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"Legislação Trabalhista" COMENTADO 20/07/2016 PERCIO OENDIO 2 "Legislação Trabalhista"! Neste curso aprenderemos as principais regras que regem as etapas da relação trabalhista, mais precisamente a contratação do trabalhador, as regras aplicáveis na vigência do contrato (jornada, remuneração, repousos etc.) e, por fim, o encerramento do vínculo trabalhista. Atualmente muitos empregados trabalham na irregularidade e, pasmem, desconhecem esta situação. Por vezes são iludidos por patrões mal intencionados, os quais preferem explorar os que pouco dominam a legislação trabalhista pátria. Por outro lado, não são raros os empregadores que também não conhecem a legislação trabalhista e, por este motivo, contratam e remuneram erroneamente seus empregados, o que enseja o ajuizamento de ações judiciais futuramente. Vejam, portanto, que, inobstante o lado que você assuma (empregador ou empregado), é de suma importância o domínio de uma das leis mais importantes do país, haja vista seu impacto social e econômico na vida de milhares de brasileiros! Situação Problema Você está tranquilo na sua empresa (mercado) quando, de repente, bate à porta do seu estabelecimento um sujeito que se auto-denomina "oficial de justiça". Este lhe entrega um papel, lê-lo a você, e pede que o assine. Na ocasião você não presta muita atenção nos dizeres do oficial de justiça, haja vista a preocupação do momento. Quando o servidor público vai embora, você lê com mais calma os papéis recebidos e percebe que se trata de uma ação trabalhista movida por Tício, um ex empregado que trabalhou durante seis meses na sua empresa. Lá ele pede algumas verbas trabalhistas, tais como : 1)horas extras por trabalho acima do limite legal; 2)horas extras por não usufruir o intervalo intrajornada; 3)equiparação salarial com outro funcionário; 4)pagamento de novo aviso prévio. 3 Você não entende o porquê dos pedidos. Veja como Tício trabalhava na sua empresa. Situação Problema Tício era caixa do seu mercado, mesma função de Caio e Mévio. No entanto, estes já trabalhavam há um ano, de modo que o salário destes era R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), sobretudo em razão da confiança que lhes era depositada. Você não conhece Tício, portanto faz um contrato de experiência por 20 (vinte) dias, com salário de R$ 1.000,00 (mil reais). A jornada de Tício era das 08h30min às 12h30min e das 13h às 18h, de segunda-feira a sexta-feira. Após 20 (vinte) dias, ainda não tendo certeza da competência de Tício, você prorroga o contrato de experiência por mais 20 (vinte) dias, e, ao final do 40º dia, você prorroga por mais 20 (vinte) dias, totalizando 60 (sessenta) dias de experiência. Somente após este período, você decide contratar Tício definitivamente. No entanto, decorridos 05 (cinco) meses, você o dispensa imotivadamente, haja vista não precisar mais dos seus serviços, motivo pelo qual lhe dá o aviso prévio de 30 (trinta) dias, a ser prestado de forma trabalhada. Neste lapso temporal (trinta dias), Tício trabalha normalmente (das 08:30 às 18:00, com intervalo de 30 minutos diários, de segunda-feira a sexta-feira). O que você acha da contratação de Tício? Considera acertadas as regras que pautou a relação de trabalho entre você e Tício? Será que ele tem chance de ganhar as verbas trabalhistas pretendidas na Justiça? Ao final, iremos fazer esta mesma questão e você deverá descrever quais os erros cometidos por você (se é que houve) na contratação de Tício. Fugindo um pouco da situação problema apresentada, e antes de adentrarmos ao conteúdo da legislação trabalhista, precisamos estudar um pouco algumas questões introdutórias. As regras trabalhistas estão previstas no que chamamos de ordenamento jurídico e normas congêneres. Este, por sua vez, estrutura-se de variadas leis e normas que o equivalham. O ápice do ordenamento se encontra na Constituição Federal, nossa lei maior, datada de 1988. Lá encontramos, além de outros preceitos, os direitos e as garantias fundamentais do trabalhador (direitos sociais), os quais deverão ser observadas por qualquer lei brasileira ou contrato individual/norma coletiva. 4 Qualquer lei nacional, estadual ou municipal que não observe (ou contrarie) a Constituição Federal pode ser declara inconstitucional. Vale dizer, não possui força jurídica. Além da Carta Magna (Constituição Federal), temos a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), datada de 1943, sendo um marco histórico quando se trata de direitos trabalhistas. Não podemos esquecer, até porque falaremos delas com habitualidade durante este curso, das normas coletivas. Trata-se de normas pactuadas entre sindicados e empresas para regular relações trabalhistas específicas de cada área. Duas são as espécies desse procedimento: Convenção coletiva - Trata-se de um instrumento pactuado entre dois sindicados (sindicado patronal ou sindicado econômico versus sindicato dos trabalhadores ou sindicado profissional) a fim de regular regras atinentes à categoria. Acordo Coletivo - Trata-se de um instrumento pactuado entre o sindicado dos trabalhadores (ou sindicato profissional) e determinada empresa, também direcionado a regular as regras dos empregados de determinado estabelecimento. Não serão raras as vezes que falaremos desse tipo de contratação (norma coletiva), sendo um instrumento eficaz para garantir direitos diferenciados aos trabalhadores, ou, também, para estabelecer condições diferenciadas daquelas previstas na legislação ordinária (CLT). Não podemos olvidar, também, que o ordenamento jurídico trabalhista é pautado por princípios, os quais deverão ser observados quando da aplicação das regras laborais. Sempre que houver dúvida na aplicação/interpretação de determinada regra da CLT (ou outra lei trabalhista), deve o profissional ater-se aos princípios para melhor aclarar o procedimento a ser adotado. Primeiro, é importante ter em mente que a diretriz básica do Direito do Trabalho é a proteção do trabalhador, notadamente porque este não tem a mesma igualdade jurídica do patrão. Portanto, o escopo da legislação é igualar dois polos desiguais por natureza. PRINCÍPIO DA CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA AO TRABALHADOR - Trata-se da vedação da alteração in pejus do contrato de trabalho. Vale dizer, toda 5 situação em que o empregado se encontrar deverá prevalecer até o final, não podendo o empregador a suprimir. PRINCÍPIO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL AO TRABALHADOR - Sempre que houver duas regras aplicáveis à situação, sobretudo quando se tratar de "norma coletiva versus lei", deve-se dar prevalência àquela que, no seu conjunto, ofereça melhores benefícios ao trabalhador. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE - É importante se destacar que os documentos de nada valem caso a realidade seja distinta. Ou seja, os fatos prevalecem sobre as formas. Isso porque, caso o empregado comprove que a realidade ocorria de modo diferente, os documentos são impreterivelmente desconstituídos na Justiça. PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE SALARIAL - O salário do empregado é direito assegurado constitucionalmente, não podendo ser reduzido salvo raríssimas situações, as quais serão objeto de estudo do presente curso. Contrato de Trabalho Nossa legislação trabalhista baliza as regras para se caracterizar o empregador: "Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço." Empregador O empregador é quem determina as diretrizes do trabalho a ser realizado pelo empregado e o remunera pelo serviço prestado. Lembre-se, também, que, para os efeitos da relação empregatícia, são empregadores os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. Além disso, é quem assume os riscos da atividade econômica desenvolvida. Portanto, caso a empresa do empregador tenha algum prejuízo, tal déficit não pode ser repassado ao empregado, sob pena de imputar a este o risco do empreendimento. Legislação Trabalhista Segundo nosso ordenamento jurídico, considera-se empregado toda pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário (art. 3º da CLT). 6 Nota-se que há necessidade de estarem presentes os quatro requisitos para que haja configurada a relação empregatícia (Clique nos itens para mais detalhes): Pessoalidade Subordinação Onerosidade Não eventualidade PESSOALIDADE - O empregado é sempre uma pessoa física, sendo ilegal a contratação de uma pessoa jurídica para realizar os serviços laborais. Ademais, a relação jurídica é formada em razão da pessoa do empregado, de modo que a obrigação assumida por este não pode ser transmitida a outra pessoa, ressalvado quando devidamente autorizado pelo empregador. Pense em uma universidade que contrata determinado professor para ministrar as aulas. Não pode este, no dia da aula, mandar outra pessoa para lecionar, uma vez que o trabalho deve ser desenvolvido pelo próprio trabalhador. Isso porque não foi o serviço que foi contratado pelo empregador, e sim a pessoa do empregado. Trabalho do Menor Assunto atualmente em voga, sobretudo no Brasil, é o trabalho infantil, o que tem sido constantemente pauta da política pública no país. Não raro o tema é travado no Congresso e no Judiciário, a fim de que crianças sejam retiradas dos postos de trabalhos e direcionadas às escolas. Muito embora a legislação trabalhista já estabelecera diferentemente, atualmente a celeuma é tratada no art. 403 da CLT. "Art. 403. É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos." Portanto, os menores de 16 (dezesseis) anos estão impedidos de trabalhar, salvo na condição de menor aprendiz (a partir dos 14 anos). Primeiro ponto a ser observado é a necessidade, ou não, da assistência dos representantes nos casos de empregados de 16 (dezesseis) e 17 (dezessete) anos. Neste caso, o Judiciário, em sua grande maioria, tem se posicionado pela dispensabilidade da autorização, o que não ocorre na rescisão contratual, conforme veremos posteriormente. Muito embora o contrato de trabalho entabulado por menor de 16 (dezesseis) anos, quando não for menor aprendiz, não tenha validade na esfera jurídica, o empregado tem direito a receber todas as verbas trabalhistas que lhe são 7 devidas, uma vez haveria enriquecimento sem causa do empregador, o qual obteve a prestação do serviço se beneficiando da sua própria torpeza. Assim, o empregado menor, ainda que com contrato irregular, tem direito às verbas trabalhistas devidas pelo trabalho despendido. Contrato por prazo determinado e indeterminado O contrato de emprego pode ter sua duração limitada pelas partes. Caso isso não ocorra, o contrato será por prazo indeterminado. A importância do estudo destes dois tipos de contrato se dá em razão da aplicação diferenciada de normas trabalhistas, notadamente quando da rescisão contratual. O contrato a termo (prazo determinado) é inequivocamente prejudicial ao trabalhador, porque impede sua inserção definitiva na empresa. Por esse motivo, esse negócio deve ser expresso (verbal ou por escrito), a fim de que as partes, sobretudo o empregado, tenham ciência da duração do contrato de emprego, impedindo o término surpreendente da relação empregatícia. "Art. 443 - O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou indeterminado. 1º - Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada." Como regra geral, os contratos por tempo determinado não podem extrapolar 02 (dois) anos (art. 445 da CLT). Dentro deste prazo, o contrato pode ser prorrogado tão somente uma vez (art. 451 da CLT). O mais conhecido dos contratos por prazo determinado é o contrato de experiência, geralmente utilizado para permitir que as partes (empregado e empregador) se conheçam antes de formalizarem um vínculo definitivo. Contrário à regra geral, o prazo máximo do contrato de experiência é de 90 (noventa dias), também sendo possível uma única prorrogação. Entenda melhor: Tício pode contratar Caio como seu empregado, na modalidade de experiência, pelo prazo de 90 (noventa) dias e, após o transcurso desse tempo, o contrato se encerra. No entanto, é possível que Tício contrate Caio pelo prazo de 15 (quinze) dias e, antes de encerrar esse período, o prorrogue por mais 75 (setenta e cinco) dias. Duração do Trabalho Iniciaremos nosso estudo sobre duração do trabalho. Verificaremos a partir de agora as principais regras que regem a jornada de trabalho dos empregados. Antes de estudarmos as normas trabalhistas, é necessário destacar que a 8 limitação de tempo de trabalho imposta pela lei tem como fundamento três importantes aspectos: Biológico: o excesso de trabalho traz cansaço ao trabalhador, prejudicando sua saúde física e mental. Sociais: extensas jornadas resultam em pouco tempo para família e amigos, excluindo socialmente o trabalhador. Econômicos: um empregado com saúde fragilizada e sem tempo para lazer não traz alto rendimento à empresa, gerando menores vantagens econômicas ao patrão. É importante destacar, preliminarmente, que, ressalvadas situações especiais, a legislação trabalhista aponta que a jornada normal de trabalho é de 8 (oito) horas diárias e de 44 (quarenta e quatro) horas semanais. Mas preste atenção! Conforme verificaremos em breve, há outras profissões regulamentadas por leis autônomas, as quais preveem jornada máxima diferente da informada acima. É oportuno deixar registrados variados movimentos no Congresso para que esta jornada seja reduzida, a fim de reduzir os prejuízos dos trabalhadores. No entanto, enquanto não há definição sobre reformas na CLT, tem-se a jornada de trabalho estabelecida nos moldes antes referidos. A duração de 08 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) horas semanais tem previsão expressa no art. 7º, XIII, da Constituição Federal. Mas se o limite de 8 (oito) horas diárias ou 44 (quarenta e quatro) semanais for extrapolado? Qual será a consequência? Muito provavelmente você já ouviu falar nas "horas extras". Em realidade, a CLT denomina "horas suplementares" ao trabalho prestado após o limite estabelecido contratualmente ou legalmente. Veja bem! Caso Carlos, empregado da padaria do João, contratado para trabalhar as 08 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, trabalhar 45 (quarenta e cinco) semanais, João deverá pagar a Carlos as "horas extras"! Ainda no caso exemplificativo acima, caso Carlos receba R$ 4/hora, ele receberá, então, mais R$ 4,00 naquela semana? A resposta é negativa e já veremos o porquê. Considerando que a limitação da duração do trabalho foi delimitada em razão dos três fatores já estudados (biológico, social e econômico), o trabalho que 9 supera aquele limite deve ser combatido pelo ordenamento jurídico. Isso porque esse trabalho extra é pernicioso e prejudicial ao trabalhador e disso não restam dúvidas! Para tanto, nosso ordenamento jurídico, em especial nossa Lei Maior (Constituição Federal de 1988), previu um adicional de 50% (cinquenta por cento) sobre a remuneração do empregado. Dessa forma, no caso de Carlos, pela hora trabalhada a mais, ele deverá receber R$ 6,00 (seis reais), tendo em vista o adicional de 50%. Lembre-se, o adicional de hora extra deverá incidir não somente sobre o salário base do empregado, mas sobre a totalidade das verbas salariais. Portanto, caso o trabalhador receba, além do salário base, um adicional de insalubridade, o adicional deverá incidir sobre toda a remuneração (salário + adicional de insalubridade). Veja a seguinte afirmação: "Sempre que o trabalhador trabalhar acima da jornada permitida, ele deverá receber um adicional de 50%." Ela está correta? Na realidade não. Isso porque a lei estabelece um adicional mínimo (50%), o que não impede que alguma negociação coletiva (ou a própria empresa) estabeleça um adicional maior. O que a legislação trabalhista impede é o pagamento do adicional por horário extraordinário inferior a 50% (cinquenta por cento). Quando a legislação trabalhista (e constitucional) delimita uma duração máxima de trabalho diário e semanal, isso não impede que o empregador contrate seu empregado por uma jornada reduzida, por exemplo: 06 (seis) horas diárias e 30 (trinta) semanais. Trata-se da jornada de trabalho contratual. Caso isso ocorra, e caso o empregado trabalhe em determinado dia por 07 horas, ainda que não tenha ultrapasso o limite legal (08 horas diárias e 44 semanais), haverá o pagamento do devido adicional de hora extra. Atenção Nem todo trabalho realizado após a jornada legal (previsto na lei) ou contratual (estabelecido entre empregado e empregador) é hora extra. A CLT afirma que "não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários". Portanto, caso o empregado registre sua entrada com 02 (dois) minutos de antecedência e permaneça mais 03 (três) minutos após o encerramento de sua jornada, tais excessos deverão ser desconsideradOs pelo empregador e o pagamento da hora extra é dispensado. 10 Mas lembre-se, essa regra "é uma faca de dois gumes", uma vez que o patrão não poderá descontar do empregado caso este atrase, por exemplo, 02 (dois) minutos na entrada e registre a saída com 03 (três) minutos de antecedência. Horas in Itinere Quando se opta pela escolha de um emprego, não raro um dos fatores a ser levado em consideração é a localidade. Isso porque, por vezes, prefere-se aquele próximo à residência do trabalhador, a fim de que não haja tempo/dinheiro gasto desnecessariamente. No entanto, não são raras as situações nas quais não se consegue trabalhar próximo à residência, notadamente nas grandes metrópoles. Isso faz com que o empregado tenha que optar pelo transporte público ou privado para trabalhar. O tempo que compreende a locomoção residência-empresa e vice-versa não se computa na jornada de trabalho, ou seja, se o empregado leva 30 (trinta) minutos para chegar ao serviço e sua jornada inicia às 08h, ele deverá sair de casa às 07h30min, uma vez que estes 30 (trinta) minutos não são considerados como tempo trabalhado. Todavia a legislação trabalhista apresenta exceção à regra, o que merece especial atenção! A exceção se dá quando presentes dois requisitos: transporte ofertado pelo empregador; local de difícil acesso ou não servido por transporte público. Nesse caso, o tempo despendido pelo trabalhador para chegar à empresa é computado e deverá ser remunerado pelo empregador. Esse tempo à disposição do empregador se denomina Horas in itinere. Exemplificando para melhor compreensão: Supondo que da residência de Tício à empresa não há transporte público e o seu empregador lhe fornece o transporte (ônibus que leva os empregados), no caso de o trajeto durar 30 (trinta) minutos, este tempo deverá ser computado. Portanto, se Tício inicia seu serviço às 08h, o transporte da empresa deverá pegá-lo às 08h. Se pegá-lo antes deste horário, a fração que anteceder deverá ser remunerada como horário extraordinário. Veja a regra da Consolidação das Leis do Trabalho: "Art. 58 [...] §2º O tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador fornecer a condução." 11 Compensação de Jornada Conforme já visto anteriormente, a regra da limitação da duração do trabalho não é absoluta. Não é porque o empregado trabalhou 09 (nove) horas em determinado dia que irá receber o adicional de, no mínimo, 50% (cinquenta por cento). Explicando: o sistema legal brasileiro possibilita o acordo de compensação de jornadas, usualmente denominado (ainda que por vezes de forma errônea) "banco de horas", muito utilizado na prática trabalhista. O regime de "compensação de jornada" ocorre quando há o aumento da jornada em um dia pela correspondente diminuição em outro, de modo a garantir o limite semanal (44 horas) ou mensal (220 horas). É o exemplo de Tício que trabalha de segunda-feira a quinta-feira, das 08h às 18h (com um intervalo de 1 hora) e na sexta-feira das 09h às 18h (também com intervalo de 1 hora). Neste caso, Tício está trabalhando 09 (nove) horas diárias nos primeiros quatro dias da semana, o que ultrapassa o limite legal (08 horas diárias). Também temos outra possibilidade: o empregado pode trabalhar 48 (quarenta e oito) horas em determinada semana e 40 (quarenta) horas na semana subsequente. Típico caso do empregado que trabalha das 09h às 18h de segunda-feira a sábado (com uma hora de intervalo) e, na semana seguinte, trabalha das 09h às 18h de segunda-feira a sexta-feira (também com uma hora de intervalo). O regime de "compensação de jornada" ocorre quando há o aumento da jornada em um dia pela correspondente diminuição em outro, de modo a garantir o limite semanal (44 horas) ou mensal (220 horas). Essas espécies de compensação de jornada podem ocorrer por meio de negociação particular entre empregado e empregador, sem a necessidade da negociação coletiva. Mas lembre-se da expressão latina a maiori, ad minus (quem pode o mais, pode o menos). Se a negociação particular ("empregado versus empregador") pode autorizar este tipo de compensação, a negociação coletiva ("empresa x sindicato" ou "sindicato versus sindicato") inegavelmente possui a mesma força de autorizar este sistema. Compensação de Jornada Diferente é o que ocorre com o "Banco de Horas", no qual também há um sistema de compensação, só que com regras específicas de aplicação e instituição. Diferencia-se do sistema de compensação tradicional (estudado anteriormente) porque possibilita uma compensação em período de tempo maior. Enquanto este autoriza uma compensação de uma semana para outra 12 (dentro de um período mensal), o "Banco de Horas" possibilita uma compensação de horas no período de até 01 (um) ano. Neste caso, Tício poderá trabalhar 50 (cinquenta) horas semanais no mês de janeiro e compensar as 06 (seis) horas em novembro do mesmo ano. Por ser demasiadamente prejudicial ao trabalhador, diverso do que ocorre na compensação tradicional, "Banco de Horas" só poder ser pactuado através de negociação coletiva, sobretudo para tutelar os interesses do maior prejudicado (empregado). Confira a Súmula 85 do TST sobre o assunto: I. A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva. II. O acordo individual para compensação de horas é válido, salvo se houver norma coletiva em sentido contrário [...]. V. As disposições contidas nesta súmula não se aplicam ao regime compensatório na modalidade "banco de horas", que somente pode ser instituído por negociação coletiva. Saiba Mais! O empregado que trabalha sob o sistema de compensação (modelo tradicional ou "banco de horas") não pode prestar horas extras de forma habitual. Quando se fala habitual, quer-se dizer trabalhar em jornada extraordinária (além do limite legal ou contratual) de forma rotineira/frequente. Isso porque tem-se que o sistema de compensação já é pernicioso à saúde mental e física do trabalhador, razão pela qual lhe impor mais horas de serviço seria majorar a situação prejudicial. Ante isso, o Judiciário tem entendido que a prestação de horas extras habituais invalida o acordo de compensação de jornada. Assim, as horas que ultrapassarem a jornada semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias e, quanto às destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o adicional por trabalho extraordinário (Súmula 85, IV, do TST). Horário Noturno Conforme art. 73 da Consolidação das Leis do Trabalho, o período trabalhado das 22h às 05h é considerado noturno, cabendo a remuneração deste interstício ter um acréscimo de 20% (vinte por cento). É o denominado adicional noturno. Diz-se regra geral porque outras profissões possuem horário e adicional diferenciado, tendo em vista leis autônomas que regem estas funções. São 13 alguns exemplos: empregado rural (agricultura): 21h às 05h; com adicional de 25% (art. 7ª, Lei n. 5889/73); empregado rural (pecuária): 20h às 04h; com adicional de 25% (art. 7ª, Lei n. 5889/73); advogado: 20h às 05h; com adicional de 25% (art. 20, Lei n. 8906/94); aeronauta: do pôr ao nascer do sol; com adicional de 20% (art. 41, Lei n 7183/84). A atual legislação trabalhista prevê, ainda, um horário reduzido para os empregados que trabalham à noite, objetivando minorar os danos que o labor noturna oferece a sua integridade física e mental. Para tanto, a hora noturno equivale, na realidade, a 52' e 30" (cinquenta e dois minutos e trinta segundos). Mas qual é o objetivo dessa sistematização normativa? Veja o quadro abaixo: Horário Noturno Pela tabela anteriormente apresentada, é possível notar que o empregado trabalha, de fato, 07 (sete) horas, desprezando-se o intervalo intrajornada, mas, tendo em vista a hora reduzida, perceberá remuneração referente a 08 (oito) horas de labor. Trata-se de verdadeira estratégia para minorar os efeitos maléficos que o trabalho noturno causa no trabalhador, fazendo com que, de fato, trabalhe menos em prejuízo do salário. As regras até então estudadas sobre o horário noturno encontram previsão legal no art. 73 da Consolidação das Leis do Trabalho: "Art. 73 [...] §1º A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30 segundos. §2º Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte." 14 Trabalhadores Excluídos Há alguns trabalhadores, no entanto, que não possuem controle de horário, motivo pelo qual fica inviável aferir, por exemplo, eventual hora extra trabalhada. Esses trabalhadores, por conseguinte, não têm direito a receber pagamento extra pelo tempo que extrapolou sua jornada. As duas situações excepcionais estão previstas no art. 62 da CLT. Vejamos: "Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados; (Incluído pela Lei nº 8.966, de 27.12.1994) II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial." A primeira situação apresenta o caso dos empregados que exercem atividade incompatível com o controle de frequência do trabalho desenvolvido. Ou seja, trata-se do trabalhador que exerce seus serviços fora do estabelecimento, longe de qualquer fiscalização ou controle pelo empregador. São exemplos os caminhoneiros sem qualquer controle pela empresa. A segunda situação é a confiabilidade empregada ao trabalhador. Por ser este, geralmente, quem fiscaliza os demais, dificilmente ele será o fiscalizado. Mas lembre-se, para que ele seja excluído do controle de hora, é necessário que este empregado de confiança perceba, no mínimo, uma gratificação de 40% ou uma majoração salarial correspondente a 40%, conforme art. 62, parágrafo único, da CLT. Remuneração Antes de verificar a remuneração, necessário se faz uma análise sobre o salário. Isso porque salário é a contraprestação em pecúnia (dinheiro) ou utilidade (bens diversos) paga diretamente pelo empregador, devido pelo cumprimento do contrato de trabalho. Lembre-se: salário é a contraprestação porque o trabalho é a prestação! Então pode-se afirmar que o empregado trabalha (prestação) e, somente assim, ressalvadas as exceções legais (ex. primeiros quinze dias do acidente de trabalho), receberá seu salário (contraprestação). Veja bem, o salário não é somente a quantia fixa estipulada pelo empregador. Também integram o salário as comissões, percentagens, gratificações 15 ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador (art. 457, §1º, da CLT). Curiosidade A palavra salário deriva do latim salarium, que teve sua origem na palavra salis (sal). O sal, à época dos romanos, era a moeda oferecida para o pagamento dos domésticos e soldados. Remuneração Mas remuneração significa salário? Na esfera jurídica a resposta é negativa e já veremos o porquê. Agora que você já sabe que salário significa a contraprestação recebida diretamente pelo empregador, vamos ver o que é, então, remuneração. Mais à frente você irá perceber a importância da diferenciação aqui comentada. Remuneração é a soma do pagamento direto (salário) com outros pagamentos (denominado "pagamento indireto"). Os pagamentos indiretos são pagos por terceiros ao empregado em virtude do contrato de trabalho. O mais famoso dos "pagamentos indiretos" é a gorjeta, a qual é oferecida por clientes ao trabalhador, mas dada em razão do trabalho realizado. Veja a leitura da lei: "Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber". Modo e época do pagamento 16 O salário deve ser pago pessoalmente ao empregado, mediante recibo, até o 5º dia útil do mês subsequente ao labor, conforme art. 459 da CLT. Atente-se que o pagamento pode ocorrer através de cheque (respeitados os requisitos do art. 1º da Portaria n. 3.281/84) ou depósito em conta corrente (art. 464, parágrafo único, da CLT). Muito embora ainda haja discussão no Judiciário, tem-se entendido que o sábado é dia útil para fins de pagamento do salário. A quantia deverá ser paga durante o expediente ou logo após o seu encerramento. E mais, o salário deverá ser pago em moeda corrente do país, notadamente para que o empregado não corra o risco de ficar sujeito às oscilações cambiais. Irredutibilidade Salarial Uma das principais garantias instituídas pelo nosso ordenamento jurídico pátrio é o princípio da irredutibilidade salarial. Por este princípio basilar do direito do trabalho, fica vedado ao empregador reduzir o salário do trabalhador ou alterar, de forma prejudicial, a forma de pagamento do salário. Essa proteção visa manter o padrão econômico alcançado pelo empregado, sobretudo porque o salário reflete o meio de subsistência de grande parte da população brasileira. "Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...] VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo." Mas atenção! Conforme a própria Constituição ressalvou, há a possibilidade de que o salário seja reduzido em razão da negociação coletiva, desde que seja necessária para manutenção da saúde e existência do empreendimento. Fora a situação excepcional apresentada, mantém-se intacto o direito de o trabalhador não ver reduzido seu salário. Salário-Utilidade Para fins do direito do trabalho, utilidade significa aquilo que não é dinheiro. Qualquer bem móvel ou serviço pode se enquadrar na definição de utilidade. Citam-se, para efeitos exemplificativos. A CLT, e seu art. 458, possibilita o pagamento parcial do salário por meio de outras prestações que não a pecúnia (dinheiro). No entanto, fica vedado o pagamento por intermédio de bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. 17 No entanto, não será qualquer utilidade dada ao empregado que integrará o seu salário. Isso porque, para que seja viável o pagamento salarial parcial com bens e/ou serviços, necessário se faz presente alguns requisitos, os quais passaremos a estudar a seguir. O primeiro requisito é a habitualidade, uma vez que a utilidade deve ser concedida com frequência. Inviável reconhecer a natureza salarial de uma utilidade fornecida de forma esporádica. Muitos juristas tendem a entender que a habitualidade se configura pela concessão de determinada utilidade pela metade, ou mais da metade, do período de trabalho. Salário-Utilidade O segundo requisito é a gratuidade, ou seja, a utilidade deve ser fornecida sem que o empregador desconte qualquer quantia (desde que não seja desprezível) na folha de pagamento. O terceiro e último requisito se trata do motivo/finalidade da utilidade. A utilidade deve ser fornecida pelos serviços prestados. Jamais poderá ser para a realização dos serviços. Isso porque o salário-utilidade deverá traduzir verdadeira contraprestação para o empregado e não um meio de realizar sua prestação (labor). Atenção Não pode o patrão pagar ao empregado a totalidade do seu salário através de utilidades. Trata-se de assegurar ao trabalhador uma mínima quantia em dinheiro, a fim de lhe assegurar fruir serviços/bens que dependem de pecúnia. Nosso ordenamento jurídico trabalhista nos traz a regra de que o valor mínimo pago em dinheiro deve corresponder a, pelo menos, 30% (trinta por cento) do valor total do salário mínimo. Portanto, 70% (setenta por cento) do salário mínimo poderá ser pago em utilidades. Lembre-se: Seja para projeção no salário (sua integração ao salário), seja para desconto, os valores atribuídos às utilidades deverão ser justos e razoáveis (art. 458, §1º, da CLT). A própria CLT traz um rol dos bens/serviços que não serão considerados salário-utilidade. Ou seja, caso o empregador forneça uma destas utilidades, tais valores (referentes às unidades) não serão integrados ao salário, sobretudo para fins trabalhistas e fiscais. Veja o rol: Art. 458 [...] §2º - Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: 18 I - vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; II - educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos à matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; III - transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; IV - assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde; V - seguros de vida e de acidentes pessoais; VI - previdência privada; [...] VIII - o valor correspondente ao vale-cultura. A intenção do legislador ao elaborar a norma acima foi possibilitar ao empregador oferecer utilidades importantes ao empregado sem que pague encargos (ex. FGTS, INSS, adicional noturno etc.). Dessa forma, beneficiam-se os empregados. Gratificações Nas palavras da melhor doutrina, gratificação é plus salarial pago pelo patrão a fim de estimular o exercício de determinada situação ou função especial. Na sua maciça maioria, as gratificações são pagas de maneira espontânea, pois não impostas por legislação. Todavia, há gratificações previstas na lei, tais como a gratificação natalina (Lei n. 4.090/62). É típica espécie de salário-condição, porquanto só ocorre quando implementada determinada condição. Exemplificando: Determinada regulamentação da empresa prevê aos chefes de departamento uma gratificação X. Caso nosso amigo Tício (empregado) seja promovido a este cargo de confiança (chefe de departamento), ele passará a perceber a gratificação (durante o exercício daquela função). Gratificação Natalina Falaremos da principal gratificação paga aos empregados, a gratificação natalina! Talvez você não a reconheça por esta denominação, mas muito 19 provavelmente já ouviu falar do 13º (décimo terceiro) salário. Trata-se da mesma verba. A gratificação natalina (ou 13º salário) surgiu da prática de presentear espontaneamente o empregado no final do ano e remonta a tempos primórdios. Tendo em vista que a prática transformou-se em costume no país, houve a elaboração de Lei n. 4.090/32 para sua regulamentação e, por conseguinte, tornou-a parcela de cunho obrigatória. A gratificação natalina é adquirida por mês trabalhado. Mas preste atenção: só se considera mês trabalhado, para fins do recebimento do 13º salário, aquele no qual o empregado trabalhou por, pelo menos, 15 dias. Para melhor compreensão prática, vejamos alguns exemplos: Se Tício trabalhou de 01/01/2013 a 31/12/2013, ele deverá ter recebido, neste ano de 2013, o décimo terceiro salário, correspondente a mais uma remuneração. No entanto, ainda que Tício não tenha completado um ano de trabalho para determinada empresa, lhe será devido o valor da gratificação natalina de forma proporcional. Assim, caso tenha trabalhado de 02/02/2013 a 28/05/2013, Tício perceberá 04/12 de décimo terceiro salário. Mas atente-se: no caso de dispensa motivada (justa causa), o empregado não terá direito ao recebimento da gratificação proporcional quando esta não se tornou definitivamente adquirida. Portanto, caso Tício tenha trabalhado de 01/02/2013 a 20/03/2006 (quando houve a dispensa por justa causa), ele receberá o 13º salário proporcional ao exercício de 2005 (11/12), mas não perceberá a parcela no ano de 2006, uma vez que não adquirida. O décimo terceiro salário deverá ser pago até o dia 20 de dezembro de cada ano, sendo tal valor correspondente à remuneração devida em dezembro, compensando-se o valor recebido a título de adiantamento. Isso porque o patrão é obrigado a adiantar metade da gratificação natalina entre os meses de fevereiro e novembro. Atenção: o adiantamento é compulsório. O seu não pagamento poderá resultar infração administrativa perante o Ministério do Trabalho e Emprego, com pagamento de multas! Sobre o décimo terceiro salário, incidirão FGTS e contribuição previdenciária (INSS). Adicionais 20 O adicional, assim como a gratificação, também se configura um sobressalário. No entanto, sua finalidade diverge da parcela salarial estudada anteriormente, porquanto o adicional possui a precípua função de indenizar a exposição do trabalhador a alguma situação nociva a sua situação. Os exemplos de situações perniciosas são vários na prática trabalhista: trabalho em local insalubre ou perigoso, trabalho noturno, trabalho extraordinário etc. Ocuparemos este espaço para falar dos adicionais de periculosidade e insalubridade, sobretudo porque em momentos anteriores já estudamos o adicional por hora extraordinária e o adicional noturno. Assim como as gratificações, tratam-se os adicionais, em sua grande maioria, de típico salário-condição, ou seja, só serão devidos enquanto a situação maléfica perdurar. Cessada a causa da nocividade, a obrigação legal do empregador de pagar o adicional cessa. Adicional de Insalubridade Este adicional é devido quando o trabalhador estiver exposto a local nocivo a sua saúde. A previsão legal desta situação encontra-se no art. 189 da CLT. "Art . 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos." Caso o empregado trabalhe nas condições mencionadas acima, ao seu salário será acrescentado o adicional de insalubridade, equivalente a 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário mínimo, a depender do grau da nocividade, conforme as normas emitidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Adicional de Periculosidade Segundo nosso ordenamento jurídico trabalhista, adicional de periculosidade é devido quando há o trabalho em contato com inflamáveis, explosivos ou eletricidade. Salienta-se que o contato intermitente (ou seja, aquele que não acontece diretamente, mas frequentemente) impede, também, seu pagamento. Mas caso o contato seja eventual, não haverá o direito à percepção do adicional ora estudado, conforme já decidiu o órgão máximo do Judiciário em matéria trabalhista (Súmula 364, I, do TST). 21 O adicional de periculosidade corresponde a 30% (trinta por cento) sobre o salário base do trabalhador. Ou seja, desconsidera-se qualquer vantagem salarial para incidência do adicional de periculosidade. Veja o seguinte exemplo: Nosso amigo Tício foi contratado para receber R$ 1.000,00. No entanto, em sua folha de pagamento aparece o valor de R$ 1.200,00, uma vez que Tício trabalha no período noturno, incidindo-se 20% sobre o salário. Caso ele trabalhe em condições perigosas, nos casos mencionados acima, haverá, ainda, a incidência do adicional de periculosidade no importe de 30% sobre tão somente R$ 1.000,00, porquanto é seu salário base. O adicional noturno (ou outras vantagens que poderia Tício receber) são desconsideradas para aplicação do adicional de periculosidade. Equiparação Salarial Denomina-se equiparação salarial o fenômeno de reestabelecer a igualdade salarial entre os trabalhadores que exercem a mesma função, além de preencher outros requisitos, os quais serão estudados a partir de agora. Preliminarmente, cumpre transcrever o que diz a Consolidação das Leis do Trabalho: "Art. 461 - Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade. §1º - Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço não for superior a 2 (dois) anos." Atenção Essa regra só se aplica às empresas que não possuem um plano de cargos e salários prevendo níveis salariais diferenciados para empregados que exerçam a mesma função, a depender dos requisitos exigidos por regulamento próprio. Mas preste atenção: o Plano de Cargos e Salários deverá ser homologado junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, sob pena de não ser aceito pelo Judiciário em eventual discussão sobre equiparação salarial. Suspensão e Interrupção do Contrato de Trabalho Suspensão e interrupção do contrato de trabalho significam os períodos de sustação de algumas, ou quase todas, cláusulas contratuais. A diferença reside, via de regra, no pagamento do salário. Enquanto na suspensão do contrato de trabalho não há o pagamento salarial, na interrupção, em que peses a paralisação da prestação de serviço pelo obreiro, 22 o salário permanece sendo pago pelo empregador. Outra distinção residual refere-se ao fato de que, em regra, na suspensão contratual não é computado o tempo de serviço, diferente do que ocorre na interrupção contratual. Suspensão do Contrato de Trabalho Diz-se que o contrato de trabalho está suspenso quando o empregado deixa de prestar os serviços laborais temporariamente. Por sua vez, o empregador cessa o pagamento dos salários. No entanto, muito embora as principais cláusulas do contrato estejam suspensas (pagamento de salário e prestação do serviço), o contrato está vigente, motivo pelo qual é possível a rescisão por justa causa nos casos previstos na lei. A fim de aclarar o objeto do presente estudo, vamos aos principais casos de suspensão contratual. Serviço militar - O serviço militar obrigatório importa na suspensão do contrato de trabalho, não podendo o empregador dispensar o trabalhador. Em que pese discussão doutrinária, tem-se entendido que este caso enquadra- se na modalidade de suspensão, uma vez que não há prestação de serviço e pagamento de salário (principais cláusulas contratuais). Todavia, cabe ao empregador depositar os valores relativos ao FGTS. Ademais, tempo de serviço militar computa para todos os efeitos legais. Atenção: Caso o trabalhador ingresse voluntariamente nas Forças Armadas, não há suspensão ou interrupção do contrato de trabalho. Neste caso, deve-se considerar que o empregado optou por outra profissão, pondo fim ao antigo contrato de trabalho. Encargo civil público - O trabalhador eleito para cargo público acarreta a suspensão contratual, salvo lei em contrário. Exemplificam-se os membros do Congresso Nacional, Câmaras Municipais etc. Mandato sindical - O empregado eleito dirigente sindical, além da estabilidade no emprego, garante a suspensão do contrato de trabalho, desde que a função de dirigente seja incompatível com o horário de trabalho. Neste caso, o trabalhador não comparece ao serviço, bem como não percebe seu salário. Suspensão disciplinar - Trata-se de uma penalidade aplicada ao empregado em razão da falta de média gravidade por ele cometida (art. 474 da CLT). Atente-se que o seu período de suspensão não pode superar 30 (trinta) dias, 23 sob pena de se configurar rompimento do contrato sem justa causa por iniciativa do empregador. Auxílio doença - Nas situações de acidente de trabalho, o pagamento referente aos primeiros 15 (quinze) dias é ônus do empregador. A partir deste período, incumbe à Previdência Social o pagamento do benefício correspondente. Em ambos os períodos não há a prestação de serviço (art. 59 da Lei n. 8.213/91 c/c art. 476 da CLT). Portanto, conclui-se que os primeiros quinze dias traduzem-se em interrupção do contrato de trabalho, enquanto os demais se enquadram na suspensão contratual. Atenção: Muito embora, após os 15 (quinze) dias, haja a suspensão do contrato de trabalho, com a correspondente cessação do pagamento do salário/prestação do serviço, o Judiciário tem entendido que cabe ao empregador manter o plano de saúde do trabalhador. Isso porque, é neste momento que o trabalhador necessita do serviço médico. Veja o julgado: RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. PLANO DE SAÚDE. AUXÍLIO- DOENÇA . SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO . A suspensão do contrato de trabalho, seja em decorrência de aposentadoria por invalidez, seja pela concessão do auxílio-doença, apenas importa, na verdade, em suspensão das obrigações principais do referido contrato - como a prestação dos serviços e o pagamento de salário. Nessa linha, o direito de acesso ao plano de saúde - por decorrer diretamente do contrato de emprego e não depender da prestação de serviços para a sua manutenção - deve ser resguardado enquanto durar a concessão do benefício previdenciário (Súmula n. 440 do TST" (TST. RR: 623-03.2011.5.06.0191, Relator: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 23/10/2013, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 25/10/2013) Atenção! Durante o período de suspensão do contrato de trabalho, é vedado ao empregador dispensar imotivadamente (em justa causa) o seu empregado, dada a paralisação das cláusulas contratuais. No entanto, conforme já visto, a dispensa é válida quando verificada alguma falta grave cometida pelo empregador, apta a ensejar justa causa. A interrupção contratual, a seu turno, ocorre quando o trabalhador deixa de prestar seus serviços laborais, porém continua recebendo, ainda que em parte, o seu salário. Nesse caso, ao contrário do que acontece na suspensão contratual, conta-se o tempo de serviço para todos os efeitos, ainda que não tenha havido, de fato, labor. 24 Portanto, o trabalhador não comparece ao serviço, porém recebe pelos dias não trabalhados. Os principais casos de interrupção do contrato de trabalho estão previstos no art. 473 da CLT, não se olvidando outros casos previstos na legislação esparsa. Art. 473 - O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário: I - até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência social, viva sob sua dependência econômica; II - até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento; III - por um dia, em caso de nascimento de filho no decorrer da primeira semana; IV - por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação voluntária de sangue devidamente comprovada; V - até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos termos da lei respectiva. VI - no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar referidas na letra "c" do art. 65 da Lei n. 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar). VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior. VIII - pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo. IX - pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de representante de entidade sindical, estiver participando de reunião oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro. Atenção: Muito embora, após os 15 (quinze) dias, haja a suspensão do contrato de trabalho, com a correspondente cessação do pagamento do salário/prestação do serviço, o Judiciário tem entendido que cabe ao empregador manter o plano de saúde do trabalhador. Isso porque, é neste momento que o trabalhador necessita do serviço médico. Veja o julgado: Fundo de Garantia por Tempo de Serviço 25 Atualmente, diverso do que já ocorreu no passado, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço é a única proteção legal ao tempo de serviço do trabalhador. Isso porque, ao longo do seu labor, são depositadas quantias em uma conta bancária, a fim de que, nos casos de dispensa imotivada pelo empregador, o trabalhador levante um valor para assegurar-lhe subsistência até encontrar novo emprego. O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço é regulamento pela Lei n. 9.036/90 e, também, ao contrário do que já ocorreu outrora, não se trata mais de uma opção do empregador. O regime instituído pela Lei n. 9.036/90 é obrigatório. Desde 1991 o controle das contas vinculadas do FGTS passou a ser assumido pela Caixa Econômica Federal. Ademais, os depósitos efetuados junto à Caixa Econômica, a título de FGTS, serão corrigidos monetariamente com base na atualização da poupança e capitalizarão juros de 3% ao ano (art. 13 da Lei n. 8.013/90). O recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de serviço é mensal e corresponde a 8% (oito por cento) da remuneração do empregado. Observe que o FGTS incide, também, sobre o 13º (décimo terceiro) salário e sobre o aviso prévio (trabalhado ou não). Temos, todavia, uma exceção à regra. Trata-se do menor aprendiz, cujo FGTS é recolhido à razão de 2% sobre a remuneração, conforme art. 15º, §7º, da Lei n. 8.036/90. O empregador, por sua vez, tem até o dia 07 (sete) de cada mês para recolher o FGTS do trabalhador (art. 15 da Lei n. 8.036/90), sob pena de multas administrativas da autoridade competente. Indenização de 40% Nos casos de dispensa imotivada pelo empregador (assunto a ser abordado em módulo propício), o trabalhador tem direito, ainda, a uma indenização, a qual é depositada na sua conta vinculada. Mas preste atenção: somente quando o empregado é despedido sem justa causa há este direito. Nos casos de pedido de demissão ou despedidas por justa causa, o empregado não recebe a indenização. Essa indenização corresponde a 40% (quarenta por cento) sobre os valores depositados a título de FGTS. Explique-se: caso Tício receba R$ 1.000,00/mês e, após 10 (dez) meses de trabalho, foi despedido sem justa causa, deverá receber seu FGTS, o qual totalizará (desconsiderando-se correção monetária e juros) R$ 800,00 - oitenta reais por mês de trabalho. 26 No entanto, ainda deverá receber a indenização ora estudada: 40% sobre o total dos depósitos (ou seja: 40% sobre R$ 800,00). Portanto, apenas de indenização por dispensa, Tício perceberá R$ 320,00 (trezentos e vinte reais). Importante Os 40% (quarenta por cento), a título de indenização, incidirão sobre os depósitos realizados na conta do trabalhador e não sobre o que este sacou quando da sua dispensa. Isso porque, ao longo do emprego, podem ocorrer casos de saque do FGTS (ainda que ele não tenha se desligado do emprego). Neste caso, ao final, quando do cálculo da indenização de 40%, desconsideram-se os saques para se obter a base de cálculo. Vamos exemplificar para ficar mais claro: Tício recebe R$ 1.000,00/mês. Ao final de 10 (dez) meses, ele é despedido sem justa causa. Portanto, conforme você já sabe, além do saque dos depósitos do FGTS, ele deverá receber uma indenização de 40%. No entanto, no quinto mês Tício é acometido por neoplasia maligna, o que possibilita a retirada do FGTS. Veja o quadro a seguir: Mês Salário FGTS (8%) Saldo da conta vinculada Situação (8%) Janeiro R$ 1000,00 R$ 80,00 R$ 80,00 Não sacou Fevereiro R$ 1000,00 R$ 80,00 R$ 160,00 Não sacou Março R$ 1000,00 R$ 80,00 R$ 240,00 Não sacou Abril R$ 1000,00 R$ 80,00 R$ 320,00 Não sacou Maio R$ 1000,00 R$ 80,00 R$ 400,00 Sacou (neoplasia maligna) Junho R$ 1000,00 R$ 80,00 R$ 80,00 Não sacou Julho R$ 1000,00 R$ 80,00 R$ 160,00 Não sacou Agosto R$ 1000,00 R$ 80,00 R$ 240,00 Não sacou Setembro R$ 1000,00 R$ 80,00 R$ 320,00 Não sacou Outubro R$ 1000,00 R$ 80,00 R$ 320,00 Não sacou Ao sair, em outubro, a indenização (40%) de Tício será de R$ 320,00 (pois incidiu sobre R$ 800,00), sendo insignificante que, no momento da saída, sua conta vinculada conte apenas com R$ 400,00. Isso porque aquela alíquota (40%) será incidida sobre o total dos depósitos, e não sobre o saldo da conta no momento da dispensa. Desconsideram-se eventuais saques durante a prestação do serviço. Saque do FGTS 27 Por fim, passaremos a estudar as possibilidades de saques do FGTS. Tais possibilidades estão previstas na legislação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, e somente nos casos expressos o trabalhador poderá retirar o seu FGTS. Caso não ocorram quaisquer das situações abaixo, o FGTS deverá ficar depositado junto à conta vinculada na Caixa Econômica Federal. Vamos aos principais casos Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser movimentada nas seguintes situações: I - despedida sem justa causa, inclusive a indireta, de culpa recíproca e de força maior; [...] III - aposentadoria concedida pela Previdência Social; IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus dependentes, para esse fim habilitados perante a Previdência Social, segundo o critério adotado para a concessão de pensões por morte. Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo da conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, expedido a requerimento do interessado, independente de inventário ou arrolamento; V - pagamento de parte das prestações decorrentes de financiamento habitacional concedido no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), desde que: a) o mutuário conte com o mínimo de 3 (três) anos de trabalho sob o regime do FGTS, na mesma empresa ou em empresas diferentes; b) o valor bloqueado seja utilizado, no mínimo, durante o prazo de 12 (doze) meses; c) o valor do abatimento atinja, no máximo, 80 (oitenta) por cento do montante da prestação; [...] VIII - quando o trabalhador permanecer três anos ininterruptos, a partir de 1º de junho de 1990, fora do regime do FGTS, podendo o saque, neste caso, ser efetuado a partir do mês de aniversário do titular da conta. (Redação dada pela Lei n. 8.678, de 1993); IX - extinção normal do contrato a termo, inclusive o dos trabalhadores temporários regidos pela Lei n. 6.019, de 3 de janeiro de 1974; [...] XI - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes for acometido de neoplasia maligna. Por fim, passaremos a estudar as possibilidades de saques do FGTS. Tais possibilidades estão previstas na legislação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, e somente nos casos expressos o trabalhador poderá retirar o seu FGTS. Caso não ocorram quaisquer das situações abaixo, o FGTS deverá ficar depositado junto à conta vinculada na Caixa Econômica Federal. Repouso A partir de agora passaremos a estudar os períodos de descansos previstos na legislação trabalhista. O estudo é de suma importância, notadamente em razão da finalidade precípua dos repousos. 28 Não é ilógico pensar que o trabalho exercido de modo extenuante tende a resultar inegáveis prejuízos à saúde física e mental do empregado. É necessário que haja alguns períodos dedicados ao reestabelecimento das energias do trabalhador. Diz-se que os descansos previstos na lei objetivam proporcionar a reposição das energias gastas pela execução dos serviços (fator fisiológico), permitir a convivência junto à família e amigos (fator social) e aumentar o rendimento, haja vista que o empregado descansado possui melhor produtividade (fator econômico). Os principais descansos previstos na legislação laboral são: Repouso semanal remunerado; Feriados; Intervalo intrajornada; Intervalo interjornada; Férias; A partir de agora verificaremos cada um dos repousos acima, a iniciar pelo repouso semanal remunerado (ou descanso semanal remunerado). Repouso semanal remunerado Curiosidade O direito ao descanso semanal no sétimo dia (sábado) teve origem entre os hebreus, uma vez que a Escritura Sagrada pregava que Deus descansou no sétimo dia. Posteriormente, o descanso semanal foi alterado para domingo, tendo em vista Decálogo de Moisés, no qual domingo era destinado à descida do Espírito Santo sobre os apóstolos. Épocas que se seguiram foi regulamentado o descanso semanal, geralmente tendo o domingo como dia optado. 29 Trata-se do famoso "dia de descanso", geralmente o domingo. Sua previsão legal encontra-se atualmente na Lei n. 605/49, a qual prevê um descanso semanal remunerado de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, preferencialmente aos domingos. Também há previsão deste direito na Constituição Federal (art. 7º, XV e XXXIV). O Repouso Semanal Remunerado (RSR), ou Descanso Semanal Remunerado (DRS), é um direito do trabalhador que visa resguardar sua saúde. Portanto, tal direito é irrenunciável, ainda que o trabalhador opte por não gozá-lo. Para que o trabalhador tenha direito ao descanso semanal remunerado (ou repouso semanal remunerado) são necessários dois requisitos: frequência e pontualidade. A frequência significa a ausência de faltas na semana, enquanto a pontualidade refere-se à inexistência de atrasos. Ambos os requisitos devem ser observados na semana que antecede o direito ao descanso semanal remunerado. Mas veja caro aluno: caso não haja pontualidade ou frequência, o empregado perde o direito ao descanso semanal? A resposta é negativa. Isso porque, ainda que não haja pontualidade ou frequência, o trabalhador tem direito ao repouso semanal. O que o empregado perde é a remuneração deste dia. Exemplificamos para melhor fixação: Tício trabalha de segunda-feira a sábado, com o descanso no domingo (repouso semanal remunerado). No entanto, em determinada semana, Tício falta injustificadamente na terça-feira. Ainda assim Tício não trabalhará no domingo (pois é seu repouso semanal), mas na folha de pagamento deste mês o domingo não será remunerado, o que ensejará dois descontos diários (terça- feira e domingo). Lembre-se! o descumprimento na concessão do descanso semanal remunerado ocasiona o seu pagamento dobrado. Veja o que já decidiu o Tribunal Superior do Trabalho: "REPOUSO SEMANAL REMUNERADO. FOLGA CONCEDIDA APÓS O SÉTIMO DIA TRABALHADO. DIREITO AO PAGAMENTO EM DOBRO. 1. Consoante os termos do disposto na Orientação Jurisprudencial n. 410 da SBDI-I do Tribunal Superior do Trabalho, - viola o art. 7º, XV, da CF a concessão de repouso semanal remunerado após o sétimo dia consecutivo de trabalho, importando no seu pagamento em dobro -. 2. Uma vez constatado 30 que o reclamante trabalhava durante sete dias consecutivos, somente usufruindo de descanso após esse período, resulta devido ao seu pagamento em dobro." (TST. RR: 160700-90.2007.5.21.0002, Relator: José Maria Quadros de Alencar, Data de Julgamento: 06/11/2013, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 08/11/2013). Feriado Semelhante ao descanso semanal remunerado, ao trabalhador é assegurado o direito de não trabalhar nos dias de feriados civis e religiosos. O art. 1º da Lei n. 605/49 garantiu esse descanso sem prejuízo da remuneração. Coube a uma lei posterior (n. 9.093/95) estabelecer os feriados civis e religiosos. Vejamos a redação desta lei: "Art. 1º - São feriados civis: I - Os declarados em lei federal. II - A data magna do Estado fixada em lei estadual. III - Os dias do início e do término do ano do centenário de fundação do Município, fixados em lei municipal. Art. 2º - São feriados religiosos os dias de guarda, declarados em lei municipal, de acordo com a tradição local e em número não superior a quatro, neste incluída a Sexta-Feira da Paixão." Intervalo intrajornada O intervalo intrajornada compreende o período de descanso concedido durante o expediente diário de trabalho. Trata-se de um repouso para recuperar as energias gastas no dia, a fim de não tornar o labor demasiadamente extenuante. Com exceção de alguns intervalos especiais (geralmente regulamentados por leis autônomas), tem-se o lapso temporal do intervalo intrajornada no art. 71 da CLT: "Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder 2 (duas) horas. § 1º - Não excedendo 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas." 31 Dessa forma, aos trabalhos que excedam as 06 (seis) horas diárias, o intervalo intrajornada deverá ser de 01 (uma) a 02 (duas) horas, a fim de possibilitar tempo para repouso e alimentação. Sendo o labor igual ou inferior a 06 (seis) horas, desde que superior a 04 (quatro) horas, o intervalo intrajornada será de 15 (quinze) minutos. Mas lembre-se! Caso o empregado seja contratado para trabalhar 06 (seis) horas ou menos (desde que superior a quatro horas), e habitualmente prestar horas extras, a ele deverá ser concedido o intervalo de, no mínimo, 01 (uma) hora. Veja recente decisão do Judiciário sobre o tema: "RECURSO DE REVISTA. INTERVALO INTRAJORNADA. JORNADA CONTRATUAL DE 6 (SEIS) HORAS. PRESTAÇÃO HABITUAL DE HORAS EXTRAS. INTERVALO PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO DE 1 (UMA) HORA. À luz dos princípios da primazia da realidade e da proteção à saúde e higidez física do trabalhador, a fixação do intervalo intrajornada deve observar a duração do trabalho do empregado e não a jornada previamente estipulada no contrato de emprego. No caso, a prestação de horas extras pelo reclamante descaracterizou a jornada laboral contratual de seis horas diárias, autorizando a concessão do intervalo intrajornada de 1 (uma) hora. Recurso de revista conhecido e provido." (TST. RR: 86100-50.2009.5.03.0028, Relator: Delaíde Miranda Arantes, Data de Julgamento: 20/11/2013, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 22/11/2013). Atenção O intervalo mínimo de descanso intrajornada não pode ser reduzido, ainda que por negociação coletiva, conforme Súmula OJ 342, II, do TST. E mais! A não concessão do intervalo intrajornada, nos moldes legais, implica o pagamento de todo o valor referente ao intervalo intrajornada, e não apenas do período suprimido, nos termos da Súmula Súmula 437, I, do TST.. Vamos ao exemplo: Tício trabalha 08 (oito) horas por dia com 01 (uma) hora de intervalo intrajornada. No entanto, seu patrão lhe concede somente 30 (trinta) minutos de descanso. Neste caso, Tício terá direito ao recebimento de, a título de hora extra (50%), 01 (uma) hora, e não apenas 30 (trinta) minutos. Diferente do intervalo intrajornada (estudado anteriormente), este visa conceder ao trabalhador um descanso entre dois dias consecutivos de trabalho. Segundo nosso ordenamento jurídico, entre uma jornada e outra são asseguradas ao empregado pelo menos 11 (onze) horas de repouso. 32 Se entre um dia e outro de trabalho tiver um feriado, ou um dia de folga, o trabalhador terá direito a 24 horas de descanso semanal (estudado anteriormente) mais 11 horas (intervalo interjornada), totalizando 35 horas de repouso. Intervalo Amplie seus conhecimentos A CLT, em seu art. 396, assegura a toda mulher o direito a dois descansos diários, de meia hora cada um, a fim de amamentar o próprio filho, até que este complete seis meses de idade. Ainda, caso a situação exigir, o período de seis meses poderá ser majorado, a critério da autoridade competente. Neste caso, ao contrário do que ocorre no intervalo intrajornada, o intervalo especial para amamentação é computado na jornada de trabalho, que significa que esse período é remunerado como se trabalhando estivesse. Veja a linha do tempo abaixo: Férias Segundo nossa legislação trabalhista, todo empregado tem direito, anualmente, a um período de descanso, denominado férias, sem prejuízo da remuneração. 33 Curiosidade O Brasil foi o terceiro país do mundo a conceder férias anuais remuneradas de 15 (quinze) dias consecutivos a empregados. Para que sejam adquiridas as férias, é necessário que o exercício do labor seja pelo período de 12 (doze) meses. Estes primeiros 12 (doze) meses são denominados "período aquisitivo." Decorrido este primeiro período (doze meses), o trabalhador garante o direito de usufruir seu descanso anual nos 12 (doze) meses subsequentes. Este último lapso temporal é denominado "período concessivo", no qual há o gozo das férias. Em regra, as férias são concedidas à razão de 30 (trinta) dias corridos. No entanto, situações peculiares do contrato de trabalho podem ocasionar a perda de alguns dias de descanso, conforme veremos agora. As faltas injustificadas ao trabalho podem resultar na diminuição de suas férias. É a inteligência do art. 130 da CLT que assim nos traz sua redação: "Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes; II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas; III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas; IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas." No entanto, é oportuno deixar registrado que não serão considerados falta ao serviço (para aplicação da diminuição do período de férias) os casos de licenciamento compulsório da empregada por motivo de maternidade ou aborto, motivo de acidente do trabalho ou enfermidade , quando justificada pela empresa (entendendo-se como tal a que não tiver determinado o desconto do correspondente salário) e nos dias em que não tenha havido serviço (art. 131 da CLT). Mas será que as férias poderão ser fracionadas ou deverão ser concedidas em período contínuo? Nossa Consolidação das Leis do Trabalho possibilita a concessão fracionada das férias, desde que um dos períodos não seja inferior a 10 (dez) dias. A regra vem para trazer um período de descanso anual mínimo para reestabelecimento das energias do trabalhador. 34 Atenção: esta modalidade de fracionamento é vedada aos menores de 18 (dezoito) anos e maiores de 50 (cinquenta) anos, aos quais as férias deverão ser concedidas em único período contínuo. O período de férias deverá ser comunicado ao trabalhador em um período mínimo de 30 (trinta) dias, mediante recibo deste. E mais: é defeso ao empregado usufruir suas férias sem que apresente ao seu empregador a sua Carteira de Trabalho e Previdência Social, conforme §1º do art. 135 da CLT. Mas, afinal, quem escolhe o período de férias a ser usufruídos? Empregado ou empregador? Nossa legislação é muito clara sobre o assunto. A época da concessão de descanso anual (férias) será escolhida pelo empregador, nos moldes que melhor consulte os interesses deste. Portanto, não é o trabalhador que escolhe a época em que irá gozar suas férias. No entanto, temos duas exceções (art. 136 da CLT): 1) Os membros de uma família, que trabalharem na mesma empresa, terão direito a usufruir as férias no mesmo período, se assim o desejarem e, ainda, se disto não resultar prejuízo para o serviço. 2) O empregado estudante, menor de 18 (dezoito) anos, poderá fazer coincidir suas férias com as férias escolares. As exceções acima retiram do poder do empregador a escolha da época das férias. Atenção aluno: é assegurado pela Constituição Federal que, nas férias, à remuneração será acrescentado um terço, a fim de possibilitar que o empregado usufrua com maiores possibilidades deu maior período de descanso no ano. Trata-se do terço constitucional das férias, previsto no art. 7º, XVII, da CF. A remuneração das férias, com o acréscimo de um terço, deverá ser paga até 02 (dois) do início do período, conforme art. 145 da CLT. Ainda se lhe aprouver, o empregado poderá, a sua disponibilidade, converter até 1/3 das férias em abono pecuniário (comumente chamado de "vender as férias"). Este abono deverá ser solicitado até 15 (quinze) dias do término do período aquisitivo (e não concessivo). Ou seja, antes de encerrar os primeiros doze meses (mais precisamente quinze dias antes de terminar aquele prazo), o trabalhador deverá requerer junto ao seu empregador o abono das férias. 35 E caso não haja a concessão das férias em momento oportuno (período concessivo) ou não haja o pagamento das férias no momento correto (dois dias anteriores ao início das férias)? Qual a consequência ao empregador? Caso haja o desrespeito à concessão das férias no período concessivo, o empregador deverá pagar em dobro a respectiva remuneração, conforme nos traz a redação do art. 137 da CLT: "Art. 137 - Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata o art. 134, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração." E caso não haja pagamento no prazo correto (dois dias anteriores ao gozo das férias), a mesma pena é aplicada, conforme tem entendido o Tribunal Superior do Trabalho: OJ-SDI1-386. FÉRIAS. GOZO NA ÉPOCA PRÓPRIA. PAGAMENTO FORA DO PRAZO. DOBRA DEVIDA. ARTS. 137 E 145 DA CLT. (DEJT divulgado em 09, 10 e 11.06.2010) É devido o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o terço constitucional, com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que gozadas na época própria, o empregador tenha descumprido o prazo previsto no art. 145 do mesmo diploma legal. Estabilidade Estabilidade significa a garantia que o empregado tem de não ser dispensado imotivadamente, ou seja, despedido sem justa causa. Esta garantia suprime, ou atenua, o poder protestativo do empregador de dispensar seus empregados. Nossa legislação traz os casos de estabilidade, os quais serão estudados a seguir. São eles: Dirigente sindical Representantes da CIPA Acidentado Gestante Dirigente sindical O empregado eleito para o cargo de direção sindical (titular ou suplente) possui estabilidade no emprego desde o registro da sua candidatura até, se eleito, um ano após o término do mandato, de acordo com o art. 543, �3º da CLT, e art. 8º da Constituição Federal. 36 E mais: caso venha a cometer alguma falta grave (apta a embasar uma justa causa), tal deve ser apurada através de inquérito judicial, não podendo o empregador simplesmente dispensá-lo por justa causa, conforme a prática normal da situação. O motivo desta estabilidade se apresenta lógico. O empregado que atua na condição de dirigente sindical enfrenta, na maioria das vezes, o empregador (ou um conjunto de empregadores), a fim de adquirir melhores condições de trabalho/remuneração a todos os empregados da categoria. Portanto, não raro a relação entre o empregado (dirigente sindical) e o empregador se torna insuportável, devendo a lei proteger aquele de possíveis retaliações. Representantes da CIPA CIPA significa "Comissão Interna de Prevenção de Acidentes". Trata-se de uma comissão composta por representantes da classe trabalhadora e da classe empresarial. Enquanto estes são indicados, aqueles são eleitos. A CIPA possui a precípua função de fiscalizar o estabelecimento empresarial, visando prevenir acidentes e doenças do trabalho, a fim de promover a saúde física e mental dos empregadores. De modo idêntico à estabilidade vista anteriormente, a garantia no emprego inicia do registro da sua candidatura até, se eleito, um ano após o término do mandato, conforme estipula o art. 10, inciso II, alínea "a" do ADCT da Constituição Federal/88. Acidentado O art. 118 da Lei n. 8.213/91 assegura a estabilidade no emprego, pelo prazo de 12 (doze) meses, ao segurado que sofrer acidente do trabalho, após a cessação do auxílio-doença acidentário. Nos termos do art. 19 da Lei n. 8.213/91, considera-se acidente de trabalho aquele ocorrido no exercício do trabalho ou doença ocasionada pelo serviço prestado ao empregador (denominada doença profissional). Pode, ainda, ser configurado pelo acidente no trajeto à empresa (ou no retorno à residência do trabalhador). No entanto, é necessário que o trabalhador tenha sofrido lesão que o afaste por, pelo menos, 16 (dezesseis) dias, uma vez que, após o 15º dia de afastamento, o empregado é direcionado ao percebimento do auxílio- acidentário. Gestante 37 A estabilidade da gestante está prevista no art. 10, II, "b" do ADCT. Seu fundamento está calcado nos mais basilares direitos humanísticos, a fim de se garantir a mínima subsistência à empregada gestante, bem como ao seu filho. Retirar a trabalhadora gestante do seu emprego é suprimir a principal fonte de renda do cidadão brasileiro, prejudicando-a em momento de maior necessidade. Portanto, a empregada não poderá ser dispensada imotivadamente (sem justa causa) desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. Atenção aluno! Para se adquirir a estabilidade, a gravidez não necessita ser comunicada ao empregador. Portanto, se Tícia estiver grávida há 10 dias (e nem mesmo ela tiver ciência deste fato) e for dispensada sem justa causa, ela poderá requerer a reintegração ao serviço, eis que já adquirida a estabilidade no emprego. Segundo o Tribunal Superior do Trabalho,"o requisito para que a empregada detenha a garantia do direito à estabilidade gestante é pura e simplesmente a gravidez. Isso porque a estabilidade provisória foi instituída de forma objetiva como um direito devido a partir da concepção, objetivando assegurar a proteção ao nascituro. O direito em questão pressupõe tão-somente o estado gravídico da empregada na constância do contrato de trabalho, que é o caso, tendo em vista a responsabilidade objetiva decorrente dos riscos inerentes à condição de empregador. (TST. RR: 237900-76.2009.5.02.0021, Relator: Emmanoel Pereira, Data de Julgamento: 19/10/2011). E se a empregada ficar grávida durante o aviso prévio? O Tribunal Superior do Trabalho tem entendido que o aviso prévio faz parte do contrato de trabalho, razão pela qual, caso a empregada fique grávida neste período, é-lhe garantida a estabilidade. Veja este julgado, o que reflete o entendimento de grande parte da jurisprudência: Recurso de revista. Estabilidade Provisória. Gestante. Concepção no curso do aviso prévio indenizado. [...] a concepção durante o curso do aviso-prévio dá direito à estabilidade provisória da gestante, porquanto, além de o contrato de trabalho ainda não ter-se expirado, há de ser observada a dicção do artigo 10, II, b, do ADCT, o qual é enfático ao determinar que fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto." (TST. RR: 2646-70.2011.5.02.0501, Relator: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 06/11/2013) Estabilidade nos contratos por prazo determinado 38 O tema já gerou inúmeros debates no Judiciário. Isso porque, quando da pactuação de contrato por tempo determinado, o empregado já sabe, desde o início, quando irá se encerrar sua prestação de serviço, sem que isso gere ao empregador alguns dos ônus normais da rescisão contratual. Peguemos o exemplo do contrato de experiência: Caso Tícia, contratada pelo prazo de 30 (trinta) dias a título de experiência, fique grávida durante este período, a ela será concedida a estabilidade no emprego desde a gestação até cinco meses após o parto? Em algumas situações que ocasionam a estabilidade, o Judiciário tem entendido pela sua aplicabilidade. São os casos do acidente de trabalho e da gestação. Assim, ainda que o empregado esteja sob experiência, caso se acidente ou, no caso de empregada, fique grávida, será prorrogado o contrato para indeterminado haja vista a concessão da estabilidade no emprego, não podendo o empregador dispensá-lo(a) quando encerrado o prazo do contrato. Este entendimento vem insculpido nas Súmulas 244, III, e 378, III, ambos do TST. Extinção do contrato de trabalho Como quase tudo na vida, a relação jurídica do emprego pode chegar ao fim, haja vista uma infinidade de motivos. Trata-se da extinção do contrato de trabalho, a qual será objeto do presente
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