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais. § 1º A especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios. § 2º A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário. § 3º Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas que regulam os efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido. Art. 995. Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos demais. Art. 996. Aplica-se à sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no que com ela for compatível, o disposto para a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas normas relativas à prestação de contas, na forma da lei processual. A sociedade em conta de participação é o tipo societário, não personificado, por determinação legal, constituído por duas categorias de sócios: o ostensivo e o participante. O sócio ostensivo é o único a exercer a atividade, tem responsabilidade exclusiva, e age em seu próprio nome individual TEMA COBRADO NO VIII EXAME DA OAB/FGV. O sócio participante (ou oculto), por sua vez, contribui com recursos e participa dos resultados correspondentes, mas não responde perante terceiros. Quando demandada a sociedade em conta de participação, deve figurar no polo passivo o sócio ostensivo. Apesar de não poder tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com eles pelas obrigações que intervier, o sócio participante pode fiscalizar a gestão dos negócios sociais pelo sócio ostensivo, conforme previsto no parágrafo único do art. 993 do CC TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 19 O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. Assim, a sociedade em conta de participação, ainda que registrada, não será personificada. 3.2. SOCIEDADES PERSONIFICADAS Art. 982 do CC. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. As sociedades personificadas são aquelas que foram devidamente registradas, ou seja, possuem personalidade jurídica. São dividias em empresárias e simples. SOCIEDADES SIMPLES SOCIEDADES EMPRESÁRIAS O desempenho das atividades ocorre pelos próprios sócios. Existe o elemento da empresa, ou seja, a atividade é organizada para a produção de bens e serviços. Contrato social deve ser registrado no Registro Civil no prazo de 30 dias, sob pena da sociedade ser considerada irregular (art. 998 do CC). Como exceção à regra geral, as sociedades de advogados são registradas na OAB, e as cooperativas são registradas na junta comercial. Contrato Social ou Estatuto registrado na Junta Comercial Sociedade Limitada; Sociedade em Comandita simples; Sociedade em nome coletivo. EIRELI Cooperativa; Sociedade simples (cuidado: “simples” pode ser a natureza da sociedade ou o tipo societário). Sociedade em nome coletivo; Sociedade em comandita simples; Sociedade em comandita por ações; Sociedade anônima; Sociedade limitada. EIRELI [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N AM ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 20 • As sociedades simples são registradas no Registro Civil, salvo no caso das sociedades de advogados, registradas na OAB, e das cooperativas, registradas na junta comercial. • A Sociedade Anônima e a Sociedade em Comandita por Ações são sempre empresárias, enquanto que a sociedade cooperativa é sempre simples. Desse modo, as sociedades simples são registradas no registro civil e não têm características empresárias, porque os serviços são prestados pelos próprios sócios (sociedade de dentistas, médicos e outros profissionais intelectuais), ainda que com o auxílio de algumas pessoas. São consideradas também sociedades simples as sociedades que desempenham atividades rurais, desde que não tenham registros, bem como as sociedades cooperativas, independentemente da atividade. Por outro lado, se os sócios organizarem o capital e o trabalho, contratando outras pessoas para executarem os serviços, de modo que eles passem a comandar a referida atividade, então a sociedade terá características empresárias. 3.2.1. SOCIEDADE COOPERATIVA A sociedade cooperativa integra pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro, sendo regida pela Lei n. 5.764/71. Independentemente do seu objeto, será considerada uma sociedade simples, conforme art. 1.093 do CC, motivo pelo qual não está sujeita à falência nem pode requerer recuperação judicial/extrajudicial. A respeito das características da cooperativa, importante o conhecimento do art. 4 da Lei n. 5.764/71. Art. 4º As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes características: I - adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços; II - variabilidade do capital social representado por quotas-partes; III - limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado, facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for mais adequado para o cumprimento dos objetivos sociais; IV - incessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à sociedade; V - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e confederações de cooperativas, com exceção das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da proporcionalidade; VI - quorum para o funcionamento e deliberação da Assembléia Geral baseado no número de associados e não no capital; VII - retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembléia Geral; [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 21 VIII - indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica Educacional e Social; IX - neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social; X - prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa; XI - área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle, operações e prestação de serviços. As sociedades cooperativas poderão ser de responsabilidade limitada, quando a responsabilidade do associado pelos compromissos da sociedade se limitar ao valor do capital por ele subscrito, ou de responsabilidade ilimitada, quando a responsabilidade do associado pelos compromissos da sociedade for pessoal, solidária e não tiver limite (arts 11 e 12 da Lei n. 5.764/71). Uma das características da cooperativa é justamente a variabilidade, ou dispensa do capital social, conforme art. 1.094, I, do CC. Além disso, caso possua capital social, as quotas serão intransferíveis a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por direito hereditário, conforme art. 1.094, IV, do CC. TEMA COBRADO NO XI EXAME DA OAB/FGV. A responsabilidade do associado para com terceiros, como membro da sociedade, somente poderá ser invocada depois de judicialmente exigida da cooperativa (benefício de ordem). Importante destacar que a Lei nº 13.806/2019 acrescentou o art. 88-A à Lei nº 5.764/71, dispondo que a cooperativa poderá ser dotada de legitimidade extraordinária autônoma concorrente para agir como substituta processual em defesa dos direitos coletivos de seus associados quando a causa de pedir versar sobre atos de interesse direto dos associados que tenham relação com as operações de mercado da cooperativa, desde que isso seja previsto em seu estatuto e haja, de forma expressa, autorização manifestada individualmente pelo associado ou por meio de assembleia geral que delibere sobre a propositura da medida judicial. 3.2.2. SOCIEDADE SIMPLES É o tipo societário contratual, não empresário, que pode ter qualquer objeto social relacionado à prestação de serviços. A sociedade simples é um tipo societário específico e possui um conjunto genérico de normas, que são aplicáveis, no que couber, a todos os demais tipos societários contratuais (art. 997 a 1.038 do CC). Além disso, o código civil também admite que sejam utilizadas regras de outras sociedades empresárias contratuais à sociedade simples, ou seja, a sociedade simples é importadora e exportadora de normas. Trata-se de tipo societário em que a cessão total ou parcial das quotas depende do consentimento dos demais sócios (art. 1.003 do CC), ou seja, trata-se de uma sociedade de pessoas. Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a estes e à sociedade. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 22 Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio. A sociedade simples deve ser constituída mediante contrato social, escrito, público ou particular, que além das cláusulas livremente estipuladas entre os sócios (não essenciais), deve conter os seguintes elementos essenciais (art. 997 do CC): Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições; VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais. Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato. A sociedade simples que admite sócios pessoas jurídicas, deve usar denominação. O objeto deve ser a prestação de serviços, não caracterizando atividade empresária. Embora tenha sido extinta a sociedade de capital e indústria, prevista no código comercial de 1850, o código civil de 2002 admite que na sociedade simples existam sócios que contribuam com capital, e outros que contribuam apenas com serviços, sendo que nesse último caso os sócios só participamdos lucros, e não das perdas. Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa dos lucros na proporção da média do valor das quotas. Em que pese o art. 1.008 do CC estabeleça que é nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio dos lucros e das perdas, entende-se que que esse artigo não se aplica ao sócio com participação apenas em serviço, já que o art. 1.007 é expresso no sentido de que ele não irá participar das perdas. O contrato social e suas alterações devem ser registrados no cartório de registro civil de pessoas jurídicas, no prazo de até 30 dias, contados da constituição da sociedade ou de eventuais [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 23 modificações, sob pena da sociedade ser considerada irregular. O art. 999 do CC estabelece que as modificações do contrato social, que tenham por objeto matéria indicada no art. 997 do CC dependem do consentimento de todos os sócios; enquanto que as demais podem ser decididas por maioria absoluta de votos, se o contrato não determinar a necessidade de deliberação unânime. Desse modo, o sócio minoritário tem poder de veto em relação as matérias do art. 997 do CC. As demais matérias (cláusulas não essenciais) dependem, para modificação, da decisão da maioria absoluta de votos2, exceto se o contrato exigir deliberação unânime. ADMINISTRAÇÃO A Sociedade Simples pode ser administrada por sócio ou não sócio, designado no contrato social, ou em ato (instrumento) separado (ex.: ata de reunião; escritura). Não podem ser administradores da Sociedade Simples as pessoas mencionadas no art. 1.011, §1° do CC, sendo que referidos impedimentos também aplicam à administração das demais sociedades: Art. 1.011. O administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios negócios. § 1º Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação. Como regra geral, os administradores não respondem pelos atos da sociedade. No entanto, poderão ser responsabilizados em caso de excesso (teoria ultra vires) ou em caso de ato culposo. Com efeito, caso a sociedade seja demandada por excesso de seus administradores, ela poderá tentar esquivar-se, atribuindo a responsabilidade aos próprios administradores. Nesse caso, aplica-se o art. 1.015, parágrafo único, do CC: Art. 1.015. No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos os atos pertinentes à gestão da sociedade; não constituindo objeto social, a oneração ou a venda de bens imóveis depende do que a maioria dos sócios decidir. Parágrafo único. O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto a terceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses: I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade; II - provando-se que era conhecida do terceiro; III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade. 2 Considera-se maioria absoluta mais da metade das quotas da sociedade (capital social). [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 24 Trata-se da aplicação da teoria “ultra vires”, pela qual o administrador responde pelos excessos cometidos, observando-se os requisitos traçados pelo parágrafo único do art. 1.015 do CC, acima transcrito. Além disso, nos termos do art. 1.016 do CC, os administradores podem ser responsabilizados solidariamente com a sociedade no caso de atuarem com culpa. Art. 1.016. Os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções. Ressalta-se que o administrador designado no contrato social e que seja sócio da sociedade, somente poderá pode ser destituído ou ter os seus atos revogados, por justa causa, provada judicialmente. Já o administrador (sócio ou não sócio) designado em ato separado e o administrador não sócio podem ser destituídos a qualquer tempo, pela maioria absoluta. Art. 1.019. São irrevogáveis os poderes do sócio investido na administração por cláusula expressa do contrato social, salvo justa causa, reconhecida judicialmente, a pedido de qualquer dos sócios. Parágrafo único: São revogáveis, a qualquer tempo, os poderes conferidos a sócio por ato separado, ou a quem não seja sócio. ADMINISTRADOR SÓCIO E DESIGNADO NO CONTRATO SOCIAL ADMINISTRADOR NÃO SÓCIO OU SÓCIO DESIGNADO EM ATO SEPARADO. Somente poderá pode ser destituído ou ter os seus atos revogados, por justa causa, provada judicialmente Podem ser destituídos a qualquer tempo, pela maioria absoluta Tais regras são aplicáveis à sociedade em nome coletivo e comandita simples, mas não à sociedade limitada. RELAÇÕES COM TERCEIROS A sociedade simples adquire direitos e contrai obrigações por meio de seus administradores. A responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada, conforme dispuser o contrato. Quando a responsabilidade é ilimitada, os bens pessoais dos sócios só podem ser atingidos após a execução dos bens sociais, em razão do benefício de ordem (responsabilidade subsidiária), previsto no art. 1.024 do CC. Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais. Essa regra é aplicável a todas as sociedades, exceto ao sócio que contratou pela sociedade em comum, que não terá o benefício de ordem, conforme art. 990 do CC. Além disso, o sócio admitido em sociedade já constituída não se exime das dívidas sociais [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 25 anteriores à admissão, conforme art. 1.025 do CC TEMA COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/ FGV, e aquele que se retirou responde por até 2 anos, depois da averbação da alteração contratual, conforme art. 1.003, parágrafo único, do CC. RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE EM RELAÇÃO AO SÓCIO E DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE A dissolução da sociedade poderá ser total ou parcial. A dissolução parcial ocorre quando houver resolução em relação ao sócio. DISSOLUÇÃO TOTAL DISSOLUÇÃO PARCIAL Vontade dos sócios (vontade deve ser unânime) Decurso do prazo determinado Não realização do contrato social (insuficiência ou perda do capital social) Unipessoalidade (a unipessoalidade é admitida apenas na subsidiária integral ou de forma incidental e temporária por até 180 dias) Vontade do sócio Retirada do Sócio: o sócio da sociedade simples e demais sociedades contratuais pode se retirar da sociedade por prazo indeterminado, desde que notifique os demais com antecedência mínima de 60 dias, independentemente de qualquer motivo. Na sociedade por prazo determinado, o sócio deverá provar judicialmente uma justa causa, ou obter a anuência de todos os demais sócios. Morte do Sócio Exclusão do sócio: a) Extrajudicialmente - em razão do sócio tornar-se remisso, ou seja, não integralizar o capital subscrito (art. 1.004, par. único); bem como em relação àquele cuja quota foi liquidada totalmente em execução proposta por terceiro (art. 1.026 do CC) e b) Judicialmente – quando o sócio cometer justa causa e em razão de incapacidadesuperveniente. O ingresso de novo sócio na sociedade simples depende do consentimento de todos os sócios, conforme art. 999 do Código Civil. Desse modo, os herdeiros do cônjuge de sócio, ou o cônjuge do que se separou judicialmente, não podem exigir desde logo a parte que lhes couber na quota social, mas concorrer à divisão periódica dos lucros, até que se liquide a sociedade (art. 1.027 do CC). TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em balanço especialmente levantado (art. 1.031, caput, do CC). TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV. O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais sócios suprirem o valor da quota. Além disso, a quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de 90 (noventa) dias, a partir da liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário (§1º e § 2º do art. 1.031 do CC). Registra-se ainda que a retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 26 da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a averbação (art. 1.032 do CC). TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV. LIQUIDAÇÃO A liquidação da sociedade visa a apuração do ativo e o pagamento do passivo e pode ser extrajudicial ou judicial, conforme haja ou não acordo entre os sócios. Nada impede que a liquidação seja feita extrajudicialmente, ainda que a dissolução tenha sido decidida judicialmente e vice versa. 3.2.3. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA – EIRELI De acordo com o art. 980-A do CC, a empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. Não é possível a integralização com prestação de serviços. Como regra geral, eventuais dívidas da EIRELI não recaem sobre os bens do titular da sociedade. A EIRELI poderá ser administrada pelo próprio titular da empresa ou por terceiro devidamente contrato para essa finalidade. O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão “EIRELI” após a firma ou a denominação social (art. 980-A, § 1º, do CC). A proteção ao nome empresarial decorre automaticamente do registro da EIRELI na junta comercial, ou seja, com o início da sua personalidade jurídica TEMA COBRADO NO XIX EXAME DA OAB/FGV. A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade (art. 980-A, § 2º, do CC). TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV. A EIRELI também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração (art. 980-A, § 3º, do CC) Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional (art. 980-A, § 4º, do CC). Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas (art. 980-A, § 5º, do CC). 3.2.4. SOCIEDADE EM NOME COLETIVO [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 27 É o tipo societário em que todos os sócios, sempre pessoas físicas, respondem solidária e ilimitadamente pelas dívidas sociais após o exaurimento do patrimônio social. A sociedade em nome coletivo pode ser simples ou empresária. Art. 1.039. Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais. Parágrafo único. Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato constitutivo, ou por unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada um. Art. 1.040. A sociedade em nome coletivo se rege pelas normas deste Capítulo e, no que seja omisso, pelas do Capítulo antecedente. Art. 1.041. O contrato deve mencionar, além das indicações referidas no art. 997, a firma social. Art. 1.042. A administração da sociedade compete exclusivamente a sócios, sendo o uso da firma, nos limites do contrato, privativo dos que tenham os necessários poderes. Art. 1.043. O credor particular de sócio não pode, antes de dissolver-se a sociedade, pretender a liquidação da quota do devedor. Parágrafo único. Poderá fazê-lo quando: I - a sociedade houver sido prorrogada tacitamente; II - tendo ocorrido prorrogação contratual, for acolhida judicialmente oposição do credor, levantada no prazo de noventa dias, contado da publicação do ato dilatório. Art. 1.044. A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas enumeradas no art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da falência. Na sociedade em nome coletivo, a responsabilidade perante terceiros é solidária e ilimitada. Entretanto, os sócios podem no contrato social ou alteração posterior limitar entre si a responsabilidade de cada um. A administração da sociedade cabe exclusivamente aos sócios, devendo-se utilizar firma ou razão social constando os seus nomes. É cabível a expressão “e companhia” ou “&Cia” para designar os sócios cujos nomes não constam na firma. A sociedade em nome coletivo pode ser dissolvida ou liquidada pelos mesmos motivos previstos para a sociedade simples. 3.2.5. SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES É a sociedade formada por sócios comanditados, que respondem solidária e ilimitadamente pelas dívidas, e sócios comanditários, que respondem apenas pela integralização das cotas que subscreverem. A sociedade só pode usar firma ou razão social, composta pelo nome dos sócios comanditados, sendo obrigatória a expressão “& Cia”. A expressão “& Cia” indica os comanditários e eventuais comanditados, que não tiveram o nome na firma. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 28 Se constar o nome de um ou mais sócios comanditários na firma, eles responderão ilimitadamente, como se fossem comanditados. Para saber se a sociedade é em nome coletivo ou em comandita simples, eventualmente é necessário verificar o contrato social, pois ambas podem ter nomes idênticos, quando utilizam a expressão “& Cia”. 3.2.6. SOCIEDADE LIMITADA Sociedade Limitada é a sociedade personificada onde a responsabilidade do sócio está restrita ao valor de suas cotas, mas todos os sócios respondem de forma solidária pelo que falta para a integralização do capital social (art. 1.052 do CC). TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/ FGV. O contrato social pode definir como pode ser feita a cessão de cotas na sociedade limitada. Na omissão, a cessão de sócio para sócio independe de autorização, ao passo que a cessão para terceiro será concretizada apenas se não houver a oposição de mais de ¼ do capital social. TEMA COBRADO NO XV EXAME DA OAB/FGV. O capital social representa o valor que os sócios vão entregar para a constituição/formação da sociedade. A subscrição é o comprometimento para colocar um percentual do capital social da sociedade e a integralização representa o efetivo pagamento. O capital será subscritoe integralizado pelos sócios, sendo que o sócio que subscrever e não integralizar será considerado remisso. A sociedade limitada é regida pelas normas do capítulo próprio do código civil e no caso de omissão pelas normas das sociedades simples, podendo o contrato social prever a regência supletiva pelas normas aplicadas às sociedades anônimas. Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples. TEMA COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV. Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima. O capital será subscrito e integralizado pelos sócios, sendo que o sócio que subscrever e não integralizar será considerado remisso. TEMA COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV. A integralização poderá ser feita por meio de dinheiro, bens e créditos, mas é vedada contribuição que consista em PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS, conforme art. 1.055. § 2º, do CC TEMA COBRADO NO IX EXAME DA OAB/FGV. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 29 Sobre o aumento e diminuição do capital social da sociedade, importante a leitura dos artigos abaixo reproduzidos: Art. 1.081. Ressalvado o disposto em lei especial, integralizadas as quotas, pode ser o capital aumentado, com a correspondente modificação do contrato. § 1° Até trinta dias após a deliberação, terão os sócios preferência para participar do aumento, na proporção das quotas de que sejam titulares. § 2° À cessão do direito de preferência, aplica-se o disposto no caput do art. 1.057. § 3° Decorrido o prazo da preferência, e assumida pelos sócios, ou por terceiros, a totalidade do aumento, haverá reunião ou assembléia dos sócios, para que seja aprovada a modificação do contrato. Art. 1.082. Pode a sociedade reduzir o capital, mediante a correspondente modificação do contrato: I - depois de integralizado, se houver perdas irreparáveis; II - se excessivo em relação ao objeto da sociedade. Art. 1.083. No caso do inciso I do artigo antecedente, a redução do capital será realizada com a diminuição proporcional do valor nominal das quotas, tornando-se efetiva a partir da averbação, no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata da assembléia que a tenha aprovado. Art. 1.084. No caso do inciso II do art. 1.082, a redução do capital será feita restituindo-se parte do valor das quotas aos sócios, ou dispensando-se as prestações ainda devidas, com diminuição proporcional, em ambos os casos, do valor nominal das quotas. § 1° No prazo de noventa dias, contado da data da publicação da ata da assembléia que aprovar a redução, o credor quirografário, por título líquido anterior a essa data, poderá opor-se ao deliberado. § 2° A redução somente se tornará eficaz se, no prazo estabelecido no parágrafo antecedente, não for impugnada, ou se provado o pagamento da dívida ou o depósito judicial do respectivo valor. § 3° Satisfeitas as condições estabelecidas no parágrafo antecedente, proceder- se-á à averbação, no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata que tenha aprovado a redução. ADMINISTRADOR O administrador pode ser sócio ou não sócio da sociedade, devendo ser nomeado pelo contrato social ou em ato separado TEMA COBRADO NO VI EXAME DA OAB. Nada dispondo o contrato social, a administração da sociedade compete separadamente a cada um dos sócios (art. 1013, caput, do CC). [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 30 Nos termos do 1.061 do CC, a designação de administradores não sócios dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver integralizado, e de 2/3 (dois terços), no mínimo, após a integralização TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV. O administrador, nomeado por instrumento em separado, deve averbá-lo à margem da inscrição da sociedade, e, pelos atos que praticar, antes de requerer a averbação, responde pessoal e solidariamente com a sociedade (art. 1.012 do CC). Os poderes concedidos ao administrador sócio por contrato social são irrevogáveis, salvo justa causa reconhecida judicialmente. Já os poderes concedidos por ato separado ou a não sócio são revogáveis a qualquer tempo (art. 1.019 do CC). ADMINISTRADOR SÓCIO COM PODERES NO CONTRATO SOCIAL ADMINISTRADOR SÓCIO COM PODERES EM ATO SEPARADO ADMINISTRADOR NÃO SÓCIO Os poderes são irrevogáveis, salvo justa causa reconhecida judicialmente. Poderes revogáveis a qualquer tempo Poderes revogáveis a qualquer tempo O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto a terceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses: I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade; II - provando-se que era conhecida do terceiro; III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade. A responsabilidade do administrador, nomeado por instrumento em separado, será pessoal e solidária pelos atos que praticar antes de requerer a averbação do ato. Além disso, os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções (art. 1.016 do CC). Destaca-se ainda que conforme previsto no art. 1.063, § 3º, CC, a renúncia de administrador torna-se eficaz, em relação à sociedade, desde o momento em que esta toma conhecimento da comunicação escrita do renunciante; e, em relação a terceiros, após a averbação e publicação( TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV. Além disso, com a edição da Lei n. 13.792/2019, o administrador da sociedade poderá ser desconstituído mediante quórum de mais da metade do Capital Social, independentemente se o administrador é sócio ou não sócio da empresa. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 31 ANTES DA LEI N. 13.792/2019 DEPOIS DA LEI N. 13.729/2019 Destituição Administrador Sócio: 2/3 do Capital Social. Destituição do Administrador não Sócio: mais da metade do Capital Social. Destituição do Administrador Sócio ou Não Sócio: mais da metade do Capital Social. As decisões da sociedade limitada deverão ser tomadas mediante a realização de assembleia ou reunião. A assembleia será obrigatória quando a sociedade for composta por mais de 10 sócios, enquanto que a reunião ocorre nas sociedades com 10 ou menos sócios (art. 1.072, §1º, do CC). As formalidades legais de convocação são dispensadas quando todos os sócios se declararem, por escrito, cientes do local, data, hora e ordem do dia, conforme art. 1.072, §2º, do CC TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/FGV. Além disso, a reunião ou a assembleia tornam-se dispensáveis quando todos os sócios decidirem, por escrito, sobre a matéria que seria objeto delas (art. 1.072, §3º, do CC) DECISÕES NA SOCIEDADE LIMITADA MAIORIA SIMPLES UNANIMIDADE 3/4 DO CAPITAL SOCIAL 2/3 DO CAPITAL SOCIAL MAIORIA ABSOLUTA REGRA GERAL Dissolução da sociedade por prazo determinado Designação de administrador não sócio com capital social não integralizado Modificação do contrato social Aprovar incorporação, fusão e dissolução da sociedade Destituição de sócio administrador designado pelo contrato social Designação de administrador não sócio se o capital social estiver integralizado Designação de administrador sócio em ato separado Destituição do administrador da sociedade (sócio ou não sócio). Remuneração dos Administradores Exclusão do sócio por justa causa CONSELHO FISCAL O conselho fiscal é órgão facultativo na sociedade limitada e pode ser instituído desde que haja previsão no contrato social. Nas sociedades anônimas o conselho fiscal é órgão obrigatório, com funcionamentofacultativo. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 32 3.2.7. SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL A Lei n º 13.874/19, publicada no dia 20/09/20919, alterou o art. 1.052 do CC passndo a prever expressamente a Sociedade Limitada Unipessoal, isto é, a possibilidade da Sociedade Limitada possuir apenas 1 sócio. . Trata-se de tipo societário que já era admitido no direito estrangeiro, passando a ser previsto no Brasil para sanar um problema muito comum na prática, que era a existência de sociedades limitadas com dois sócios, mas com um deles detendo parte desprezível da sociedade, geralmente 1%. A Sociedade Limitada Unipessoal é mais atrativa do que a EIRELI, uma vez que não há necessidade de integralização mínima do capital social (no caso da EIRELI a integralização deve ser de no mínimo de 100 vezes o valor do salário mínimo), além do que não existe vedação para que um empresário possua mais de uma Sociedade Limitada Unipessoal. 3.2.8. SOCIEDADE ANÔNIMA É o tipo societário empresário institucional ou estatutário no qual todos os sócios, chamados acionistas, respondem apenas pela integralização do preço de emissão de suas respectivas ações, ou seja, não há solidariedade entre os acionistas. Lei nº 6.404/76 Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. A sociedade anônima pode utilizar apenas denominação, que deve ser formada pela expressão “Sociedade Anônima ou S.A.” (no início, no meio ou no fim do nome) ou ainda pela expressão “Companhia ou Cia” no início ou no meio do nome, nunca no final, para que não haja confusão com o nome de outras sociedades. Lei n. 6.404/76 Art. 3º A sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões “companhia” ou “sociedade anônima”, expressas por extenso ou abreviadamente mas vedada a utilização da primeira ao final. § 1º O nome do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer outro modo tenha concorrido para o êxito da empresa, poderá figurar na denominação. § 2º Se a denominação for idêntica ou semelhante a de companhia já existente, assistirá à prejudicada o direito de requerer a modificação, por via administrativa (artigo 97) ou em juízo, e demandar as perdas e danos resultantes. Trata-se de tipo societário próprio de grandes investimentos e em regra um acionista não pode impedir o ingresso de outro sócio, portanto é um tipo societário de capital. A companhia pode ser formada por capital exclusivamente privado ou por capital público e privado, sendo chamada no segundo caso de Sociedade de Economia Mista. A sociedade anônima poderá ser aberta ou fechada TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 33 S.A. ABERTA S.A. FECHADA Companhia que tem seus valores mobiliários negociados em bolsas de valores ou no mercado de balcão (bancos e corretoras). Para tanto, deverá obter autorização da CVM - Comissão de Valores Mobiliários, uma autarquia federal, regida pela Lei n. 6.385/76. Companhia que tem seus valores mobiliários negociados apenas entre os acionistas Além disso, a constituição da sociedade anônima pode ocorrer por meio de subscrição pública ou subscrição particular. A subscrição pública ocorre quando houver necessidade de captação de investimentos externos. Nesse caso, as ações que formam o capital social serão oferecidas ao público em geral, por uma instituição financeira que poderá subscrever por sua conta e risco todas as ações e depois oferece- las ao público, ou apenas intermediar a venda das ações entre a companhia e os investidores. Registra-se ainda que a subscrição pública depende do prévio registro de emissão na Comissão de Valores Mobiliários, que realizará um estudo de viabilidade financeira. Após a aprovação pela CVM, a companhia deverá encontrar uma instituição financeira para viabilizar a venda as ações. Já a subscrição particular ocorre quando todo o capital já tiver sido constituído pelos próprios fundadores da sociedade. A constituição da companhia por subscrição particular do capital pode fazer-se por deliberação dos subscritores em assembleia-geral ou por escritura pública, considerando-se fundadores todos os subscritores. A companhia também é classificada em sociedade de capital determinado e sociedade de capital autorizado. CAPITAL DETERMINADO CAPITAL AUTORIZADO Eventual aumento do capital fixo no estatuto depende de autorização da assembleia geral extraordinária O estatuto social prevê a possibilidade de aumento que será feito pelo conselho de administração, sem convocação de assembleia. CARACTERÍSTICAS GERAIS São características gerais das sociedades anônimas: • Sociedade sempre Empresária • Impessoalidade (sociedade de capital) • Fracionamento do Capital em ações [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 34 • Mínimo de 2 acionistas (exceção: subsidiária integral) • Responsabilidade dos acionistas limitada à integralização das ações. Sociedade anônima subsidiária integral ocorre quando a totalidade das ações da companhia pertence a uma única sociedade brasileira TEMA COBRADO NO IX EXAME DA OAB. ACIONISTAS DIREITOS DOS ACIONISTAS DEVERES DOS ACIONISTAS Nem o estatuto social nem a assembleia- geral poderão privar o acionista dos direitos de: I - participar dos lucros sociais; II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais; IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei. O acionista é obrigado a realizar, nas condições previstas no estatuto ou no boletim de subscrição, a prestação correspondente às ações subscritas ou adquiridas, ou seja, deve integralizar as ações subscritas. CAPITAL SOCIAL O capital da companhia é formado pela contribuição, em dinheiro ou em outros bens, dos acionistas e pode ser utilizado para aquisição de máquinas, equipamentos, pagamento de empregados, etc. A principal característica do capital social é a sua intangibilidade, pois em princípio ele não pode ser atingido. Considera-se capital subscrito aquele prometido pelo subscritor no momento da constituição da companhia ou futuro aumento e capital realizado é aquele efetivamente pago pelos acionistas, conforme o preço de emissão das ações, fixado pela companhia. Embora seja considerada intangível, o capital social não é imutável, podendo sofrer aumento e/ou diminuição. [V an ja d e L im a A le n ca r] [ va n ja lim aa le n ca r@ g m ai l.c o m ] OA B N A M ED ID A | D IR EI TO E M PR ES AR IA L 35 AUMENTO DO CAPITAL SOCIAL DIMINUIÇÃO DO CAPITAL SOCIAL Pela emissão de novas ações, caso em que haverá ingresso de novos recursos, ou seja, capitalização da companhia (art. 165 da Lei n. 6.404/76). A emissão de novas ações só é possível se já tiver ocorrido a integralização de pelo menos 3/4 do capital social e o aumento deve ser decidido em assembleia geral extraordinária ou pelo Conselho de Administração, caso o estatuto preveja o capital autorizado. Correção da expressão monetária por meio da realização de assembleia geral ordinária. Conversão de valores mobiliários em ações. As debêntures e as partes beneficiárias (só nas fechadas) podem ser do tipo conversíveis em ações. Se o detentor desses títulos exercer seu direito ocorrerá aumento do capital. Voluntária: a) Perdas
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