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CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 5 Prezados (as) Alunos (as), Iniciamos a nossa penúltima aula de Economia voltada à preparação para a prova de Analista de Planejamento e Orçamento da SEPLAG do Rio de Janeiro. A aula versará sobre os seguintes pontos do conteúdo programático: Modelo IS/LM. Setor externo e regimes cambiais: taxas de câmbio fixa e flutuante. Modelos IS/LM/BP e demanda e oferta agregada: política fiscal, monetária, cambial e comercial e seus efeitos sobre o produto, os preços e o balanço de pagamentos. Interação entre as políticas monetária, fiscal e cambial. Seguindo a metodologia adotada a partir da aula 2, será apresentada preliminarmente às questões a teoria que embasa a resolução destas. Adelante! Um grande abraço, Mariotti CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 2 1. Modelo de determinação da renda em economia fechada. As Políticas Fiscal e Monetária e o modelo IS-LM Uma forma útil de deduzir o padrão da demanda agregada e de verificar os efeitos das políticas macroeconômicas é através do modelo chamado IS-LM. Este estuda o equilíbrio do PIB, incorporando, além do mercado de bens e serviços, o mercado monetário, mercado este que possui como orientação as taxas de juros aplicadas na economia. No mercado de bens e serviços (curva IS), o equilíbrio, conforme verificamos, se dá no ponto em que a poupança (privada, pública e externa) da economia é igual ao investimento agregado (investimento bruto). Diferentemente, no mercado monetário (curva LM), o equilíbrio se dá quando a demanda por moeda é igual à oferta por moeda. No estudo do modelo IS-LM, vamos considerar que o investimento agregado depende da taxa de juros de mercado (isto é, aumentos da taxa de juros devem inibir investimentos, seja pelo aumento do custo dos empréstimos, seja porque é relativamente mais atrativo aplicar recursos no mercado financeiro). Veremos também que não é mais possível determinar a renda da economia apenas no mercado de bens e serviços, pois o modelo passa a incluir uma nova variável (a taxa de juros), que é determinada no mercado monetário. A partir da interação entre os mercados de bens e o monetário, torna-se possível a determinação da renda de equilíbrio da economia (Y) a um determinado nível de taxa de juros de equilíbrio. 1.1. O Equilíbrio no mercado de bens - A Curva IS A curva IS (Investment-Saving) representa as infinitas combinações de renda e taxas de juros existentes no mercado de bens e serviços. Em termos de equação, a sua expressão é dada pela fórmula que já conhecemos muito bem, referente à demanda agregada. CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 3 IS (Y) = C + I + G + (X - M) Se considerarmos que o investimento agregado depende da taxa de juros de mercado (isto é, aumentos da taxa de juros devem inibir investimentos, seja pelo aumento do custo dos empréstimos utilizados na produção, seja porque relativamente é mais atrativo aplicar recursos no mercado financeiro), o mercado de bens deve sofrer impactos diretos diante de variações nos juros. Dessa maneira, aumentos nas taxas de juros tendem a resultar na diminuição da produção e do consumo de bens e serviços. Esclarecimento 1: A maior ou menor inclinação da curva IS está associada à sensibilidade do investimento em relação à taxa de juros. Em mercados de bens e serviços diretamente dependentes de crédito e consequentemente das taxas de juros, são mais sensíveis as variações na taxa, de forma que pequenos aumentos podem representar grande diminuição do produto agregado. Y (Produção = Q) i IS Y (Produção = Q) i IS 10 8 1000 2000 CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 4 Tendo-se em mente que os juros interferem diretamente no resultado da economia, podemos calcular o impacto que este provoca sobre o nível de renda. Para isso voltamos a lembrar da igualdade definida na Contabilidade Nacional em que o investimento (I) é igual à poupança (S). Exemplo: Função Investimento I = 55 – 200i Função Poupança S = -40+0,20Y Situação I: Taxa de Juros = 9% ou 0,09 Equilíbrio S = I 55 - 200(0,09) = - 40 +0,20Y 77 = 0,2Y Y = 385 Uma diminuição dos juros levará a um aumento dos bens e serviços produzidos na economia. Juros de 7% ou 0,07 Equilíbrio S = I 55 - 200(0,07) = - 40 +0,20Y = 0,2Y Y = 405 De acordo com o gráfico da pagina anterior, uma pequena variação nos juros provocou um aumento da renda da economia. Corroborando esse entendimento, verificamos que as alterações nos juros fizeram a renda da economia aumentar de 385 para 405. É importante destacar que para alguns modelos econômicos mais simplificados (modelo keynesiano básico), os investimentos não são sensíveis às variações nas taxas de juros. Isso se reflete em uma situação em que os investimentos são autônomos. Nesta condição a curva IS torna-se vertical, dado que aumentos nas taxas de juros não geram impactos negativos sobre a renda da economia. Veja pela fórmula que quanto maior os juros, menor o nível de investimento. CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 5 1.2 O aumento dos gastos do governo em uma economia fechada e a curva IS Considerando que a renda de uma economia fechada é formada pelas variáves consumo (C), investimentos (I), gastos do governo (G), é possível saber, por exemplo, qual seria o impacto sobre a renda caso o governo resolvesse aumentar os seus gastos. A essa ação dá o nome de política fiscal expansionista. Y = C + I + G O resultado do aumento dos gastos é a geração do efeito multiplicador sobre a renda da economia e o conseqüente deslocamento da curva IS. O processo ocorre da seguinte maneira: o aumento inicial em um determinado setor da economia provoca a geração de renda naquele setor (ex: gastos do governo no setor da construção civil). O aumento da renda se reflete no aumento dos trabalhadores contratados bem como no aumento dos seus salários. Em decorrência deste aumento os assalariados demandaram outros bens em diversos outros mercados, gerando por conseqüência um efeito multiplicador derivados do gasto inicial realizado pelo governo no setor da construção civil. Y (Produção = Q) i IS Quando o investimento é autônomo, ou seja, não depende das taxas de juros, o impacto da política fiscal e máximo. Y (Produção = Q) i IS CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 6 Adiante será visto como o aumento dos gastos governamentais, realizados por meio de uma política fiscal expansionista, gera resultados diretos não somente no mercado de bens, mas também no mercado monetário, o qual é representado pela curva LM. A priori, destacamos, para fins de fixação, que a curva IS mostra a relação inversa existente entre renda e taxa de juros, representando o lado real da economia. 1.3 O equilíbrio no mercado monetário – A Curva LM Nochamado mercado monetário o equilíbrio se dá quando a oferta de moeda é igual à demanda por moeda. O aumento da oferta de moeda é representado pela colocação de mais dinheiro na economia para circulação, sendo o próprio ato de colocação realizado pela autoridade monetária, que no nosso país é o Banco Central. O aumento da oferta monetária é exógeno, ou seja, não depende de nenhuma outra variável, mas apenas às decisões de política econômica tomadas pelo BACEN. Ressalta-se que o mercado monetário é o local onde são realizadas e analisadas as interações entre a demanda por moeda por parte dos agentes econômicos e a oferta de moeda realizada inicialmente pelo Banco Central. Diz-se que o mercado monetário está em equilíbrio quando a oferta de moeda é igual à demanda por moeda. Vejamos o gráfico abaixo que exemplifica a oferta de moeda, tendo no eixo das abscissas a quantidade de moeda em circulação e no eixo das ordenadas a taxa de juros que determina o preço do dinheiro: CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 7 Destaca-se agora o gráfico que procura exemplificar o comportamento da demanda por moeda, demonstrando que esta apresenta relação inversa com a taxa de juros (i) e direta com o nível de renda da economia (Y). Esta peculiaridade se explica por que se considerarmos que sempre podemos obter um rendimento (juros) ao aplicarmos os nossos recursos financeiros, passa a existir um custo (custo de oportunidade) de retenção dessa moeda em mãos. Este custo é maior a cada vez que a taxa de juros aumenta. O mesmo raciocínio é válido para a queda nos juros, que acaba por estimular a retenção de moeda nas mãos das famílias. Adicionalmente, destaca-se que quanto maior o nível de renda, maior será a demanda por moeda em decorrência da maior procura por bens e serviços. Vejamos esta representação: Uma vez definidos os determinantes da oferta e da demanda por moeda, podemos caracterizar o equilíbrio no mercado monetário, onde a oferta de moeda será igual à demanda por moeda a um determinado nível de equilíbrio de taxas de juros. i M (Quantidade de Moeda) M A oferta de moeda é independente de qualquer outra variável (exógena). i M (Quantidade de Moeda) Y2 A demanda por moeda é dependente dos juros (i) e da renda (Y). Y1 CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 8 1.4 As alterações na oferta de moeda Importa-nos saber como a autoridade monetária pode alterar o equilíbrio entre a oferta e a demanda por moeda. Conforme verificamos, um dos instrumentos utilizados pelo Banco Central na condução da política monetária são a colocação e a retirada de títulos públicos no mercado monetário, por meio das operações de mercado aberto (open market). A colocação (compra) de títulos públicos aos bancos consiste na retirada de fundos a serem utilizados pelos bancos na forma de empréstimos e financiamentos à população em geral. O objetivo da venda dos títulos públicos pelo BACEN está em controlar a liquidez da economia, evitando com que haja um excesso de recursos potenciais geradores de processo inflacionário. Os títulos públicos pagam aos bancos proprietários uma taxa de juros remuneratórios, o que faz com que estes tenham interesse em aceitar a oferta por parte do BACEN. Destaca-se que o resultado da própria colocação dos títulos públicos é o aumento dos juros, uma vez que ocorre uma redução da oferta de moeda no mercado monetário. Conforme vimos, este aumento dos juros tende por si só a reduzir o consumo, especialmente aquele gerador de inflação. Diferentemente, a retirada (recompra) de títulos públicos consiste na ampliação da oferta de moeda na economia, o que tende a reduzir a taxa de juros. O resultado da diminuição dos juros estimula o aumento dos investimentos das empresas, gerando maiores gastos com a compra de bens de capital, o que i M (Quantidade de Moeda) M No equilíbrio a oferta de moeda é igual à demanda por moeda a um determinado nível de taxa de juros. i1 Y CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 9 promove por conseqüência o aumento da oferta de bens e serviços e, conseqüentemente, do consumo, variáveis estas componentes da demanda agregada. Vejamos assim, a partir do gráfico de equilíbrio entre a oferta e a demanda pela moeda, os resultados sobre as taxas de juros diante do aumento da oferta de moeda diante da adoção da política de recompra de títulos públicos. 1.5 A formação da curva LM O resultado das interações entre a oferta e a demanda por moeda deriva na formação da curva LM. As variações positivas na renda provocam a busca (maior demanda) por moeda, elevando as taxas de juros do mercado, uma vez que a oferta de moeda é mantida constante pelo Banco Central. Dessa constatação, pode-se concluir que a renda e os juros variam na mesma direção, possuindo assim uma relação direta. Quando a renda sobe, a taxa de juros também sobe. Quando a renda cai, a taxa de juros também cai. Esta dinâmica caracteriza a chamada curva LM, que demonstra todos os pontos existentes entre as diversas combinações de níveis de renda e de taxas de juros em uma economia. i M (Quantidade de Moeda) M2 A recompra de títulos pelo Banco Central leva a um aumento da oferta de moeda disponível na economia e a uma conseqüente queda na taxa de juros. i1 i2 M1 Y1 CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 10 É possível ainda realizar a derivação da curva LM a partir das equações de Demanda por moeda e de Oferta por Moeda: Ms = 200 (oferta de moeda) Mt = 0,25 Y (demanda de moeda para precaução e transação) Me = 50 - 200 i (demanda de moeda por especulação) O equilíbrio do lado monetário da economia é dado por: Ms = Md Sendo Md = Mt + Me 200 = 0,25 Y+ 50-200i 0,25 Y = 150 + 200i Y = 600+800i 1.6 O lado real e o lado monetário de uma economia fechada: IS x LM Conceituadas as curvas IS e LM, pode-se representar a interação entre as políticas econômicas. Para isso representamos graficamente o equilíbrio geral da Economia, situação onde o mercado de bens e serviços e o mercado monetário estão em equilíbrio. Vejamos: Y (PIB) i LM CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 11 O mercado (de bens e monetário) encontra-se em equilíbrio ao nível de taxa de juros (i1) e renda Y1. Este mesmo resultado pode ser ainda demonstrado numericamente. Senão vejamos: C = 90 + 0,625 Y (função consumo) I = 150 - 100 i (função demanda de investimentos) G = 0 Ms = 180 (oferta de moeda) Mt = 0,25 Y (demanda de moeda por transações e por precaução) Me = 50 - 200 i (demanda especulativa de moeda) a) Equilíbrio Monetário: Ms = Mt + Me 180 = 0,25 Y + 50 - 200 i 200 i = 0,25 Y - 130 (/2) 100i = 0,125Y - 65 b) Equilíbrio no mercado de bens e serviços Y = C + I + G Y = 90 + 0,625 Y + 150 - 100 i + 0 Y - 0,625 Y = 90 + 150 - 100i +0 0,375 Y = 240 - 100 i 100 i = 240 – 0,375 Y Y i LM i1 Y1 IS Equilíbrio O mercado de bens e serviços (IS) encontra-se em equilíbrio com o mercado monetário (LM) a níveis determinados de renda (Y) e taxa de juros (i) CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 12 c) Resolvendo as duas equações simultaneamente: 100 i = 240 - 0,375 Y 100i= 0,125Y - 65 240 – 0,375Y = 0,125Y - 65 Y = 610 Substituindo-se a renda Y = 610 nas equações IS ou LM, teremos: Taxa de Juros de Equilíbrio: 100 i = 0,125 Y - 65 100 i = 0,125*(610) - 65 100 i = 11,25 = i = 11,25% Nível de Investimento de Equilíbrio: I = 150 - 100 i I = 150 - 100(0,1125) I = 138,75 (Com uma taxa alta de juros, não vale a pena investir) Nível de Consumo de Equilíbrio: C = 90 + 0,625 Y C = 90 + 0,625 (610) C = 471,25 Demanda de Moeda de Equilíbrio: Md = Mt + Me Mt = 0,25 Y Mt = 152,50 Me = 50 - 200 i Me = 50 - 200(0,1125) Me = 27,5 Md = 152,50 + 27,5 Md = 180 CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 13 1.7 A realização de políticas monetária, fiscal e os casos extremos 1.7.1 Política Monetária Conforme já apontando, no intuito de estimular a economia, o Banco Central utiliza diversos instrumentos de política monetária, tais como a compra e venda de títulos públicos, chamados de operações de mercado aberto, o compulsório sobre os depósitos de valores realizados nos bancos e o redesconto. 1.7.1.1 As operações de Mercado Aberto (Open Market) A recompra de títulos públicos consiste em aumentar a oferta de moeda na economia, resultando na diminuição das taxas de juros. Essa diminuição estimula o aumento dos investimentos das empresas, gerando maiores gastos com a compra de bens de capital, o que, consequentemente, promove o aumento na oferta de bens e serviços. O aumento de bens ofertados estimula o consumo, tanto pela maior disponibilidade de bens, como também porque, uma vez que os juros estejam menores, maior será o interesse do poupador em gastar os seus recursos ao invés de poupar. O resultado de uma política monetária expansionista pode ser vista a partir do gráfico abaixo. Y i LM1 i1 Y1 IS Equilíbrio inicial LM2 I2 Y2 Um aumento da disponibilidade de moeda estimula os investimentos e o consumo, trazendo como resultado final o aumento da demanda agregada em um nível de taxa de juros mais baixo. Equilíbrio final CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 14 Dentro da análise econômica existem argumentações contrárias à eficácia de uma política monetária expansionista. Trata-se da explicação keynesiana1 denominada armadilha da liquidez (em que a demanda por moeda é infinitamente elástica em relação à taxa de juros)2. Para Keynes, uma vez que a economia esteja em depressão, ou seja, os consumidores não compram e as empresas não vendem; o nível de taxa de juros esteja muito baixo, e mesmo assim os consumidores preferem manter os recursos em suas mãos, sem gastá-los, o resultado de uma política monetária expansionista seria inócuo (ponto A), sem o crescimento do consumo e, consequentemente, dos investimentos (a curva LM é horizontal). Uma situação que ilustra bem a armadilha de liquidez proposta por Keynes refere-se à Grande Depressão ocorrida nos Estados Unidos no fim dos anos 20, início dos anos 30 do século passado. A redução das taxas de juros a níveis mínimos não gerava estímulo à compra de bens e serviços. Sendo ineficiente a 1 Proposição realiza por John Maynard Keynes, famoso economista inglês que revolucionou o estudo do comportamento dos mercados. 2 Uma demanda totalmente elástica é aquela em que pequenas variações nas taxas de juros, por exemplo, para cima, podem reduzir infinitamente a demanda por moeda, fazendo com que os agentes econômicos prefiram guardá-la. No caso em foco, em que estímulos via aumento da oferta monetária não são eficazes para que os agentes econômicos consumam mais, a demanda por moeda pelo motivo transação da moeda será nulo, prevalecendo apenas o motivo especulação, em que os agentes econômicos retêm moeda ao invés de utilizá-la. i Y IS LM1 Y* O aumento da oferta de moeda nada causa ao produto. Os agentes econômicos retêm o excesso de moeda em suas mãos. Ressalta-se que, graficamente, não há um deslocamento da curva LM para a direita e para baixo (ponto A). A LM2 CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 15 política monetária, coube ao governo a função de estimular o processo econômico por meio do aumento dos seus gastos em setores que se encontravam em recessão. 1.8 Política Fiscal O aumento das despesas via gastos públicos (G) ou diminuição dos impostos (T) são políticas defendidas pelos keynesianos como a melhor forma de gerar resultados positivos sobre o aumento da renda da economia, especialmente em situações de armadilha da liquidez. De acordo com o modelo IS-LM, uma política fiscal expansionista tem os efeitos de aumentar a renda e a taxa de juros, enquanto que a política contracionista tem o objetivo de diminuir a renda e os juros. A política fiscal expansionista desloca a curva IS para a direita, conforme o gráfico abaixo: O motivo do aumento dos juros é fácil de ser entendido. Como o Banco Central não alterou a oferta de moeda na economia, a demanda por moeda acaba por aumentar as taxas de juros, uma vez que as despesas do governo aumentam as trocas entre os agentes econômicos, diminuindo os saldos de aplicações financeiras. Este conceito é a própria definição do equilíbrio do lado monetário da economia. O efeito contrário da política de aumento dos gastos governamentais é o de que o aumento dos juros provocará uma diminuição do nível de investimento privado. Esse efeito é conhecido como efeito crowding-out, ou seja, é a expulsão do setor privado diante da política de aumento dos gastos governamentais. Y i LM1 i1 Y1 IS1 IS2 I2 Y2 Um aumento dos gastos do governo (G) estimula a demanda agregada, aumentando também as taxas de juros. CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 16 Debates em torno da política de gastos do governo permeiam as discussões sobre a participação do Estado no processo econômico. O excesso de gastos do governo, financiado por meio da captação de poupança da população (constituição de dívidas junto aos bancos), tende a tornar mais caro o preço do dinheiro aos consumidores, desestimulando o consumo e consequentemente os investimentos das empresas. A eficácia da política fiscal pode se dar principalmente em períodos de grande recessão econômica. Para os economistas keynesianos, o aumento dos gastos do governo é extremamente eficaz, pois, diante de uma recessão, quando as taxas de juros são muito baixas, aumentos nos gastos (G) provocarão o aumento da renda e do emprego, não impactando, num primeiro momento, os investimentos.Diferentemente da visão keynesiana, para os chamados economistas clássicos, o efeito do aumento dos gastos do governo não é eficaz para estimular o crescimento da renda, gerando resultados apenas sobre o aumento dos juros. Essa argumentação parte do princípio de que os juros já se encontram em um patamar alto, tornando o mercado de demanda por moeda pouco líquido, ou seja, para se captar mais recursos financeiros, torna-se necessário o pagamento de altas taxas de juros. A esse entendimento denomina-se “caso clássico”. Uma vez que exista pouca oferta de moeda no mercado, aumentos nos gastos serão contrabalançados pelo aumento ainda maior dos juros, resultando na queda do investimento (dependente dos juros) e tornando nulo o efeito multiplicador dos gastos do governo. Esse feito é conhecido como efeito “crownding-out total” (demanda por moeda totalmente inelástica, dado as altas taxas de juros Y i i1 Y1 IS1 LM I2 O aumento nos gastos do governo gera resultado direto na renda da economia, uma vez que existe alta liquidez, o que faz com que os juros não subam. Y2 IS2 CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 17 vigentes), ou seja, o aumento dos gastos é anulado pela diminuição do consumo e principalmente dos investimentos. 1.9 A interação entre as políticas Monetária e Fiscal – Modelo IS-LM As políticas monetária e fiscal são realizadas de forma integrada pelo governo, principalmente nos países onde o Banco Central, responsável pela condução da política monetária, não é independente. Dentre os casos apresentados até agora por nós, podemos ilustrar a interação das políticas de seguinte forma: Imaginemos que o governo resolva expandir seus gastos para aumentar o nível de emprego. Como resultado, verificamos que a política fiscal gerará o aumento das taxas de juros, uma vez que a demanda por moeda aumentará. Diante deste impacto o Banco Central pode intervir através de uma política monetária que expanda a oferta de moeda, evitando o aumento dos juros. Este exemplo leva à economia a seguinte situação: Y i i1 Y IS1 LM I2 CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 18 O governo aumentará seus gastos (G) gerando o aumento da demanda agregada (Y). Esta política leva ao aumento dos juros que, no entanto, será compensada pelo aumento da oferta de moeda pelo Banco Central. Uma vez que ocorra o aumento da oferta de moeda, os juros não sofreram pressão ascendente, de forma que o efeito do multiplicador via gastos(G) não seja minimizado por uma queda dos investimentos. Importante ressaltar, conforme destacado quando do início do estudo da macroeconomia, que a economia deve estar com desemprego dos fatores de produção (mão-de-obra, máquinas). Na verdade, caso todos os fatores de produção estejam operando em sua capacidade máxima (fábricas produzindo em nível máximo, não existência de desemprego involuntário), o impacto de uma política de estímulo à atividade economia gerará somente inflação, dado que a própria falta de oferta de novos bens produzidos tende a contribuir para o aumento dos preços. Y i LM1 i1 Y1 IS1 LM2 IS2 Y2 CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 19 RESUMO 1 DAS POLÍTICAS MONETÁRIA E FISCAL E AS EFICÁCIAS DAS POLÍTICAS KEYNESIANA E CLÁSSICA Lembre-se que para uma economia fechada o produto é representado pela seguinte equação: DA = (Y) = C + I + G Verificamos que as taxas de juros exercem resultados diretos sobre a eficácia das políticas monetária a fiscal. De acordo com a interpretação “clássica”, a curva LM não é sensível à variação nas taxas de juros, o que importa dizer que a demanda por moeda para fins de especulação é nula. Deste entendimento podemos afirmar que a elasticidade de demanda por moeda é igual a zero, também chamada de inelasticidade (verticalidade). De forma contrária à visão clássica, temos a chamada “armadilha da liquidez”, situação caracterizada por Keynes quando a economia se encontra em um profundo processo de recessão, sendo a curva LM totalmente elástica (horizontal). A definição desse resultado é o de que como a economia não vai bem, a execução de atividades pela iniciativa privada é nula. Quando o governo resolver realizar uma política monetária colocando mais moeda na economia, com o objetivo de aumentar as trocas e retirar o país da depressão, toda a moeda adicional será retida por especuladores, tornando inócua os efeitos da política monetária. Como o aumento da oferta de moeda leva, em tese, a diminuição da taxas de juros estimulando o consumo e o investimento, na armadilha da liquidez isso não acontece, devido ao fato de que toda moeda seria retida pelos especuladores. Nesta situação poderíamos dizer que a demanda por moeda é totalmente elástica, ou mesmo infinita. CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 20 Vejamos o resumo do gráfico dos casos “clássico” e da “armadilha da liquidez”. RESUMO 2 - CASOS EXTREMOS CASO: ARMADILHA DA LIQUIDEZ Curva LM horizontal = Demanda por Moeda infinitamente elástica em relação à taxa de juros = Eficiência apenas da Política Fiscal (aumento dos gastos ou redução dos impostos) CASO: CLÁSSICO Curva LM vertical = Demanda por moeda inelástica em relação à taxa de juros = Eficiência apenas da política monetária (aumento da oferta de moeda) i Y = PRODUÇÃO Trecho keynesiano (caso da armadilha da liquidez), onde somente a política fiscal é eficiente. Neste caso a demanda por moeda é totalmente elástica, sendo esta totalmente derivada do motivo especulação. IS1 IS2 Y1 Y2 Trecho clássico (caso clássico), onde somente a política monetária é eficiente. Destaca-se que neste trecho a demanda por moeda é totalmente inelástica, derivada da alta taxa de juros vigente. IS3 LM1 LM2 CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 21 Ponto do Conteúdo Programático: Macroeconomia: Principais modelos macroeconômicos de determinação da renda: modelo IS/LM 1 – (EPS/SEPALG – CEPERJ/2009) As afirmativas se referem ao modelo IS-LM, para uma economia fechada, estando incorreta a seguinte: a) através de combinação de políticas caracterizada por expansão fiscal e expansão monetária, é possível o nível de renda mantendo a taxa de juros constante. b) Em uma situação de “armadilha da liquidez”, uma expansão fiscal é capaz de elevar o nível de renda agregada. c) Quanto maior a propensão marginal a consumir, maior é o efeito do aumento dos gastos do governo sobre o nível de renda agregada. d) Quanto maior a elasticidade do investimento em relação à taxa de juros, maior é o efeito de uma contração monetária sobre a taxa de juros. e) Quanto maior a elasticidade de demanda de moeda em relação à taxa de juros, maior é o efeito da expansão monetária sobre o nível de renda agregada. Resolução: Essa questão engloba praticamente toda a matéria estudada anteriormente. Sendo assim, entendoque seja bem provável que a banca apresente uma questão neste estilo na prova. Vejamos cada uma das alternativas: a) A realização de uma política fiscal expansionista, via aumento de gastos, estimula o aumento do produto do PIB. A conseqüência negativa deste aumento é derivada do aumento da taxa de juros, uma vez que a demanda por moeda, devido às novas transações, aumentou, mas a oferta de moeda permaneceu constante. Em conjunto com a política fiscal, uma política monetária expansionista fará com que ocorra um aumento da quantidade de moeda em circulação, reduzindo a taxa de juros e aumentando, ainda mais, o PIB. b) A armadilha da liquidez se caracteriza pela situação em que a política monetária é ineficiente no sentido do aumento da renda. Diante desta situação, conforme defendido por Keynes, a única forma de promover estímulos na demanda agregada CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 22 será por meio do aumento dos gastos do governo, os quais caracterizam uma política fiscal expansionista. c) A propensão marginal a consumir reflete qual a fração da renda o consumidor gasta com a compra de bens e serviços. Na medida em que o governo realiza gastos em um determinado setor econômico, este tende a ser estimulado, gerando renda aos trabalhadores. Diante do aumento da renda, estes trabalhadores consumiram mais bens e serviços. Naturalmente, com o aumento da propensão marginal a consumir, maior será o efeito do aumento dos gastos por todo o processo econômico. d) O investimento é diretamente dependente da taxa de juros. Na medida em que os juros sobem, os impactos sobre os níveis de investimento tendem a ser maiores em função do quanto mais elástico é o próprio investimento (sensibilidade deste). O conceito de contração monetária associa-se à retirada de dinheiro de circulação. Com a diminuição da oferta de fundos emprestáveis frente uma mesma demanda, é natural a subida dos juros. Partindo do entendimento de que um grande número de empresas tomam capital emprestado para realização de investimentos, maior passar o custo para estas mesmas empresas. Assim sendo, quanto maior for a elasticidade (a reação das empresas ao aumento dos juros), maior será o impacto negativo sobre o investimento. e) Essa alternativa é um pouco mais chatinha de ser interpretada. A situação descrita na assertiva refere-se ao caso denominado de armadilha da liquidez, em que a curva LM é horizontal, ou seja, infinitamente elástica. Conforme verificado, a curva LM é formada pela oferta e pela demanda por moeda. No caso da oferta de moeda, ela é totalmente inelástica, uma vez que a quantidade de moeda em circulação é meramente definida pelo BACEN. Uma demanda totalmente elástica é aquela em que pequenas variações nas taxas de juros, por exemplo, para baixo, podem aumentar infinitamente a demanda por moeda. De todo modo, no caso em foco, em que estímulos via aumento da oferta monetária não são eficazes para que os agentes econômicos consumam mais, a demanda por moeda pelo motivo transação da moeda é nulo, prevalecendo apenas o motivo especulação, em que os agentes econômicos retêm moeda ao invés de utilizá-la, de tal forma que a expansão monetária não gerará resultados sobre o nível de renda agregada. CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 23 Gabarito: letra “e”. Ponto do Conteúdo Programático: Macroeconomia: Principais modelos macroeconômicos de determinação da renda: modelo IS/LM 2 – (APO/SEPLAG – CEPERJ/2009) De acordo com os modelos macroeconômicos de determinação da renda, no caso da armadilha da liquidez, é correto afirmar que: a) A demanda de moeda é perfeitamente inelástica em relação à taxa de juros. b) É o caso de total ineficácia da política fiscal. c) O maior gasto público não leva a qualquer alteração na renda. d) A taxa de juros se altera em reposta ao deslocamento da curva IS. e) A demanda de moeda é infinitamente elástica em relação à taxa de juros. Resolução: Depois da resposta a questão 1, fica bem mais fácil de se resolver esta questão. Primeiramente será apresentado o gráfico que descreve a condição da armadilha da liquidez: i Y IS LM1 Y* O aumento da oferta de moeda nada causa ao produto. Os agentes econômicos retêm o excesso de moeda em suas mãos. Ressalta-se que, graficamente, não há um deslocamento da curva LM para a direita e para baixo (do ponto A para o ponto B). A LM2B CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 24 a) Conforma já verificado, no caso da armadilha da liquidez a demanda por moeda é totalmente elástica em relação à taxa de juros. b) É o caso da total eficácia da política fiscal, uma vez que a política monetária não gera estímulos em termos de aumento da renda. c) Conforme dito acima, o aumento do gasto leva ao aumento da renda. d) A taxa de juros se mantém constante (não muda de patamar). e) Gabarito da questão, a demanda por moeda é infinitamente elástica em relação à taxa de juros. Gabarito: Letra “e”. Ponto do Conteúdo Programático: Macroeconomia: Principais modelos macroeconômicos de determinação da renda: modelo IS/LM 3 – (ECONOMISTA/DNOCS – FCC/2010) No modelo IS-LM para uma economia fechada, se a curva IS e a curva LM apresentam declividades normais e a economia estiver em equilíbrio, mas com desemprego, um aumento da oferta de moeda provocará no curto prazo, tudo o mais permanecendo constante, a) deslocamento da curva LM para a esquerda e aumento da taxa de desemprego. b) deslocamento da curva IS para a direita e diminuição da taxa de desemprego. c) diminuição da renda de equilíbrio e aumento da taxa de desemprego. d) deslocamento da curva IS para a esquerda e aumento da renda de equilíbrio. e) deslocamento da curva LM para a direita e aumento da renda de equilíbrio. Resolução: Conforme já destacado, um ponto fundamental para que as políticas econômicas sejam ativas e gerem impactos positivos sobre a economia é a de que exista desemprego dos fatores de produção. Adicionalmente, destaca-se que o aumento da oferta de moeda constitui uma política monetária expansionista, representada CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 25 pelo deslocamento da curva LM para a direita. Este deslocamento configura-se na redução dos juros e no aumento da renda de equilíbrio. Gabarito: Letra “e”. Ponto do Conteúdo Programático: Macroeconomia: Principais modelos macroeconômicos de determinação da renda: modelo IS/LM 4 - (ECONOMISTA/INFRAERO – FCC/2009) Considere uma economia em que a taxa de juros é endógena. Se o objetivo do governo for estimular investimentos e tanto a demanda por moeda quanto a demanda por investimentos forem elásticas em relação à taxa de juros, um dos procedimentos de política econômica que poderá ser utilizado é a) aumentar os impostos diretos. b) diminuir os gastos do governo e os impostos no mesmo montante. c) resgatar títulos públicos no mercado aberto. d) conceder subsídios aos importadores. e) recolher parte do papel moeda em circulação. Resolução: Repare que a questão não fala de elasticidade infinita da demanda por moeda em relação à taxa de juros nem tão quanto de elasticidade infinita do investimento em relação ao investimento. Assim sendo, tanto a curva ISquanto a curva LM não devem ser vertical nem tão quanto horizontal. Trata-se pois da análise simples do modelo IS/LM de uma economia fechada, sendo esta última conclusão derivada do fato de que a própria questão não fala de taxa de câmbio, condição necessária, conforme veremos, para afirmarmos que estamos diante de uma economia aberta. Dentre as opções destacadas nas alternativas dispostas entre as letras “a” e “e”, temos o seguinte: CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 26 a) O aumento dos impostos caracteriza-se como uma política fiscal contracionista, uma vez que diminui a renda dos consumidores e, consequentemente, o consumo. b) segundo a teoria econômica e a comprovação empírica, a redução dos impostos no mesmo montante da redução dos gastos do governo, leva obrigatoriamente a redução do PIB. c) O resgate de títulos públicos leva a expansão da quantidade de moeda em circulação promovendo um deslocamento da curva LM para a direita e para baixa, reduzindo a taxa de juros e estimulando o investimento e o PIB. d) Como estamos diante de uma economia fechada, conclusão embasada anteriormente, não há que se falar em importações na análise da questão. e) O recolhimento de parte do papel moeda em circulação significa reduzir a oferta de moeda e, consequentemente, aumentar a taxa de juros, impactando diretamente o investimento e o PIB. Gabarito: Letra “c”. Ponto do Conteúdo Programático: Macroeconomia: Principais modelos macroeconômicos de determinação da renda: modelo IS/LM 5 - (ECONOMISTA/MPU – FCC/2007) No modelo IS-LM para uma economia fechada, o efeito de uma política fiscal contracionista praticada pelo governo é: a) aumento da taxa de juros e da renda real de equilíbrio. b) aumento da taxa de câmbio e da taxa de juros. c) diminuição da taxa de juros e da renda real de equilíbrio. d) diminuição da taxa de juros e aumento da renda real de equilíbrio. e) diminuição da renda real de equilíbrio e aumento da taxa de juros. Resolução: Uma política fiscal contracionista pode se dar por meio ou da redução dos gastos do governo ou pelo aumento da tributação. Dessa forma, considerando que estamos tratando de uma economia fechada, uma política fiscal expansionista tende a CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 27 aumentar a renda real de equilíbrio e a taxa de juros. Sendo assim, o efeito de uma política fiscal contracionista só poderá levar à redução da renda real e da própria taxa de juros. Gabarito: Letra “c”. Ponto do Conteúdo Programático: Macroeconomia: Principais modelos macroeconômicos de determinação da renda: modelo IS/LM 6 – ((EPPGG/MPOG – ESAF/2002) A demanda real de moeda e expressa por (M/P) = 0,3Y – 40r, onde Y representa a renda real e r a taxa de juros. A curva IS é dada por Y = 600 – 800r, a renda real de pleno emprego é de 400, enquanto o nível de preços se mantém igual a 1. Indique o valor da oferta de moeda necessário para o pleno emprego. a) 80 b) 90 c) 100 d) 110 e) 120 Resolução: O primeiro objetivo desta questão é obter a taxa de juros de equilíbrio. A forma ideal de fazer isso é igualar a renda de pleno emprego à curva IS. Sendo assim, temos: 400 = 600 – 800r r = 200/800 = 0,25 ou 25% A partir deste dado deve-se lembrar que em equilíbrio a oferta de moeda é igual à demanda por moeda. Como temos disponível na questão a fórmula da demanda por moeda, fica fácil encontrarmos também o valor da oferta de moeda. Senão vejamos: (M/P) = 0,3Y – 40r CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 28 (M/P) = 0,3(400) – 40(0,25) (M/P) = 110 Gabarito: Letra “d”. Ponto do Conteúdo Programático: Macroeconomia: Principais modelos macroeconômicos de determinação da renda: modelo IS/LM 7 – (APO/MPOG – ESAF/2008) Com relação à política monetária, identifique a única opção incorreta. a) A política monetária apresenta maior eficácia do que a política fiscal quando o objetivo é uma melhoria na distribuição de renda. b) Se o objetivo é o controle da inflação, a medida apropriada de política monetária seria diminuir o estoque monetário da economia, como, por exemplo, o aumento da taxa de reservas compulsórias (percentual sobre os depósitos que os bancos comerciais devem colocar à disposição do Banco Central). c) A política econômica deve ser executada por meio de uma combinação adequada de instrumentos fiscais e monetários. d) Uma vantagem, freqüentemente apontada, da política monetária sobre a fiscal é que a primeira pode ser implementada logo após a sua aprovação, dado que depende apenas de decisões diretas das autoridades monetárias, enquanto que a implementação de políticas fiscais depende de votação do Congresso. e) A política monetária refere-se à atuação do governo sobre a quantidade de moeda e títulos públicos. Resolução: Trata-se pois de mais uma pergunta melhor relacionada às finanças públicas do que à economia. De todo modo, considerando a possível vertente a que a assertiva possa fazer referência, cabe a aplicação desta questão. CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 29 A política monetária não consegue diferenciar que parte da população será mais ou menos atingida com a sua adoção. O aumento da oferta de moeda se dissemina sobre o sistema financeiro, sendo alocado para a população tomadora de crédito, sem relação direta com a distribuição da renda gerada em função do aumento do consumo derivado da maior oferta de moeda. No caso da política fiscal, o governo pode direcionar a sua aplicação de forma a estimular as classes de menor poder aquisitivo, gerando como contrapartida a melhoria da distribuição da renda. É o caso por exemplo da própria tabela de imposto de renda, que visa tributar menos aqueles que ganham menos. Gabarito: Letra “a”. Findados os exercícios relacionados somente com o modelo IS-LM para uma economia fechada, passamos agora para a abordagem dos regimes cambiais bem como do modelo IS/LM/BP. 2. Regimes Cambiais Quando a economia de um país realiza transações com o exterior, nos moldes das operações de exportação e importação, torna-se necessário mensurar o valor do produto estrangeiro em moeda nacional, nos casos em que este será importado, da mesma forma que quando um produto for exportado, torna-se necessária a mensuração do produto nacional em moeda estrangeira. A forma encontrada para realizar estas mensurações é por meio da taxa de câmbio, que representa o preço da moeda estrangeira em moeda nacional3. Feita esta consideração inicial, podemos destacar frases que rotineiramente escutamos nos telejornais, como: “O real se desvalorizou perante o dólar, fechando cotado a R$ 2,25!” 3 Para fins de entendimento, deve-se sempre pensar quantas unidades de real são necessárias para realizar a compra de uma unidade de moeda estrangeira, mesmo que esta relação seja menor do que 1. CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 30 O que se pode entender desta afirmação é que agora, para se comprar uma unidade de dólar americano, é necessário mais unidades de reais. Para que tenha ocorrido uma desvalorização do real, conforme o caso acima, é necessário que anteriormente à desvalorização fosse precisomenos do que R$ 2,25 para se comprar o mesmo dólar (Ex: R$ 2,00). 2.1 Taxa Nominal de Câmbio O que determina a variação no valor da moeda estrangeira em relação à moeda nacional é a oferta e a demanda por dólares. A oferta de dólares representa o total de divisas estrangeiras à disposição do país. A origem da entrada de dólares é advinda da exportação de mercadorias e serviços, dos empréstimos, financiamentos e investimentos estrangeiros realizados no país. A característica peculiar do dólar é que esta é a principal moeda de negociação internacional, devido especialmente ao tamanho da economia americana e a relativa estabilidade da moeda estrangeira. A demanda de divisas é exatamente o caso contrário da oferta. As importações de bens e serviços, as viagens internacionais, os empréstimos e investimentos realizados no exterior são as motivações de demanda por moeda estrangeira dentro da economia nacional. Assim, partindo-se da relação entre oferta e demanda por moeda estrangeira podemos derivar o seguinte gráfico, em que no eixo das abscissas encontra-se a quantidade de moeda estrangeira e no eixo das ordenadas a taxa de câmbio de negociação. Quantidade de divisas Taxa de câmbio ODIVISAS 2,25 Q* DDIVISAS 2,50 2,00 CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 31 A taxa de câmbio de equilíbrio é determinada pelo encontro entre a demanda (D) e a oferta (O) de divisas. Uma taxa de câmbio de R$ 2,50 = US$ 1 provoca um desequilíbrio no mercado cambial, uma vez que a quantidade ofertada de moeda estrangeira é maior do que a quantidade demandada. Diferentemente, uma taxa de câmbio R$ 2,00 = US$ 1 provoca outro desequilíbrio, com a quantidade demandada maior do que a quantidade ofertada. Destaca-se, no entanto, que em um mercado de taxas de câmbio livres ou flutuantes, a oferta sempre se ajusta à demanda e vice-versa. Dando continuidade, podemos definir que a taxa de câmbio até agora trabalhada por nós é chamada de taxa nominal, ou seja, a taxa que simplesmente demonstra quantos reais nós necessitamos para comprar um dólar dentro do país. 2.2 Taxa real de câmbio e os termos de troca A taxa de câmbio real demonstra a relação entre os preços de um mesmo bem em duas economias distintas, uma nacional e outra estrangeira. Matematicamente podemos representar a taxa de câmbio real por “E”, sendo o seu resultado derivado da relação existente entre a taxa de câmbio nominal por “e”, o preço do bem no país estrangeiro “P*” e o preço do bem nacional “P”. Sendo assim, tem-se que: E = e.P*/P Imagine que a taxa de câmbio nominal que equilibra o mercado de divisas seja igual a 2,25 reais por dólar e que um determinado bem, por exemplo, soja, custe 20 reais no Brasil e 8 dólares nos Estados Unidos. Nessas condições temos determinada a seguinte taxa real de câmbio: E = 2,25 x 8 / 20 = 0,9 CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 32 Veja que a taxa real de câmbio é igual a 0,9, o que implica em dizer que este produto é mais barato no exterior do que dentro do país. Perceba que a multiplicação do preço do produto em moeda estrangeira vezes a cotação da taxa nomina de câmbio é igual a 18. Caso a taxa real de câmbio fosse maior do que 1 (E > 1), o produto no país seria mais barato do que no exterior. A taxa real de câmbio demonstra a expressão chamada termos de troca, que nada mais é do que a medição de negociação de um mesmo bem vendido em diferentes países, tendo como parâmetro uma mesma unidade monetária. Diante destas informações, verifica-se que quando a taxa real de câmbio é menor do que 1, (E) < 1, vale mais a pena importar o produto do exterior do que produzi-lo internamente. Já se a taxa de câmbio real (E) for > 1, significa que vale mais a pena produzir o produto internamente e depois exportá-lo. Para que exista igualdade de preço do produto no Brasil e nos Estados Unidos é necessário que a taxa nominal de câmbio seja igual a 2,5, “e” = 2,5. Vejamos: E = e P*/P = 2,5*8/20 = 1 Uma taxa nominal de câmbio igual a R$ 2,50 por US$ garante o que a literatura denomina de Paridade de Poder de Compra (Purchasing Power Parity - PPP). 2.3 Regime de câmbio flexível ou flutuante Em economia é comum denominarmos a taxa de câmbio a partir do regime vigente, ou seja, uma taxa de câmbio flexível está associada a um regime de câmbio flexível. CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 33 Considerado este ponto inicial, temos que um regime de câmbio flexível ou flutuante é representado pela taxa de câmbio que varia “ao sabor” das variações na oferta e na demanda de divisas estrangeiras. Alguns exemplos da realidade econômica ajudam a entender o comportamento da taxa de câmbio em um regime flexível ou flutuante. Caso tenhamos a diminuição do imposto de importação, ocorrerá naturalmente um aumento na demanda por câmbio, uma vez que se tornou mais barato comprar produtos do exterior. Esse aumento do câmbio tende a provocar uma desvalorização da taxa. A ocorrência da diminuição do imposto de importação é representada pelo seguinte comportamento gráfico da oferta e da demanda por divisas estrangeiras: Caso o governo tome medida inversa, aumentando o imposto de importação, ocorrerá a diminuição da demanda por câmbio, valorizando a moeda nacional, uma vez que estamos diante de um regime flexível. Vejamos graficamente: quantidade de divisas Taxa de câmbio ODIVISAS Q1 2,50 Q2 DDIVISAS2 DDIVISAS 1 Equilíbrio inicial Equilíbrio Final 2,25 2,00 quantidade de divisas Taxa de câmbio ODIVISAS Q2 2,50 Q1 DDIVISAS1 DDIVISAS 2 Equilíbrio final Equilíbrio inicial 2,25 2,00 CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 34 Imagine agora que ocorra um aumento na oferta de divisas provocada por políticas de exportação agressivas e pelo crescimento de investimentos estrangeiros no país. O resultado será um aumento da oferta de moeda estrangeiro, valorizando novamente a taxa de câmbio, conforme verificado pelo gráfico abaixo. Finalmente, imagine o caso em que ocorra uma saída de capitais estrangeiros do país ou mesmo uma política agressiva no exterior contra a entrada de produtos exportados pelo Brasil. Nessa hipótese haverá uma desvalorização do câmbio. quantidade de divisas Taxa de câmbio ODIVISAS 1 Q1 2,50 Q2 DDIVISAS 1 Equilíbrio final Equilíbrio inicial 2,25 2,00 ODIVISAS 2 quantidade de divisas Taxa de câmbio ODIVISAS 2 Q2 2,50 Q1 DDIVISAS 1 Equilíbrio inicial Equilíbrio final 2,25 2,00 ODIVISAS 1 CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 35 2.4 Regime de câmbio fixo No regime de câmbio fixo a taxa de troca entre a moeda nacional e a moeda estrangeira é fixa, sendo definida pela autoridade monetária, no caso o Banco Central, através de lei que assim o autoriza. Para manter a taxa de câmbio fixa, o BancoCentral deve estar preparado para a necessidade de ofertar ou de demandar moeda estrangeira. O instrumento que é utilizado pela autoridade monetária para manter o câmbio constante são as reservas internacionais, conhecidas por nós na aula 1. Sempre que a demanda por moeda estrangeira for maior do que a oferta, pressionando a taxa que deve ser fixa, o Banco Central vende moeda estrangeira ao mercado demandante. Em situação contrária, ou seja, caso a oferta seja maior que a demanda, ele compra moeda estrangeira do mercado, resultando em um aumento das reservas internacionais. Vejamos graficamente estas conclusões: Aumento da Demanda de Moeda Estrangeira: O1 D1 D2 Venda de Reservas Internacionais para manter o câmbio fixo (Q2 – Q1), em função do aumento da demanda de moeda estrangeira. Taxa de câmbio Divisas Q1 Q2 CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 36 Aumento da Oferta de Moeda Estrangeira 2.5 A taxa de câmbio, a elasticidade da oferta e da demanda de divisas e a formação da curva BP O quantum da variação na taxa de câmbio no sentido de valorização ou desvalorização está diretamente relacionado à sensibilidade que a oferta e a demanda de divisas possuem em relação aos fatores externos. Conforme dissemos anteriormente, na medida em que ocorram aumentos e diminuições de impostos sobre o comércio exterior, maiores ou menores serão os impactos sobre o câmbio. O1 D1 Compra de Reservas Internacionais para manter o câmbio fixo (Q2 – Q1), em função do aumento da oferta de moeda estrangeira. O2 Taxa de câmbio Q1 Q2 D1 D2 O2 O1 2 2,20 2,7 Q1 Q2 Q3 Taxa de câmbio CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 37 Ocorrido um aumento na demanda por moeda, para uma mesma oferta, os impactos sobre a depreciação da taxa de câmbio atingem diferentes magnitudes em função da elasticidade da oferta. Na análise do modelo IS-LM para uma economia aberta, adicionaremos à análise a denominada curva BP, representativa do resultado das políticas econômicas sobre o Balanço de Pagamentos. O grau dos impactos da entrada e saída de recursos via balanço de pagamentos será representada pela curva BP que, quanto mais elástica, demonstrará que maior é a chamada mobilidade de capitais, ou seja, eles podem entrar e sair do país livremente, sem a existência de restrições de ordem legal, técnica ou comercial. 2.6 Política Cambial no país a partir do Plano Real e as Crises Cambiais No início de 1994 foi implantado no país o Plano Real, plano este que procurou combater a inflação de uma forma inovadora. Uma delas, a chamada ancoragem cambial, baseou-se na valorização do real em relação ao dólar, beneficiada pela entrada de capitais estrangeiros, que resultou em barateamento das importações e em fator de inibição a aumentos de preços de produtos com concorrência internacional (bens tradeables). A elevação de preços durante os primeiros anos não era repassada à taxa cambial, pois o Banco Central intervinha no mercado para manter a valorização da moeda nacional, em faixas denominadas "bandas cambiais", beneficiado pela existência de apreciável volume de reservas internacionais. Essa mesma política, no entanto, causou apreciáveis déficits na Balança Comercial, que eram cobertos pela entrada de capitais, a maior parte de curto prazo. Depois de um saldo positivo de US$ 10,5 bilhões em 1994, os saldos foram negativos em 1995 (US$ 3,2 bilhões), em 1996 (US$ 5,5 bilhões), em 1997 (US$ 8,4 bilhões) e em 1998 (US$ 6,4 bilhões). O país sofreu duas corridas contra a sua moeda, em setembro de 1997 e setembro de 1998, com o governo procurando manter a política de valorização da moeda nacional. No final do ano as reservas de divisas tinham diminuído CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 38 sensivelmente, apesar da elevação dos juros, e tornando-se imperiosa a ajuda externa de capitais, liderada pelo Fundo Monetário Internacional, que exigiu, em contrapartida, que o país fizesse um ajuste fiscal rigoroso e a aceleração das desvalorizações da moeda. No início de 1999, o governo federal ampliou a margem de flutuação do real diante do dólar em 10%. A forte demanda pela moeda estrangeira elevou a sua cotação até o teto da banda cambial, fazendo com que o BACEN finalmente resolvesse realizar a liberação do câmbio, deixando que este flutuasse. A cotação disparou e chegou a ultrapassar R$ 2,00 por dólar em março daquele ano. O aumento do dólar pressionou os preços dos produtos que possuíam componentes importados e a taxa de juros básica foi fixada em 45%. O reforço das reservas, promovido pelo FMI, o controle do déficit público e o anúncio de medidas de política econômica devolveram o otimismo à economia, acompanhados da volta dos capitais estrangeiros e da taxa de câmbio mantendo-se por volta de R$ 1,80 no final de 1999. A partir do início do regime de liberdade cambial, a taxa de câmbio tem subido de uma forma mais ou menos acelerada, embora com alguns recuos ocasionais. O efeito positivo de tal situação é o maior estímulo às exportações e ingresso de capitais estrangeiros. Do lado das importações, o seu encarecimento resultou em maior estímulo à produção interna de bens similares. Os produtos com baixo poder de substituição na produção, como o trigo, o petróleo e máquinas e equipamentos, provocaram impulsos de custos que acabaram por contaminar as taxas inflacionárias. O repasse da variação do dólar para esses preços só não foi maior em função da não aceitação de preços maiores por parte do setor varejista e do próprio consumidor. O Banco Central, para evitar maiores pressões sobre a demanda de dólares, procura evitar elevações exageradas no câmbio, emitindo títulos públicos com correção cambial. CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 39 Em 2002, devido a diversos problemas mundiais, como a recessão nos Estados Unidos, a crise na Argentina e a expectativa quanto à eleição de um candidato oposicionista ao cargo de presidente da República fizeram aumentar a demanda por dólares, cujo valor ultrapassou R$ 3,00 em agosto do mesmo ano. A queda nas Reservas Internacionais e a necessidade de manter a confiança dos investidores no País fez as autoridades econômicas brasileiras recorrerem a uma nova ajuda financeira do Fundo Monetário Internacional. A economia internacional ainda passa por um período turbulento, especialmente devido à crise de crédito originada na economia norte-americana. Tal crise foi originada no inadimplemento dos contratos de concessão de crédito realizados com os mutuários. Devido a isto, os bancos americanos, credores das dívidas, têm enfrentado grandes dificuldades, o que promoveu o alastramento da crise pelo cenário econômico mundial, dado a capilaridade existente no sistema ao longo do mundo. O resultado de tal crise levou a cotação da moeda americana, que até o final de agosto encontrava-se em torno de R$ 1,60, a atingir no mês de outubro de 2008 o patamar de R$ 2,40. Com a adoção de políticas fiscais responsáveis e o adequado controle da política monetária, o Brasil vem tentando superar, a passos curtos, a turbulência internacional, fazendo inclusivecom que a sua taxa de câmbio esteja novamente abaixo dos R$ 2,00 por dólar. 3. MODELOS IS/LM/BP No estudo do modelo IS-LM definimos os conceitos da curva IS, que representa o mercado de bens e serviços, e da curva LM, representativa do mercado monetário. Através da interação entre as políticas monetária e fiscal procuramos analisar os impactos gerados por estas sobre os níveis de renda e taxa de juros. Os resultados obtidos baseavam-se no pressuposto de que a economia do país era fechada, ou seja, sem levar em consideração os impactos das políticas econômicas sobre o balanço de pagamentos, além de considerar que a economia encontra-se com desemprego dos fatores de produção. CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 40 A partir de agora, introduziremos na análise do modelo IS-LM a chamada política cambial, uma vez que a economia do país realiza transações de compra e venda de bens e serviços e envia e recebe fluxo de empréstimos, financiamento e investimentos com o exterior. O estudo da macroeconomia aberta está baseado no modelo Mundell- Fleming, que compara os impactos das políticas fiscal e monetária sobre o resultado economia, considerando para isto o regime cambial adotado. O modelo em questão é válido para uma pequena economia aberta, como no caso do Brasil. Para que a análise do modelo Mundell-Fleming seja fundamentada, é importante que façamos algumas ressalvas quanto às curvas IS e LM. Em relação à curva representativa do mercado de bens (IS), esta passa a ser estruturada por cinco componentes, quais sejam o consumo agregado (C), o investimento agregado (I), os gastos do governo (G), as exportações (X) e as importações (M). IS = C + I + G + (X – M) Esta consideração é feita devido ao fato de a curva IS é agora diretamente dependente também do regime cambial vigente, uma vez que esta variável atua diretamente sobre o resultado do balanço de bens e serviços não fatores (X – M). Conforme verificado, na ocorrência de uma valorização ou apreciação da taxa de câmbio, ou seja, na necessidade de menos unidades de moeda nacional para comprarmos uma unidade de moeda estrangeira, as importações de bens e serviços serão estimuladas. De forma inversa, caso ocorra uma desvalorização ou depreciação da moeda nacional frente à moeda estrangeira, o resultado é um estimulo as exportações do país. Com o aumento das importações, teremos a saída de recursos do país para o exterior, impactando negativamente a renda da economia. Já quando ocorrer o aumento das exportações, teremos a entrada adicional de renda na economia. CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 41 3.1 A curva BP Uma conceituação adicional é a de que existe uma relação direta entre a taxa de juros e o volume de capitais externos ingressantes. Em situações em que a taxa de juros encontra-se alta, maior é o fluxo de capitais destinados ao país. É como se estivéssemos pensando em uma poupança, que, diante de um aumento dos juros, ocorre um incremento nos saldos dos recursos aplicados. Sobre o impacto do aumento dos juros nos fluxos de capitais estrangeiros, leva-se em consideração o grau de abertura da economia, ou seja, se a legislação do país é rígida quanto à mobilidade desses capitais (entrar é fácil, e sair?). Essa interpretação se traduz em dizer se o país possui uma alta mobilidade de capital (inexistência de amarras a entrada e saída de capitais estrangeiros) ou baixa mobilidade de capitais estrangeiros (dificuldade de saída dos capitais). O grau de mobilidade dos capitais é importante pois é através desta característica que se saberá como o resultado das variações nos juros remuneratórios impactam a taxa de câmbio e, consequentemente, o balanço de pagamentos. Com estas considerações é possível derivarmos a nova formatação dos gráficos que serão utilizados na verificação dos impactos das políticas fiscal e monetária sobre a taxa de juros e o nível de renda de equilíbrio. Assim, iniciamos com a situação em que o país possui uma perfeita mobilidade de capital, ou seja, a curva representativa do Balanço de Pagamentos é infinitamente elástica. Vejamos o gráfico abaixo: Y i LM i1 Y1 IS Pode afirmar que a condição padrão de uma análise econômica do modelo IS-LM-BP refere-se a uma economia que apresenta perfeita mobilidade de capitais, conforme disposto no gráfico. BP com mobilidade perfeita de capitais CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 42 Existem países que apresentam amarras a saída de capitais estrangeiros ingressados, caracterizadas por quarentenas, ou seja, o investimento entrante no país não pode ser remetido de volta no dia seguinte, respeitando apenas os interesses do investidor, devendo ficar aplicado na economia do país no mínimo por quarenta dias. Trata-se de uma medida arbitrária dos governos, mas utilizada como forma de proteger a economia do país a fluxos exacerbados de capita especulativo estrangeiro. Em situações em que a saída do capital investido no país é proibida, a curva representativa da mobilidade de capitais se altera, sendo completamente inelástica. Vejamos: Destaca-se que as economias dos países podem apresentar mobilidades de capital diferenciadas, sendo estas representadas por situações intermediárias entre a perfeita mobilidade de capitais e a total imperfeição de mobilidade de capitais. Não menos importante, para fins de entendimento deste tópico, é necessário atentar para o fato de que a economia somente estará em equilíbrio quando existir a igualdade entre as três curvas, IS-LM-BP. Y i LM i1 IS Y1 Países que não permitem a saída de capital estrangeiro apresentam uma curva BP totalmente inelástica BP com mobilidade totalmente imperfeita de capitais CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 43 3.2 Os impactos das políticas fiscal e monetária em uma economia aberta Na análise do modelo IS-LM-BP devem ser considerados os resultados das políticas monetárias e fiscais em função do regime cambial vigente. 3.2.1 Política monetária expansionista em um regime de cambio fixo Um importante conceito adicional a ser tratado na análise dos impactos das políticas econômicas diante do regime de câmbio fixo refere-se novamente a operacionalização da manutenção do valor da taxa em patamar único. Conforme afirmado quando conceituamos o regime cambial fixo, o BACEN utiliza-se das reservas internacionais como ferramenta de manutenção da taxa, ou seja, caso a demanda seja maior do que a oferta de câmbio, para que não haja pressões no sentido de desvalorização da taxa, o BACEN vende reservas internacionais, voltando a equilibrar a oferta à demanda por câmbio num mesmo patamar de taxa. Ocorre, no entanto, que como a taxa de câmbio é fixa, a quantidade de reais necessária para se comprar uma unidade de moeda estrangeira deve ser a mesma, sempre. Em situações na qual a demanda por moeda estrangeira é maior do que a oferta, ou seja, os agentes econômicos estão utilizando reais para comprar dólares, para que o BACEN mantenha a cotação fixa, toda vez que ele entregar uma unidade de moeda estrangeira ao demandante de câmbio, que retiraráestes dólares do país, o BACEN deverá obrigatoriamente retirar de circulação o equivalente em reais, afinal de contas esta é única forma da Autoridade Monetária manter a cotação fixa, especialmente porque se os dólares não circulam mais na economia nacional, não há porque os reais também circularem pois, se assim fosse, haveria quebra da relação fixa da taxa de câmbio. CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 44 Sendo assim, vejamos qual será o impacto de uma política monetária expansionista em uma economia em que vigora a taxa de câmbio fixa, considerando na abordagem um país que apresenta perfeita mobilidade de capitais (BP horizontal). Com o aumento da oferta de moeda, a curva LM desloca-se para a direita e para baixo, elevando a renda para o nível Y2. Quando um país enriquece é padrão o aumento das importações. No exemplo em questão, como não há razão para supor que as exportações tenham-se alterado, uma vez que a taxa de câmbio é fixa, o saldo do balanço de pagamentos (balanço comercial) certamente piora. A segunda conseqüência refere-se à queda dos juros. Esta leva à saída de capitais do país, dada a existência de uma taxa de juros remuneratória no exterior mais atraente que no país. Adicionalmente, como a economia opera em um regime de câmbio fixo, a saída de capitais provoca automaticamente a redução do crédito interno, uma vez que para cada moeda estrangeira que sai da economia, torna-se necessário para a Autoridade Monetária a diminuição de uma unidade de moeda nacional. Diante da retirada forçada de moeda da economia, toda a expansão monetária realizada anteriormente pelo Banco Central é anulada, dado que ocorre uma saída de divisas gerada pela redução dos juros. Necessitando manter a paridade entre a moeda estrangeira e a moeda nacional, o Banco Central vende câmbio reduzindo a oferta de moeda na economia. (No gráfico, a renda volta de Y2 para Y1). Y i LM1 i1 Y1 IS A política monetária executada em um ambiente de câmbio fixo é ineficiente no sentido do aumento da renda e do emprego dos fatores de produção. BP LM2 Y2 i2 CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 45 Pelo exposto, se pode concluir que a política monetária é ineficaz no objetivo de elevar a renda da economia diante de um regime de câmbio fixo e com perfeita mobilidade de capitais. Um destaque importante a ser feito referente à efetividade da política monetária em um regime de câmbio fixo é o de que quando a mobilidade de capital é nula (totalmente imperfeita (BP vertical)), o resultado da política monetária será positivo. Esta situação acaba por caracterizar uma economia fechada, em que os impactos da política monetária são positivos sobre a renda, conforme visto por nós anteriormente. Para que fique claro para vocês, como não há qualquer mobilidade de capital, entende-se que o BP está em equilíbrio, não sendo necessário sequer a sua representação no gráfico. 3.2.2 Política fiscal expansionista (aumento dos gastos do governo ou diminuição dos impostos) para uma economia com regime de câmbio fixo e baixa mobilidade de capital – mobilidade imperfeita de capitais Ao invés de abordarmos apenas a interação entre a política fiscal e a curva BP em condições de total perfeição ou imperfeição de mobilidade de capitais, optamos em realizar uma abordagem com a curva BP apresentando baixa mobilidade de capital (mas não nula) e alta mobilidade de capital (mas não total). Uma política fiscal expansionista baseada na redução da tributação provoca um aumento da renda e, consequentemente, um aumento das importações. Como a economia encontra-se em um regime de câmbio fixo, não há que se falar em Y i LM1 i1 IS Y1 Y2 LM2 I2 CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 46 estimulo às exportações. Em resultado à política fiscal expansionista ocorre um déficit no balanço comercial e de serviços não fatores e consequentemente, das transações correntes. Adicionalmente, devido à política fiscal expansionista, ocorre um aumento da taxa de juros, o que acaba por estimular a entrada de capitais especulativos. O resultado do aumento de juros sobre a conta financeira leva em consideração a mobilidade imperfeita de capital (baixa mobilidade), o que poderá fazer com que a saída de divisas provenientes das importações seja muito maior que a entrada de capitais. Devido a este resultado, ocorre uma redução do crédito (deslocamento da curva LM) interno e uma minimização dos impactos positivos sobre a renda provocados pela redução da tributação. 3.2.3 Política fiscal e câmbio fixo num ambiente de alta mobilidade de capitais Num ambiente de alta mobilidade de capitais a eficácia da política fiscal também se verifica, mas os mecanismos de ajuste são um pouco diferentes. Com a política expansionista o resultado direto é a expansão da renda agregada. A grande diferença em relação a uma economia com baixa mobilidade de capital está no impacto que tal política terá sobre o balanço de pagamentos. Sabemos que a política fiscal acaba por elevar a taxa de juros de mercado, o que, por conseqüência, leva a entrada de capitais na economia via conta financeira. Y i LM1 i1 Y1 IS1 IS2 I2 Y2 LM2 Y3 I3 BP CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 47 Nas economias em que o fluxo de capital é excessivamente controlado, somente grandes aumentos nos juros estimulam a entrada de capitais, o que, em um regime de câmbio fixo, acaba por estimular o aumento da oferta de moeda no país e o conseqüente crescimento da renda. Diferentemente, com grande mobilidade de capitais, os impactos sobre a entrada de divisas são maiores do que a saída de divisas proveniente das importações, o que gerará um resultado positivo sobre o aumento da renda do país, dado vez que existe maior disponibilidade de crédito estimulador do consumo. É importante ressaltar que a política fiscal em um regime de câmbio fixo é um instrumento eficaz! A entrada líquida de divisas aumenta a oferta de moeda, a LM se desloca para a direita até o ponto onde os mercados de bens, o monetário e o cambial estão em equilíbrio. Resumo: Em um regime de taxas FIXAS de câmbio, somente a POLÍTICA FISCAL gera impactos sobre o crescimento da renda (Y). A magnitude desse crescimento é dependente da mobilidade que os capitais estrangeiros possuem na sua “estadia” (entrada e saída) do país. 3.2.4 Política monetária expansionista em uma economia com regime de câmbio flutuante/flexível e com mobilidade de capital plena Y i LM2 i1 Y1 IS1 IS2 I2 Y3 Com grande mobilidade de capital, os impactos sobre a entrada de divisas são maiores do que a saída de divisas provenientes das importações, o que gerará um resultado positivo sobre o aumento da renda do país, uma vez que existe maior disponibilidade de crédito estimulador do consumo. LM1 Y2 I3 BP CURSO ON-LINE – PACOTE DE EXERCÍCIOS – APO – SEPLAG/RJ www.pontodosconcursos.com.br 48 Conforme verificamos,
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