Buscar

Contabilidade Aula 00 Histórico, Objetivos, Princípios e Convenções da Contabilidade

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 83 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 83 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 83 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 1
1 Roteiro 
a) Introdução – apresentação do curso e do conteúdo da aula. 
b) Conceito de Contabilidade – ciência, campo, objeto e método. 
c) Histórico – surgimento, evolução e situação atual. 
d) Conceito de patrimônio – bens, direitos e obrigações. 
e) Funções da Contabilidade – a Contabilidade como um sistema de 
informação, seus usuários e seus objetivos. 
f) Princípios e convenções contábeis. 
2 Introdução 
“Decifra-me ou devoro-te”. 
Essa antiga frase, da tragédia Grega “Édipo Rei” escrita por Sófocles, 
dita pela esfinge a Édipo, parece apoderar-se do estudante quando do 
seu primeiro contato com a Contabilidade. De fato, parece um desafio 
decifrar essa estranha linguagem, que mistura palavras e matemática, 
em linguagem escrita, parece usar palavras soltas de forma telegráfica 
e, ainda por cima, parece tratar de forma inversa o credor e o devedor. 
Estamos aqui para provar o contrário, para demonstrar que a 
Contabilidade está apoiada em poucas e claras premissas que, uma vez 
conhecidas, nos permitem entender (de forma lógica, rápida e fácil) 
seus detalhes. 
Nossa proposta é trabalhar os conceitos contábeis de forma concreta, 
(1) com referência à realidade conhecida de todos nós, induzindo o 
aluno ao entendimento dos conceitos e não apenas os apresentando 
(reduzindo assim – ao máximo – a necessidade de decorar), (2) de 
forma lúdica – o aprendizado tem que ser prazeroso – porque a emoção 
tem o poder de fixar o conhecimento na memória do estudante (em 
outras palavras, o caminho da mente passa pelo coração1) e (3) de 
forma completa (que permita resolver problemas). 
Seguindo o ensinamento de Aristóteles, estamos convictos que não há 
nada no intelecto que não tenha passado pelos sentidos. Dessa forma, 
como método, vamos nos valer de várias metáforas, que permitam ao 
aluno “sentir o peso do patrimônio nas mãos” e “ver o valor sendo 
transferido de um elemento do patrimônio para outro”. É somente 
 
1 Veja a etmologia da palavra decorar – saber com o coração (de cor) – no mesmo 
sentido o inglês usa to know by heart (saber com o coração). 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 2
dessa forma (concreta), a partir da realidade já conhecida, que o aluno 
apreende conceitos novos com facilidade. 
Assim, uma vez conhecida, a Contabilidade – Decifrada – não nos 
devora. Ao contrário, somos nós que nos deliciamos com ela: “mamão 
com açúcar”. 
A preparação inclui aulas sobre temas específicos e em grau de 
dificuldade crescente, que não somente apresentam os conceitos 
atinentes à matéria, de forma clara e direta, mas também apontam os 
assuntos de maior relevância, bem como os detalhes geralmente 
pedidos nas provas. Ao final de cada aula, com o objetivo de 
proporcionar uma preparação completa, são recomendadas leituras, de 
normas e obras referenciadas e, finalmente – mas não menos 
importante –, são propostas questões de provas anteriores (a maioria 
da ESAF, de concursos para AFRF, TRF, TCU, AFC e etc., mas também 
de outras bancas), resolvidas e comentadas. 
É no processo de resolução de questões de prova que os conceitos 
aprendidos serão contextualizados, na interpretação do enunciado, os 
detalhes e armadilhas serão detectados e, ainda, os critérios utilizados 
pelo examinador serão revelados, tornando-se familiares ao estudante. 
Além do medo do desconhecido, já comentado acima, outra dificuldade, 
que prejudica o aprendizado da Contabilidade, é a tentativa de utilização 
de conceitos, por ela tratados, de forma não-rigorosa. Nesse diapasão, 
é normal escutar frases EQUIVOCADAS, de pessoas que pensam 
dominar a Contabilidade, como: (1) Se vendas são receitas, compras 
são despesas; (2) Uma empresa estava com lucro, mas comprou um 
veículo e o lucro foi todo consumido, em compensação houve um 
aumento do capital, no valor do veículo; (3) Não houve receita de 
venda, pois as mercadorias ainda não foram pagas; (4) Provisões são 
antecipações de despesa que somente irá ocorrer no futuro; (5) 
despesas são itens negativos do patrimônio, portanto são passivos e 
receitas, ao contrário, devem ser ativos; (6) Créditos são conceitos 
positivos do patrimônio, portanto os ativos devem ser representados por 
créditos, ao contrário, os passivos devem ser representados por débitos; 
etc. Todas essas idéias, acima, são corriqueiras, MAS ESTÃO 
INCORRETAS, e prejudicam o raciocínio contábil. Assim, nossa proposta 
de aprendizado pressupõe que o aluno deixe para traz idéias 
preconcebidas e abra sua mente para os conceitos que serão colocados. 
Como um ganho paralelo, além da aprovação no concurso – é claro, o 
correto entendimento dos fundamentos da Contabilidade permitirá ao 
estudante uma melhor visão do mundo que nos cerca. Assim, será mais 
fácil ler o jornal, entender as matérias de economia, negócios, mercado 
acionário e, ainda, os balanços publicados pelas empresas. Porém, no 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 3
meu entender, o maior ganho paralelo auferido pelo estudante, no 
aprendizado da Contabilidade, é a possibilidade de entender com clareza 
os detalhes da legislação (tão importante na atividade diária do Auditor-
Fiscal). Afinal de contas, os tributos incidem sobre a renda (lucro, no 
caso de pessoas jurídicas), a receita ou o faturamento – que são 
conceitos tratados de forma rigorosa pela Contabilidade – e a legislação, 
ao referenciá-los, faz alusão a esses conceitos contábeis. 
Apresentada nossa proposta didática, passaremos (com alegria e 
confiança) ao estudo da matéria. 
3 Conceito de Contabilidade 
Em vários livros, encontramos a definição da Contabilidade como a 
ciência que estuda o patrimônio e que apresenta: (a) a azienda como 
seu campo, (b) o patrimônio como seu objeto e (c) as partidas dobradas 
como o método por ela eleito. 
Nesse sentido, a Resolução n° 774, de 1994, do Conselho Federal de 
Contabilidade dispõe, conforme a seguir: 
1 – A CONTABILIDADE COMO CONHECIMENTO 
1.2– A Contabilidade como ciência social 
A Contabilidade possui objeto próprio – o Patrimônio das 
Entidades – e consiste em conhecimentos obtidos por 
metodologia racional, com as condições de generalidade, 
certeza e busca das causas, em nível qualitativo 
semelhante às demais ciências sociais. A Resolução 
alicerça-se na premissa de que a Contabilidade é uma 
Ciência Social com plena fundamentação epistemológica. 
Por conseqüência, todas as demais classificações – 
método, conjunto de procedimentos, técnica, sistema, 
arte, para citarmos as mais correntes – referem-se a 
simples facetas ou aspectos da Contabilidade, usualmente 
concernentes à sua aplicação prática, na solução de 
questões concretas. 
No mesmo sentido, o Primeiro Congresso de Contabilistas – ocorrido no 
Rio de Janeiro, em 1924 – definiu que “a Contabilidade é a ciência que 
estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro 
relativos à administração econômica”. 
Nem sempre o leitor fica satisfeito com essa colocação, fica faltando 
uma explicitação desses conceitos, para que se possa transmitir uma 
idéia útil àqueles que iniciam o estudo na área. A sensação é a de que, 
já de início, há palavras para decorar sem que se entenda seu 
significado. 
Esclareço que, na preparação para concursos públicos, não há nada de 
errado na necessidade de que sejam decorados (memorizados) termos e 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 4
conceitos. Gosto de utilizar a seguinte frase, bem humorada, para 
ilustrar a questão: não é necessário decorar nada, somentese quiser 
passar no concurso. O que está errado é ter que decorar algo que não 
se entendeu; essa é uma tarefa incompatível com nossa natureza 
humana, curiosa e inconformada com a ignorância. Em nossas vidas, 
decoramos idiomas inteiros, números compridos (identidade, CPF, 
endereços, telefones, etc.), portanto, memorizar não é exatamente um 
problema para nós. O segredo da memorização é, antes de decorar, 
entender o significado do que vai – em seguida – ser decorado. 
3.1 Conceito de Ciência 
Para entender o que está acima colocado, antes de qualquer explicação, 
faz-se necessário conhecer o conceito de ciência. Por ciência, entende-
se uma atividade rigorosa de estudo. Não é uma atividade de estudo 
qualquer, mas uma atividade rigorosa – em que os resultados e 
conclusões alcançados por diversos estudiosos sejam compatíveis entre 
si e apontem em uma mesma direção, servindo para resolver problemas 
e responder questionamentos. O objetivo de qualquer ciência é 
encontrar verdades parciais, que expliquem tão somente aquela parte 
da realidade que a ciência se propõe estudar. 
Para adentrar ao conceito de ciência, é também importante identificar o 
que ela não é, e o que ela não busca: 
a ciência não tem por objetivo encontrar uma verdade completa sobre a 
realidade e a existência, que tudo explique – isso é um problema da 
filosofia, notadamente da metafísica, que escapa ao escopo do nosso 
curso; 
a ciência não procura uma verdade última, que não possa ser discutida, 
desafiada ou derrubada – esse seria o conceito de dogma religioso. 
Pois bem, com base no que foi acima colocado, é considerado científico 
o conhecimento, rigorosamente alcançado, que explique uma parcela da 
realidade e que seja passível de refutação sem ter sido ainda refutado. 
É no âmbito do conceito de ciência que a Contabilidade se coloca, como 
uma atividade rigorosa de estudo, conforme já visto. Faz-se então 
necessário identificar o campo e o objeto de estudo da Contabilidade. 
3.2 O Campo e o Objeto de Estudo da Contabilidade 
Por campo, entende-se aquela parcela da realidade estudada por uma 
ou mais ciências. Metaforicamente, considerando-se a realidade como 
um grande território onde se encontra a humanidade, o campo seria um 
pequeno terreno a ser conhecido em detalhes por uma ou mais ciências. 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 5
Interessante notar que um mesmo campo pode ser estudado por mais 
de uma ciência, diferindo, apenas, o aspecto do campo estudado por 
cada uma. Exemplificativamente, as ciências sociais têm seu estudo 
direcionado para um mesmo campo: o campo das relações entre seres 
humanos. Assim, a Economia estuda as relações entre seres humanos 
do ponto de vista das necessidades humanas ilimitadas frente a 
recursos escassos, a Política, por outro lado, estuda as relações entre 
seres humanos do ponto de vista do poder. 
A Contabilidade, portanto, tem como campo a azienda. Por azienda, 
entende-se toda entidade organizada passível de ter um patrimônio 
(bens, direitos e obrigações). O termo azienda tem o mesmo radical 
que “fazenda”, no sentido de tesouro e não no sentido de propriedade 
rural – veja que o Ministério da Fazenda é responsável pela 
administração do Tesouro Nacional (mas não possui bois nem vacas). 
Repare que a utilização do conceito de azienda permite que a 
Contabilidade se preocupe com organizações que não apenas as 
empresas formalmente constituídas (pessoas jurídicas com fins 
lucrativos), alcançando também as empresas informais, as entidades 
sem fins lucrativos, empresas públicas, pessoas físicas e etc2. Dessa 
forma, enquadram-se, exemplificativamente, no conceito de azienda as 
indústrias, as empresas comerciais, as empresas prestadoras de 
serviços, os clubes, os templos religiosos, os partidos políticos, as 
pessoas físicas e etc. 
Visto que a Contabilidade é atividade de estudo sobre as aziendas, resta 
identificar seu objeto. Por objeto, entende-se o viés, o ponto de vista, a 
preocupação principal que a ciência tem ao observar seu campo de 
estudo. No caso, a Contabilidade apresenta como seu objeto o 
patrimônio, entendido como o conjunto de bens, direitos e obrigações 
referentes à azienda. 
Repare que outras ciências podem também se ocupar do estudo de 
entidades que se enquadrem no conceito de azienda. Um exemplo claro 
disso é a Administração, que se ocupa de entidades (aziendas), porém 
sob o ponto de vista (objeto) da organização de bens e pessoas. Assim, 
conclui-se que é o objeto que diferencia as ciências. 
 
2 Por Pessoa Física, entende-se qualquer ser humano que, tendo personalidade jurídica 
(sendo sujeito de direitos e obrigações) pode ser titular de um patrimônio. Por Pessoa 
Jurídica, entende-se toda entidade resultante da organização humana de recursos 
(humanos e materiais) que, também pode ser titular de um patrimônio. Pessoas 
jurídicas podem ser classificadas em Pessoas Jurídicas de fato (que não estão 
regularmente constituídas – conforme o Direito) ou de Direito (que estão devidamente 
formalizadas pelo registro de seus atos constitutivos – Estatuto, no caso de uma 
Sociedade Anônima ou Contrato Social, no caso de uma Limitada – registrados no 
órgão próprio). 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 6
Apresentadas as definições acima, não podemos deixar de considerar 
que, na prática, a Contabilidade está acompanhada de conceitos 
oriundos de outras áreas do conhecimento. Isso porque, ainda que as 
ciências sejam didaticamente separadas e classificadas, cabe referenciar 
que o conhecimento é único, assim, para aplicação prática de uma 
ciência (geração de tecnologia), faz-se necessária uma interação de 
seus conhecimentos típicos com outros, o que se entende por 
multidisciplinariedade. 
Referindo-se, ao mesmo tempo, aos conceitos de campo e objeto 
(propriamente dito) da Contabilidade, pelo nome de objeto, temos a já 
citada Resolução n° 774, de 1994, do Conselho Federal de 
Contabilidade, dispondo conforme a seguir: 
1.2 – O Patrimônio objeto da Contabilidade 
O objeto delimita o campo de abrangência de uma ciência, 
tanto nas ciências formais quanto nas factuais, das quais 
fazem parte as ciências sociais. Na Contabilidade, o objeto 
é sempre o PATRIMÔNIO de uma Entidade, definido como 
um conjunto de bens, direitos e de obrigações para com 
terceiros, pertencente a uma pessoa física, a um conjunto 
de pessoas, como ocorre nas sociedades informais, ou a 
uma sociedade ou instituição de qualquer natureza, 
independentemente da sua finalidade, que pode, ou não, 
incluir o lucro. O essencial é que o patrimônio disponha de 
autonomia em relação aos demais patrimônios existentes, 
o que significa que a Entidade dele pode dispor livremente, 
claro que nos limite estabelecidos pela ordem jurídica e, 
sob certo aspecto, da racionalidade econômica e 
administrativa. 
O Patrimônio também é objeto de outras ciências sociais – 
por exemplo, da Economia, da Administração e do Direito 
– que, entretanto, o estudam sob ângulos diversos daquele 
da Contabilidade, que o estuda nos seus aspectos 
quantitativos e qualitativos. A Contabilidade busca, 
primordialmente, apreender, no sentido mais amplo 
possível, e entender as mutações sofridas pelo Patrimônio, 
tendo em mira, muitas vezes, uma visão prospectiva de 
possíveis variações. As mutações tanto podem decorrer da 
ação do homem, quanto, embora quase sempre 
secundariamente, dos efeitos da natureza sobre o 
patrimônio. 
Por aspecto qualitativo do patrimônio entende-se a 
natureza dos elementos que o compõem como dinheiro, 
valores a receber ou a pagar expressos em moeda, 
máquinas, estoques de materiais ou de mercadorias, etc. A 
delimitaçãoqualitativa desce, em verdade, até o grau de 
particularização que permita a perfeita compreensão do 
componente patrimonial. Assim, quando falamos em 
“máquinas”, ainda estamos a empregar um substantivo 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 7
coletivo, cuja expressão poderá ser de muita utilidade, em 
determinadas análises. Mas a Contabilidade, quando 
aplicada a um patrimônio particular, não se limitará às 
“máquinas” como categoria, mas, dependendo das 
necessidades de controle poderá descer a cada máquina 
em particular e, mais ainda, aos seus pormenores de 
forma que sua caracterização evite a confusão com 
quaisquer outras máquinas, mesmo de tipo idêntico. 
O atributo quantitativo refere-se à expressão dos 
componentes patrimoniais em valores, o que demanda que 
a Contabilidade assuma posição sobre o que seja “Valor”, 
porquanto os conceitos sobre a matéria são extremamente 
variados. 
É importantíssimo lembrar que o conceito de patrimônio é juridicamente 
tratado e, assim, revela-se uma relação imbricada entre a Contabilidade 
e o Direito. Ambos, como ciências sociais, tem seu objeto criado pelo 
homem (e, conseqüentemente, por ele modificável). Dessa forma, a 
Contabilidade deve estudar o Patrimônio nos termos em que o Direito o 
define. 
3.3 O Método da Contabilidade 
Finalmente, o método da Contabilidade. A palavra método, oriunda do 
Grego, significa caminho que leva a um objetivo. Trata-se de uma 
composição de duas palavras: metha e odós. Metha (meta) significa 
objetivo e odós significa caminho (veja-se a palavra odômetro – que 
mede a distância do caminho percorrido por um automóvel e que 
apresenta o mesmo radical), assim, método é a meta que se encontra 
utilizando um determinado caminho. Muito bem, é o método que dá 
rigor à ciência. Caso contrário, os resultados alcançados seriam 
aleatórios e incompatíveis – trilhando-se caminhos diversos, 
chegaríamos a destinos diferentes. O método se faz necessário para 
afastar as conclusões baseadas simplesmente no “bom senso”, pois 
duas pessoas usando somente seus “bons sensos” podem alcançar 
conclusões completamente diferentes (e, não raro, incompatíveis) sobre 
um mesmo objeto. Ilustrando essa afirmação, Descartes afirma que o 
bom senso é a matéria mais abundante no Universo (todos acham que 
possuem e ainda querem dar um pouco do seu para os outros) e, 
entretanto, não resolve o problema. 
Na Contabilidade, o método utilizado é o método das partidas dobradas 
(que será visto em detalhes adiante em nosso curso). Esse método 
consiste em considerar que para todo e qualquer item que ingressa no 
patrimônio, há um lugar de onde ele é proveniente. Ou seja, não há 
geração espontânea de patrimônio, mas sim uma origem para todo 
elemento que se aplica no patrimônio, passando a integrá-lo. 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 8
A partir desse método, são desenvolvidas técnicas, de escrituração e 
apuração de demonstrações contábeis, de análise de demonstrações e 
de verificação da correção das informações contábeis (auditoria), que 
resultam na aplicação prática da ciência e que serão estudadas em 
nosso curso. Apenas para fins de esclarecimento, faremos – a seguir – 
uma rápida apresentação das técnicas acima referenciadas: 
1) Escrituração – consiste na técnica de registro de fatos contábeis 
(acontecimentos com relevância na alteração da composição do 
patrimônio) em livros próprios (conhecidos como livros de 
escrituração); 
2) Demonstrações contábeis (Elaboração) – também conhecidas como 
demonstrações financeiras, consistem quadros e esquemas 
(determinados pela legislação) que têm por objetivo evidenciar a 
situação patrimonial, o resultado e sua respectiva destinação, bem 
como sua capacidade financeira de curto prazo – são elas3: 
a) O Balanço Patrimonial – BP; 
b) A Demonstração de Resultados do Exercício – DRE; 
c) A Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados – DLPA (que 
pode ser substituída pela Demonstração das Mutações do 
Patrimônio Líquido – DMPL, a que somente as companhias de 
capital aberto estão obrigadas), e; 
d) A Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR). 
3) Demonstrações Contábeis (Análise) – também conhecida como 
Análise de Balanços, a Análise das Demonstrações Financeiras tem 
por objetivo o estudo e avaliação do patrimônio, através da 
decomposição e interpretação dos demonstrativos, com vistas à 
comparação (tanto do patrimônio quanto do resultado) com os de 
outras entidades, e de outros períodos e, assim, permitindo uma 
tomada de decisões mais abalizada. 
4) Auditoria – é o método de verificação da fidedignidade das 
informações do patrimônio, registradas no sistema contábil, a 
auditoria pode ser: 
a) Interna – quando realizada por um empregado da própria 
entidade; 
 
3 Além dessas demonstrações contábeis – determinadas por lei – faz-se necessária a 
elaboração de Notas Explicativas às demonstrações financeiras, que têm por objetivo 
esclarecer alguns detalhes não explicitados diretamente na respectiva demonstração. 
Ainda, algumas empresas podem – se desejar – apresentar outras demonstrações não 
determinadas em lei, apenas a título de nota explicativa, sendo este o caso da 
Demonstração dos Fluxos de Caixa – estudada mais adiante neste curso. 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 9
b) Externa – quando realizada por um terceiro, externo à entidade, e 
presumidamente isento – denominado Auditor Independente; 
c) Fiscal – Realizada por Servidor Público (Auditor-Fiscal) com o 
objetivo de verificação do correto registro dos fatos contábeis que 
possam ensejar fato gerador de tributos. 
4 Histórico da Contabilidade 
4.1 Antiguidade 
A idéia de Contabilidade está fortemente ligada à idéia de patrimônio, 
não há aquela sem este. Assim, fazendo-se uma análise histórica da 
Contabilidade, conclui-se que no período em que o homem era nômade 
– vivia da caça e da coleta – a Contabilidade não tinha a menor 
importância para o ser humano. Isso porque ter patrimônio, antes de 
ser algo desejável, era um estorvo a ser carregado na difícil caminhada 
de uma vida nômade (quanto menos fosse carregado, maior as chances 
de sucesso e sobrevivência). 
Isso muda em um momento histórico da maior importância: no advento 
da revolução agrícola. A revolução agrícola ocorreu no momento em 
que o homem percebeu que, se deixasse o resto de sua comida 
(sementes) na terra, ali surgiria – no futuro – mais alimento (novos 
frutos) para seu sustento. Da mesma forma, caso animais fossem 
guardados em rudimentares cercados, ali eles dariam crias que, no 
futuro, serviriam de alimento e vestuário. 
Aí nasceu a idéia de propriedade da terra e, conseqüentemente, de tudo 
o que nela estivesse. É nesse contexto que surge a Contabilidade. 
Portanto, desde que o homem passou a possuir bens, ele se preocupou 
com o controle desses bens. 
Como ilustração da Contabilidade, ainda que incipiente, pode ser feita 
uma alusão à situação de pastores que, na antiguidade, levavam, pela 
manhã, seu rebanho para o pastoreio: 
1) no início do dia, quando o rebanho saía do cercado, a cada cabeça 
que passasse pela porteira, era colocada uma pequena pedra em um 
recipiente (um vaso de cerâmica ou uma sacola de couro, por 
exemplo) – repare que no recipiente havia uma REPRESENTAÇÃO do 
patrimônio, com uma correspondência biunívoca entre o conjunto de 
animais e de pedras guardadas. 
2) Ao final do dia, os animais eram recolhidos ao cercado e era feita 
uma nova verificação do rebanho, a cada animal que passasse pela 
porteira, era retirada uma pedra do recipiente onde elas haviam sidoguardadas pela manhã: 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 10
a) Caso, ao final da entrada do rebanho no cercado, ainda houvesse 
pedrinhas no recipiente, concluir-se-ia que houve extravio ou 
morte de algum animal (com conseqüente redução do 
patrimônio); 
b) Caso as pedrinhas do recipiente acabassem sem que todos os 
animais tivessem passado pela porteira do cercado, concluir-se-ia 
que houve nascimento ou que algum animal se agregou ao 
rebanho durante o dia (com conseqüente aumento do patrimônio). 
Essa era uma forma ainda muito rudimentar de controle do patrimônio, 
porque não conseguia identificar a origem (de onde vieram) os 
aumentos patrimoniais ou os destinos (para onde foram) as reduções 
patrimoniais. Da mesma forma, não conseguia apresentar de forma 
clara uma eventual troca de elementos no patrimônio (uma troca de um 
animal por uma lança, por exemplo, durante o dia seria vista como o 
desaparecimento de um animal – sem identificação de seu destino – e o 
surgimento de um apetrecho – sem identificação de sua origem). 
4.2 Renascimento e Grandes Navegações 
Dando um pulo gigantesco na história, acompanhando a evolução da 
Contabilidade, passamos para o período do Renascimento e das Grandes 
Navegações - um período de grandes transformações culturais, 
geográficas, políticas e econômicas. Naquele tempo, com o 
renascimento das cidades e do comércio, as relações econômicas se 
sofisticaram, demandando a criação de mecanismos de controle que as 
acompanhassem e facilitassem. 
Naquele momento, por exemplo, surgiram idéias que deram origem aos 
títulos de crédito, ao papel moeda e ao sistema financeiro. 
Com o fortalecimento das cidades, entrou em declínio a idéia de auto-
suficiência dos feudos e, assim, surgiu a necessidade de comércio, que 
se organizou na forma de feiras – que ocorriam nas diferentes cidades. 
Um comerciante que quisesse comprar e vender suas mercadorias em 
outra cidade tinha que enfrentar uma viagem perigosa carregando 
dinheiro (moedas de ouro) em estradas nas quais haviam bandidos 
(salteadores). A solução era deixar seu ouro em uma casa de custódia e 
ficar com um documento lettera cambii que permitia ao comerciante, ao 
chegar na outra cidade, procurar a respectiva casa de custódia e, lá, 
trocar sua leterra cambii por moedas de ouro, necessárias a sua 
atividade de comércio. 
Os proprietários das casas de custódia rapidamente perceberam que o 
dinheiro nelas depositado ficava lá muito tempo, até que o detentor de 
uma lettera cambii requisitasse sua retirada, e, assim, aproveitavam 
para – durante aquele período – emprestar o dinheiro a terceiros 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 11
(cobrando juros); essa atividade, hoje típica de bancos, deu origem ao 
moderno sistema financeiro. As lettera cambii, por sua vez deram 
origem aos atuais títulos de crédito e, posteriormente, ao papel moeda. 
Nasceu, também naquele momento histórico, a idéia que deu origem às 
modernas seguradoras. 
No período das grandes navegações, uma viagem às Índias significava 
um enorme investimento e, conseqüentemente, um enorme risco. O 
termo empresa (hoje ligado à idéia de pessoa jurídica) tinha o 
significado inicial de aventura (daí a idéia de uma pessoa 
empreendedora ser aquela que tem capacidade de enfrentar situações 
de aventura). No caso de um naufrágio, poder-se-ia perder toda uma 
fortuna, amealhada em gerações. Ocorre que nem toda viagem era 
objeto de naufrágio, ao contrário, as que retornavam davam aos 
empreendedores um lucro imenso. Assim, empreendedores se reuniam 
em associações de mercadores, ou hansas, que monopolizavam 
determinados trechos de comércio, e guardavam – cada um – um 
pequeno valor (relativamente ao investimento necessário para 
empreender a navegação) para indenizar aquele que, porventura, 
tivesse seu navio naufragado. Essa atividade é, hoje, típica de 
seguradoras. 
Consolidou-se, ainda, naquele momento, a utilização da pessoa jurídica, 
como sujeito central da atividade de geração e circulação econômica de 
riquezas. 
Conforme visto acima, a empresa é a atividade (a aventura) e, 
historicamente até aquele momento, ela foi desempenhada pela pessoa 
(física) do mercador – suas economias e seu trabalho eram investidos 
na atividade e o resultado era diretamente dele. Ocorre que, com a 
sofisticação das relações econômicas, o esforço patrimonial para 
empreender uma aventura passou a ser muito grande para uma pessoa 
sozinha. Dessa maneira, tornou-se necessário o concurso de várias 
pessoas (com vários patrimônios diferentes) que estivessem dispostas a 
abrir mão de uma parte de seu próprio patrimônio para colocá-lo na 
empresa (atividade-aventura), que, a partir daquele momento passava 
a ter existência própria. Essa separação entre o patrimônio dos 
empreendedores e do empreendimento é o fulcro da moderna limitação 
de responsabilidades das pessoas jurídicas, o que permitiu que as 
empresas crescessem e, com elas, a economia. 
A necessidade de uma Contabilidade mais refinada ocorreu, portanto, 
durante esse período, do Renascimento e das Grandes Navegações, em 
que um empreendedor necessitava levantar um financiamento para 
organizar uma expedição, efetuar negócios em terras distantes, trazer 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 12
mercadorias de volta para a Europa, vender estas mercadorias, quitar o 
seu financiamento e apurar o lucro do empreendimento. 
Nesse contexto, fazia-se necessário um controle do patrimônio que 
permitisse acompanhar (passo a passo) as transformações ocorridas no 
patrimônio: (a) a obrigação, contraída, de pagar um financiamento se 
transformava – patrimonialmente – em navios, mercadorias e dinheiro; 
(b) parte do dinheiro se transformava – patrimonialmente – na 
capacidade de ter homens disponíveis para trabalhar durante a viagem; 
(c) outra parte do dinheiro, quando do comércio nas Índias, se 
transformava – patrimonialmente – em especiarias; (d) as especiarias, 
na volta, eram vendidas na Europa e se transformavam – 
patrimonialmente – em dinheiro; (e) o dinheiro, no momento da 
quitação do financiamento, se transformava – patrimonialmente – na 
extinção da obrigação de pagar o referido financiamento; e (f) o que 
restava era considerado lucro do empreendimento (aventura). 
Por volta de 1494, um frei italiano chamado Lucca Pacciolli escreveu um 
livro chamado Summa Aritmética, um tratado de lógica e matemática 
onde também descrevia todos os métodos de contabilização que então 
existiam espalhados, seja através de relatos verbais que chegaram ao 
seu conhecimento, seja através de livretos que ensinavam como fazer 
os registros dos bens e das mercadorias que eram negociadas pelos 
mercadores ou outros negociantes da época. Lucca Pacciolli teve o 
grande mérito de condensar todo esse conhecimento contábil em um 
único livro, por isso, é considerado o Pai da Contabilidade Moderna. Ele 
apresentou como método de registro do Patrimônio e de suas mutações, 
o denominado “Método das Partidas Dobradas” (débitos e créditos). 
4.3 Atualidade 
Hoje, no Brasil, a Contabilidade está regulada pela Lei da S/A, 6.404/76 
que, mantendo o método das partidas dobradas, adequa o registro do 
Patrimônio e de suas Mutações à nossa realidade econômica e social. O 
artigo 177 da citada Lei das S/A ilustra essa situação, conforme abaixo 
reproduzido: 
Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em 
registros permanentes, com obediência aos preceitos da 
legislação comercial e desta Lei e aos princípios de 
contabilidade geralmente aceitos, devendo observar 
métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e 
registrar as mutaçõespatrimoniais segundo o regime de 
competência. 
Conforme determinado pelo próprio artigo 177 da Lei das S/A, a 
Contabilidade também deve obedecer os princípios de Contabilidade 
geralmente aceitos. Esses princípios de Contabilidade estão 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 13
expressamente definidos na Resolução do Conselho Federal de 
Contabilidade - CFC n° 750, de 1993, cujo art. 1o encontra-se a seguir 
reproduzido. 
Art. 1º Constituem PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE 
CONTABILIDADE (P.F.C.) os enunciados por esta 
Resolução. 
§ 1º A observância dos Princípios Fundamentais de 
Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e 
constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras 
de Contabilidade (NBC). 
§ 2º Na aplicação dos Princípios Fundamentais de 
Contabilidade há situações concretas, a essência das 
transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais. 
Ao lado dos princípios de Contabilidade, o CFC determinou a adoção de 
várias normas brasileiras de Contabilidade – técnicas e profissionais, 
que vinculam o controle do patrimônio das entidades. 
Ainda, para empresas que se organizem sob a forma de Sociedade 
Anônimas de Capital Aberto, a Lei das S/A determina que a respectiva 
Contabilidade deva obedecer, também (e principalmente) as instruções 
emanadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), conforme consta 
do § 3o de seu art. 177, abaixo: 
§ 3º As demonstrações financeiras das companhias 
abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela 
Comissão de Valores Mobiliários, e serão obrigatoriamente 
auditadas por auditores independentes registrados na 
mesma comissão. 
Para entender essa determinação, é necessário explicar o conceito de 
Sociedade Anônima de Capital Aberto (ou, simplesmente, Companhia 
Aberta). 
Companhias Abertas são aquelas que – para financiar sua atividade – 
oferecem títulos ao mercado, notadamente ações (títulos que dão direito 
a uma fração do patrimônio e dos lucros da empresa) ou debêntures 
(títulos que dão direito a receber um determinado valor pré-
determinado em uma data futura definida e que, por vezes são 
conversíveis em ações e/ou dão direito à participação nos lucros). A 
população, conforme julgar interessante ou não, pode adquirir esses 
títulos e, com essa situação, as Companhias Abertas formam seu 
patrimônio a partir da poupança popular. 
Sendo a arrecadação da poupança popular uma atividade muito séria, 
do ponto de vista social – inclusive com potencial impacto na economia 
– faz-se necessário um acompanhamento de perto e muito acurado da 
situação dessas Companhias Abertas. Assim, elas devem obedecer, 
além do disposto na Lei das S/A, o disposto em instruções da CVM. 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 14
Nem todas as empresas no Brasil estão organizadas juridicamente sob a 
forma de Sociedade Anônima. Ao contrário, muitas estão organizadas 
como Sociedades Limitadas4, sendo que esses dois tipos societários 
representam a virtual totalidade das pessoas jurídicas do país. A 
verificação de que existem pessoas jurídicas, conseqüentemente 
empresas e, conseqüentemente, aziendas que não estão organizadas 
como Sociedades Anônimas, nos faz questionar se elas deveriam, ou 
não, obedecer à lei das S/A. O art. 1.179 do Código Civil (Lei n° 
10.406, de 2002), determina que sim e, portanto, são subsidiariamente 
aplicáveis as regras da Lei das S/A, conforme a seguir: 
Lei n° 10.406, de 2002 – Código Civil 
Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, 
diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao 
pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí 
decorrentes. 
... 
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são 
obrigados a seguir um sistema de contabilidade, 
mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de 
seus livros, em correspondência com a documentação 
respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial 
e o de resultado econômico. 
§ 1o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie 
de livros ficam a critério dos interessados. 
§ 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno 
empresário a que se refere o art. 970. 
Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é 
indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas 
no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. 
Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de 
livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial 
e do de resultado econômico. 
Mesmo antes da vigência do atual Código Civil, o Regulamento do 
Imposto de Renda (Decreto 3.000, de 1999 – RIR/99) já determinava a 
adoção da Lei das S/A por pessoas jurídicas que optassem pela 
tributação com base no Lucro Real (sistemática que determina, como 
base de cálculo do imposto, o lucro contábil ajustado, por adições, 
 
4 A diferença básica entre Sociedades Anônimas e Sociedades Limitadas é que (1) 
Sociedades Anônimas – também chamadas simplesmente de Companhias – têm seu 
capital (valor colocado pelos sócios na empresa – para formação de seu patrimônio) 
dividido em ações – títulos, sendo que não é relevante o titular das ações, que – via de 
regra – podem circular e (2) Sociedades Limitadas têm seu capital dividido em cotas 
(definidas em contrato – onde são identificados os sócios). 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 15
exclusões e compensações determinadas ou permitidas pela legislação), 
conforme art. 251: 
Art. 251. A pessoa jurídica sujeita à tributação com base 
no lucro real deve manter escrituração com observância 
das leis comerciais e fiscais (Decreto-Lei nº 1.598, de 
1977, artigo 7º). 
Parágrafo único. A escrituração deverá abranger todas as 
operações do contribuinte, os resultados apurados em suas 
atividades no território nacional, bem como os lucros, 
rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior (Lei 
nº 2.354, de 29 de novembro de 1954, artigo 2º, e Lei nº 
9.249, de 1995, artigo 25). 
Ainda, especificamente para algumas atividades econômicas (como, por 
exemplo, bancos, seguradoras, concessionárias de serviços públicos, 
etc.), órgãos ou entidades da administração pública determinam regras 
de contabilização especiais. 
De tudo isso, depreende-se que o estudo do patrimônio – hoje – 
encontra-se realizado e cristalizado em regras de aplicação mandatória, 
conforme será visto a seguir. 
5 O Patrimônio 
5.1 Definição Tradicional 
O Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma 
“azienda”. Conforme já visto, a “azienda” pode ser considerada como 
um ente qualquer (com personalidade ou não) possuidor de um 
patrimônio. A Contabilidade, portanto, tanto pode ser utilizada para o 
controle do patrimônio de uma empresa, quanto para o controle do 
patrimônio de uma pessoa física ou ainda de uma família ou de um 
negócio informal. O patrimônio, definido como o conjunto de bens, 
direitos e obrigações, encontra-se apresentado na Resolução CFC n° 
774, de 1994, a seguir: 
1.2 - … 
Do Patrimônio deriva o conceito de Patrimônio Líquido, 
mediante a equação considerada como básica na 
Contabilidade: 
(Bens + Direitos) – (Obrigações) = Patrimônio Líquido 
Quando o resultado da equação é negativo, convenciona-
se denominá-lo de “Passivo a Descoberto”. 
O Patrimônio Líquido não é uma dívida da Entidade para 
com seus sócios ou acionistas, pois estes não emprestam 
recursos para que ela possa ter vida própria, mas, sim, os 
entregam, para que com eles forme o Patrimônio da 
Entidade. 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 16
A diferenciação entre o conceito de bense de direitos não é objeto de 
maiores discussões em livros que tratam da Contabilidade. A razão 
disso é que, do ponto de vista quantitativo do patrimônio, um bem e um 
direito de mesmo valor são representados da mesma forma. 
Apenas para dar uma idéia clara ao aluno que inicia seus estudos na 
área, é importante dizer que: 
a) não é a idéia de tangibilidade (bem Æ tangível e direito Æ 
intangível), comumente aceita no vocabulário desprovido de 
precisão técnica, que diferencia bens e direitos, pois a bibliografia 
se refere constantemente a bens intangíveis (exemplo, patentes 
de invenção); 
b) a melhor conceituação/diferenciação para os termos está na idéia 
de que os bens são oponíveis a toda sociedade (posso exigir de 
todos que não o utilizem), enquanto um direito é oponível apenas 
a algum(ns) componente(s) dessa sociedade (tenho o direito de 
exigir dele(s) e apenas dele(s) que cumpram o que prometeram). 
Obrigações, por sua vez, consistem em prestações que outros podem 
exigir de nós. 
Dá-se o nome de ATIVO para o conjunto de bens e direitos e o nome de 
PASSIVO para o conjunto de obrigações. À diferença entre bens/direitos 
e obrigações (que consiste no valor líquido do patrimônio) dá-se o nome 
de PATRIMÔNIO LÍQUIDO. 
Abaixo, apresentamos esquematicamente, o patrimônio, conforme 
descrito acima. 
Ativo Passivo
------------------- Patrimônio Líquido
Bens e Direitos Obrigações 
Bens e Direitos (-) Obrigações
 
5.2 Proposta Didática de Apresentação do Patrimônio 
Acima, encontra-se a definição, e apresentação, de patrimônio que se 
encontra em qualquer bom livro de Contabilidade. Em nosso curso – 
porém – apresentamos uma proposta diferente de representação 
concreta desses conceitos, que permita sua visualização e, 
conseqüentemente, sua aplicação, com maior facilidade, nos próximos 
tópicos. Nossa proposta de apresentação do patrimônio, portanto, como 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 17
o conjunto de bens, direitos e obrigações, está apoiada na metáfora da 
caixa de areia. 
Seja uma caixa de areia, dessas em que nossas crianças brincam – nas 
praças públicas – durante o dia, em finais de semana (e que os gatos 
utilizam, durante a noite, como banheiro). Considere que a caixa tenha 
um formato quadrado e divida essa caixa ao meio, por uma linha 
vertical, separando dois lados: 
a) o lado esquerdo – representando os bens e direitos componentes 
do patrimônio; e 
b) o lado direito – representando as obrigações componentes do 
patrimônio, bem como a diferença entre bens/direitos e 
obrigações. 
Ora, considerando que o patrimônio é representado como se fosse uma 
caixa de areia e que bens e direitos são itens que aumentam o 
patrimônio, quanto mais bens e direitos no patrimônio, maior a 
quantidade de areia na caixa. Assim, metaforicamente, um bem (ou um 
direito) pode ser encarado, no patrimônio, como um montinho de areia 
do lado esquerdo da caixa de areia e, quanto maior for o valor do bem, 
maior será o tamanho do referido montinho de areia. 
Ainda considerando que o patrimônio seja representado como uma caixa 
de areia, pelo contrário, obrigações seriam itens que reduzem o total do 
patrimônio. Assim, obrigações reduziriam a quantidade de areia 
existente na caixa. Dessa forma, metaforicamente, as obrigações 
podem ser vistas, no patrimônio, como buracos feitos na caixinha de 
areia (de onde foi retirada areia). 
Por fim, o Patrimônio Líquido (que, conforme já visto, não é definido 
como uma obrigação), consiste na diferença entre bens/direitos e 
obrigações. Porém, observa-se que essa diferença corresponde 
exatamente ao valor que ao final da existência da empresa (na extinção 
da pessoa jurídica) deverá ser entregue aos sócios. Assim, 
metaforicamente, entende-se também o Patrimônio Líquido como uma 
“obrigação de longuíssimo prazo e exigibilidade muito pequena”, porém 
– como se trata de valor a ser em algum momento entregue a terceiros 
(sócios) pode ser visto também como um buraco no patrimônio. 
Seguindo nosso modelo de apresentação do patrimônio, temos o 
Patrimônio Líquido (PL) também representado por um buraco na areia. 
Repare que a quantidade de areia do montinho que representa o ativo 
(bens e direitos) é exatamente aquela necessária e suficiente para 
preencher os buracos representantes do passivo (obrigações) e do 
patrimônio líquido (valor a ser um dia entregue aos sócios). Isso está 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 18
de acordo com a equação fundamental do patrimônio já apresentada 
acima: ATIVO (-) PASSIVO (=) PATRIMÔNIO LÍQUIDO. 
Abaixo, apresentamos a representação gráfica do (1) Ativo (conjunto de 
bens e direitos) como montinhos de areia do lado esquerdo da caixa, do 
(2) passivo (obrigações) como buracos na areia do lado direito superior 
da caixa e do (3) patrimônio líquido (diferença entre bens/direitos e 
obrigações – a ser um dia entregue aos sócios) também como buracos 
do lado direito inferior da caixa de areia. 
Ativo Passivo
----------------------- Patrimônio Líquido
Bens e Direitos Obrigações 
Bens e Direitos (-) Obrigações
 
5.3 Situações Patrimoniais e Denominação dos Grupos do 
Patrimônio 
Foi visto que a equação do Patrimônio é A - P = PL, onde: 
 A = Ativo; 
P = Passivo; 
PL = Patrimônio Líquido (ou Situação Líquida). 
Assim, uma Situação Líquida Superavitária ocorre quando o PL > 0, ou 
seja, A > P, conforme apresentado abaixo: 
Ativo Passivo
Patrimônio Líquido
 
Adicionalmente, uma Situação Líquida Nula - ocorre quando o PL = 0, ou 
seja, A = P, conforme representado a seguir: 
Ativo Passivo
 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 19
Finalmente, uma Situação Líquida deficitária – denominada também 
passivo a descoberto – ocorre quando o PL < 0, ou seja, A < P, de 
acordo com o quadro abaixo.5 
Ativo Passivo
Patrimônio líquido
 
Exemplos de equações do Patrimônio: 
Ativo passivo Obs.:
Bens e direitos = Obrigações + P.L. A=P+PL Situação líquida positiva - A > P
Bens e direitos = Obrigações A=P Situação líquida nula (compensada) - PL = 0
Bens e direitos < Obrigações A=P-PL Passivo a descoberto-Situação negativa (deficitária) - A < P
Bens e direitos = P.L. A=PL A empresa não tem passivo exigível - P = 0
Bens e direitos = 0 < Obrigações A=0 Passivo a descoberto-A empresa não tem bens nem direitos
 
Uma última informação, muito valiosa, para o aprendizado e o 
entendimento dos grupos que integram o patrimônio, é a de que o 
Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido (assim como o diabo) são 
conhecidos por vários nomes. Essa situação deriva do fato da 
Contabilidade, como uma ciência social, ter evoluído ao longo de vários 
séculos e acompanhado o vocabulário típico de cada época; assim, com 
a evolução da linguagem, foram assimilados pela Contabilidade vários 
diferentes vocábulos para designar um mesmo conceito. O valor desse 
conhecimento reside no fato de que a leitura de textos sobre a 
Contabilidade fica altamente facilitado; mas não é só isso, a resolução 
de questões de prova também é facilitada pela possibilidade de uma 
 
5 A demonstração da situação líquida do patrimônio do lado esquerdo 
consiste numa definição dada pelo CFC na NBC-T (Norma Brasileira de 
Contabilidade – Técnica) de n° 03 – conceito, estrutura e nomenclatura 
das demonstrações contábeis. Tal norma, em seu item 3.2.2.13 
determina que, no caso de Patrimônio Líquido negativo, seu valor deve 
ser demonstrado após o ativo, conforme a seguir transcrito. 
3.2.2.13 – No caso do patrimônio líquido ser negativo, será 
demonstrado após o Ativo, e seu valor final denominadode 
Passivo a Descoberto. 
O item 3.2.2.13 foi alterados pela Resolução CFC n° 847, 
de 16 de junho de 1999. 
 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 20
melhor interpretação do respectivo enunciado. Dessa forma, vamos aos 
termos: 
a) O Ativo. 
- O Ativo é definido como o conjunto de bens e direitos. 
- Adicionalmente, o Ativo é conhecido pelo nome de 
Patrimônio Bruto, isso porque se o Patrimônio Líquido é o 
Ativo descontado do Passivo, o Ativo sem o desconto do 
Passivo é o Patrimônio Bruto. 
- O Ativo também é conhecido como o Total das Aplicações 
(ou o Total de Recursos Aplicados no Patrimônio ou, 
ainda, simplesmente, Aplicações); isso porque os valores 
que a empresa recebe (seja dos sócios na forma de 
capital, seja de terceiros na forma de empréstimos e 
financiamentos ou, ainda, em função de sua própria 
atividade na forma de receitas) são “aplicados” na 
aquisição de bens e direitos. Portanto, o Ativo é o total 
de bens e direitos aplicado na formação do patrimônio da 
empresa. 
- O ativo, finalmente, é conhecido também como o Total 
dos Investimentos (ou o Total de Recursos Investidos no 
Patrimônio ou, ainda, simplesmente, Investimentos6); 
isso porque os valores que a empresa recebe (seja dos 
sócios na forma de capital, seja de terceiros na forma de 
empréstimos e financiamentos ou, ainda, em função de 
sua própria atividade na forma de receitas) são 
“investidos” na aquisição de bens e direitos. Portanto, o 
Ativo é o total de bens e direitos investido no patrimônio 
da empresa. 
b) O passivo. 
- O Passivo é definido como o conjunto de obrigações, que 
devem ser adimplidas pela empresa. 
- O termo Passivo é também utilizado pela Lei das S/A (art. 
178) de forma genérica, identificando o conjunto formado 
 
6 Notar os termos em inglês, que tanto influenciam nosso estudo. Os americanos 
utilizam o termo “investment” para designar o ativo (nesse sentido ver, no tópico de 
Análise de Balanços, o índice “Return on Investment” – que significa a comparação 
entre o lucro da empresa e seu Ativo). Uma última observação é a de que o termo 
investimento, entendido como o ativo, não se confunde com a expressão Ativo 
Permanente Investimento, constante da Lei 6.404, de 1976 (Lei das S/A), e que 
representa um subgrupo do Ativo e que será estudado em tópico específico deste 
curso. 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 21
pelo Passivo propriamente dito (Passivo Exigível), pelos 
Resultados de Exercícios Futuros (itens do patrimônio que 
apresentam características de Passivo Exigível e também 
de Patrimônio Líquido e que será estudado em detalhes 
em tópico próprio, quando do estudo de lançamentos e 
do Balanço Patrimonial – adiante nesse cursos) e pelo 
Patrimônio Líquido.7 
- O Passivo (Conjunto de Obrigações) também é conhecido 
pelo termo Passivo Exigível ou, ainda, simplesmente 
Exigibilidades. 
- Finalmente, o Passivo pode ser referenciado, ainda, como 
Capital de Terceiros, numa referência ao fato de que 
representa valor dado à empresa por terceiros (e que, 
por via de conseqüência, deverá ser devolvido em algum 
momento futuro). 
c) O Patrimônio líquido 
- o Patrimônio Líquido (definido como a diferença entre o 
Ativo e o Passivo) também pode ser referenciado como 
Capital Próprio, numa referência ao fato de que 
representa valor dado à empresa pelos próprios sócios ou 
acionistas ou, ainda, pela própria empresa em 
decorrência de suas atividades. 
- O Patrimônio Líquido, ainda, pode ser referenciado pelo 
termo Situação Líquida do Patrimônio. 
- Finalmente, o Patrimônio Líquido, quando tiver seu valor 
negativo pode ser referenciado pelo termo Passivo a 
Descoberto. 
Abaixo, apresentamos quadro esquemático com as possíveis 
denominações para os três grandes grupos componentes do patrimônio 
(Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido), em consonância com nossa 
proposta didática de apresentação dos patrimônio. 
 
7 O fato de um mesmo termo ser utilizado com mais de um sentido não é um problema 
desconhecido de nós. Afinal de contas, desde que aprendemos a nos comunicar, nos 
deparamos com ele: existe banco de sentar e banco de depositar dinheiro; existe 
manga de camisa e manga de comer (fruta). Ora, a distinção dos possíveis sentidos 
da palavra depende do contexto em que ela se encontra e da interpretação dada a ele 
pelos sujeitos da comunicação (escritor e leitor). Assim, em uma questão de prova, a 
interpretação faz parte de sua resolução e, caso seja possível mais de uma 
interpretação a um termo do texto do enunciado, é necessário resolver a questão duas 
vezes, utilizando ambas as possíveis interpretações, para verificar qual delas resulta 
em uma e apenas uma das respostas constantes das cinco alternativas da questão. A 
outra possível interpretação, conseqüentemente, deve ser descartada. 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 22
Passivo em
Sentido
Amplo
(Conforme a 
Lei das S/A - 
art. 178)
Obs: * O Passivo a Descoberto (PL negativo) é representado do lado esquerdo do patrimônio (após o ativo)
Ativo Passivo
--------------------------- Patrimônio Líquido
Total dos Investimentos Exigibilidades
Capital Próprio
Patrimônio Bruto
Bens e Direitos
Total das Aplicações 
Investimentos
Aplicações
Situação líquida do Patrimônio
Passivo a Descoberto (se negativo) *
Obrigações 
Passivo Exigível
Capital de Terceiros
Bens e Direitos (-) Obrigações
 
6 Funções da Contabilidade 
6.1 A Contabilidade Como um Sistema de Informações 
A Contabilidade é considerada – do ponto de vista de sua finalidade – 
como um sistema de informação. Para entender essa assertiva, é 
necessário elucidar os conceitos de (1) sistema e de (2) informação. 
Nesse sentido, citamos a Pronunciamento do Ibracon (Instituto 
Brasileiro de Contadores), aprovado pela CVM (Comissão de Valores 
Mobiliários) através da Deliberação n° 29, de 1986, a seguir 
reproduzida, em parte: 
Anexo à Deliberação nº 29 de 05 de Fevereiro de 1986. 
ESTRUTURA CONCEITUAL BÁSICA DA CONTABILIDADE - 
OBJETIVOS DA CONTABILIDADE 
A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de 
informação e avaliação destinado a prover seus usuários 
com demonstrações e análises de natureza econômica, 
financeira, física e de produtividade, com relação à 
entidade objeto de contabilização. 
Compreende-se por sistema de informação um conjunto 
articulado de dados, técnicas de acumulação, ajustes e 
editagens de relatórios que permite: 
a) tratar as informações de natureza repetitiva com o 
máximo possível de relevância e o mínimo de custo; 
b) dar condições para, através da utilização de 
informações primárias constantes do arquivo básico, 
juntamente com técnicas derivadas da própria 
Contabilidade e/ou outras disciplinas, fornecer relatórios de 
exceção para finalidades específicas, em oportunidades 
definidas ou não. 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 23
6.1.1 Conceito de Sistema 
Por sistema entende-se um “conjunto de partes relacionadas”. Um 
exemplo clássico de sistema é o relógio (conjunto de peças, todas 
relacionadas entre si – através de engrenagens, alavancas e roldanas). 
Nesse sentido, a Contabilidade também pode ser vista como um 
sistema, já que ela é composta por um conjunto de (1) dados (relativos 
ao patrimônio), de (2) técnicas de registros de fatos ocorridos no 
patrimônio (denominados tecnicamente de lançamentos), de 
acumulação e de preparação de demonstrativos e (3) de demonstrações 
– todos relacionados entre si.Os sistemas podem ser de dois tipos: abertos ou fechados. Sistemas 
fechados são aqueles que não apresentam trocas com o meio em que se 
inserem. O exemplo mais contundente de sistema fechado é o exemplo 
do relógio (do antigo relógio de corda), que não necessita de dados 
externos para calibrar e direcionar seu funcionamento – uma vez dada 
corda, ele funciona de forma independente do meio em que se encontra. 
Ao contrário, sistemas abertos são aqueles que têm seu funcionamento 
influenciado pelo meio externo e que, também, influenciam o meio onde 
se encontram. O exemplo mais claro de sistema aberto é o exemplo do 
organismo unicelular (que tanto altera a situação de seu meio de 
cultura, quanto é influenciado por modificações nele). Segundo esse 
critério, a Contabilidade seria classificada como um sistema aberto, 
sofrendo influência de várias outras disciplinas (direito, economia, 
administração, matemática financeira, estatística, etc.) e nelas 
influenciando. 
6.1.2 Conceito de Sistema de Informação 
A informação pode ser conceituada como “a matéria prima da tomada 
de decisões” ou como o “dado manipulado, para a tomada de decisões”. 
Veja que a idéia central no conceito de informação é a preparação para 
a tomada de decisões. Um dado qualquer pode não ser considerado 
como informação, quando ele não logra permitir ao usuário tomar 
decisões a partir dele. Em outro contexto, este dado (geralmente 
comparado a outros) alcança o status de informação, quando passa a 
influir na tomada de decisão por parte do usuário. 
Com base no conceito acima, podemos definir Sistema de Informação, 
conjunto de partes relacionadas destinadas a permitir/facilitar a tomada 
de decisões, por parte do usuário. Compreende-se, portanto, por 
sistema de informação um conjunto articulado de dados, técnicas de 
acumulação, ajustes e editagens de relatórios que permite: 
a) tratar as informações de natureza repetitiva com o máximo 
possível de relevância e o mínimo de custo; 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 24
b) dar condições para, através da utilização de informações primárias 
constantes do arquivo básico, juntamente com técnicas derivadas 
da própria Contabilidade e/ou outras disciplinas, fornecer 
relatórios de exceção para finalidades específicas, em 
oportunidades definidas ou não. 
Nesse diapasão, a Contabilidade – como um sistema de informação – se 
destina a prover seus usuários com demonstrações e análises de 
natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à 
entidade objeto de contabilização. 
Finalmente, cabe questionar o tipo de decisão a que a informação 
contábil se destina. São, basicamente, dois tipos de decisão: acerca da 
composição do patrimônio e acerca de sua modificação (crescimento ou 
decréscimo). Isso é importante e já foi questão de prova em concurso! 
Assim, as informações geradas pelo sistema contábil devem 
desempenhar duas funções: (1) a função administrativa, de controlar o 
patrimônio; e (2) a função econômica, de apurar o resultado (rédito). 
6.1.3 O Usuário do Sistema Contábil de Informação 
Conceitua-se como usuário toda pessoa (física ou jurídica, não importa) 
que tenha interesse na avaliação da situação (controle do patrimônio) e 
do progresso (apuração do rédito) de determinada entidade, seja tal 
entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou mesmo 
patrimônio familiar. 
Os usuários classificam-se em dois tipos básicos: o usuário interno e o 
usuário externo. O usuário interno é aquele que tem acesso (inclusive 
físico) detalhado à entidade (azienda) e, assim, pode avaliar seu 
patrimônio (também) diretamente. Um exemplo de usuário interno 
seria o próprio administrador da entidade. O usuário externo, por sua 
vez, é aquele que, sem acesso direto à entidade, tem interesse em 
conhecer e acompanhar a evolução de seu patrimônio. Como exemplos 
de usuário externos temos investidores, credores, clientes, governo, etc. 
O usuário interno tem interesse na informação contábil para tomar 
decisões como, por exemplo, admitir ou demitir pessoal, aumentar ou 
não salários, incrementar (ou reduzir) a produção de determinada 
mercadoria, investir (ou não) na construção de mais uma planta, 
adquirir (ou não) mais uma máquina, contratar (ou não) um serviço. 
O usuário externo tem interesse na informação contábil por vários 
motivos: 
a) o investidor, que precisa ter uma visão clara do patrimônio de 
uma empresa para decidir se deve utilizar suas economias para 
adquirir direitos (ações ou cotas de capital) sobre o patrimônio e, 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 25
conseqüentemente, sobre o lucro de uma empresa – ou, ainda, 
se, ao contrário, deve desfazer-se dessas ações/cotas; 
b) o credor Æ que precisa verificar a capacidade de pagamento da 
empresa para, calculando o risco de inadimplência, poder estipular 
a taxa de juros;8 
c) os fornecedores Æ que – da mesma forma que os credores em 
geral – precisam verificar a capacidade da empresa de pagar pelos 
bens adquiridos; 
d) os clientes Æ que precisam verificar – a partir do patrimônio de 
uma empresa – sua capacidade de honrar a entrega dos bens 
adquiridos; 
e) o Estado Æ que, a partir dos dados contábeis das empresas, 
consegue: 
a. avaliar a necessidade de fomento de uma ou outra 
atividade; 
b. consegue identificar os aumentos patrimoniais, que ensejam 
fatos geradores de tributos. 
Ora, ainda que a Contabilidade (como sistema de informações) seja uma 
valiosa ferramenta para o usuário interno, ela é muito mais valiosa para 
o usuário externo, que necessita conhecer o patrimônio de uma 
entidade (azienda) sem acesso direto a ela, restando o sistema contábil 
de informação como sua “janela para conhecimento do patrimônio da 
entidade”. Por esse motivo, fica eleito o usuário externo como usuário 
preferencial da Contabilidade. Por via de conseqüência, são 
considerados usuários secundários os administradores (de todos os 
níveis) da entidade. 
6.1.4 A Natureza Física e Econômica/Financeira da Informação 
Contábil 
A Contabilidade, como um sistema de informações, para cumprir seu 
objetivo, deve municiar o usuário de informações não somente sobre o 
valor do patrimônio, mas também sobre a qualidade física desse 
patrimônio. Somente com a visão completa, é possível a tomada de 
decisões. 
Informação de natureza econômica deve ser sempre entendida, em 
largos traços, como a informação relativa ao patrimônio como um todo. 
 
8 Ao contrário do que pode se pensar, hoje ninguém vai para a cadeia por não pagar 
uma dívida. Assim, o que garante o pagamento da dívida é a existência de patrimônio 
(por parte do devedor) para saldar a obrigação. Ora, na inexistência de patrimônio, o 
credor fica prejudicado. 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 26
Assim, fluxos de receitas e despesas (demonstração do resultado, por 
exemplo), bem como o capital e o patrimônio, em geral, são dimensões 
econômicas da Contabilidade. 
Por outro lado, a dimensão financeira da Contabilidade representa uma 
pequena parte do patrimônio (representada por moeda). Assim, os 
fluxos de caixa, de capital de giro, por exemplo, caracterizam a 
dimensão financeira. 
Ainda, a informação de natureza física constitui um importante 
desdobramento dentro da evolução da teoria dos sistemas contábeis, 
pois as mais recentes pesquisas sobre evolução de empreendimentos 
têm revelado que um bom sistema de informação e avaliação não pode 
repousar apenas em valores monetários, mas deverá incluir, na medida 
do possível, mensurações de natureza física tais como: quantidades 
geradasde produtos ou de serviços, número de depositantes em 
estabelecimentos bancários, e outras que possam permitir melhor 
inferência da evolução do empreendimento por parte do usuário. 
Finalmente, a informação de natureza de produtividade compreende a 
utilização mista de conceitos valorativos (financeiros no sentido restrito) 
e quantitativos (físicos no sentido restrito) como, por exemplo: receita 
bruta per capita, depósitos por clientes, lucro por produto produzido, 
gasto por empregado, etc. 
Em que pese a importância crescente das informações físicas (e, 
conseqüentemente, de produtividade), as informações de natureza 
econômica e financeira é que constituem o núcleo central da 
Contabilidade. O sistema de informação, todavia, deveria ser capaz de, 
com mínimo custo, suprir as dimensões físicas e de produtividade. Na 
evidenciação principal (demonstrações contábeis publicadas), todavia, 
as dimensões físicas e de produtividade consideram-se acessórias. 
6.1.5 A Interação entre a Contabilidade e Outras Disciplinas, 
Necessária ao Alcance de seus Objetivos 
O objetivo principal da Contabilidade, portanto, é o de permitir, a cada 
grupo principal de usuários, a avaliação da situação econômica e 
financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer 
inferências sobre suas tendências futuras. Em ambas as avaliações, 
todavia, as demonstrações contábeis constituirão elemento necessário, 
mas não suficiente. Sob o ponto de vista do usuário externo, quanto 
mais a utilização das demonstrações contábeis se referir à exploração de 
tendências futuras, mais tenderá a diminuir o grau de segurança das 
estimativas. Quanto mais a análise se detiver na constatação do 
passado e do presente, mais acrescerá e avolumará a importância da 
demonstração contábil. 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 27
Isto não quer dizer que as demonstrações contábeis não se adaptam às 
finalidades provisionais, mas apenas que avaliar tendências pode 
implicar divisar ou admitir configurações econômicas, sociais e 
institucionais novas, para o futuro, em que não se permite estimar com 
razoável acurácia os resultados das operações, pois a previsão das 
próprias operações é insegura. A Contabilidade pode, sim, ajudar a 
avaliação de tendências se: 
a) as conjunturas do passado se repetirem, mesmo que numa 
perspectiva monetária diferente (inflação ou deflação, sem 
alteração profunda do mercado); ou 
b) o agente (usuário) conseguir transformar o modelo informativo 
contábil num modelo preditivo, o que somente será possível 
dentro do esquema mental de conhecimento e da sensibilidade do 
previsor. O modelo informativo-contábil e o modelo preditivo são 
duas peças componentes, não mutuamente exclusivas do processo 
decisório. 
Os objetivos da Contabilidade, pois, devem ser aderentes, de alguma 
forma explícita ou implícita, àquilo que o usuário considera como 
elementos importantes para seu processo decisório. Não tem sentido ou 
razão de ser a Contabilidade como uma disciplina "neutra", que se 
contenta em perseguir esterilmente uma "sua" verdade ou beleza. A 
verdade da Contabilidade reside em ser instrumento útil para a tomada 
de decisões pelo usuário, tendo em vista a entidade. 
Há algumas décadas, notadamente a partir da virada dos anos 60 para 
os anos 70 do século passado, o estudo da Contabilidade foi fortemente 
influenciado por conceitos de outras disciplinas, a saber: 
a) Estatística, permitindo o tratamento de séries de informações 
contábeis – no tempo – relacionando-as e gerando informações de 
inferência do comportamento do patrimônio no futuro; 
b) Micro-Economia, notadamente a Teoria da Firma, trazendo novas 
abordagens para os problemas de fixação de preço, determinação 
da quantidade a ser produzida, etc.; 
c) Administração, no que tange a decisões sobre viabilidade de 
investimentos, etc.; 
d) Matemática Financeira, trabalhando o valor do dinheiro no tempo. 
Isso não retirou a identidade da Contabilidade, mas permitiu que ela 
alcançasse seus objetivos de forma mais adequada. 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 28
6.1.6 Evidenciação e Prevalência da Essência Sobre a Forma 
Para a consecução desse objetivo da Contabilidade, e dentro 
principalmente do contexto companhia aberta/usuário externo, dois 
pontos importantíssimos se destacam: 
1º) As empresas precisam dar ênfase à evidenciação de todas as 
informações que permitem a avaliação da sua situação patrimonial e das 
mutações desse seu patrimônio e, além disso, que possibilitem a 
realização de inferências perante o futuro. 
- As informações não passíveis de apresentação explícita 
nas demonstrações propriamente ditas devem, ao lado 
das que representam detalhamentos de valores 
sintetizados nessas mesmas demonstrações, estar 
contidas em notas explicativas ou em quadros 
complementares. 
- Essa evidenciação é vital para se alcançar os objetivos 
da Contabilidade, havendo hoje exigências no sentido 
de se detalharem mais ainda as informações (por 
segmento econômico, região geográfica etc.). Também 
informações de natureza social passam cada vez mais 
a ser requisitadas e supridas. 
2º) A Contabilidade possui um grande relacionamento com os aspectos 
jurídicos que cercam o patrimônio, mas, não raro, a forma jurídica pode 
deixar de retratar a essência econômica. Nessas situações, deve a 
Contabilidade guiar-se pelos seus objetivos de bem informar, seguindo, 
se for necessário para tanto, a essência ao invés da forma. 
- Por exemplo, a empresa efetua a cessão de créditos a 
terceiros, mas fica contratado que a cedente poderá vir 
a ressarcir a cessionária pelas perdas decorrentes de 
eventuais não pagamentos por parte dos devedores. 
Ora, juridicamente não há ainda dívida alguma na 
cedente, mas ela deverá atentar para a essência do 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 29
fato e registrar a provisão para atentar a tais possíveis 
desembolsos. 
- Ou, ainda, uma empresa vende um ativo, mas assume 
o compromisso de recomprá-lo por um valor já 
determinado em certa data. Essa formalidade deve 
ensejar a contabilização de uma operação de 
financiamento (essência) e não de compra e venda 
(forma). 
- Noutro exemplo, um contrato pode, juridicamente, 
estar dando a forma de arrendamento a uma 
transação, mas a análise da realidade evidencia tratar-
se, na prática, de uma operação de compra e venda 
financiada. Assim, consciente do conflito 
essência/forma, a Contabilidade fica com a primeira. 
Essas características de evidenciação ou de divulgação (disclosure) e de 
prevalência da essência sobre a forma cada vez mais se firmam como 
próprias da Contabilidade, dados seus objetivos específicos. 
7 Princípios e Convenções Contábeis 
Já foi visto o que é a Contabilidade (ciência que se ocupa do estudo do 
patrimônio). Foi visto também o conceito de patrimônio (e sua 
representação gráfica). Foram vistos, ainda, os objetivos da 
Contabilidade. Em suma, até agora nos preocupamos em definir o que 
e para que – falta, então, definir COMO. Este é o objeto do presente 
tópico da matéria: iniciar o aluno na maneira como a Contabilidade 
estuda o patrimônio, e como ela cumpre seus objetivos, de controle do 
patrimônio e de apuração do resultado. 
Isso é realizado a partir dos Princípios Fundamentais de Contabilidade e 
das Convenções Contábeis. 
Importante notar que, mais do que uma questão certa em prova, o 
conhecimento dos Princípios Fundamentais de Contabilidade (e sua 
correta aplicação), permite que o pensamento flua, de maneira lógica, 
fazendo com que o estudante conclua – por si – váriasdeterminações 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 30
específicas da Contabilidade, evitando a necessidade de memorização 
(“decoreba”). Assim, devemos ter o maior cuidado no estudo desse 
tema, pois o assunto aqui tratado será referenciado ao longo de todo 
nosso curso. 
7.1 Princípios Fundamentais de Contabilidade 
O conceito clássico de princípio é o de algo que aponta para uma 
situação desejada. 
Por exemplo, se eu digo: “Por princípio, eu procuro fazer as refeições 
em casa”, isso significa que a situação por mim desejada é a de que eu 
tenha uma vida que me permita fazer as refeições em casa. Ocorre que 
nada impede que, em um dia especial, de trabalho intenso – por 
exemplo – eu venha a fazer as refeições em um restaurante ou, ainda, 
em um final de semana, eu almoce em uma churrascaria com amigos e 
a família. 
Vejam que um princípio pode deixar de ser aplicado em sua plenitude, 
quando se choca com outro princípio. Nos exemplos acima, eu posso 
eventualmente deixar de fazer refeições em casa porque também tenho 
“por princípio” não chegar atrasado no trabalho após o horário de 
almoço ou, ainda, porque eu também tenho “por princípio” manter uma 
vida social agradável. 
Assim, um princípio (em sua concepção clássica) não é de aplicação 
integral, mas preferencial e parcial, de maneira a contemporizar a 
aplicação de outros princípios. 
Ora, a idéia de princípio difere da idéia de regra. Regra é algo que 
sempre deve ser aplicado, quando ocorre a situação a que ela se refere. 
Por exemplo, é proibido instituir ou majorar tributo sem lei anterior que 
o defina (com exceção do II, do IE, do IPI, do IOF, dos impostos 
extraordinários de guerra e do empréstimo compulsório motivado por 
guerra externa ou sua iminência). Repare que não é possível deixar de 
cumprir essa regra, porque é proibido. 
Aqui, entra a idéia de princípio contábil: Os princípios fundamentais de 
Contabilidade são apresentados como o entendimento predominante 
acerca da essência da teoria da Contabilidade. Os Princípios 
Fundamentais de Contabilidade se enquadram muito melhor no conceito 
de regras, pois sua observação é obrigatória, conforme se depreende do 
art. 1o da Resolução CFC n° 753, de 1993, abaixo: 
RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93 
Dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade 
(P.F.C.) 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 31
O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no 
exercício de suas atribuições legais e regimentais, 
CONSIDERANDO que a evolução da última década na 
área da Ciência Contábil reclama a atualização substantiva 
e adjetiva dos Princípios Fundamentais de Contabilidade a 
que se refere a Resolução CFC 530/81. 
RESOLVE: 
CAPÍTULO I 
DOS PRINCÍPIOS E DE SUA OBSERVÂNCIA 
Art. 1º Constituem PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE 
CONTABILIDADE (P.F.C.) os enunciados por esta 
Resolução. 
§ 1º A observância dos Princípios Fundamentais de 
Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão 
e constitui condição de legitimidade das Normas 
Brasileiras de Contabilidade (NBC). (grifos na 
transcrição). 
Assim, vê-se que os Princípios Fundamentais de Contabilidade são de 
observância obrigatória. A característica principal dos princípios 
fundamentais de Contabilidade é a obrigatoriedade de sua observância. 
Adicionalmente, frisa-se que, na aplicação dos princípios, a essência 
deve prevalecer sobre a forma. Cuidado, isso foi questão de prova 
também! 
Os princípios fundamentais de Contabilidade, portanto, apresentados 
como o entendimento predominante acerca da essência da teoria da 
Contabilidade, são enumerados conforme art. 3o da Resolução CFC n° 
750, de 1993, abaixo: 
CAPÍTULO II 
DA CONCEITUAÇÃO, DA AMPLITUDE E DA 
ENUMERAÇÃO 
Art. 2º Os Princípios Fundamentais de Contabilidade 
representam a essência das doutrinas e teorias relativas à 
Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento 
predominante nos universos científico e profissional de 
nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu 
sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o 
Patrimônio das Entidades. 
Art. 3º São Princípios Fundamentais de Contabilidade: 
1) o da ENTIDADE; 
2) o da CONTINUIDADE; 
3) o da OPORTUNIDADE; 
4) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL; 
5) o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA; 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 32
6) o da COMPETÊNCIA e 
7) o da PRUDÊNCIA. 
Importante, na absoluta maioria dos concursos da ESAF dos últimos dez 
anos, na prova de Contabilidade, pelo menos uma questão versava 
sobre princípios contábeis. Assim, além de entender seu significado, 
para resolver a questão é necessário memorizar quais são os princípios9 
(evitando sempre memorizar o que não se entende, porém 
memorizando os conceitos – já entendidos – e cuja memorização se faz 
necessária). Uma idéia, por nós proposta para este curso, é a de se 
utilizar mnemônicos (pequenas siglas – simples e, na maioria das vezes, 
bem humorada) que nos ajudem a memorizar conceitos complexos. 
No caso dos Princípios Fundamentais de Contabilidade, para sua 
memorização, imaginem a situação de um casal de namorados que 
briga porque ela descobriu que ele havia feito algo de errado. Após um 
período de separação, ela propõe uma reconciliação. Mas o rapaz, que 
sabe que a namorada é ciumenta e vingativa, tem medo da 
reconciliação; deseja voltar, mas tem medo. Então, ele diz: Eco! 
Reato com prudência! 
E C O Re Atu Com Prudência é um mnemônico que referencia o nome 
dos Princípios Fundamentais de Contabilidade: 
Entidade 
Continuidade 
Oportunidade 
Registro pelo valor original 
Atualização monetária 
Competência 
Prudência 
Passemos, então, a seguir, ao estudo de cada um dos princípios acima 
relacionados. 
7.1.1 O Princípio da Entidade 
Pelo princípio da entidade, o patrimônio dos sócios não se confunde com 
o patrimônio da empresa. 
Cabe precisar o alcance do termo “empresa”, utilizado acima. A 
personalidade está umbilicalmente ligada à aptidão para ter patrimônio 
 
9 Conforme já foi dito, não é necessário decorar, somente se quiser passar na prova, 
senão, a solução é tentar o próximo concurso (imaginem sempre que a prova deverá 
ser feita COM CONSULTA - consulta à memória). 
CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR 
PROFESSOR LUIZ EDUARDO 
www.pontodosconcursos.com.br 33
(nos termos de nossa legislação, personalidade é a capacidade de 
contrair obrigações e exercer direitos – inerente às pessoas físicas e 
jurídicas – ao tempo que Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e 
obrigações de uma pessoa). Assim, as pessoas jurídicas adquirem 
personalidade quando podem ter patrimônio (e vice-versa). Ora, uma 
pessoa jurídica nada mais é do que o veículo jurídico de uma atividade 
(aventura – empresa). Assim, em nosso curso, utilizaremos o nome 
“empresa” para referenciar qualquer azienda que tenha sua 
contabilidade regrada pela Lei das S/A e, portanto, obedeça aos 
princípios fundamentais de contabilidade quando do registro de seu 
patrimônio. 
O princípio da entidade determina que se reconheça o patrimônio como 
objeto da Contabilidade e afirma a necessidade de diferenciação de um 
patrimônio particular no universo de patrimônios existentes. Logo, o 
patrimônio de uma entidade não se confunde com o de seus sócios ou 
proprietários. O Princípio da Entidade é determinado pelo art. 4o da 
Resolução CFC n° 750, de 1993, abaixo: 
“Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio 
como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia 
patrimonial, a necessidade da diferenciação de um 
Patrimônio particular no universo

Outros materiais