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01 Introdução à Anestesiologia e histórico

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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANESTESIOLOGIA 
1 
 
www.medresumos.com.br 
 
 
INTRODUÇÃO À ANESTESIOLOGIA E HISTÓRICO 
 
 Anestesiologia é a especialidade médica que estuda os meios possíveis de proporcionar a ausência ou alívio 
da dor e/ou outras modalidades sensitivas ao paciente que necessita ser submetido a procedimentos médicos, como 
cirurgias ou exames diagnósticos, identificando e tratando eventuais alterações das funções vitais. 
A especialidade vem, a cada dia, ampliando suas áreas de atuação, englobando não só o Período Intra-
Operatório, como também os períodos Pré e Pós-Operatórios, realizando atendimento ambulatorial para Avaliação Pré-
Anestésica e assumindo um papel fundamental pós-cirúrgico no acompanhamento do paciente tanto nos Serviços de 
recuperação pós-anestésica e Unidades de Terapia Intensiva quanto no ambiente da enfermaria até o momento da Alta 
Hospitalar. Em razão destas mudanças, existe a tendência atual de se denominar esta especialidade médica como 
Medicina Periperatória. 
No Brasil, sua prática, bem como a discriminação das condições mínimas para a segurança do paciente, e a 
divisão de responsabilidades entre os profissionais que a exercem, é especificada em resolução do Conselho Federal de 
Medicina (CFM) número 1802/06. 
 
 
OBJETIVOS DA ANESTESIA 
A anestesia é o procedimento médico que tem por finalidade promover um bloqueio das modalidades sensitivas 
de um modo geral. Para realizar tal função, ela pode agir de duas maneiras: com integridade da consciência (anestesia 
local) ou ocorrendo inconsciência (anestesia geral). 
 
ANESTESIA LOCAL 
 Os anestésicos locais são um grupo de fármacos utilizados para induzir a anestesia em nível local sem 
produzir inconsciência. Baseia-se na infiltração de anestésicos locais nas proximidades da área a ser operada, 
usualmente empregada em cirurgias de superfície de pequeno ou médio porte. 
 Auxiliam no tratamento da dor pós-operatória quando utilizada sozinha ou em associação com outras técnicas 
anestésicas. Para isso, eles bloqueiam a condução nervosa de impulsos sensitivos da periferia para o SNC, bloqueando 
canais de sódios de nervos segmentares. São indicados para anestesia de mucosa, anestesia infiltrativa e anestesia 
regional, quando não é necessária a perda da consciência. 
 
ANESTESIA GERAL 
 Os anestésicos gerais têm como objetivo gerar uma depressão do total do SNC, sem a manutenção da 
consciência. Os principais objetivos da anestesia geral são: 
 Analgesia / Bloqueio ou insensibilidade à dor: Opioides; Anestésicos locais. 
 Relaxamento muscular: Bloqueadores neuromusculares (Rancurônio, Pancurônio, Succinilcolina). 
 Redução da consciência / Amnésia anterógrada: Halogenados; Hipnóticos. 
 Bloqueio neurovegetativo (bloqueio autônomo/simpático): Opioides; Anestésicos locais. 
 
Para realizar todos esses efeitos, os anestésicos gerais contam com o auxílio de diversas classes de fármacos 
coadjuvantes (para construir a chamada anestesia balanceada), tais como: 
 Coadjuvantes pré-anestésicos: 
o Anticolinérgicos (atropina, copolamina): usam-se bloqueadores muscarínicos para proteger o coração de uma 
eventual parada durante a indução anestésica (o halotano, por exemplo, é um anestésico inalatório que pode 
levar a uma parada cardíaca muito facilmente). 
o Antieméticos: para inibir náusea e vomito durante a anestesia (efeito que pode ser desencadeado por 
analgésicos opioides). 
o Anti-histamínicos: para evitar a reação alérgica e, principalmente, cooperar na sedação (ajudando a minimizar 
a quantidade de anestésico a ser administrado). 
o Barbitúricos: tanto ajuda na sedação quanto ajuda na velocidade desta sedação. O tiopental, por exemplo, é 
um anestésico geral que atua de maneira tão veloz que pula um dos estágios da anestesia. 
o Benzodiazepínicos: utilizados para tratar a ansiedade, sendo, por muitas vezes administrado 24h antes da 
anestesia. Apresenta um efeito excelente para amnésia anterógrada. 
o Opioides: tem um satisfatório efeito anestésico. 
 
 Relaxantes musculares: 
o Succinilcolina: relaxante muscular despolarizante utilizado em anestesias para a realização de intubação, 
apresentando efeito de 1 a 3 minutos. 
o Atracúrio, vicurônio: relaxantes musculares não-despolarizantes cuja ação é inibida pela anti-AChE. 
Arlindo Ugulino Netto. 
ANESTESIOLOGIA 2016 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANESTESIOLOGIA 
2 
 
www.medresumos.com.br 
 
RESUMO HISTÓRICO DA ANESTESIA 
 Nos primórdios, alguns cirurgiões consideravam a dor uma consequência inevitável do ato cirúrgico, não 
havendo uma preocupação, por parte da maioria deles, em empregar técnicas que aliviassem o sofrimento relacionado 
ao procedimento. A história da Anestesia é reflexo do homem na busca de uma vida melhor: se não pode ser feliz, que 
ao menos a vida seja domada. 
 As primeiras tentativas de alívio da dor foram feitas com métodos puramente físicos como pressão e gelo, bem 
como uso de hipnose, ingestão de álcool e preparados botânicos. Os passos que a anestesiologia seguiu até que 
William Morton, em 1846, demonstrasse em público o efeito da anestesia em uma cirurgia são vários, sendo todos eles 
importates. Os passos que mais merecem destaque são descritos abaixo: 
 460-377 a.C.: Hipócrates usa a “esponja soporífera”, impregnada com uma mistura de ópio, mandrágora e outras 
substâncias. Dizia que “uma vez identificada a lesão, o cirurgião devia preparar adequadamente o campo, 
colocar-se em lugar bem iluminado, ter suas unhas curtas e ser hábil no manejo dos dedos, principalmente com 
o indicador e o polegar. 
 50 d.C.: Dioscórides, médico grego, usa o termo anestesia no seu significado moderno ao descrever os efeitos 
da mandrágora. 
 1275: Raymundus Lullius descobre o éter e chama-o vitríolo doce. 
 1298: no dia 24 de dezembro, morre Theodorico de Lucca, médico italiano e bispo. Ele desenvolveu as 
“Esponjas Suporíferas”. 
 1540: Valérius Cordus descreve a síntese do éter. 
 1543: Vesalius realiza as primeiras dissecções humanas. 
 1564: Ambroise Paré aplica a congelação ou o esfriamento na zona operatória como anestésico. 
 1616: Willian Harvey estuda e descobre a circulação sanguínea. 
 1665: Segismund Elsholtz injeta solução de ópio para produzir insensibilidade à dor. 
 1666: Samuel Pepys relata a primeira transfusão de sangue, em cachorros. 
 1744: Fothergill publica um relato de ressurreição boca a boca para reavivar os aparentemente mortos. 
 1771: Joseph Priestley descobre o oxigênio. 
 1772: Priestley sintetiza o óxido nitroso aquecendo nitrato de amônia a 240ºC em uma retorta de ferro. 
 1776: Antoine Laurent Lavoisier identifica o oxigênio chamando a atenção para sua importância na composição 
do ar e junto ao nitrogênio. 
 1792: Curry, utilizando o tato, realiza intubação traqueal pela primeira vez. 
 1799: Em Bristol, Inglaterra, Davy se torna a primeira pessoa a respirar óxido nitroso. 
 1823: O jovem médico inglês Henry Hill Hickmann, que não suportava os gritos dos pacientes sendo operados, 
inicia experimentos para levar os animais ao estado de inconsciência pela inalação de gás carbônico. 
 1824: Henry Hill Hickman escreve carta para T. A. Knight na qual relata as experiências com cirurgia indolor cem 
animais. 
 1829: Dr. Jules Cloquet realiza mastectomia em paciente adormecido pela hipnose. 
 1831: Samuel Guthrie (EUA), Eugene Souberrain (França) e Von de Justus Liebing (Alemanha) sintetizam o 
clorofórmio. 
 1832: Nasce Ephraim Cutter, médico americano e inventor do laringoscópio. 
 1836: Lafarge, da França, inventa o primeiro trocar oco para injetar morfina. 
 1840: John Hutchinson mede a capacidade vital pulmonar pela primeira vez. 
 1842: Willian E. Clarke administra éter em uma toalha para a Sra. Hobbie, para que o dentista Elijah Pope 
pudesse extrair-lhe um dente. 
 1842: Nasce o médico alemão Heinrich Irenaus Quincke, introdutor da punção lombar. 
 1844: Dr. Smile administra uma mistura de éter e ópioa um sacerdote tuberculoso que padecia de violentas 
crises de tosse. Horace Wells, durante demonstração dos efeitos do gás hilariante, observou que um dos que 
inalaram este gás machucou a perna sem sentir dor. 
 1845: Horace Wells tenta demonstrar as propriedades do óxido nitroso e fracassa, em Boston. Francys Rynd é o 
primeiro a introduzir fluídos no corpo por injeções subcutâneas usando seringa. 
 1846: O dentista Willian Thomas Green Morton, de Boston, anestesia o paciente Eben Frost para tratamento 
dentário. No dia 16 de outubro de 1846, Morton realizou a primeira demonstração pública de anestesia para 
cirurgia. George Hayward remove um tumor grande do braço de uma paciente anestesiada com éter. Henry J. 
Bigelow relata os quatro casos anestesiados por Morton para a Boston Society for Medical Improvements. Um 
artigo de Bigelow é publicado no The Boston Medical and Surgical Journal, divulgando a anestesia com éter ao 
mundo. 
 1847: Dr. Robert Haddock Lobo administra a primeira anestesia no Rio de Janeiro, Brasil. Simpson descobre as 
propriedades anestésicas do clorofórmio. Em Edimburgo, James Young Simpson usa éter pela primeira vez para 
aliviar dor de parto. A primeira cesariana com anestesia geral é executada. O cirurgião foi Skey e o anestesista 
Tracy. John Snow começa a administrar éter em cirurgias principais no St. George´s Hospital, em Londres. O 
dentista e médico Nathan Cooley Keep administra a primeira anestesia geral para a obstetrícia nos EUA. Em 
Edimburgo, Escócia, James Young introduz o clorofórmio na prática clínica. 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● ANESTESIOLOGIA 
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www.medresumos.com.br 
 1848: Uma paciente na Inglaterra torna-se a primeira fatalidade sob ação do clorofórmio. 
 1851: Charles Gabriel inventa a seringa, na França. 
 1853: Alexander Wood melhora a recém-inventada seringa-hipodérmica. Dr. John Snow administra clorofórmio à 
rainha Vitória para o nascimento do príncipe Leopoldo. 
 1854: Wood inventa a agulha metálica oca. 
 1856: Dr. Marshall Hall descreve a respiração artificial em The Lancet. John Snow faz a primeira administração 
clínica de amileno. 
 1857: Nasce Carl Coller. Em 1880 ele estudou os efeitos da cocaína e em 1884 descobriu as propriedades 
anestésicas da droga. 
 1868: T. W. Evans liquidifica óxido nitroso para armazenamento e conservação em cilindros de metal. 
 1873: Primeira morte documentada após inalação de óxido nitroso na Inglaterra, registrada em The Lancet. 
 1884: Dr. Carl Koller, junto com Sigmund Freud, relata para o congresso de Oftalmologia de Heidelberg o uso de 
cocaína como anestésico local. 
 1887: George Thomas Morton, filho de Morton, executa primeira apendicectomia. 
 1898: Dr. August Bier, cirurgião alemão, realiza o primeiro bloqueio subaracnoideo. 
 1898: Henry Hillard descreve a indução e manutenção de anestesia com óxido nitroso com máscara. 
 1908: D. C. Waller descreve o aparelho na reunião da Physiological Society, em Londres. 
 1909: Virgínia Apgar nasce em Westfield, New Jersey. Em finais, de 1940, ela começou a desenvolver o sistema 
de pontos para avaliação dos recém-nascidos que recebeu seu nome. 
 1930: O cirurgião russo Sergei Yudin realiza a primeira transfusão de sangue de cadáver em um ser humano. 
 1939: Em Winconsin, Ralph. M. Waters emprega tionembutal pela primeira vez. 
 1948: Fundação da Sociedade Brasileira de Anestesiologia no Rio de Janeiro. 
 
OBS
1
: No dia 16 de Outubro, comemora-se o dia do anestesista em homenagem à primeira 
demonstração pública de anestesia para cirurgia por William T. G. Morton, na manhã do dia 
16 de Outubro de 1846, quando tinha apenas 27 anos. Depois de testar o éter em alguns de 
seus pacientes – o que fez a sua fama – Morton escolheu o Massachusetts General Hospital, 
em Boston para uma demonstração ao mundo médico de sua técnica anestésica para a 
extração de dentes. Diante de vários representantes de profissões, médicos e estudantes de 
medicina, Morton anestesiou com éter sulfúrico um paciente do Dr. Warren, o qual, depois de 
tecer vários elogios à técnica descoberta por Morton, publicou o feito no The Boston Medical 
and Surgical Journal.

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