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BoletimEF.org Educacao Fisica e o fenomeno da violencia na escola

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FSBA – FACULDADE SOCIAL DA BAHIA 
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA 
MÁRCIO ROBERTO RIBEIRO SILVA 
EDUCAÇÃO FÍSICA E O FENÔMENO DA VIOLÊNCIA NA 
ESCOLA 
Salvador 
2008 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÁRCIO ROBERTO RIBEIRO SILVA
 
EDUCAÇÃO FÍSICA E O FENÔMENO DA VIOLÊNCIA NA 
ESCOLA 
Monografia apresentada como 
requisito parcial para obtenção 
de graduação do curso de 
Licenciatura em Educação 
Física. 
 Orientador: Prof. Ms. Luiz Carlos Rocha 
Salvador 
2008 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
_____________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
____________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Termo de Aprovação 
Márcio Roberto Ribeiro Silva 
EDUCAÇÃO FÍSICA E O FENÔMENO DA VIOLÊNCIA NA ESCOLA 
Monografia apresentada a Faculdade Social da Bahia, como requisito parcial à 
obtenção de graduação do curso de Licenciatura em Educação Física, submetida a 
banca examinadora em 11/06/2008. 
Prof. Ms. Luiz Carlos Rocha (orientador) 
Mestre pela UNEB
 
Prof. Dr. Augusto Cesar Rios Leiro
Doutor pela UFBA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esta monografia é dedicada a todos os 
educadores que não se cansam, não desistem, 
acreditam, viajam de barco, no meio do nada e 
àqueles que andam quilômetros, a pé, no 
intuito, quase instintivo, de apenas exercer sua 
amada profissão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Ao meu Deus por me conceder a honra desse privilégio que é viver, por me
 
conceder esse paraíso que é a minha família.
 
À minha mãe pelo amor, atenção; minha base e fonte dos sentimentos mais puros e
 
sinceros. 
À meu pai, financiador deste sonho e de todas as minhas outras realidades, por sua
 
dedicação à família e por ser um exemplo de honestidade, caráter e retidão. 
Aos meus pais, por me permitirem, sempre, escolher os meus caminhos com a mais 
total das imparcialidades. 
Ao meu compadre, amigo e irmão Ricardo, meu Dr. Honoris Causa, por, financiar os 
meus estudos, por me apresentar ao mundo e me ensinar a andar de bicicleta. 
Depois desses aprendizados minha vida nunca mais foi a mesma. 
À minha tia Sandra pelo apoio nos primeiros momentos em Salvador. 
Ao meu primo Marinho por conseguir meu primeiro estágio. 
À minha avó Eurides por sempre acreditar em mim. 
Às professoras e à Escola do bairro da Santa Cruz pela confiança e credibilidade 
Ao Grupo de estudo e pesquisa Mídia, Memória, Educação e Lazer (MEL) da UFBA 
pelas contínuas contribuições.
 
Ao Mestre Luiz Rocha pela sua dedicação, paciência e perseverança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Problema Social 
Se eu pudesse eu dava um toque em meu destino 
Não seria um peregrino nesse imenso mundo cão 
Nem o bom menino que vendeu limão 
Trabalhou na feira pra comprar seu pão 
Não aprendia as maldades que essa vida tem mataria 
a minha fome sem ter que roubar ninguem 
Juro que nem conhecia a famosa funabem 
Onde foi a minha morada desde os tempos de neném 
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem 
Se eu pudesse eu tocava em meu destino 
Hoje eu seria alguem 
Seria um intelectual 
Mas como não tive chance de ter estudado em 
colégio legal muitos me chama de pivete 
Mas poucos me deram um apoio moral 
Se eu pudesse eu não seria um problema social 
Seu Jorge 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
Nessa pesquisa cujo tema é “Educação Física e o Fenômeno da Violência na 
Escola”, se tem como grande objetivo trazer à luz a situação tensa vivenciada 
diariamente nas instituições de ensino. Com o intuito de articular a Educação Física 
com a violência escolar e explorar as possibilidades de intervenção nesse cenário, 
foi realizada uma pesquisa tipo estudo de caso, com caráter qualitativo, em uma 
escola municipal de Salvador, Bahia, situada em região marcada pela falta de 
condições básicas de sobrevivência e de uma forma geral pela ausência do Poder 
Público, que como conseqüência, traz altos índices de violência que ocorrem dentro 
e fora da instituição. Apresenta-se um panorama sobre a história da educação e 
seu percurso até os dias atuais e fundamentações para o entendimento macro da 
violência em suas relações diárias, assim como demonstra, através dos relatos dos 
professores, a metodologia utilizada na escola e a percepção destes docentes em 
relação à temática. 
Palavras Chaves: Educação Física, Escola, Violência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
FIGURAS 
FIGURA 01 - HIERÓGLIFO EGÍPCIO ......................................................... 12
 FIGURA 02 - JESUÍTAS CATEQUISANDO ÍNDIOS.................................... 14
 FIGURA 03 - JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO......................................... 19
 FIGURA 04 - PROTESTO ONG................................................................... 22
 FIGURA 05 - ARMAS USADAS NA ESCOLA EUA...................................... 23
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 09 
2 ESCOLA / EDUCAÇÃO.......................................................................... 12 
 2.1 Historia da Educação no Mundo....................................................... 12 
 2.2 História da Educação na Bahia ........................................................ 13 
 2.3 História da Educação no Brasil ........................................................ 14 
2.4 Educação na Contemporaneidade ................................................... 15 
3 VIOLÊNCIA ............................................................................................ 18 
3.1 Violência Escolar .............................................................................. 23 
4 EDUCAÇÃO FÍSICA E VIOLÊNCIA ESCOLAR ..................................... 26 
5 METODOLOGIA ..................................................................................... 31 
6 ANÁLISE DE DADOS ............................................................................. 33 
6.1 Violência sobre o olhar dos professores .......................................... 34 
6.2 Os diferentes tipos e fatores da violência no contexto escolar......... 35 
6.3 Violência in loco................................................................................. 38 
6.4 A tarefa de contextualizar a violência............................................... 40 
6.5 A escola “armada” ............................................................................ 40 
6.6 Avaliando o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à 
Violência (PROERD)........................................................................ 42 
 6.7 Classificando a escola....................................................................... 44 
6.8 Contextualizando a Violência ........................................................... 45 
 6.9 Contribuição da Educação Física.....................................................47 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... 51 
REFERÊNCIAS ......................................................................................... 54 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
INTRODUÇÃO 
É senso comum, nos dias atuais, a violência presente em toda a sociedade, 
tornando-se um fenômeno mundial preocupante e assustador, que vem se 
espalhando de forma rápida e desastrosa. Segundo a Organização Mundial de 
Saúde (OMS), a violência mata 1,6 milhões de pessoas a cada ano no mundo e 
outros milhões são mutilados por ataques. Diz ainda a OMS que a cada minuto 
morre uma pessoa, vítima da violência, no planeta. 
No Brasil, o cenário também é preocupante, são recorrentes as aparições na 
mídia, de casos, em todos os estados, tanto nas grandes cidades como no interior. 
Estudos realizados demonstram um crescente índice de aumento a cada ano. Em 
uma década, ou seja, de 1994 a 2004, os índices de violência se elevaram em 
48,4% enquanto o crescimento da população nesse período foi de 16,5%. A 
violência aparece hoje na sociedade, não apenas na forma de crimes, homicidios, 
roubos ou delinquências, mas, também, nas relações familiares, na escola e nos 
diversos aspectos da vida social. 
A ampliação da percepção de violência se expressa no fato de não ser 
considerada apenas como manifestação via agressão física. Engloba, também, 
situações de humilhação, exclusão, ameaça, desrespeito, indiferença e omissão 
para com o outro. Consequentemente, os dados mostram o crescente aumento da 
violência e como não poderia ser diferente, esse aspecto vai se refletir em todas as 
esferas da sociedade, chegando, obviamente, ao contexto escolar. Recentemente 
foi visto, em âmbito nacional, o caso do professor de Educação Física do ensino 
fundamental, da escola municipal Tancredo Neves, Renato Ramos, 43 anos, 
assassinado em Viana, região metropolitana de Vitória do Espírito Santo, depois de 
denunciar que alunos andavam armados, dentro da escola e usavam drogas em 
suas dependências. O professor tinha audiência marcada na Vara da Infância e 
Juventude de Viana para falar a respeito da referida denúncia. 
Dentre todas as outras vertentes que esse cenário desastroso produz, 
aprofundaram-se mais ainda estes estudos sobre a violência escolar e suas 
implicações no cotidiano, buscando-se entender como essa altera o projeto 
pedagógico, Partiu-se da análise do projeto do Programa Educacional de 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
Resistência às Drogas e à Violência (PROERD), desenvolvido pela polícia militar e 
definido pelo comandante geral da Policia Militar da Bahia como, 
possuidor de uma metodologia reconhecida e comprovada em mais de 
cinqüenta países no mundo, o qual visa consolidar, junto à sociedade de 
um modo geral, a imagem do policial militar como referência positiva ao 
habilitar crianças e adolescentes no referido programa. SANTANA, (2005). 
O estudo pretende ser um instrumento para analisar e entender os crescentes 
níveis de violência na escola, refletindo seu passado e perspectivas para o futuro, 
tendo a disciplina Educação Física como possibilidade de intervenção e 
transformação, entendendo a real situação e profundidade do referido tema, tendo a 
noção de que a mesma não se apresentará como vara de condão que reverterá os 
altos índices de violência dentro e fora da escola, assim como o abismo social onde 
esta comunidade está inserida. Será, também, discutido o papel do professor– 
educador no processo de formação do aluno/sujeito no contexto escolar. 
Com esta pesquisa buscar-se-á respostas para o entendimento de quais as 
reais possibilidades de intervenção da Educação Física no contexto da violência 
escolar e se este componente é capaz de resolver ou amenizar esses conflitos. 
A escolha deste tema ocorre em razão da perplexidade perante a violência, sua 
amplitude e reflexos no cotidiano. Ao longo de quatro anos morando no Rio de 
Janeiro percebe-se o ápice da violência, e com o sentimento de afrontação 
cotidiana, a decisão de abandono de carreira militar em esfera federal devido a 
violência foi uma conseqüência. Sendo estes fatores determinantes no 
direcionamento da pesquisa, onde se decide por direcionar total atenção ao tema. 
Após a leitura de alguns livros, folhear revistas, assistir filmes, visitar alguns sites e 
perceber o movimento crescente em relação ao tema, em 2005, ingressa-se ao 
curso de Educação Física da Faculdade Social onde se busca, continuamente, 
dialogar as vivências com as comunidades com um maior desfavorecimento social. 
Acontece, então, a articulação entre os dois interesses maiores da pesquisa. Nesse 
sentido ainda falta especificidade, porém, o horizonte aponta inúmeras 
possibilidades. Após aproximação com as comunidades do Alto de Ondina, Itinga e 
Santa Cruz sendo essa última onde houve a oportunidade de desenvolver o primeiro 
estágio extracurricular, foi “batido o martelo” Educação Física e violência, como 
proposta. Descobrir e apontar as possibilidades nesse cenário o objetivo. A partir 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
desse momento, ocorre uma verdadeira enxurrada de idéias, algumas bastante 
plausíveis, outras nem tanto, e, através do campo empírico, experimentou-se o 
sabor dos erros e das descobertas, sempre de forma planejada, nas intervenções. 
Criou-se um blog “www.professormarcio.zip.net” com o objetivo de demonstrar laços 
de outras perspectivas de comunidade, interagindo com fotos, relatos, sugestões, 
pesquisas e percebendo outra grande possibilidade de exploração. 
Nesse sentido se buscou leituras que possibilitassem o aprofundamento da 
temática. Uma das primeiras foi o livro “Abusado o dono do morro D. Marta no Rio 
de Janeiro”, o qual narra a “evolução” gradativa de um jovem na escala hierárquica 
do tráfico de drogas, chegando ao maior posto dentro da favela, ou seja, gerente-
geral. Durante as leituras questionou-se que se houvesse uma política pública de 
esporte, uma integração entre escola e comunidade ou uma visão mais detalhada e 
profunda sobre as questões sociais e se apenas o único braço do estado que 
subisse o morro não fosse a polícia, a história e o fim daquele jovem, poderia, não 
ser o mesmo. 
A segunda motivação surgiu a partir da reflexão sobre a violência na 
alteração do modo de vida das pessoas, o êxodo em grande número de pessoas 
abandonando os grandes centros, suas carreiras e vidas conturbadas em busca de 
segurança e mais qualidade de vida para seus familiares. Outra grande motivação 
foi a experiência do estágio na escola onde direciono meus estudos, a qual 
apresenta altos índices de violência dentro e fora da instituição. 
Decidiu-se por esta pesquisa, após a análise dos fatos expostos e 
percebendo a total relevância do tema Educação Física e a violência na escola, 
tendo como objetivo/norte identificar as possibilidades pedagógicas de intervenção 
da Educação Física na perspectiva da redução da violência escolar. Este estudo 
ficou então dividido em três capítulos, assim distribuídos: Escola/Educação sendo 
neste demonstrado o surgimento da educação formal e o seu percurso aos dias 
atuais. No segundo capítulo Violência Geral /Escolar apresenta as relações entre 
esses aspectos e posteriormente, Educação Física e Violência Escolar onde se 
demonstra as possibilidades neste cenário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
2 ESCOLA / EDUCAÇÃO 
2.1 História da Educação no Mundo 
Em todas as pesquisas realizadas sobre a 
históriae berço da educação no mundo, estas nos 
remetem ao antigo Egito, de onde nos chegaram os 
testemunhos mais antigos e talvez mais ricos sobre 
todos os aspectos da civilização e, em particular, 
sobre a educação. Segundo o dicionário, educação 
é assim conceituada: 
Do lat. Educacione, 1. Ato ou efeito de educar(-se). 2 
Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual 
e moral da criança e do ser humano em geral, visando a sua 
melhor integração individual e social: educação da juventude, 
Figura 01 Hieróglifo Egípcio adultos; excepcionais. AURÉLIO, (2004) 
Manacorda, (1989) nos dá uma visão sobre o conhecimento e suas 
aplicações práticas no antigo Egito. Conclui-se que um povo residente às margens 
de um grande rio e com uma agricultura avançada, acumulou e transmitiu, desde 
tempos remotíssimos, noções, de alto nível, não somente sobre a agricultura e a 
agrimensura, mas, também, sobre as ciências que lhe servem de base: a geometria, 
para a medição dos campos, a astronomia para o conhecimento das estações, e, 
especialmente, a matemática, que é o instrumento básico. Segundo Gennari, (2003) 
no antigo Egito existiam quatro grupos de pessoas que recebiam um ensino 
diferenciado: o faraó e os senhores da corte, os escribas e todos aqueles que se 
dedicam às funções administrativas, os artesãos e, por último, os escravos. Cerca 
de 2.600 anos antes de Cristo, os filhos do faraó, seus futuros conselheiros e os 
nobres do Egito são educados para dominar a arte da palavra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
2.2 História da Educação na Bahia 
Um estudo realizado por Cabral, Matos e Nunes, [200-] demonstra com 
riqueza de detalhes como a educação acontecia no Período colonial na Bahia. 
Quando se pretende resgatar o desenrolar da História da Educação no Brasil e na 
Bahia, deve-se de fato começar através da educação dos grupos indígenas que aqui 
viviam quando os portugueses chegaram e se apossaram do lugar. Estes eram 
ágrafos e não deixaram registros escritos, salvo pinturas rupestres. Conhece-se 
seus hábitos e costumes através dos trabalhos de arqueólogos e antropólogos. 
Esse mesmo estudo relata que, só surge algum tipo de instrução formal, com 
a chegada dos primeiros seis jesuítas, no ano de 1549, com o primeiro governador 
geral, Tomé de Souza, a quem ajudaram a construir a cidade de Salvador (BA). 
Antes de ficar pronta a capital do Estado do Brasil, estando todos ainda alojados na 
vila do Pereira, o irmão Vicente Rodrigues já abrira uma escola de ler e escrever 
para os filhos dos colonos. Em seguida, os jesuítas instituíram missões indígenas 
em aldeias administradas, onde criaram as primeiras escolas de ler e escrever, que 
pelo AURÉLIO, (2004) é definido: “Escola [Do gr. Scholé, pelo lat. schola]. 
Estabelecimento público ou privado onde se ministra sistematicamente, ensino 
coletivo”. Além disso, criaram colégios nas principais cinco vilas e cidades como: 
Salvador, Piratininga, depois Rio de Janeiro e Vitória. A Coroa Portuguesa deixou, a 
cargo dos jesuítas, toda a instrução na América Portuguesa e, de fato, dominaram a 
educação em terras brasileiras por duzentos e dez anos, até sua expulsão em 1759, 
por determinação de D. José II, déspota esclarecido que tinha Sebastião José de 
Carvalho e Melo, o marquês de Pombal, como seu poderoso ministro. Torna-se 
necessário, também, lembrar que os negros que vinham escravizados da África para 
os mais diversos trabalhos, chegavam sem nada conhecer da terra e, por isso, eram 
chamados de boçais. Precisavam aprender aqui a língua portuguesa, bem como os 
trabalhos a que deviam se dedicar, sobretudo com outros negros que aqui já 
estavam, os chamados ladinos. Também eram, às vezes, catequizados, na religião 
católica. Além disso, conseguiram, até como forma de resistência, manter seus 
costumes e religião, transmitindo oralmente, como na África, suas tradições a seus 
filhos e netos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
2.3 História da educação no Brasil 
Ribeiro, (2003) relata que diante das dificuldades encontradas com o regime 
de capitanias hereditárias, é criado o Governo Geral, que tinha como obrigação não 
substituir e sim apoiar as capitanias, a fim de que o processo de colonização 
conseguisse um desenvolvimento normal. 
Entre as diretrizes básicas constantes no Regime, isto é, uma nova política 
ditada então por D. João III (17-12-1548), é encontrada uma, referente a conversão 
dos indígenas, a fé católica pela catequese e pela instrução. Em cumprimento a isto 
chegam Tomé de Souza quatro padres e dois irmãos jesuítas, chefiados por Manoel 
da Nóbrega em 1549. 
Luiz A. de Mattos destaca a importância deste item dos Regimentos dizendo: 
dele dependeria (...) o êxito da arrojada empresa 
colonizadora; pois que , somente pela aculturação 
sistemática e intensiva do elemento indígena aos 
valores espirituais e morais da civilização ocidental 
e cristã é que a colonização portuguesa poderia 
lançar raízes definitivas(...) MATTOS, (1958) citado 
por RIBEIRO, (2003) 
Outro aspecto importante segundo 
Ribeiro é que percebe-se, por estes poucos 
fatos, que a organização escolar no Brasil - 
Colônia está, como não poderia deixar de 
ser, estreitamente vinculada à política colonizadora dos portugueses. 
Num contexto social com tais características, a instrução, a educação 
escolarizada só podia ser conveniente e interessar a essa camada dirigente 
(pequena nobreza e seus descendestes) que segundo o modelo de colonização 
adotado, deveria servir de articulação entre os interesses metropolitanos e as 
atividades coloniais. Os subsídios recebidos e a obrigação daí decorrentes, também, 
sugerem as idéias colocadas em forma de questão, já que os jesuítas deveriam 
fundar colégios que recebiam subsídios do Estado português relativos a missões. 
Dessa forma, ficavam juridicamente obrigados a formar, gratuitamente, sacerdotes 
para a catequese. 
Os jesuítas permaneceram como mentores da educação brasileira durante 
duzentos e dez anos, até 1759, quando foram expulsos de todas as 
colônias portuguesas por decisão de Sebastião José de Carvalho, o 
marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777. No 
momento da expulsão os jesuítas tinham 25 residências, 36 missões e 17 
Figura 02 Jesuítas Catequizando Índios 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
colégios e seminários, além de seminários menores e escolas de primeiras 
letras instaladas em todas as cidades onde havia casas da Companhia de 
Jesus. A educação brasileira, com isso, vivenciou uma grande ruptura 
histórica num processo já implantado e consolidado como modelo 
educacional. BELLO, (1998). 
O autor Sperber, (2003) no dicionário de filosofia aborda algumas questões 
que se aplicam a esses três períodos distintos da educação demonstrados 
anteriormente: o surgimento no Egito, na Bahia através da colonização e no Brasil a 
sua disseminação através das capitanias, onde questiona: 
[...] qual o objetivo último da educação e a quem ela deve servir? Quem 
está habilitado a identificar, a definir e a ensinar as virtudes? Que tipos de 
conhecimento são essenciais a uma vida realizada? De que maneira as 
diferentes espécies de conhecimento afetam o processo da aprendizagem? 
SPERBER, (2003) 
Observa-se, através dessa reflexão, que apesar de se situarem em épocas 
distintas, o conhecimento sempre foi restrito a uma minoria e seus objetivos sempre 
estiveram a caminhar em lados opostos de quem os recebiam. Eram, ainda, 
impostos em processos severos, desconsiderando individualidadese com objetivos 
colonizadores em sua maioria, não se diferenciando dos modelos contemporâneos 
de educação. 
2.4 Educação na Contemporaneidade 
Através das leituras para o desenvolvimento deste tema, duas palavras foram 
recorrentes: tecnologia e mudanças, sendo essa última, a que provocou maior 
entusiasmo, tendo em vista o futuro de um educador. No tocante a tecnologia 
observa-se mudanças que, certamente, trarão benefícios para educação, como os 
novos recursos de comunicação e a participação da mídia nesse processo onde 
nota-se que 
O importante é que os novos recursos, como o computador, a televisão, o 
cinema, os vídeos, não sejam usados apenas como instrumentos, mas se 
tornem capazes de desencadear transformações estruturais na velha escola 
ARANHA, (1996) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
Essa mesma autora afirma que é uma característica da sociedade 
informatizada a abundância de informações, sendo assim a necessidade de atenção 
ao acesso, seleção e controle desses dados, pois afirma que elaborar difundir e 
utilizar o saber sempre significaram uma forma de poder. Relata ainda que os 
computadores são hoje janelas para o mundo, possibilitando a troca de arquivos, 
acesso a banco de dados internacionais, divulgação de pesquisas, discussão de 
temas dos mais variados, mas, na tentativa de incorporar os novos recursos, muitas 
vezes, as escolas adquirem novos equipamentos, no entanto não conseguem alterar 
a tradição das aulas acadêmicas. 
O Brasil, segundo a Fundação Getúlio Vargas, tem vinte e quatro milhões de 
computadores sendo que o número de pessoas conectadas a internet é de 16.3 
milhões, conforme estudo divulgado na Folha de São Paulo pelo instituto Brasileiro 
de Opinião Pública e Estatística – (IBOPE/NET). Outra fonte de conhecimento que 
está sendo utilizada na atualidade é a televisão, em vista de ter uma grande 
abrangência no território nacional (80%), mas que poderia ser ainda mais explorada 
no processo educacional do país. 
Observa-se, então, que o processo de transformação está em curso e que o 
século XXI deverá ser anunciador de grandes mudanças. E após análises das 
possíveis mudanças na trajetória educacional tratar-se-á, a seguir, dos aspectos 
relativos à Educação Física e violência na escola. 
Seguindo por essa linha uma das possibilidades é a reflexão da violência, 
mostrada na mídia e também na mídia esportiva onde é dito: 
o circulo vicioso que se estabelece entre violência e a mídia que atua como 
realimentadora e amplificadora daqueles comportamentos (violência doping, 
fraude, etc.) dos jogadores e expectadores. A mídia forma uma nova 
hierarquia de valores, a qual determina em grande medida a atitude do 
consumidor e tem grande efeito na prática do esporte em si: os fins 
justificam os meios - se leva ao sucesso, a violência é permitida. BETTI, 
(1997) 
Nesse processo percebe-se a necessidade da Educação Física se fazer 
presente no intuito de trazer essa problemática à sala, estruturando um novo 
conceito de aula, mediante acontecimentos atuais e cotidianos, adequando-se às 
novas possibilidades e realidades de inserção, com métodos contemporâneos de 
ensino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
Lippelt, (2004) traz uma reflexão interessante, quando diz que a mídia e o 
esporte têm um papel importante na reconquista dos valores morais e é um objetivo 
que deve ser levado adiante por intermédio de instituições como a família a escola e 
a religião “com os diferentes segmentos da sociedade e por meio da recuperação 
dos valores morais conseguir-se-á diminuição da violência”. LIPPELT, (2004). 
Observamos então a necessidade de articulação dos meios possíveis e 
alcançáveis de informação no objetivo de aproximar os temas aos métodos e 
linguagens utilizados pela juventude, possibilitando um estreitamento nessa relação 
conseguindo permear os conteúdos com maior facilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
3 VIOLÊNCIA 
Desde meados da década de setenta vem se exarcebando no Brasil o 
sentimento de medo e insegurança no quesito violência urbana. Segundo, Aurélio, 
(2004) “violência é a qualidade de ser violento. Ato de violentar. Constrangimento 
físico ou moral; uso da força; coação”. Em outra visão, é mostrado que: 
o termo violência provém do latim violentia-raiz semântica vis = força- e 
significa opressão, imposição de alguma coisa a outra pessoa ou a outras 
pessoas, por intermédio do emprego da força, qualquer que seja o seu tipo, 
a sua substância, forma ou sentido: força dos poderes social, 
econômico,juridico ou politico,força das armas,força física,força simbólica 
ou de qualquer outra natureza que se queira MURAD, (2007). 
Já o dicionário de filosofia assim define “1) o assassinato de uma ou mais 
pessoas ou que inflige a essas pessoas sofrimentos ou lesões psíquicas; 2) através 
do uso da força física; 3) intencionalmente e 4) contra sua vontade”. Marilena Chauí, 
(1998) ajuda a conceituar violência a partir das seguintes definições: 
tudo que abrange a força para ir contra a natureza de algum ser 
(desnaturar); 
todo ato de força contra a espontaneidade, a vontade e a liberdade de 
alguém (coagir, constranger, torturar, brutalizar); 
todo ato de violação da natureza de alguém ou de alguma coisa valorizada 
positivamente por uma sociedade(violar); 
todo ato de transgressão contra aquelas coisas e ações que alguém ou uma 
sociedade define como justas e como um direito; 
conseqüentemente, violência é um ato de brutalidade, sevícia e abuso físico 
e /ou psíquico contra alguém e caracteriza relações intersubjetivas e sociais 
definidas pela opressão, intimidação, pelo medo e pelo terror. 
Segundo Adorno citado por Sallas e outros (1999), o individuo que não 
respeita e desconsidera os valores e a situação social dos seus semelhantes pratica 
a violência, negando os valores considerados universais, como a liberdade, a 
igualdade e a vida. 
Hoje, no Brasil, percebe-se o clima de insegurança que ronda as nossas 
capitais. Nesta questão: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
um novo fenômeno chamou a atenção: se, até 1999, os pólos dinâmicos da 
violência localizavam-se nas grandes capitais e regiões metropolitanas, a 
partir dessa data, observou-se certa estagnação nessas áreas e o 
deslocamento da dinâmica para o interior dos estados. WAISELFISZ, 
(2004) 
Essa nos faz refém dentro dos nossos domicílios e por muitas vezes faz com 
que a população arque com despesas que seriam do estado ou da união no intuito 
de buscar proteção. 
Pesquisas recentes 
realizadas pelo Datafolha e 
publicadas no Jornal Folha de 
São Paulo, demonstram que a 
violência é hoje o maior medo 
dos paulistanos, e, cujo 
principal temor, é o 
envolvimento dos jovens com 
as drogas. Em 2004 houve no 
Brasil uma Campanha 
Nacional de Desarmamento, a 
qual foi criada para incentivar a 
devolução de armas e 
recompensar quem as entregasse. A previsão do governo era que fossem entregues 
oitenta mil armas, mas as expectativas foram superadas e recolhidas 459.855. 
Pode-se atribuir este número ao fato do Brasil possuir o 8º maior arsenal do mundo 
com 15,3 milhões de armas1 (Small Arms Survey) e é o 2º maior exportador do 
ocidente2 sendo que muitas dessas armas fabricadas aqui são exportadas para o 
Paraguai e retornam trazidas pelo crime organizado. 
Já em 2005, houve o Plebiscitodo desarmamento, onde foi perguntado à 
população se o comércio de armas de fogo e munição deveria ser proibido no Brasil, 
1 Revista Sociologia CIENCIA Ano II número 14 por RODRIGO GALLO. 
2 Revista Sociologia CIENCIA Ano II numero 14 por RODRIGO GALLO 
Figura 03 Jornal Folha de São Paulo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
cujo resultado foi que a maioria das pessoas, num total de 63,94% optou por ter 
direito a comprar armas. 
A violência torna-se presente, infelizmente, no nosso cotidiano. As produções 
cinematográficas, atuais, têm sido uma das áreas mais reflexivas em relação ao 
dilema; filmes como: “Cidade de Deus”, “Quanto Vale ou é por Quilo”, “Ônibus 174”, 
“Falcão Meninos do Tráfico” e “Tropa de Elite” têm suscitado grandes 
questionamentos. Este último, mais atual, tem sido o responsável por grandes 
polêmicas em relação à temática, que lança olhares sobre alguns paradigmas, como 
a aceitação da polícia que tortura e mata, e a classe média que luta por paz e 
justiça, mas consome drogas. No filme, um diálogo relata: “É engraçado porque 
ninguém faz passeata quando morre policial. Protesto é só pra morte de rico. 
Quando eu vejo passeata contra a violência, parceiro, eu tenho vontade de sair 
metendo porrada!” (Capitão Nascimento no filme Tropa de Elite, 2008). São comuns 
os relatos nos noticiários onde a população é instruída, pelas autoridades policiais, 
em como agir em caso de ser abordada por um marginal. 
O seqüestro relâmpago, tamanha a sua recorrência, já não se ajusta ao termo 
anteriormente utilizado. “A leitura sobre a palavra, bem como seu conceito, violência, 
ainda que panorâmica, aponta para o fato de que a história da violência tem inicio 
com a própria história ou, para alguns até mesmo antes dela, já na antropogênese”. 
MURAD, (2007). O relato bíblico da morte de Caim pelo irmão Abel é uma 
confirmação desse fato. Em geral, é nesse contexto que se encontra a definição da 
palavra violência, mas, não por isso assim se resume, pois a sua abrangencia 
ultrapassa os limites físicos. Em seu livro “O que é apartação?”, Cristovam Buarque 
(1983), relata a cena onde crianças ricas no primeiro andar de uma das lojas da rede 
Mac Donald’s, jogam batatas fritas pelas janelas para as crianças pobres que 
perambulam por ali, e se divertem com a cena, demonstrando, claramente, uma 
mistura de exclusão e violência social. 
Ainda no tocante a problematicas sociais, a revista Sociologia3 (2007) traz em 
sua matéria de capa a seguinte problemática: “Ausencia de Exemplo. Pesquisa 
revela que uma das principais causas da criminalidade juvenil é a falta da 
paternidade responsável e participativa”. Esse estudo aponta para problemas 
significativos, decorrentes da falta de uma figura paterna, e demonstra que o 
3 CIÊNCIA & VIDA, Ano 1 numero 10 por RODRIGO GALLO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
convívio direto e cotidiano com essa figura é benéfico à formação do caratér juvenil. 
A pesquisa demonstra, também, um aumento nos números de menores internados 
em instituições sócio-educativas de todo o Brasil, registrando um aumento de 28% 
entre 2002 e 2006, passando de 12.051 para 15.426, sendo que destes, 257 se 
encoontram na Bahia, segundo pesquisa realizada pelo referido periódico. Além 
disso, aponta que “O aumento no número de menores infratores pode ser um reflexo 
tardio de mudanças ocorridas no comportamento sexual”, relacionando aí a 
liberdade vivida a partir da década de 60, com a influência do movimento hippie ao 
grande número de filhos concebidos após aquela época, quando muitos foram 
entregues para adoção, ocorrendo, dessa forma, a descentralização da família e o 
afastamento do pai, podendo este ter sido um dos impulsionadores de alguns casos 
de violência pois, 
ausência da figura paterna na vida da criança pode ser responsável por 
boa parte dos casos de violência juvenil no país. Pesquisas apontam que 
cerca da metade dos jovens infratores não tem contato com o pai. E reforça 
que a simples presença paterna não basta. É preciso que o pai transmita 
valores de família, dê exemplos de conduta e orientação correta ao filhos. 
GALLO, (2007). 
Já sobre outras perspectivas, estudos indicam que a soma de fatores como a 
ausência de instituições de proteção social, um contingente muito grande de 
população jovem, um congestionamento habitacional e um espaço social público 
degradado, abrem caminhos para a chegada do crime organizado, para o tráfico de 
drogas e para a violência, tanto de grupos da sociedade civil como da própria 
polícia. A solução para tudo isso, como diz o pesquisador: 
é fazer com que as pessoas tenham uma relação de reciprocidade 
caracterizada pela justiça e pelo mínimo de igualdade, além de criar 
políticas de segurança eficientes, muito diferentes das que temos hoje. 
ADORNO, (2008). 
Um outro fator novo, consequência dessa 
violência é o surgimento de inumeras 
Organizações Não Governamentais (ONG), (Viva 
–Rio, Instututo Sou da Paz, CANSEI) e 
campanhas da sociedade civil no intuito de se 
Figura 04 Protesto ONG 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
mobilizar e tentar chamar atenção para esse problema, crescente e assutador. 
Temos, também, os diversos núcleos de estudos coordenados por importantes 
faculdades como os Núcleos de Estudos da Violência – USP, NIEVCI – Núcleo 
Interinstitucional de Estudos da Violência e da Cidadania da UFBA. O Brasil se 
encontra hoje em 4º lugar no ranking mundial da violência perdendo apenas para a 
Colombia , Russia e Venezuela. 
Observa-se, também, que a profunda desigualdade social que ocorre 
contribui para esse cenário no Brasil não sendo esta a determinante para os altos 
índices de violência, mas certamente contriuinte para estes pois; 
a tese que sustentava relações de causalidade entre pobreza, delinqüência 
e violência está hoje bastante contestada em inúmeros estudos. No entanto, 
não há como deixar de reconhecer relações entre a persistência, na 
sociedade brasileira, da concentração da riqueza, da concentração de 
precária qualidade de vida coletiva nos chamados bairros periféricos das 
grandes cidades e a explosão da violência fatal. Mapas da violência, 
realizados para algumas capitais brasileiras, na década passada, indicavam 
que as taxas de homicídios eram sempre e flagrantemente mais elevadas 
nessas áreas do que nos bairros que compõem o cinturão urbano melhor 
atendido por infra-estrutura urbana, por oferta de postos de trabalho, por 
serviços de lazer e cultura. ADORNO, (2008) 
Este mesmo pesquisador afirma, também, que a grave crise no sistema 
penitenciário é outro fator importante para o crescimento da violência onde o crime 
cresceu e mudou a sua “cara” enquanto os mecanismos da justiça são os mesmos 
de quarenta anos atrás Os sintomas mais visíveis desse cenário são as dificuldades 
e os desafios enfrentados pelo poder público em suas tarefas constitucionais de 
deter o monopólio estatal da violência, sintomas representados pela sucessão de 
motins e rebeliões nas prisões, pela ousadia no resgate de presos, pela existência 
de áreas das grandes cidades onde prevalecem as regras ditadas, por exemplo, 
pelo tráfico de drogas em detrimento da aplicação das leis. 
Grande parte dos problemas aqui mencionados decorre do modelo de estado 
que temos, que, entre outros fatores aponta para a desigualdade social e a 
distribuição injusta da renda, onde pesquisas realizadas pelo jornal folha de São 
Paulo em sua versão on-line Folha UOL afirma que “OBrasil é o oitavo país em 
desigualdade social, na frente apenas da latino-americana Guatemala e dos 
africanos Suazilândia, República Centro-Africana, Serra Leoa, Botsuana, Lesoto e 
Namíbia” segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Estes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
mesmos estudos relatam que, no Brasil, 46,9% da renda nacional concentra-se nas 
mãos dos 10% mais ricos. Já os 10% mais pobres ficam com apenas 0,7% da renda. 
Observa-se o abismo social ao qual o Brasil está inserido demonstrando o 
histórico acumulo de riquezas em detrimento de minorias ao qual o país sempre 
vivenciou e que necessita ser refletido, pois as suas possíveis conseqüências se 
apresentam a toda a sociedade 
3.1 Violência Escolar 
A violência nas escolas tem gerado profundos debates em relação às suas 
causas. Observa-se esta ocorrência, em sua maioria, nas escolas públicas, mas já 
se encontram casos significativos também em escolas particulares. O sociólogo 
Augusto Cácia – Bava afirma, que se a violência estoura na porta das escolas é 
porque o ensino continua alienado da realidade dos adolescentes. Fato que é 
constatado diariamente na maioria das escolas, onde em alguns casos, se percebe 
uma verdadeira guerra urbana nas ruas, cuja violência não é abordada nem 
discutida em sala de aula. 
Em âmbito mundial houve, recentemente, 
o chocante caso de alunos da terceira série 
primária de uma escola na Geórgia, Estados 
Unidos, entre oito e dez anos de idades que 
após um deles ter sido advertido pela 
professora, foi planejado um ataque a docente 
levando para a escola facas, algemas e fitas 
adesivas para isolamento da sala, sendo que o 
plano não se concretizou porque outro aluno viu 
a faca na mochila do colega e avisou à 
professora. 
No Brasil houve o caso do professor de 
Educação Física assassinado por alunos após denúncias, como foi anteriormente 
mencionando. Em Salvador no dia 14/04/08 foi mostrado pela mídia o assassinato 
Figura 05- Armas Apreendidas na Escola
 EUA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
do jovem de dezesseis anos Juan Sérgio da Silva Ferreira, morto quando saia da 
escola onde estudava, no bairro de Roma, após uma discussão, dias antes, com o 
agressor, devido a uma briga em defesa do primo. Infelizmente percebe-se a 
invasão dos nossos jornais e noticiários em situações como essas. 
Campelo, (2001), cita o sociólogo Rudá Ricci e esse, assegura que a 
violência juvenil é mais complexa do que pode parecer. Pesquisas demonstram que 
essa violência pode ser atribuída ao uso de drogas, muito mais do que ao 
desemprego. Para o autor, pessoa violenta é aquela que se desenvolve em um 
ambiente de ódio coletivo como o racismo, por exemplo, e que é exposta a situações 
de voracidade, ou seja, ânsia de poder, narcisismo. Este mesmo estudo revela que o 
crack, por ser uma droga compulsiva, parece gerar furtos e outras infrações entre 
adolescentes. Pesquisa recém divulgada pela Universidade Federal de São Paulo 
indica que 28% dos estudantes de escola pública utilizaram ou utilizam drogas. A 
pesquisa do IBOPE, citada por Rudá Ricci mostra que o maior fator de consumo de 
drogas entre jovens é o sentimento de abandono familiar (35% dos usuários de 
drogas). 
Estes fatores contribuem para a violência percebida in loco nas diversas aulas 
realizadas, onde se vivenciou brigas ocorridas no pátio de lanche, algo muito 
próximo ao visto em presídios. Algo que, como educador, entristece pelas 
comparações, mas, direcionando,ali um olhar crítico, para perceber que algo além 
daquela imensa briga e descontrole geral, com arremesso de pratos e canecas 
acontecia. Antes disso, presenciava diariamente a afirmação física mais uma vez 
retratada em filmes relacionados a presídios, onde se via a necessidade diária da 
imposição e afirmação no intuito quase animal de defender o seu território sendo 
que nesta relação o território era físico, o corpo, que poderia ser alvo de 
“depredações” inúmeras pelos ditos e vistos como mais fortes. Instaura-se nesse 
cenário um clima de tensão permanente onde o contato físico é repelido totalmente. 
Percebe-se, ainda, a necessidade de demonstrar como relato de experiência 
os conselhos recebidos por vigilantes, zeladores, outros professores e também pelos 
professores de Educação Física, no intuito de receber orientação constante e evitar 
conflitos de qualquer natureza com alunos e dar um certo direcionamento às 
atividades conforme vontade destes, sempre no intuito de preservar a integridade 
física em vista da escola estar inserida numa comunidade violenta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
Gomes da Costa (2000) relaciona a violência nas escolas à problemática 
social, propondo ações que visem mudança na percepção que os pais, as escolas e 
o governo têm dos adolescentes, oferecendo soluções efetivas para esta questão. 
Em sua perspectiva, o adolescente deve ser integrado como um dos agentes das 
ações e das políticas, ou seja, como um dos reais praticantes da cidadania. O autor 
assinala que a violência está relacionada à falta de uma política para a juventude. 
Observa-se que a violência escolar é decorrente de vários problemas sociais 
sendo necessária a utilização de várias frentes de trabalhos para o combate a essa 
lamentável situação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
4 EDUCAÇÃO FÍSICA E VIOLÊNCIA ESCOLAR 
Neste capitulo será abordada a Educação Física e a violência escolar, onde 
se percebe antes disso a necessidade de contextualizá-la num cenário maior, antes 
de tratá-la na contemporaneidade, sendo que estes nos remetem novamente a 
civilizações antigas. Na Grécia foi conferido aos exercícios físicos um papel de 
grande destaque nos vários âmbitos da vida social, como a educação, na qual a 
atividade física se complementava com a aquisição de conhecimentos e a 
celebração das festas, nas quais os jogos atléticos helênicos - fundamentalmente os 
Jogos Olímpicos tiveram especial transcendência. No caso dos Jogos Olímpicos que 
duravam sete dias, conforme, MARINHO (1971): 
somente os cidadão gregos por nascimento podiam participar dos Jogos 
Olímpicos. Os atletas eram selecionados mediante concursos eliminatórios 
que se celebravam nas localidades e na cidade , depois que eram 
submetidos a dez meses de treinamento rigoroso sobe a direção do 
paidotribai e gymnastai... 
Não se encontram registros sobre uma data precisa da realização dos 
primeiros Jogos Olímpicos organizados pelo povo grego, que pode ter ocorrido em 
1.300 a.C. ou 1.479 a.C. Já as primeiras Olimpíadas foram realizadas em 776 a.C. 
No Brasil as atividades físicas iniciais ocorrem em períodos atrelados ao 
descobrimento, como a prática de atividades naturais e inconsciente dos índios, que 
pescavam, caçavam e nadavam no intuito natural de sobrevivência e movimento. 
Com a catequização imposta pelos Jesuítas em 1549, esses índios tinham aulas 
pela manhã e pela tarde eram livres para as suas praticas anteriores. No século XVI 
os negros trazidos da África para trabalhar no Brasil, indo para o Rio de Janeiro, 
Pernambuco e Bahia traziam consigo as suas culturas e junto, a capoeira, uma luta 
símbolo da resistência e da opressão, praticada nas senzalas e quilombos que para 
se ter uma menor idéia de sua força foi implantada a música para amenizar a sua 
expressão, dando a esta uma conotação de dança e representação folclórica. 
No Brasil Império, em 1882, acontece a inclusão da Educação Física na 
escola realizada por Rui Barbosa, apósleituras e entedimento de como a educação 
estava a caminhar nesse período, principalmente na Europa de onde vieram as 
maiores influências, cuja inclusão ocorreu através do Parecer n.º 224, sobre a 
Reforma Leôncio de Carvalho, sob o título “Reforma do Ensino Primário e várias 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
Instituições Complementares da Instrução Pública”, apresentado à Câmara dos 
Deputados em 12 de setembro de 1882, citado por CANTARINO FILHO, (1982): 
“...Não pretendemos formar acrobatas nem Hércules, mas desenvolver na criança o 
quantum de vigor físico essencial ao equilíbrio da vida humana, à felicidade da alma, 
à preservação da Pátria e à dignidade da espécie...”. 
Barbosa assim se refere ao valor dos exercícios físicos, por entender que 
deve haver um equilíbrio, entre a atividade intelectual e a prática das atividades 
corporais e esse equilíbrio deve ser uma das metas a serem objetivadas pela 
educação. 
...A experiência tem demonstrado que alunos que se empenham no 
gabinete, e não exercem os membros, fazem, numa série dada de anos, 
fazem menos progresso do que aqueles, em horas apropriadas aliviam do 
estudo a inteligência, e restauram as forças do espírito, exercitando as do 
corpo [...] assim, o exercício físico renova a energia intelectual, 
Barbosa, (1946) citado por SCHNEIDER et al, (2000). 
A educação, hoje, no Brasil passa por um processo radical de mudanças. 
Originamo-nos de um viés onde o professor era considerado o detentor absoluto do 
conhecimento, extremamente respeitado, admirado e muitas vezes temido, a um 
processo de descrédito total. O não exercício da profissão devido a esse descrédito 
tem sido uma constante e o abandono das escolas, por falta de condições mínimas 
de segurança, outro grande problema. Nesse sentido aponta-se como norte, as 
possibilidades da Educação Física nesse cenário. Percebe-se, antes disso, a 
necessidade de entendimento da violência num contexto mais amplo e não só 
dentro da escola, visualizando assim a realidade social onde esta instituição está 
inserida. Para contextualizar essa discussão, será apresentado, a seguir, um relato 
pessoal que envolve situações extremamente delicadas, a possibilidade de trabalho 
em uma escola inserida num contexto de violência extrema, onde a vaga 
apresentada estava aberta há seis meses e devido a situação violenta da região não 
foi aceita por nenhum professor estagiário. Primeiro desafio: uma escola pública 
municipal localizada no Nordeste de Amaralina na cidade de Salvador – BA, região 
com cerca de 9 km2, com uma população de 82.976 habitantes, englobando os 
bairros de Santa Cruz, Vale das Pedrinhas e Chapada do Rio Vermelho, regiões 
conhecidas pela dificuldades sócio-econômicas e altos índices de violência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
Na região do Nordeste de Amaralina, as crianças crescem aprendendo a se 
proteger de tiroteios. Precisam decorar a complicada geopolítica da área, já que por 
causa das rixas nem todo mundo pode ir a todo lugar. Conhecer alguém que vende 
drogas a poucos passos de sua casa é fácil. Ter, também, a consciência de que esta 
seja, talvez, a única fonte de renda ao seu alcance. Muitos tiveram amigos mortos 
por causa do tráfico e quase todos têm alguma história para contar4. 
Para Almeida, (2003) dentro da escola, os saberes específicos estão 
ordenados em disciplinas, significando que uma disciplina opera conhecimentos 
organizados e sistematizados com base naquilo que é particular da instituição 
escolar, considerando as características do seu público, as relações entre saber 
científico e saber escolar, entre outras questões. Assim, a Educação Física, como 
componente curricular, corresponde aos saberes sistematizados na escola, 
incorpora como objetivo específico, a cultura corporal, isto é, práticas corporais que 
foram produzidas historicamente e legitimadas pela sociedade. 
A mesma autora afirma que o conceito de cultura corporal, expresso na 
proposta da pedagogia crítica-superadora, se encontra no livro “Metodologia do 
ensino de Educação Física”, trazendo uma sistematização do conhecimento da 
Educação Física em ciclos, propondo que seja tratado de forma historizada. Outra 
proposta, importante, destacada por Almeida, (2003) é a pedagogia crítico­
emancipatória, formulada por Elenor Kunz, que trabalha com o princípio de sujeito 
capaz de crítica e de atuação autônoma, influenciada por estudiosos da Escola de 
Frankfurt. Esta proposta tematiza a cultura de movimento, de maneira a desenvolver 
nos alunos a capacidade de analisar e agir criticamente na esfera da cultura corporal 
ou de movimento e também agir de forma transformadora como cidadãos políticos. 
Nesse sentido, há a necessidade de reflexão sobre as aulas de Educação Física 
ministradas, na maioria das escolas, quase que alienadas ao mundo a sua volta. Na 
instituição onde foi realizada a pesquisa, é a Polícia Militar, através do PROERD, 
que promove a abordagem e reflexão aos alunos ao contexto da violência, 
isoladamente, sem que este seja reforçado em um plano de curso anual, colocando 
o assunto em questão. Identifica-se a necessidade de inclusão da temática como um 
tema transverso e que deveria ser abordado por todo o corpo docente, de forma 
4 O texto acima é parte da matéria Como vivem os jovens do tráfico em Salvador, publicada pelo 
jornal A Tarde, em 23 de abril de 2006, nas páginas 4, 5 e 6. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
estruturada, trazendo a realidade vivenciada fora dos portões para dentro da escola, 
pois: 
a escola deveria contribuir para ampliação da consciência social e crítica 
dos alunos tendo em vista que todos participem de uma sociedade (política, 
profissional cultural e desportiva) e que devem ter uma compreensão critica 
da realidade também deve-se trabalhar com conteúdos a ajudar o aluno a 
ser um cidadão participativo e ter uma postura crítica não questionando por 
questionar, não criticando por criticar mas sugerindo alternativas e propondo 
soluções. LIPPELT, (2004) 
Esse estudo não se propõe a apresentar apenas métodos ou sugerir aulas 
prontas para serem realizadas nas intervenções dos professores, mas busca 
aproximar , ouvir e refletir a Educação Física e a escola junto com o que acontece a 
sua volta, sendo a violência, há algum tempo, uma integrante nessa relação. A 
dança, a luta, os jogos, a ginástica, os esportes e a capoeira, se apresentam como 
conteúdos com grandes possibilidades de aproximação ao tema na maioria das 
intervenções. A exemplo disso houve, em 23 de abril de 2008 e foi notícia em todo o 
mundo o caso do jogador Holandês Rachid Bouaouzan, condenando pelo Supremo 
Tribunal Holandês há seis meses de prisão, após jogada violenta no colega de time 
adversário, em 2004. Após esse episódio, o atleta agredido teve sua carreira no 
futebol encerrada e sua saúde prejudicada. No inédito julgamento, o referido 
jogador, já condenado em duas instâncias anteriores, recorreu novamente. Essa 
notícia nos serve como um rico material a ser discutido em sala de aula, tematizando 
a violência, englobando a sua abrangência nos estádios dentro e fora dos campos. 
O que se percebe é que na maioria das aulas, após uma notícia como essa, muitas 
vezes é utilizado o esporte como conteúdo trabalhando a modalidade futebol e nada 
é mencionado. 
Um estudo realizado por Santana, (2003) com o titulo “Possibilidades 
Pedagógicas Tematizando a Violência na Escola através de Brincadeiras 
Tradicionais” aponta para outras inúmeras possibilidades dereflexão a respeito do 
tema, utilizando-se de brincadeiras populares e propondo reflexões sobre as causas 
dos conflitos e, ainda, discutindo sugestões para o aprimoramento e melhoria das 
regras com o objetivo de obter maior participação e menor embate. A autora 
assinala ainda que: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
vivenciar a prática pedagógica numa perspectiva interacionista torna-se um 
grande desafio na proposição de uma reflexão crítica da realidade no 
contexto da escola pública. A Educação Física escolar, nessa perspectiva, 
torna-se uma das possibilidades de provocar e criar condições no 
desenvolvimento de práticas pedagógicas comprometidas com a formação 
na qual professor e aluno são sujeitos de um processo baseado numa 
aprendizagem problematizada, essencialmente, por meio do diálogo, na 
construção da autonomia de educadores e de educandos. SANTANA, 
(2003) 
Nesse processo, a Educação Física é fundamental por ter como objeto de 
estudo a cultura corporal de movimento tendo um vasto campo de atuação 
envolvendo a corporeidade pois, 
a Educação Física não deve ser tratada como uma simples matéria do 
currículo escolar, não podendo ser encarada apenas como uma recreação, 
lazer, atividade sem objetivo ou um conjunto de exercícios buscando uma 
série de desempenhos e medidas através de números testados 
exaustivamente. DIAS, (1996). 
Guimarães, (1996) cita que “sendo as aulas de Educação Física um espaço 
de conflito, muitas das intervenções do professor, ao invés de gerarem uma prática 
educativa, geram mecanismos de repressão e violência simbólica”. Nessa ótica, 
percebe-se nas aulas, nitidamente, um ambiente propício a divergências onde se 
deve absorver, analisar, contextualizar, e transformar os conflitos em situações 
pedagógicas que possam gerar reflexão e entendimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5 METODOLOGIA 
No projeto de pesquisa foram estruturados os percursos metodológicos a 
serem utilizados, sendo assim buscar-se-á a estruturação dos procedimentos, de 
forma que estes contribuam para o devido embasamento da referida pesquisa. 
Percebe-se que a pesquisa qualitativa se adequaria melhor a esses estudos, pois 
segundo MINAYO (1999), a abordagem qualitativa, 
responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências 
sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja 
ela, trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças 
valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das 
relações dos processos e dos fenômenos que não podem se resumidos à 
operacionalização de variáveis. 
Após análises, identifica-se uma pesquisa descritiva, pois a mesma segundo 
Gil, (1999) é definida como uma pesquisa que tem como objetivo principal a 
descrição das características de determinada população, fenômeno ou 
estabelecimento de relação entre variáveis, sendo outra característica, a utilização 
de técnicas padronizadas de coleta de dados. Devido ao seu delineamento, o estudo 
de caso foi o tipo de pesquisa mais adequado, pois através deste foi possível 
realizar um recorte mais preciso e dedicar um maior aprofundamento ao campo 
empírico. Sendo o estudo de caso definido por Gil, (1999) como, “um estudo 
profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e 
detalhado conhecimento”. Semelhante a percepção de HERNANDEZ et al.(2000) 
onde diz que esse tipo de pesquisa é 
a melhor forma de representar a complexidade de uma escola é conhecer, 
por meio de uma aproximação global, a cultura que toma corpo nas 
concepções e na prática diária de todas as pessoas que nela se relacionam. 
Na coleta de dados, utilizou-se registros realizados a partir das nossas 
observações na instituição e questionários. Este definido por Gil, (1999) como 
técnica de investigação, onde se tem uma razoável quantidade de questões escritas, 
tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, 
expectativas e situações vivenciadas. O mesmo autor aponta, também, para 
algumas vantagens dessa técnica de investigação, como ser possível atingir um 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
grande número de pessoas, não necessitar de pessoal treinado e não identificar 
quem está respondendo, garantindo, assim, uma maior liberdade ao questionado. 
Como desvantagens, ainda o mesmo autor aponta para a exclusão dos que não 
sabem ler e escrever, ter limitação nas perguntas, pois, caso o mesmo seja muito 
extenso poderá não ser respondido e a demora quanto ao retorno destes, tendo sido 
utilizado nessa pesquisa o questionário estruturado com perguntas abertas, pois 
estas permitem uma noção maior sobre o entendimento das questões. 
A escolha do campo empírico se deu por essa ser uma instituição situada em 
região do Nordeste de Amaralina, em Salvador, onde se registram altos índices de 
violência dentro e fora da escola e por ser a escola onde o pesquisador realizou 
estágio extracurricular, permitindo um contato cotidiano com essa realidade. 
A Escola foi inaugurada em cinco de novembro de 1976. Atualmente, o 
prédio, no qual funciona, passou por uma reforma. A escola tem 62 professores, 
1200 alunos, 22 salas e duas quadras. Na instituição, são desenvolvidos alguns 
projetos como: “Amantes da capoeira” sendo que este acolhe tanto crianças da 
comunidade quanto da escola, “O projeto lúdico” na sala de aula e o “Projeto pérolas 
negras”, que trata sobre os quilombos na Bahia. 
Os sujeitos da pesquisa foram os onze professores do ensino fundamental I 
da instituição, pois houve, como intuito, mensurar a situação da violência ainda em 
séries iniciais. Esses alunos se encontram em faixa etária de 7 a 11 anos com 
alguma variação, devido a repetência e já fazem parte dos índices de violência da 
instituição. 
A análise de dados foi realizada agrupando os relatos obtidos através dos 
questionários e articulando essas informações com o referencial teórico conforme 
será detalhado no tópico específico análise de dados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
6 ANÁLISE DE DADOS 
Após o encerramento do trabalho de campo é o momento de se debruçar 
sobre o arcabouço de informações recolhidas por questionários e registros 
realizados em intervenções conforme descrito anteriormente na metodologia. E para 
tanto será analisado e interpretado todo o material obtido, agrupando-o em 
categorias. Num primeiro olhar, as tarefas de análise e interpretação são percebidas 
como sinônimos, mas, 
a análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de forma tal, 
que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para 
investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido 
mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros 
conhecimentos anteriormente obtidos. GIL,(1999) 
Tendo entendimento dessas duas possibilidades, estabeleceu-se as 
categorias que para Minayo, (1999) “são os elementos ou aspectos com 
características comuns, ou que se relacionam entre si, no intuito de organizar 
adequadamente as respostas”. Nesse processo, LUDKE e ANDRÉ, (1986) citado por 
ZALESQUI, (2005), acrescentam: 
que o referencial teórico fornece geralmente a base inicial de conceitos, a 
partir dos quais é feita a primeira classificação de dados. Segundo os 
autores, para formular as categorias iniciais é preciso ler e reler o material 
possibilitando a divisão do material emseus elementos componentes sem, 
contudo, perder de vista a relação desses elementos com todos os outros 
componentes. Outro ponto importante nesta etapa é a consideração, tanto
do conteúdo manifesto quanto do conteúdo latente do material. É preciso 
que a análise não se restrinja ao que está explícito no material, mas procure 
ir mais a fundo, desvelando mensagens implícitas, dimensões contraditórias 
e temas sistematicamente salientados. 
Organizou-se as respostas em categorias, no sentido de agrupá-las, 
possibilitando uma estruturação mais detalhada. Segundo Minayo, (1994) “a palavra 
categoria, compreende características semelhantes ou que se relacionam entre si”. 
Essa palavra está ligada a idéia de classe ou série e é utilizada para definir 
parâmetros de classificações. Ainda nessa mesma perspectiva há a seguinte 
contribuição: 
consistem em estabelecer princípios comuns aos dados verificados a partir 
das respostas obtidas, para que se possa enquadrá-los em determinadas 
classes ou grupos e possibilitar que as diversas respostas obtidas sejam 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
organizadas de modo a serem usadas para responder as perguntas da 
pesquisa. MATTOS, (2004) 
Para melhor organização das respostas obtidas através dos questionários, 
utilizou-se uma numeração para identificar os relatos dos professores nas 
categorias, com os pseudônimos P-1 ao P-11. Finalizando LAKATOS, (2003) relata 
que é nesse momento onde são realizadas as depurações dos dados, essa etapa 
“corresponde à parte mais importante do relatório. É aqui que são transcritos os 
resultados, agora sob forma de evidências para confirmação ou a refutação das 
hipóteses”. 
6.1 Violência sobre o olhar dos professores 
Com o objetivo de trazer à luz a percepção dos professores a respeito da 
temática da violência escolar, o referencial contribui constando que a ampliação da 
visão de violência se expressa no fato de não considera-lá apenas a manifestação 
via agressão física. Engloba também situações de humilhação, exclusão, ameaças, 
desrespeito, indiferença e omissão para com o outro. Dos conceitos utilizados para 
violência em nosso referencial será abordada a definição de Chauí, (1998), que a 
percebe como: “todo ato de força contra a espontaneidade, a vontade e a liberdade 
de alguém (coagir, constranger, torturar, brutalizar)”. Ainda para Chauí, (1998) 
“violência é um ato de brutalidade, sevícia e abuso físico e /ou psíquico contra 
alguém e caracteriza relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão, 
intimidação, pelo medo e terror.” Sob esse aspecto há o seguinte relato: 
“Entendo como violência atitudes ou ações (verbais e físicas) ausência de 
algo como privações, feitos ou direcionados para alguém ou para si mesmo. 
Exemplos: agressões físicas, verbais, privar alguém de se alimentar 
(miséria), impedindo o direito de...” (P-3) 
Nesse sentido, percebeu-se, através da resposta do questionado, dois 
olhares tendo sido um mais focado e comum e outro mais amplo, relativo à 
temática, ambos necessários a professores envolvidos neste tipo de comunidade. 
Através destas definições há um parâmetro da amplitude percebida em relação ao 
tema, englobando os aspectos relativos não só a violência via agressão física mas, 
também, desdobramentos de outras perspectivas como a violência simbólica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
Constata-se, também, a necessidade desse entendimento, como de vital importância 
para a tomada de decisões, no sentido das abordagens e reflexões a respeito do 
tema. Segundo Adorno citado por Sallas et al, (1999), o individuo que não respeita, 
desconsidera os valores e a situação social dos seus semelhantes, pratica a 
violência, negando, dessa forma, os valores considerados universais, como a 
liberdade, a igualdade e a vida. Observa-se que os professores percebem a 
violência num sentido maior, o que demonstra uma visão mais ampla a respeito da 
temática, entendendo suas diferentes características e desdobramentos, o que se 
faz necessário na contextualização de respostas à problemática. 
6.2 Os diferentes tipos e fatores da violência no contexto escolar 
Nesse tópico serão tratadas as descrições das situações apontadas como as 
mais vivenciadas dentro da escola, assim como os motivos que as desencadeiam. 
Nesse aspecto a maioria dos questionados apontou como tipos mais comuns, “brigas, 
xingamentos, brincadeiras violentas, apelidos e vandalismo”. Observou-se um reflexo dos 
comportamentos e relações vividas fora dos portões, trazidas para dentro das 
escolas. Além disso, a reprodução do modo de vida comunitário e familiar, onde os 
desentendimentos encontram como única via de solução o embate corporal e a 
agressão. Sendo todos os conflitos resolvidos por esse viés, percebeu-se, mais 
uma vez, a conotação simbólica desta violência onde os apelidos se apresentam 
como um dos fatores desencadeadores desse processo, estes, em sua maioria, 
sendo pejorativos e ou depreciativos, fazendo referências às faltas de padrões como 
altura, peso e circunferência de cabeça. 
Um grande número de professores destacou como fator, “a estrutura familiar”. 
Percebe-se através desse relato a importância da instituição familiar nesse contexto, 
o quanto a desestruturação desse lar tem influenciado a vida desses jovens nas 
escolas, além de conviverem em uma comunidade marcada pelo ódio, violência e 
abandono social a convivência familiar diária pouco contribui de forma positiva. 
Muitos crescem sem referenciais ou parâmetros tão necessários nessa fase da vida, 
onde seu caráter ainda está em processo de formação. Sobre essa afirmação há a 
seguinte contribuição, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
A ausência da figura paterna na vida da criança pode ser responsável por 
boa parte dos casos de violência juvenil no país. Pesquisas apontam que 
cerca de metade dos jovens infratores não têm contato com o pai. E reforça
que a simples presença paterna não basta. É preciso que o pai transmita 
valores de família, dê exemplos de conduta e orientação correta ao filhos. 
GALLO, (2007) 
Campelo, (2001), cita o sociólogo Rudá Ricci autor do artigo “Violência nas 
Escolas”, onde este assegura que a violência juvenil é mais complexa do que pode 
parecer. Pesquisas demonstram que essa violência pode ser atribuída ao uso de 
drogas, muito mais do que ao desemprego. Para o autor, pessoa violenta é aquela 
que se desenvolve em um ambiente de ódio coletivo como, por exemplo, o racismo 
e que é exposta a situações de voracidade, como ânsia de poder e narcisismo. 
Continuando com as descrições, P-6 define como mais um fator a: “influencia 
cultural da região e influencia da mídia”. Nesse sentido há uma descrição dessa 
comunidade onde a escola está inserida e que ajuda a compreender melhor o 
assunto: 
na região do Nordeste de Amaralina, em Salvador, as crianças crescem 
aprendendo a se proteger de tiroteios. Precisam decorar a complicada 
geopolítica da área, já que por causa das rixas nem todo mundo pode ir a 
todo lugar. Conhecer alguém que vende drogas a poucos passos de sua 
casa é fácil. Ter a consciência de que esta seja, talvez, a única fonte de 
renda ao seu alcance também. Muitos tiveram amigos mortos por causa do 
tráfico. E quase todo mundo tem alguma história para contar. 
Através desse referencial, pode-se ter noção do nível de tensão das relações 
vividas por essas crianças, onde armas e drogas são tão comuns, tanto quanto as 
pipas e os sorvetes. Através da descrição percebe-sea necessidade de reflexão 
sobre a realidade, no intuito de trazer luz à temática e refletir suas problemáticas, 
apropriando assim das relações existentes entre escola e realidade dentre esses a 
alienação social. Seguindo nessa categoria, os professores visualizam ainda como 
fatores: “os pais mesmos ensinam aos filhos a serem agressivos – se lhe bateu bata, se lhe xingar, 
xingue também, diz que desta forma que não leve desaforo para casa”. (P-9). Nesta fala, há uma 
questão que foi tratada anteriormente pela pesquisa realizada com o tema “Ausência 
de Exemplos” que nessa situação conduz a outro tipo de reflexão. Se por um lado a 
ausência deste pai é extremamente prejudicial à formação desse jovem, o mal 
direcionamento da educação pode trazer conseqüências igualmente graves, pois é 
ensinado a criança o descrédito a todo tipo de instância maior na resolução de seus 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
problemas, sendo decretado o abandono familiar nas resoluções desses conflitos, 
além da valorização à reação imediata. 
P-2 relata ao tratar dos fatores da violência, que a “carência afetiva é o mais 
grave”. Observa-se mais uma vez a família como base fundamental no ajuste desse 
processo, onde a falta de estrutura, o abandono ou afastamento da figura paterna, a 
falta de planejamento e de condições mínimas de sustento dessa prole, levam a 
uma situação de desamparo afetivo, que é uma das dimensões básicas na formação 
da criança, e que trará conseqüências na maioria das vezes irreversíveis com 
desdobramento que atingirão todos a sua volta. P-1 aponta como causas ainda: “o 
convívio com pessoas violentas, apreciação de programas de TV, DVDs violentos, falta de dialogo , 
ausência de lazer”. Para entender, melhor, este contexto recorreu-se a BETTI, (1997) 
que relata: 
o círculo vicioso que se estabelece entre violência e a mídia que atua como 
realimentadora e amplificadora daqueles comportamentos (violência doping, 
fraude, etc.) dos jogadores e expectadores. A mídia forma uma nova 
hierarquia de valores a qual determina em grande medida a atitude do 
consumidor e tem grande efeito na prática do esporte em si: os fins 
justificam os meios - se leva ao sucesso, a violência é permitida 
Percebe-se, portanto, a necessidade de questionamento/reflexão desse 
tópico, no tocante a mídia e violência, onde o professor relaciona, entre outros 
fatores, a apreciação de programas e DVDs violentos pelos alunos como possíveis 
causas desse distúrbio de comportamento. Nota-se, ainda, a aproximação dessa 
visão com o referencial teórico, ao serem citados alguns filmes produzidos, 
recentemente, nessa linha, como: “Ônibus 174”, “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite”, 
os quais há algumas décadas atrás não teriam grande expressividade, devido a sua 
descontextualização com a realidade. A notoriedade dessas produções, hoje, pode 
ser explicada, devido a proximidade com esse cenário, no caso da escola mais 
ainda, devido a uma grande aproximação dos ambientes e situações lá 
demonstradas com o seu cotidiano. Lippelt, (2004) traz uma reflexão interessante 
onde diz que a mídia e o esporte têm um papel importante na reconquista dos 
valores morais e é um objetivo que deve ser levado adiante por intermédio de 
instituições como a família a escola e a religião “com os diferentes segmentos da 
sociedade e por meio da recuperação dos valores morais conseguir-se-á a 
diminuição da violência” LIPPELT, (2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
6.3 Violência in loco 
Nesse item serão abordadas as situações descritas pelos professores dentro 
da escola, onde através desses relatos percebe-se os níveis de conflitos vivenciados 
diariamente na instituição. Além disso, houve a necessidade de acrescentar à 
análise, os relatos de experiência, os conselhos recebidos por vigilantes, zeladores, 
outros professores e também pelos professores de Educação Física, no intuito de 
orientar, constantemente, a evitar conflitos de qualquer natureza com alunos, e dar 
um certo direcionamento às atividades, conforme vontade destes, sempre no intuito 
de preservar nossa integridade física em vista da escola estar inserida numa 
comunidade violenta. Há uma situação descrita onde o docente revela: 
“Já fui ameaçada de agressão física por um aluno que não freqüentou as 
aulas durante o ano inteiro e queria ser aprovador no final do ano. Cerca de 
10 dias depois, eu soube que ele matou a facadas um homem em frente ao 
Artur Sales (escola) e alguns dias depois foi a vez dele,ser assassinado em 
uma vingança”. (P 2) 
Observou-se através desse relato o grau de gravidade que a região 
apresenta, onde há um caldeirão de problemas, que se somam, trazendo uma 
dimensão, extremamente perigosa. Num primeiro olhar, identifica-se um descrédito 
total na instituição escolar e em todo o processo de ensino-aprendizagem, onde o 
aluno, através de seus atos, demonstra não crer que o conhecimento poderá trazê-lo 
qualquer contribuição. É observada, ainda, a total prepotência do aluno, ao tentar 
resolver os conflitos, que surgem, com ameaças, impondo medo e terror, da mesma 
forma como faz com seus conflitos na comunidade, demonstrando, até onde pode ir 
com seus desafetos, passando por cima das leis, e da justiça, transmitindo-lhe uma 
visão de impunidade, como se naquela região em seu entendimento, o estado 
encontrasse limites e dali, pra frente se instaurasse um novo modelo de gestão, com 
leis e regimentos próprios, onde há uma independência do judiciário marcada pela 
opressão e impunidade. 
Ainda tratando deste aspecto, P-4 relata a seguinte situação: 
“Certa vez um aluno jogou uma bomba bem próximo a mim enquanto eu 
estava escrevendo de costas para o quadro, faltando milímetros para atingir 
meu pé. Recentemente um aluno iniciou uma briga na sala de aula com 
outro aluno, eu tive que separar os dois, um dos alunos tentou sufocar o 
outro, precisou ajuda de várias pessoas para que não houvesse uma 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
tragédia maior. E a última aconteceu em um dos recreios onde uma aluna 
foi pisoteada e eu fui a única a tentar salvá-la, nesse dia a aluna quase 
morreu”. 
P-3 ainda cita: 
“O que mais me chamou atenção foi a postura de uma mãe de aluno entrar 
na escola para agredir um aluno que tinha dado uns tapas em seu filho. O 
detalhe é que ela estava com uma faca de cozinha em mãos e ameaçou o 
aluno”. 
Considerando os relatos acima percebe-se em todos eles a impregnação da 
violência, revolta, ódio e agressividade de forma latente, bem como o papel da 
família e da escola, sendo dessa última a responsabilidade de ampliar a visão, 
perceber e entender os alunos de forma ampla, contemplar suas vivências, histórias 
e necessidades, adequando e flexibilizando suas intervenções. Gallo, (2007) na 
revista Sociologia, atribui à família, especialmente aos pais, a maioria dos problemas 
decorrentes da violência. Porém, através do relato do P-3 fica o questionamento 
sobre quais as verdadeiras contribuições que uma família poderá trazer a seus 
filhos, sendo que se atribui aos pais o dever de educar e proporcionar exemplos. 
Diante dos relatos, compreende-se a natureza dos comportamentos agressivos e 
violentos das crianças. 
Observa-se, também, a grande fragilidade e vulnerabilidade em que se 
encontra a escola perante a comunidade, onde os mecanismos de controle se 
apresentam como ineficazes e incapazes de proporcionar qualquer tipo de 
segurança aos alunos e ao corpo docente, devido ao livre acesso

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