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Treinamento Ressistido Em Diabeticos melitus tipo 2

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João P. Buziguelo¹, José A. C. de Lucena¹, Agrício A. C. Jr.¹, Iara P. Pereira¹,
Gustavo F. Tau¹, Guilherme F. Rizatto²
EFEITOS DO EXERCÍCIO RESISTIDO PARA CONTROLE 
DO DIABETES MELLITUS TIPO I
INTRODUÇÃO
O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma patologia que acomete o pâncreas
caracterizada pela destruição seletiva de células-beta produtoras de insulina
(SESTERHEIM, SAITOVITCH, STAUB 2007). Atualmente, a incidência desta
patologia apresentou aumento de 2 a 5% na população mundial (MAAHS et al.
2010), e é responsável por 4,2% dos afastamentos precoce do trabalho por
invalidez devido a complicações sofridas por seus portadores no Brasil (GOMES,
NEGRATO, BRAZDIAB1SG 2015). Com isso, em adição ao tratamento
convencional para o controle do DM1, a prescrição de atividade física, em especial
o treinamento resistido (TR), é capaz de melhorar a estabilidade da glicemia
durante o exercício, reduzir a duração e gravidade da hipoglicemia pós-exercício,
retardo no surgimento de neuropatias periféricas, menor risco cardiovascular e
melhora na qualidade de vida destes indivíduos (YARDLEY et. al, 2013 A). Ainda
que a realização de TR seja benéfica para portadores de DM1 e que estudos
verificando respostas deste tipo de treinamento teve um crescimento nos últimos
anos, a escassez de evidências para prescrição de uma sessão com segurança é
uma barreira que impede esta prática no cotidiano. Desta forma, este estudo tem
como objetivo verificar a prescrição do TR mais indicado para portadores de DM1.
CONCLUSÃO
Como conclusão, o estudo verificou que a prescrição do TR com duas a três sessões semanais, com execução de exercícios envolvendo grandes agrupamentos
musculares contendo três séries e intensidade moderada (60 à 80% 1RM) sendo o mais indicado para a portadores de DM1, uma vez que é capaz de promover benefícios
principalmente para a glicemia, levando em consideração a segurança desta população.
MÉTODO
Para a confecção deste estudo, foi realizado uma revisão bibliográfica no
qual foram verificados artigos científicos nacionais e internacionais publicados
entre o período de 2008 até 2015, utilizando as bases de dados PubMed, Scielo e
Google Acadêmico. Os termos-chave utilizados no idioma português foram:
Diabetes Mellitus tipo 1, Treinamento Resistido e Treinamento de Força. Os
mesmos termos foram traduzidos para o inglês. Como critério de exclusão, foram
selecionados artigos que realizaram o TR combinado com aeróbio (treinamento
concorrente) e que realizaram exercícios somente para membros inferiores.
REFERÊNCIAS
GOMES M. B., NEGRATO C. A.; BRAZILIAN TYPE 1 DIABETES STUDY GROUP (BRAZDIAB1SG). Retirement due to disabilities in patients with type 1 diabetes a nationwide multicenter survey in 
Brazil. BioMed Central Public Health. London. v. 15, mai. 2015.
MAAHS D. M., WEST N. A., LAWRENCE J. M., MAYER-DAVIS E. J. Epidemiology of Type 1 Diabetes. Endocrinology and Metabolism Clinics of North America. Philadelphia. v. 39, n. 3, set. 2010.
SESTERHEIM P., SAITOVICH D., STAUB H. I. Diabetes mellitus tipo 1: multifatores que conferem suscetibilidade à patogenia auto-imune. Scientia Medica. Porto Alegre. v. 17, n. 4, out./dez. 2007.
in 
SILVEIRA A. P. S., BENTES C. M., COSTA P. B., SIMÃO R., SILVA F. C., SILVA R. P., NOVAES J. S. Acute effects of different intensities of resistance training on glycemic fluctuactions patients with type 
1 diabetes mellitus. Research in Sports Medicine. Philadelphia. v. 22, n. 1, jan. 2014.
TAVEIRA B. A., VIER P. C. S., OLIVEIRA V. A. S., NAVARRO F. Controle glicêmico através do exercício de força em indivíduo portador de diabetes tipo I. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia 
do Exercício. São Paulo. v. 2, n. 9, mai/jun. 2008.
TURNER D., S. LUZIO S., KILDUFF L. P., GRAY B. J., DUNSEATH G., BAIN S. C., CAMPBELL M. D., WEST D. J., BRACKEN R. M. Reductions in resistance exercise-induced hyperglycaemic 
episodes are associated with circulating interleukin-6 in Type 1 diabetes. Diabetic Medicine. Chichester. v. 31, n. 8, ago. 2014.
TURNER D., GRAY B. J., LUZIO S., DUNSEATH G., BAIN S. C., HANLEY S., RICHARDS A., RHYDDERCH D. C., AYLES M., KILDUFF L. P., CAMPBELL M. D., WEST D. J., BRACKEN R. M. Similar 
magnitude of post-exercise hyperglycemia despite manipulating resistance exercise intensity in type 1 diabetes individuals. Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports. Copenhagen. 
[Epub ahead of print]. 2015.
YARDLEY J. E., SIGAL R. J., PERKINS B. A., RIDDELL M. C., KENNY G. P. Resistance Exercise in Type 1 Diabetes. Canadian Journal of Diabetes. Toronto. v. 37, n. 6, dez. 2013. A.
YARDLEY J. E., KENNY G. P., PERKINS B. A., RIDDELL M. C., BALAA N., MALCOLM J., BOULAY P., KHANDWALA F., SIGAL R. J. Resistance versus aerobic 
exercise: acute effects on glycemia in type 1 diabetes. Diabetes Care. New York. v. 36, n. 3, mar. 2013. B.
RESULTADOS
Após a realização das buscas, foram selecionados cinco artigos (TAVEIRA et al.
2008; YARDLEY et al. 2013 B; SILVEIRA et al. 2014; TURNER et al. 2014; TURNER
et al. 2015) que realizaram sessões de TR em portadores de DM1. A tabela 1
apresenta os trabalhos encontrados e o detalhamento dos protocolos, demonstrando
as resultados obtidos durante as intervenções.
Estudo Sujeitos Protocolo Principais Resultados
Taveira et al. 
2008
1 adolescente
do sexo
masculino de
14 anos
fisicamente
ativo
13 semanas, 2-3 sessões/semana.
Semanas 1 à 5 (6-8 exerc, 3 séries de 20-25
rep com 40% 1RM e pausa de 1-2 min).
Semanas 6 à 9 (6-8 exerc, 3 séries de 12-14
rep com 60% 1RM e pausa de 1-2 min).
Semanas 10 à 13 (6-8 exerc, 3 séries de 8 rep
com 80% 1RM e pausa de 1-2 min).
= aplicações diárias de insulina.
↓ da glicemia em 69% dos dias em que foi
realizado treinamento
↓ IMC, massa gorda e ↑ massa magra ao
final do estudo.
Yardley et al. 
2013 B
12 homens
sendo 2 atletas
e 10 sujeitos
fisicamente
ativos
2 sessões realizadas com 5 dias de distância
entre eles: Aeróbio (45 min à 60% VO2max
em esteira) e TR (7 exerc, 3 séries de 8
RM, pausa de 90 s entre séries).
↓ gradual da glicemia durante treino
resistido.
↓ muito acentuada da glicemia durante
treino aeróbio.
= glicemia durante repouso no grupo
controle e TR, enquanto o grupo aeróbio
obteve hiperglicemia.
Silveira et al. 
2014
12 (6 homens,
6 mulheres)
sedentários.
5 exerc, 3 sessões de 3 séries com rep até a
falha concêntrica, pausa entre as séries de 2
min e utilização de 3 intensidades distintas
(40%, 60% e 80% 1RM).
↓ glicemia após sessão mais acentuada
nas intensidades 60% e 80% em relação
a intensidade 40% 1RM.
Turner et al. 
2014
8 (7 homens, 1
mulher)
fisicamente
ativos.
3 sessões, 8 exerc, 10 rep, pausa de 1 min
entre séries e 2 min entre exerc, carga fixa
de 67 ± 3% 1RM com volumes distintos
realizados de maneira randomizada: 1 série
(1S), 2 séries (2S) e 3 séries (3S).
↑ IL-6 pós-sessão em 2S e 3S.
↑ glicemia pós-sessão em 1S e 2S.
= glicemia pós-sessão em 3S em relação 
ao basal.
Turner et al. 
2015
8 (6 homens,
2 mulheres)
fisicamente
ativos
6 exerc, pausa de 2 min entre séries
realizados em 2 regimes distintos: LOW (2
séries de 20 rep, 30% 1RM) e MOD (2
séries de 10 rep, 60% 1RM).
↑ glicemia imediatamente após a sessão.
↑ [adrenalina], [noradrenalina], no LOW
em relação ao MOD.
↓ [cortisol] ao final do repouso no MOD
em relação ao LOW.
Tabela 1. Síntese dos estudos que avaliaram os efeitos do TR em portadores de DM1. 
do TR pode ser mais segura do que a treinamento aeróbio. Além disso, TAVEIRA et al.
(2008) observou que a frequência semanal de duas até três sessões semanais
mostrou ser eficiente na manutenção dos valores de glicemia mais baixos em relação
aos valores basais. Quantoà carga aplicada, intensidades baixas (>40% 1RM)
mostraram ser menos eficientes que intensidade moderada (60 à 80% 1RM) devido
ao seu caráter metabólico aeróbio predominante (YARDLEY et al 2013 A, SILVEIRA et
al. 2014). Também relacionado à prescrição de uma sessão de treinamento, a
realização de três séries de exercício mostrou causar menor alteração na glicemia
durante o TR em relação a sessões com menos séries (TURNER et al. 2014), o que
pode oferecer mais segurança aos portadores de DM1.
DISCUSSÃO
O principal achado deste estudo foi que a realização TR foi capaz de influenciar
a glicemia em indivíduos portadores de DM1. Este comportamento pode ser
explicado devido à sessão aguda de TR induzir a translocação da enzima GLUT-4
para a periferia da fibra muscular, o que faz com que ocorra a captação da glicose
por este tecido ainda que a via de sinalização da insulina esteja comprometida
(SILVEIRA et al. 2014). Esta resposta pode ter associação com a maior liberação de
catecolaminas (TURNER et al. 2015) e de interleucina 6 (TURNER et al. 2014) pela
sessão de TR, no qual pode também ter ativado a via de sinalização para a
translocação do GLUT-4, por meios que ainda precisam ser estudados.
No que se diz a respeito sobre a prescrição de exercícios para portadores de
DM1, um dado interessante foi que quando comparado ao treino aeróbio com
mesma duração, o TR relatou uma queda na glicemia mais amena durante a sessão
e uma taxa de hiperglicemia durante o repouso menor (YARDLEY et al. 2013 B).
Deste modo, indicar a realização de atividade física para esta população a seleção
do
Legenda: ↓: diminuiu; ↑: aumentou; = não houve diferença; VO2max: consumo máximo de oxigênio; exerc:
exercício; RM: repetição máxima; rep: repetições; GH: hormônio do crescimento; IL-6: interleucina 6.
¹Graduando em Educação Física
²Ms. em Movimento Humano e Esporte – e-mail: chivamor@hotmail.com

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