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Temas Contemporâneos de Direito Ambiental e Sustentabilidade (LIVRO)

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301
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO 
AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
2016 São Paulo
COORDENADORA CIENTÍFICA
Lívia GaiGher Bósio CampeLLo
ORGANIZADOR
Gustavo santiaGo torreCiLha CanCio
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO 
AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Nossos Contatos 
São Paulo 
Rua José Bonifácio, n. 209, 
cj. 603, Centro, São Paulo – SP 
CEP: 01.003-001 
 
Acesse: www. editoraclassica.com.br
Redes Sociais 
Facebook: 
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Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
Editora Responsável: Verônica Gottgtroy
Produção Editorial: Editora Clássica 
Capa: Editora Clássica
Equipe Editorial
EDITORA CLÁSSICA
Allessandra Neves Ferreira
Alexandre Walmott Borges 
Daniel Ferreira 
Elizabeth Accioly 
Everton Gonçalves 
Fernando Knoerr 
Francisco Cardozo de Oliveira 
Francisval Mendes 
Ilton Garcia da Costa 
Ivan Motta 
Ivo Dantas 
Jonathan Barros Vita
José Edmilson Lima 
Juliana Cristina Busnardo de Araujo 
Lafayete Pozzoli
Leonardo Rabelo 
Lívia Gaigher Bósio Campello 
Lucimeiry Galvão 
Luiz Eduardo Gunther
Luisa Moura 
Mara Darcanchy 
Massako Shirai 
Mateus Eduardo Nunes Bertoncini 
Nilson Araújo de Souza 
Norma Padilha 
Paulo Ricardo Opuszka 
Roberto Genofre 
Salim Reis 
Valesca Raizer Borges Moschen 
Vanessa Caporlingua 
Viviane Coelho de Séllos-Knoerr 
Vladmir Silveira 
Wagner Ginotti 
Wagner Menezes 
Willians Franklin Lira dos Santos
Conselho Editorial
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-PUBLICAÇÃO
T278 
Temas contemporâneos de direito ambiental e 
sustentabilidade / organização Gustavo Santiago Torrecilha 
Cancio; coordenação Lívia Gaigher Bósio Campello. 
1. ed. - São Paulo: Clássica Editora, 2016. 
300 p. 
Referências 
ISBN 978-85-8433-037-9
1. Direito cultural. 2. Educação ambiental - ecofeminismo 
- ética. I. Cancio, Gustavo Santiago Torrecilha. II. Campello, 
Lívia Gaigher Bósio.
 CDD: 341.2
4
Apresentação
Com imensa alegria e satisfação apresentamos a presente obra coletiva, 
composta por artigos científicos motivados pelos debates e resumos expandidos 
submetidos ao IV Congresso Nacional da Federação dos Pós-Graduandos em 
Direito - FEPODI, ocorrido entre 01 e 02 de outubro de 2015, na Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo - PUCSP, sobre o tema “Ética, Ciência e 
Cultura Jurídica”.
Os 18 (dezoito) artigos, abaixo sintetizados, que compõem a presente 
obra coletiva, mais do que discutir temas atuais do direito ambiental, refletem 
a sensibilidade e disposição dos (as) autores (as) para transformar a cultura 
da sociedade contemporânea em favor de um mundo melhor, mais digno e 
sustentável.
Dentro dessa análise, no artigo “Da necessidade de respeito à cultura 
indígena nas políticas de desenvolvimento econômico: do multiculturalismo 
e aspecto cultural do conceito de desenvolvimento econômico sustentável”, 
Lorena Silva de Albuquerque discute a necessidade de se observar o elemento 
cultural em políticas públicas, defendendo que o conceito de desenvolvimento 
sustentável também abrange o aspecto cultural, no qual estão inseridas as 
tradições indígenas. 
Por seu turno, Paulo Silva Nhemetz e Leonardo Raphael Carvalho de 
Matos propõem-se, no artigo “Solidariedade cogente: percepção de direitos às 
futuras gerações (o princípio da solidariedade infinda)”, a analisar o princípio 
constitucional da solidariedade aplicado àquele que ainda não existe, ou seja, 
às futuras gerações, dando origem ao princípio da solidariedade intergeracional 
e transgeracional.
Já em “O meio ambiente do trabalho e o adicional de insalubridade 
sob uma análise fraterna”, Luana Pereira Lacerda e Lafayette Pozzoli enfocam 
5
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
na análise crítica da problemática que envolve o meio ambiente do trabalho 
e o enquadramento do adicional de insalubridade e sua agressão à saúde do 
empregado.
Carla Judith Cetina Castro apresenta em “O ecofeminismo e as relações 
de poder de Foucault” uma visão geral sobre o ecofeminismo, uma corrente 
filosófica feminista, que não tem impedido sua adopção como forma de luta na 
degradação ambiental, por parte de ecofeministas no redor do mundo. 
No artigo intitulado “Procedimento administrativo de liberação dos 
OGM’S”, as autoras Elisângela Assayag Neves e Suame da Costa Tavares 
incitam o debate sobre os organismos geneticamente modificados (OGMs), 
cuja realização ainda fomenta incertezas na área do Biodireito, quanto à análise 
de risco à segurança humana e ao meio ambiente. 
Cyro Alexander de Azevedo Martiniano e Ygor Felipe Távora da 
Silva introduzem em “A educação ambiental e a função da comunicação 
social conforme a ordem constitucional brasileira” a ideia de que o contexto 
constitucional da comunicação social exerce um papel importante para a 
efetivação da Educação Ambiental. 
Trazendo um outro enfoque, o artigo “A competência ambiental 
concorrente do manejo do pirarucu no Estado do Amazonas”, de Adriana 
Almeida Lima e Rayanny Silva Siqueira Monteiro, discorre sobre a nova 
competência concorrente do Estado do Amazonas para legislar sobre o manejo 
do Pirarucu, investigando a aplicaçao da lei e eficácia bem como descrição de 
um novo modelo que se desenha.
Ao tratarem da “Ameaça à sustentabilidade das unidades de conservação: 
o caso da reserva extrativista chico mendes”, Paulo Fernando de Britto Feitoza 
e Idelcleide Rodrigues Lima Cordeiro aborda os principais fatores que vêm 
ameaçando a sustentabilidade Reserva Extrativista Chico Mendes - RESEX, 
localizada no sudeste do Estado do Acre, criada para garantir a exploração auto-
sustentável e a conservação dos recursos naturais renováveis. 
O estudo sobre o “Regime sui generis de proteção jurídica transnacional 
dos conhecimentos tradicionais associados à biodiversidade: possibilidade 
a partir da região amazônica”, realizado por Ana Carolina Couto Lima de 
Carvalho, trata da tutela jurídica dos conhecimentos tradicionais dos povos da 
Amazônia e sua imprescindível interrelação com a sustentabilidade ambiental 
e a transnacionalidade. 
Andrea Cláudia Sales Silva e Cristine Cavalcanti Gomes apresentam 
uma análise sobre os “Possíveis impactos do licenciamento ambiental único 
estabelecido pela Lei Complementar n. 140, de 08 de dezembro de 2011”, 
enfocando, dentro da repartição de ações administrativas dos entes federados 
e o exercício do licenciamento ambiental, a figura do licenciamento ambiental 
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
6
único, caracterizada como um instrumento capaz de evitar sobreposição de 
atuações entes os componentes da Federação.
Por sua vez, Mayara Ferrari Longuini e Rafael Junqueira Buralli, 
no artigo “Participação social em decisões políticas ambientais: dimensões 
e efetividade”, buscam analisar as dimensões jurídicas e efetividade da 
participação da sociedade em decisões políticas que envolvam questões 
ambientais dentro do contexto do Estado Democrático de Direito.
Em “A Constituição Federal e a proteção ao direito socioambiental: o 
caso da reserva indígena Raposa Serra do Sol no Supremo Tribuinal Federal”, 
Bárbara Dias Cabral e Juliana Soares Viga aduzem, em síntese, que o Supremo 
Tribunal Federal, ao analisar o caso da demarcação da Reserva Indígena 
Raposa Serra do Sol, embasou uma nova ideia jurídica denominada Direito 
Socioambiental. 
Marcelo Pires Soares e Elisa Oliveira da Silva Bentes apresentam em 
“O plantio de organismos geneticamente modificados no entorno de unidades 
de conservação” uma análise da validade do Decreto 5.950/2006, que autoriza 
o cultivo de organismos geneticamente modificados (OGMs) no entorno de 
unidades de conservação, tendo como ponto de partida a funçãodas zonas 
de amortecimento, as incertezas quanto ao plantio de OGMs e a aplicação do 
Princípio da Precaução. 
No artigo “O princípio do poluidor-pagador e a responsabilidade civil 
do estado por omissão no dever de fiscalização e proteção ambiental”, Laís 
Batista Guerra e Juliana de Carvalho Fontes tratam da responsabilidade civil 
do Estado por omissão no dever de proteção e fiscalização ambiental, à luz 
da aplicação do princípio do poluidor-pagador e das normas constitucionais e 
legais vigentes. 
Em “Importância da educação ambiental para efetivação da sociedade 
sustentável”, a autora Tereza Cristina Mota dos Santos Pinto traz a relevância 
do papel da educação ambiental para a mudança na forma de se posicionar do 
ser humano, de modo a permitir a efetivação do desenvolvimento sustentável 
preceituado constitucionalmente no artigo 225. 
Carlos Antonio de Carvalho Mota Júnior e Guilherme Gustavo Vasques 
Mota, ao discorrem sobre “Os igarapés da cidade de manaus: degradação e 
remédios legais”, esclarecem que a cidade de Manaus possui fartos braços 
d´água conhecidos como “igarapés”, os quais atualmente encontram-se em 
estado de grande degradação, sem qualquer uso para a população exceto o 
lançamento de dejetos residenciais, comerciais e industriais. 
Já os autores Narcisa Batista Lunguinho Silva e Leonardo Raphael 
Carvalho de Matos apresentam uma visão sobre a “Responsabilidade social 
no direito ambiental internacional e os refugiados ambientais”, levantando as 
7
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
consequências advindas da problemática da degradação ambiental cada vez 
mais crescente e indicando o surgimento de uma nova categoria de refugiados: 
os refugiados ambientais, também conhecidos como (refugiados climáticos). 
Por fim, em “Educação ambiental: as ações pedagógicas da Secretaria 
Municipal de Educação de Manaus/AM”, Bárbara Dias Cabral e Erivaldo 
Cavalcanti Silva Filho apresentam um estudo sobre as ações que corroboram 
a educação ambiental na Secretaria Municipal de Educação de Manaus/AM 
(SEMED).
Feita essa breve introdução aos artigos que constituem a presente obra 
coletiva, acreditamos que, pela dinâmica do livro, haja uma excelente fluidez na 
compreensão e exame dos estudos aqui apresentados. Boa leitura!
Lívia GaiGher Bósio CampeLLo 
Coordenadora Científica
Gustavo santiaGo torreCiLha CanCio
Organizador
8
Sumário
DA NECESSIDADE DE RESPEITO À CULTURA INDÍGENA NAS POLÍTICAS 
DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: DO MULTICULTURALISMO E 
ASPECTO CULTURAL DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 
SUSTENTÁVEL 
Lorena Silva de Albuquerque ......................................................................... 
SOLIDARIEDADE COGENTE: PERCEPÇÃO DE DIREITOS ÀS FUTURAS 
GERAÇÕES (O PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE INFINDA) 
Paulo Silva Nhemetz e Leonardo Raphael Carvalho de Matos ...........................
O MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E O ADICIONAL DE INSALUBRIDADE 
SOB UMA ANÁLISE FRATERNA 
Luana Pereira Lacerda e Lafayette Pozzoli ....................................................
O ecofeminismo e as relações de poder de Foucault 
Carla Judith Cetina Castro ..........................................................................
Procedimento Administrativo de liberação dos OGM’s 
Elisângela Assayag Neves e Suame da Costa Tavares ........................................
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A FUNÇÃO DA COMUNICAÇÃO SOCIAL 
CONFORME A ORDEM CONSTITUCIONAL BRASILEIRA 
Cyro Alexander de Azevedo Martiniano e Ygor Felipe Távora da Silva ...............
A COMPETÊNCIA AMBIENTAL CONCORRENTE DO MANEJO DO PIRA-
RUCU NO ESTADO DO AMAZONAS
Adriana Almeida Lima e Rayanny Silva Siqueira Monteiro ...............................
AMEAÇA À SUSTENTABILIDADE DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: 
O CASO DA RESERVA EXTRATIVISTA CHICO MENDES 
Paulo Fernando de Britto Feitoza e Idelcleide Rodrigues Lima Cordeiro ..........
10
22
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57
75
87
105
116
9
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
REGIME SUI GENERIS DE PROTEÇÃO JURÍDICA TRANSNACIONAL DOS 
CONHECIMENTOS TRADICIONAIS ASSOCIADOS À BIODIVERSIDADE: 
POSSIBILIDADE A PARTIR DA REGIÃO AMAZÔNICA 
Ana Carolina Couto Lima de Carvalho ..........................................................
POSSÍVEIS IMPACTOS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL ÚNICO ESTABE-
LECIDO PELA LEI COMPLEMENTAR N. 140, DE 08 DE DEZEMBRO DE 2011
Andrea Cláudia Sales Silva e Cristine Cavalcanti Gomes .................................
PARTICIPAÇÃO SOCIAL EM DECISÕES POLÍTICAS AMBIENTAIS: DIMENSÕES 
E EFETIVIDADE 
Mayara Ferrari Longuini e Rafael Junqueira Buralli ...................................... 
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A PROTEÇÃO AO DIREITO SOCIOAMBIENTAL: 
O CASO DA RESERVA INDÍGENA RAPOSA SERRA DO SOL NO SUPREMO 
TRIBUINAL FEDERAL
Bárbara Dias Cabral e Juliana Soares Viga .....................................................
O PLANTIO DE ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS NO ENTOR-
NO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Marcelo Pires Soares e Elisa Oliveira da Silva Bentes .....................................
O PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR E A RESPONSABILIDADE CIVIL 
DO ESTADO POR OMISSÃO NO DEVER DE FISCALIZAÇÃO E PROTEÇÃO 
AMBIENTAL 
Laís Batista Guerra e Juliana de Carvalho Fontes ...........................................
IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA EFETIVAÇÃO DA 
SOCIEDADE SUSTENTÁVEL 
Tereza Cristina Mota dos Santos Pinto ..........................................................
OS IGARAPÉS DA CIDADE DE MANAUS: DEGRADAÇÃO E REMÉDIOS LEGAIS 
Carlos Antonio de Carvalho Mota Júnior e Guilherme Gustavo Vasques Mota ..
RESPONSABILIDADE SOCIAL NO DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL 
E OS REFUGIADOS AMBIENTAIS 
Narcisa Batista Lunguinho Silva e Leonardo Raphael Carvalho de Matos ........
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: AS AÇÕES PEDAGÓGICAS DA SECRETARIA 
MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE MANAUS/AM
Bárbara Dias Cabral e Erivaldo Cavalcanti Silva Filho ..................................
133
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243
261
274
291
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
10
DA NECESSIDADE DE RESPEITO À CULTURA INDÍGENA NAS POLÍTICAS DE 
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: DO MULTICULTURALISMO E ASPECTO 
CULTURAL DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO 
ECONÔMICO SUSTENTÁVEL
THE NECESSITY OF RESPECT THE CULTURE OF INDIGENOUS PEOPLES 
IN POLICY OF ECONOMIC AND SOCIAL DEVELOPMENT: THE 
MULTICULTURALISM E CULTURAL ASPECT IN CONCEPT OF 
SUSTAINABLE DEVELOPMENT
Lorena Silva de Albuquerque
Mestranda em Direito Ambiental pela Universidade 
do Estado do Amazonas. Procuradora do Estado do Amazonas.
Resumo: Na implementação de programas de crescimento econômico é 
possível que haja choques com diferentes formas de viver. Considerando que 
o Brasil adotou o multiculturalismo como diretriz constitucional e assumiu 
compromissos internacionais de respeito aos costumes e tradições indígenas, 
é necessário observar o elemento cultural em políticas públicas. Outro 
reforço a tal obrigatoriedade foi o fato de o Brasil ter adotado o chamado 
desenvolvimento econômico sustentável. Defende-se que o conceito de 
desenvolvimento sustentável também abrange o aspecto cultural, no qual 
inseridas as tradições indígenas. Assim, a partir de pesquisas em doutrina 
pátria, análise do ordenamento jurídico brasileiro e documentos internacionais, 
será demonstrado que o Brasil não pode se descuidar do aspecto cultural em 
seu desenvolvimento econômico.
PalavRas-Chave: Desenvolvimento Sustentável. Cultura. Índios.
abstRaCt: In the implement of economic growth plan is possible shocks 
with diferentes ways of life. Whereas Brazil has adopted multiculturalism as 
a constitutional guideline and made international commitments to respect the 
customs and indigenous traditions, is necessary to respect cultural element in 
public politics. Another demonstrativeof this obligation is the fact that Brazil 
adopted the concept of sustainable development. The concept of sustainable 
development also covers the cultural aspect, in which indigenous traditions are 
inserted.Thus, from research in doctrine, as well as analysis of Brazilian law 
and international documents, it will be demonstrated that Brazil can not neglect 
the cultural elemente in economic development.
KeywoRds: Sustainable Development. Culture. Indigenous people. 
11
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
INTRODUÇÃO 
O Brasil busca constantemente o crescimento econômico. Para 
tanto, faz investimentos em usinas hidrelétricas, expande rodovias, realiza 
transposição de rios, o que em geral contribui para baratear custos e facilitar 
escoamento de produção.
 Ao mesmo tempo em que busca se agigantar economicamente, possui 
uma realidade da qual não pode se afastar: é um país formado por diversos 
povos, um verdadeiro mosaico de várias formas de viver.
Disso resulta que medidas consideradas essenciais para o desenvolvimento 
econômico por vezes agridem a cultura de determinados povos.
Justifica-se a pesquisa em decorrência da atual política de crescimento 
econômico brasileiro e do fato de que muitas obras em andamento, em especial 
a construção de usinas hidrelétricas, motivam diversas manifestações de 
indignação de povos indígenas, que alegam afronta a seus direitos. 
O objetivo do presente trabalho será demonstrar que o aspecto cultural 
deve estar atrelado ao desenvolvimento. Além da necessidade de proteção à 
cultura indígena, o Brasil adotou o modelo do desenvolvimento econômico 
sustentável, no qual se integra tal proteção.
Para tanto, será realizada pesquisa na doutrina pátria, Constituição 
Federal e legislação infraconstitucional, além de documentos internacionais.
A primeira etapa da pesquisa consistirá em abordar a proteção da 
cultura. Posteriormente será demonstrada a proteção constitucional dos direitos 
indígenas. Em seguida, será apresentado o conceito de desenvolvimento 
sustentável, para, ao final, ser realizada conclusão sobre o tema.
1. DA PROTEÇÃO À CULTURA
O Brasil foi destino de vários povos. Aqui já residiam os índios. Após 
vieram os portugueses, africanos, italianos, espanhóis e diversos outros. Como 
resultado, há uma mistura de povos, com diversas formas de viver e pensar. 
A diversidade da população brasileira é fato notório. O contraste entre 
as diversas regiões demonstra a relevância e existência de variadas formas de 
identidade cultural.
Fisicamente, já há indício de diversidade cultural. Em cidades como 
São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, a presença indígena é marcante. Já no 
Nordeste, em várias cidades da Bahia a presença negra anos é inegável.
O aspecto cultural, no entanto, ultrapassa os caracteres físicos e alcança 
os costumes e crenças de cada grupo. Afinal, como não imaginar demonstrativo 
de cultura o infanticídio em aldeias indígenas ou a farra do boi em Santa Catarina? 
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
12
Como ignorar que num mesmo país há os que seguem Deus, alguns que temem 
os espíritos da floresta e outros que referenciam os Orixás do Candomblé? 
Tais exemplos, alguns mais questionáveis que outros, demonstram as 
diversas formas de pensar.
Além das crenças, integra a cultura os diversos meios pelos quais os 
grupos empregam suas forças e obtém alimentação.
Considerando o tema do presente artigo, cabe enfatizar a diferenciada 
forma de vida dos indígenas.
Nela, há grande ligação com a natureza. Das águas, das florestas 
e da terra saem diretamente os alimentos para saciar fome e também as 
necessidades espirituais. Os rios são fontes de peixe, mas também símbolos 
sagrados. A necessidade de caça implica a reserva uma ampla área de terra para 
a sobrevivência indígena, o que também é reformado pela agricultura e coleta 
das quais o povo tira alimentos básicos.
Assim, ao se falar em cultura indígena, fala-se em todos os seus 
costumes, hábitos, crenças e símbolos que fazem o índio se reconhecer 
como ser na terra.
Fácil concluir que o direito de proteção à cultura não consiste na 
simples fixação de um dia de proteção ao índio. A a reserva de 19 de abril 
para comemoração do dia do índio não contribui diretamente com a proteção 
de sua cultura. Os trabalhos realizados em escolas não mata a fome ou eleva a 
autoestima desta minoria.
Protege-se a cultura quando se possibilita que os povos perpetuem sua 
forma de viver. Possibilita-se a perpetuação da forma de viver quando protegidos 
os meios que permitem tal continuidade. Quando se permite o acesso à agua para 
a permanência de busca de alimentos. Quando mantidas as terras para a prática de 
atividades de subsistência e reprodução de modos de vida, por exemplo.
Sabe-se que a relação entre a natureza e a cultura é direta e interdependente. 
A respeito do tema, transcreve-se lição de DERAMI (2001 p.72):
Toda formação cultural é inseparável da natureza, 
com base na qual se desenvolve. Natureza conforma 
e é conformada pela cultura. De onde se conclui que 
tantas naturezas teremos quão diversificadas foram as 
culturas e, naturalmente, pelo raciocínio inverso, as 
culturas terão matizes diversos posto eu imersas em 
naturezas diferentes 
Nos povos indígenas tal relação é bem acentuada. A proteção à cultura, 
assim, perpassa pela proteção à natureza que permite a perpetuação dos símbolos 
culturais, o que está diretamente ligado ao respeito e seu território.
13
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Há de se observar, ademais, que o conjunto de práticas e valores 
integrantes da cultura de um povo está diretamente ligado à identidade do povo 
e autoafirmação do indivíduo perante a sociedade.
O direito à cultura, por conseguinte, constitui em verdadeiro direito 
fundamental, possuindo ligação direta com o Princípio da Dignidade da Pessoa 
Humana e o direito à busca da felicidade. 
Uma triste realidade é comprobatória do quão grave é a deterioração 
cultural para fins de se alcançar tal direito à felicidade.
Atualmente, as maiores taxas de suicídio entre os jovens ocorre 
justamente entre os indígenas. O ranking é liderados por cidades com forte 
presença indígena, como São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, e cidades de 
Amambai, Dourados e Paranhos do Mato Grosso do Sul.
Os choques culturais a que estão submetidos os indígenas em tais 
cidades por certo contribui para a fatalidade.
Tamanha a importância da cultura, a mesma recebeu proteção 
constitucional.
O capítulo III, Seção II da CF/88 disciplinou o tema Cultura.
Nos termos do art.215, caput, da Constituição Federal, o Estado 
garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes 
da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das 
manifestações culturais. 
O §1° do citado artigo determina que o Estado protegerá as manifestações 
das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos 
participantes do processo civilizatório nacional.
O patrimônio cultural, como conjunto de bens de valor cultural, também 
foi disciplinado.
 Foi constitucionalmente conceituado, no art.216, caput, como bens de 
natureza material e imaterial, portadores de referência à identidade, à ação, à 
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais 
se incluem as formas de expressão, os modos de criar, fazer e viver, as criações 
científicas, artísticas e tecnológicas, as obras, objetos, documentos, edificações 
e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais e os conjuntos 
urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, 
paleontológico, ecológico e científico.
A respeito do tema, vale a menção aos ensinamentos de FEITOZA(2012, p.43):
“Para que melhor se explique, considere-se que 
somente pode ser considerado bem cultural aquele 
que simbolizar uma evocação, representação 
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
14
ou lembrança, sendo conclusivo que, tirante a 
materialidade da coisa erigida à condição de bem 
cultural, outra existe por uma vertente, que não é 
palpável nem material, mas imaterial ou mesmo 
psicológico, que emana de cada ser e converge para 
promover especial importância para determinado 
bem, alando-o à condição de cultural. A importância 
maior do bem está aí, na maioria das vezes, não na 
coisa em si, mas na lembrança que ocasiona 
A proteção da cultura, no entanto, ultrapassada a previsão da Seção II, 
na qual inclusa a proteção da cultura de forma genérica e do patrimônio cultural. 
Tal proteção também tem como fonte a previsão do art. 1°, III, de que a 
República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito 
e tem como um de seus fundamentos a dignidade da pessoa humana.
Não se pode olvidar, ademais, que constitui, ainda, objetivo fundamental 
da República Federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos 
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, 
conforme art. 3°, IV, da Carta Magna.
Ainda em termos de Constituição federal, determina o art.5° da CF/88 
que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade da 
liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos 
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a 
suas liturgias, além de ser livre a expressão da atividade intelectual, artística, 
científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.
A proteção à cultura, então, como direito fundamental que é, possui 
ampla proteção constitucional.
2. DO MULTICULTURALISMO E PROTEÇÃO AOS DIREITOS INDÍGENAS
A diversidade cultural existente no Brasil é realidade. Na verdade, 
considerando a globalização, é realidade comum a quase todos os países.
Disto surgem seguintes indagações: Como proceder diante de tal 
diversidade? Aceitar as diferenças, com todos os conflitos que poderia surgir ou 
padronizar comportamentos, exterminando o “diferente”?
Com a evolução dos direitos e proteção de direitos fundamentais 
caminha-se para um respeito às diferenças.
Este reconhecimento das diversidades e valorização do outro, com a 
exclusão de idéia de homogeneidade é que dá corpo ao multiculturalismo.
15
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
O conceito de multiculturalismo designava, originalmente, a coexistência 
de formas culturais ou de grupos caracterizados por culturas diferentes no seio 
de “sociedades modernas’. Rapidamente, contudo, o termo se tornou um modo 
de descrever as diferenças culturais em um contexto transnacional e global. 
(BOAVENTURA, 2003, p.26).
O conceito aponta, simultaneamente, para uma descrição e um projeto.
Conforme, novamente, lição de BOAVENTURA (2003, p.28) :
Enquanto descrição é possível falar de:
1. A existência de uma multiplicidade de culturas no 
mundo;
2. A co-existência de culturas diversas no espaço de 
um mesmo Estado-nação; 
3. A existência de cultuas que se influenciam tanto 
dentro como além do Estado-nação.
O multiculturalismo pode ser visto também como uma forma de atuar, 
intervir e transformar a dinâmica social. 
As sociedades estão permeadas de grupos minoritários que exigem 
reconhecimento de suas diferenças culturais. 
Esta forma ativa do multiculturalismo impõe ao Estado brasileiro a 
necessidade de intervir de forma a preservar e fomentar a diversidade.
O Brasil também é multicultural e pluriétnico porque protege e estimula 
o convívio harmônico das várias formas de viver, dos diversos costumes e 
crenças. Não objetiva uma padronização, que todos usem os mesmos trajes, 
possuam os mesmos deuses, tenham a mesma relação com a natureza, 
submetam-se à mesma organização ou alimentem-se da mesma forma.
No desenvolvimento das Políticas Públicas e na implementação de obras 
para incremento econômico tais valores devem ser preservados, considerando a 
já exposta proteção constitucional à cultura.
Em relação aos povos indígenas, há proteção ainda mais específica que 
as genéricas previstas na Constituição.
A nova ordem constitucional destinou-os capítulo específico (capítulo 
VII), no qual, em seu art. 231, caput, determinou que são reconhecidos aos 
índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os 
direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à 
União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
Há de se observar, em consonância com BARRETO (2011, p.100), que 
antes da Constituição Federal de 1988, os direitos indígenas eram basicamente 
restritos aos direitos de posse sobre a terra. Após, houve uma mudança 
de paradigma, com ampliação de seus direitos e reconhecimento de suas 
organizações, costume, tradições.
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
16
O avanço no reconhecimento da diversidade cultural indígena não 
ocorreu somente em termos de Constituição. 
O Estado Brasileiro assumiu compromissos internacionais de respeito 
aos direitos indígenas. 
Está submetido a documentos mais genéricos de proteção a direitos 
humanos como a Declaração Universal dos Direitos e Convenção Internacional 
sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial.
Além disso, assinou convenções específicas sobre direitos indígenas, 
dentre as quais a Convenção n. 169 da Organização Internacional do Trabalho 
sobre os Povos Indígenas e Tribais, que alterou a perspectiva integracionista 
presente na Convenção n. 107 sobre populações indígenas e outras populações 
tribais e semitribais em países independentes. 
A mudança de paradigma na segunda convenção é expressa em suas 
considerações iniciais, ao citar, como fundamento, que as mudanças sobrevindas 
na situação dos povos indígenas e tribais em todas as regiões do mundo fazem 
com que seja aconselhável adotar novas normas internacionais nesse assunto, a 
fim de se eliminar a orientação para a assimilação das normas anteriores.
É fácil observar, então, o objetivo de se distanciar da visão integracionista 
da cultura indígena ao padrão geral de comportamento, de forma a se alcançar 
o fortalecimento da cultura indígena e preservar sua identidade. 
Assim, ao assinar a Convenção 169 da OIT, o Estado Brasileiro 
assumiu um compromisso internacional de direitos humanos no sentido 
de respeitar a cultura indígena e tomá-la em consideração em politicas de 
desenvolvimento do país.
Ainda a nível de documentos internacionais, é interessante frisar a 
Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, que, 
desde de seus considerando, frisa a necessidade de respeito às diferenças.
É de conhecimento geral que atualmente os compromissos internacionais 
de direitos humanos possuem proteção constitucional.
Os tratados de tal natureza integram o que se chama de “bloco de 
constitucionalidade”, com base no art. 5º, § 2º, da Constituição Federal, que 
determina que os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem 
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
Há de se observar que existem doutrinadores que inclusive defendem 
o status constitucionais de tais normas independentemente do procedimento 
de aprovação previsto no §3º do supracitado artigo constitucional, conforme 
se extrai abaixo: 
A Constituição de 1988 recepciona os direitos 
enunciados em tratados internacionais de que o 
17
TEMAS CONTEMPORÂNEOSDE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Brasil é parte, conferindo-lhe natureza de norma 
constitucional. Isto é, os direitos constantes nos 
tratados internacionais integram e complementam o 
catálogo de direitos constitucionalmente previstos, 
o que justifica estender a esses direitos o regime 
constitucional conferido aos demais direitos e 
garantias fundamentais. (PIOVESAN, 2009, p.58) 
A despeito do compromisso internacional, no entanto, nem sempre 
dado o devido valor aos costumes indígenas. 
A título de exemplificação, cita-se que a construção das diversas 
hidrelétricas no Rio Telles é fonte de forte objeção pelos povos indígenas 
Munduruku, Kayabi, Apiaká e Rikabatsa. 
Segundo manifesto apresentado1, as usinas de Sinop, Colíder, Teles 
Pires e São Manoel estão mudando radicalmente o rio Teles Pires e afetando o 
modo de vida tradicional de tais povos, tanto no aspecto físico como cultural. 
Segundo alegam, com tais construções seriam afetadas áreas sagradas, como a 
Cascada das Sete Quedas.
Ora, os símbolos culturais das áreas para os indígenas não devem 
ser levados em consideração? Os mesmos não integram, como já exposto, o 
conceito de cultura? Esta não está protegida constitucionalmente? Trata-se 
de indagações essenciais cuja resposta decorre na disciplina constitucional e 
internacional da matéria.
3. DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E O ASPECTO CULTURAL
Na intenção de impulsionar o desenvolvimento econômico, o Estado 
pode irregularmente descuidar das proteções constitucionais ao direito à cultura.
Ocorre que esta se trata de mais uma afronta à Constituição, vez que nos 
termos do art. 170, caput, da Constituição Federal, a ordem econômica tem por 
fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social.
Como visto, a proteção à cultura indígena guarda relação direta coma 
dignidade humana.
Além disso, hoje o desenvolvimento econômico deve ser analisado à 
luz do conceito de desenvolvimento sustentável.
O conceito de desenvolvimento sustentável não perpassa somente pelo 
aspecto ecológico. Trata-se de um conceito que engloba diversas facetas de um 
todo que seria um meio ambiente adequado para vivência.
1 http://amazonia.org.br/2015/05/munduruku-kayabi-apiak%C3%A1-e-rikabatsa-selam-
alian%C3%A7a-contra-usinas-no-mato-grosso/
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
18
Um marco da conceituação de desenvolvimento sustentável foi o 
Relatório de Brundtland, chamado de “Nosso futuro comum”, elaborado pela 
Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento.
Em tal documento internacional, o desenvolvimento sustentável é 
conceituado como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, 
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias 
necessidades”.
Em 1992, foi realizada a Conferência de Meio Ambiente e 
Desenvolvimento da ONU, chamada Rio 92, que reafirmou e popularizou 
o conceito de desenvolvimento sustentável tendo por objetivo vincular 
desenvolvimento e ambiente, conciliando equidade social, prudência ecológica 
e eficiência econômica (SAISSE, 2014, p.105).
Em atenção ao tema do artigo, observa-se que o art. 22 da Declaração 
do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável previu que os 
Estados devem reconhecer e apoiar de forma apropriada a identidade, cultura e 
interesses dessas populações e comunidades, bem como habilitá-las a participar 
efetivamente da promoção do desenvolvimento sustentável.
Em 2012, foi realizada nova Conferência no Rio de Janeiro, a Rio + 20, 
da qual resultou o documento “O futuro que queremos”.
Em tal documento, os Chefes de Estado comprometem-se a obter 
uma maior integração entre os três pilares de desenvolvimento sustentável – o 
econômico, o social e o ambiental.
Sobre tema, relevante ainda são as seguintes previsões:
16. Nós reconhecemos a diversidade do mundo e 
reconhecemos que todas as culturas e civilizações 
contribuem para o enriquecimento da humanidade 
e a proteção do sistema de suporte à vida da Terra. 
Enfatizamos a importância de cultura para o 
desenvolvimento sustentável. Pedimos uma abordagem 
holística para o desenvolvimento sustentável que guiará 
a humanidade para viver em harmonia com a Natureza.
21. Nós reconhecemos a importância da Declaração 
das Nações Unidas sobre os Direitos de Povos 
Indígenas na implementação global, regional e 
nacional de estratégias desenvolvimento sustentável. 
Também reconhecemos a necessidade de refletir as 
perspectivas de crianças e jovens de questões que 
estamos abordando exercerá um profundo impacto 
sobre os jovens de hoje e sobre as gerações vindouras.
19
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
É necessário observar que o debate a respeito do desenvolvimento 
levou, como citado, à tradicional identificação de três elementos essenciais e 
interdependentes, quais sejam, o econômico, o social e o ambiental.
A terminologia, no entanto, acabou por estar sempre sujeita a crítica 
e interpretações, vez que busca um desenvolvimento capaz de compatibilizar 
crescimento econômico, conservação e manutenção da natureza e justiça social, 
o que pareceria improvável numa economia de mercado (IRVING, 2014, p.20).
O fato, no entanto, é que não se poderia conceber um planeta 
desenvolvido se nele há pobreza, desigualdades sociais, ou esgotamento de 
recursos naturais. A própria pobreza e falta de educação acarreta danos ao meio 
ambiente.
Da mesma forma, a conservação das diversidades de cultura igualmente 
é relevante ao desenvolvimento, vez que preserva conhecimentos e conduz ao 
bem-estar.
Neste aspecto, o art.6° da Convenção sobre a proteção e promoção 
da diversidade das expressões culturais determina que a diversidade cultural 
constitui grande riqueza para os indivíduos e as sociedades e a proteção, 
promoção e manutenção da diversidade cultural é condição essencial para o 
desenvolvimento sustentável em benefício das gerações atuais e futuras.
Assim, ao se vincular a tais documentos, o Brasil adotou um modelo de 
desenvolvimento sustentável no qual se preserva o meio ambiente para futuras 
gerações e se respeita a identidade, cultura e interesse de povos indígenas.
CONCLUSÃO
A cultura consiste num conjuntos de costumes, crenças, símbolos, 
organização social, modos de vida em geral que tornam determinados grupos 
dotados de singularidade ao meio de tantos outros que o circundam.
O Brasil, por sua história, é de grande riqueza de cultural, existindo 
regiões com prevalência de costumes indígenas, outras com influência africana 
e, mais ao sul, influência européia.
Os chamados grupos minoritários, no qual se enquadram os índios, 
reclamam uma proteção maior por parte do Estado Brasileiro.
No desenvolvimento de suas políticas públicas, por vezes o Estado 
Brasileiro se depara com manifestos de minorias, como os indígenas. A 
diferenciação cultural dos mesmos não raramente se choca com interesse 
econômico-político do país, o que deve ser solucionado a partir do regime 
jurídico adotado pelo Estado Brasileiro.
O Brasil é um país multicultural, tanto pela realidade fática de diversidade 
entre seus integrantes, quanto pela diretriz constitucional de preservação de tais 
singularidades.
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
20
A Constituição Federal determinou expressamente a proteção da cultura, 
do patrimônio cultural, nas quais inclusas as diversas manifestações e crenças.
O Estado brasileiro está obrigado constitucional e internacionalmente ao 
respeito às instituições. A Constituição Federal, em seu art. 231 da Constituição 
Federal e compromissos assumidos em documentos internacionais, em especial 
a Convenção n. 169 da Organização Internacional do Trabalho, fixam a 
obrigação de tal proteção.
A construção de hidrelétricas, por afetarem diretamenteo meio 
ambiente e os meios de vida dos que dependem das áreas por ela afetadas, são 
questionadas pelos indígenas.
Além da própria subsistência física, por vezes ocorre um desastre cultural, 
como no exemplo citado de destruição de lugares considerados sagrados.
Ora, a partir do momento em que o Brasil adotou o multiculturalismo e 
comprometeu-se a proteger tradições indígenas, nas quais inclusas crenças que 
envolvem as águas sagradas, não pode se esquivar de tal proteção.
Além disso, a busca pelo desenvolvimento engloba por si só a proteção 
à diversidade cultural.
Na medida em que o Brasil aderiu a um conceito de desenvolvimento 
sustentável, na qual insertos os aspectos econômicos, ecológicos e sociais, a busca 
pelo crescimento econômico deve estar atrelada à satisfação de necessidades 
culturais, nas quais se incluem o exercício de costumes e tradições indígenas.
Pelo exposto, conclui-se o pela obrigação de o Brasil, no planejamento 
de desenvolvimento econômico, observar a cultura indígena.
21
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
REFERÊNCIAS
BARRETO, Helder Girão. Direitos indígenas: vetores constitucionais. 
Curitiba: Juruá, 2011. 
DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. 2ª ed. São Paulo: Max 
Limonad, 2001.
FEITOZA, Paulo Fernando de Britto. Patrimônio cultural – proteção e 
responsabilidade objetiva. Manaus: Editora Valer, 2012.
IRVING, MARTA DE AZEVEDO. Sustentabilidade e o futuro que não 
queremos: polissemias, controvérsias e a construção de sociedades sustentáveis. 
Sinais Sociais, Rio de Janeiro, v.9, n.26. p.11-36, 2014.
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional 
Internacional. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 
RIBEIRO, Wagner Costa. Geografia Política da Água. São Paulo: Annablume 
Editora, 2008.
SALSSE, Maryane Vieira. Sustentabilidade e Justiça social. Sinais Sociais, 
Rio de Janeiro, v.9, n.26. p. 97-121, 2014.
SANTOS, Boaventra de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do 
cosmopolitismo multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
SARLET, Ingo Wolfgang, FERNSTERSEIFER, Thiago. Princípios do Direito 
Ambiental. São Paulo: Saraiva, 2014.
SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. São Paulo. 10 ed. 
Editora Malheiros. 2013.
SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. O Renascer dos POVOS 
INDÍGENAS para o Direito. Curitiba: Juruá, 2012. 
VILLARES, Luiz Fernando Villares. Direito e povos indígenas. Curitiba: 
Juruá, 2009. 
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
22
Solidariedade Cogente: percepção de direitos às futuras gerações
(o princípio da solidariedade infinda)
Imposed Solidarity: constitutional perception of rights to future generations
(the principle of endless solidarity)
Paulo Silva Nhemetz 
Graduando em Direito pela Universidade Nove de Julho - UNINOVE; 
Aluno do Programa Escola da Ciência 2014/2015 pelo Mestrado em Direito 
da Universidade Nove de Julho - UNINOVE; Pesquisador do Programa 
de Educação Tutorial PET/MEC dos cursos de Administração e Direito 
(PETADi) da Universidade Nove de Julho - UNINOVE; Membro 
da Comissão do Acadêmico de Direito da OAB/SP.
Leonardo Raphael Carvalho de Matos
Mestre em Direito pela Universidade Nove de Julho - UNINOVE; Especialista 
em Direito Processual Civil pela Faculdade Autônoma de Direito de São Paulo 
- FADISP; Secretário Executivo da Federação Nacional de 
Pós-graduandos em Direito - FEPODI (biênio 2015-2017). Membro da 
Comissão de Direitos Humanos da OAB-MA; Colaborador no do Programa 
Escola da Ciência 2014/2015 pelo Mestrado em Direito da Universidade Nove 
de Julho - UNINOVE; Professor da Graduação em Direito da 
Universidade Nove de Julho – UNINOVE.
Resumo: este estudo se propõe a analisar do princípio constitucional da 
solidariedade aplicado àquele que ainda não existe, ou seja, às futuras gerações, 
dando origem ao princípio da solidariedade intergeracional e transgeracional; as 
indagações norteiam-se pelo instituto dos direitos humanos principalmente em 
seus aspectos de direitos fundamentais, entra no campo do direito consuetudinário 
e em conceitos referenciais de alguns pensadores; a metodologia utilizada para 
este estudo, é dedutiva por meio de pesquisa exploratória, qualitativa e teórica. 
Traça ao final, um contorno contemporâneo de solidariedade intergeracional 
e transgeracional, suas possibilidades e consequências diante de uma 
necessidade emergente de sustentabilidade global, incitando a indigência de 
uma solidariedade infinda.
PalavRas-Chave: solidariedade futura, direitos humanos, sustentabilidade. 
abstRaCt: the objective of this study is to analyze the constitutional principle 
of solidarity applied to the future generations; the inquiries are guided by 
the human rights institution, primarily in their issues of fundamental rights, 
23
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
penetrate in the customary law field and reference concepts from some authors. 
The methodology used to this study is deductive by an exploratory research, 
both qualitative and theoretical. At the end, this study delineate a contemporary 
design on intergenerational and transgenerational solidarity, its possibilities 
and consequences due emerging needs for global sustainability, prompting 
indigence to an endless solidarity.
KeywoRds: future solidarity, human rights, sustainability.
INTRODUÇÃO
Ao acordar para a problemática da efetiva existência do “princípio da 
solidariedade” em seu caráter intergeracional e transgeracional identificar-se-á 
a emergente necessidade da cultura sustentável como projeção garantista de 
direitos às futuras gerações, capazes de gerar condições mínimas aos próximos 
300 anos ou mais. 
Transformações significativas ao longo dos últimos séculos influenciaram 
o modo de pensar o viver e o conviver com o restante do planeta; perceber-se-á 
que alguns direitos de 3ª geração são desprovidos de real eficácia, sinalizando 
necessidade de mudanças; deste modo, caberá ao Estado de forma positivada, 
contribuir para a busca de novo paradigma sustentável em conjunto com os diversos 
stakeholders: os indivíduos, a sociedade, as empresas, as organizações sociais. 
Descrever aspectos contemporâneos de solidariedade intergeracional 
e transgeracional tem relevância neste estudo para prognosticar possibilidades 
e consequências relativas aos escassos recursos e a perenidade sustentável; 
incitando a indigência de uma solidariedade infinda.
Neste estudo tratar-se-á, de forma geral, descrever como a 
solidariedade, enquanto dispositivo social constitucional, garantirá direitos 
fundamentais e recursos naturais às gerações futuras; e de maneira específica, 
(i) entender a solidariedade contemporânea; (ii) identificar a penetrabilidade do 
instituto; (iii) analisar dispositivos internacionais e constitucionais nas questões 
garantistas às futuras gerações. 
Metodologicamente é um estudo dedutivo por meio de pesquisa 
exploratória, qualitativa e teórica: revisão bibliográfica, observações e 
apreciações de políticas públicas e de organizações sociais, dos veículos 
de notícias e do embasamento normativo positivado; estabelecimento de 
recortes; organização das informações analisadas e discutidas de forma 
descritiva e dissertativa.. 
Estruturado em três partes, primeiramente abordar-se-á algumas 
características e entendimentos sobre solidariedade na preocupação de trazer 
um recorte do contexto contemporâneo a ser trabalhado neste estudo.
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
24
Por sua vez, no segundo momento, o tema posicionar-se-á no espaço 
tempo do ordenamento jurídico nos limites constitucional e internacional do 
dispositivo solidariedade, incitando o princípio constitucional e o seu grau de 
sua penetrabilidade no ordenamento.Em derradeiro, concatenar-se-á uma discussão entre os pontos 
convergentes dos direitos humanos em seus aspectos de direitos fundamentais 
aos da solidariedade intergeracional e transgeracional, ponderados por 
questionamentos e exemplificações atuais.
Deste modo, ter-se-á relevância, examinar as possibilidades e 
consequências diante dos recursos existentes no planeta, descrever os aspectos 
contemporâneos sobre solidariedade que tenham como efeitos questões 
intergeracionais e transgeracionais, incitando posteriormente a reflexão de 
existência de algum tipo de solidariedade mais profunda e cogente, muito além 
dos pensares familiares em bisnetos e tataranetos e, que perfaz, a indigência de 
uma solidariedade infinda2. 
1. SOLIDARIEDADE
Solidariedade3 ou solidarité4, forma contrária do vocábulo egoísmo, 
é palavra derivada de termo latino obligatio in solidum, que seja, a obrigação 
na íntegra, no todo, que do direito romano compreende-se como uma obrigação 
comunitária ou social onde existe a indicação das responsabilidades que cada 
cidadão deverá ter em relação aos círculos aos quais pertence. 
Ainda da etimologia, Roberto Patrus (2003) em referência ao verbo 
solidare (consolidar, fazer sólido), conceitua que: “Exercer a solidariedade implica 
fazer-se parte de algo maior, com vistas a solidificar, consolidar, tornar algo sólido”.
Léon Duguit (2006, p. 23) conceitua que o ideal de solidariedade foi 
construído partindo do pressuposto que, vivendo em sociedade, os homens precisam 
ser solidários entre si, seja em razão de necessidades comuns ou pela necessidade de 
trocar experiências em decorrência de possuírem diferentes aptidões. 
2 Tipo de solidariedade com característica infinita, ou seja, que sempre se deverá economizar ao 
máximo, utilizar menos ou o mínimo de recursos para que outros possam também utilizá-los. Esta 
questão vai por vezes na contramão de outros direitos e garantias conquistados. (Nota do autor). 
3 Dicionário Houaiss: [...] Compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas às outras e 
cada uma delas a todas; Sentimento de simpatia ou piedade pelos que sofrem; Manifestação 
desse sentimento, com o intuito de confortar ou ajudar; Cooperação ou assistência moral que se 
manifesta ou testemunha a alguém em certas circunstâncias; [...]
4 Origem francesa, “responsabilidade mútua”, cunhada em 1765, de SOLIDAIRE, “inteiro, 
completo, interdependente”, de SOLIDE, do Latim SOLIDUS, “firme, inteiro, sólido”. Fonte: 
site Origem da palavra, acessada em 09/07/2015: http://origemdapalavra.com.br/site/pergunta/
solidariedade/
25
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Nesta concepção pressupõem que o indivíduo solidário, no campo 
das virtudes, é alguém “x” que fez algo de bom a um alguém “y”, sendo este 
bem, algo de que “y” necessite, ou então, que “x” queira lhe oferecer. Também, 
pode indicar que “x” fez este algo de bem sem saber ou se importar quem será 
o seu beneficiado, tendo assim uma atitude solidária favor de um desconhecido. 
Porém, este entender solidário deve ir mais além, pois, o dispositivo social 
solidariedade tem atributos mais profundos, não devendo, equivocadamente, 
ser comparado ao dispositivo social caridade.
Portanto, em linhas gerais, enquanto a caridade se propõe a sanar ou 
amenizar determinada situação sem o envolvimento de saber os porquês ou 
entender os resultados alcançados, por sua vez, a solidariedade procura sanar 
ou amenizar de forma comprometida, constante e eficaz, ou seja, procurando 
investigar os porquês, e/ou se preocupar com os resultados alcançados, e/ou dar 
continuidade na conduta solidária até a extinção desta necessidade, ou então, 
que se perda o interesse pela causa, de seu comprometimento inicial.
A existência de um comprometimento maior em relação ao simples 
ato de se dispor de algo, de valores, de esforço físico ou de tempo para sanar 
ou amenizar determinada situação é o que faz da solidariedade uma ferramenta 
importante para a sustentabilidade do viver e do conviver com o planeta.
Deste modo, solidariedade é um estágio posterior, superior, ao 
da caridade, é algo que nasce da vontade natural do indivíduo ou de sua 
percepção de carência de algo tangível para outrem, sendo este outrem um 
indivíduo ou uma coletividade. 
Afirma-se que a solidariedade é uma das características mais 
importantes para a evolução humana e que nos distinguiu dos outros animais. 
Sobre este pensamento, Otávio B. R. da Costa (2009), acompanha o entendimento 
de Edgar Morin ao descrever o fato em sua obra “O Método III”: 
[...] a solidariedade se encontra na raiz do processo 
de hominização. Os ancestrais hominídeos ao 
saírem em busca do alimento, não o consumiam 
individualmente, mas o traziam ao grupo para reparti-
lo solidariamente. Foi à solidariedade que permitiu o 
salto da animalidade à humanidade [...] (MORIN, o 
método lll p. 32 apud COSTA, 2009, p. 153).
Vera Herweg Westphal (2008, p. 44) faz a percepção que a solidariedade 
é uma categoria dos tempos modernos e, na sua concepção atual, surgiu no início 
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
26
do século 19, como resposta às realidades decorrentes da sociedade industrial 
e mais adiante, sobre os diversos conceitos existentes sobre o tema constrói o 
seguinte entendimento: 
[...] nas mais diversas exposições teóricas, podem ser 
identificados dois aspectos comuns: a) um substrato 
descritivo da solidariedade, constituindo-se na idéia 
da relação de reciprocidade entre os membros de um 
grupo e b) um outro substrato, uma base normativa 
da solidariedade, presente no cotidiano da política, da 
filosofia moral e em parte também na sociologia [...] 
(WESTPHAL, 2008, p. 44).
A ideia de dois grandes sentidos de solidariedade apontados por 
WESTPHAL (2008) nos mostra no contexto contemporâneo um importante 
norte para a questão cerne deste estudo, ou seja, como será possível garantir 
por intermédio da solidariedade direitos fundamentais e recursos naturais às 
gerações futuras.
Vera Herweg Westphal (2008) sugere que um dos aspectos mais comuns 
seria a relação de reciprocidade de indivíduos de grupos afins, percebendo-se 
desta forma características inerentes aos valores humanos, morais, éticos ou por 
simples condicionamentos dos grupos onde os indivíduos estão inseridos, como 
exemplo ilustrativo, podemos citar o metrô de São Paulo em seu horário de pico, 
em determinado eixo onde o transporte é oferecido, as pessoas se acotovelam 
e demonstram um certo grau de hostilidade frente aos indivíduos próximos 
durante o trajeto; por sua vez, quando este mesmo público faz a transferência 
para outro eixo do sistema, estes mesmos indivíduos se comportam de maneira 
diferente, fazem filas, entram ordeiramente na composição, se tornam gentis e 
solidários com os demais passageiros.
WESTPHAL (2008) apresenta como segundo aspecto uma abordagem 
normativa solidária, composta de outros agentes presentes de nosso cotidiano, 
neste ponto presume-se enquadrar questões como a obrigação solidária no 
Código Civil, que perfaz forma cogente de solidariedade, o posicionamento 
sociológico sobre solidariedade de Émile Durkheim.
Outro exemplo, o documento assinado por senadores de 6 países 
com intuito solidário de garantir direitos sociais, dentre os 157 senadores 
que assinaram o documento estavam: Brasil (32), Chile (12), Colômbia (57), 
Costa Rica (25), Estados Unidos (18) e Peru (13); em síntese o documento 
demandava eleições livres, transparentes e democráticas na Venezuela ao 
presidente Nicolás Maduro, ou seja, uma tentada no âmbito da solidariedade 
transnacional ao povo Venezuelano. 
27
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Tendo como base as diferenças dos indivíduos, quer sejam culturais, 
raciais, religiosas, políticas, sociológicas, etc., surge uma dúvida:o que 
nos assemelha e o que nos torna diferentes? Para responder a esta questão 
indispensável para a compreensão do escopo de pesquisa se faz necessário 
refletir sobre a percepção do sociólogo Zygmunt Bauman5:
[...] O aspecto em que somos semelhantes é 
decididamente mais significativo que o que nos 
separa; significativo bastante para superar o impacto 
das diferenças quando se trata de tomar posição. E não 
que “eles” sejam diferentes de nós em tudo; mas eles 
diferem em aspecto que é mais importante que todos 
os outros, importante o bastante para impedir uma 
posição comum e tornar improvável a solidariedade 
genuína, independente das semelhanças que existam. 
[...] (BAUMAN, 2001, p. 220).
Na percepção de BAUMAN (2001) as diferenças são pontos chaves 
para o entendimento desta questão, pois quando é percebido estes fatores 
de diferença eles acabam se tornando mais importantes que as relações de 
semelhanças, gerando conflito e estranhamento, sendo este um ponto importante 
dentro do entendimento que se espera ter por solidariedade, pois nas diferenças 
não é possível se trabalhar ou se promover a solidariedade como dispositivo 
social. Portanto, não caberá tratar o tema com aspectos virtuosos, mas sim pela 
forma positivada.
Por fim, solidariedade é algo complexo de se perceber quando é 
arrazoada pelo segundo aspecto, que seja, pela legiferação de normas, existindo 
portanto forma distinta daquela comumente entendida como valores inerentes 
aos indivíduos ou grupos sociais. 
1.1 SOLIDARIEDADE MECÂNICA E ORGÂNICA
Émile Durkheim6 em seus estudos sobre a divisão do trabalho social 
propõe para entender a sociedade complexa a sua divisão a partir do trabalho, 
sugerindo a lei superior das sociedades humanas e a condição do progresso.
Estes estudos vislumbram uma solidariedade nascente do indivíduo e 
outra que nasce da coletividade e a forma como elas interagem e se relacionam 
5 Bauman utiliza o termo “nós” para as pessoas que são iguais a nós e “eles” as pessoas diferentes de nós.
6 Sociólogo francês (1858-1917), responsável por tornar a sociologia uma ciência social e disciplina 
acadêmica; suas obras: Da divisão do trabalho social, 1893; Regras do método sociológico, 1895; 
O suicídio, 1897; Sociedade e trabalho, 1907; As formas elementares de vida religiosa, 1912.
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
28
com os indivíduos e com a coletividade dará existência a outras duas espécies 
de solidariedade a mecânica e a orgânica.
 A solidariedade mecânica, aquela percebida nas relações de 
semelhança entre os indivíduos em sua forma mais primitiva e generalista, a 
exemplo da família, dos costumes, da religião, das tradições, ou então, onde 
existir relacionamentos sociais formadores de algum tipo de vínculo que 
interfira na conduta humana.
O exemplo corriqueiro de solidariedade mecânica é compará-lo a 
uma máquina, um relógio, algo que possua engrenagens onde, cada indivíduo 
corresponde a uma destas engrenagens funcionando perfeitamente, trabalhando 
sincronizados, sempre da mesma maneira, assim, quando uma desta engrenagens 
falha ou se quebra, esta será substituída e tudo voltará a ser como sempre foi.
Por sua vez, a solidariedade orgânica, é baseada nas diferenciações 
que existem entre os indivíduos, principalmente na divisão social do trabalho, 
ou seja, são gerados vínculos hierárquicos e destes, uma existência de 
interdependência, o reconhecimento da importância de todos na cadeia social.
Um dos exemplos mais comuns é um organismo vivo, um corpo 
humano7, onde cada indivíduo, dentro da questão do trabalho, ocupará a 
função de um órgão ou membro deste corpo funcionando cada qual para a sua 
finalidade, porém, mesmo que cada uma destas partes falhe ou execute novas 
funções (dentro dos seus limites) o todo continuará funcionando e se adaptando. 
Deste modo, para existência de harmonia na complexidade social, 
haverá a predominância da solidariedade orgânica, garantidora da coesão 
social, que por sua vez não estará determinada por valores sociais, religiosos, 
costumes ou tradições, ela estará baseada no ordenamento jurídico, ou seja, nas 
normas e regras que estabelecem a maneira como se deverá agir, os direitos e 
seus deveres enquanto indivíduos de uma coletividade. A conduta humana.
Nota-se que ao refletir sobre a existência de um pensamento solidário 
intergeracional em Durkheim (1977), na solidariedade mecânica, percebe-se 
que questões valorativas provenientes da religião, costumes ou valores sociais 
podem talvez não garantir um pensamento altruísta massificado, talvez elevando 
o resultado pretendido a uma esfera de saberes duvidosos, questionáveis e frágeis.
Contudo, de forma orgânica, ou seja, por meio da solidariedade 
positivada nas normas, ser possível garantir recursos às futuras gerações, 
a exemplo da Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do 
Meio Ambiente e da Lei nº 9.605/98 que dispõe sobre as sanções penais e 
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, 
7 Alguns sociólogos utilizaram os conceitos das ciências biológicas, para compreender as 
sociedades complexas, entre estes podemos destacar Humberto Maturana, Francisco Varela, 
Niklas Luhmann, Émile Durkhaim, Edgar Morin, entre outros.
29
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
ou seja, determinar a necessidade de ser solidário e punir aqueles que não tem 
postura solidária de preservação.
Deste modo, é possível entender porque a expressão: futuras 
gerações, é referida em tratados e declarações internacionais e na própria 
Constituição Federal, logo, a sua positivação é preceito fundamental para que o 
fator solidariedade seja pensado mais além do que as garantias de sobrevivência 
dos filhos, netos e bisnetos.
2. OS LIMITES CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL DA SOLIDARIEDADE
O princípio da solidariedade é uma positivação do direito natural e 
costumeiro, que na Constituição Federal de 1988 é expresso por meio do artigo 3º, 
constituindo objetivo fundamental da República, conforme Paulo Sergio Rosso 
(2008) “o princípio encontra-se tacitamente presente em toda a Constituição8, 
servindo não apenas como mecanismo de interpretação ou reafirmação de outros 
princípios, mas também como fundamento da própria ordem constitucional”.
Ives Grandra da Silva Martins (2005) em suas considerações sobre a 
ineficácia do governo no que tange a solidariedade, indica o abrandamento de parte 
desta tarefa pelas ONGs, onde o cidadão interage de forma solidária, realizando mais 
trabalho social que o governo. Seguindo a mesma linha de raciocínio da solidariedade 
orgânica, este é positivado quando na contrapartida o Governo oferta incentivos 
tributários para o indivíduo ou organização social que pratica a solidariedade, assim: 
Como benefício, vocês terão a imunidade tributária. 
Vocês trabalharão para a sociedade, preencherão 
o vácuo do Estado, fortalecendo a democracia e 
ajudando a criar uma sociedade livre, justa e solidária. 
Por essa razão, vocês são imunes de tributos. 
(MARTINS, 2005).
2.1 A SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL E TRANSGERACIONAL E A 
SUSTENTABILIDADE 
A questão garantista de direitos às futuras gerações prevista no artigo 
2259 da Constituição Federal de 1988 demanda solitária de cunho ambiental e 
sustentável, é o mecanismo pelo qual é tutelado um mínimo de recursos naturais 
ao indivíduo que ainda não existe. Nesta visão constitucional, deverá existir, em 
tempo futuro, um meio ambiente ecologicamente equilibrado e sustentável para 
8 Exemplificação: artigos 40, 194, 195, 196, 203, 227, e 230 (ROSSO, 2008)
9 Todos têm direito ao meio Ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo 
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defende-lo e preservá-lo para as presentese futuras gerações. (grifo nosso)
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
30
garantir a sobrevivência dos que virão, uma percepção solidária axiológica em 
relação a dignidade humana daqueles que ainda não existem. 
Nesta mesma corrente de pensamento Andreas Joachim Krell, 
(CANOTILHO, MENDES, et al., 2013), faz comentários ao Art. 225 da 
Constituição Brasileira, alertando o constituinte e o legislador do cuidado que 
devem ter com o tema:
A consagração de um direito fundamental ao meio 
ambiente na Constituição do País significa uma 
importante decisão axiológica em favor de um bem 
imaterial, [...] Tornam-se imprescindíveis também 
profundas alterações no uso dos instrumentos 
normativos e administrativos bem como nas próprias 
atitudes de compreensão dos conflitos envolvidos, a 
partir da perspectiva de solidariedade (benefício e 
responsabilidades comuns).10
A visão de sustentabilidade e preservação do ecossistema terrestre, 
já era preocupação mundial desde a Declaração de Estocolmo sobre o Meio 
Ambiente Humano11, na década de 70, onde destaca-se os princípios 1, 2 e 5, 
que estabelecem uma série de preocupações inerentes ao meio ambiente, por 
parte dos países membros da ONU - Organização das Nações Unidas:
Princípio 1 - O homem tem o direito fundamental 
à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições 
de vida adequadas, em um meio ambiente de 
qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna, 
gozar de bem-estar e é portador solene de obrigação 
de proteger e melhorar o meio ambiente, para as 
gerações presentes e futuras. [...] Princípio 2 - Os 
recursos naturais da Terra, incluídos o ar, a água, 
o solo, a flora e a fauna e, especialmente, parcelas 
representativas dos ecossistemas naturais, devem 
ser preservados em benefício das gerações atuais 
10 O autor faz referência ao termo - benefício e responsabilidades comuns – de autoria de Patryck 
de Araújo Ayala no artigo: O novo paradigma constitucional e a jurisprudência ambiental no 
brasil. In. CANOTILHO, J. J. G.; LEITE, J. R. M. Direito Constitucional Ambiental Brasileiro, São 
Paulo, Saraiva, 2007, p. 363-402.
11 Declaração publicada pela Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre o meio ambiente 
humano, realizada em Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972. 
31
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
e futuras, mediante um cuidadoso planejamento ou 
administração adequada. Princípio 5 - Os recursos 
não renováveis da Terra devem ser utilizados de 
forma a evitar o perigo do seu esgotamento futuro 
e a assegurar que toda a humanidade participe dos 
benefícios de tal uso. (grifo nosso).
No sentido contrário deste pensamento verifica-se o desenvolvimento 
tecnológico e o consumo desenfreado da população mundial, principalmente 
dos países mais ricos e desenvolvidos atestando a impotência das observações 
estipuladas no Tratado de Estocolmo.
 Independente da forma como cada nação se organiza e estabelece 
suas estratégias, nota-se que o sistema econômico capitalista, em sua corrida 
para o desenvolvimento, não procurou no passado concatenar suas ações com 
elementos como a sustentabilidade e por consequência a solidariedade. 
Ademais, organizações ambientalistas e de preservação como o 
Greenpeace12 e a WWF13 e tornaram públicas questões importantes sobre o 
planeta reservado ao futuro, a exemplo disso, o Greenpeace em diligência na 
floresta amazônica aponta como são retiradas a madeira na região do Pará:
A investigação revelou que o descontrole no setor é 
tão grande que nem o documento oficial é capaz de 
garantir a origem legal da madeira. E que o trânsito 
de caminhões carregados de toras trazidas de áreas 
sem manejo florestal até as serrarias é completamente 
livre. (GREENPEACE, 2014, p.4).
Pelo Fundo Mundial para a Natureza, WWF Brasil (2010), nas 
percepções de como anda a saúde do planeta, de acordo com seu relatório, 
Planeta Vivo de 2010, estudos da Organização das Nações Unidas apresentava 
projeções de que até 2030 a humanidade precisaria da capacidade de dois 
planetas Terra para absorver os resíduos de CO2 tendo como fatores: o consumo, 
o crescimento populacional global e o aumento climático. Ainda, no sumário 
executivo do relatório Planeta Vivo de 2014 foram publicadas considerações 
12 O Greenpeace é uma organização global cuja missão é proteger o meio ambiente, promover a 
paz e inspirar mudanças de atitudes que garantam um futuro mais verde e limpo para esta e para 
as futuras gerações. (grifo nosso)
13 World Wide Fund for Nature (Fundo Mundial para a Natureza), no Brasil é uma organização 
não-governamental dedicada à conservação da natureza com os objetivos de harmonizar a 
atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos 
naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. (grifo nosso)
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
32
sobre o planeta, contendo entre os seus dados a pegada ecológica14: 
Há mais de 40 anos, a demanda da humanidade sobre 
a Natureza ultrapassa a capacidade de reposição do 
planeta. Seria necessária a capacidade regenerativa 
de 1,5 Terras para fornecer os serviços ecológicos 
que usamos atualmente. Esta “sobrecarga ocorre 
porque nós cortamos as árvores mais rápido do que 
elas são capazes de crescer e florescer; nós pescamos 
mais peixes do que os oceanos podem repor e nós 
emitimos mais carbono do que as florestas e oceanos 
podem absorver. (WWF, 2014, p. 10) (grifo nosso).
3. OS DIREITOS HUMANOS E A SOLIDARIEDADE
A maneira como a coletividade emprega o dispositivo solidariedade 
em suas ações cotidianas pode dar algumas pistas de como ela é exercida, 
exemplo: a 20 anos ou mais era comum qualquer indivíduo ao presenciar um 
cidadão idoso, abdicar seu lugar em um assento público; na atualidade, são 
necessárias dezenas de placas informativas e de sinalização para garantir a 
dignidade humana necessária aos idosos em seus direitos mais simples15. 
O indivíduo não tem a percepção clara em seus direitos e deveres 
o que é boa ação e o que é boa educação. O indivíduo deve ser estimulado e 
motivado ao exercício de um papel solidário, e assim, conhecer a realidade 
alheia evitando que padeça num estado de natureza hobbesiano16.
Na pesquisa do World Giving Index 2014 divulgada pelo IDIS – Instituto 
para o Desenvolvimento do Investimento Social17, pesquisa esta que estabelece o 
ranking mundial dos países mais solidários, o Brasil está estampado na 90ª posição. 
Segundo o Instituto, “os dados mostram que 22% dos brasileiros 
entrevistados afirmaram ter doado dinheiro para organizações da sociedade 
civil, 40% ajudaram desconhecidos e 16% fizeram algum tipo de trabalho 
voluntario”. (IDIS, 2014).
14 A Pegada Ecológica mede a quantidade de terra biologicamente produtiva (ou biocapacidade) 
necessária para prestar os serviços ou gerar produtos que usamos: áreas de cultivo, pastagens, 
áreas urbanizadas, estoques pesqueiros e produtos florestais. Também inclui a pegada de carbono, 
que é a quantidade de floresta necessária para absorver as emissões adicionais de dióxido de 
carbono que os oceanos não conseguem absorver. (WWF, 2014, p.10)
15 Este tipo de questão já havia sido consolidada no direito consuetudinário, mas que na atualidade 
parece dar novo viés paradigmático.
16 A guerra de todos contra todos.
17 IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, fonte: http://idis.org.br/world-
giving-index-brasil-sobe-uma-posicao-em-ranking-global-de-doacoes/, acesso em 15/07/2015.
33
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
Estados Unidos e Mianmar18 compartilham o primeiro lugar no ranking 
do World Giving Index, mas a liderança de Mianmar se deve principalmente a 
uma incidência muito alta de doações de dinheiro. Nove em cada dez pessoasem Mianmar seguem a escola Theravada de budismo, com uma forte cultura 
de solidariedade, o que contribui para que o país esteja na primeira posição em 
doação de dinheiro, conforme fonte do instituto IDIS.
Tomando como base Mianmar, outras duas aparentes mostras de 
direitos humanos com viés de solidariedade, recortadas do portal de notícias G1 
(2015), podem ser analisadas: o primeiro recorte19, junho/2015, apresenta uma 
forma negativa de solidariedade, onde um grupo de 608 homens, 74 mulheres e 
45 crianças migrantes que desembarcou na costa ocidental de Mianmar junto à 
fronteira com Bangladesh. 
Mianmar tenta então deportá-los para o país vizinho e afirma que 
não são da etnia rohingya e sim migrantes originários de Bangladesh, gerando 
grande confusão entre os dois países. Os rohingyas são apátridas de origem 
muçulmana vítimas de discriminação em Mianmar, não têm acesso à educação 
e à saúde e o país nega-se a reconhecê-los como cidadãos. 
O presidente norte-americano, Barack Obama, também colaborou 
nas tratativas de negociações solicitando que Mianmar acabasse com a 
discriminação à etnia rohingya e a reconhecer seu êxodo.
O segundo recorte20, julho/2015 (G1), expõe um governo mais 
humanitário, onde o presidente de Mianmar, Thein Sein, concedeu a graça 
presidencial do indulto a 6.966 prisioneiros daquele país com intento de 
uma motivação humanitária e objetivo de uma reconciliação nacional, o fato 
coincidiu com uma festa religiosa budista e indiretamente como pré-campanha 
das eleições gerais previstas para novembro. 
Entre os prisioneiros 155 chineses condenados à prisão perpétua por 
exploração madeireira ilegal e tráfico de madeira, presos a apenas uma semana. 
Solidariedade ou oportunismo? 
Deduz-se nestes recortes que os contextos culturais, sociais, ideológicos 
e políticos consuetudinários influenciem questões como a solidariedade, visto 
que, ao mesmo passo que o indivíduo doa com uma das mãos, com a outra a 
fecha para uma etnia não reconhecida dentro de seu próprio país. 
Por outro lado, também observa-se interesses políticos travestidos de 
ações solidárias voltados para o relacionamento político interno e externo, pois, 
18 Mianmar ou Birmânia, capital Naypyidaw, língua Birmanês, tornou-se independente do 
Reino Unido em 04/01/1948, situada ao sul do continente asiático, IDH 0,524 (150.º), República 
Presidencialista. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Myanmar. Acessada em 30/07/2015.
19 http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/06/mais-de-700-imigrantes-desembarcam-no-norte 
-de-mianmar.html - Acessado em 30/07/2105.
20 http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/07/mianmar-liberta-milhares-de-prisioneiros-
incluindo-estrangeiros. html - Acessado em 30/07/2105.
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
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a despeito dos trabalhadores chineses presos, vale destacar que na atualidade a 
China é um dos maiores investidores naquela região. 
Percebe-se uma solidariedade condicionada e seletiva, ou seja, notada 
quando o ato solidário envolve ou não um parente, um amigo, uma comunidade 
próxima, ou os interesses pessoais ou coletivos, ou ainda que tenha um certo 
grau de afinidade ou de repulsa sobre o assunto. 
Decodifica-se os recortes em Durkheim, percebe-se que a solidariedade 
motivada por elementos virtuosos e morais é determinada por elementos sociais 
mecânicos, principalmente pelo budismo ou ainda de reflexos mecânicos da 
cultura Estatal condicionada por décadas, gerando um conformismo natural.
Por sua vez, a solidariedade positivada organicamente pelo Estado 
seja por norma motivadora ou norma cogente: esta nas questões que envolvem 
todas as dimensões dos bens de posse ou propriedade individual, ou seja, a 
motivação Estatal do dar ou do dividir, e dos bens coletivos de tutela Estatal, 
a exemplo dos recursos naturais e aqueles destinados ao povo que também 
são repassados solidariamente a outros como a saúde, segurança, educação, 
alimentação, entre outros; e aquela todos os regramentos das campanhas sociais 
Estatais, dos fundos de solidariedade e das leis de protetivas sociais e ao meio 
ambiente, como é o caso dos chineses presos pelo corte ilegal de árvores.
CONCLUSÃO
Diante das análises, observou-se historicamente, a existência de 
uma real intensificação de medidas para garantir não só a manutenção da vida 
contemporânea como também para as próximas gerações, entretanto, notou-se 
que o dispositivo social solidariedade com caráter de intergeracionalidade e 
transgeracionalidade é ainda algo intangível na compreensão humana. 
Em outra perspectiva, os avanços tecnológicos e científicos que deram 
margem para um ser humano mais racionalizado e conhecedor da dimensão de 
seus impactos sobre o planeta, o que colabora para a percepção da melhoraria 
na forma de como vivemos e convivemos com o meio ambiente, bem como na 
forma como interagimos com os escassos recursos que ainda restam no planeta, 
questionou, por diversas vezes nesta pesquisa, se estamos vivendo e utilizando 
o planeta de maneira assertiva.
É por meio da solidariedade que parte da população mundial raciona, 
preserva e reciclam seus recursos, gerenciando desta forma sua produção e bens 
que ainda dispõe, ao passo que, outras culturas e indivíduos degradam sem 
limitações e precedentes com a finalidade de acumular riquezas e garantir o seu 
abstrato direito conforto, liberdade e livre arbítrio.
A pesquisa expôs a complexidade do tema solidariedade, bem como a 
necessidade de mudança na forma de como o indivíduo e a sociedade envolvem-
se dentro de cada situação cotidiana demonstrando seu papel solidário.
35
TEMAS CONTEMPORÂNEOS DE DIREITO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
E neste sentido, ao mesmo passo que abrir diálogos para a legiferação 
de normas tanto motivadoras como cogentes nas questões de direitos humanos 
fundamentais atreladas ao fator solidariedade intergeracional e transgeracional, 
com viés a uma solidificação cultural de racionamento infindo de recursos, se 
tornam imprescindíveis.
Notou-se em diversas situações que é esta solidariedade cogente 
positivada a grande força constitucional, capaz de garantir recursos as próximas 
gerações, apta a motivar, mobilizar e induzir pela moralidade cogente Estatal o 
mínimo existencial.
Assim sendo, a visão de solidariedade é algo bem estabelecido 
e percebido nos núcleos familiares e nos grupos conectados por afinidade 
ou interesses, especialmente dentro de uma mesma cultura ou país, tornou-
se portanto, a solidariedade uma especificação de ordem nacional, ou seja, 
delimitada aos seus nacionais.
Deste modo, dificuldades maiores surgiram nas relações 
intercontinentais e nas fronteiras de cada país ou território, cabendo à 
Organização das Nações Unidas intermediar diplomaticamente as relações 
e conflitos mundiais, pelo bom senso e respeitando as questões culturais e 
soberanas de cada Estado envolvido, clareando assim, uma forma de utilização 
do dispositivo solidariedade como forma de garantir a paz mundial e a 
cooperação dos países membros.
Nesta conjectura mundial, outra forma de sopesar a penetrabilidade 
e aderência deste dispositivo, que seja social ou positivado, em relação às 
diferentes nações, destacou-se a análise do equilíbrio da desigualdade social nas 
ajudas humanitárias, nas guerras, nos desastres naturais, nas questões inerentes 
a fome, a saúde, aos refugiados e na assistência aos países mais pobres.
Ademais, percebeu-se que enquanto o homem viver em sociedade ele 
será capaz de pensar o coletivo, incorporar o ser solidário e se portar segundo o 
pensamento da massa social coletiva. 
Antagonicamente, a individualização poderá ser uma das maiores 
geradoras do desperdício em razão da falsa ideia de bem-estar social 
individualizado, visto que nem sempre os seus direitos e deveres serão 
exclusivamente seus, mais sim o reflexo de direitos

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