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Caro aluno. Cara aluna.
Bem vindo e bem vinda à disciplina Psicologia Jurídica on line.
A disciplina tem como principal assunto a subjetividade (campo da psicologia) e a 
normatividade (campo do direito). Estudando Psicologia Jurídica, você, futuro profissional do
direito, ou seja, advogado, promotor ou juiz, será capacitado para desempenhar a função
de interlocutor nos conflitos oriundos das relações humanas na Justiça (Justiça Penal e
Cível e da Infância e Juventude), no sistema prisional (prisões, hospital de custódia,
acompanhamento aos egressos), e nos serviços e programas de atendimento à criança, ao
adolescente e à família (conselhos de direitos da criança e do adolescente, conselhos
tutelares, abrigos temporários, famílias de apoio). Nosso objetivo é que você goste da
disciplina e que você aprenda bastante.
Será você quem administrará seu próprio tempo. Nossa sugestão é que você dedique ao
menos duas horas por semana para esta disciplina, estudando os textos sugeridos e
realizando os exercícios de auto-avaliação. Uma boa forma de fazer isso é planejar o que
estudar, semana a semana.
Para facilitar seu trabalho, apresentamos na tabela abaixo, os assuntos que deverão ser
estudados e, para cada assunto, a leitura fundamental exigida e a leitura complementar
sugerida. No mínimo você deverá buscar entender bem o conteúdo da leitura fundamental.
Essa compreensão será maior, se você acompanhar, também, a leitura complementar. Você
mesmo perceberá isso, ao longo dos estudos.
a – Conteúdo (assuntos) e leituras sugeridas
Módulos Leitura fundamental Leitura complementar
O sujeito de direito e o
aparato psíquico: lei,
comportamento, história e
inconsciente 
BOCK, A.M.B., e.a.
Psicologias: uma
introdução ao estudo de
psicologia. São Paulo:
Saraiva, 2008. Cap. 4,
Cap. 5
FREUD, S. Totem e Tabu.
(1912-13). Obras completas.
Vol. XIII. Rio de Janeiro:
Imago, 2006. (Cap. IV)
Família e cultura: 
sexualidade e 
Complexo de Édipo 
BOCK, A.M.B., e.a.
Psicologias: uma
introdução ao estudo de
psicologia. São Paulo:
Saraiva, 2008. Cap 13
ROUDINESCO, E. A família
em desordem. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
Cap. 7 e Cap. 8.
Freud, o ego, o id e o
superego: a tradição da
BOCK, A.M.B. e.a.
Psicologias: uma
FREUD, S. Novas
conferências introdutórias
UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteú... http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo
1 de 1 22/09/2015 15:10
O sujeito de direito e o aparato psíquico: lei, comportamento história e inconsciente
Lei, cultura e subjetividade
Quando refletimos sobre o que nos faz humanos e sobre a importância do direito para isso,
podemos constatar que o ser humano é imerso na cultura. Não somos simples animais,
somos, como já dizia Aristóteles, animais sociais. Vivemos em sociedade e somos,
portanto, obrigados a atender a suas normas. Sem exagero podemos dizer que as normas
nos fazem humanos. Mas, que normas são esses? Ora, normas não são necessariamente
leis. Existem os costumes, existe a moral e existem outras normas que nos obrigam a
guardar os limites eu a cultura humana nos impõe. Assim, o ser humano, desde que nasce,
deve apreender a falar. Toda cultura se expressa pela fala e pelo fato de que a criança,
desde que nasce, é falada e deve apreender a decifrar as palavras que lhe são dirigidas.
Não só isso. A criança vai apreender, aos poucos, a falar ao invés de agir.
Mais ainda, o fato de sermos como humanos seres da fala, nos confere uma identidade, no
sentido jurídico e psíquico. Ter um nome é fundamental para uma criança. É um direito tão
elementar que nas mais diversas culturas há um rito para se dar um nome ao ser humano
que acaba de nascer. O nome identifica a família à qual pertence e, numa sociedade
patriarcal identifica o pertencimento ao pai. “O nome de um homem,” diz Sigmund Freud
em sua obra Totem e Tabu, “é o componente principal de sua personalidade, talvez mesmo
uma parte de sua alma.”[1] Ser humano significa receber os benesses da cultura, mas
também seus limites. Como juristas estudamos o conjunto de normas e princípios que
formas os limites de nosso ser como humanos. A questão como a cultura nos influencia na
nossa maneira de pensar, sentir, agir e como, mais ainda, contribui para a constituição e o
funcionamento de nosso aparato psíquico, é abordada pelas diversas teorias no campo do
saber que constitui a psicologia. Apresentamos, no que segue, três linhas teóricas a
respeito da psique humana que são bastante difundidas no Brasil, o seja: o behaviorismo
(Burrhus Frederic Skinner), a psicologia sócio-histórica (Lev Vygotsky) e a psicanálise
(Sigmund Freud).
Burrhus Frederic Skinner e o comportamento como ponto de partida do estudo da
psique: behaviorismo
O estudo do comportamento (do inglês behavior) é o cerne de uma corrente na psicologia
que estuda a psique humana baseando-se num método científico experimental. A
intensão de John B Watson, fundador do behaviorismo, era dar à psicologia um estatuto de
objetividade, separando-a da filosofia. Objeto da psicologia é, portanto, o comportamento
“entendido como interação entre indivíduo e ambiente”.[2] O cientista mais importante dessa
escola da psicologia é Burrhus Frederic Skinner, conhecido suas experiências sobre as
possibilidades de modificação do comportamento.
O behaviorismo distingue o comportamento basicamente entre comportamento respondente
e comportamento operante. Quem corta uma cebola e, consequentemente, chora, recebeu
um estímulo que provocou um reflexo. Chorar cortando cebola é um comportamento não
apreendido, reflexo ou respondente . Diferentemente, o comportamento operante provoca
efeitos sobre o mundo em redor. Ele permite que o ambiente se modifique. O
comportamento operante visa o aprendizado, sobre tudo pela satisfação. Embora as penas
também modifiquem o comportamento, consideradas contraproducentes são pouco
preconizadas.
Há, para os behavioristas, portanto, a possibilidade de uma modificação do comportamento
pela modificação cognitiva. As terapias cognitivo-comportamentais identificam e corrigem
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1 de 1 22/09/2015 15:11
Módulo 2_Família e cultura: sexualidade e Complexo de Édipo 
Para o antropólogo Claude Levi-Strauss, a família é constitutiva para a sociedade humana.
E, tendo um núcleo, a família permite uma rede de laços sociais assentados em trocas
materiais e de mulheres e, a partir dessa mudança, vem a sobrevivência do ser humano
como ser cultural. Daí deriva a importância social da proibição de incesto, pois permite o
estabelecimento dos laços socais, para além do grupo familiar baseada em diferenças
sexuais. Assim, a proibição do incesto aparece como uma espécie de norma-mãe
constitutiva para a convivência humana, garantida não somente pela força da lei, como
também pela educação que os pais e as pessoas que se colocam no lugar dos pais
dispensam aos filhos. A educação contribui, assim, segundo Sigmund Freud, para a
formação do que chama de “Super Ego”, via identificação.
A família burguesa constitui o contexto histórico da psicanálise. Para Sigmund Freud o
neurótico é personagem de um verdadeiro romance familiar que, não por coincidência,
guarda uma semelhança com a tragédia Édipo Rei, escrita pelo dramaturgo grego Sófocles
em torno de 427 a.C.
Édipo, o filho que, sem saber, mata o pai, torna-se marido da mãe e rei de Thebas,
infringindo com seu ato incestuoso a lei que garante a estrutura social, biológica, política e
familiar daquela sociedade,embaralhando a ordem e descobrindo a verdade. Por esse
motivo sente uma culpa inconsciente que vai si tornar verdadeira sina da humanidade. O
desejo pela mãe e o desejo da morte do pai geram no sujeito uma culpa tão insuportável
que deve ser recalcada. Responsável pelo recalque do complexo de Édipo, cuja teoria
perpassa a obra de Freud, é o Super-Ego.
Como o filho, diz Freud, não pode tomar o lugar do pai, mas, por outro lado deve
identificar-se com ele, resolve esse conflito interno, mediante a criação de uma instância
paterna no inconsciente, o super-ego. 
Na teoria psicanalítica de Sigmund Freud, o pai é, portanto, uma figura central inscrita no
inconsciente. Ele representa a cultura que, por sua vez, só é possível se há a lei. Assim,
enquanto Édipo vive o drama do assassinato do pai e adquire a consequente culpa por tê-lo
matado como tragédia individual, os filhos assassinos do pai da horda – em Totem e Tabu –
constroem a parir do ato assassino a cultura que tem , por assim dizer, como espinha dorsal
a lei.
O assassinato do pai, possuidor de todas as mulheres, gera duas normas fundamentais: a
proibição de matar o totem, o animal que é simbolicamente colocado no lugar do pai, e a
proibição do incesto, a abstinência em relação a todas as mulheres do mesmo clan de
irmãos.
Cientes do perigo que corre qualquer um quando se coloca no lugar do pai, os irmãos fazem
um pacto: criam laços sociais a partir da lei que manda “ Não matarás”.. Em outras palavras,
não há cultura sem essa renúncia convencionada pela sociedade dos “irmãos”. Não há
sociedade sem o direito como uma das formas de regulação da renúncia civilizada, como
escreve Freud na obra O mal estar na civilização.
A renúncia à satisfação das pulsões, exigida pela convivência em sociedade, tem um preço
alto para o indivíduo. Gera a neurose que uns conseguem sublimar na cultura, criando
ciência, arte, idéias, enquanto que outros, não. A repressão e o recalque que a cultura exige
como preço da convivência podem ser a causa de agressões, de uma inimizade latente na
sociedade.
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1 de 1 22/09/2015 15:11
Freud, o Ego, o Id e o Superego: a tradição da moral e da Lei
Para os estudiosos do direito talvez a parte mais interessante da psicanálise seja a
metapsicologia. Sigmund Freud percebia , principalmente depois da Primeira Guerra Mundial,
que havia necessidade de refinar a distinção entre consciência e inconsciente e criar o que se
convenciona chamar de Segunda Tópica. Freud passava a atender pessoas traumatizadas pelas
cenas de violência presenciadas na Primeira Guerra Mundial e se questionavas porque os seres
humanos, que aparentemente deveriam buscar prazer, se envolvem em guerras. Chegou à
conclusão de que o ser humano obedecia inconscientemente a duas pulsões: a pulsão de vida e
de morte. Freud chama a pulsão de vida ( ligada à sexualidade e a reprodução) de Eros, a de
morte (ligada à agressividade e destruição) de Tânatos . Com procura repetir experiências
prazerosas, o ser humano busca também experiências desprazerosas , no limite a agressividade
e morte, numa tentativa de resolver um conflito inconsciente.
As nossas pulsões são forças anárquicas e buscam a realização. Atuam no que Freud chama de
“Id” (nem feminino, nem masculino, como “it” em inglês), algo sobre o qual não temos controle.
Dizemos muitas vezes, quando agimos sem pensar: “foi mais forte que eu”. Daí a necessidade da
lei de manter as pulsões sob controle. Para que haja a convivência numa sociedade civilizada, a
imposição da lei, a castração, procura, portanto, não somente regular a sexualidade como 
também impedir que a agressividade se manifeste. Podemos chamar o Ego, o eu, grosso modo,
 com a consciência. Pelo Ego estamos ligados à realidade, o mundo, no qual vivemos cujas
limitações somos obrigados a aceitar. 
No entanto, Ego não é suficiente para segurar as pulsões. O que mantém as pulsões sob controle
é para Freud o que chama de Superego que se “localiza” entre o Ego e o Id.
Para quem estuda a lei, o superego é especialmente interessante, porque o Superego representa
a lei no inconsciente. Como para Freud a lei é instaurada pelo pai, o Superego é a instância
paterna no inconsciente. Não se trata do pai, no sentido natural, mas no sentido cultural,
simbólico. Pai, padre, juiz, patrão e outras figuras paterna são representantes de uma cultura
orientada na figura do pai. Obedecer ao Superego evita a frustração de ser chamado à ordem o
tempo todo. Cabe ainda dizer que “a lei” no sentido freudiano, não é a lei no sentido técnico
jurídico. O que chama de lei são as normas da civilização que podem ser encontradas também na
moral.
Obedecer a lei é importante para manter a violência sob controle. Mas tem outro lado: a lei
delimita nossa sexualidade. Como vimos na abordagem do Complexo de Édipo, há a interdição da
mãe ou do pai. Além disso, existe uma moral sexual que, dependendo da sociedade na qual
vivemos nos impõe limites à maneira como vivemos nossa sexualidade. Cabe ainda dizer que
Freud diz que a tradição da lei ocorre via Superego de geração para geração. É uma herança
cultural subjetiva que a cada geração é questionada e modificada, pois cada geração tem sua
chance de se reposicionar diante da lei, modificando-a, criando uma cultura mais rica ... ou mais
agressiva.
Lidar com as pulsões, a realidade, a consciência e o Superego gera no ser humano sentimentos
confusos. Essa confusão se expressa nas nossas doenças psíquicas. Freud chega a dizer que, o
ser humano “é um animal doente”. 
Questão dissertativa: 
1. O superego é a instância da lei do pai no inconsciente. Como ele se constitui ao longo da
primeira infância? 
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1 de 1 22/09/2015 15:11
Neurose, psicose, perversão: psicopatologia e normalidade
Cabe, de início fazer algumas reflexões sobre a questão da doença mental. A legislação
brasileira usa o termo “doença mental”, por exemplo, no art. 26 do Código Penal, para
estabelecer a inimputabilidade penal. Podemos deduzir do uso do termo “doença mental”
que a legislação acompanha a visão da medicina e de algumas teorias do campo do saber
da psicologia que diferenciam a doença mental da normalidade. Isso faz sentido, pois, o
direito tradicionalmente trata da norma. Dependendo da abordagem que se adota a respeito
da psique pode se dizer que a doença mental é uma “desorganização do mundo interior”.[1]
Essa é a posição da medicina que elabora a distinção, tal como o direito o faz, entre saúde
e doença mental. Há verdadeiros códigos que estabelecem para os médicos os protocolos
para encontrarem os diagnósticos e as terapêuticas.
No entanto, a diferenciação entre doença e saúde mental encontra seus críticos. Dois
grandes críticos da psiquiatria merecem ser citados nesse contexto: Michel Foucault e
Franco Basaglia. Resumidamente, o que criticam é que “o saber científico e suas técnicas
surgem, ..., comprometidos com os grupos que querem manter determinada ordem
social”.[2] Essas e outras razão levaram Franco Basaglia a criar a Antipsiquiatria, um
movimento que no Brasil está sendo fundamental na transformação dos “manicômios” em
clínicas especializadas, nas quais se procura respeitar a cidadania do doente. 
Do ponto de vista da psicanálise, a diferença entre “doente” e “normal” é apenas uma
questão da maneira como cada um de nós lida com suas angústias. Para Sigmund Freud, o
ser humano é um “animal doente”, porque a civilização exige sacrifícios que causam
conflitos inconscientes. Freudcontribuiu para o estudo das doenças mentais, dividindo seu
imenso campo de estudo m três estruturas psíquicas: neurose, psicose e perversão. Quem 
pesquisa a Classificação Internacional de Doenças (CID 10), as encontrará descritas dentre
inúmeros outros quadros de doenças. Para Freud, as estruturas psíquicas manifestam o
jeito como cada um se posiciona diante da angústia causada pela castração que a
civilização impõe. As estruturas psíquicas são, em outras palavras, “as diferentes maneiras
de posicionar-se diante da lei do desejo”.[3]
Neurose
Quem sofre de uma neurose obsessiva tenta resolver os conflitos internos entre a lei e o
desejo, negando o desejo, tentando obedecer cegamente à lei. São pessoas “certinhas” que
sofrem, por exemplo, de timidez, porque não se permitem manifestar o que desejam. 
Defendem-se do mundo que os angustia por suas surpresas e por suas contingências,
permanecendo nos limites das normas sociais, do senso comum. O conflito entre a
obediência à lei e o desejo pode levar o sujeito, por exemplo, a apresentar sintomas
comportamentais repetitivos ou a viver paralisado por dúvidas e pelo medo de agir.
A neurose histérica pressupõe uma posição diante da lei do desejo que questiona sua
legitimidade. Inconscientemente, a pessoa que sofre de histeria quer ser chamado à ordem.
Acredita que um dia vai realizar seu desejo dentro da civilização que, por hora, lhe nega
essa realização. Característica para a neurose histérica é a insatisfação generalizada,
rebeldia, a falta de concentração. Muitas vezes, a insatisfação converte-se em dores no
corpo sem fundo orgânico.
A neurose de angústia, cujo traço principal é a fobia causada por objetos, tem sua origem
no mesmo fato que é causa das histerias histérica e obsessiva, ou seja, o desejo sexual
infantil recalcado. No fundo, o que causa a neurose de angústia, é medo de castração,
medo da sexualidade que pode, frequentemente, manifestar-se na adolescência.
Quando uma pessoa sofre de uma psicose maníaco-depressiva, na medicina chamada de
transtorno bipolar, ela vive fases alternadas de aparente “normalidade”, de euforia e de
melancolia. As fases de euforia e de melancolia são desencadeadas pelo que na psiquiatria
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1 de 1 22/09/2015 15:12
A família vista pela psicologia jurídica: do pátrio poder aos laços amorosos contemporâneos
A família que acabamos de conhecer nos módulos anteriores, sobre tudo pela teoria 
psicanalítica de Sigmund Freud que elabora o Complexo de Édipo como sendo a chave de
compreensão da psique e que desenvolve uma topologia, de acordo com a qual 
encontramos a lei como uma das instâncias do inconsciente (o superego), tem seu correlato
no antigo Código Civil brasileiro de 1916. Nele, o pai aparece como a figura dominante da
família, a ele cabe o pátrio poder. Contrário à concepção que hoje temos da família, a
família tradicional regrada pelo antigo código civil é uma família nuclear. Impensável uma
família que não seja composta por pai, mãe e filhos! Impensável, essa família não ser
constituída pelo casamento. Na lógica patriarcal da antiga legislação civil, o pátrio poder
constitui na família uma hierarquia a partir da figura do pai. O homem é o chefe da
sociedade conjugal. A mulher casada é relativamente incapaz. A separação do casal não
possível e, quando ocorre investiga-se a culpa pelo fracasso do casamento. Além disso,
desconfia-se da capacidade das mulheres criarem os filhos homens. A guarda do filho
varão, a partir dos 6 anos de idade, fica com o pai. Estamos, portanto, diante de um código
moral assimétrico sexual, que , durante o século XX vai perdendo suas feições.
Depois das duas grandes guerras, em toda parte do mundo, mulheres assumem postos de
comando. No lugar dos homens (não podemos esquecer que muito morreram nas guerras),
o Estado faz a função do provedor, função essa que se expressa no direito social. A
emancipação feminina a invenção de meios anticoncepcionais mais seguros, as mulheres
tornam-se mais independentes e encaram com ais facilidade uma eventual separação do
casamento. O divórcio implica um afastamento pais e filhos. Novas formas de convívio
familiar dão lugar à família nuclear e, consequentemente, Complexo de Édipo deixou de ser
a chave de compreensão do inconsciente.
A Constituição Federal de 1988 dá conta dessas mudanças, quando desenha nos artigos
226 e seguintes a nova família que está sob a proteção da Lei. A família contemporânea
pode ser biparental, constituída por casamento ou união estável, para muitos, heterossexual
ou homossexual, uma vez que o Supremo Tribunal Federal, em 2011, reconheceu a união
estável homossexual. Por Resolução do Conselho Nacional de Justiça, os cartórios do
Brasil não podem mais recusar a celebraçlão de casamentos civis entre pessoas do mesmo
sexo. Finalmente, a Constituição reconhece também a família monoparental, aquela
constituída por um dos pais e seu(s) filho(s). Com isso, a Lei brasileira permite a
constituição e reconstituição livre da família, não mais obrigada a seguir um único modelo
previsto em lei.
Diante disso, o pátrio poder cede também a uma forma mais igualitária de gerir a família: o
poder familiar. O Código Civil de 2002, que entrou em vigor em 2003, pressupõe a
igualdade dos cônjuges. Prevê a dissolução da sociedade conjugal no caso da
impossibilidade de comunhão de vida. Além disso, prevê, apesar da separação do casal a
 manutenção do vínculo de pais e filhos pela guarda compartilhada. Esse vínculo é caro ao
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1 de 1 22/09/2015 15:12
Como já foi visto, as teorias predominantes na psicologia concordam em um ponto: o ser
humano é um ser cultural. Por isso, a lei e a cultura são formadores do sujeito.
Consequentemente, a infância deve ser vista no contexto cultural.
A infância na lei: menor como objeto de direito
Se a infância é um construção cultural, ser criança é diferente de uma época para outra,
como a constituição e a estrutura da família também varia com o tempo, como vimos.
Só há uma infância no direito a partir da modernidade e da industrialização. Antes disso, as
crianças eram tratadas como pequenos adultos. Marca dessa descoberta de infância é o
 “Health and Moral of Aprentices Act” , de 1802, que proíbe o trabalho infantil e preconiza
o aprendizado.
A visão da família do início do século XX, no Brasil, com seu modelo patriarcal e
moralizante, forma ideia sobre a infância, quando estabelece a diferença entre a
“normalidade” e a “anormalidade” da situação irregular no Código de Menores (de 1927 e de
1979)
No Código de Menores, a criança em situação irregular é tida como um objeto de direito . 
Segundo esse código, cabe ao Estado fazer com que os menores e as famílias que não
obedecem ao padrão da família estabelecida pelo Código Civil da época se enquadrem
nesse padrão higienista de uma família normal.
A criança cidadão na Convenção dos Direitos da Criança
Hoje, parece óbvio o fato de a criança ser uma cidadã. Não há “menores” a serem tutelados
e administrados por “maiores”, mas seres humanos que nascem cidadãos. A cidadania é,
por assim dizer, o presente de boas vindas que a sociedade prepara para os recém-
nascidos. Não resta dúvida para determinar o início da infância no nascimento. A questão é
como a lei define a infância e a adolescência, já que, hoje, não há clareza sobre o assunto,
já que a adolescência é “esticada” até a idade madura.
Pela Convenção sobre os Direitos da Criança da Organização da NaçõesUnidas criança é
“todo ser humano com menos de 18 anos de idade, a não ser que em conformidade coma
lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada antes”. Em seu preâmbulo, a
Convenção sobre os Direitos da Criança sublinha a importância da dignidade e dos direitos
iguais e inalienáveis de “todos os membros da família humana” . Com isso, já deixa
entender que a criança cresce numa família “como grupo fundamental da sociedade e
ambiente natural para o crescimento e o bem estar de todos os seus membros, e em
particular das crianças”. Cabe aos pais, aos demais membros da família ampliada ou à
comunidade a responsabilidade de “proporcionar à criança instrução e orientação
adequadas e acordes com a evolução de sua capacidade, no exercício dos direitos
reconhecidos” (art. 5º). A família e, no sentido mais amplo, a comunidade, têm, portanto, 
uma dupla função: a de inserir a criança na cultura e a de defender seus direitos, uma vez
que a criança está limitada na capacidade do exercício de seus direitos.
No topo do elenco dos direitos fundamentais está o direito à vida (art. 6º) que implica a
responsabilidade do Estado de não somente garantir a sobrevivência, como também o
desenvolvimento da criança. Vida humana é, portanto, mais do que vida no sentido
biológico. Implica, por lei, a inserção da criança na cultura. Assim, a Convenção da ONU
garante à criança um nome e uma nacionalidade, em outras palavras, uma identidade, no
sentido jurídico e psíquico. Essa identidade está estreitamente ligada à família e ao direito
de “conhecer os pais e ser cuidada por eles” (art. 7º). O Estado é obrigado, pelo art. 8º, a
preservar a identidade, a nacionalidade, o nome e as relações familiares da criança e do
adolescente com suas leis e políticas públicas.
Por outro lado, a criança tem, hoje, o direito de formular seus próprios pontos de vista.
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1 de 1 22/09/2015 15:12
Lei, violência contra a mulher e as questões de gênero
Maria da Penha é o nome de uma lei que traz uma série de medidas para não só punir,
como impedir que acontecessem agressões contra mulheres cometidas pelos próprios
companheiros. Por que esse nome de mulher? Maria da Penha é uma senhora que
estudou, formou-se na universidade e casou-se com um professor universitário. Como para
muitas mulheres, o casamento tornou-se um pesadelo. Maria da Penha era agredida pelo
marido que tentou por duas vezes mata-la. Mas à diferença da maioria das vítimas de
agressões no âmbito doméstico, Maria da Penha lutou para conseguir que, em 2006, fosse
promulgada a lei que não só pune mais severamente os crimes cometidos no lar, como
também procura fazer com que esses crimes não sejam facilitados , ou, então não
aconteçam. 
Para abordar a questão da violência contra a mulher é importante esclarecer o uso de dois
conceitos por estudos sociológicos e antropológicos: sexo e gênero. Do ponto de vista da
biologia (e , consequentemente, da medicina), a distinção entre homens e mulheres se faz
a partir da determinação do sexo. Para a biologia, os órgãos sexuais são determinantes
para dizer se alguém nasce menino ou menina. Já a sociologia e a antropologia que têm
como objeto de estudo a sociedade e a cultura humanas empregam o conceito de gênero,
uma vez que o que ser homem ou mulher é uma construção cultural. As fitas rosas ou
azuis no berço de um bebê são exemplo dessa construção a partir da cultura que faz de um
ser humano um homem ou uma mulher. 
As mais diversas propostas da psicologia reconhecem a diferença biológica e cultural entre
homens e mulheres. Assim o faz, por exemplo, a proposta psicanalítica lacaniana que
analisa as diferentes “posições discursivas” entre homens e mulheres. Isso quer dizer em
outras palavras que homens e mulheres pensam, falam e agem de maneira diferente.
Nesse contexto é importante dizer que o jeito de ser masculino ainda é muito predominante
nas mais diversas culturas, inclusiva na nossa. Ainda valorizam o pai como orientador da
linguagem. Para dar um exemplo: corriqueiramente dizemos “o juiz”, “o presidente”, “o
patrão” para marcar posições de poder como posições masculinas, nem que estas sejam
ocupadas por mulheres.
À posição masculina na linguagem não escapam nem homens nem mulheres. Quem vai
negar que o pai é importante para nortear o filho? Quem vai negar a importância da ordem
para a convivência em sociedade? Quem pode descartar o uso da razão e da lógica para a
ciência e o conhecimento em geral? Nem homens, nem mulheres.
No entanto, há traços no jeito de ser das mulheres que escapam do jeito de ser masculino.
As mulheres prezam a diferença, a emoção, a mística. No entanto, o que as mulheres
prezam, é historicamente descartado como sendo “loucura”, “bruxaria”, “sem valor”. Por que
isso é importante de saber? Porque o jeito feminino de ser assusta e pode ser uma das
mais diversas razões da agressão contra mulheres. Na lógica masculina, lógica essa que
exige do homem o sacrifício da satisfação junto à mãe ( para lembrarmos do Complexo de
Édipo masculino), o homem procura, ainda que na fantasia, aquilo que crê ter perdido,
 quando foi separado da mãe: o objeto do seu desejo, a mulher. Nesse sentido, no sentido
da sexualidade masculina, a mulher é um objeto. É só passar numa banca de revistas e
ler o conteúdo das revistas masculinas e femininas. Pois as mulheres, por outro lado
oferecem-se como objetos do desejo masculino. Essa relação entre procurar um objeto e
ser um objeto do desejo não é natural, é cultural. No entanto, há um problema: o belo
objeto do desejo pode tornar-se desejo, o reverso do objeto do desejo, pode tornar-se,
enfim, descartável.
Os homens e as mulheres podem aceitar essas diferenças culturais e superar as
divergências na maneira de ser de cada um pelo amor . Ou não.
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Psicologia jurídica na execução penal
De início, cabe indagar: o que é crime? Pois, o conceito de crime, de criminoso, de pena e de
prisão variam no tempo e no espaço . Em outras palavras: o que foi crime outrora, hoje não é
mais. Penas foram aplicadas e abolidas. Novas penas são aplicadas para novos crimes. O tema
merece, portanto, uma abordagem crítica, tal como foi realizada, por exemplo, pelo psicólogo e
filósofo francês Michel Foucault , cuja obra influenciou as reflexões contemporâneas sobre o 
sistema prisional. Resumindo essas reflexões, podemos dizer que a prisão, a principal pena
aplicada aos que cometem crimes aos olhos da sociedade é um poderoso meio de marginalização
daquilo das chamadas “classes perigosas” . 
Quais são essas classes perigosas? Ao final da Idade Média europeia, com a nascente sociedade
do trabalho , começou-se a valorizar quem trabalhasse. Nem sempre foi assim. Durante toda
antiguidade e boa parte da Idade Média, o trabalho era desvalorizado, era o próprio castigo, como
lembra a própria palavra trabalho, cuja raiz latina é tripalium , o tridente, instrumento de tortura. 
Com a valorização do trabalho há, consequentemente, a marginalização da vagabundagem. Os
pobres, soltos no mundo, são recolhidos em casas de pobres, onde aprendem a obedecer à
disciplina do trabalho. Assim, operários, mulheres , vagabundos e criminosos são
indiscriminadamente recolhidos, cadastrados e tratados para fazerem funcionar as primeiras
fábricas na França. [1]
Vistas por essa ótica, as classes marginalizadas são aquelas, nas quais não se pode confiar e
sobre as quais se quer adquirir ocontrole social. Essa desconfiança foi, no Brasil, dirigida aos
escravos negros, presos por sua condição de serem objetos de compra e venda. Sendo
estranhos, “assombravam” a vida da elite. É interessante fazer aqui um parêntese e mencionar
um ensaio de Sigmund Freud, O estranho, no qual descreve a mescla entre angústia e atração
que o estranho nos provoca e que “aprisionamos” pelo recalque no inconsciente. Seria prisão
uma forma de “recalque” de contradições conflitos não resolvidas pela sociedade? Hoje, os
criminosos que mais preocupam a sociedade no Brasil são os traficantes. Verdadeiras guerras
travam-se entre o Estado e os traficantes de drogas ilícitas.
Mas não somente as classes consideradas perigosas mudam ao longo da história e dependendo
do lugar. Há também mudanças no tipo de pena para os que são considerados criminosos. Visam
o corpo na sociedade feudal , na qual preferencialmente se aplicava o suplício e a pena de morte.
Visam a liberdade na sociedade industrial e os bens na sociedade pós-moderna que muitas vezes
substitui a pena privativa de liberdade por severas multas.
Como já foi visto, a pena privativa de liberdade nasce junto às outras instituições, tal como a
fábrica, que visam a disciplina. Para Michel Foucault, têm como metáfora o chamado
Panópticum de Bentham. Nele, as pessoas estão num campo de visibilidades. Podem ser
vistas e controladas sem ver quem as controla. Com isso, espera-se, introjetam a disciplina que
as faz funcionar adequadamente na sociedade moderna que tem como valor moral central o
trabalho produtivo . A falta de disciplina é perigosa. Vai à contramão da sociedade burguesa.
Assim, com a burguesia nasce também o conceito de delinquente. Delinquente não é somente o
cidadão criminoso que lesa um direito de outro cidadão, mas aquele que se revolta contra a ordem
do Estado. Não somente a vítima tem um direito ver seu agressor sendo punido. A própria
sociedade tem interesse na reclusão do ator. Essa serve, na concepção moderna, para vigiar,
isolar, controlar e educar o detento que deve ser futuramente reintegrado à sociedade.
A prisão serve, portanto, o como uma tecnologia corretiva a partir de uma questão subjetiva :
personalidade do preso. A partir de um diagnóstico do preso é estabelecida sua terapêutica e
 o prognóstico para sua ressocialização bem sucedida. Na Lei de Execução Penal brasileira,
esse processo está na mão da Comissão Técnica de Classificação - CTC . Médicos, psicólogos e
assistentes sociais emitem laudos que permitem diagnosticar o preso e prognosticar se ele tem
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