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1 NOTAS DE AULA LUCKESI, C. C.; PASSOS, E. S. Introdução à filosofia: aprendendo a pensar. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2004. MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 10. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. PLATÃO 1. Discípulo de Sócrates. Elaborou uma longa reflexão sobre a decadência da democracia ateniense. 2. Desenvolveu forte oposição aos sofistas, pois considerava que eles degradavam a dialética e focavam a manipulação de crenças e interesses. 3. Preocupou-se com a ciência, a moral e a política. Assumiu a filosofia como projeto político transformador da realidade. 4. Defendeu a legitimação do discurso pela racionalidade (reflexão crítica – argumentação racional). Por ser legítimo, deve ser aceito por todos (caráter universal – consenso legítimo). Opõe-se à violência do poder e às manipulações ideológicas dos sofistas. 5. Enfatizou a importância do método socrático para a legitimidade racional do discurso. O diálogo socrático visa ao desmascaramento da realidade, buscando o entendimento racional. 6. Dialética (diálogo): processo que visa levar o interlocutor a reconhecer a fragilidade de suas próprias crenças e ver aquilo que diz não é o que parece ser. 7. Método dialético: exige atitude crítica, mostrando a necessidade de interrogações e questionamentos da própria opinião e dos seus fundamentos. Oposição à força física (violência) e à retórica manipuladora dos sofistas. 8. Demonstrou o empenho de Sócrates nas questões éticas e nos valores que orientam as ações humanas e desenvolveu uma filosofia voltada para a dimensão ética e política da existência humana. 9. Destacou as seguintes razões para defender a importância da articulação teoria e prática no processo de decisão: • formulação de definições e princípios para estabelecer critérios para orientar a decisão, pois permitem julgar e avaliar as alternativas; • possibilita chegar aos valores e princípios universais, que justificam nossas decisões, para não ser necessário refazer todo o processo em cada decisão; • serve para desenvolver ações legítimas, que são aquelas baseadas numa decisão fundamentada em critérios baseados em princípios gerais; • evita decisões casuísticas (baseadas em um caso concreto ou experiência particular). 10. Análise do Mito ou alegoria da caverna (Obra “A República” – Livro VII) • 1ª parte: descrição da cena inicial - O ambiente interno da caverna (a escuridão, as sombras, a luz da fogueira, as condições dos prisioneiros acorrentados, o muro entre os prisioneiros e a luz da fogueira, as atividades das pessoas que caminhavam sobre o muro carregando objetos). - Ambiente interno da caverna: representa o mundo material imperfeito no qual vivemos. - Prisioneiros: são os seres humanos comuns aprisionados pelo senso comum. - Correntes: representam os condicionamentos da doxa (opinião, senso comum. - Sombras: visão distorcida e limitada do real, as aparências da realidade. - Pessoas que caminhavam sobre o muro carregando objetos – representam os sofistas e políticos atenienses, que manipulavam a opinião da população, produzindo ilusões. • 2ª parte: exame platônico do difícil processo de libertação de um prisioneiro - Processo difícil e doloroso: o prisioneiro é libertado por um conflito interno entre duas forças que se encontram em sua alma: força do hábito (acomodação) e força do eros (impulso, curiosidade). - Dialética: processo de mudança e transformação resultante da oposição entre duas forças. Conflito entre hábito e eros é o motor da dialética. - Adaptação do olhar à luz externa: representa a transformação vivida pelo prisioneiro libertado (ocorre a mudança e a adaptação da capacidade de enxergar a realidade). Realidade inicial: visão ofuscada pela falta de costume em relação à luz do Sol. Realidade posterior: visão total da realidade proporcionada pela luz do Sol. - Sol: representa a Ideia do Bem, o grau máximo de realidade. Visão do Sol: representa o alcance da visão da totalidade da realidade – contemplar a verdade e o ser. Superação da visão parcial. - O mundo externo representa o Mundo das Ideias, isto é, o mundo perfeito no qual vivem as almas e estão as Ideias. • 3ª parte: narrativa do retorno do filósofo à caverna - Missão ético-político-pedagógica do filósofo: mostrar a realidade superior aos prisioneiros do senso comum, para libertá-los. Atividade perigosa (risco e ameaça de morte). Referência à atividade e à condenação à morte de Sócrates. - Ênfase nos aspectos éticos e políticos do saber filosófico: a visão da luz deve levar a pessoa a comportar-se com sabedoria na vida privada e na vida pública. 2 ÉTICA PLATÔNICA 1. Dualismo platônico: corpo (prisão da alma – inferior à alma) e alma (racional e irracional – superior ao corpo). 2. Alma racional: busca o divino. Alma irracional: busca as experiências do mundo das sombras. 3. A perfeição moral é atingida pela ascese (contemplação das essências, que estão no mundo das Ideias). A filosofia é o caminho mais adequado para a realização ética do ser humano, ou seja, conquistar o inteligível. 4. Defende a necessidade de uma ética para o mundo material: importância de cuidar do corpo que deve ser utilizado para o aperfeiçoamento do ser humano. - Educação do corpo (inferior à alma e sujeito aos estímulos dos sentidos) por meio da ginástica: frear os impulsos irascíveis e concupiscíveis da alma irracional; proporcionar a beleza e a harmonia; conduzir ao autodomínio (disciplina e estética). - Educação da alma: a alma racional (sapiente) deve ser a responsável pela condução do ser humano à perfeição (libertação do domínio dos sentidos (autocontrole). - Importância da busca do Sumo Bem, que está no mundo das Ideias. Necessidade da educação da alma e do corpo para que a alma siga em direção ao mundo das Ideias. TEORIA POLÍTICA PLATÔNICA 1. Propõe a organização ideal do Estado seguindo sua visão ética e metafísica do mundo e da vida. 2. Os seres humanos precisam viver em sociedade para satisfazes suas necessidades. 3. Estado: organização capaz de administrar a vida sadia entre os seres humanos. 4. Propõe a organização do Estado com três segmentos semelhantes à alma humana, que é dividida em alma racional e alma irracional (subdividida em alma irascível e alma concupiscível). Alma Estado Alma racional Classe dos Governantes (direção exercida pelos filósofos) Alma irracional (irascível) Classe dos Guerreiros (defesa) Alma irracional (concupiscível) Classe dos Produtores (artesãos, agricultores e mercadores) 5. Os governantes são os responsáveis pela direção da sociedade por causa de sua sapiência (sabedoria). 6. Defende uma sofocracia: o Estado deve ser governado pelos filósofos, ou seja, aqueles que buscam a verdade pela ascese. 7. Objetivo da harmonia do Estado: alcançar o Bem e a Justiça pelo processo de purificação da alma (libertação do corpo – prisão da alma – e retorno ao mundo das Ideias). Para isso, defende a reencarnação.
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