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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-‐ÁRIDO Bacharelado em Ciência e Tecnologia Campus Caraúbas -‐ RN Química Aplicada à Engenharia Professor: Marcelo Batista de Queiroz 2 A corrosão pode ter CONSEQUÊNCIAS diretas e indiretas, sendo algumas de natureza econômica, tais como: • substituição de equipamento corroído; • paralisação do equipamento por falhas ocasionadas pela corrosão; • emprego de manutenção preventiva (pintura, inibidores, revestimentos); • contaminação ou perda de produtos; • perda de eficiência do equipamento (caldeiras, trocadores de calor); O conhecimento dos mecanismos das reações envolvidas nos processos corrosivos é pré-‐requisito para um controle efetivo dessas ações. 3 Nem a corrosão nem seu controle podem ser tratados isoladamente; O ESTUDO DE UM PRESSUPÕE O ESTUDO DO OUTRO, pois o próprio mecanismo de corrosão pode sugerir alguns modos de combate ao processo corrosivo. 4 No estudo de um processo corrosivo devem ser sempre consideradas as variáveis dependentes do material metá l i co , da fo rma de emprego e do meio corrosivo. S o m e n t e o E S T U D O CONJUNTO dessas variáveis permitirá indicar o material m a i s a d e q u a d o p a r a determinado meio corrosivo. 5 As medidas práticas mais comumente usadas para combater a corrosão são: • emprego de inibidores de corrosão; • modificações de processo; • emprego de revestimentos protetores metálicos e não-‐ metálicos; • proteção catódica; • proteção anódica; 6 INIBIDORES são substâncias ou mistura de substâncias que, quando presentes em concentrações adequadas, no meio corrosivo, reduz ou elimina a corrosão. Substâncias com essas características têm sido muito usadas como um dos melhores métodos para a proteção contra a corrosão, e muitas pesquisas, visando a utilização de novos compostos com esse objetivo, têm sido estimuladas por diversas indústrias. 7 § Classificação dos Inibidores Existem diferentes classificações para os inibidores, entre as quais aquelas baseadas na composição e no comportamento. • QUANTO À COMPOSIÇÃO: inibidores orgânicos e inorgânicos; • QUANTO AO COMPORTAMENTO: inibidores oxidantes, não oxidantes, anódicos, catódicos e de adsorção. 8 O engenheiro projetista, quando for ESPECIFICAR OS DETALHES DE UM PROJETO e determinar os materiais, os métodos de fabricação e de montagem de estruturas ou equipamentos, necessita aplicar inteligentemente seus conhecimentos sobre corrosão, para não incidir em erros que poderão significar grandes perdas futuras. 9 Na especificação de materiais, deve-‐se considerar, além das variáveis do processo corrosivo, aquelas relacionadas com: • propriedades mecânicas e aparência; • facilidade de obtenção, de soldagem e de usinagem; • compatibilidade com equipamentos já existentes; • disponibilidade e tempo de fornecimento; • segurança; • vida útil estimada do material ou processo; • custos dos materiais, de fabricação e manutenção; • retorno do investimento. 10 11 12 13 14 15 16 Os metais apresentam uma condição termodinâmica INSTÁVEL e tendem a mudar para uma condição estável pela formação de óxidos, hidróxidos, sais e etc. Dessa maneira, a corrosão é um processo natural, indesejável. Para combater, ou melhor, atenuar essa tendência termodinâmica dos metais, dispõe-‐ se de vários métodos. A maioria dos métodos de controle da corrosão consiste em intercalar uma camada protetora entre o metal e o meio corrosivo. Essas camadas protetoras são de formação natural ou artificial. 17 Os revestimentos metálicos são usados com diferentes finalidades como, por exemplo: • decorativa – ouro, prata, niquel, cromo; • resistência ao atrito – índio, cobre; • resistência à corrosão – cromo, níquel, alumínio, zinco, cádmio, estanho; • endurecimento superficial – cromo; É evidente que se pode ter a ação combinada dessas finalidades. 18 Da qualidade dos métodos empregados no revestimento e na limpeza das superfícies metálicas vai depender da BOA ADERÊNCIA e a impermeabilidade da película, que são evidentemente condições essenciais para que haja proteção adequada. As técnicas mais frequentemente usadas para a aplicação de revestimentos metálicos são: • Cladização • Imersão a quente • Aspersão térmica (Metalização) • Eletrodeposição 19 § Cladização Pode ser feito pela laminação conjunta, a quente, de chapas do metal-‐base e do revestimento, pelo processo de explosão ou por solda. § Imersão a quente É o revestimento metálico que se obtém por imersão do material metálico em um banho do metal fundido. É um processo muito usado para o revestimento deaço com estanho, com cobre, com alumínio e com zinco. 20 § Aspersão térmica (Metalização) O processo de aspersão térmica ou metalização consiste na aplicação de um revestimento, metálico ou não-‐metálico, usando uma pistola de aspersão ou de metalização. A liga, ou metal, é aquecida até a fusão e por meio de ar comprimido é projetada, sob a forma de finíssimas partículas, em um substrato adequadamente preparado. § Eletrodeposição É um processo comumente utilizado, pois se consegue revestimento muito fino e relativamente livre de poros. É economicamente importante, e geralmente utiliza-‐se: ouro, prata e cobre. 21 § Revestimentos Não-‐metálicos Inorgânicos Os revestimentos não-‐metálicos inorgânicos são aqueles constituídos de COMPOSTOS INORGÂNICOS que são depos i tados diretamente na superfície metálica ou formados sobre essa superfície. Ent re os revest imentos inorgân icos depositados sobre superfícies metálicas e mais usadas em proteção contra a corrosão podem ser citados: esmaltes vitrosos, vidros, porcelanas, cimentos, óxidos, carbetos, nitretos, boretos e silicietos. 22 § Revestimentos Não-‐metálicos Orgânicos Dentre as técnicas de proteção anticorrosiva existentes, a aplicação de TINTAS OU ESQUEMAS DE PINTURA é uma das mais empregadas. A pintura, como técnica de proteção anticorrosiva, apresenta uma série de propriedades importantes, tais como facilidade de aplicação e de manutenção, relação custo-‐benefício atraente. 23 Outras propriedades dos esquemas de pintura: • finalidade estética; • auxílio na segurança industrial; • sinalização; • identificação de fluidos em tubulações ou reservatórios; • impedir incrustações em cascos de embarcações; • impermeabilização; • permitir maior ou menor absorção de calor; • diminuição da rugosidade superficial. 24 Para fins de proteção anticorrosiva de e s t r u t u r a s me t á l i c a s o u d e equipamentos, um esquema de pintura é composto, na maioria dos casos, por três tipos de tintas: tinta de fundo ou primária (primer), tinta intermediária e tinta de acabamento. É importante resaltar que nem sempre é necessária a presença da tinta intermediária. 25 Tintas primárias (primers) – são aquelas aplicadas diretamente ao substrato. Essas tintas contém na composição os pigmentos ditos anticorrosivos. Em geral são foscas ou semifoscas. Tintas intermediárias – tem normalmente a função de aumentar a espessura do revestimento, com o objetivo de melhorar as características de proteção por barreira do mesmo. 26 Tintas de acabamento – são tintas que têm a função de conferir a resistência química ao revestimento, pois são elas que estão em contato direto com o meio corrosivo. Além disso, são as tintas que conferem a cor final aos revestimentos por pintura. 27 Com a utilização da proteção catódica consegue-‐se manter importantes instalações metálicas completamente l ivres da corrosão por tempo indeterminado, mesmo que não seja aplicado sobre suas superfícies nenhum tipo de revestimento e que as condições agressivas do meio sejam extremamente severas. A grande virtude dessa técnica é permitir o controle seguro da corrosão em instalações que, por serem enterradas ou imersas, não podem ser inspecionadas ou revistadas periodicamente. 28 § Mecanismo O mecanismo de funcionamento da proteção catódica é extremamente simples. O processo corrosivo de uma estrutura metálica enterrada ou submersa se caracteriza SEMPRE pelo aparecimento de áreas anódicas e catódicas na superfície do material metálico. As heterogeneidades do solo, em conjunto com as heterogeneidades existentes no material metálico, agravam os problemas de corrosão, uma vez que tais variações dão origem também a pilhas de corrosão severas nas superfícies dos materiais enterrados. 29 30 Pela natureza eletroquímica da corrosão verifica-‐se que há um fluxo de corrente através do eletrólito e do metal, de tal maneira que os cátions saem do anodo para a solução ao mesmo tempo em que os elétrons se dirigem do anodo para o catodo seguindo o circuito metálico. 31 Proteger catodicamente uma estrutura significa ELIMINAR, POR PROCESSO ARTIFICIAL, AS ÁREAS ANÓDICAS DA SUPERFÍCIE DO METAL fazendo com que toda a estrutura adquira comportamento catódico. Como consequência, o fluxo de corrente elétrica anodo/catodo deixa de existir e a corrosão é totalmente eliminada. 32 Se um novo circuito for estabelecido compreendendo um bloco metálico (C) imerso no eletrólito, e uma fonte de força eletromotriz com o polo positivo ligado a (C) e o polo negativo ligado a (A) e (B), tornando-‐ os, assim, mais negativos por causa dos elétrons que escoam poreles para o eletrólito, consequentemente os polos (A) e (B) funcionam como c a t o d o e fi c am , p o r t a n t o , protegidos. 33 § Sistemas de Proteção Catódica Para a obtenção da proteção catódica, dois sistemas são utilizados, ambos baseados no mesmo princípio de funcionamento, que é o de injeção de corrente elétrica na estrutura através do eletrólito. São eles: • proteção catódica galvânica ou por anodos galvânicos ou de sacrifício; • proteção catódica por corrente impressa ou forçada. 34 Neste processo o fluxo de corrente elétrica fornecido origina-‐se da diferença de potencial existente entre o metal a proteger e outro escolhido como anodo e que tem potencial mais negativo na tabela de potenciais. § Proteção Catódica Galvânica 35 Os materiais usados, na prática, como anodos galvânicos são ligas de magnésio, zinco ou alumínio. Esses anodos devem satisfazer a certas exigências, tais como: • bom rendimento teórico da corrente em relação às massas consumidas; • a corrente não deve diminuir com o tempo (formação de películas passivantes); • o rendimento prático da corrente não deve ser muito inferior ao teórico. 36 Como é de fundamental importância a composição da liga para o bom desempenho do anodo galvânico, procura-‐se adicionar elementos para que o anodo apresente as características desejadas, tais como: • potencial de corrosão suficientemente negativo: razão da adição de manganês nos anodos de magnésio; • alta eficiência no anodo: não deve conter impurezas que possam originar autocorrosão ou torná-‐lo ineficiente (evitar elevado teor de ferro); • estado ativo para que o anodo seja corroído uniformemente, evitando que ocorra a sua passivação. 37 A utilização dos anodos é função das características da estrutura a ser protegida e do tipo de eletrólito em contato com o material metálico. • Alumínio: estruturas metálicas imersas em água do mar; • Magnésio: estruturas metálicas imersas em água doce, ou enterradas em solos com resistividade elétrica de até 3000 Ω.cm; • Zinco: estruturas metálicas imersas em água do mar ou enterradas em solos com resistividade elétrica de até 1000 Ω.cm. 38 § Aplicações Proteção catódica galvânica para uma tubulação enterrada 39 § Aplicações Proteção catódica galvânica para uma chapa de aço mergulhada em um eletrólito 40 § Proteção Catódica por Corrente Impressa O sistema de proteção catódica por corrente impressa é aquele que utiliza uma FORÇA ELETROMOTRIZ, proveniente de uma fonte de corrente contínua, para imprimir a corrente necessária à proteção da estrutura considerada. Esta força eletromotriz pode provir de baterias convencionais, baterias solares, conjuntos motor-‐gerador ou RETIFICADORES DE CORRENTE. Os retificadores constituem a fonte mais frequentemente utilizada, e através deles retifica-‐se uma corrente alternada, obtendo-‐se uma corrente contínua que é injetada no circuito de proteção. 41 42 Para a dispersão dessa cor rente e lét r i ca no eletrólito são utilizados anodos especiais, inertes, com características e aplicações que dependem do eletrólito onde são utilizados 43 A grande vantagem do método por CORRENTE IMPRESSA consiste no fato de a fonte geradora (retificador) poder ter a potência e a tensão de saída de que se necessite, em função da resistividade do eletrólito, o que leva a concluir que esse método se aplica à proteção de estruturas com eletrólitos de baixa, média, alta e altíssima resistividade elétrica. 44 Proteção catódica por corrente impressa para uma tubulação enterrada 45 Proteção catódica por corrente impressa para uma estaca de píer de atracação de navios 46 As principais aplicações dos sistemas de proteção catódica no Brasil são: Oleodutos -‐ Todos os oleodutos existentes em operação no Brasil são protegidas catodicamente, a maioria por corrente impressa; Gasodutos -‐ Todos os gasodutos existentes no Brasil possuem sistema de proteção catódica, inclusive as redes de distribuição de gás domiciliar e industrial sendo o sistema por corrente impressa o mais aplicado; Minerodutos -‐ Os minerodutos em operação no Brasil, construídos em aço, estão protegidos com o sistema por corrente impressa; 47 As principais aplicações dos sistemas de proteção catódica no Brasil são: Adutoras -‐ A grande maioria das adutoras de aço das companhias de saneamento de todo o Brasil está também protegida catodicamente com sistema por corrente impressa; Plataformas de Petróleo -‐ Todas as plataformas de prospecção e produção de petróleo no mar, atualmente em operaçãono Brasil, são protegidas catodicamente, sendo o sistema galvânico com anodos de alumínio o mais aplicado; 48 As principais aplicações dos sistemas de proteção catódica no Brasil são: Tanques de Armazenamento -‐ A maioria dos parques de tanques de armazenamento de petróleo, álcool e derivados de petróleo existentes no Brasil está protegida com sistemas de proteção catódica por corrente impressa; Navios -‐ Os navios e embarcações construídos em aço são protegidos com sistema galvânico ou por corrente impressa, a depender das características de cada um. 49 50 A proteção anódica baseia-‐se na formação de uma película protetora, nos materiais metálicos, por aplicação de corrente anódica externa. Essa corrente ocasiona polarização anódica, que possibilita a passivação do metal. 51 Entre as condições necessárias para aplicação da proteção anódica, devem ser destacadas: • o material metálico deve apresentar a transição ativo/ passivo no meio corrosivo em que vai ser utilizado; • todas as partes expostas devem ser passivadas e mantidas nessa condição. 52 A aplicação da proteção anódica faz com que a dissolução do filme seja impossível e, quando ocorre qualquer falha no filme, esse é automaticamente reparado pela formação de novo filme ou película protetora. 53 Para se usar a proteção anódica, deve-‐se estabelecer e manter o potencial passivo em todo o material metálico. Para se ter essa condição, é necessário o emprego de um instrumento que proporcione a corrente adequada para passivar o metal. Isso se consegue usando instrumentos eletrônicos como o POTENCIOSTATO, que mantém automaticamente o potencial de passivação. O potenciostato mantém o material metálico a um potencial constante em relação a um eletrodo de referência. 54 O potenc iostato tem t rês terminais: um é ligado ao material a ser protegido (anodo), outro a um catodo auxiliar, que deve ser estável (aço inox, latão/platina, etc) e o terceiro a um eletrodo de referência (calomelano, Ag/AgCl). 55 56 Como a PROTEÇÃO ANÓDICA é utilizada em meios fortemente corrosivos, tem sido empregada em: • reatores de sulfonação, • tanques de armazenamento de ácido sulfúrico, • digestores alcalinos na indústria de celulose, • trocadores de calor de aço inoxidável para ácido sulfúrico.
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