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Configuração Territorial e Dinâmica Sócio‐Espacial… ‐ Santos, Souza & Lima 
CONFIGURAÇÃO TERRITORIAL E DINÂMICA SÓCIO-ESPACIAL DO 
PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DA CIDADE DE PETROLÂNDIA - PE1
 
Clélio Cristiano dos Santos2
clegeo2@yahoo.com.br
 
Diana Cecília de Souza3
dianacsouza@yahoo.com.br
 
Francisco Guedes de Lima4
francisconeto88pe@hotmail.com 
 
Resumo 
 
A proposta deste artigo é refletir sobre a atual configuração territorial da cidade de 
Petrolândia, buscando a apreensão dos principais aspectos que caracterizam a dinâmica 
sócio-espacial do processo de urbanização vivenciado por este município. Neste sentido, 
discute-se inicialmente a noção de Cidade do Campo, em seguida, aborda-se a atual 
configuração territorial da cidade e, posteriormente, tecem-se considerações sobre o 
processo histórico de constituição territorial da mesma e as principais desigualdades 
sócio-espacias nela presentes. 
 
Palavras-Chave: Cidades do campo, Urbanização, Petrolândia - PE. 
 
Abstract 
 
The purpose of this paper is to discuss the current territorial configuration of the city of 
Petrolândia, seeking the seizure of the main aspects that characterize the socio-spatial 
dynamics of the urbanization process experienced by this municipality. In this sense, 
initially it is discussed the notion of City of the Countryside then is approached the 
current territorial configuration of the city and after are weaved considerations about 
the historical process of territorial formation of the same and the main social-spatial 
inequalities that it presents 
 
Keywords: City of the Countryside, Urbanization, Petrolândia - PE. 
 
 
Introdução 
 
 O Brasil chega ao século XXI com uma generalização do fenômeno da 
urbanização da sociedade e do território. No âmbito da globalização econômica, sob a 
égide da revolução tecnológica, ocorre no país uma aceleração da urbanização e do 
                                                            
1 O presente artigo resulta de um projeto de pesquisa desenvolvido no âmbito do Programa de 
Fortalecimento Acadêmico – PFA, da Universidade de Pernambuco – UPE, Campus Garanhuns. 
2 Professor Assistente do Curso de Licenciatura em Geografia da UPE – Campus Garanhuns. 
3 Mestra e Licenciada em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco. É professora da rede 
estadual de ensino em Pernambuco e, atualmente, encontra-se cedida à Universidade de Pernambuco - 
Campus Garanhuns, onde leciona no Curso de Licenciatura em Geografia. 
4 Graduado do Curso de Licenciatura em Geografia da UPE – Campus Garanhuns e ex-bolsista do 
Programa de Fortalecimento Acadêmico – PFA/UPE. 
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Configuração Territorial e Dinâmica Sócio‐Espacial… ‐ Santos, Souza & Lima 
crescimento numérico e territorial das cidades. A urbanização se interioriza e 
desencadeia inumeráveis transformações nas áreas mais distantes do país. 
 Em meio século, o Brasil passa da condição de um país essencialmente agrário 
para uma das principais economias mundiais. Em nenhum outro período da história 
brasileira, o país conheceu uma urbanização tão complexa. De um país como um todo 
agrário, o Brasil emerge, no século XX, urbano, industrial e de relações de trabalho 
dominantemente capitalistas (SANTOS, 1993). 
 Com a expansão do meio técnico-científico-informacional construíram-se os 
sistemas técnicos necessários à realização da produção e das trocas globalizadas. Isto se 
refletiu muito fortemente na organização do território brasileiro e na sua dinâmica 
demográfica, caracterizada por um acelerado processo de urbanização e crescimento 
populacional. O resultado é uma nova divisão territorial e social do trabalho (ELIAS, 
2005a). 
 A globalização da economia provocou profundas transformações em diferentes 
setores econômicos, dentre eles, a agropecuária, que vêm passando por intensa 
reestruturação produtiva nas últimas décadas. Com a introdução de um novo modelo 
técnico, econômico e social de produção agropecuária, denominado por Elias (2003) de 
agricultura científica, processou-se uma reestruturação dos antigos sistemas de ação e de 
objetos inerentes à agropecuária. 
 Dentre os reflexos da agricultura científica, temos uma completa remodelação do 
território e a organização de um novo sistema urbano. Vê-se, assim, emergir nessas 
áreas de agricultura científica, fortemente integradas à economia urbana, uma nova 
gama de relações campo-cidade, construindo-se uma unidade dialética, na qual as 
cidades próximas se tornam responsáveis pelas principais demandas da agricultura 
científica, caracterizando aquilo que Milton Santos (1993) denominou de cidade do 
campo. 
 Neste contexto, emerge o interesse de analisar a atual configuração territorial da 
cidade de Petrolândia, buscando a apreensão dos principais aspectos que caracterizam a 
dinâmica sócio-espacial do processo de urbanização vivenciado por este município. 
Desta forma, a partir do entendimento de que o espaço, como realidade, é uno e total, e 
que cabe à Geografia estudar esse conjunto de sistemas de objetos e de ações que 
formam o espaço, realizou-se, estudos bibliográfico, documental e estatístico do objeto 
em análise, considerando-se aspectos quantitativos e qualitativos relacionados à 
distribuição dos fixos e dos fluxos, vinculados às atividades econômicas e à dinâmica 
sócio-espacial do município. 
 
1. Discutindo a Noção de Cidade do Campo 
 
 O termo Cidade do Campo foi proposto pelo professor Milton Santos (1993) 
para denominar as cidades do Brasil agrícola. Ao discutir as novas relações entre a 
cidade e o campo, impostas pela agricultura científica e pelo agronegócio, identifica-se 
uma crescente integração dessas atividades ao circuito superior da economia urbana. 
Assim, a cidade passa a fornecer a grande maioria dos produtos, serviços e mão de obra, 
necessários à produção agropecuária e agroindustrial. A cidade local deixa de ser a 
cidade no campo e se transforma na Cidade do Campo. 
 As produções agrícolas e agroindustriais modernas têm o poder de adaptar as 
cidades próximas as suas demandas. A cada processo de modernização das forças 
produtivas agrícolas e agroindustriais, as cidades das áreas adjacentes se tornam 
responsáveis pelas demandas crescentes de uma série de novos produtos e serviços, dos 
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híbridos à mão de obra especializada, o que faz crescer a urbanização, o tamanho e o 
número das cidades. 
 O resultado dessa reestruturação produtiva da agropecuária brasileira é uma 
grande metamorfose e crescimento da economia urbana das cidades próximas das 
produções agropecuárias modernas. As cidades do campo têm a sua unidade, devido 
principalmente, à interseção com o campo, com as atividades agrícolas e 
agroindustriais, sendo campo e cidade participantes de uma mesma corrente de relações 
uníssonas, desenvolvendo inúmeros circuitos espaciais da produção e círculos de 
cooperação entre esses dois espaços. O resultado disto é uma total remodelação do 
território e a organização de um novo sistema urbano, hoje muito mais complexo do que 
há trinta anos, com uma veloz e incessante substituição do meio natural e do meio 
técnico pelo meio técnico-científico-informacional (ELIAS, 2005b). 
 Nas cidades do campo, as atividades agrícolas e agroindustriais modernas têm o 
poder de comando da vida econômica e social das cidades e do sistema urbano, o que 
faz com que cada cidade se organize com a feição do seu campo, aumentando, dessa 
forma, a distinção entre as cidades, considerando que cada cultura agrícola, cada 
indústria têm necessidades específicas em momentos determinados. 
 Nesta conjuntura, o perfil urbano do Brasil agrícola com áreas urbanas tem 
passado por grandes metamorfoses,tornando-se muito mais complexo, onde o 
tradicional esquema de análise de funcionamento da rede urbana simplesmente não é 
mais válido para o presente. Com a fluidez possível graças à construção dos modernos 
sistemas de engenharia dos transportes e das comunicações, intensificaram-se as trocas 
de toda natureza, com grandes impactos na vida social e no território, reformulando o 
antigo sistema urbano. 
 Em razão disto, emerge uma nova divisão social e territorial do trabalho, com 
grandes impactos na estrutura demográfica e do emprego, que culminam com um 
processo acelerado de urbanização. Além disto, é preciso, segundo Elias (2005b), o 
conhecimento das atividades produtivas e de suas leis, assim como das cidades do 
campo e das leis que as regem, para melhor compreender a urbanização e o crescimento 
urbano das últimas décadas, pois cada cidade é singular e seu alcance é cada vez mais 
longínquo, podendo, muitas vezes, as cidades próximas não ter nenhuma relação entre 
si. 
 
2. A Atual Configuração Territorial da Cidade de Petrolândia 
 
 Localizado às margens do Rio São Francisco, no Sertão de Pernambuco (Mapa 
01), o município de Petrolândia integra a Mesorregião do São Francisco Pernambucano, 
a Microrregião de Itaparica e a Região de Desenvolvimento do Sertão de Itaparica5. 
Compreendendo uma superfície territorial de 1.056.648 Km2, o município de 
Petrolândia se limita ao norte com Floresta, ao sul com Jatobá, a leste com Tacaratu e a 
oeste com o estado da Bahia. 
 
 
 
 
 
 
 
                                                            
5 As Regiões de Desenvolvimento – RD foram criadas pala Lei nº 12.427 do ano 2003 e divide o Estado 
de Pernambuco em 12 regiões. 
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Mapa 01: Localização do Município de Petrolândia no Estado de Pernambuco 
 
Fonte: Carlos Eduardo Santos de Lima (2014) 
 
Fundado em 09 de dezembro de 1938, pelo decreto-lei estadual nº 235, o na 
época intitulado município de Itaparica, só viria a se denominar Petrolândia, “Terra de 
Pedro”, em 31 de dezembro de 1943, pelo decreto-lei estadual nº 952, em homenagem 
ao Imperador Pedro II6 (CONDEPE/FIDEM, 2014a). 
 O município de Petrolândia apresenta uma divisão territorial administrativa, 
definida pela lei estadual nº 11.256, de 28 de setembro de 1955, segundo a qual, o 
município é constituído pelo seu distrito sede, a cidade de Petrolândia, e por nove 
povoados compostos pelas Agrovilas7 e seus blocos. 
A cidade de Petrolândia se localiza na porção sudeste do município, a uma 
altitude de 282m e coordenadas geográficas de 08° 58` 45`` de latitude e 38° 13` 10`` de 
longitude. O acesso à cidade é feito por meio da BR 110, que liga os municípios de 
Jatobá e Floresta, distando 430 km da capital. A sua superfície territorial aproximada é 
de 3,77 Km2, tendo como principais limites urbanos o Lago de Itaparica e a BR - 316. 
 
 
 
 
 
 
 
                                                            
6 Em 1877, a região recebeu a visita do Imperador D. Pedro II, que ordenou a construção de um cais e de 
uma ferrovia para ligar economicamente o alto e o baixo São Francisco (PREFEITURA MUNICIPAL 
DE PETROLÂNDIA –PE, 2014). 
7 Constituem os povoados as seguintes agrovilas: Agrovila 1 (bloco 1, bloco 3 e bloco 4), Agrovila 2 
(bloco 1 e bloco 3), Agrovila 3 (bloco 3 e bloco 4), Agrovila 4 (bloco 3 e bloco 4), Agrovila 5 (bloco 4), 
Agrovila 7 (bloco 3), Agrovila 8 (bloco 3), Agrovila 9 (bloco 3) e Agrovila 10 (bloco 3). 
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Configuração Territorial e Dinâmica Sócio‐Espacial… ‐ Santos, Souza & Lima 
 
Mapa 02: Localização dos Bairros da Área Urbana de Petrolândia - PE 
 
Fonte: Carlos Eduardo Santos de Lima (2014) 
 
O mapa 02 acima apresenta como se encontra atualmente a organização espacial 
de traçado urbano ortogonal, dividida em quadras, sendo 17 quadras residenciais, uma 
quadra de serviços e outra central. Posteriormente, em razão do crescimento da cidade, 
surgiu o Bairro Nova Esperança, as margens da BR 316. 
Tendo sida reconstruída de forma planejada em 1988 pela Companhia 
Hidrelétrica do Vale do São Francisco – CHESF, a cidade de Petrolândia foi dotada de 
uma série de equipamentos urbanos, como escolas e postos de saúde, com elevado 
percentual de ruas pavimentadas, abastecimento d’água e tratamento de esgoto. 
O município de Petrolândia possui 8.572 domicílios permanentes, nos quais 
reside uma população de 32.492 habitantes, sendo 8.871 pessoas residentes na área rural 
e 23.621 residentes na área urbana, isto é, uma taxa de urbanização de 72,7% (IBGE, 
2011). Esta tônica urbana também se faz presente na ocupação da população 
economicamente ativa do município, cuja distribuição dos 2.655 postos de trabalho 
formal se concentra na cidade. O setor público desponta como o maior empregador, 
respondendo por 41,5% dos empregos formais, seguido pelas atividades tipicamente 
urbanas, como o comércio e a prestação de serviços, que juntas respondem por 44, 8%, 
a atividade agropecuária por 5,6%, as atividades industriais por 4,9% e o extrativismo 
mineral por apenas 3,2% dos postos de emprego (IBGE, 2011). 
 Com relação ao setor agropecuário, convém registrar que a agricultura científica 
se faz presente no campo de Petrolândia, nas áreas de perímetro irrigado, cuja produção 
associada aos modernos sistemas de irrigação, tem no coco-da-baía, na banana, na 
melancia e na cebola as suas principais culturas. A influência desse campo moderno 
também se faz presente na cidade, onde é significativa a quantidade de estabelecimentos 
comerciais voltados para as demandas de produtos do campo (Quadro 01). 
 
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Quadro 01: Quadro de Estabelecimentos Agropecuários presentes na cidade de Petrolândia - 
PE 
Estabelecimento Endereço 
Armazém Real Rua Artur Vieira, Centro 
AGROPEL Rua Regente Feijó, Centro 
Campos Soluções Agrícola Rua Manoel Rodrigues de Almeida, Centro 
Comercial Agropecuária Santos Av. Marques de Olinda, Centro 
Paulinelly Irrigações Av. Manoel Borba, Centro 
Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados da ACAVASF (2014). 
 
Estes estabelecimentos comerciais ilustram o quanto o comércio da cidade de 
Petrolândia está voltado para as atividades do campo, ou seja, até mesmo as atividades 
ditas urbanas, por meio do comércio está imbricada com o campo, contribuindo 
diretamente na atividade dos produtores rurais. Os estabelecimentos comerciais 
agropecuários se apresentam como exemplo desta forte ligação entre o campo e a cidade 
e de como a relação entre esses espaços se convergem, ou melhor, os dois espaços 
participam do circuito de produção, o campo produz por meio da agricultura tradicional 
e a moderna agricultura científica, presente em seus perímetros irrigados, e a cidade 
participa desse processo, vendendo os insumos e serviços necessários na produção do 
campo. 
 No tocante ao Produto Interno Bruto - PIB, que era de 631,8 milhões em 2011, o 
município ocupava a primeira posição entre os municípios que integram a RD do Sertão 
de Itaparica e a 19º posição no Estado. Em sua composição, a indústria tem uma 
participação de destaque, respondendo por 66,03%, sobretudo em razão da presença de 
uma casa de força da Usina Hidrelétrica da CHESF, seguida pelo setor de serviços 
como 31,43% e pela agricultura com 2,54%. O PIB per capita do município é o sexto 
maior do Estado, isto é, a riqueza gerada em relação ao total de sua população é de 19,2 
mil (CONDEPE/FIDEM, 2014b). 
Todavia, PIB per capita não é igual à renda per capita, sendo assim, é 
significativa a concentraçãode renda no município, que em 2010 possuía 35,2% de sua 
população vivendo com renda domiciliar per capita inferior a R$ 140,00, isto é, 11.194 
pessoas em condição de pobreza (PORTALODM, 2014). Associado a isto, segundo 
dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Petrolândia 
apresenta 5.007 pessoas cadastradas no programa Bolsa Família (BRASIL, 2014a). 
 Diante do exposto, observa-se que Petrolândia apresenta uma configuração 
territorial de traçados ortogonal, e a sua dinâmica sócio-espacial é caracterizada por 
uma economia urbana e um campo de características contraditórias, onde práticas 
agrícolas tradicionais coexistem junto a modernas técnicas agrícolas. 
 
3. Do Povoamento ao Processo de Urbanização da Cidade de Petrolândia - PE 
 
 O processo histórico de ocupação do espaço que viria a constituir o território do 
município de Petrolândia pode ser organizado em diferentes fases, definidas a partir do 
processo de povoamento e de seus respectivos reflexos nas formas de organização 
espacial. Assim, é possível apontar três grandes fases: a primeira estaria associada ao 
primitivo povoamento do espaço por tribos indígenas do grupo linguístico Kariri, 
passando pelo início do processo de colonização ao longo do séc. XVIII, e se 
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estendendo até a chegada da Ferrovia em 1883; a segunda iniciaria com a chegada da 
Ferrovia Paulo Afonso a Petrolândia, abarcando diferentes momentos de 
desenvolvimento e declínio político, econômico e social do município no período de 
1887 a 1928, findando-se com o início da construção da Usina Hidrelétrica de Itaparica 
em 1976; a última fase iniciaria com a reconstrução da cidade de Petrolândia em 1988 e 
adentraria pelos dias atuais (IBGE, 1958). 
 O povoamento se inicia com o reconhecimento da presença primitiva de tribos 
indígenas do grupo linguístico Kariri na região, em especial os índios Pankararus, cujo 
registro histórico mais antigo da presença dos mesmos, data do século XVII, remetendo 
à existência de uma maloca ou ajuntamento de índios bravios, denominada de “Cana-
Brava”, no espaço que viria a constituir o território do município de Tacaratu. 
 Posteriormente, já no século XVIII, registra-se a chegada dos primeiros colonos 
e de missionários à região do Vale do São Francisco. Associado a isto, temos a 
implantação das primeiras fazendas de gado e o desenvolvimento de missões religiosas, 
vinculadas aos padres da congregação de São Felipe Nery. Decorre disso o início do 
povoamento da antiga freguesia de Tacaratu, em 1761, pelo Padre Antônio Teixeira de 
Lima. 
 Mais tarde, em pleno ciclo do gado no Sertão nordestino, é criado, em 1849, o 
município de Tacaratu, com um povoamento constituído, sobretudo, por fazendas de 
gado. Inicia-se, assim, o processo de ocupação do espaço que viria a formar o território 
do município de Petrolândia, com a fundação das fazendas Brejinho da Serra e Brejinho 
de Fora, ambas dedicadas à pecuária extensiva. 
 Os primeiros núcleos de povoamento serviam de ponto de parada apenas para 
vaqueiros, que os utilizavam como bebedouro para os rebanhos que cruzavam o estado. 
Em razão disto e da ocorrência de vários jatobazeiros, o local se tornou conhecido como 
Jatobá ou Bebedouro do Jatobá. 
Esta situação se manteve até 1883, quando a chegada da Estrada de Ferro Paulo 
Afonso, dinamizou o lugar, tornando-o uma próspera povoação às margens do Rio São 
Francisco. Com a chegada da ferrovia, ligando o Vale do São Francisco de Penedo a 
Piranhas e de Jatobá a Piranhas, o comércio do povoado se desenvolveu, tornando-se 
um dos mais florescentes do Sertão. Com a perspectiva de progresso e civilização, o 
povoado rapidamente se expandiu, com a construção de várias casas, inclusive as 
destinadas aos administradores e funcionários que trabalhavam na ferrovia. 
 Os desdobramentos desse processo desencadearam transformações sociais, 
econômicas e políticas que resultaram em 1887 na transferência da sede do município, 
que era o distrito homônimo de Tacaratu, para o então povoado de Jatobá, que mais 
tarde, já no século XX, foi elevado à categoria de cidade em 01 de julho de 1909 (IBGE, 
1958). 
 Contudo, em razão de conflitos políticos e com o desenvolvimento de 
alternativas de transporte à Ferrovia Paulo Afonso na região, os serviços prestados pelo 
comércio de Jatobá decrescem e a cidade entra em declínio. Atrelado a isto, ocorreram 
em 1919 várias enchentes, que resultaram na destruição de várias casas e na 
reconstrução de uma parte da cidade numa área mais elevada. 
 Neste contexto, surgem propostas que visavam alavancar a cidade, que nesta 
época se encontrava em grande decadência. Em 1923, a firma Brandão Cavalcanti Ltda., 
do Recife, apresentou uma proposta pioneira para a época, que consistia, em linhas 
gerais, no aproveitamento da Cachoeira de Itaparica para o desenvolvimento da 
irrigação no Vale do São Francisco, a fundação de agrovilas para o cultivo do algodão e 
a geração de energia elétrica. Desacreditado pelo poder público, o projeto foi conduzido 
inicialmente pela firma que o desenvolveu e depois foi repassado para a Cia. Agrícola e 
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Pastoril do São Francisco, que também não conseguiu desenvolver totalmente o projeto 
por falta de recursos financeiros. 
 Em crise, a cidade de Jatobá, em 11 de setembro de 1928, é rebaixada à 
condição de distrito, cuja sede volta a ser o distrito de Tacaratu. Contudo, neste mesmo 
período, é fundado pelo Ministério da Agricultura, o Núcleo Colonial Agroindustrial 
São Francisco, que herdou o acervo da Cia. Agrícola e Pastoril do São Francisco e 
passou a desenvolver atividades que se refletiram em grande incremento ao comércio 
local e em estímulo à retomada da construção de novas residências em Jatobá. Assim, 
passada uma década, em 1938, a Vila de Itaparica, antiga Jatobá, volta a adquirir foros 
de cidade e a ser sede do município (IBGE, 1958). 
 Em 1944, o já denominado município de Petrolândia vê concluída a instalação 
de uma pequena unidade geradora de eletricidade na cachoeira de Itaparica. Desta 
forma, o município passou a apresentar grandes possibilidades de desenvolvimento 
econômico, com especial destaque para os setores da agricultura, da pecuária e da 
silvicultura, que juntos respondiam por 34% da população economicamente ativa. Além 
destes setores, havia 19 estabelecimentos industriais e 20 estabelecimentos de comércio 
varejista (IBGE 2014). 
 Assim, com uma economia predominantemente rural, os dados censitários de 
1950, mostram que dos 8.506 habitantes que compunham a população de Petrolândia, 
apenas 21,9% viviam na cidade, ao passo que 78,1% da população residiam no campo. 
Acompanhando esta tendência, nos anos 1960, foram criados o Instituto Nacional de 
Irrigação e Colonização – INIC e o Núcleo de colonização Rural de Barreiras. 
Posteriormente, também foi instalado pelo DNOCS o campo experimental de Icó, a 
partir do qual se pretendia implantar um projeto de irrigação (BARROS, 1985). 
 Todavia, as principais transformações sócio-espaciais do município ainda 
estavam por vir, quando em 1976 é instalado o canteiro de obras da Usina Hidrelétrica 
de Itaparica. A implantação da Usina, pela CHESF, envolvia a construção do 
Reservatório de Itaparica que implicaria na inundação de uma grande área de 150 km de 
extensão, cobrindo uma superfície territorial superior a 83 mil hectares entre os estados 
da Bahia e de Pernambuco. Em razão disto, foi desenvolvida uma política 
compensatória, que entre outros aspectos, envolvia o reassentamento de populações 
urbanas e rurais, a reconstrução de cidades e também a implantação de perímetrosirrigados na região. 
 Ao longo dos 12 anos que se estenderam os trabalhos de construção da Usina, os 
reflexos desse processo tiveram implicações diretas, sobretudo, nas cidades da região de 
Itaparica. Petrolândia, especificamente, viu sua população urbana crescer 7,3% entre 
1960 e 1980, com implicações no aumento do fluxo migratório, na qualidade dos 
serviços prestados, na dinâmica da economia local e no aumento das desigualdades nas 
periferias pobres da cidade. 
 Tendo as obras da Usina concluídas em 1988, a cidade de Petrolândia foi 
inundada pelas águas do reservatório e uma nova cidade reconstruída. A Nova 
Petrolândia integrou um já citado conjunto de ações desenvolvidas pela CHESF como 
medidas compensatórias à população e à base da economia local, que além de relocar a 
população e os serviços básicos demandados, também implantaram, nas proximidades 
da nova cidade, alguns projetos de irrigação. 
 Na década de 1980, a população de Petrolândia ainda se apresentava 
predominantemente rural, superando a urbana em 58,6% e com uma população 
economicamente ativa de 58,56% vinculada às atividades do campo. Esta situação só 
vai se alterar na década de 1990, quando a população urbana finalmente supera a rural 
em 60% no ano de 1996, sendo acompanhada pela população economicamente ativa nos 
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anos 2000, superando as atividades do campo em 72,19% (IBGE, 1980). É a partir deste 
contexto, portanto, que Petrolândia se insere no conjunto das discussões que 
caracterizam as relações campo-cidade no Brasil do século XXI. 
 
Considerações Finais 
 
 No atual período histórico, as relações campo-cidade constituem uma unidade 
dialética, uma realidade sócio-espacial marcada pelo processo de modernização do 
campo, associado à reestruturação produtiva da agropecuária científica e à 
generalização do fenômeno urbano. Assim, para que possamos compreender essas 
novas relações, é preciso considerar que os espaços agrícolas e as cidades do campo se 
tornam cada vez mais diferenciados, explicando a existência de vários circuitos da 
economia agrária, possibilitando distinguir espaços agrícolas modernos e tradicionais. 
 Neste sentido, a análise da configuração territorial e da sua dinâmica sócio-
espacial da cidade de Petrolândia, a luz do seu processo de urbanização, possibilitou 
apreender que ao longo da história desse município, a inserção de modernos objetos 
técnicos, desencadeou sucessivas transformações em sua organização espacial, que 
contribuíram para tornar cada vez mais complexas as relações que se estabelecem entre 
a cidade e o campo. Petrolândia apresenta, hoje, a maior parte da sua população 
residindo na cidade, uma economia urbana, com destaque para a presença da Usina 
Hidrelétrica, e um campo caracterizado pela contradição entre a agricultura tradicional e 
a moderna agricultura científica, presente em seus perímetros irrigados. 
 Evidencia-se, assim, que o perfil urbano do Brasil agrícola com áreas urbanas 
apresenta grandes transformações que tornam o tema cada vez mais complexo, 
suscitando diferentes questionamentos, tais quais: De que forma se dá o processo de 
urbanização associado à agricultura científica? Que relações são estabelecidas entre a 
reestruturação produtiva dos espaços agrícolas e as economias urbanas? Quais as 
principais desigualdades sócio-espaciais evidenciadas nesses espaços urbanos? As 
respostas a estas e a outras questões oferecem novas perspectivas de análise para as 
relações campo-cidade. 
 
 
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