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O Direito Ocidental é universal? Argumentação sobre a pergunta

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Vitória Tavares 
O Direito Ocidental é Universal?
Matéria: Antropologia Jurídica
Sala: C
 Belo Horizonte
2016
O Direito ocidental é universal?
Em primeiro lugar, antes de responder a essa pergunta, é necessário citar pontos históricos Gregos e Romanos que contribuíram para a construção do direito ocidental - que tem como ápice a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948-. Esses pontos foram: O surgimento da filosofia, a razão como elemento fundamental do pensamento grego, o homem como um ser livre – liberdade coletiva- e dotado de razão que através do exercício de descobrir a verdade, possibilitou-se a criação de normas sociais. Além disso os romanos, através do estoicismo, consolidaram o conceito de universalidade e falavam que esta pode ser atingida através da racionalidade. Assim, a ideia de cidadão cosmopolita, reforça a ideia de lei universal que vale para todos os cidadãos.
Após essas citações, observa-se que o ocidente através dessa experiência única, possibilitada por sua história, tentou definir conceitos que abarcassem toda a humanidade. O vocabulário do Direito e dos direitos de cada indivíduo – como os expressos na Declaração - exprime um sistema de crenças propriamente ocidentais, e assim equívocos foram causados com a tentativa de implementação dos Direitos Humanos, uma vez que a abordagem ocidental ignora os aspectos culturais do outro. Devido, equivocadamente, “os cientistas sociais” sob influência do êxito cientifico das ciências naturais -vide positivismo - tentarem utilizar da aplicabilidade dos preceitos metodológicos e hipotéticos desta nas ciências humanas.
Todavia, esse método universalista das ciências naturais não leva em consideração particularidades das formulações sociais. Um exemplo observado é a influência do dogma na coesão social, isto é, a crença em determinado objeto que unifica a razão gregária das sociedades – esse objeto é relativo a cada sociedade. Outro ponto a ser suscitado é a complexidade da integração social entre os povos. Em outras palavras, os conceitos morais e políticos de cada sociedade são independentes e diversos. Assim, para que os direitos humanos fossem universais necessitar-se-ia da singularidade dos preceitos e princípios que regem a sociedade – dogma e direito.
Vale ressaltar que a tentativa de universalização dos direitos humanos que foi feita não pode ser entendida como uma justificativa para a recusa dos direitos humanos, uma vez que experiências totalitárias e coloniais – dominação de uns sobre os outros- adveio dessa recusa. O final da segunda guerra mundial somada a eminente descrença do racionalismo ilimitado, demonstrou a importância de considerar o sujeito de direito, já que não mais as ações individuais, estatais, coletivas devem pautar-se tão somente em regras, mas também na legitimidade das ações.
Apesar da contribuição histórica advinda das citações acimas, ainda hoje observamos movimentos que negam a importância dos direitos humanos ou que acreditam na necessidade de imposição dos direitos humanos. Os conflitos atuais demonstram evidentemente a importância da consolidação dos direitos humanos, todavia, com respeito ao relativismo cultural naturalmente existente graças a complexidade das relações sociais. É importante ressaltar que o relativismo, não deve ser a regra, porém deve ser o método de aceitabilidade da diferença e modo de apresentação dos princípios basilares dos direitos humanos para aqueles que se encontram em sua marginalidade. Isto é, “Compreendo a sua visão, do mesmo jeito que você é diferente para mim eu sou pra você”, é preciso embasar a apresentação das normas gerais dos direitos humanos respeitando o relativismo, mesclar a universalidade que existe em determinados pontos do direito humano com o relativismo cultural. 
Em suma, os Direitos Humanos deve ser uma busca sem imposição de valores e conceitos, é preciso evitar os choques culturais e abrir espaço para diferentes interpretações desses “direitos universais” com base nas diferenças e na pluralidade de valores. Os Direitos Humanos não deve ser apresentado de forma coercitiva, mas sim de forma demonstrativa, uma vez que, como ser racional, o indivíduo deve analisar sua conduta pelo viés racional e não inquisitivo.
Textos bases para a argumentação:
jullien, françois. os direitos do homem são mesmo universais?, le monde diplomatique, fevereiro de 2008, p. 1-6.
supiot, alain. homo juridicus. ensaio sobre a função antropológica do direito. são paulo: martins fontes. [cap. 6. unir a humanidade: do uso correto dos direitos do homem, p. 231-255].

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