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CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 1 1 Roteiro a) Introdução – apresentação do curso e do conteúdo da aula. b) Conceito de Contabilidade – ciência, campo, objeto e método. c) Histórico – surgimento, evolução e situação atual. d) Conceito de patrimônio – bens, direitos e obrigações. e) Funções da Contabilidade – a Contabilidade como um sistema de informação, seus usuários e seus objetivos. f) Princípios e convenções contábeis. 2 Introdução “Decifra-me ou devoro-te”. Essa antiga frase, da tragédia Grega “Édipo Rei” escrita por Sófocles, dita pela esfinge a Édipo, parece apoderar-se do estudante quando do seu primeiro contato com a Contabilidade. De fato, parece um desafio decifrar essa estranha linguagem, que mistura palavras e matemática, em linguagem escrita, parece usar palavras soltas de forma telegráfica e, ainda por cima, parece tratar de forma inversa o credor e o devedor. Estamos aqui para provar o contrário, para demonstrar que a Contabilidade está apoiada em poucas e claras premissas que, uma vez conhecidas, nos permitem entender (de forma lógica, rápida e fácil) seus detalhes. Nossa proposta é trabalhar os conceitos contábeis de forma concreta, (1) com referência à realidade conhecida de todos nós, induzindo o aluno ao entendimento dos conceitos e não apenas os apresentando (reduzindo assim – ao máximo – a necessidade de decorar), (2) de forma lúdica – o aprendizado tem que ser prazeroso – porque a emoção tem o poder de fixar o conhecimento na memória do estudante (em outras palavras, o caminho da mente passa pelo coração1) e (3) de forma completa (que permita resolver problemas). Seguindo o ensinamento de Aristóteles, estamos convictos que não há nada no intelecto que não tenha passado pelos sentidos. Dessa forma, como método, vamos nos valer de várias metáforas, que permitam ao aluno “sentir o peso do patrimônio nas mãos” e “ver o valor sendo transferido de um elemento do patrimônio para outro”. É somente 1 Veja a etmologia da palavra decorar – saber com o coração (de cor) – no mesmo sentido o inglês usa to know by heart (saber com o coração). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 2 dessa forma (concreta), a partir da realidade já conhecida, que o aluno apreende conceitos novos com facilidade. Assim, uma vez conhecida, a Contabilidade – Decifrada – não nos devora. Ao contrário, somos nós que nos deliciamos com ela: “mamão com açúcar”. A preparação inclui aulas sobre temas específicos e em grau de dificuldade crescente, que não somente apresentam os conceitos atinentes à matéria, de forma clara e direta, mas também apontam os assuntos de maior relevância, bem como os detalhes geralmente pedidos nas provas. Ao final de cada aula, com o objetivo de proporcionar uma preparação completa, são recomendadas leituras, de normas e obras referenciadas e, finalmente – mas não menos importante –, são propostas questões de provas anteriores (a maioria da ESAF, de concursos para AFRF, TRF, TCU, AFC e etc., mas também de outras bancas), resolvidas e comentadas. É no processo de resolução de questões de prova que os conceitos aprendidos serão contextualizados, na interpretação do enunciado, os detalhes e armadilhas serão detectados e, ainda, os critérios utilizados pelo examinador serão revelados, tornando-se familiares ao estudante. Além do medo do desconhecido, já comentado acima, outra dificuldade, que prejudica o aprendizado da Contabilidade, é a tentativa de utilização de conceitos, por ela tratados, de forma não-rigorosa. Nesse diapasão, é normal escutar frases EQUIVOCADAS, de pessoas que pensam dominar a Contabilidade, como: (1) Se vendas são receitas, compras são despesas; (2) Uma empresa estava com lucro, mas comprou um veículo e o lucro foi todo consumido, em compensação houve um aumento do capital, no valor do veículo; (3) Não houve receita de venda, pois as mercadorias ainda não foram pagas; (4) Provisões são antecipações de despesa que somente irá ocorrer no futuro; (5) despesas são itens negativos do patrimônio, portanto são passivos e receitas, ao contrário, devem ser ativos; (6) Créditos são conceitos positivos do patrimônio, portanto os ativos devem ser representados por créditos, ao contrário, os passivos devem ser representados por débitos; etc. Todas essas idéias, acima, são corriqueiras, MAS ESTÃO INCORRETAS, e prejudicam o raciocínio contábil. Assim, nossa proposta de aprendizado pressupõe que o aluno deixe para traz idéias preconcebidas e abra sua mente para os conceitos que serão colocados. Como um ganho paralelo, além da aprovação no concurso – é claro, o correto entendimento dos fundamentos da Contabilidade permitirá ao estudante uma melhor visão do mundo que nos cerca. Assim, será mais fácil ler o jornal, entender as matérias de economia, negócios, mercado acionário e, ainda, os balanços publicados pelas empresas. Porém, no CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 3 meu entender, o maior ganho paralelo auferido pelo estudante, no aprendizado da Contabilidade, é a possibilidade de entender com clareza os detalhes da legislação (tão importante na atividade diária do Auditor- Fiscal). Afinal de contas, os tributos incidem sobre a renda (lucro, no caso de pessoas jurídicas), a receita ou o faturamento – que são conceitos tratados de forma rigorosa pela Contabilidade – e a legislação, ao referenciá-los, faz alusão a esses conceitos contábeis. Apresentada nossa proposta didática, passaremos (com alegria e confiança) ao estudo da matéria. 3 Conceito de Contabilidade Em vários livros, encontramos a definição da Contabilidade como a ciência que estuda o patrimônio e que apresenta: (a) a azienda como seu campo, (b) o patrimônio como seu objeto e (c) as partidas dobradas como o método por ela eleito. Nesse sentido, a Resolução n° 774, de 1994, do Conselho Federal de Contabilidade dispõe, conforme a seguir: 1 – A CONTABILIDADE COMO CONHECIMENTO 1.2– A Contabilidade como ciência social A Contabilidade possui objeto próprio – o Patrimônio das Entidades – e consiste em conhecimentos obtidos por metodologia racional, com as condições de generalidade, certeza e busca das causas, em nível qualitativo semelhante às demais ciências sociais. A Resolução alicerça-se na premissa de que a Contabilidade é uma Ciência Social com plena fundamentação epistemológica. Por conseqüência, todas as demais classificações – método, conjunto de procedimentos, técnica, sistema, arte, para citarmos as mais correntes – referem-se a simples facetas ou aspectos da Contabilidade, usualmente concernentes à sua aplicação prática, na solução de questões concretas. No mesmo sentido, o Primeiro Congresso de Contabilistas – ocorrido no Rio de Janeiro, em 1924 – definiu que “a Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro relativos à administração econômica”. Nem sempre o leitor fica satisfeito com essa colocação, fica faltando uma explicitação desses conceitos, para que se possa transmitir uma idéia útil àqueles que iniciam o estudo na área. A sensação é a de que, já de início, há palavras para decorar sem que se entenda seu significado. Esclareço que, na preparação para concursos públicos, não há nada de errado na necessidade de que sejam decorados (memorizados) termos e CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 4 conceitos. Gosto de utilizar a seguinte frase, bem humorada, para ilustrar a questão: não é necessário decorar nada, somentese quiser passar no concurso. O que está errado é ter que decorar algo que não se entendeu; essa é uma tarefa incompatível com nossa natureza humana, curiosa e inconformada com a ignorância. Em nossas vidas, decoramos idiomas inteiros, números compridos (identidade, CPF, endereços, telefones, etc.), portanto, memorizar não é exatamente um problema para nós. O segredo da memorização é, antes de decorar, entender o significado do que vai – em seguida – ser decorado. 3.1 Conceito de Ciência Para entender o que está acima colocado, antes de qualquer explicação, faz-se necessário conhecer o conceito de ciência. Por ciência, entende- se uma atividade rigorosa de estudo. Não é uma atividade de estudo qualquer, mas uma atividade rigorosa – em que os resultados e conclusões alcançados por diversos estudiosos sejam compatíveis entre si e apontem em uma mesma direção, servindo para resolver problemas e responder questionamentos. O objetivo de qualquer ciência é encontrar verdades parciais, que expliquem tão somente aquela parte da realidade que a ciência se propõe estudar. Para adentrar ao conceito de ciência, é também importante identificar o que ela não é, e o que ela não busca: a ciência não tem por objetivo encontrar uma verdade completa sobre a realidade e a existência, que tudo explique – isso é um problema da filosofia, notadamente da metafísica, que escapa ao escopo do nosso curso; a ciência não procura uma verdade última, que não possa ser discutida, desafiada ou derrubada – esse seria o conceito de dogma religioso. Pois bem, com base no que foi acima colocado, é considerado científico o conhecimento, rigorosamente alcançado, que explique uma parcela da realidade e que seja passível de refutação sem ter sido ainda refutado. É no âmbito do conceito de ciência que a Contabilidade se coloca, como uma atividade rigorosa de estudo, conforme já visto. Faz-se então necessário identificar o campo e o objeto de estudo da Contabilidade. 3.2 O Campo e o Objeto de Estudo da Contabilidade Por campo, entende-se aquela parcela da realidade estudada por uma ou mais ciências. Metaforicamente, considerando-se a realidade como um grande território onde se encontra a humanidade, o campo seria um pequeno terreno a ser conhecido em detalhes por uma ou mais ciências. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 5 Interessante notar que um mesmo campo pode ser estudado por mais de uma ciência, diferindo, apenas, o aspecto do campo estudado por cada uma. Exemplificativamente, as ciências sociais têm seu estudo direcionado para um mesmo campo: o campo das relações entre seres humanos. Assim, a Economia estuda as relações entre seres humanos do ponto de vista das necessidades humanas ilimitadas frente a recursos escassos, a Política, por outro lado, estuda as relações entre seres humanos do ponto de vista do poder. A Contabilidade, portanto, tem como campo a azienda. Por azienda, entende-se toda entidade organizada passível de ter um patrimônio (bens, direitos e obrigações). O termo azienda tem o mesmo radical que “fazenda”, no sentido de tesouro e não no sentido de propriedade rural – veja que o Ministério da Fazenda é responsável pela administração do Tesouro Nacional (mas não possui bois nem vacas). Repare que a utilização do conceito de azienda permite que a Contabilidade se preocupe com organizações que não apenas as empresas formalmente constituídas (pessoas jurídicas com fins lucrativos), alcançando também as empresas informais, as entidades sem fins lucrativos, empresas públicas, pessoas físicas e etc2. Dessa forma, enquadram-se, exemplificativamente, no conceito de azienda as indústrias, as empresas comerciais, as empresas prestadoras de serviços, os clubes, os templos religiosos, os partidos políticos, as pessoas físicas e etc. Visto que a Contabilidade é atividade de estudo sobre as aziendas, resta identificar seu objeto. Por objeto, entende-se o viés, o ponto de vista, a preocupação principal que a ciência tem ao observar seu campo de estudo. No caso, a Contabilidade apresenta como seu objeto o patrimônio, entendido como o conjunto de bens, direitos e obrigações referentes à azienda. Repare que outras ciências podem também se ocupar do estudo de entidades que se enquadrem no conceito de azienda. Um exemplo claro disso é a Administração, que se ocupa de entidades (aziendas), porém sob o ponto de vista (objeto) da organização de bens e pessoas. Assim, conclui-se que é o objeto que diferencia as ciências. 2 Por Pessoa Física, entende-se qualquer ser humano que, tendo personalidade jurídica (sendo sujeito de direitos e obrigações) pode ser titular de um patrimônio. Por Pessoa Jurídica, entende-se toda entidade resultante da organização humana de recursos (humanos e materiais) que, também pode ser titular de um patrimônio. Pessoas jurídicas podem ser classificadas em Pessoas Jurídicas de fato (que não estão regularmente constituídas – conforme o Direito) ou de Direito (que estão devidamente formalizadas pelo registro de seus atos constitutivos – Estatuto, no caso de uma Sociedade Anônima ou Contrato Social, no caso de uma Limitada – registrados no órgão próprio). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 6 Apresentadas as definições acima, não podemos deixar de considerar que, na prática, a Contabilidade está acompanhada de conceitos oriundos de outras áreas do conhecimento. Isso porque, ainda que as ciências sejam didaticamente separadas e classificadas, cabe referenciar que o conhecimento é único, assim, para aplicação prática de uma ciência (geração de tecnologia), faz-se necessária uma interação de seus conhecimentos típicos com outros, o que se entende por multidisciplinariedade. Referindo-se, ao mesmo tempo, aos conceitos de campo e objeto (propriamente dito) da Contabilidade, pelo nome de objeto, temos a já citada Resolução n° 774, de 1994, do Conselho Federal de Contabilidade, dispondo conforme a seguir: 1.2 – O Patrimônio objeto da Contabilidade O objeto delimita o campo de abrangência de uma ciência, tanto nas ciências formais quanto nas factuais, das quais fazem parte as ciências sociais. Na Contabilidade, o objeto é sempre o PATRIMÔNIO de uma Entidade, definido como um conjunto de bens, direitos e de obrigações para com terceiros, pertencente a uma pessoa física, a um conjunto de pessoas, como ocorre nas sociedades informais, ou a uma sociedade ou instituição de qualquer natureza, independentemente da sua finalidade, que pode, ou não, incluir o lucro. O essencial é que o patrimônio disponha de autonomia em relação aos demais patrimônios existentes, o que significa que a Entidade dele pode dispor livremente, claro que nos limite estabelecidos pela ordem jurídica e, sob certo aspecto, da racionalidade econômica e administrativa. O Patrimônio também é objeto de outras ciências sociais – por exemplo, da Economia, da Administração e do Direito – que, entretanto, o estudam sob ângulos diversos daquele da Contabilidade, que o estuda nos seus aspectos quantitativos e qualitativos. A Contabilidade busca, primordialmente, apreender, no sentido mais amplo possível, e entender as mutações sofridas pelo Patrimônio, tendo em mira, muitas vezes, uma visão prospectiva de possíveis variações. As mutações tanto podem decorrer da ação do homem, quanto, embora quase sempre secundariamente, dos efeitos da natureza sobre o patrimônio. Por aspecto qualitativo do patrimônio entende-se a natureza dos elementos que o compõem como dinheiro, valores a receber ou a pagar expressos em moeda, máquinas, estoques de materiais ou de mercadorias, etc. A delimitaçãoqualitativa desce, em verdade, até o grau de particularização que permita a perfeita compreensão do componente patrimonial. Assim, quando falamos em “máquinas”, ainda estamos a empregar um substantivo CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 7 coletivo, cuja expressão poderá ser de muita utilidade, em determinadas análises. Mas a Contabilidade, quando aplicada a um patrimônio particular, não se limitará às “máquinas” como categoria, mas, dependendo das necessidades de controle poderá descer a cada máquina em particular e, mais ainda, aos seus pormenores de forma que sua caracterização evite a confusão com quaisquer outras máquinas, mesmo de tipo idêntico. O atributo quantitativo refere-se à expressão dos componentes patrimoniais em valores, o que demanda que a Contabilidade assuma posição sobre o que seja “Valor”, porquanto os conceitos sobre a matéria são extremamente variados. É importantíssimo lembrar que o conceito de patrimônio é juridicamente tratado e, assim, revela-se uma relação imbricada entre a Contabilidade e o Direito. Ambos, como ciências sociais, tem seu objeto criado pelo homem (e, conseqüentemente, por ele modificável). Dessa forma, a Contabilidade deve estudar o Patrimônio nos termos em que o Direito o define. 3.3 O Método da Contabilidade Finalmente, o método da Contabilidade. A palavra método, oriunda do Grego, significa caminho que leva a um objetivo. Trata-se de uma composição de duas palavras: metha e odós. Metha (meta) significa objetivo e odós significa caminho (veja-se a palavra odômetro – que mede a distância do caminho percorrido por um automóvel e que apresenta o mesmo radical), assim, método é a meta que se encontra utilizando um determinado caminho. Muito bem, é o método que dá rigor à ciência. Caso contrário, os resultados alcançados seriam aleatórios e incompatíveis – trilhando-se caminhos diversos, chegaríamos a destinos diferentes. O método se faz necessário para afastar as conclusões baseadas simplesmente no “bom senso”, pois duas pessoas usando somente seus “bons sensos” podem alcançar conclusões completamente diferentes (e, não raro, incompatíveis) sobre um mesmo objeto. Ilustrando essa afirmação, Descartes afirma que o bom senso é a matéria mais abundante no Universo (todos acham que possuem e ainda querem dar um pouco do seu para os outros) e, entretanto, não resolve o problema. Na Contabilidade, o método utilizado é o método das partidas dobradas (que será visto em detalhes adiante em nosso curso). Esse método consiste em considerar que para todo e qualquer item que ingressa no patrimônio, há um lugar de onde ele é proveniente. Ou seja, não há geração espontânea de patrimônio, mas sim uma origem para todo elemento que se aplica no patrimônio, passando a integrá-lo. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 8 A partir desse método, são desenvolvidas técnicas, de escrituração e apuração de demonstrações contábeis, de análise de demonstrações e de verificação da correção das informações contábeis (auditoria), que resultam na aplicação prática da ciência e que serão estudadas em nosso curso. Apenas para fins de esclarecimento, faremos – a seguir – uma rápida apresentação das técnicas acima referenciadas: 1) Escrituração – consiste na técnica de registro de fatos contábeis (acontecimentos com relevância na alteração da composição do patrimônio) em livros próprios (conhecidos como livros de escrituração); 2) Demonstrações contábeis (Elaboração) – também conhecidas como demonstrações financeiras, consistem quadros e esquemas (determinados pela legislação) que têm por objetivo evidenciar a situação patrimonial, o resultado e sua respectiva destinação, bem como sua capacidade financeira de curto prazo – são elas3: a) O Balanço Patrimonial – BP; b) A Demonstração de Resultados do Exercício – DRE; c) A Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados – DLPA (que pode ser substituída pela Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL, a que somente as companhias de capital aberto estão obrigadas), e; d) A Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR). 3) Demonstrações Contábeis (Análise) – também conhecida como Análise de Balanços, a Análise das Demonstrações Financeiras tem por objetivo o estudo e avaliação do patrimônio, através da decomposição e interpretação dos demonstrativos, com vistas à comparação (tanto do patrimônio quanto do resultado) com os de outras entidades, e de outros períodos e, assim, permitindo uma tomada de decisões mais abalizada. 4) Auditoria – é o método de verificação da fidedignidade das informações do patrimônio, registradas no sistema contábil, a auditoria pode ser: a) Interna – quando realizada por um empregado da própria entidade; 3 Além dessas demonstrações contábeis – determinadas por lei – faz-se necessária a elaboração de Notas Explicativas às demonstrações financeiras, que têm por objetivo esclarecer alguns detalhes não explicitados diretamente na respectiva demonstração. Ainda, algumas empresas podem – se desejar – apresentar outras demonstrações não determinadas em lei, apenas a título de nota explicativa, sendo este o caso da Demonstração dos Fluxos de Caixa – estudada mais adiante neste curso. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 9 b) Externa – quando realizada por um terceiro, externo à entidade, e presumidamente isento – denominado Auditor Independente; c) Fiscal – Realizada por Servidor Público (Auditor-Fiscal) com o objetivo de verificação do correto registro dos fatos contábeis que possam ensejar fato gerador de tributos. 4 Histórico da Contabilidade 4.1 Antiguidade A idéia de Contabilidade está fortemente ligada à idéia de patrimônio, não há aquela sem este. Assim, fazendo-se uma análise histórica da Contabilidade, conclui-se que no período em que o homem era nômade – vivia da caça e da coleta – a Contabilidade não tinha a menor importância para o ser humano. Isso porque ter patrimônio, antes de ser algo desejável, era um estorvo a ser carregado na difícil caminhada de uma vida nômade (quanto menos fosse carregado, maior as chances de sucesso e sobrevivência). Isso muda em um momento histórico da maior importância: no advento da revolução agrícola. A revolução agrícola ocorreu no momento em que o homem percebeu que, se deixasse o resto de sua comida (sementes) na terra, ali surgiria – no futuro – mais alimento (novos frutos) para seu sustento. Da mesma forma, caso animais fossem guardados em rudimentares cercados, ali eles dariam crias que, no futuro, serviriam de alimento e vestuário. Aí nasceu a idéia de propriedade da terra e, conseqüentemente, de tudo o que nela estivesse. É nesse contexto que surge a Contabilidade. Portanto, desde que o homem passou a possuir bens, ele se preocupou com o controle desses bens. Como ilustração da Contabilidade, ainda que incipiente, pode ser feita uma alusão à situação de pastores que, na antiguidade, levavam, pela manhã, seu rebanho para o pastoreio: 1) no início do dia, quando o rebanho saía do cercado, a cada cabeça que passasse pela porteira, era colocada uma pequena pedra em um recipiente (um vaso de cerâmica ou uma sacola de couro, por exemplo) – repare que no recipiente havia uma REPRESENTAÇÃO do patrimônio, com uma correspondência biunívoca entre o conjunto de animais e de pedras guardadas. 2) Ao final do dia, os animais eram recolhidos ao cercado e era feita uma nova verificação do rebanho, a cada animal que passasse pela porteira, era retirada uma pedra do recipiente onde elas haviam sidoguardadas pela manhã: CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 10 a) Caso, ao final da entrada do rebanho no cercado, ainda houvesse pedrinhas no recipiente, concluir-se-ia que houve extravio ou morte de algum animal (com conseqüente redução do patrimônio); b) Caso as pedrinhas do recipiente acabassem sem que todos os animais tivessem passado pela porteira do cercado, concluir-se-ia que houve nascimento ou que algum animal se agregou ao rebanho durante o dia (com conseqüente aumento do patrimônio). Essa era uma forma ainda muito rudimentar de controle do patrimônio, porque não conseguia identificar a origem (de onde vieram) os aumentos patrimoniais ou os destinos (para onde foram) as reduções patrimoniais. Da mesma forma, não conseguia apresentar de forma clara uma eventual troca de elementos no patrimônio (uma troca de um animal por uma lança, por exemplo, durante o dia seria vista como o desaparecimento de um animal – sem identificação de seu destino – e o surgimento de um apetrecho – sem identificação de sua origem). 4.2 Renascimento e Grandes Navegações Dando um pulo gigantesco na história, acompanhando a evolução da Contabilidade, passamos para o período do Renascimento e das Grandes Navegações - um período de grandes transformações culturais, geográficas, políticas e econômicas. Naquele tempo, com o renascimento das cidades e do comércio, as relações econômicas se sofisticaram, demandando a criação de mecanismos de controle que as acompanhassem e facilitassem. Naquele momento, por exemplo, surgiram idéias que deram origem aos títulos de crédito, ao papel moeda e ao sistema financeiro. Com o fortalecimento das cidades, entrou em declínio a idéia de auto- suficiência dos feudos e, assim, surgiu a necessidade de comércio, que se organizou na forma de feiras – que ocorriam nas diferentes cidades. Um comerciante que quisesse comprar e vender suas mercadorias em outra cidade tinha que enfrentar uma viagem perigosa carregando dinheiro (moedas de ouro) em estradas nas quais haviam bandidos (salteadores). A solução era deixar seu ouro em uma casa de custódia e ficar com um documento lettera cambii que permitia ao comerciante, ao chegar na outra cidade, procurar a respectiva casa de custódia e, lá, trocar sua leterra cambii por moedas de ouro, necessárias a sua atividade de comércio. Os proprietários das casas de custódia rapidamente perceberam que o dinheiro nelas depositado ficava lá muito tempo, até que o detentor de uma lettera cambii requisitasse sua retirada, e, assim, aproveitavam para – durante aquele período – emprestar o dinheiro a terceiros CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 11 (cobrando juros); essa atividade, hoje típica de bancos, deu origem ao moderno sistema financeiro. As lettera cambii, por sua vez deram origem aos atuais títulos de crédito e, posteriormente, ao papel moeda. Nasceu, também naquele momento histórico, a idéia que deu origem às modernas seguradoras. No período das grandes navegações, uma viagem às Índias significava um enorme investimento e, conseqüentemente, um enorme risco. O termo empresa (hoje ligado à idéia de pessoa jurídica) tinha o significado inicial de aventura (daí a idéia de uma pessoa empreendedora ser aquela que tem capacidade de enfrentar situações de aventura). No caso de um naufrágio, poder-se-ia perder toda uma fortuna, amealhada em gerações. Ocorre que nem toda viagem era objeto de naufrágio, ao contrário, as que retornavam davam aos empreendedores um lucro imenso. Assim, empreendedores se reuniam em associações de mercadores, ou hansas, que monopolizavam determinados trechos de comércio, e guardavam – cada um – um pequeno valor (relativamente ao investimento necessário para empreender a navegação) para indenizar aquele que, porventura, tivesse seu navio naufragado. Essa atividade é, hoje, típica de seguradoras. Consolidou-se, ainda, naquele momento, a utilização da pessoa jurídica, como sujeito central da atividade de geração e circulação econômica de riquezas. Conforme visto acima, a empresa é a atividade (a aventura) e, historicamente até aquele momento, ela foi desempenhada pela pessoa (física) do mercador – suas economias e seu trabalho eram investidos na atividade e o resultado era diretamente dele. Ocorre que, com a sofisticação das relações econômicas, o esforço patrimonial para empreender uma aventura passou a ser muito grande para uma pessoa sozinha. Dessa maneira, tornou-se necessário o concurso de várias pessoas (com vários patrimônios diferentes) que estivessem dispostas a abrir mão de uma parte de seu próprio patrimônio para colocá-lo na empresa (atividade-aventura), que, a partir daquele momento passava a ter existência própria. Essa separação entre o patrimônio dos empreendedores e do empreendimento é o fulcro da moderna limitação de responsabilidades das pessoas jurídicas, o que permitiu que as empresas crescessem e, com elas, a economia. A necessidade de uma Contabilidade mais refinada ocorreu, portanto, durante esse período, do Renascimento e das Grandes Navegações, em que um empreendedor necessitava levantar um financiamento para organizar uma expedição, efetuar negócios em terras distantes, trazer CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 12 mercadorias de volta para a Europa, vender estas mercadorias, quitar o seu financiamento e apurar o lucro do empreendimento. Nesse contexto, fazia-se necessário um controle do patrimônio que permitisse acompanhar (passo a passo) as transformações ocorridas no patrimônio: (a) a obrigação, contraída, de pagar um financiamento se transformava – patrimonialmente – em navios, mercadorias e dinheiro; (b) parte do dinheiro se transformava – patrimonialmente – na capacidade de ter homens disponíveis para trabalhar durante a viagem; (c) outra parte do dinheiro, quando do comércio nas Índias, se transformava – patrimonialmente – em especiarias; (d) as especiarias, na volta, eram vendidas na Europa e se transformavam – patrimonialmente – em dinheiro; (e) o dinheiro, no momento da quitação do financiamento, se transformava – patrimonialmente – na extinção da obrigação de pagar o referido financiamento; e (f) o que restava era considerado lucro do empreendimento (aventura). Por volta de 1494, um frei italiano chamado Lucca Pacciolli escreveu um livro chamado Summa Aritmética, um tratado de lógica e matemática onde também descrevia todos os métodos de contabilização que então existiam espalhados, seja através de relatos verbais que chegaram ao seu conhecimento, seja através de livretos que ensinavam como fazer os registros dos bens e das mercadorias que eram negociadas pelos mercadores ou outros negociantes da época. Lucca Pacciolli teve o grande mérito de condensar todo esse conhecimento contábil em um único livro, por isso, é considerado o Pai da Contabilidade Moderna. Ele apresentou como método de registro do Patrimônio e de suas mutações, o denominado “Método das Partidas Dobradas” (débitos e créditos). 4.3 Atualidade Hoje, no Brasil, a Contabilidade está regulada pela Lei da S/A, 6.404/76 que, mantendo o método das partidas dobradas, adequa o registro do Patrimônio e de suas Mutações à nossa realidade econômica e social. O artigo 177 da citada Lei das S/A ilustra essa situação, conforme abaixo reproduzido: Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutaçõespatrimoniais segundo o regime de competência. Conforme determinado pelo próprio artigo 177 da Lei das S/A, a Contabilidade também deve obedecer os princípios de Contabilidade geralmente aceitos. Esses princípios de Contabilidade estão CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 13 expressamente definidos na Resolução do Conselho Federal de Contabilidade - CFC n° 750, de 1993, cujo art. 1o encontra-se a seguir reproduzido. Art. 1º Constituem PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE (P.F.C.) os enunciados por esta Resolução. § 1º A observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). § 2º Na aplicação dos Princípios Fundamentais de Contabilidade há situações concretas, a essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais. Ao lado dos princípios de Contabilidade, o CFC determinou a adoção de várias normas brasileiras de Contabilidade – técnicas e profissionais, que vinculam o controle do patrimônio das entidades. Ainda, para empresas que se organizem sob a forma de Sociedade Anônimas de Capital Aberto, a Lei das S/A determina que a respectiva Contabilidade deva obedecer, também (e principalmente) as instruções emanadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), conforme consta do § 3o de seu art. 177, abaixo: § 3º As demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, e serão obrigatoriamente auditadas por auditores independentes registrados na mesma comissão. Para entender essa determinação, é necessário explicar o conceito de Sociedade Anônima de Capital Aberto (ou, simplesmente, Companhia Aberta). Companhias Abertas são aquelas que – para financiar sua atividade – oferecem títulos ao mercado, notadamente ações (títulos que dão direito a uma fração do patrimônio e dos lucros da empresa) ou debêntures (títulos que dão direito a receber um determinado valor pré- determinado em uma data futura definida e que, por vezes são conversíveis em ações e/ou dão direito à participação nos lucros). A população, conforme julgar interessante ou não, pode adquirir esses títulos e, com essa situação, as Companhias Abertas formam seu patrimônio a partir da poupança popular. Sendo a arrecadação da poupança popular uma atividade muito séria, do ponto de vista social – inclusive com potencial impacto na economia – faz-se necessário um acompanhamento de perto e muito acurado da situação dessas Companhias Abertas. Assim, elas devem obedecer, além do disposto na Lei das S/A, o disposto em instruções da CVM. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 14 Nem todas as empresas no Brasil estão organizadas juridicamente sob a forma de Sociedade Anônima. Ao contrário, muitas estão organizadas como Sociedades Limitadas4, sendo que esses dois tipos societários representam a virtual totalidade das pessoas jurídicas do país. A verificação de que existem pessoas jurídicas, conseqüentemente empresas e, conseqüentemente, aziendas que não estão organizadas como Sociedades Anônimas, nos faz questionar se elas deveriam, ou não, obedecer à lei das S/A. O art. 1.179 do Código Civil (Lei n° 10.406, de 2002), determina que sim e, portanto, são subsidiariamente aplicáveis as regras da Lei das S/A, conforme a seguir: Lei n° 10.406, de 2002 – Código Civil Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. ... Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. § 1o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados. § 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. Mesmo antes da vigência do atual Código Civil, o Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3.000, de 1999 – RIR/99) já determinava a adoção da Lei das S/A por pessoas jurídicas que optassem pela tributação com base no Lucro Real (sistemática que determina, como base de cálculo do imposto, o lucro contábil ajustado, por adições, 4 A diferença básica entre Sociedades Anônimas e Sociedades Limitadas é que (1) Sociedades Anônimas – também chamadas simplesmente de Companhias – têm seu capital (valor colocado pelos sócios na empresa – para formação de seu patrimônio) dividido em ações – títulos, sendo que não é relevante o titular das ações, que – via de regra – podem circular e (2) Sociedades Limitadas têm seu capital dividido em cotas (definidas em contrato – onde são identificados os sócios). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 15 exclusões e compensações determinadas ou permitidas pela legislação), conforme art. 251: Art. 251. A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 7º). Parágrafo único. A escrituração deverá abranger todas as operações do contribuinte, os resultados apurados em suas atividades no território nacional, bem como os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior (Lei nº 2.354, de 29 de novembro de 1954, artigo 2º, e Lei nº 9.249, de 1995, artigo 25). Ainda, especificamente para algumas atividades econômicas (como, por exemplo, bancos, seguradoras, concessionárias de serviços públicos, etc.), órgãos ou entidades da administração pública determinam regras de contabilização especiais. De tudo isso, depreende-se que o estudo do patrimônio – hoje – encontra-se realizado e cristalizado em regras de aplicação mandatória, conforme será visto a seguir. 5 O Patrimônio 5.1 Definição Tradicional O Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma “azienda”. Conforme já visto, a “azienda” pode ser considerada como um ente qualquer (com personalidade ou não) possuidor de um patrimônio. A Contabilidade, portanto, tanto pode ser utilizada para o controle do patrimônio de uma empresa, quanto para o controle do patrimônio de uma pessoa física ou ainda de uma família ou de um negócio informal. O patrimônio, definido como o conjunto de bens, direitos e obrigações, encontra-se apresentado na Resolução CFC n° 774, de 1994, a seguir: 1.2 - … Do Patrimônio deriva o conceito de Patrimônio Líquido, mediante a equação considerada como básica na Contabilidade: (Bens + Direitos) – (Obrigações) = Patrimônio Líquido Quando o resultado da equação é negativo, convenciona- se denominá-lo de “Passivo a Descoberto”. O Patrimônio Líquido não é uma dívida da Entidade para com seus sócios ou acionistas, pois estes não emprestam recursos para que ela possa ter vida própria, mas, sim, os entregam, para que com eles forme o Patrimônio da Entidade. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 16 A diferenciação entre o conceito de bense de direitos não é objeto de maiores discussões em livros que tratam da Contabilidade. A razão disso é que, do ponto de vista quantitativo do patrimônio, um bem e um direito de mesmo valor são representados da mesma forma. Apenas para dar uma idéia clara ao aluno que inicia seus estudos na área, é importante dizer que: a) não é a idéia de tangibilidade (bem Æ tangível e direito Æ intangível), comumente aceita no vocabulário desprovido de precisão técnica, que diferencia bens e direitos, pois a bibliografia se refere constantemente a bens intangíveis (exemplo, patentes de invenção); b) a melhor conceituação/diferenciação para os termos está na idéia de que os bens são oponíveis a toda sociedade (posso exigir de todos que não o utilizem), enquanto um direito é oponível apenas a algum(ns) componente(s) dessa sociedade (tenho o direito de exigir dele(s) e apenas dele(s) que cumpram o que prometeram). Obrigações, por sua vez, consistem em prestações que outros podem exigir de nós. Dá-se o nome de ATIVO para o conjunto de bens e direitos e o nome de PASSIVO para o conjunto de obrigações. À diferença entre bens/direitos e obrigações (que consiste no valor líquido do patrimônio) dá-se o nome de PATRIMÔNIO LÍQUIDO. Abaixo, apresentamos esquematicamente, o patrimônio, conforme descrito acima. Ativo Passivo ------------------- Patrimônio Líquido Bens e Direitos Obrigações Bens e Direitos (-) Obrigações 5.2 Proposta Didática de Apresentação do Patrimônio Acima, encontra-se a definição, e apresentação, de patrimônio que se encontra em qualquer bom livro de Contabilidade. Em nosso curso – porém – apresentamos uma proposta diferente de representação concreta desses conceitos, que permita sua visualização e, conseqüentemente, sua aplicação, com maior facilidade, nos próximos tópicos. Nossa proposta de apresentação do patrimônio, portanto, como CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 17 o conjunto de bens, direitos e obrigações, está apoiada na metáfora da caixa de areia. Seja uma caixa de areia, dessas em que nossas crianças brincam – nas praças públicas – durante o dia, em finais de semana (e que os gatos utilizam, durante a noite, como banheiro). Considere que a caixa tenha um formato quadrado e divida essa caixa ao meio, por uma linha vertical, separando dois lados: a) o lado esquerdo – representando os bens e direitos componentes do patrimônio; e b) o lado direito – representando as obrigações componentes do patrimônio, bem como a diferença entre bens/direitos e obrigações. Ora, considerando que o patrimônio é representado como se fosse uma caixa de areia e que bens e direitos são itens que aumentam o patrimônio, quanto mais bens e direitos no patrimônio, maior a quantidade de areia na caixa. Assim, metaforicamente, um bem (ou um direito) pode ser encarado, no patrimônio, como um montinho de areia do lado esquerdo da caixa de areia e, quanto maior for o valor do bem, maior será o tamanho do referido montinho de areia. Ainda considerando que o patrimônio seja representado como uma caixa de areia, pelo contrário, obrigações seriam itens que reduzem o total do patrimônio. Assim, obrigações reduziriam a quantidade de areia existente na caixa. Dessa forma, metaforicamente, as obrigações podem ser vistas, no patrimônio, como buracos feitos na caixinha de areia (de onde foi retirada areia). Por fim, o Patrimônio Líquido (que, conforme já visto, não é definido como uma obrigação), consiste na diferença entre bens/direitos e obrigações. Porém, observa-se que essa diferença corresponde exatamente ao valor que ao final da existência da empresa (na extinção da pessoa jurídica) deverá ser entregue aos sócios. Assim, metaforicamente, entende-se também o Patrimônio Líquido como uma “obrigação de longuíssimo prazo e exigibilidade muito pequena”, porém – como se trata de valor a ser em algum momento entregue a terceiros (sócios) pode ser visto também como um buraco no patrimônio. Seguindo nosso modelo de apresentação do patrimônio, temos o Patrimônio Líquido (PL) também representado por um buraco na areia. Repare que a quantidade de areia do montinho que representa o ativo (bens e direitos) é exatamente aquela necessária e suficiente para preencher os buracos representantes do passivo (obrigações) e do patrimônio líquido (valor a ser um dia entregue aos sócios). Isso está CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 18 de acordo com a equação fundamental do patrimônio já apresentada acima: ATIVO (-) PASSIVO (=) PATRIMÔNIO LÍQUIDO. Abaixo, apresentamos a representação gráfica do (1) Ativo (conjunto de bens e direitos) como montinhos de areia do lado esquerdo da caixa, do (2) passivo (obrigações) como buracos na areia do lado direito superior da caixa e do (3) patrimônio líquido (diferença entre bens/direitos e obrigações – a ser um dia entregue aos sócios) também como buracos do lado direito inferior da caixa de areia. Ativo Passivo ----------------------- Patrimônio Líquido Bens e Direitos Obrigações Bens e Direitos (-) Obrigações 5.3 Situações Patrimoniais e Denominação dos Grupos do Patrimônio Foi visto que a equação do Patrimônio é A - P = PL, onde: A = Ativo; P = Passivo; PL = Patrimônio Líquido (ou Situação Líquida). Assim, uma Situação Líquida Superavitária ocorre quando o PL > 0, ou seja, A > P, conforme apresentado abaixo: Ativo Passivo Patrimônio Líquido Adicionalmente, uma Situação Líquida Nula - ocorre quando o PL = 0, ou seja, A = P, conforme representado a seguir: Ativo Passivo CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 19 Finalmente, uma Situação Líquida deficitária – denominada também passivo a descoberto – ocorre quando o PL < 0, ou seja, A < P, de acordo com o quadro abaixo.5 Ativo Passivo Patrimônio líquido Exemplos de equações do Patrimônio: Ativo passivo Obs.: Bens e direitos = Obrigações + P.L. A=P+PL Situação líquida positiva - A > P Bens e direitos = Obrigações A=P Situação líquida nula (compensada) - PL = 0 Bens e direitos < Obrigações A=P-PL Passivo a descoberto-Situação negativa (deficitária) - A < P Bens e direitos = P.L. A=PL A empresa não tem passivo exigível - P = 0 Bens e direitos = 0 < Obrigações A=0 Passivo a descoberto-A empresa não tem bens nem direitos Uma última informação, muito valiosa, para o aprendizado e o entendimento dos grupos que integram o patrimônio, é a de que o Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido (assim como o diabo) são conhecidos por vários nomes. Essa situação deriva do fato da Contabilidade, como uma ciência social, ter evoluído ao longo de vários séculos e acompanhado o vocabulário típico de cada época; assim, com a evolução da linguagem, foram assimilados pela Contabilidade vários diferentes vocábulos para designar um mesmo conceito. O valor desse conhecimento reside no fato de que a leitura de textos sobre a Contabilidade fica altamente facilitado; mas não é só isso, a resolução de questões de prova também é facilitada pela possibilidade de uma 5 A demonstração da situação líquida do patrimônio do lado esquerdo consiste numa definição dada pelo CFC na NBC-T (Norma Brasileira de Contabilidade – Técnica) de n° 03 – conceito, estrutura e nomenclatura das demonstrações contábeis. Tal norma, em seu item 3.2.2.13 determina que, no caso de Patrimônio Líquido negativo, seu valor deve ser demonstrado após o ativo, conforme a seguir transcrito. 3.2.2.13 – No caso do patrimônio líquido ser negativo, será demonstrado após o Ativo, e seu valor final denominadode Passivo a Descoberto. O item 3.2.2.13 foi alterados pela Resolução CFC n° 847, de 16 de junho de 1999. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 20 melhor interpretação do respectivo enunciado. Dessa forma, vamos aos termos: a) O Ativo. - O Ativo é definido como o conjunto de bens e direitos. - Adicionalmente, o Ativo é conhecido pelo nome de Patrimônio Bruto, isso porque se o Patrimônio Líquido é o Ativo descontado do Passivo, o Ativo sem o desconto do Passivo é o Patrimônio Bruto. - O Ativo também é conhecido como o Total das Aplicações (ou o Total de Recursos Aplicados no Patrimônio ou, ainda, simplesmente, Aplicações); isso porque os valores que a empresa recebe (seja dos sócios na forma de capital, seja de terceiros na forma de empréstimos e financiamentos ou, ainda, em função de sua própria atividade na forma de receitas) são “aplicados” na aquisição de bens e direitos. Portanto, o Ativo é o total de bens e direitos aplicado na formação do patrimônio da empresa. - O ativo, finalmente, é conhecido também como o Total dos Investimentos (ou o Total de Recursos Investidos no Patrimônio ou, ainda, simplesmente, Investimentos6); isso porque os valores que a empresa recebe (seja dos sócios na forma de capital, seja de terceiros na forma de empréstimos e financiamentos ou, ainda, em função de sua própria atividade na forma de receitas) são “investidos” na aquisição de bens e direitos. Portanto, o Ativo é o total de bens e direitos investido no patrimônio da empresa. b) O passivo. - O Passivo é definido como o conjunto de obrigações, que devem ser adimplidas pela empresa. - O termo Passivo é também utilizado pela Lei das S/A (art. 178) de forma genérica, identificando o conjunto formado 6 Notar os termos em inglês, que tanto influenciam nosso estudo. Os americanos utilizam o termo “investment” para designar o ativo (nesse sentido ver, no tópico de Análise de Balanços, o índice “Return on Investment” – que significa a comparação entre o lucro da empresa e seu Ativo). Uma última observação é a de que o termo investimento, entendido como o ativo, não se confunde com a expressão Ativo Permanente Investimento, constante da Lei 6.404, de 1976 (Lei das S/A), e que representa um subgrupo do Ativo e que será estudado em tópico específico deste curso. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 21 pelo Passivo propriamente dito (Passivo Exigível), pelos Resultados de Exercícios Futuros (itens do patrimônio que apresentam características de Passivo Exigível e também de Patrimônio Líquido e que será estudado em detalhes em tópico próprio, quando do estudo de lançamentos e do Balanço Patrimonial – adiante nesse cursos) e pelo Patrimônio Líquido.7 - O Passivo (Conjunto de Obrigações) também é conhecido pelo termo Passivo Exigível ou, ainda, simplesmente Exigibilidades. - Finalmente, o Passivo pode ser referenciado, ainda, como Capital de Terceiros, numa referência ao fato de que representa valor dado à empresa por terceiros (e que, por via de conseqüência, deverá ser devolvido em algum momento futuro). c) O Patrimônio líquido - o Patrimônio Líquido (definido como a diferença entre o Ativo e o Passivo) também pode ser referenciado como Capital Próprio, numa referência ao fato de que representa valor dado à empresa pelos próprios sócios ou acionistas ou, ainda, pela própria empresa em decorrência de suas atividades. - O Patrimônio Líquido, ainda, pode ser referenciado pelo termo Situação Líquida do Patrimônio. - Finalmente, o Patrimônio Líquido, quando tiver seu valor negativo pode ser referenciado pelo termo Passivo a Descoberto. Abaixo, apresentamos quadro esquemático com as possíveis denominações para os três grandes grupos componentes do patrimônio (Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido), em consonância com nossa proposta didática de apresentação dos patrimônio. 7 O fato de um mesmo termo ser utilizado com mais de um sentido não é um problema desconhecido de nós. Afinal de contas, desde que aprendemos a nos comunicar, nos deparamos com ele: existe banco de sentar e banco de depositar dinheiro; existe manga de camisa e manga de comer (fruta). Ora, a distinção dos possíveis sentidos da palavra depende do contexto em que ela se encontra e da interpretação dada a ele pelos sujeitos da comunicação (escritor e leitor). Assim, em uma questão de prova, a interpretação faz parte de sua resolução e, caso seja possível mais de uma interpretação a um termo do texto do enunciado, é necessário resolver a questão duas vezes, utilizando ambas as possíveis interpretações, para verificar qual delas resulta em uma e apenas uma das respostas constantes das cinco alternativas da questão. A outra possível interpretação, conseqüentemente, deve ser descartada. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 22 Passivo em Sentido Amplo (Conforme a Lei das S/A - art. 178) Obs: * O Passivo a Descoberto (PL negativo) é representado do lado esquerdo do patrimônio (após o ativo) Ativo Passivo --------------------------- Patrimônio Líquido Total dos Investimentos Exigibilidades Capital Próprio Patrimônio Bruto Bens e Direitos Total das Aplicações Investimentos Aplicações Situação líquida do Patrimônio Passivo a Descoberto (se negativo) * Obrigações Passivo Exigível Capital de Terceiros Bens e Direitos (-) Obrigações 6 Funções da Contabilidade 6.1 A Contabilidade Como um Sistema de Informações A Contabilidade é considerada – do ponto de vista de sua finalidade – como um sistema de informação. Para entender essa assertiva, é necessário elucidar os conceitos de (1) sistema e de (2) informação. Nesse sentido, citamos a Pronunciamento do Ibracon (Instituto Brasileiro de Contadores), aprovado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) através da Deliberação n° 29, de 1986, a seguir reproduzida, em parte: Anexo à Deliberação nº 29 de 05 de Fevereiro de 1986. ESTRUTURA CONCEITUAL BÁSICA DA CONTABILIDADE - OBJETIVOS DA CONTABILIDADE A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização. Compreende-se por sistema de informação um conjunto articulado de dados, técnicas de acumulação, ajustes e editagens de relatórios que permite: a) tratar as informações de natureza repetitiva com o máximo possível de relevância e o mínimo de custo; b) dar condições para, através da utilização de informações primárias constantes do arquivo básico, juntamente com técnicas derivadas da própria Contabilidade e/ou outras disciplinas, fornecer relatórios de exceção para finalidades específicas, em oportunidades definidas ou não. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 23 6.1.1 Conceito de Sistema Por sistema entende-se um “conjunto de partes relacionadas”. Um exemplo clássico de sistema é o relógio (conjunto de peças, todas relacionadas entre si – através de engrenagens, alavancas e roldanas). Nesse sentido, a Contabilidade também pode ser vista como um sistema, já que ela é composta por um conjunto de (1) dados (relativos ao patrimônio), de (2) técnicas de registros de fatos ocorridos no patrimônio (denominados tecnicamente de lançamentos), de acumulação e de preparação de demonstrativos e (3) de demonstrações – todos relacionados entre si.Os sistemas podem ser de dois tipos: abertos ou fechados. Sistemas fechados são aqueles que não apresentam trocas com o meio em que se inserem. O exemplo mais contundente de sistema fechado é o exemplo do relógio (do antigo relógio de corda), que não necessita de dados externos para calibrar e direcionar seu funcionamento – uma vez dada corda, ele funciona de forma independente do meio em que se encontra. Ao contrário, sistemas abertos são aqueles que têm seu funcionamento influenciado pelo meio externo e que, também, influenciam o meio onde se encontram. O exemplo mais claro de sistema aberto é o exemplo do organismo unicelular (que tanto altera a situação de seu meio de cultura, quanto é influenciado por modificações nele). Segundo esse critério, a Contabilidade seria classificada como um sistema aberto, sofrendo influência de várias outras disciplinas (direito, economia, administração, matemática financeira, estatística, etc.) e nelas influenciando. 6.1.2 Conceito de Sistema de Informação A informação pode ser conceituada como “a matéria prima da tomada de decisões” ou como o “dado manipulado, para a tomada de decisões”. Veja que a idéia central no conceito de informação é a preparação para a tomada de decisões. Um dado qualquer pode não ser considerado como informação, quando ele não logra permitir ao usuário tomar decisões a partir dele. Em outro contexto, este dado (geralmente comparado a outros) alcança o status de informação, quando passa a influir na tomada de decisão por parte do usuário. Com base no conceito acima, podemos definir Sistema de Informação, conjunto de partes relacionadas destinadas a permitir/facilitar a tomada de decisões, por parte do usuário. Compreende-se, portanto, por sistema de informação um conjunto articulado de dados, técnicas de acumulação, ajustes e editagens de relatórios que permite: a) tratar as informações de natureza repetitiva com o máximo possível de relevância e o mínimo de custo; CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 24 b) dar condições para, através da utilização de informações primárias constantes do arquivo básico, juntamente com técnicas derivadas da própria Contabilidade e/ou outras disciplinas, fornecer relatórios de exceção para finalidades específicas, em oportunidades definidas ou não. Nesse diapasão, a Contabilidade – como um sistema de informação – se destina a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização. Finalmente, cabe questionar o tipo de decisão a que a informação contábil se destina. São, basicamente, dois tipos de decisão: acerca da composição do patrimônio e acerca de sua modificação (crescimento ou decréscimo). Isso é importante e já foi questão de prova em concurso! Assim, as informações geradas pelo sistema contábil devem desempenhar duas funções: (1) a função administrativa, de controlar o patrimônio; e (2) a função econômica, de apurar o resultado (rédito). 6.1.3 O Usuário do Sistema Contábil de Informação Conceitua-se como usuário toda pessoa (física ou jurídica, não importa) que tenha interesse na avaliação da situação (controle do patrimônio) e do progresso (apuração do rédito) de determinada entidade, seja tal entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou mesmo patrimônio familiar. Os usuários classificam-se em dois tipos básicos: o usuário interno e o usuário externo. O usuário interno é aquele que tem acesso (inclusive físico) detalhado à entidade (azienda) e, assim, pode avaliar seu patrimônio (também) diretamente. Um exemplo de usuário interno seria o próprio administrador da entidade. O usuário externo, por sua vez, é aquele que, sem acesso direto à entidade, tem interesse em conhecer e acompanhar a evolução de seu patrimônio. Como exemplos de usuário externos temos investidores, credores, clientes, governo, etc. O usuário interno tem interesse na informação contábil para tomar decisões como, por exemplo, admitir ou demitir pessoal, aumentar ou não salários, incrementar (ou reduzir) a produção de determinada mercadoria, investir (ou não) na construção de mais uma planta, adquirir (ou não) mais uma máquina, contratar (ou não) um serviço. O usuário externo tem interesse na informação contábil por vários motivos: a) o investidor, que precisa ter uma visão clara do patrimônio de uma empresa para decidir se deve utilizar suas economias para adquirir direitos (ações ou cotas de capital) sobre o patrimônio e, CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 25 conseqüentemente, sobre o lucro de uma empresa – ou, ainda, se, ao contrário, deve desfazer-se dessas ações/cotas; b) o credor Æ que precisa verificar a capacidade de pagamento da empresa para, calculando o risco de inadimplência, poder estipular a taxa de juros;8 c) os fornecedores Æ que – da mesma forma que os credores em geral – precisam verificar a capacidade da empresa de pagar pelos bens adquiridos; d) os clientes Æ que precisam verificar – a partir do patrimônio de uma empresa – sua capacidade de honrar a entrega dos bens adquiridos; e) o Estado Æ que, a partir dos dados contábeis das empresas, consegue: a. avaliar a necessidade de fomento de uma ou outra atividade; b. consegue identificar os aumentos patrimoniais, que ensejam fatos geradores de tributos. Ora, ainda que a Contabilidade (como sistema de informações) seja uma valiosa ferramenta para o usuário interno, ela é muito mais valiosa para o usuário externo, que necessita conhecer o patrimônio de uma entidade (azienda) sem acesso direto a ela, restando o sistema contábil de informação como sua “janela para conhecimento do patrimônio da entidade”. Por esse motivo, fica eleito o usuário externo como usuário preferencial da Contabilidade. Por via de conseqüência, são considerados usuários secundários os administradores (de todos os níveis) da entidade. 6.1.4 A Natureza Física e Econômica/Financeira da Informação Contábil A Contabilidade, como um sistema de informações, para cumprir seu objetivo, deve municiar o usuário de informações não somente sobre o valor do patrimônio, mas também sobre a qualidade física desse patrimônio. Somente com a visão completa, é possível a tomada de decisões. Informação de natureza econômica deve ser sempre entendida, em largos traços, como a informação relativa ao patrimônio como um todo. 8 Ao contrário do que pode se pensar, hoje ninguém vai para a cadeia por não pagar uma dívida. Assim, o que garante o pagamento da dívida é a existência de patrimônio (por parte do devedor) para saldar a obrigação. Ora, na inexistência de patrimônio, o credor fica prejudicado. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 26 Assim, fluxos de receitas e despesas (demonstração do resultado, por exemplo), bem como o capital e o patrimônio, em geral, são dimensões econômicas da Contabilidade. Por outro lado, a dimensão financeira da Contabilidade representa uma pequena parte do patrimônio (representada por moeda). Assim, os fluxos de caixa, de capital de giro, por exemplo, caracterizam a dimensão financeira. Ainda, a informação de natureza física constitui um importante desdobramento dentro da evolução da teoria dos sistemas contábeis, pois as mais recentes pesquisas sobre evolução de empreendimentos têm revelado que um bom sistema de informação e avaliação não pode repousar apenas em valores monetários, mas deverá incluir, na medida do possível, mensurações de natureza física tais como: quantidades geradasde produtos ou de serviços, número de depositantes em estabelecimentos bancários, e outras que possam permitir melhor inferência da evolução do empreendimento por parte do usuário. Finalmente, a informação de natureza de produtividade compreende a utilização mista de conceitos valorativos (financeiros no sentido restrito) e quantitativos (físicos no sentido restrito) como, por exemplo: receita bruta per capita, depósitos por clientes, lucro por produto produzido, gasto por empregado, etc. Em que pese a importância crescente das informações físicas (e, conseqüentemente, de produtividade), as informações de natureza econômica e financeira é que constituem o núcleo central da Contabilidade. O sistema de informação, todavia, deveria ser capaz de, com mínimo custo, suprir as dimensões físicas e de produtividade. Na evidenciação principal (demonstrações contábeis publicadas), todavia, as dimensões físicas e de produtividade consideram-se acessórias. 6.1.5 A Interação entre a Contabilidade e Outras Disciplinas, Necessária ao Alcance de seus Objetivos O objetivo principal da Contabilidade, portanto, é o de permitir, a cada grupo principal de usuários, a avaliação da situação econômica e financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer inferências sobre suas tendências futuras. Em ambas as avaliações, todavia, as demonstrações contábeis constituirão elemento necessário, mas não suficiente. Sob o ponto de vista do usuário externo, quanto mais a utilização das demonstrações contábeis se referir à exploração de tendências futuras, mais tenderá a diminuir o grau de segurança das estimativas. Quanto mais a análise se detiver na constatação do passado e do presente, mais acrescerá e avolumará a importância da demonstração contábil. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 27 Isto não quer dizer que as demonstrações contábeis não se adaptam às finalidades provisionais, mas apenas que avaliar tendências pode implicar divisar ou admitir configurações econômicas, sociais e institucionais novas, para o futuro, em que não se permite estimar com razoável acurácia os resultados das operações, pois a previsão das próprias operações é insegura. A Contabilidade pode, sim, ajudar a avaliação de tendências se: a) as conjunturas do passado se repetirem, mesmo que numa perspectiva monetária diferente (inflação ou deflação, sem alteração profunda do mercado); ou b) o agente (usuário) conseguir transformar o modelo informativo contábil num modelo preditivo, o que somente será possível dentro do esquema mental de conhecimento e da sensibilidade do previsor. O modelo informativo-contábil e o modelo preditivo são duas peças componentes, não mutuamente exclusivas do processo decisório. Os objetivos da Contabilidade, pois, devem ser aderentes, de alguma forma explícita ou implícita, àquilo que o usuário considera como elementos importantes para seu processo decisório. Não tem sentido ou razão de ser a Contabilidade como uma disciplina "neutra", que se contenta em perseguir esterilmente uma "sua" verdade ou beleza. A verdade da Contabilidade reside em ser instrumento útil para a tomada de decisões pelo usuário, tendo em vista a entidade. Há algumas décadas, notadamente a partir da virada dos anos 60 para os anos 70 do século passado, o estudo da Contabilidade foi fortemente influenciado por conceitos de outras disciplinas, a saber: a) Estatística, permitindo o tratamento de séries de informações contábeis – no tempo – relacionando-as e gerando informações de inferência do comportamento do patrimônio no futuro; b) Micro-Economia, notadamente a Teoria da Firma, trazendo novas abordagens para os problemas de fixação de preço, determinação da quantidade a ser produzida, etc.; c) Administração, no que tange a decisões sobre viabilidade de investimentos, etc.; d) Matemática Financeira, trabalhando o valor do dinheiro no tempo. Isso não retirou a identidade da Contabilidade, mas permitiu que ela alcançasse seus objetivos de forma mais adequada. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 28 6.1.6 Evidenciação e Prevalência da Essência Sobre a Forma Para a consecução desse objetivo da Contabilidade, e dentro principalmente do contexto companhia aberta/usuário externo, dois pontos importantíssimos se destacam: 1º) As empresas precisam dar ênfase à evidenciação de todas as informações que permitem a avaliação da sua situação patrimonial e das mutações desse seu patrimônio e, além disso, que possibilitem a realização de inferências perante o futuro. - As informações não passíveis de apresentação explícita nas demonstrações propriamente ditas devem, ao lado das que representam detalhamentos de valores sintetizados nessas mesmas demonstrações, estar contidas em notas explicativas ou em quadros complementares. - Essa evidenciação é vital para se alcançar os objetivos da Contabilidade, havendo hoje exigências no sentido de se detalharem mais ainda as informações (por segmento econômico, região geográfica etc.). Também informações de natureza social passam cada vez mais a ser requisitadas e supridas. 2º) A Contabilidade possui um grande relacionamento com os aspectos jurídicos que cercam o patrimônio, mas, não raro, a forma jurídica pode deixar de retratar a essência econômica. Nessas situações, deve a Contabilidade guiar-se pelos seus objetivos de bem informar, seguindo, se for necessário para tanto, a essência ao invés da forma. - Por exemplo, a empresa efetua a cessão de créditos a terceiros, mas fica contratado que a cedente poderá vir a ressarcir a cessionária pelas perdas decorrentes de eventuais não pagamentos por parte dos devedores. Ora, juridicamente não há ainda dívida alguma na cedente, mas ela deverá atentar para a essência do CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 29 fato e registrar a provisão para atentar a tais possíveis desembolsos. - Ou, ainda, uma empresa vende um ativo, mas assume o compromisso de recomprá-lo por um valor já determinado em certa data. Essa formalidade deve ensejar a contabilização de uma operação de financiamento (essência) e não de compra e venda (forma). - Noutro exemplo, um contrato pode, juridicamente, estar dando a forma de arrendamento a uma transação, mas a análise da realidade evidencia tratar- se, na prática, de uma operação de compra e venda financiada. Assim, consciente do conflito essência/forma, a Contabilidade fica com a primeira. Essas características de evidenciação ou de divulgação (disclosure) e de prevalência da essência sobre a forma cada vez mais se firmam como próprias da Contabilidade, dados seus objetivos específicos. 7 Princípios e Convenções Contábeis Já foi visto o que é a Contabilidade (ciência que se ocupa do estudo do patrimônio). Foi visto também o conceito de patrimônio (e sua representação gráfica). Foram vistos, ainda, os objetivos da Contabilidade. Em suma, até agora nos preocupamos em definir o que e para que – falta, então, definir COMO. Este é o objeto do presente tópico da matéria: iniciar o aluno na maneira como a Contabilidade estuda o patrimônio, e como ela cumpre seus objetivos, de controle do patrimônio e de apuração do resultado. Isso é realizado a partir dos Princípios Fundamentais de Contabilidade e das Convenções Contábeis. Importante notar que, mais do que uma questão certa em prova, o conhecimento dos Princípios Fundamentais de Contabilidade (e sua correta aplicação), permite que o pensamento flua, de maneira lógica, fazendo com que o estudante conclua – por si – váriasdeterminações CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 30 específicas da Contabilidade, evitando a necessidade de memorização (“decoreba”). Assim, devemos ter o maior cuidado no estudo desse tema, pois o assunto aqui tratado será referenciado ao longo de todo nosso curso. 7.1 Princípios Fundamentais de Contabilidade O conceito clássico de princípio é o de algo que aponta para uma situação desejada. Por exemplo, se eu digo: “Por princípio, eu procuro fazer as refeições em casa”, isso significa que a situação por mim desejada é a de que eu tenha uma vida que me permita fazer as refeições em casa. Ocorre que nada impede que, em um dia especial, de trabalho intenso – por exemplo – eu venha a fazer as refeições em um restaurante ou, ainda, em um final de semana, eu almoce em uma churrascaria com amigos e a família. Vejam que um princípio pode deixar de ser aplicado em sua plenitude, quando se choca com outro princípio. Nos exemplos acima, eu posso eventualmente deixar de fazer refeições em casa porque também tenho “por princípio” não chegar atrasado no trabalho após o horário de almoço ou, ainda, porque eu também tenho “por princípio” manter uma vida social agradável. Assim, um princípio (em sua concepção clássica) não é de aplicação integral, mas preferencial e parcial, de maneira a contemporizar a aplicação de outros princípios. Ora, a idéia de princípio difere da idéia de regra. Regra é algo que sempre deve ser aplicado, quando ocorre a situação a que ela se refere. Por exemplo, é proibido instituir ou majorar tributo sem lei anterior que o defina (com exceção do II, do IE, do IPI, do IOF, dos impostos extraordinários de guerra e do empréstimo compulsório motivado por guerra externa ou sua iminência). Repare que não é possível deixar de cumprir essa regra, porque é proibido. Aqui, entra a idéia de princípio contábil: Os princípios fundamentais de Contabilidade são apresentados como o entendimento predominante acerca da essência da teoria da Contabilidade. Os Princípios Fundamentais de Contabilidade se enquadram muito melhor no conceito de regras, pois sua observação é obrigatória, conforme se depreende do art. 1o da Resolução CFC n° 753, de 1993, abaixo: RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93 Dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade (P.F.C.) CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 31 O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, CONSIDERANDO que a evolução da última década na área da Ciência Contábil reclama a atualização substantiva e adjetiva dos Princípios Fundamentais de Contabilidade a que se refere a Resolução CFC 530/81. RESOLVE: CAPÍTULO I DOS PRINCÍPIOS E DE SUA OBSERVÂNCIA Art. 1º Constituem PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE (P.F.C.) os enunciados por esta Resolução. § 1º A observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). (grifos na transcrição). Assim, vê-se que os Princípios Fundamentais de Contabilidade são de observância obrigatória. A característica principal dos princípios fundamentais de Contabilidade é a obrigatoriedade de sua observância. Adicionalmente, frisa-se que, na aplicação dos princípios, a essência deve prevalecer sobre a forma. Cuidado, isso foi questão de prova também! Os princípios fundamentais de Contabilidade, portanto, apresentados como o entendimento predominante acerca da essência da teoria da Contabilidade, são enumerados conforme art. 3o da Resolução CFC n° 750, de 1993, abaixo: CAPÍTULO II DA CONCEITUAÇÃO, DA AMPLITUDE E DA ENUMERAÇÃO Art. 2º Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o Patrimônio das Entidades. Art. 3º São Princípios Fundamentais de Contabilidade: 1) o da ENTIDADE; 2) o da CONTINUIDADE; 3) o da OPORTUNIDADE; 4) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL; 5) o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA; CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 32 6) o da COMPETÊNCIA e 7) o da PRUDÊNCIA. Importante, na absoluta maioria dos concursos da ESAF dos últimos dez anos, na prova de Contabilidade, pelo menos uma questão versava sobre princípios contábeis. Assim, além de entender seu significado, para resolver a questão é necessário memorizar quais são os princípios9 (evitando sempre memorizar o que não se entende, porém memorizando os conceitos – já entendidos – e cuja memorização se faz necessária). Uma idéia, por nós proposta para este curso, é a de se utilizar mnemônicos (pequenas siglas – simples e, na maioria das vezes, bem humorada) que nos ajudem a memorizar conceitos complexos. No caso dos Princípios Fundamentais de Contabilidade, para sua memorização, imaginem a situação de um casal de namorados que briga porque ela descobriu que ele havia feito algo de errado. Após um período de separação, ela propõe uma reconciliação. Mas o rapaz, que sabe que a namorada é ciumenta e vingativa, tem medo da reconciliação; deseja voltar, mas tem medo. Então, ele diz: Eco! Reato com prudência! E C O Re Atu Com Prudência é um mnemônico que referencia o nome dos Princípios Fundamentais de Contabilidade: Entidade Continuidade Oportunidade Registro pelo valor original Atualização monetária Competência Prudência Passemos, então, a seguir, ao estudo de cada um dos princípios acima relacionados. 7.1.1 O Princípio da Entidade Pelo princípio da entidade, o patrimônio dos sócios não se confunde com o patrimônio da empresa. Cabe precisar o alcance do termo “empresa”, utilizado acima. A personalidade está umbilicalmente ligada à aptidão para ter patrimônio 9 Conforme já foi dito, não é necessário decorar, somente se quiser passar na prova, senão, a solução é tentar o próximo concurso (imaginem sempre que a prova deverá ser feita COM CONSULTA - consulta à memória). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 33 (nos termos de nossa legislação, personalidade é a capacidade de contrair obrigações e exercer direitos – inerente às pessoas físicas e jurídicas – ao tempo que Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa). Assim, as pessoas jurídicas adquirem personalidade quando podem ter patrimônio (e vice-versa). Ora, uma pessoa jurídica nada mais é do que o veículo jurídico de uma atividade (aventura – empresa). Assim, em nosso curso, utilizaremos o nome “empresa” para referenciar qualquer azienda que tenha sua contabilidade regrada pela Lei das S/A e, portanto, obedeça aos princípios fundamentais de contabilidade quando do registro de seu patrimônio. O princípio da entidade determina que se reconheça o patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a necessidade de diferenciação de um patrimônio particular no universo de patrimônios existentes. Logo, o patrimônio de uma entidade não se confunde com o de seus sócios ou proprietários. O Princípio da Entidade é determinado pelo art. 4o da Resolução CFC n° 750, de 1993, abaixo: “Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo
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